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A2 Filmes e Mares Filmes

apresentam:

Jean Dujardin Mélanie Laurent

Um filme de Laurent Tirard

O RETORNO
DO HERÓI
(Le Retour du Herós)

PRESS BOOK
SINOPSE

Elisabeth é alinhada, séria e honesta. O capitão Neuville é covarde,


desleal e sem escrúpulos. Ela o detesta. Ele a despreza. Mas fazendo dele
um herói de opereta, ela se torna, sem querer, responsável por uma farsa
que logo a arrebatará…
França, 1809. Noivo da irmã de Elisabeth, o Capitão Neuville é
convocado para o front de batalha, deixando sua futura noiva de coração
partido. Elisabeth, então, decide escrever cartas em nome dele para animá-
la. Quando o Capitão reaparece, a confusão começa, pois, as histórias que
Elisabeth inventou sobre as aventuras de Neuville criaram um personagem
heroico muito distante de quem o homem realmente é. Para piorar, quando
começam a conviver, o ódio cômico que existia entre Elisabeth e Neuville
começa a dar lugar a outro sentimento.

FICHA TÉCNICA

O RETORNO DO HERÓI (Le Retour du Herós)


DIREÇÃO: Laurent Tirard
ELENCO: Jean Dujardin, Mélanie Laurent, Noémie Merlant, Christophe
Montenez, Evelyne Buyle, Christian Bujeau, Féodor Atkine, Fabienne
Galula
PAÍS/ANO DE PRODUÇÃO: França/2018
GÊNERO: Comédia
MINUTAGEM: 90 minutos, aproximadamente
DATA DE ESTREIA: A confirmar

Mais sobre a equipe: https://goo.gl/izQcb5


ENTREVISTAS

ENTREVISTA COM LAURENT TIRARD

O Retorno do Herói é um filme de época, uma comédia de aventura que


retoma um gênero tão celebrado na história do cinema francês, mas que
dificilmente vemos mais. Por que você quis revisitá-lo?
LAURENT TIRARD: Patrice Leconte me contou recentemente que um
jornalista perguntou por que ninguém fazia filmes como Caindo no Ridículo
(1996), que foi lançado há mais de 20 anos. Concordo com essa observação,
e essa é provavelmente uma das razões pelas quais eu queria fazer esse
filme: ninguém os faz mais e, como espectador, sinto falta deles. Clouzot (o
cineasta, não o inspetor) costumava dizer que o diretor foi o primeiro
espectador de seu filme, e eu acho que minha real motivação quando
assumo um novo projeto é fazer um filme que eu gostaria de assistir, mas
não consigo encontrar nos cinemas. Os filmes de fantasia e as comédias de
ação, mais ainda, como os filmes dirigidos por Jean-Paul Rappeneau ou
Philippe De Broca, trouxeram alegria a gerações inteiras de espectadores e
foram fundamentais para o meu desejo de fazer filmes. Eu não entendo
porque eles desapareceram das nossas telas, mas eu sei que foi muito difícil
conseguir o dinheiro para fazer O RETORNO DO HERÓI.
Quando nos encontramos com os canais de TV e os investidores, eles
nos disseram que o público não estava interessado nesse tipo de filme. Sou
bastante cético em relação a isso, mesmo quando percebo que o cinema
francês é, hoje em dia, focado em comédias sobre as preocupações atuais,
com uma abordagem muito “realista” e prosaica, em que o aspecto visual
geralmente não é tão importante. É como se, em nome de algum pretenso
modernismo, só pudéssemos abordar problemas contemporâneos
mostrando a vida cotidiana. Como se pensássemos que o público não
poderia – ou não se sentiria – distanciando-se da realidade. “Isso é reflexo
realmente do gosto do espectador ou é uma decisão financeira, já que é
caro fazer filmes de época? ” Não sei, mas, de qualquer modo, tenho
tendência a defender algum tipo de classicismo formal, alguma estilização
visual, o que não impede você de abordar questões contemporâneas.

Mas a ideia de realizar O RETORNO DO HERÓI não foi motivada apenas


por esse desejo de revisitar o gênero?
TIRARD: Não, é claro... O processo criativo permanece um mistério e você
nunca sabe de onde vem a ideia ou por que ela surge em um momento
particular... Mesmo que eu esforce para não entrar num processo de
autoanálise, pois tenho medo de me tornar tão autoconsciente que me
inibiria criativamente, posso muito bem ver que há temas recorrentes que
tendem a favorecer: imaginação, criação, mentira, duplicidade... Eu nunca
estou realmente atento a esses detalhes no início do projeto, porém,
quando vejo o filme finalizado, é incrivelmente óbvio!
Se você comparar O RETORNO DO HERÓI ao meu primeiro filme,
Mensonges et Trahisons et Plus si Affinités... (2004), por exemplo, a
semelhança é impressionante. Você quase poderia dizer que era o mesmo
filme, apenas com uma roupagem diferente. Na verdade, acho que a única
coisa que realmente escolho conscientemente quando faço um filme é sua
roupagem, uma fantasia. Acredito que estou fazendo um filme sobre
Molière, quando na verdade estou fazendo um filme sobre minhas próprias
preocupações como autor – faço isso enquanto me escondo atrás da
estátua de Molière. Acredito que estou adaptando O Pequeno Nicolau
(2009) quando, na verdade, estou falando da minha própria infância
enquanto a encaixo no mundo de Sempé e Goscinny. É como se eu tivesse
um enorme armário cheio de fantasias e eu passasse por eles toda vez,
pensando: “Qual deles eu ainda não usei? E qual deles é mais adequado
desta vez? ”. Para O RETORNO DO HERÓI, havia dois universos que eu
particularmente gostei: Jane Austen, com seu estilo e refinamento, e seus
personagens presos em códigos sociais rígidos, e o mundo das comédias de
aventura francesas, com o seu dinamismo, a sua correria frenética e o seu
forte gosto por personagens canalhas. Eu pensei que misturar os dois
causaria um choque cultural...

