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Universidade Federal de São João del-Rei

Coordenadoria do Curso de Química

Uma visão química das Tintas Imobiliárias e sua


questão ambiental

Mariana Matos

São João del-Rei – 2017

0
Uma visão química das Tintas Imobiliárias e sua questão
ambiental.

Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado no 2° semestre do ano de 2017 ao
Curso de Química Bacharelado, da Universidade
Federal de São João del-Rei, como Requisito
parcial para obtenção do título Bacharel em
Química.

Autor: Mariana Matos


Docente Orientador: Patrícia Benedini Martelli
Modalidade do Trabalho: Revisão Bibliográfica

São João del-Rei - 2017

1
Resumo:

Atualmente, o mercado de tintas nacional deixa o Brasil em uma posição de


destaque, sendo de grande importância o estudo destes produtos. As tintas imobiliárias
fazem parte da maior linha deste setor, e para garantir a continuidade no
desenvolvimento tecnológico destes materiais é preciso entender toda a química
envolvida por trás destes produtos. Desta forma, neste trabalho será abordado um pouco
sobre os principais componentes, tipos e classificações no mercado das tintas
imobiliárias. Dentro de cada tópico foi explorado algumas das principais teorias
químicas envolvidas, visto que a tecnologia destes produtos envolve diferentes áreas da
química como a química orgânica e inorgânica, química dos polímeros, química de
superfície, físico-química, química dos coloides, entre outras. Além disso, foi
apresentado os principais impactos ambientais das tintas, dando um maior enfoque na
emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) na atmosfera. Estes poluentes
atmosféricos vêm sendo amplamente estudados nas últimas décadas, por serem
prejudiciais tanto ao meio ambiente quanto a saúde humana. Por serem encontrados
principalmente em tintas à base de solvente orgânicos, a introdução das tintas à base
d’água no ano de 1950, trouxe grandes evoluções para este setor. No entanto, outros
impactos ambientais ainda podem ser encontrados, como a utilização de biocidas para a
preservação das tintas, e a presença de metais pesados em alguns dos seus componentes.
Desta maneira, foi abordado também um pouco sobre estes dois fatores, relacionando
essas duas questões com a atualidade. Novos pigmentos estão sendo desenvolvidos para
a substituição do cromo hexavalente e do chumbo, principais metais pesados
encontrados nas tintas. Os biocidas mercuriais e a base de formaldeído já foram
eliminados, sendo substituídos por biocidas a base de isotiazolonas. Assim, é possível
observar que a maioria destes impactos ambientais já foram erradicados nestes últimos
anos, sendo cada vez maior a busca por produtos ambientalmente corretos.

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Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 1
2. Conceitos fundamentais ............................................................................................ 2
2.1. Composição das tintas ....................................................................................... 2
2.1.1. Resina ......................................................................................................... 2
2.1.1.1. Resinas Alquídicas .................................................................................. 3
2.1.1.2. Látex vinílicos e acrílicos ....................................................................... 5
2.1.2. Solvente ...................................................................................................... 6
2.1.3. Pigmento ..................................................................................................... 7
2.1.3.1. Pigmentos inorgânicos ............................................................................ 8
2.1.3.2. Pigmentos orgânicos ............................................................................. 10
2.1.3.3. Dióxido de Titânio (TiO2)....................... Erro! Indicador não definido.
2.1.4. Aditivos .................................................................................................... 11
2.1.4.1. Aditivos de Cinética.............................................................................. 11
2.1.4.2. Aditivos de Reologia ............................................................................ 12
2.1.4.3. Aditivos de Processo ............................................................................. 12
2.1.4.4. Aditivos de Preservação ........................................................................ 12
2.1.4.5. A importância do uso dos Biocidas ...................................................... 12
3. Tipos de Tintas Imobiliárias .................................................................................... 13
3.1. Classificação das tintas pelo PVC ................................................................... 15
4. Os impactos causados pelas tintas........................................................................... 15
4.1. Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) .......................................................... 15
4.1.1. Os COVs e a saúde humana ..................................................................... 16
4.1.2. Os COVs e o meio ambiente ...................... Erro! Indicador não definido.
4.1.3. Limites para a emissão de COVs nas tintas imobiliárias ......................... 17
4.2. Presença de Metais Pesados ............................................................................. 18
4.3. Biocidas e seu potencial toxicológico .............................................................. 19
5. Considerações Finais ............................................................................................... 20
6. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 21

3
1. Introdução

Em virtude dos grandes investimentos realizados pelas indústrias de tintas do país,


o Brasil encontra-se hoje entre os cinco maiores mercados mundiais neste setor.1
Investindo cada vez mais em tecnologias modernas para sua fabricação, as tintas atuais
são destinadas à inúmeras aplicações possuindo competência técnica comparável à dos
mais avançados centros mundiais de produção.2
Dentro deste setor, encontram-se produtos de linha imobiliária, industrial e
automotiva, todas elas com números expressivos no mercado nacional. No entanto, a
linha imobiliária constitui a maior parte no volume de tintas produzidas, com cerca de
84,7% do volume total. Elas são responsáveis também por 69% do faturamento, o qual
equivale à US$ 3,392 bilhões de dólares, de acordo com a pesquisa realizada pela
Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (ABRAFATI) , em 2016, apresentada
na Figura 1.3

Figura 1.a) Volume de tintas produzidas em litros no ano de 2015, b) Faturamento


das tintas em dólares levantado no ano de 2016. 3

Assim, com aumento gradativo do consumo de tintas imobiliárias nas últimas


décadas, a nova tendência para o crescimento e atualização neste setor é garantir a
fabricação de produtos de qualidade, levando em conta a sua adequação à questão
ambiental. Embora já existam grandes avanços na formulação das tintas atuais,
atualmente a composição das tintas ainda apresenta alguns produtos tóxicos que são
prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.4,5

