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PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS.
Resumo do Trabalho:
forma de avaliação dos ativos e dos resultados. Por ser uma metodologia que propõe
o uso de medidas financeiras com visão distinta da tradicional, tendo recebido muitos
adeptos e trazendo novos conceitos que podem levar a administração das empresas a
Abstract:
The Theory Of Constraints (TOC) presents a different vision toward the appraisal of
assets and results. In the sense it is a methodology that propose the use of financials
measures in a distinct way from the traditional, receiving many adepts and bringing
new concepts witch can led the administration of companies into a decision making
with expressive impacts in results, this study shows the basic aspects of the referred
theory and the differences between these and the cost system and the accounting
norms in effect, discussing if the theory’s vision configure a relevant improving for
Accounting Science.
1. INTRODUÇÂO
A ciência contábil vem evoluindo desde que Pacioli incluiu o sistema de partidas
proportionalità”, publicado em Veneza em 1494. Cerca de 500 anos se passaram, mas foi a
pensamento contábil que vieram a contribuir, cada uma a seu modo, no aprofundamento
objetivando a análise do aumento do valor agregado e redução de custos por gestão focada
2
maior de técnicas de análises quantitativas, em função do grande volume de operações,
otimização, das quais podem ser citados a tecnologia da produção otimizada – OPT, sigla
“Theory Of Constraints”.
resultando na teoria das restrições – TOC. Essa teoria, por apresentar inovações e pontos
convergências, delimitações e restrições dessa proposta para a ciência contábil, bem como
3
A escola italiana, surgida a partir da divulgação da obra de Luca Pacioli,
com a corrente administrativa, seguido por Francesco Marchi com a corrente personalista,
Vincenzo Masi.
Dumarchey e da teoria das cinco contas de Edmond de Ganges, e a alemã, tendo como seu
Schar e Heinrich Nicklisch, pela teoria estática. De Portugal, Jaime Lopes Amorim e
Contabilidade.
contabilidade social. São expoentes dessa escola Charles Sprague, Richard Mattessich,
nomes de uma extensa lista voltada à corrente patrimonialista, são formados por Carlos de
4
Aloe e tantos outros compõem também importantes destaques na escola brasileira. Da
escola neopatrimonialista, surge o eminente professor Antônio Lopes de Sá, com uma
As citações dessas escolas com suas principais correntes, visam demonstrar que a
lógicos necessários a uma ciência, como apresentados por Sá1, atendendo especialmente ao
pelo físico israelense Eliyahu M. Goldratt2, que escreveu o livro “A Meta” para divulgar a
teoria, tendo um grande sucesso de vendas, tornando-o best seller internacional. Muitos
governa a indústria, sabendo que, numa fábrica, esse era o maior obstáculo para alcançar
treinamento.
mas logo estagnavam e algumas até faliam. Analisando este fenômeno, constatou-se que a
Goldratt não tinha respostas para esse tipo de restrição. Com isso, instintivamente, as
1
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade. p.35
2
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 353 - 365
5
empresas voltaram a usar os métodos convencionais, ou seja, cortar custos, funcionários,
principalmente naquelas áreas que mais melhoraram. Contudo, essa atitude impactou
raciocínio para restrições lógicas, ou de política, ligado a duas restrições mais comuns:
logística e distribuição.
estudo minucioso do IMA - Foundation for Applied Reserarch, Inc. (Fundação Americana
3
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 361
4
NOREEN, Eric et al. A Teoria das restrições e suas implicações na contabilidade gerencial. p. 146
6
6 – Os recursos restritivos governam tanto o ganho quanto o inventário;
restrições;
quanto na grande. Daí, como afirma Goldratt5, pode-se concluir que é muito difícil
gerenciar um sistema, por ser muito complexo. Para gerenciar esta complexidade, dividem-
se nossos sistemas em subsistemas. Cada subsistema é, por definição, menos complexo que
o todo. Para confirmar esta afirmação basta olhar o organograma das empresas. Mas a
divisão de um sistema em subsistemas tem seu preço como afirma Goldratt6, levando ao
“mentalidade de ilha”.
5
GOLDRATT, Eliyahu M. Texto Visão viável. p. 1
7
Kotler e Neves7 também são dessa opinião e afirmam:
E, ainda:
fez a seguinte pergunta: “E como você faz para melhorar a qualidade e a produtividade?”