O que é interessante em O RETORNO DO HERÓI – que também foi o caso


Astérix e Obélix: A Serviço de sua Majestade (2012), O Pequeno Nicolau
(2009) e As Aventuras de Molière (2007) – é que você conseguiu fazer uma
peça de época que ressoa com os trabalhos mais contemporâneos. Temas
como a busca por dinheiro, os que buscam status, a escalada social pela
mentira...
TIRARD: Primeiro de tudo, eu acho que é importante diferenciar “filmes de
período ou históricos” e “filmes de época”. Para mim, uma produção
histórica é um filme que está tentando retratar com precisão a vida de uma
pessoa real ou como era a vida naquele tempo. A ideia de reencenar o
momento histórico, dar precisão e verdade (se é que existe tal coisa) é
muito importante. Um filme de época, por outro lado, é um trabalho que
usa fantasias como roupagem e uma era histórica particular, a fim de falar
melhor. Pode ser uma maneira mais sutil de fazer as pessoas refletirem
sobre o mundo que habitamos atualmente.
Se você olhar dessa maneira, Maria Antonieta (2006), de Sofia
Coppola, não foi um filme histórico, mas um trabalho de época em que uma
personagem histórica e Versalhes foram usados para falar sobre a solidão
da juventude em berço de ouro da própria cineasta em Beverly Hills. O
RETORNO DO HERÓI é um filme de época também e é bastante
desconcertante para o espectador ver o quanto ter de se reinventar – que
é o tema principal do filme – toca uma parte central na nossa sociedade. As
redes sociais nos dão a oportunidade de virtualmente nos ampliar e nos
proclamar heróis de nossas próprias vidas.
Somos todos impostores até certo ponto, ou pelo menos a tecnologia
nos dá a chance de nos tornarmos isso, e muitos de nós aproveitamos isso,
sem sequer percebermos às vezes. A arte de reinventar nossas vidas não foi
criada ontem e, aliás, Jane Austen, cujo pai era ministro e que não tinha as
relações românticas que vemos nos livros, tinha casamentos de mentira,
com homens que aparentemente eram pura fantasia da sua imaginação, o
que só foi descoberto depois que ela morreu!

O filme se passa no final do reinado de Bonaparte, que é também o fim


do ciclo revolucionário, época em que a burguesia estabeleceu seu
domínio por meio de manobras e abusos, que se relacionam com nosso
conturbado século XXI.
TIRARD: Sim, é sempre muito divertido usar essa Era para fazer referência
às falhas do nosso mundo de hoje, como a “pirâmide” desenvolvida por
Neuville no filme, que se refere diretamente à famosa fraude de Bernard
Madoff (o Esquema Ponzi), ou a cena de negociação entre Elisabeth e
Neuville, que ecoa a questão de hoje das mulheres não serem pagas tanto
quanto os homens, ou até mesmo o celibato de Elisabeth por opção, e não
por amargura, o que também reflete uma situação atual.

O diálogo soa realmente moderno, mas não parece incongruente ao modo


como as pessoas falavam naquela época.
TIRARD: É sempre uma questão de instinto. Quando escrevemos As
Aventuras de Molière, mergulhamos no estilo de escrita de suas peças
enquanto ficamos longe da teatralidade, o que poderia ter sido um
verdadeiro ponto negativo para a audiência. A dificuldade estava em
encontrar o tom que lembraria a musicalidade de Molière sem parecer
estranho demais para o ouvido moderno. É o mesmo com O RETORNO DO
HERÓI: já que não era uma reencenação histórica, precisávamos recuperar
o charme da época, mantendo o público de hoje em mente. Nós pensamos
muito sobre isso enquanto escrevíamos o diálogo, particularmente quando
se tratava de Elisabeth, interpretada por Mélanie Laurent. Nós queríamos
que ela fosse moderna, mesmo assim. Sabemos o status das mulheres no
século 19, mas Elisabeth se dá um monte de liberdades para se livrar das
restrições impostas a ela apenas por ser uma mulher. Ela é o tipo de pessoa
que age – e era importante que sua maneira de falar a diferenciasse de sua
família e das pessoas ao seu redor.

Por que você escolheu este momento histórico particular para retratar?
TIRARD: O século 19 é o epítome do romantismo, por isso foi um cenário
ideal para um filme de aventura que também é uma comédia romântica.
Mas se tivesse sido um filme em inglês, eu teria feito um western! Na
verdade, observando, posso ver referências muito claras: no começo,
quando Elisabeth caminha pelo salão do castelo e Neuville chega em seu
cavalo, é uma referência ao filme de John Ford, Rastros de Ódio (1956): o
exemplo perfeito do encanto por aventura, espaços abertos... Quando
Pauline reconta os feitos de seu herói para as pessoas ao seu redor na sala
de estar, há um toque de E O Vento Levou, de Victor Fleming (1939), e
quando Neuville sai da diligência, estamos em um faroeste “spaguetti” de
Sergio Leone! Da mesma forma, o ataque dos cossacos no final, é
inteiramente inspirado em Meu Nome É Ninguém, de Tonino Valerii (1973).

Já que você filmou em alguns lugares históricos, que trabalho os conjuntos


exigiram?
TIRARD: Antes de tudo, tive a oportunidade de trabalhar com uma grande
designer de produção (Françoise Dupertuis) e uma grande figurinista
(Pierre-Jean Larroque). Nós conversamos muito antes de filmar; eu disse a
eles como eu imaginava as coisas e eles trouxeram a expertise perfeita de
seus ofícios para a tarefa. Trabalhamos juntos desde As Aventuras de
Molière e ambos sabem da minha opinião sobre filmes de época: é preciso
ser sincero, ter o sabor da época, mas não estou apegado à verdade
histórica estrita.