Pigmentos, aqueles componentes responsáveis pela coloração, apresentam em sua


composição metais pesados, como o chumbo, cromo, entre outros. Biocidas, que são
aditivos utilizados para preservar a tinta contra a ação de agentes biológicos como
bactérias e fungos, também são substâncias tóxicas e prejudiciais à saúde. Entretanto, o
1
principal fator responsável pelo atual impacto das tintas ao meio ambiente tem sido os
COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), uma vez que a maioria dos metais pesados e
biocidas à base de substâncias tóxicas já foram eliminados das novas formulações. Os
COVs são hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos emitidos na atmosfera mediante à
secura das tintas. Estes compostos contribuem para a mudança climática global, assim
como para inúmeros problemas de saúde.6

Neste sentido, a proposta deste trabalho é estudar a química que se encontra


nessas tintas imobiliárias, trazendo uma visão mais aprofundada destes materiais. Este
estudo torna-se um grande atrativo, uma vez que se encontram muitos trabalhos
voltados para as tintas na literatura, entretanto, apenas poucos detalham a parte teórica
da química envolvida. Outro ponto que motivou a realização deste estudo refere-se que
a tecnologia das tintas envolve diferentes partes da química, como a química orgânica e
inorgânica, química dos polímeros, química de superfície, físico-química, química dos
coloides, entre outras.5 Além disso, a questão ambiental das tintas também será
abordada, com um enfoque maior nos COVs, uma vez que estes compostos são os
principais causadores dos impactos ambientais das tintas, e vêm sendo amplamente
estudados nas últimas décadas. A química ambiental envolvida nestes pontos também
será explorada.

2. Conceitos fundamentais

Tintas, em geral, é uma composição líquida, geralmente viscosa, com uma


dispersão de partículas sólidas. Elas são constituídas por quatro componentes principais:
a resina, o solvente, o pigmento e os aditivos. Com a secagem, também conhecida como
processo de cura das tintas, forma-se um filme aderente ao substrato, local onde a tinta
foi aplicada, e esse filme tem o objetivo de proteger e decorar o ambiente.6 Detalhes de
sua composição, assim como os tipos de tintas encontradas no mercado, serão
apresentados no decorrer do texto abordando as principais teorias químicas envolvidas.
Estes detalhes também serão fundamentais para o entendimento do estudo dos fatores
responsáveis pelos impactos ambientais causados pelas tintas.
2.1. Composição das tintas

2.1.1. Resina

A resina é o aglutinante das partículas sólidas e devido a sua composição torna-


se a principal responsável pela formação do filme. Nas tintas imobiliárias, as resinas

2
podem ser classificadas de acordo com o solvente utilizado. Em tintas à base de água, as
resinas mais utilizadas são os látex vinílicos (também conhecida como acetato de
polivinil - PVA) e acrílicos, enquanto nas tintas à base de solvente orgânico são as
resinas alquídicas, também conhecidas no mercado por esmaltes sintéticos. A
composição destas resinas, está relacionada com as propriedades das tintas como
resistência, aderência, flexibilidade e durabilidade, tornando a resina o principal
componente da tinta.6,7

2.1.1.1. Resinas Alquídicas

As resinas alquídicas se referem a poliésteres, provenientes da reação de


poliálcoois e poliácidos, modificados por óleos, fontes de ácidos graxos, e/ou ácidos
graxos de forma direta. A formação dos poliésteres está representada na Figura 2. O
poliálcool mais utilizado é a glicerina e o poliácido o anidrido ftálico.6

Figura 2. Reação de formação do Poliéster.6

Para a introdução dos ácidos graxos na composição das resinas, existem três
tipos de processos, porém o mais utilizado é por meio da alcoólise de óleos vegetais.
Este processamento apresenta a vantagem de utilizar como matéria prima óleos
vegetais, como os que estão apresentados na Tabela 1, sendo este o mais barato e
disponível no Brasil. Estes óleos são compostos por 90% de ácidos graxos e 10 % de
glicerina. Esta reação específica, consiste na transformação do triglicerídeo, presente no
óleo, em uma mistura de monoglicerídeo e diglicerídeo. Esta reação está representada
na Figura 3.6

Figura 3. Reação de alcóolise do óleo vegetal.6


3
Como pode ser observado na Figura 3, o produto da reação entre a glicerina e o
óleo apresentam grupos hidroxila, os quais irão participar da polimerização por
condensação. O tipo e a quantidade de óleo ou de ácidos graxos presentes na resina,
proporcionam às tintas diferentes aplicações, uma vez que o seu tempo de cura depende
destas variáveis. A Tabela 1 apresenta os óleos mais comuns utilizados para a obtenção
de resinas e sua classificação em função do ácido graxo presente. A classificação é
dependente do índice de iodo, número que representa a massa de iodo, em gramas,
necessária para saturar os ácidos graxos não saturados presentes em 100 gramas de
gordura neutra.8Assim, de acordo com este índice, os óleos podem ser considerados
secativos, semi-secativos e não secativos, que vão fornecer diferentes tempos de
secagens às tintas.

Tabela 1. Tipos de óleos utilizados nas resinas.6

Ácidos Graxos Predominantes Secatividade

Fórmula Índice de
Óleo Tipo % Média Classificação
Química Iodo

Linolênico 51 C18H30O2 Secativo 155-205

Linhaça Oleico 22 C18H34O2


Linoleico 17 C18H32O2
Tungue Eleosteânco 80 C18H30O2 Secativo 160-175

Oiticica Licânico 78 C18H25O3 Secativo 140-160


Semi-secativo 135-145
Mamona
Linoleico 82 C18H32O2
Desidratada

Soja Linoleico 54 C18H32O2 Semi-secativo 120-141

Oleico 28 C18H34O2
Girassol Linoleico 59 C18H32O2 Semi-secativo 125-136

Oleico 33 C18H34O2
Coco Láurico 48 C12H24O2 Não secativo 7,5-10,5

Mirístico 17 C18H24O2
Palmítico 9 C16H22O2
Não-secativo 81-91
Mamona
Ricinoléico 87 C18H34O3
Cru

4
Modificações na resina, como a introdução de outras resinas ou monômeros em
sua estrutura, também é utilizado para melhorar suas propriedades. Essas modificações
podem gerar resinas poliuretanas, epoxídicas, fenólicas, de borracha clorada entre
outras, sendo as responsáveis pelos diferentes nomes das tintas.6 Na Figura 4, estão
apresentadas as estruturas dos monômeros utilizados para a obtenção das resinas
mencionadas.