A resposta foi: “Cada qual fazendo o melhor que pode”. Em sua contestação a essa
Goldratt9 afirma ainda que “Um sistema de ótimos locais não é, de maneira
concluí-se que todas as suas partes, mesmo as menores e menos expressivas, se interagem
6
GOLDRATT, Eliyahu M. Texto Visão viável. p. 2
7
KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000,
p.63
8
DEMING, W. Edwards. Qualidade, produtividade e posição competitiva.p. 15
9
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 221
8
Esta interdependência entre as partes de um sistema, que o fazem se tornar
complexo, onde uma ação em alguma parte repercute em uma outra parte ou em várias,
cerca de 2.500 anos, “se você se conhece e ao inimigo, não precisa temer o resultado de
Goldratt12 registra que “todo sistema tem pelo menos um elemento que governa o
seu desempenho, sendo que, se não houvesse, seu desempenho tenderia para o infinito” .
Pode-se concluir então que poucos elementos governam o sistema. Estes poucos
do sistema. Com esse raciocínio, Goldratt criou a “Teoria das Restrições” (Theory of
Constraints – TOC)."
sistema é nada mais do que sentimos estar expresso nestas palavras: qualquer coisa que
10
GOLDRATT, Eliyahu M. Texto visão viável. p. 1
11
TZU, Sun. A arte da guerra. p. 9.
12
GOLDRATT, Eliyahu M. Texto visão viável. p. 1
9
Nesta definição surge um fato novo, que é “a meta”. Para Goldratt, toda empresa
com fins lucrativos têm uma meta em comum, porém, muitas delas não a vêem claramente.
Uns dizem que é “prestar os melhores serviços a preços competitivos” outros “sermos
outras afirmativas. Goldratt14 é muito enfático nessa questão quando define que “A meta da
“no regime de livre comércio, o alvo da empresa é o maior lucro possível conjuntamente
com seu crescimento a longo prazo ...”. E Brigham17, enfatiza que “o principal objetivo da
do preço das ações da empresa. Alerta ainda Welch18 que “com lucro, essa é a palavra-
chave. ... sem sucesso financeiro todos os objetivos sociais do mundo não têm a menor
chance”.
trabalho, seus hábitos, muitos deles arraigados nos primórdios de sua constituição. Estas
13
CORBETT, Thomas. Bússola financeira, p. 37
14
GOLDRATT, Eliyahu M., FOX, Robert E. A corrida pela vantagem competitiva. p. 19
15
ANDRADE, Adriana, ROSSETTI, José Paschoal. Governança corporativa, p. 113
16
TUNG, Nguyen H. Controladoria financeira das empresas, p. 33
17
BRIGHAM, Eugene F , HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração financeira. p. 11
18
WELCH, Jack, WELCH, Suzy. Paixão por vencer. p. 12
10
restrições políticas são realmente àquelas de difícil modificação porque estão agarradas na
mente das pessoas. E por que é tão difícil mudar a forma de pensar das pessoas?
por Covey19 :
rupturas com a tradição, com o modo antigo de pensar e com velhos paradigmas.
Todos eles, em certo momento, foram perseguidos e até mortos por suas descobertas e por
Mas então, como podemos transformar esse pensamento em ações práticas e que
Sendo a meta ganhar dinheiro, hoje e sempre, é necessário ter medições financeiras que
indiquem se está ou não indo em sua direção. Reforça ainda que “toda ação que aproxima a
empresa de sua meta é produtiva e toda ação que não aproximar a empresa da sua meta não
19
COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das pessoas muito eficientes. p. 22
20
COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das pessoas muito eficientes. p. 29
21
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta, p. 50
11
é produtiva. Se não se conhece a meta da empresa, então o conceito de produtividade não
tem sentido”.
