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Mariana Matos
0
Uma visão química das Tintas Imobiliárias e sua questão
ambiental.
1
Resumo:
2
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 1
2. Conceitos fundamentais ............................................................................................ 2
2.1. Composição das tintas ....................................................................................... 2
2.1.1. Resina ......................................................................................................... 2
2.1.1.1. Resinas Alquídicas .................................................................................. 3
2.1.1.2. Látex vinílicos e acrílicos ....................................................................... 5
2.1.2. Solvente ...................................................................................................... 6
2.1.3. Pigmento ..................................................................................................... 7
2.1.3.1. Pigmentos inorgânicos ............................................................................ 8
2.1.3.2. Pigmentos orgânicos ............................................................................. 10
2.1.3.3. Dióxido de Titânio (TiO2)....................... Erro! Indicador não definido.
2.1.4. Aditivos .................................................................................................... 11
2.1.4.1. Aditivos de Cinética.............................................................................. 11
2.1.4.2. Aditivos de Reologia ............................................................................ 12
2.1.4.3. Aditivos de Processo ............................................................................. 12
2.1.4.4. Aditivos de Preservação ........................................................................ 12
2.1.4.5. A importância do uso dos Biocidas ...................................................... 12
3. Tipos de Tintas Imobiliárias .................................................................................... 13
3.1. Classificação das tintas pelo PVC ................................................................... 15
4. Os impactos causados pelas tintas........................................................................... 15
4.1. Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) .......................................................... 15
4.1.1. Os COVs e a saúde humana ..................................................................... 16
4.1.2. Os COVs e o meio ambiente ...................... Erro! Indicador não definido.
4.1.3. Limites para a emissão de COVs nas tintas imobiliárias ......................... 17
4.2. Presença de Metais Pesados ............................................................................. 18
4.3. Biocidas e seu potencial toxicológico .............................................................. 19
5. Considerações Finais ............................................................................................... 20
6. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 21
3
1. Introdução
2. Conceitos fundamentais
2.1.1. Resina
2
podem ser classificadas de acordo com o solvente utilizado. Em tintas à base de água, as
resinas mais utilizadas são os látex vinílicos (também conhecida como acetato de
polivinil - PVA) e acrílicos, enquanto nas tintas à base de solvente orgânico são as
resinas alquídicas, também conhecidas no mercado por esmaltes sintéticos. A
composição destas resinas, está relacionada com as propriedades das tintas como
resistência, aderência, flexibilidade e durabilidade, tornando a resina o principal
componente da tinta.6,7
Para a introdução dos ácidos graxos na composição das resinas, existem três
tipos de processos, porém o mais utilizado é por meio da alcoólise de óleos vegetais.
Este processamento apresenta a vantagem de utilizar como matéria prima óleos
vegetais, como os que estão apresentados na Tabela 1, sendo este o mais barato e
disponível no Brasil. Estes óleos são compostos por 90% de ácidos graxos e 10 % de
glicerina. Esta reação específica, consiste na transformação do triglicerídeo, presente no
óleo, em uma mistura de monoglicerídeo e diglicerídeo. Esta reação está representada
na Figura 3.6
Fórmula Índice de
Óleo Tipo % Média Classificação
Química Iodo
Oleico 28 C18H34O2
Girassol Linoleico 59 C18H32O2 Semi-secativo 125-136
Oleico 33 C18H34O2
Coco Láurico 48 C12H24O2 Não secativo 7,5-10,5
Mirístico 17 C18H24O2
Palmítico 9 C16H22O2
Não-secativo 81-91
Mamona
Ricinoléico 87 C18H34O3
Cru
4
Modificações na resina, como a introdução de outras resinas ou monômeros em
sua estrutura, também é utilizado para melhorar suas propriedades. Essas modificações
podem gerar resinas poliuretanas, epoxídicas, fenólicas, de borracha clorada entre
outras, sendo as responsáveis pelos diferentes nomes das tintas.6 Na Figura 4, estão
apresentadas as estruturas dos monômeros utilizados para a obtenção das resinas
mencionadas.
São constituídos por uma emulsão aquosa obtidas por meio da introdução de
monômeros vinílicos ou acrílicos na composição da resina.6 As estruturas destes
monômeros estão apresentadas na Figura 5.