Figura 4. Estrutura dos mônomeros de diferentes resinas alquídicas.6

2.1.1.2. Látex vinílicos e acrílicos

São constituídos por uma emulsão aquosa obtidas por meio da introdução de
monômeros vinílicos ou acrílicos na composição da resina.6 As estruturas destes
monômeros estão apresentadas na Figura 5.

Figura 5. Estrutura dos monômeros vinílicos e acrílicos.6

Uma emulsão aquosa constitui de aglomerados de partículas líquidas imiscíveis,


dispersas de forma homogênea em água. A utilização da água como solvente em
conjunto com estes monômeros, geram vantagens às tintas látex, como menor
capacidade poluidora, facilidade de aplicação além das vantagens econômicas.
Entretanto, por apresentarem em forma de emulsão aquosa, estas resinas necessitam da
utilização de surfactantes, para reduzir a tensão superficial entre a fase que contém o
monômero e a fase aquosa, e de iniciadores, para dar início à polimerização.6

5
2.1.2. Solvente

Utilizados para dissolver a resina e proporcionar viscosidade adequada para a


aplicação das tintas, os solventes são produtos que necessitam de uma escolha adequada
para um melhor aproveitamento. Um bom solvente deve apresentar baixo ponto de
ebulição, neutralidade, estabilidade química, alta solubilidade, cheiro ligeiro ou inodoro,
baixa toxicidade entre outras. Solventes com essa classificação, podem além de
homogeneizar a resina, contribuir para o nivelamento, ajustar as propriedades de cura
permitindo a formação adequada do filme e influir na aparência final da tinta, como o
brilho.6,7
Existe uma grande variedade de solventes orgânicos empregados nas tintas, no
entanto, as classes de solventes orgânicos mais utilizadas são os hidrocarbonetos,
solventes oxigenados e solventes clorados. A maioria destes solventes apresentam
COVs e apenas um número limitado destes solventes são adequados para
revestimentos.6 Este assunto será abordado com mais detalhes no decorrer do trabalho.
A água é o único solvente que apresenta ótimas condições de salubridade, não é
tóxica e nem inflamável e é inodora. Porém, muitas substâncias são insolúveis na água,
apresenta alta tensão superficial, o que requer a utilização de agentes coalescentes,
surfactantes e iniciadores, para controlar a solubilidade da resina e a evaporação da
água.6
A tensão superficial é um parâmetro que mede à tendência das moléculas da
superfície de serem puxadas para o corpo do líquido. Quanto maior as forças
intermoleculares de um líquido, maior será sua tensão superficial. Devido a isto, a água
é um dos líquidos com maior tensão superficial, por causa de suas ligações de
hidrogênio.9
Quando um líquido é colocado sobre uma superfície sólida e plana, dois eventos
podem acontecer: o líquido molhar a superfície ou o líquido formar uma gota
aproximadamente esférica com um ângulo de contato com a superfície. Esta gota exerce
diversas forças superficiais sobre a superfície plana, e tais forças podem ser
representadas por tensões superficiais, sendo elas a tensão superficial entre a fase sólida
e a fase líquida (γS/L), entre a fase liquida e a fase gasosa (γL/G) e entre a fase sólida e a
fase gasosa (γS/G). A relação destes termos com o ângulo de contato (θ) formado entre a
gota e a superfície é dado pela Equação 1.10
𝛾𝑆/𝐺 = 𝛾𝑆/𝐿 + 𝛾𝐿/𝐺 𝑐𝑜𝑠𝜃 (Eq.1)

6
Combinando a Equação 1 com a Equação de Dupré, WS/L = γS/G + γL/G - γS/L, onde
W é o trabalho realizado, chega-se a Equação 2, chamada de Equação de Young.

𝑊𝑆/𝐿 = 𝛾 𝐿 (1 + cos 𝜃) (Eq.2)


𝐺

Portanto, não haverá ângulo de contato quando as forças de atração entre líquido e
sólido forem iguais ou maiores do que as forças de atração entre líquido e líquido. Por
outro lado, existirá um ângulo de contato quando a líquido aderir ao sólido com força
menor do que a força da sua própria coesão. A superfície será molhada pelo líquido
quando não houver ângulo de contato ou então, que este seja o mínimo possível. 10
Como a água é altamente estável, devido as suas ligações de hidrogênio, isto faz com
que sua força de coesão seja grande o suficiente para provocar um ângulo de contato
finito, o que dificulta molhar a superfície com água. Por isso, para as tintas que utilizam
água como solvente é necessário o uso de surfactantes, a fim de desestabilizar a força de
coesão do solvente.

2.1.3. Pigmento

Pigmentos são substâncias sólidas cristalinas, em sua maioria, insolúveis no


meio, responsáveis principalmente pela coloração, cobertura (opacidade) e em alguns
por características anticorrosivas. A capacidade dos pigmentos de encobrir os
substratos, dando um maior poder de cobertura as tintas, está relacionada com duas
propriedades principais, o índice de refração e o tamanho de partículas.6
O índice de refração é uma propriedade intrínseca dos materiais, que relaciona a
velocidade da radiação no vácuo com a velocidade da radiação nos materiais. É possível
analisar a influência do índice de refração na opacidade por meio da equação de Fresnel
simplificada.6
(𝑛𝑝−𝑛𝑟)2
𝐹= (Eq.3)
(𝑛𝑝+𝑛𝑟)2

Onde F é a refletividade do filme, np é o índice de refração do pigmento e nr é o


índice de refração da resina, sendo este aproximadamente a 1,5 para a maioria das
resinas.6
Quando a luz incide sobre partículas pigmentadas, elas vão espalhar e/ou
absorver a luz incidente, evitando que esta chegue até o substrato. Devido a isto, a
opacidade é atingida e se diferencia para pigmentos brancos e pigmentos coloridos. Em
pigmentos brancos a luz é espalhada e refletida, enquanto nos pigmentos coloridos ela é