Em O RETORNO DO HERÓI, os vestidos de Mélanie Laurent e o uniforme


vermelho flamejante de Jean Dujardin foram recriados ou inventados?
TIRARD: Todos os trajes do elenco principal foram criados para o filme. Para
o traje militar de Neuville que você mencionou, eu queria algo vistoso. Nos
romances de Jane Austen, os soldados sempre vestem uniformes
vermelhos, que são da cor do exército britânico. Isso lhes dá uma presença
incrível. Então fiz de Neuville um ‘hussardo’ vermelho sem me incomodar
com a precisão histórica. O que importava para mim era o fato de que,
quando Jean chega em seu uniforme, entendemos imediatamente com
quem estamos lidando. A mesma coisa com os vestidos de Mélanie: Pierre-
Jean gosta de trabalhar com sáris e tecidos da Índia. A maneira como ele os
usa dá aos figurinos o sabor da época, talvez porque exista algo exótico nos
padrões, o que dá a impressão de que os tecidos vêm de um lugar remoto.

Para voltar ao set, você teve a oportunidade de gravar em castelos


extraordinários – a vantagem é que você não teve que os construir,
enquanto a desvantagem é que eles são extremamente protegidos e nem
sempre adequados para uma filmagem.
TIRARD: Curiosamente, descobrimos que há muitos castelos privados, que
geralmente não estão com conservação impecável, e que a chegada de uma
equipe de filmagem geralmente agrada aos donos, já que, graças ao
trabalho que fazemos nos cenários, o lugar tende a ter uma aparência
melhor depois de sairmos! Entretanto, também há mansões extremamente
bem preservadas nas quais existem muitas restrições, e uma filmagem é
pesada em termos de pessoas e equipamentos. Às vezes, quase tivemos
que usar proteções de pano sob nossos pés para trabalhar!
Pessoalmente, tenho a tendência de pensar que as restrições
estimulam a criatividade, e saber que você só pode filmar a partir de um
certo ângulo, com iluminação específica, pode motivá-lo a encontrar as
melhores soluções e até mesmo melhorar a cena. O fato é que esses lugares
dão ao filme um charme incrível. Estou pensando no castelo de Nandy, na
região de Seine-et-Marne, que serve como a propriedade de Beaugrand no
filme, por exemplo. Para a cena do baile, nós filmamos no castelo de
Grosbois, na região de Val-de-Marne, que é soberbamente preservado, e
na bonita vila de Gerberoy, na região de Oise, que é praticamente um set
de filmagem por si própria.

Vamos falar sobre os atores agora, mas antes de abordar cada um deles
em detalhes, você poderia nos explicar sua ideia inicial para o casal
formado por Elisabeth Beaugrand e o Capitão Neuville, interpretados por
Mélanie Laurent e Jean Dujardin.
TIRARD: Tudo começou com Jean. Nós nos trabalhamos juntos em Um
Amor à Altura (2016). Nos divertimos muito e queríamos fazer isso de novo
o mais rápido possível! Eu contei a ele sobre uma ideia com a qual eu estava
brincando há vários anos, pensando que ele seria perfeito para o papel: um
personagem parecido com Belmondo (Jean-Paul, o ator), explodindo em
uma atmosfera muda de Jane Austen. Que choque cultural! Jean ficou
emocionado, então o filme foi escrito pensando nele e seu personagem foi
adaptado para ele desde o início, especialmente por que ele foi capaz de
participar de seu desenvolvimento. Quanto a Elisabeth, foi mais
complicado, provavelmente porque, sem estar conscientemente ciente
disso, ela é quem está em evidência para mim no filme. Eu me identifico
com ela: é uma introvertida com um mundo interior muito rico, que será
confrontado com uma criatura de sua própria invenção que ganha vida
própria. Em suma, sem querer citar Flaubert, pode-se dizer que “Elisabeth
c'est moi”! Então, escolher a atriz certa não foi fácil, e chegar até Mélanie
também não era, já que ela nunca tinha estado em uma comédia antes.

Então foi meio que um desafio?


TIRARD: Sim, e eu amo isso! Indo para o óbvio é reconfortante, mas não há
nada mais emocionante que correr riscos. Então, escolher Mélanie foi
realmente um risco, mas, no final, acabou por ser uma ótima ideia! E além
do prazer do público em vê-la na tela com Jean pela primeira vez (um
aspecto importante em uma comédia romântica), eles também descobrirão
Mélanie de uma forma que nunca a viram.

Com um talento natural para a comédia, especialmente o ritmo que o


gênero requer.
TIRARD: Absolutamente, e nos surpreendeu a ambos. Quando nos
conhecemos, eu descobri uma pessoa muito engraçada na vida real, que
quase exclusivamente fez papeis em produções dramáticas ou românticas!
Ela confessou imediatamente que estava apavorada, mas também muito
animada para uma personagem cômica. Como todos os atores, ela quer ser
desafiada e decidimos confiar uns nos outros. Lembro-me que, no final da
primeira semana de filmagens, Mélanie veio até mim dizendo que a
comédia era cansativa interpretar! Ela não percebeu o quão incrivelmente
físico é e quanta energia é necessária para manter o ritmo. Por ser uma
verdadeira trabalhadora, ela adorou!