não vai dizer muita coisa por ser uma medida absoluta, é o dinheiro ganho. Más quanto foi
investido para obter esse ganho? Sabendo do investimento e do lucro, pode-se calcular o
Retorno Sobre o Investimento - RSI, podendo então comparar o dinheiro ganho em relação
investimentos, e quebra. Este fenômeno acontece porque não foi observado um terceiro
indicador: o “Fluxo de Caixa”. Esta medida é considerada de sobrevivência. “Se você tem
caixa suficiente, então o fluxo não importa – mas se não tiver, nada mais importa”, como
afirma Goldratt22. Outros autores também são dessa opinião, como Brigham e Houston23:
É a taxa na qual o sistema gera dinheiro através das vendas, não da produção. Se
produzir algo, mas não vender, não é ganho. Para se achar o ganho, utiliza-se a seguinte
formula:
Gu = PVu – CTVu
22
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 56
23
BRIGHAM, Eugene F., HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração financeira. p. 35
24
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 69
12
onde: Gu = Ganho unitário do produto; PVu – Preço de venda unitário do produto e CTVu
– Custo Totalmente Variável unitário do produto. Nesse custo, estão incluídos todos os
gastos que variam na mesma proporção do volume de produção como: materiais diretos
enfim, todo gasto que tiver variação diretamente proporcional ao volume de produção e de
venda.
atacadista, que as revende a várias lojas de varejo para que sejam comercializadas para o
consumidor final. Se esta venda for realizada com opção de devolução por parte do
atacadista, sem ônus para este, só devemos considerá-la venda após seu recebimento, pois,
caso não sejam efetivamente concretizadas essas vendas, o produto retornará, gerando
compra e venda, optando por controlar via caixa e não por regime de competência, como
quantidade vendida. Pode-se notar uma grande semelhança com o conceito de “margem de
É todo o dinheiro que o sistema investiu na compra de coisas que tem a intenção
de vender. Neste item, são considerados dois tipos de inventários ou investimentos, como
também são conhecidos. O primeiro deles, é formado pelas instalações fabris, máquinas e
13
paradigma. No caso dos estoques de produtos em processo e produtos acabados, na
filosofia da TOC, o valor da mão-de-obra, tanto direta quanto indireta, não são agregadas
Essa questão talvez seja o maior entrave e o maior foco de debates sobre a
aplicabilidade da TOC, uma vez que essa teoria não calcula o custo dos produtos incluindo
dos rateios múltiplos utilizados pela contabilidade de custos tradicional. Ele afirma que
esses só servem para mascarar o custo do produto, e que o valor agregado aos estoques não
arbitrários desses gastos utilizados pela contabilidade de custos. Como exemplo, temos
sobretaxa de despesas indiretas com fins de estimativa de custos, torna-se inadequada para
Perez26 informam que “como os custos indiretos, em sua maioria, são formados pelos
custos fixos, e esses, por sua vez, não mantêm nenhuma relação com os produtos
fabricados, qualquer que seja o critério adotado para seu rateio trará sempre uma margem
27
de dúvida quanto aos resultados apresentados”. Martins alerta que “os custos fixos
25
PORTER, Michael E. Estratégia competitiva. p. 250
26
OLIVEIRA, Luís Martins, PEREZ JR, José Hernandez. Contabilidade de custos para não contadores, p.
100
27
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. p. 193
14
devem, para fins decisoriais, ser tratados com muito cuidado. Para alguns tipos de decisão
de custos desenvolvidos pelos contadores do século XX, esclarecem que “ainda que esses
essa mesma informação costuma ser enganosa e irrelevante, para decisões estratégicas
sobre produtos” . Já Leone29 alerta ainda que “à medida que a quantidade produzida for
maior do que a quantidade vendida, os lucros vão ficando maiores, porque as diferenças
vão acumulando (ou escondendo) custos periódicos de fabricação nos estoques. E os custos
que encontramos para alocar custos indiretos reside na definição da base de rateios a ser
utilizada, pois é uma tarefa que envolve aspectos subjetivos e arbitrários”. E Bruni e
Famá31 explicam que “um dos maiores problemas dos sistemas de custeio consiste na
alocação dos custos indiretos (variáveis ou fixos) aos produtos. Em processos de tomada de
decisão, muitas vezes, os custos fixos rateados de forma imprecisa levam a decisões
produtos deficitários”.