7
absorvida e depende da concentração. Assim quanto maior o índice de refração do
material, maior a refletividade do filme, e com isto, menor a possibilidade da luz atingir
o substrato. Vale ressaltar que o tamanho de partículas também influencia na sua
opacidade, e desse modo o tamanho médio do cristal deve ser controlado pelo fabricante
durante o processo.6
Diante disto, o dióxido de titânio (TiO2) é um dos pigmentos brancos mais
utilizados para este fim, em razão do seu alto índice de refração e partículas de
tamanhos relativamente grandes. São utilizados também pigmentos extendedores ou
cargas, que apresentam características semelhantes ao TiO2 e ajustam as características
das tintas, apresentando um baixo custo, quando comparados com o TiO2, como o
carbonato de cálcio por exemplo. Em geral, os pigmentos podem ser classificados como
orgânicos e inorgânicos.6

2.1.3.1. Pigmentos inorgânicos

Entre os pigmentos inorgânicos estão os pigmentos brancos como o TiO2 e o


óxido de zinco (ZnO), os pigmentos coloridos como os óxidos de cromo e ferro,
cromatos de chumbo e zinco, selenetos e sulfoselenetos de cádmio, entre outros, e os
pigmentos extendedores como o carbonato de cálcio e silicatos de magnésio e alumínio.
Os pigmentos inorgânicos geralmente são menos brilhantes e também apresentam maior
toxicidade.6
Os cromatos de zinco são pigmentos de grande importância devido as suas
características anticorrosivas. Eles podem ser obtidos de duas formas, resultando em
diferentes produtos. Uma delas é por meio da adição de uma solução de dicromato de
sódio (ou potássio) a uma suspensão de óxido de zinco em meio ácido, gerando o
amarelo de zinco. A outra forma se dá pela adição de ácido crômico à suspensão de
óxido de zinco, na qual obtém-se o cromato básico de zinco.6 As duas reações estão
apresentadas a seguir, nas Equações 4 e 5.

4 𝑍𝑛𝑂 + 2𝐾2 𝐶𝑟2 𝑂7 + 2 𝐻𝐶𝑙 + 2𝐻2 𝑂 → 4𝑍𝑛𝑂. 𝐾2 𝑂. 4𝐶𝑟𝑂3 . 3𝐻2 𝑂 + 2𝐾𝐶𝑙 (Eq.4)
Amarelo de Zinco
5𝑍𝑛𝑂 + 𝐶𝑟𝑂3 + 4𝐻2 𝑂 → 4𝑍𝑛(𝑂𝐻)2 . 𝑍𝑛𝐶𝑟𝑂4 (Eq.5)
Cromato básico de zinco

Estes pigmentos formados apresentam uma solubilidade relativamente elevada,


quando comparados com o pigmento de referência, cromato de chumbo. Os valores são

8
de 1,10 a 0,02 g L-1 (CrO4/H2O) para o amarelo de zinco e cromato básico de zinco
respectivamente, enquanto o cromato de chumbo apresenta uma solubilidade de 5,0x
10-5 g L-1 (CrO4/H2O). Em contato com a água, estes pigmentos liberam íons cromatos,
que serão os responsáveis pelas características anticorrosivas destes materiais.6
A corrosão ocorre quando o metal perde elétrons em uma reação de oxirredução,
para o meio oxidante, neste caso, os gases da atmosfera. Na Figura 6 está ilustrado o
processo de corrosão dos metais.

Figura 6. Esquema do processo de corrosão na superfície de Ferro.6

Por apresentarem certa solubilidade em água, os cromatos de zinco atuam como


passivadores anódicos e assim o desenvolvimento da corrosão pode ser evitada.6 O
mecanismo desta passivação está representado na Equação 6.

𝑃𝑖𝑔𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝐻2 𝑂 → 2𝐻 + +𝐶𝑟𝑂42− → 𝐶𝑟2 𝑂2 + 𝐹𝑒2 𝑂3 . 𝑛𝐻2 𝑂 (Eq.6)


𝐹𝑒 2+
Humidade Camada Protetora

Quando entra em contato com a umidade, o cromato é liberado do pigmento e


oxida os íons ferrosos formando uma camada protetora, que impede a propagação da
corrosão.6
Embora estes pigmentos sejam de grande importância na indústria de tintas, eles
também apresentam pontos negativos devido ao caráter tóxico dos cromatos. A
toxicidade destes pigmentos será detalhada mais adiante em um tópico específico.

2.1.3.1.1. Dióxido de Titânio (TiO2)

O TiO2 é o pigmento branco mais importante e utilizado na fabricação das tintas.


Ele é um sólido cristalino, incolor, estável e polimorfo. Comercialmente, ele pode ser
encontrado em suas duas formas cristalinas, anatase e rutilo, apresentadas na Figura 7.13

9
3. Figura 7. Estruturas cristalinas do TiO213
A forma cristalina rutilo do TiO2 apresenta uma estrutura mais compacta que a
forma anatase, o que explica as diferenças entre as duas estruturas quando comparadas.
O TiO2 rutilo apresenta um maior índice de refração, maior densidade e tamanhos de
partículas relativamente maiores. Estas propriedades lhe conferem um maior poder
opacificante, melhor estabilidade e durabilidade. Isto faz com que o uso deste material
seja preferencial a forma anatase na fabricação de tintas. Além disso, a forma anatase é
mais fotoativa e desta forma, para tintas à base de pigmentos orgânicos, o seu uso pode
ser prejudicial ao pigmento.6
Quando comparado aos outros pigmentos brancos utilizados, o TiO2 rutilo,
também apresenta as melhores propriedades, como mostra a Tabela 2.6

Tabela 2. Opacidade relativa de alguns pigmentos brancos.


Índice de Refletividade Opacidade
Pigmento
Refração (F x 100%) Relativa
TiO2 rutilo 2,71 8,26 100
TiO2 anatase 2,55 6,72 81
Óxido de antimônio 2,20 3,58 43
Óxido de zinco 2,01 2,11 26
Carbonato básico de chumbo 2,00 2,04 25
Devido à capacidade opacificante do TiO2, este pigmento é empregado na
formulação de todas as tintas, em menores ou maiores quantidades, dependendo de sua
classificação. Esta relação será melhor detalhada no decorrer do trabalho.