Jean Dujardin é um ator de comédia experiente, mas é notável como


vocês dois conseguiram não exagerar no filme, com um personagem que
poderia facilmente ter sido caricato ou exagerado.
TIRARD: Jean é incrivelmente bom em ação e acrobacias, uma espécie de
Jean-Paul Belmondo do século 21, e também é charmoso e
autodepreciativo e, portanto, cativante em qualquer circunstância, mesmo
quando os personagens que ele interpreta são vigaristas, impostores ou
idiotas, como nos dois filmes de Michel Hazanavicius, Agente 117: Rio Não
Responde Mais e Agente 117: Uma Aventura no Cairo (2009 e 2006,
respectivamente). Para O RETORNO DO HERÓI, diferentemente, não
queríamos ser paródicos. Neuville precisava ter o público rindo durante a
maior parte do filme, mas, no final, ele também precisava que eles
refletissem “certo, ele não era apenas engraçado”. Essa é uma
característica recorrente em todos os meus filmes: os personagens devem
ser cativantes. Nós temos que ser capazes de simpatizar com eles, e não
importa o que eles façam, eles têm que ser redimíveis no final. Esse é o caso
do Capitão Neuville: ele é um bandido inescrupuloso com quem nos
divertimos (porque todos sonhamos secretamente que poderíamos ser tão
transgressivos quanto ele), mas, no final, gostamos dele. Isso é realmente
importante, uma comédia não é completa se você apenas rir. Para ser bem-
sucedido, precisa ser emocionalmente potente.

Quando você percebeu que o casal que você criou no papel funcionou tão
bem na tela?
TIRARD: Eu realmente tive que esperar para tê-los no set. Nós só tivemos
algumas leituras de roteiro “frias”, sem que os atores realmente entrassem
no personagem. Lá, no set, vi rapidamente, no segundo dia, que tudo
funcionou maravilhosamente bem entre Mélanie e Jean! Nós estávamos
filmando a cena em que Neuville volta depois de ter ficado longe por um
longo tempo, quando ele aparece como um vagabundo e Elisabeth o
reconhece, e diz a ele o que ela tem feito enquanto ele estava fora.
Passamos o dia inteiro filmando este momento crucial no filme e a química
era óbvia.

As performances de Noémie Merlant e Christophe Montenez – nos papeis


de Pauline de Beaugrand e Nicolas – merecem ser exploradas. Os dois
jovens atores desempenham papeis de apoio que são, não obstante,
fundamentais para o enredo.
TIRARD: Absolutamente, e, para interpretar essas papeis em frente às duas
estrelas do filme, eu queria novos rostos, que é exatamente o que eu ganhei
com Christophe, que vem do teatro de comédia francês, mas que nunca
tinha estado em um filme antes. Noémie é mais conhecida na tela grande,
já que ela apareceu nos filmes de Kim Chapiron, La Crème de la Crème
(2014), de Jean-François Richet, Doce Veneno (2015), e de Marie-Castille
Mention-Schaar, La Ciel Attendra (2016), sendo este último trabalho
responsável pela indicação da atriz a um prêmio César em 2017. Adoro essa
ideia de ajudar novos talentos a serem descobertos, como Alice Taglioni,
que se tornou conhecida por meio de seu papel em A História da Minha
Vida.

É uma regra que você aplica para todos os seus filmes: atores conhecidos
como Evelyne Buyle, Féodor Atkine ou Laurent Bateau, misturados com
maravilhosos rostos novos.
TIRARD: Sim, isso traz de volta uma antiga tradição de apoiar intérpretes
que infelizmente desapareceram no cinema francês. Canais de TV e
investidores que financiam filmes e precisam ter garantias de retorno, por
assim dizer, são parcialmente responsáveis por isso, pois, eles pedem
atores mais conhecidos, mesmo em papeis menores. Mas eu acredito que
os espectadores gostam de ver atores que possam parecer familiares,
porém, cujos nomes eles necessariamente sabem e quem, pelos dois
minutos que estão na tela, retratam perfeitamente seus personagens. Os
norte-americanos os chamam de elenco de apoio, e isso é realmente o que
eles são: atores que apoiam o filme.
Vamos também falar sobre a trilha sonora, que é bastante surpreendente.
É arrebatadora e lírica sem sufocar a trama ou ressaltá-la demais.
TIRARD: A coisa óbvia ou fácil de fazer teria sido compor uma partitura
clássica que coincidisse com a Era em que o filme foi ambientado, mas,
como eu lhe disse, enquanto escrevia o roteiro, imagens de faroeste
estavam chegando até mim. Eu estava ouvindo a música de Ennio
Morricone e essa foi a direção que dei a Mathieu Lamboley, que compôs a
trilha sonora do filme. Começamos cedo na música, antes das filmagens.
Mathieu queria que eu usasse coisas que ele escreveu e um dia eu disse: “É
isso! Esse é o nosso tema!” . É bastante incomum encontrar a trilha antes
mesmo de começar a filmar, e isso me deu a chance de já ter uma música
na minha cabeça durante as filmagens. Mathieu esteve comigo durante
toda a produção do filme, do set até a edição, e ele entregou uma música
que é uma mistura de barroco e ocidental. É uma mistura surpreendente,
mas acho que reforça a originalidade e a modernidade da coisa toda. Há um
prazer real (como nos filmes de Tarantino, por exemplo) em misturar vários
gêneros cinematográficos para criar algo novo.