dos produtos, porque ainda hoje são calculados dessa maneira? Goldratt32 alerta que:
28
JOHNSON, H. Thomas, KAPLAN, Robert S. Contabilidade gerencial: a restauração da relevância da
contabilidade nas empresas. p. 110
29
LEONE, George S. G. Curso de contabilidade de custos. p. 336
30
MEGLIORINI, Evandir. Custos. p. 62
31
BRUNI, Adriano Leal, FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. p. 200
32
GOLDRATT, Eliyahu M. A síndrome do palheiro. p. 23
15
A única explicação plausível que pode-se ter é “PARADIGMA”. Sabe-se que a
legislação tributária não permite que os custos sejam escriturados fora de seus padrões, e
que a contabilidade fiscal os segue à risca sob pena de autuação, e que a forma como a
legislação determina é àquela combatida por todos esses especialistas. Também pode-se
sofreram uma redução drástica de seus orçamentos com mão-de-obra especializada. Por
outro lado, o poder público atribuiu a este profissional uma gama enorme de obrigações
conhecendo suas falhas. Como este paradigma está enraizado na grande maioria das
empresas, todos continuam fazendo dessa forma. Por outro lado, àqueles que descobriram
a eficácia da TOC, não divulgam, pois sabem que adquiriram uma vantagem competitiva, e
Nela estão ainda incluídos todos os salários, encargos e outros benefícios aos empregados e
mão-de-obra direta - aquela dos operários da linha de produção. Nestas despesas, a TOC
não faz distinção entre fixas ou variáveis por não ser esse seu foco.
16
Com esses três indicadores, pode-se calcular com precisão o Lucro Líquido e o
Retorno Sobre os Investimentos, utilizando os conceitos da TOC. Esses cálculos são feitos
LL = G – DO
RSI = (G-DO) / I
Total.
Esses relatórios espelham eventos passados. Quando se toma uma decisão em cima de
fatos que já ocorreram, estes não podem ser mais alterados, apenas aqueles que estão por
vir é que serão afetados pela decisão. Como esses relatórios são elaborados mensalmente,
com prazo de apresentação até o dia 5 do mês subseqüente, nas empresas mais
organizadas, as decisões são tomadas em cima de fatos já acontecidos há 35 dias. Aí, o fato
já está consumado. E quando a contabilidade está atrasada, um, dois ou mais meses...
tomar as decisões certas, ou seja, àquelas que dirigem a empresa rumo à meta, de uma
maneira simples e o mais importante, antes do fato ser consumado. Basta observar os três
indicadores e fazer a seguinte pergunta, toda vez que uma decisão deva ser tomada: “Esta
decisão irá aumentar meu ganho e reduzir simultaneamente meu inventário e minha
33
CORBETT, Thomas. Bússola financeira. p. 45
17
contrário, o procedimento será descartado imediatamente, sem geração de gastos ou
desgastes posteriores para recuperá-lo e melhor, com a certeza de que essa decisão
Goldratt34 afirma ainda que “para atingirmos nossa meta, precisamos reduzir
Como todo bom sistema de gestão empresarial, a TOC também possui passos para
se atingir a melhoria contínua. Estes passos demonstram que a TOC não se preocupa
apenas com fatos presentes, ela sabe que a empresa precisa crescer tanto a curto quanto a
longo prazos. O processo de melhoria contínua, utilizado para restrições físicas é composto
passo 1, mas não deixe que a INÉRCIA cause uma restrição no sistema.
34
GOLDRATT, Eliyahu M. A síndrome do palheiro. p. 27
35
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 348 - 350
18
Pode-se associar um sistema a uma corrente e sua restrição ao seu elo mais fraco.
Assim, em toda corrente sempre haverá um elo mais fraco, aquele que partirá em primeiro
lugar quando houver um grande esforço. Identificar a restrição do sistema é identificar este
elo, o gargalo, o ponto de estrangulamento, onde o sistema está travando. Através dessa
identificação, sabe-se onde devem ser direcionados todos os esforços e assim aumentar a
governada pela restrição dele, que é o recurso C, o gargalo, uma vez que este recurso só
pode dar vazão a apenas trinta unidades por hora. Cabe ressaltar que gargalos não são
próximo passo é analisá-lo para poder tirar o máximo possível deste recurso. Como ele
determina a capacidade de produção de todo o sistema, uma hora perdida nele implica em
uma hora perdida em todo o sistema, e que não recuperará nunca mais, é prejuízo líquido e
certo, diferentemente do recurso não-restrição onde uma hora perdida pode ser recuperada,
19
pois, sua capacidade de produção é maior que a do recurso restritivo, permitindo recuperar
o tempo perdido.