2.1.3.2. Pigmentos orgânicos

São corantes insolúveis que apresentam em sua estrutura grupos cromóforos, ou


seja, grupos funcionais caracterizados por uma ligação dupla conjugada, que são
responsáveis pela coloração do material.6 Com o aumento do número de insaturações, é

10
observado a diminuição do bandgap, ou seja, a separação entre o HOMO i e LUMOii da
molécula. Esta observação pode ser explicada pelo modelo da partícula na caixa. O
aumento no tamanho desta, causa a diminuição na diferença de energia entre os dois
estados.11
Nesta classe de pigmentos encontram-se os compostos monoazóicos, diazóicos,
policíclicos, entre outros, os quais são classificados com base em sua estrutura e suas
propriedades físicas. Estes pigmentos apresentam em geral maior poder de tingimento,
no entanto, com a incidência de luz eles também podem se desbotar com o tempo,
devido a fotodegradação causada por luz UV.6
Diversos trabalhos na literatura demonstram que a fotodegradação de pigmentos
orgânicos está relacionada com as propriedades do meio da tinta ou do ambiente, como
aditivos da tinta, gases da atmosfera e pH do meio. Gases como óxido nítrico ou
oxigênio podem induzir a quebra das moléculas dos corantes, provocando sua
degradação. O mecanismo da fotodegradação não é geral para todos os casos. Por
exemplo, os espectros de infravermelho do corante antraquinona indicaram que,
inicialmente a degradação acontece com a abertura do anel aromático, e posteriormente,
moléculas de água adsorvida sobre a amostra influencia na degradação.12 O início da
degradação do corante pode ser observado no espectro de absorção molecular. Este
indicativo é apresentado como um leve deslocamento da banda de absorção para o lado
de maior energia, ou seja, em direção a menores comprimentos de onda.11,12

2.1.4. Aditivos

Embora não sejam tão importantes na composição das tintas como os outros
componentes, os aditivos atribuem propriedades significativas às tintas, mesmo em
quantidades relativamente pequenas. Os aditivos estão divididos de acordo com o seu
modo de ação: 6,7

2.1.4.2. Aditivos de Cinética

Encontram-se nesta classe os secantes, catalisadores e antipeles, que são


utilizados para acelerar a secagem e as reações que ocorrem na tinta, como também
retardar a formação de películas sólidas na superfície da tinta com a exposição desta ao
ar.6

i
Orbital Molecular de maior energia preenchido, traduzido do inglês Highest Occupied Molecular Orbital (HOMO).

ii Orbital Molecular de menor energia vazio, traduzido do inglês Lowest Unoccupied Molecular Orbital (LUMO).

11
2.1.4.3. Aditivos de Reologia

São representados pelos espessantes e antiescorrimento, responsáveis pela maior


fluidez dos produtos evitando casos como o escorrimento da tinta após sua aplicação.6

2.1.4.4. Aditivos de Processo

Esta classe de aditivos engloba todos os produtos utilizados para facilitar o


processo de fabricação das tintas. Dentre eles, os principais são os surfactantes, que são
responsáveis pela dispersão e umectação dos pigmentos, adesão, estabilidade, entre
outras propriedades. Mas encontram-se também os umectantes, antiespumantes e
nivelantes.6

2.1.4.5. Aditivos de Preservação

Utilizados para prevenir o crescimento de microrganismos, como bactérias, algas


e fungos nas tintas, os biocidas são aditivos de grande utilização como também de
grande impacto ambiental dependendo da sua concentração presente no ambiente.6

2.1.4.6. A importância do uso dos Biocidas

As tintas apresentam em sua composição diversos compostos orgânicos que


funcionam como nutrientes para o crescimento de microrganismos. Essas
contaminações biológicas podem ocorrer tanto no filme seco como na tinta húmida, que
vai depender de alguns requisitos básicos. A incidência de luz solar, pH, tipo de
nutriente, temperatura e a quantidade de água disponível são alguns destes requisitos, e
estes variam para cada tipo de microrganismo.6
Por serem favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos, as tintas de base
aquosa estão sujeitas a microrganismos de diversas classes, como bactérias, fungos e
algas. Os fungos e as algas não crescem em latas fechadas, mas podem atuar sobre a
película de tinta seca. A presença de bactérias por exemplo pode comprometer as
propriedades físico-químicas das tintas, promovendo alteração na viscosidade, mal
cheiro, além da produção de gás (CO2) que resultam em uma alta pressão dentro das
latas acarretando assim, danos à embalagem. Diante disso, agentes microbicidas são
fundamentais na composição das tintas, e os biocidas são agentes eficazes para a
eliminação de todos estes microrganismos.14

12
Entre os biocidas utilizados para a proteção das tintas durante a armazenagem,
encontram-se os biocidas mercuriais e aqueles cujo princípio ativo é o formaldeído. O
formaldeído embora seja degradável com o tempo, pode provocar irritações nos olhos e
na pele. Já os mercuriais são exemplos de biocidas persistentes no meio ambiente, que
podem se acumular em animais ou lençóis subterrâneos por um longo tempo. Por esta
questão, hoje em dia, estes produtos estão cedendo lugar para materiais menos
agressivos.6
A bioacumulação do mercúrio pode ser entendida à luz da teoria de ácidos e bases
duros e macios de Pearson.15 Esta teoria diz que ácidos macios formam compostos mais
estáveis, ligações mais fortes, com bases macias do que com bases duras e vice-versa. A
definição de duro ou macio está relacionado a polarizabilidade do átomo ou molécula.
Entidades com alta polarizabilidade são compostos macios. Compostos macios são
aqueles átomos ou moléculas grandes, com baixo estado de oxidação, ou então na forma
aniônica. O contrário destas afirmações serve para os compostos duros.15 Neste sentido,
o íon Hg2+ e vários outros metais pesados como Pb2+ e Cd2+, apresentam características
maleáveis (macios).
Em organismos vimos, muitas proteínas contém o elemento enxofre, devido aos
resíduos de cisteína, a qual possui o grupamento tiol (R-SH). O enxofre, segundo a
teoria de Pearson, é uma base macia. Por esta razão, íons de metais pesados, como os
mencionados acima, quando entram em um organismo vivo, podem formar um
complexo muito forte com o enxofre das proteínas e acabar se alojando dentro do ser
vivo, provocando a bioacumulação.