5
2.1.2. Solvente
6
Combinando a Equação 1 com a Equação de Dupré, WS/L = γS/G + γL/G - γS/L, onde
W é o trabalho realizado, chega-se a Equação 2, chamada de Equação de Young.
Portanto, não haverá ângulo de contato quando as forças de atração entre líquido e
sólido forem iguais ou maiores do que as forças de atração entre líquido e líquido. Por
outro lado, existirá um ângulo de contato quando a líquido aderir ao sólido com força
menor do que a força da sua própria coesão. A superfície será molhada pelo líquido
quando não houver ângulo de contato ou então, que este seja o mínimo possível. 10
Como a água é altamente estável, devido as suas ligações de hidrogênio, isto faz com
que sua força de coesão seja grande o suficiente para provocar um ângulo de contato
finito, o que dificulta molhar a superfície com água. Por isso, para as tintas que utilizam
água como solvente é necessário o uso de surfactantes, a fim de desestabilizar a força de
coesão do solvente.
2.1.3. Pigmento
7
absorvida e depende da concentração. Assim quanto maior o índice de refração do
material, maior a refletividade do filme, e com isto, menor a possibilidade da luz atingir
o substrato. Vale ressaltar que o tamanho de partículas também influencia na sua
opacidade, e desse modo o tamanho médio do cristal deve ser controlado pelo fabricante
durante o processo.6
Diante disto, o dióxido de titânio (TiO2) é um dos pigmentos brancos mais
utilizados para este fim, em razão do seu alto índice de refração e partículas de
tamanhos relativamente grandes. São utilizados também pigmentos extendedores ou
cargas, que apresentam características semelhantes ao TiO2 e ajustam as características
das tintas, apresentando um baixo custo, quando comparados com o TiO2, como o
carbonato de cálcio por exemplo. Em geral, os pigmentos podem ser classificados como
orgânicos e inorgânicos.6
4 𝑍𝑛𝑂 + 2𝐾2 𝐶𝑟2 𝑂7 + 2 𝐻𝐶𝑙 + 2𝐻2 𝑂 → 4𝑍𝑛𝑂. 𝐾2 𝑂. 4𝐶𝑟𝑂3 . 3𝐻2 𝑂 + 2𝐾𝐶𝑙 (Eq.4)
Amarelo de Zinco
5𝑍𝑛𝑂 + 𝐶𝑟𝑂3 + 4𝐻2 𝑂 → 4𝑍𝑛(𝑂𝐻)2 . 𝑍𝑛𝐶𝑟𝑂4 (Eq.5)
Cromato básico de zinco
8
de 1,10 a 0,02 g L-1 (CrO4/H2O) para o amarelo de zinco e cromato básico de zinco
respectivamente, enquanto o cromato de chumbo apresenta uma solubilidade de 5,0x
10-5 g L-1 (CrO4/H2O). Em contato com a água, estes pigmentos liberam íons cromatos,
que serão os responsáveis pelas características anticorrosivas destes materiais.6
A corrosão ocorre quando o metal perde elétrons em uma reação de oxirredução,
para o meio oxidante, neste caso, os gases da atmosfera. Na Figura 6 está ilustrado o
processo de corrosão dos metais.
9
3. Figura 7. Estruturas cristalinas do TiO213
A forma cristalina rutilo do TiO2 apresenta uma estrutura mais compacta que a
forma anatase, o que explica as diferenças entre as duas estruturas quando comparadas.