Isso cria uma maneira diferente de enxergar o sistema, dando uma ênfase maior à
utilização do recurso “C” consiga-se aumentar em 10 peças por hora sua capacidade. Essas
com o recurso “A”, onde um aumento de 10 peças não repercutirá no resultado, portanto,
Goldratt36 também criou um método para evitar que o recurso “gargalo” pare por
falta de material. Este método chama-se TPC – Tambor, Pulmão e Corda que consiste em
criar uma administração sincronizada para o processo fabril, onde a velocidade do sistema
é ditada pela batida do tambor, que é a restrição. A corda serve para evitar dispersão entre
recurso não gargalo que o alimente pare por alguma pane, ou manutenção preventiva,
protegendo o ganho da fábrica contra qualquer interrupção que possa ser superada dentro
um aumento de 10 unidades por hora, o próximo passo é não deixar que os demais recursos
o recurso “A” tem capacidade de produzir 90 unidades por hora, enquanto o recurso
restritivo agora são 40 unidades. As quantidades excedentes produzidas pelo recurso “A”,
36
GOLDRATT, Eliyahu M. A corrida pela vantagem competitiva. p. 99
20
ficarão estocadas, aguardando chegar sua hora para passar pelo recurso “C”. O tempo de
espera se traduz em estoques, que consomem recursos físicos e financeiros. Quanto mais
os recursos “A” e “B” produzirem, além da capacidade do recurso gargalo (C), mais
estoques serão gerados, indo à direção oposta à meta. Nesse ponto, encontra-se um
paradigma de difícil quebra ou seja, como pode deixar-se uma máquina parada ou um
funcionário sem produzir nada? Isso é um absurdo que leva ao prejuízo e a quebra de
empresas.
O paradigma afirma que não se deve deixar máquina parada ou funcionário sem
pela contabilidade tradicional, é feita pelo trabalho realizado por hora. Quanto mais se
trabalha, maior é a produtividade. Contudo, esse aumento de produtividade não irá fazer
com que o sistema responda na mesma medida, visto existir um gargalo logo a frente. Irá
gerar estoques de produtos em processo. Esse estoque tem custo. A empresa precisa ter
Goldratt37 também afirma que “ativar e utilizar um recurso não são sinônimos.
Utilizar um recurso significa fazer uso do recurso de uma forma que o sistema caminhe em
direção à meta. “Ativar” um recurso é como apertar o botão que liga uma máquina; ela
roda quer haja quer não um benefício gerado pelo seu trabalho. Portanto, na realidade,
37
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 221
38
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 149
21
Não deve balancear a capacidade com a demanda, em lugar disso, deve
balancear o fluxo de produto pela fábrica com a demanda de mercado.
Balanceie o fluxo, não a capacidade.
menciona:
difícil solução. Somente com muito conhecimento e poder de convencimento é que pode-
expandir sua capacidade ou elevar sua capacidade. Nessa etapa será necessário
enfim, esta elevação fará com que a restrição deixe de ser o empecilho para o crescimento
exemplo, é como se adquirir outro recurso no lugar do recurso “C”, com capacidade para
39
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. p. 191
40
GOLDRATT, Eliyahu M. A meta. p. 221
22
70 peças por hora. Nesse momento o recurso ‘C’ deixa de ser a restrição, passando para o
recurso ‘B’. Essa troca é perfeitamente previsível de se acontecer visto que, se um sistema
não tivesse nenhuma restrição seu desempenho tenderia para o infinito. Sendo assim passa-
passo 1, mas não deixe que a INÉRCIA cause uma restrição no sistema.
Não há como enfatizar demais esse aviso. O que geralmente acontece é que,
dentro das nossas organizações, derivamos da existência da restrição atual
muitas regras. Algumas vezes formalmente, muitas vezes apenas
intuitivamente. Quando uma restrição é quebrada, parece que não nos
preocupamos em revisar essas regras. Como resultado, nossos sistemas
estão, na sua maioria, limitados por restrições políticas.