3. Tipos de Tintas Imobiliárias

A partir das informações apresentados acima, é possível notar que a medida que
se varia a quantidade e o tipo de cada um dos componentes das tintas, é possível obter
uma vasta variedade de tintas. A Figura 8 apresenta os tipos de tintas encontradas no
mercado.16

13
Tintas

Base
Base Resina
Cerâmica

Resinas Resinas à
Látex Cal Terra
alquídicas óleo

Acrílicas Epóxi Acrílica Vinílica (PVA) Cimento Silicato

Borracha
Poliuretano
Clorada

Fenólicas Nitrocelulose

Poliéster Silicone Figura 8. Classificação das tintas.

Embora existam todos estes tipos de tintas, as principais tintas imobiliárias são as
tintas à base de resinas, tanto as alquídicas como as tintas látex. As aplicações destas
tintas se diferenciam de acordo com a resina utilizada. De um modo geral, tintas látex
PVA são mais utilizadas em interiores, por apresentarem baixa resistência à abrasão,
sendo mais baratas. Em contrapartida, as tintas acrílicas têm um melhor desempenho em
pinturas exteriores, já que são mais resistentes não só à abrasão, mas também ao
envelhecimento e as manchas. Por outro lado, as tintas alquídicas apresentam diferentes
aplicações desde o revestimento de piscinas, pelas tintas de borracha clorada, até a sua
utilização em pisos, como é o caso das tintas epóxi.17
Vale ressaltar que para as tintas Látex, a identificação da melhor tinta a ser
utilizada de acordo com o ambiente a ser aplicado, também deve ser levado em conta a
sua classificação de acordo com a sua qualidade e durabilidade. Essa classificação foi
definida pela ABRAFATI e divide as tintas nas linhas Econômicas, Standard e
Premium. Nem sempre as tintas látex PVA vão ser as mais indicadas para revestimento
de interiores assim como as tintas acrílicas nem sempre vão ser as mais indicadas para
ambientes externos. Isso se deve ao fato das tintas Econômicas, apresentarem menor
poder de cobertura, menor resistência as intempéries, e com isto, menor durabilidade,
além de ter uma menor quantidade de TiO2 presente em sua composição. Assim, as
tintas econômicas são indicadas apenas para áreas internas enquanto as tintas Standard e
Premium podem ser utilizadas em áreas externas, devido a sua melhor qualidade.17,18
Além destas propriedades, estas tintas podem ser classificadas em relação ao seu
brilho, adesão e formação do filme, por meio do índice de PVC (Concentração do
Volume de Pigmentos).19 Este índice será melhor detalhado devido sua importância na
formulação das tintas.

14
3.1. Classificação das tintas pelo PVC

O PVC é um índice utilizado pelos fabricantes de tintas que relaciona o teor de


pigmentos em relação ao volume do solvente, na formulação da tinta. Por meio dele, é
possível obter diferentes níveis de brilho nas tintas como também filmes de diferentes
espessuras. O PVC pode ser expresso da seguinte maneira:
𝑉𝑝
%𝑃𝑉𝐶 = 𝑉𝑝+𝑉𝑣 ∗ 100 % (Eq.7)

Nesta equação, Vp é o volume de pigmentos e cargas e Vv é o volume do veículo


sólido, ou o filme formado após a cura.20
Tintas com alto teor de PVC apresentam maior quantidade de sólidos, pigmentos
e cargas, sendo consideradas de melhor qualidade. Isto é devido a maior espessura do
filme formado gerando uma melhor cobertura e maior durabilidade. Estas tintas também
apresentam um acabamento fosco. Quanto menor o teor de PVC das tintas, maior o seu
brilho, visto que os pigmentos reduzem o brilho e os reflexos da tinta. Assim, tintas de
baixo PVC são consideradas brilhantes, de médio PVC encontram-se as tintas
semibrilho e acetinada, e as tintas foscas de alto PVC.19,21

4. Os impactos causados pelas tintas


Diante das inúmeras inovações e do alto investimento realizado pelo setor de
tintas, a utilização de produtos com impacto ambiental minimizado é o fator que vem
sendo mais valorizado nos últimos anos. Analisando as tintas desde sua fabricação até
sua utilização final, é possível identificar uma série de impactos ambientais que podem
ser causados por elas, além dos danos à saúde humana que podem ser ocasionados.4,6
De longe, a emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) para a atmosfera
durante o seu processo de cura, é o impacto ambiental mais importante das tintas. Além
de contribuírem para a poluição atmosférica, os COVs também diminuem a qualidade
do ar, afetando a saúde dos trabalhadores e usuários.22 Diversas pesquisas estão voltadas
para o estudo destes compostos, o que motivou o desenvolvimento deste trabalho.
Outras questões também merecem ser destacadas, como a presença de metais
pesados e biocidas na sua composição.6
4.1. Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)

Os COVs são produtos químicos a base de carbono com ponto de ebulição menor
ou igual a 250°C a uma pressão padrão de 101,3 kPa, que participam de reações