O TiO2 rutilo apresenta um maior índice de refração, maior densidade e tamanhos de
partículas relativamente maiores. Estas propriedades lhe conferem um maior poder
opacificante, melhor estabilidade e durabilidade. Isto faz com que o uso deste material
seja preferencial a forma anatase na fabricação de tintas. Além disso, a forma anatase é
mais fotoativa e desta forma, para tintas à base de pigmentos orgânicos, o seu uso pode
ser prejudicial ao pigmento.6
Quando comparado aos outros pigmentos brancos utilizados, o TiO2 rutilo,
também apresenta as melhores propriedades, como mostra a Tabela 2.6
10
observado a diminuição do bandgap, ou seja, a separação entre o HOMO i e LUMOii da
molécula. Esta observação pode ser explicada pelo modelo da partícula na caixa. O
aumento no tamanho desta, causa a diminuição na diferença de energia entre os dois
estados.11
Nesta classe de pigmentos encontram-se os compostos monoazóicos, diazóicos,
policíclicos, entre outros, os quais são classificados com base em sua estrutura e suas
propriedades físicas. Estes pigmentos apresentam em geral maior poder de tingimento,
no entanto, com a incidência de luz eles também podem se desbotar com o tempo,
devido a fotodegradação causada por luz UV.6
Diversos trabalhos na literatura demonstram que a fotodegradação de pigmentos
orgânicos está relacionada com as propriedades do meio da tinta ou do ambiente, como
aditivos da tinta, gases da atmosfera e pH do meio. Gases como óxido nítrico ou
oxigênio podem induzir a quebra das moléculas dos corantes, provocando sua
degradação. O mecanismo da fotodegradação não é geral para todos os casos. Por
exemplo, os espectros de infravermelho do corante antraquinona indicaram que,
inicialmente a degradação acontece com a abertura do anel aromático, e posteriormente,
moléculas de água adsorvida sobre a amostra influencia na degradação.12 O início da
degradação do corante pode ser observado no espectro de absorção molecular. Este
indicativo é apresentado como um leve deslocamento da banda de absorção para o lado
de maior energia, ou seja, em direção a menores comprimentos de onda.11,12
2.1.4. Aditivos
Embora não sejam tão importantes na composição das tintas como os outros
componentes, os aditivos atribuem propriedades significativas às tintas, mesmo em
quantidades relativamente pequenas. Os aditivos estão divididos de acordo com o seu
modo de ação: 6,7
i
Orbital Molecular de maior energia preenchido, traduzido do inglês Highest Occupied Molecular Orbital (HOMO).
ii Orbital Molecular de menor energia vazio, traduzido do inglês Lowest Unoccupied Molecular Orbital (LUMO).
11
2.1.4.3. Aditivos de Reologia
12
Entre os biocidas utilizados para a proteção das tintas durante a armazenagem,
encontram-se os biocidas mercuriais e aqueles cujo princípio ativo é o formaldeído. O
formaldeído embora seja degradável com o tempo, pode provocar irritações nos olhos e
na pele. Já os mercuriais são exemplos de biocidas persistentes no meio ambiente, que
podem se acumular em animais ou lençóis subterrâneos por um longo tempo. Por esta
questão, hoje em dia, estes produtos estão cedendo lugar para materiais menos
agressivos.6
A bioacumulação do mercúrio pode ser entendida à luz da teoria de ácidos e bases
duros e macios de Pearson.15 Esta teoria diz que ácidos macios formam compostos mais
estáveis, ligações mais fortes, com bases macias do que com bases duras e vice-versa. A
definição de duro ou macio está relacionado a polarizabilidade do átomo ou molécula.
Entidades com alta polarizabilidade são compostos macios. Compostos macios são
aqueles átomos ou moléculas grandes, com baixo estado de oxidação, ou então na forma
aniônica. O contrário destas afirmações serve para os compostos duros.15 Neste sentido,
o íon Hg2+ e vários outros metais pesados como Pb2+ e Cd2+, apresentam características
maleáveis (macios).
Em organismos vimos, muitas proteínas contém o elemento enxofre, devido aos
resíduos de cisteína, a qual possui o grupamento tiol (R-SH). O enxofre, segundo a
teoria de Pearson, é uma base macia. Por esta razão, íons de metais pesados, como os
mencionados acima, quando entram em um organismo vivo, podem formar um
complexo muito forte com o enxofre das proteínas e acabar se alojando dentro do ser
vivo, provocando a bioacumulação.