O que você sentiu durante as filmagens e o que sente agora, que o filme
está finalizado e ganhando as telas mundo afora?
TIRARD: Você tem que ser muito louco para embarcar na aventura de fazer
um filme. Se soubéssemos de todas as dificuldades que teríamos que
superar, todos os problemas com os quais teríamos de lidar, nunca o
faríamos. Fazer um filme requer, antes de mais nada, muito trabalho.
Felizmente, você é conduzido por um sonho que prevalece mesmo nos
momentos mais difíceis. E desse sonho vem o prazer, apesar da exaustão,
dúvidas e problemas de todo tipo que às vezes podem incessantemente te
derrubar. Há essa pequena voz dentro de você que diz que você está indo
para algo que possa inspirar milhares de pessoas a sonhar, que as fará
felizes ou até mesmo mudar suas vidas e que você tem muita sorte de estar
fazendo este trabalho incrível. Eu sinto prazer no processo. Escrever pode
ser muito solitário, com momentos de intensa dúvida durante os quais,
como diz meu codiretor Grégoire Vigneron, pode-se descer ao “vale do
desespero”, mas também é nesse estágio que o sonho é mais forte.
Tangível, quando o sonho fica frente a frente com a realidade física,
humana e material, mas esse também é o estágio que mais gosto porque
se alimenta de uma energia coletiva e há a restrição de tempo que o força
a estar no momento.
Uma pessoa excessivamente ansiosa como eu, é puro prazer, o resto do
mundo não existe mais, os problemas materiais diários não têm controle
sobre você, apenas a cena, os atores e a câmera importam, que é a terceira
etapa de escrever o filme, geralmente é mais pacífico, ainda há dúvidas, é
claro, mas não são tão fortes quanto durante o desenvolvimento do roteiro,
e há também a emoção de encontrar soluções para salvar certas cenas ou
ampliar certos momentos. Então, quando o filme termina, é só medo: medo
de descobrir como ele será recebido, sobre o qual não temos controle.

O RETORNO DO HERÓI é seu quarto filme em oito anos. Alguns foram


muito bem-sucedidos, outros menos. Como você olha para trás neste
período intenso de sua vida?
TIRARD: Com os olhos de alguém que precisa muito de uma pausa! É
verdade que os projetos vêm se sucedendo desde o início, uma vez que eu
dirigi sete filmes nos últimos quinze anos, e, no meio de tudo, houve um
filme de Asterix, que levou três anos para ser feito. Há um tipo de frenesi
acontecendo aqui, o que pode ser explicado pelo fato de que eu queria
fazer filmes desde os 13 anos – e eu tinha 36 anos quando gravei o meu
primeiro filme e não queria parar de novo. Eu tenho uma ideia nova para
um filme por mês, que eu escrevo em meus cadernos. A maioria deles
provavelmente não será feita, mas alguns já estão sendo escritos. Há dois
anos, conheci o romancista inglês Jonathan Coe. Enquanto conversava com
ele, me perguntou: “Você tem o mesmo problema que eu tenho: o medo
de não ter novas ideias?” . Eu disse a ele que tinha o problema oposto e que
meu medo pessoal tinha a ver com não viver o suficiente para poder realizar
todos os filmes que eu tinha em mente. Mas fazer filmes requer muito
tempo e energia, dois elementos que não são expansíveis em aberto. Então,
eu preciso me disciplinar e aprender a ir devagar e com firmeza se eu quiser
vencer a corrida. O ano de 2018 será dedicado a descansar e pensar.
Eu vou aproveitar a vida, minha família, meus filhos e meus amigos, e vou
classificar meus dezoito projetos de filmes, séries, animação (e até, mais
recentemente, um documentário) e descobrir o que é mais adequado para
esse momento. O cinema está passando por uma revolução, com a chegada
na produção de Netflix, Amazon, Apple e outras que vão mudar tudo e
acelerar o processo de transformação, que já começou na forma como as
pessoas estão consumindo filmes. Seria suicídio negar esse fenômeno, e
lutar parece ridículo. Precisamos nos adaptar e descobrir como podemos
continuar a fazer coisas de qualidade dentro da nova realidade do mercado.
É bastante assustador e excitante ao mesmo tempo, como qualquer
revolução.
ENTREVISTA COM JEAN DUJARDIN

O que te motivou a fazer esse filme? Foi o tema ou a oportunidade de


trabalhar novamente com Laurent Tirard?
JEAN DUJARDIN: Ambos. Nós tínhamos acabado de filmar Um Amor à
Altura com Laurent e tinha sido uma boa experiência. Ele marcou uma
reunião em um restaurante para falar comigo sobre outro projeto e em dez
minutos ele havia explicado toda a história de O RETORNO DO HERÓI. Eu
fiquei muito animado e aceitei fazer imediatamente! Ele foi escrever o
roteiro com Grégoire Vigneron e eu estava curioso para descobrir como
seria. Eu realmente gosto da maneira como eles constroem suas histórias.
O primeiro rascunho deles me pareceu bastante completo. Com Laurent,
não precisamos conversar muito, nós imaginamos e sei que ambos temos,
não exatamente nostalgia, mas memórias felizes de infância dos filmes
Jean-Paul Rappeneau, os filmes com Jean-Paul Belmondo ou Vittorio
Gassman. Fomos criados com essas comédias alegres e acho que esse filme
nos deu a chance de revisitar e atualizar o gênero.

Por que você acha que esse gênero desapareceu da tela grande, quando
costumava ser uma forte tendência no cinema francês?
DUJARDIN: Simplesmente porque as tendências evoluem por padrão e
outras tendências acabam sendo substituídas. Comédias francesas
começaram a contar com toda a família como espectadores, então, tudo
mudou novamente com o desenvolvimento da TV e agora das redes sociais
e mídias digitais. Eu acho que o público de hoje precisa se sentir
especialmente envolvido nas histórias que estamos contando. Na mistura
de tudo isso, nos esquecemos de dramas de época ou até mesmo sobre a
ideia de que você pode usar um momento diferente na História para
realmente falar sobre o que estamos passando hoje em dia. É exatamente
o que fizemos com os filmes do Agente 117. Mas você tem que ter cuidado
para não ficar estagnado em uma parte do período de fundo. Se você não
incluir personagens femininos modernos ou brincar com as falhas
masculinas e tudo o que as pessoas estão falando atualmente, não faz
sentido! Nós só usaríamos a época como uma desculpa para fazer uma peça
com lindos vestidos, uniformes bonitos, lindos cavalos e castelos, o que é o
mínimo que podemos fazer. As pessoas não se importam com isso, filmes
assim só agradam aos cinéfilos! Como espectador, com um filme como O
RETORNO DO HERÓI, tenho vontade de dizer: “Tudo bem, mas quem é esse
personagem? O que está em jogo para ele? Bem, vá em frente, entretenha-
me!” . As comédias de Laurent não são complacentes: elas se movem
rapidamente e ecoam nossos tempos em termos de relações de gênero,
que podem ser infinitamente fonte de referência. Eu sei porque o programa
Un gars, une fille (de Guy A. Lepage, 1999-2003) foi tão marcante e bem-
sucedido – existem tantas combinações possíveis. Como a Guerra dos Roses
(de Danny DeVito, 1989)... E, além disso, você pode se divertir como ator
ao lado de uma coestrela como Mélanie, são momentos de muito
entretenimento.