15
fotoquímicas na atmosfera. Pertencentes a uma classe muito importante de poluentes
atmosféricos, os COVs vem sendo amplamente discutidos e estudados nas últimas
décadas.23
Dentre os COVs mais perigosos, encontram-se os hidrocarbonetos aromáticos e
alifáticos, hidrocarbonetos contendo halogênios, aldeídos, cetonas, álcoois e ésteres, que
são prejudiciais tanto a saúde humana quanto ao meio ambiente. A emissão destes
compostos pode ser a partir de diversas fontes, sendo uma delas o processo de cura das
tintas.24 Existem COVs na formulação de todas as tintas. No entanto, estes mais
perigosos e, em quantidades significativas, estão presentes apenas em tintas à base de
solvente orgânicos, como as tintas a óleo e esmaltes sintéticos. Os COVs das tintas de
base aquosa são limitados principalmente a amônia e etanol, que são utilizados como
aditivos e não apresentam efeitos na formação do ozônio atmosférico, além de
apresentarem baixa toxicidade.23 O maior problema destes COVs está relacionado com
a diminuição da qualidade do ar (QAI), ocasionando asiim a síndrome dos edifícios
doentes.25

4.1.3. Os COVs e a saúde humana

Um dos principais motivos dos estudos voltados para os COVs terem atraído
atenção mundial, é devido a sua responsabilidade pela diminuição da Qualidade do Ar
em ambientes Internos (QAI). Estudos apontam que a exposição frequente a ambientes
que estão sujeitos a emissão destes compostos, leva a efeitos adversos a curto e longo
prazo, variando de acordo com o nível de toxicidade do produto, nível de exposição e
tempo expirado.26,27
O benzeno é um produto tóxico, presente na formulação das tintas, e uma
exposição a este composto aumenta cerca de 40% no risco de câncer ao longo da vida.
Riscos menos nocivos, como irritação nos olhos, também podem ocorrer com uma
exposição ao formaldeído em quantidades acima de 0,3 a 0,5 mg. Além disso, benzeno,
tolueno, xileno e hexano estão associados a problemas de saúde do sistema neurológico,
assim como o tolueno e o hexano estão associados a problemas de saúde do sistema
respiratório.28
Surgiu também na década de 90, o conceito “síndrome dos edifícios doentes”
(SBS), para descrever os sintomas adversos apresentados por ocupantes em ambientes
internos específicos. Estes sintomas incluem dor de cabeça, fadiga e irritação nas vias
respiratórias superiores, trato, nariz, garganta, olhos, mão e pele facial. Os resultados

16
destes estudos apontaram que um dos fatores ligados a esta síndrome seria a emissão de
COVs.29
4.1.4. Limites para a emissão de COVs nas tintas imobiliárias

Por serem prejudiciais à saúde humana, as agências de proteção ambiental dos


EUA, Canadá e da União Européia limitam as emissões de COVs a fim de prevenir o
impacto ambiental. No entanto, a regulamentação dos países europeus se difere da
regulamentação dos americanos. Isto ocorre, pois, o tipo de solvente que é considerado
COVs para um não é o mesmo para o outro. Os Europeus admitem que todos os
solventes são considerados COVs, por todos eles serem potencialmente reativos na
atmosfera. Já os americanos só consideram como COVs os solventes considerados
suficientemente reativos. Neste caso, a acetona, o diclorofluormetano, fluoreto de etila e
cloreto de metileno não seriam considerados como COVs.30
Desta forma, os valores do teor máximo de COVs permitidos nas tintas atuais
podem variar dependendo da região, porém o consenso de reduzir a emissão destes
compostos é global. É importante salientar que estes valores permitidos são diferentes
para cada tipo de produto, sendo estipulados de acordo com a classificação da tinta.30
Este feito, desencadeou as pesquisas voltadas para a obtenção de tintas
ambientalmente amigáveis, as quais levou a grandes mudanças na formulação e
inovação das tintas. O primeiro passo foi o desenvolvimento das tintas à base d’água no
ano de 1950. Estas tintas levaram o desenvolvimento de tintas com Low-VOC e Zero-
VOC, termos utilizados para indicar as tintas com baixo teor de COVs em sua
composição.31 Hoje em dia os fornecedores de tintas já produzem tintas à base d’água
equivalentes as tintas à base de solvente orgânico, oferecendo outras vantagens como
tintas com secagem rápida, sem cheiro e de fácil limpeza.32
Assim como as tintas à base d’água possuem vantagens em relação as tintas à base
de solvente orgânico, elas também possuem algumas desvantagens. Para que os filmes
formados apresentem boa qualidade, os látex utilizados devem ser formados por
partículas pequenas. Com isso, o conteúdo de sólidos em tintas látex com partículas
pequenas é geralmente baixo. Isto torna-se uma desvantagem uma vez que este baixo
conteúdo de sólidos se relaciona com o PVC das tintas como foi visto anteriormente.
Um teor de PVC baixo ocasiona em tintas de baixa qualidade. Desta maneira,
estratégias como a fabricação de tintas à base d’água com alto teor de sólidos também
vem sendo estudadas.33

17
Outras tecnologias também estão sendo desenvolvidas em prol das “tintas
amigáveis”. Além das tintas à base d’água, estão sendo realizados também a
reformulação dos solventes orgânicos utilizados para a diminuição do teor de COVs
emitidos.34 No entanto, segundo o diretor das Tintas Irajá, o foco das indústrias de tintas
do mundo inteiro têm sido a busca pelo desenvolvimento de produtos que não
necessitem de nenhum solvente em sua composição.35

4.2. Presença de Metais Pesados


Outro impacto ambiental causado pelas tintas, é devido à presença de metais
pesados em sua formulação. Embora estes metais sejam mais encontrados nos
pigmentos, eles também podem ser encontrados em outros componentes das tintas.
Aditivos especiais utilizados, como por exemplo, alguns secantes empregados para
promover a secagem uniforme dos filmes, podem ser a base de chumbo, os quais estão
entre os principais aditivos nesta linha.6
Entre os metais pesados mais preocupantes encontram-se o chumbo, cromo,
arsênio, cádmio, mercúrio e antimônio. Quando presentes no filme seco formado, sem
nenhuma alteração, esses metais não apresentam nenhum perigo à saúde humana. No
entanto, com a degradação deste filme ao longo do tempo, devido a abrasão e exposição
a luz UV, a tinta começa a rachar e os pedaços do filme liberados para o meio é
considerado um resíduo perigoso.36 Além disso, as pessoas que estarão em contato
direto com estes materiais durante a sua fabricação, devem estar totalmente protegidas
para evitar a absorção destes metais pela pele. Outro ponto que deve ser levado em
conta, é em relação às embalagens geradas após o consumo destes produtos. Estas
devem ser descartadas adequadamente, já que nelas estarão presentes estes metais na
forma de suspensão.6
Destes metais pesados, muitos já estão sendo totalmente eliminados das tintas
atuais. Porém, o chumbo e o cromo em sua forma hexavalente, ainda continuam sendo
amplamente utilizados em pigmentos. Um dos motivos é devido à combinação destes
dois metais na geração de uma das mais versáteis classes de pigmentos, que permite a
obtenção de várias colorações além de apresentarem propriedades desejáveis como alta
opacidade, boa resistência, alta limpidez, entre outras.6,36 Um outro motivo pode ser
relacionado com o uso eficaz dos cromatos na obtenção de características
anticorrosivas, como foi visto anteriormente.