A partir das informações apresentados acima, é possível notar que a medida que
se varia a quantidade e o tipo de cada um dos componentes das tintas, é possível obter
uma vasta variedade de tintas. A Figura 8 apresenta os tipos de tintas encontradas no
mercado.16
13
Tintas
Base
Base Resina
Cerâmica
Resinas Resinas à
Látex Cal Terra
alquídicas óleo
Borracha
Poliuretano
Clorada
Fenólicas Nitrocelulose
Embora existam todos estes tipos de tintas, as principais tintas imobiliárias são as
tintas à base de resinas, tanto as alquídicas como as tintas látex. As aplicações destas
tintas se diferenciam de acordo com a resina utilizada. De um modo geral, tintas látex
PVA são mais utilizadas em interiores, por apresentarem baixa resistência à abrasão,
sendo mais baratas. Em contrapartida, as tintas acrílicas têm um melhor desempenho em
pinturas exteriores, já que são mais resistentes não só à abrasão, mas também ao
envelhecimento e as manchas. Por outro lado, as tintas alquídicas apresentam diferentes
aplicações desde o revestimento de piscinas, pelas tintas de borracha clorada, até a sua
utilização em pisos, como é o caso das tintas epóxi.17
Vale ressaltar que para as tintas Látex, a identificação da melhor tinta a ser
utilizada de acordo com o ambiente a ser aplicado, também deve ser levado em conta a
sua classificação de acordo com a sua qualidade e durabilidade. Essa classificação foi
definida pela ABRAFATI e divide as tintas nas linhas Econômicas, Standard e
Premium. Nem sempre as tintas látex PVA vão ser as mais indicadas para revestimento
de interiores assim como as tintas acrílicas nem sempre vão ser as mais indicadas para
ambientes externos. Isso se deve ao fato das tintas Econômicas, apresentarem menor
poder de cobertura, menor resistência as intempéries, e com isto, menor durabilidade,
além de ter uma menor quantidade de TiO2 presente em sua composição. Assim, as
tintas econômicas são indicadas apenas para áreas internas enquanto as tintas Standard e
Premium podem ser utilizadas em áreas externas, devido a sua melhor qualidade.17,18
Além destas propriedades, estas tintas podem ser classificadas em relação ao seu
brilho, adesão e formação do filme, por meio do índice de PVC (Concentração do
Volume de Pigmentos).19 Este índice será melhor detalhado devido sua importância na
formulação das tintas.
14
3.1. Classificação das tintas pelo PVC
Os COVs são produtos químicos a base de carbono com ponto de ebulição menor
ou igual a 250°C a uma pressão padrão de 101,3 kPa, que participam de reações
15
fotoquímicas na atmosfera. Pertencentes a uma classe muito importante de poluentes
atmosféricos, os COVs vem sendo amplamente discutidos e estudados nas últimas
décadas.23
Dentre os COVs mais perigosos, encontram-se os hidrocarbonetos aromáticos e
alifáticos, hidrocarbonetos contendo halogênios, aldeídos, cetonas, álcoois e ésteres, que
são prejudiciais tanto a saúde humana quanto ao meio ambiente. A emissão destes
compostos pode ser a partir de diversas fontes, sendo uma delas o processo de cura das
tintas.24 Existem COVs na formulação de todas as tintas. No entanto, estes mais
perigosos e, em quantidades significativas, estão presentes apenas em tintas à base de
solvente orgânicos, como as tintas a óleo e esmaltes sintéticos. Os COVs das tintas de
base aquosa são limitados principalmente a amônia e etanol, que são utilizados como
aditivos e não apresentam efeitos na formação do ozônio atmosférico, além de
apresentarem baixa toxicidade.23 O maior problema destes COVs está relacionado com
a diminuição da qualidade do ar (QAI), ocasionando asiim a síndrome dos edifícios
doentes.25
Um dos principais motivos dos estudos voltados para os COVs terem atraído
atenção mundial, é devido a sua responsabilidade pela diminuição da Qualidade do Ar
em ambientes Internos (QAI). Estudos apontam que a exposição frequente a ambientes
que estão sujeitos a emissão destes compostos, leva a efeitos adversos a curto e longo
prazo, variando de acordo com o nível de toxicidade do produto, nível de exposição e
tempo expirado.26,27
O benzeno é um produto tóxico, presente na formulação das tintas, e uma
exposição a este composto aumenta cerca de 40% no risco de câncer ao longo da vida.