O filme aborda outros temas modernos, como a nossa preocupação com


a aparência, a relação com o dinheiro etc.
DUJARDIN: Sim, nossa obsessão com a imagem de nós mesmos, com
ostentar, com dinheiro! O filme é cheio de acenos ao século 21, como o
esquema de Madoff, alpinistas sociais, bajuladores, todas essas coisas que
nunca saem de moda, eu acredito!
O que motivou você a criar seu Capitão Neuville, que incorpora muitos
desses aspectos?
DUJARDIN: Primeiro de tudo, eu queria me divertir comigo mesmo, é
sempre aí que eu começo! Então, eu reli alguns materiais, como poemas de
Victor Hugo, que nós realmente usamos no filme, quando Neuville relata
que matança em massa a batalha contra os austríacos era. Eu tive a ideia
de um filme antigo com Henry Fonda, Ao Rufar dos Tambores (de John Ford,
1939), em que ele volta da Guerra da Independência contra os ingleses e
relata o terrível banho de sangue enquanto estava simplesmente
encostado na parede. Que grande ideia! E nos convinha muito bem fazer o
mesmo e não gastar todo o nosso orçamento em uma carga de cavalaria.
Mas, além do aspecto financeiro, eu gosto da ideia de me satisfazer em
meio a restrições.

Especialmente uma vez que a cena de que você está falando, no final do
filme, é realmente importante para a maneira como chegamos a
compreender Neuville.
DUJARDIN: Absolutamente, e, na verdade, esta cena não pertence
realmente a uma comédia. Dá credibilidade a Neuville – ele já não aparece
apenas como uma piada de um capitão! Esse cara poderia ter começado
como um soldado que fica só sentado em uma poltrona, que não tinha
vivenciado guerra alguma, mas que depois ficou cara a cara com uma. Ele
veio a conhecer de perto o medo – e eu, todos nós, ficaríamos com medo.
Passando por cima do obstáculo, por uma trincheira e avançando direto.
Para quem? Para quê? Para a França, o imperador? O que é toda essa
balela? Eu realmente gosto dessa mistura de gêneros: o filme não é apenas
uma comédia. Precisávamos nos surpreender e assim o fizemos. Nós
navegamos entre o mundo de Georges Feydeau e algo muito moderno;
gostei dessa mistura de registros, no meio de um filme de época.

Falando de trajes, o seu é bastante generoso: a barba, o bigode, o


uniforme vermelho-sangue... É tudo parte da diversão?
DUJARDIN: Claro: o pacote completo! Pouquíssimos projetos como este
cruzaram meu caminho, então, eu naturalmente entrei nele de cabeça. O
bigode de Neuville parece o bigode de Harvey Keitel em Os Duelistas (de
Ridley Scott, 1977): é um bigode viril, muito diferente do fino que eu tinha
em O Artista! Estamos perto das pinturas de Jean Murat, embora ele
mesmo fosse bem feminino na maneira como se vestia. Estamos
profundamente no mito do herói, nós estávamos indo para a lenda,
tentando coisas sem realmente saber se eles funcionariam no final. A barba
espessa, por exemplo, eu deixei crescer por meses antes de aparar bem:
isso é cinema, você não pode prever tudo. Eu sei que, a princípio, eu pareço
bem usando trajes e gosto da ideia de me transformar em um capitão do
exército napoleônico, um agente secreto, um surfista loiro: eu me divirto
acreditando nisso, então, eu só vou faço isso. Há uma conexão direta e
reconfortante com a infância em tudo isso e eu adoraria que O RETORNO
DO HERÓI renovasse a popularidade deste tipo de cinema.

Você também filmou em castelos, lugares cheios de história. Essas


atmosferas influenciam e estimulam o elenco e a equipe?
DUJARDIN: Sim, pois ajudam você a acreditar na coisa toda: você não está
no estúdio, você está andando em pisos de madeira reais, iluminado por
velas reais, e isso torna tudo crível, até mesmo os figurantes. Eu olhei para
eles, e muito, durante as filmagens e eles nunca se sentiram anacrônicos.
Esses elementos de realismo sempre me ajudaram: eu confio neles, gosto
de brincar com adereços, preciso tocar as coisas. Eu estou em um filme,
então, eu não sou eu mesmo – eu volto a ser o garoto de 12 anos que
costumava ir ao cinema nas tardes de domingo. Acho que todos nós
compartilhamos esse sentimento, com Laurent Tirard, o cinematógrafo
Guillaume Schiffman, o figurinista Pierre-Jean Larroque, e, novamente, com
orçamento limitado e oito semanas de filmagens intensas.