populares que são muito usadas para não ocorrer mudanças, como por exemplo: “Não se
Peter Drucker e Warren Bennis, citados por Covey42, afirmam que “Administrar é
fazer as coisas do jeito certo; liderar é fazer as coisas certas”. Pode-se lembrar das grandes
fábricas de máquinas de escrever, manuais que depois passaram a ser elétricas. Essas
gigantes procuraram de todas as formas sofisticá-las para competir com o computador, mas
infelizmente não foi possível pois a era da informação demonstrou que os computadores
ensejaram uma mudança de paradigmas. Isso também aconteceu também com as fábricas
41
CORBETT, Thomas. Bússola financeira. p. 38
42
COVEY, Stephen R. Os 7 hábitos das pessoas muito eficientes. p. 108
23
De que serve um painel de controle com todos os tipos possíveis e imagináveis de
melhor o patrimônio das entidades, as estimativas do valor de mercado tem sido uma
opção, inclusive legal (art. 183 da lei n° 6.404/76), para estimar quanto efetivamente
tempo de vida útil, bem como na própria responsabilidade dos administradores nestas
corporativa.
mudança radical, propondo uma visão bem diferente do custo dos ativos, em especial dos
43
JOHNSON, H. Thomas, KAPLAN, Robert S. Contabilidade gerencial.
24
e não dos custos sacrificados no processo produtivo. Segundo essa teoria, não se
BRASILEIRA.
forma o seu sentido de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades . Esses
seguintes:
conjunto particular de seu patrimônio, não se confundindo com o patrimônio dos seus
sócios ou proprietários;
44
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras de
contabilidade de auditoria e perícia. p.29
25
IV – do Registro pelo Valor Original, definindo que os componentes do patrimônio devem
ou pagamento, e
A legislação brasileira exige que a escrituração seja mantida com observância dos
das sociedades anônimas, e a partir de 2004, com o novo Código Civil, Lei n° 10.406, de
obediência aos princípios contábeis também para outros tipos de sociedades, com a
Constituição Federal de 1988, dispõe (arts. 145 a 162 e 201 a 204) a observância de
entre outros) que sustentam o sistema tributário nacional, além de dispor sobre a ordem
igualitário entre contribuintes, entre muitas outras disposições legais que sustentam os
26
A existência das normas em Contabilidade servem para uniformizar os
que:
de:
outros meios, devem propiciar aos seus usuários base segura às suas decisões, envolvendo
45
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.46
46
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais de contabilidade e normas
brasileiras de contabilidade, p. 101
27
IV – Da Confiabilidade, atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e
seu conteúdo;
aos usuários, para que estes possam utiliza-las para seus fins;
exposição utilizadas;
Integram assim essas normas a sustentação dos princípios que compõem a estrutura
desenvolvimento dos sistemas de informação e dos modelos de gestão, que exigem, para a
Demonstrações Financeiras, interessa assim não apenas aos seus sócios ou acionistas, mas
28
A avaliação econômica de um negócio é influenciada pelo potencial de ganhos, mas
monetárias e fiscais governamentais, pelo setor em que opera a empresa, das suas
negócio, a avaliação dos ativos correntes e não-correntes, bem como da estrutura de capital
aqueles que estão representados pelas partes que se consomem num só ato de produção,
Observa Sá48 que a legislação e as normas estabelecem, para a avaliação dos ativos,
Conclui Sá49 que “é norma geral, pois, avaliar-se pelo valor de aquisição ou de
compra, admitidos, como dedução, os riscos, e como acréscimo o que possa vir a aumenta-
lo, mas como o resguardo do que possa sobre tudo isto influir o mercado.”
47
SÁ, Antonio Lopes de, SÁ, Antônio M. Lopes de. Análise de balanços e demonstrações contábeis, p.30
48
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.192
49
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.192
29
Isto significa que os ativos devem ser avaliados pelo valor do custo de aquisição,
750/93).
distribuição, à transformação ou ainda para uso próprio no curso normal das atividades de
podendo ser mensal ou anual, devendo ser observados, segundo a atividade da empresa e
pelo custo médio ponderado (permanente ou mensal), o PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro
a Sair) ou pelo preço de venda, subtraída a margem de lucro, além de outros aspectos
legais que devem merecer a atenção das empresas, com observância das leis e cumprindo
LEGISLAÇÃO.