18
Diante disso, o uso destes produtos vem sendo restritos, podendo ser eliminados
de vez nos próximos anos. Nos EUA, o limite estabelecido para o uso do chumbo em
tintas foi de 90 ppm. Mas, para a Aliança Global para Eliminar Pintura de Chumbo
(AGEPC) o objetivo é erradicar o chumbo das pinturas até 2020.37O uso dos cromatos
em pigmentos anticorrosivos também está sendo estudado. Atualmente existem
trabalhos que propõe a substituição dos cromatos por fosfatos e alguns lantanídeos. Os
resultados indicam que estes materiais são promissores na área de pigmentos
anticorrosivos e contribuem significativamente para a erradicação almejada.38

4.3. Biocidas e seu potencial toxicológico


Com o aumento das tintas à base d’água, para a redução da emissão de COVs na
atmosfera, o uso de biocidas na produção das emulsões aquosas tornou-se fundamental.
O desenvolvimento destes produtos começou na década de 50 com os compostos
fenílicos de mercúrio, no entanto a toxicidade destes compostos deu início a novas
pesquisas para substituição destes biocidas.22
O mercúrio, em quase todas combinações químicas, provoca danos renais,
hepáticos e ao sistema reprodutivo dos mamíferos, além de lesões ao sistema nervos
como também danos ao meio ambiente. Desta forma, os compostos mercuriais foram
proibidos nos EUA e em outros países depois desta comprovação. O formaldeído por
sua vez, também está classificado como provável carcinogênico, atuando tanto por
inalação como por ingestão.6
Assim, biocidas que possuem como princípio ativo as isotiazolonas foram
introduzidos nos anos 80 e desde então vêm sendo os principais biocidas utilizados.
Dentre eles, o produto mais utilizado na preservação da emulsão no Brasil, é uma
mistura de 5-cloro-2-metil-4-isoatiazolin-3-ona (CMIT) e 2-metil-4-isotiazolin-3-ona
(MIT) na proporção 3:1, respectivamente.as destes compostos estão apresentadas na
Figura 9.14

a) b)

Figura 9. Estrutura dos produtos à base de isotiazolonas mais utilizados; a) MIT, b)


CMIT.

19
Para um biocida ser considerado eficaz, ele deve ser capaz de minimizar a
contaminação microbiana e prevenir o crescimento de organismos bacterianos e
fúngicos no fluido. Além disso, ele deve apresentar uma estabilidade em um período de
tempo razoável para manter a tinta protegida desde a mistura, transporte e
armazenamento. Porém, após a ação destes produtos, estes devem se degradar em
subprodutos que não afetem o desempenho da tinta, reduzindo riscos aos usuários e ao
meio ambiente.6,39
Neste segmento, estes biocidas mencionados acima foram considerados eficazes
em concentrações muito baixas, no controle da contaminação por bactérias, fungos e
algas, quando utilizados em determinada faixa de pH. Outro ponto importante é que o
princípio ativo destes biocidas atende aos requisitos ambientais, já que as izotiazolonas
se degradam por meio de mecanismos físicos, químicos e microbiológicos diversos,
gerando subprodutos inofensivos, o que anula a possibilidade de bio e geoacumulação.
Por este motivo, os biocidas a base izotiazolonas estão presentes nas tintas atuais,
substituindo os biocidas que apresentam em sua composição substâncias tóxicas como o
mercúrio e o formaldeído .6,39

5. Considerações Finais
Neste trabalho, foi possível conhecer um pouco sobre as tintas imobiliárias, e sua
importância no comércio nacional. Foi apresentada algumas teorias importantes para um
conhecimento mais completo destes produtos, mencionadas de maneira elementar, mas
que ainda podem ser bastante exploradas, visto que esta é uma área de pesquisa ampla e
complexa.
A questão ambiental das tintas também foi relatada, uma vez que os impactos
ambientais causados por estes produtos vêm sendo questionados durante décadas. A
busca é por produtos ecologicamente corretos, desde sua fabricação até o seu emprego.
Foi visto que, as principais preocupações hoje em dia estão sendo em relação a emissão
de COVs para a atmosfera. Embora a introdução das tintas à base d’água tenha sido o
maior passo em direção as tintas sustentáveis, nem sempre todo tipo de resina é
compatível com este solvente, o que diminui a variedade de tintas neste campo. Outro
ponto importante, é que as tintas aquosas necessitam de outras tecnologias para o
aperfeiçoamento de suas propriedades. Os aditivos de preservação utilizados para a
preservação destas tintas, por exemplo, apresentam substâncias tóxicas em sua

20
composição. Além disso, alguns secantes utilizados para diminuir o tempo de secagem
destas tintas eram a base de metais pesados, assim como alguns pigmentos utilizados.
Porém, hoje em dia já pode-se encontrar no mercado uma maior variedade de
tintas à base d’água. Além disso, a grande maioria das tintas imobiliárias já são isentas
de metais pesados, assim como biocidas mercuriais ou com formaldeído. Os biocidas
atuais são aqueles à base de isotiazolonas. Desse modo, pode-se dizer que em pouco
tempo este setor estará ainda mais atualizado, com tintas ambientalmente corretas, e
produtos cada vez mais ricos em tecnologia.

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