Neste filme, você monta cavalos, dança – você também gostou das
exigências físicas que acompanham o papel?
DUJARDIN: Sim! Eu montei cavalos para Lucky Luke (de James Huth, 2009),
mas como estou ficando mais velho, estou me sentindo um pouco
nostálgico sobre o início da minha carreira. Quinze anos atrás, eu aprendi a
andar a cavalo, aprendi a lutar para fazer o Agente 117, então, em dado
momento eu percebi que não estava sendo mais solicitado a aprender
coisas novas. Eu sou do tipo diligente, gosto de coisas para ser bem
metódico e completo. Para este filme, eu pratiquei alguns minuetos
dançando, alguns passeios a cavalo, algumas manobras com armas: tudo
faz parte do prazer e da motivação de ser um ator, e, eu admito, eu estava
sentindo falta um pouco disso.

O que você descreve ressoa com o que Jean-Paul Belmondo disse sobre
seu trabalho como ator. A semelhança entre vocês dois é bastante
marcante em certos momentos do filme. Você está confortável com esse
parentesco, mas isso pesa em você às vezes?
DUJARDIN: De modo nenhum. Recentemente, almoçamos com amigos, e
Jean-Paul, em casa, e, em algum momento, ele falou com grande admiração
sobre o ator Jules Berry. Eu assisti novamente a alguns filmes antigos e
percebi que definitivamente havia alguns Jules Berry em Jean-Paul
Belmondo. Admirar não implica imitar. Eu admiro Jean-Paul, mas nunca
tentei imitá-lo. A única coisa que tirei dele (e ele fez o mesmo com Jules
Berry) é o prazer de atuar, esse prazer diabólico e infantil que transparece
na tela. Essa é a conexão entre nós dois. Todos temos predecessores neste
negócio: Vincent Cassel remete a Patrick Dewaere. Quando eu era criança,
via esse homem se divertindo na tela quando os adultos deveriam ser
responsáveis: Jean-Paul às vezes era totalmente irresponsável em seus
filmes! Isso me ajuda a melhorar, aproveito o que me diverte, o que me faz
sentir bem, ao mesmo tempo em que percebo a sorte de estar fazendo esse
trabalho e de poder fazer as pessoas felizes. Não quero perder nada que
Jean-Paul pudesse me dar. Meu pai é o meu modelo para certas coisas,
meus irmãos são o mesmo para outras coisas, e Jean-Paul é para isso.
Quando estive no set de Martin Scorsese (para O Lobo de Wall Street, 2013),
eu tive que pensar em Jean-Paul para relaxar. Você pode imaginar o que ele
viveu ao filmar Cartouche (de Philippe de Broca, 1962), Aventuras de um
Casal no Ano Dois (de Jean-Paul Rappeneau, 1971) por seis meses, com
orçamentos gigantescos: o playground magnífico que eles devem ter sido.
Que momento maravilhoso foi! Mas eu não estou reclamando, isso
continua vivo, e estou feliz que O RETORNO DO HERÓI encontrou fundos e
pode ser feito como uma comédia muito atraente, sofisticada e orgulhosa.

Para os espectadores, o prazer também vem da descoberta de um novo


casal na tela, como o que você e Mélanie Laurent, que vive Elisabeth
Beaugrand, formam. Foi um verdadeiro desafio, já que é primeiro papel
de Melanie em uma comédia. Como ela se lançou neste projeto?
DUJARDIN: Mélanie chegou com o desejo de ver muitas coisas e a
empolgação de uma menininha querendo se divertir e vestir roupas
diferentes! Eu tive a mesma experiência com Jocelyn Quivrin ao filmar 99
Francos (de Jan Kounen, 2007): ela tinha estado apenas em um filme
dirigido por Eric Rohmer e estava convencida de que ele não poderia fazer
isso. Começando com a primeira leitura, Mélanie foi muito rápida, muito
eficiente, ela imediatamente encontrou a técnica certa: fazendo sua parte
sem tentar ser engraçado ou exagerando. Veio naturalmente, apenas
estando nas cenas. Discutimos nossos papeis, dei-lhe algumas indicações,
mas não tantas, já que ela já estava bem preparada, com esse instinto
natural de me olhar constantemente nos olhos. É assim que funciona a
comédia: continue olhando nos meus olhos, continuarei a procurar os seus,
e responderei ao que você está me dando. Mélanie é uma parceira
maravilhosa, estávamos instantaneamente próximos. Nós ficávamos no set
durante as mudanças entre as filmagens, para continuar atuando um com
o outro! Além de ser agradável, também ajudou a criar uma dinâmica entre
Elisabeth e Neuville, como um jogo de pingue-pongue. E nunca tivemos
medo de desviar um pouco das nossas falas, sabendo que encontraríamos
o caminho de volta ao texto. O diálogo do filme foi bastante literário e não
tão fácil de memorizar, por isso simplificamos! Em O RETORNO DO HERÓI,
Mélanie conseguiu perfeitamente usar sua própria personalidade, aquela
que as pessoas não necessariamente conhecem: seu senso de humor, sua
fantasia. Ela costumava me dizer: “Eu preciso sair da minha zona de
conforto!”, e eu respondia: “Me ataque, você tem que me morder. Eu só
estou reagindo a você” . Ela se entregou totalmente ao roteiro, é uma atriz
incrível, ela aprende tão rapidamente, é uma verdadeira esponja perto das
pessoas. Faz muito tempo que ela apareceu em Dikkenek (de Olivier Van
Hoofstadt, 2006), mas estou convencido de que ela voltará a fazer outra
comédia em breve!