30
A finalidade primordial da contabilidade de custos é o da acumulação de custos,
custos até então ativados e atribuídos a estes produtos, serão realizados (computados) no
Resultado do Exercício, seja como Custo dos Produtos Vendidos (indústria), ou como
Custo das Mercadorias Vendidas (comércio) ou ainda, Custo dos Serviços Prestados
e o custeio variável. A diferença entre ambos reside na forma da apropriação dos custos
fixos – enquanto o primeiro método absorve os custos fixos aos produtos e por extensão
aos estoques, o custeio variável trata os custos fixos como gastos do período.
legislação fiscal brasileira (RIR/1999, arts. 289, 290 e 294), o custeio por absorção
constitui a base da avaliação dos custos dos produtos acabados e em elaboração, e seu
Portanto, o tratamento legal é pelo custeio por absorção, uma vez que integram o
31
Da mesma forma é empregado normalmente o absorção quanto ao custeio de
perdas de produção e paradas técnicas, desde que estejam dentro dos limites da
padrão), como permitido inclusive pela legislação brasileira (Parecer Normativo CST n°
6/79), desde que o mesmo (padrão) incorpore todos os elementos básicos do custo e a
avaliação final dos estoques deve ser coincidente com aquela que seria obtida através do
industriais e nas empresas dos demais ramos econômicos que necessitam do controle
permanente de suas operações. É através dos padrões que o sistema orçamentário se apóia
para o detalhamento dos custos unitários de produtos, servindo de eficaz instrumento para
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
definidos pela legislação brasileira e nem o conceito de valor agregado ao produto para
32
estoque, composto pelos custos de transformação constituído pela mão-de-obra direta e dos
líquido existirá somente por ocasião da venda do produto, uma vez que o preço de venda é
determinado pelo mercado e não mais através da aplicação de uma margem de lucro sobre
o custo do produto.
matéria-prima. Os gastos operacionais não são identificados a produtos, por essa teoria,
contabilidade de custos, que cada vez mais passa ter ainda maior importância para o
Como esclarece Martins50, “o conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o
preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los (os custos)”.
Pode-se entender portanto, que a análise acurada dos custos se torna imprescindível para o
A teoria das restrições, ao propor que o conceito de custo do produto deve ser
abandonado, apresenta a visão de que o custeio do estoque não tem sentido lógico, o que se
fundamentais da contabilidade.
o denominado custo histórico, afirmando que “embora criticável sob certos ângulos,
50
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos, p.22
51
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade, p.55
33
uma ótica global, é muito mais profundo do que seus críticos possam inicialmente pensar”.
São esforços realizados os próprios custos, tanto diretos quanto indiretos, fixos ou
mais lucrativos, que merecem mais atenção pela empresa, visando a maximização do
potencial de lucros.
construção dos planos orçamentários, que são baseados em valores unitários dos custos dos
produtos, visando orientar a gestão das empresas para objetivos de rentabilidade e retorno
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
determinação do valor dos ativos, de forma a reduzir ou até eliminar riscos, visando
34
sempre a segurança do patrimônio e a informação adequada aos credores e usuários da
deve estar atada à conveniência quando o que se tem em mira é a eficácia e a proteção ao
risco”.
Desta forma, não se pode querer ferir a autonomia científica da Contabilidade com
a proposição de que o valor dos estoques somente deve considerar os custos variáveis de
sua obtenção. Alerta Sá54 “que uma atribuição inadequada do valor pode causar a
ineficácia, embora nem toda ineficácia decorra de uma inadequada atribuição de valor.”
Como regra geral, devemos atentar que os procedimentos contábeis devem estar
10. CONCLUSÃO
A teoria das restrições é uma proposta que se inclina para um modelo de avaliação
52
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.196
53
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.201
54
SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade, p.197
35
de direcionamento de investimentos, voltados a ganhos por otimização das restrições e de
recursos que limitam a capacidade do sistema. Assim, a teoria das restrições serve como
compondo com outros modelos de gestão disponíveis como o EVA – Economic Value
geral e de custos.
com parâmetros financeiros e não mais exclusivamente por meio de medidas físicas,
ver, não objetiva e não tem a intenção de substituir as medidas financeiras contábeis, que
proprietários e acionistas, a Teoria das Restrições concentra uma visão limitativa aos
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PEREIRA, Elias. Fundamentos da contabilidade, p.25
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demais usuários e interessados na Entidade, como clientes externos e autoridades
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