Riscos menos nocivos, como irritação nos olhos, também podem ocorrer com uma
exposição ao formaldeído em quantidades acima de 0,3 a 0,5 mg. Além disso, benzeno,
tolueno, xileno e hexano estão associados a problemas de saúde do sistema neurológico,
assim como o tolueno e o hexano estão associados a problemas de saúde do sistema
respiratório.28
Surgiu também na década de 90, o conceito “síndrome dos edifícios doentes”
(SBS), para descrever os sintomas adversos apresentados por ocupantes em ambientes
internos específicos. Estes sintomas incluem dor de cabeça, fadiga e irritação nas vias
respiratórias superiores, trato, nariz, garganta, olhos, mão e pele facial. Os resultados
16
destes estudos apontaram que um dos fatores ligados a esta síndrome seria a emissão de
COVs.29
4.1.4. Limites para a emissão de COVs nas tintas imobiliárias
17
Outras tecnologias também estão sendo desenvolvidas em prol das “tintas
amigáveis”. Além das tintas à base d’água, estão sendo realizados também a
reformulação dos solventes orgânicos utilizados para a diminuição do teor de COVs
emitidos.34 No entanto, segundo o diretor das Tintas Irajá, o foco das indústrias de tintas
do mundo inteiro têm sido a busca pelo desenvolvimento de produtos que não
necessitem de nenhum solvente em sua composição.35
18
Diante disso, o uso destes produtos vem sendo restritos, podendo ser eliminados
de vez nos próximos anos. Nos EUA, o limite estabelecido para o uso do chumbo em
tintas foi de 90 ppm. Mas, para a Aliança Global para Eliminar Pintura de Chumbo
(AGEPC) o objetivo é erradicar o chumbo das pinturas até 2020.37O uso dos cromatos
em pigmentos anticorrosivos também está sendo estudado. Atualmente existem
trabalhos que propõe a substituição dos cromatos por fosfatos e alguns lantanídeos. Os
resultados indicam que estes materiais são promissores na área de pigmentos
anticorrosivos e contribuem significativamente para a erradicação almejada.38
a) b)
19
Para um biocida ser considerado eficaz, ele deve ser capaz de minimizar a
contaminação microbiana e prevenir o crescimento de organismos bacterianos e
fúngicos no fluido. Além disso, ele deve apresentar uma estabilidade em um período de
tempo razoável para manter a tinta protegida desde a mistura, transporte e
armazenamento. Porém, após a ação destes produtos, estes devem se degradar em
subprodutos que não afetem o desempenho da tinta, reduzindo riscos aos usuários e ao
meio ambiente.6,39
Neste segmento, estes biocidas mencionados acima foram considerados eficazes
em concentrações muito baixas, no controle da contaminação por bactérias, fungos e
algas, quando utilizados em determinada faixa de pH. Outro ponto importante é que o
princípio ativo destes biocidas atende aos requisitos ambientais, já que as izotiazolonas
se degradam por meio de mecanismos físicos, químicos e microbiológicos diversos,
gerando subprodutos inofensivos, o que anula a possibilidade de bio e geoacumulação.
Por este motivo, os biocidas a base izotiazolonas estão presentes nas tintas atuais,
substituindo os biocidas que apresentam em sua composição substâncias tóxicas como o
mercúrio e o formaldeído .6,39
5. Considerações Finais
Neste trabalho, foi possível conhecer um pouco sobre as tintas imobiliárias, e sua
importância no comércio nacional. Foi apresentada algumas teorias importantes para um
conhecimento mais completo destes produtos, mencionadas de maneira elementar, mas
que ainda podem ser bastante exploradas, visto que esta é uma área de pesquisa ampla e
complexa.
A questão ambiental das tintas também foi relatada, uma vez que os impactos
ambientais causados por estes produtos vêm sendo questionados durante décadas. A
busca é por produtos ecologicamente corretos, desde sua fabricação até o seu emprego.
Foi visto que, as principais preocupações hoje em dia estão sendo em relação a emissão
de COVs para a atmosfera. Embora a introdução das tintas à base d’água tenha sido o
maior passo em direção as tintas sustentáveis, nem sempre todo tipo de resina é
compatível com este solvente, o que diminui a variedade de tintas neste campo. Outro
ponto importante, é que as tintas aquosas necessitam de outras tecnologias para o
aperfeiçoamento de suas propriedades. Os aditivos de preservação utilizados para a
preservação destas tintas, por exemplo, apresentam substâncias tóxicas em sua
20
composição. Além disso, alguns secantes utilizados para diminuir o tempo de secagem
destas tintas eram a base de metais pesados, assim como alguns pigmentos utilizados.
Porém, hoje em dia já pode-se encontrar no mercado uma maior variedade de
tintas à base d’água. Além disso, a grande maioria das tintas imobiliárias já são isentas
de metais pesados, assim como biocidas mercuriais ou com formaldeído. Os biocidas
atuais são aqueles à base de isotiazolonas. Desse modo, pode-se dizer que em pouco
tempo este setor estará ainda mais atualizado, com tintas ambientalmente corretas, e
produtos cada vez mais ricos em tecnologia.
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