Os dois protagonistas são ótimos, mas você também está cercado por
atores maravilhosos de apoio, até os menores papéis!
DUJARDIN: Eu amo isso! Noémie Merlant e Christophe Montenez são
absolutamente loucos neste filme. Jean-Michel Lahmi também, ele é uma
figura nos filmes de Laurent Tirard, e Laurent Bateau, com quem trabalhei
nos filmes do Agente 117... Eu sou sempre um grande fã dos meus
coadjuvantes, os vejo como um alinhamento de planetas. Pode ser
complicado, porque eu me empolgo e muitas vezes tenho que morder meu
lábio para não perder a linha. Dito isso, se não estou rindo em um set de
filmagem, não pertenço a ele! Todos esses atores trouxeram algo para o
filme, eles deram muito suporte, como uma companhia de teatro faz. Na
verdade, O RETORNO DO HERÓI é um filme que poderia ser transformado
em uma peça, o que não é comum, geralmente funciona ao contrário. Eu
realmente gosto de chegar a um set e descobrir as personalidades dos
outros atores, como testemunhar a energia instintiva de Noémie Merlant
ou Christophe Montenez, como eles exploram a inocência de seus
personagens, então, sua raiva. Você tem que ser ousado, ficar com medo
quando está fazendo um filme: eu me assustei com o diálogo, que às vezes
era pesado, havia dias em que eu ficava mais devagar, me sentia menos
afiado do que os outros... Algumas cenas precisavam ser feitas várias vezes
por causa de restrições logísticas e era um desafio ser tecnicamente preciso
enquanto ainda nos divertíamos. E, depois de sete horas de filmagens, nem
sempre é fácil ficar fresco, acredite em mim!

Como você pode dizer sobre Laurent Tirard como diretor?


DUJARDIN: Ele tem uma grande qualidade: ele não se engana! Ele não é de
se perguntar por horas como vai colocar sua câmera: ele sabe. Ele é muito
meticuloso, criativo e sensível também. Sempre fomos capazes de nos
entender, trabalhar e compartilhar, errar e acertar juntos. E Laurent é o tipo
de diretor que lhe dá espaço suficiente: eu poderia propor qualquer ideia.
Ele confia em você e tem um olhar aguçado, então, se ele gosta, ele vai atrás
disso. Com Michel Hazanavicius é o mesmo. Ambos são diretores que lhe
darão direções, muitas vezes certas, mas também lhe darão latitude.

O prazer óbvio que você sente ao interpretar o Capitão Neuville


provavelmente incomodará algumas pessoas que acham que suas
escolhas como ator não são consistentes, pensando em ganhar um Oscar.
DUJARDIN: Só o tempo colocará as coisas em ordem. Deveria ter
funcionado de forma diferente para mim, para manter o que era esperado
de mim: para eu incorporar o ator vencedor do Oscar, para me tornar o
rosto de uma fragrância. Bem, eu não fiz: não há obrigações! Eu sou
honesto nas escolhas que faço e é por isso que não tenho nenhum
problema com as pessoas criticando meus filmes, mas tenho um problema
com as pessoas criticando minhas escolhas! Quando decidi fazer Brice: Um
Surfista Muito Louco (James Huth, 2005), foi arriscado para mim! Eu entrei
nisso com toda a minha fé, meu entusiasmo, minha tolice. Eu direi de novo:
o cinema não deve ser tomado de ânimo leve, mas não é tão importante
assim. Você sabe, sou fatalista e sou mortal. Eu sei que a morte está lá, em
algum lugar. Eu tenho 45 anos de idade. Quanto tempo ainda tenho para
viver? Eu não sei, ninguém sabe; depois de mim, haverá outros. Eu sabia
que ia ser o meu destino e que teria que aguentar isso por dois ou três anos
e depois iria desaparecer. Está demorando um pouco mais porque apenas
declarar sua posição não é suficiente: as pessoas acham que é uma postura.
Se realmente existe um ator que não calcula as coisas, sou eu! Eu nunca me
pergunto o que as pessoas querem me ver fazer; enquanto isso é
exatamente o que me pediram para fazer! Você sabe, eu ficaria feliz em
trabalhar com os irmãos Dardenne, mas a verdade é que eles não estão me
ligando! Ninguém está esperando por você, nem na França nem nos EUA.
Ninguém nunca esperou por mim, mesmo no café-teatro, então, continuo
a procurar por cheiros doces ou amargos, vagando por lugares que não
conheço. E, de vez em quando, eu me divirto, com Brice: Um Surfista Muito
Louco, Um Amor à Altura ou O RETORNO DO HERÓI. Eu também acabei de
terminar um filme com Gustave Kervern e Benoît Delépine, porque eu
queria um gostinho do universo poético e anarquista deles.
ENTREVISTA COM MÉLANIE LAURENT

Há algo que se percebe imediatamente quando você está assistindo a O


RETORNO DO HERÓI: seu talento natural para a comédia. No entanto, esta
é quase a sua estreia na comédia, 20 anos depois de Dikkenek.
MÉLANIE LAURENT: Especialmente, pois, em Dikkenek, minha personagem
não era exatamente engraçada: as situações e os personagens à minha
volta eram cômicos, mas eu estava sendo muito sincera em minha atuação!
Na verdade, eu percebi que esta é realmente minha primeira comédia e
que, durante todos esses anos como atriz, eu provavelmente estava com
medo de me envolver com o gênero. Mas não foi calculado da minha parte:
estava apenas esperando por um papel como Elisabeth Beaugrand para dar
o primeiro passo.

Qual foi sua primeira impressão ao ler o roteiro de Laurent Tirard e


Grégoire Vigneron?
MÉLANIE: Senti que estava em uma dessas comédias de aventura em que
os personagens não suportam uns aos outros porque gostam muito um do
outro, sem saber como declarar seu amor. Houve esses diálogos saltitantes
entre os dois desde o começo, como “Eu estou atrás de você, eu tenho você,
eu te machuquei, eu te amo!” . Um jogo de amor como nas peças de
Georges Feydeau, e isso é louco e divertido de se jogar. O que também me
impressionou foi a entrega de Elisabeth: costumo falar muito rápido e fui
confrontada por um personagem que transmitiu exatamente a mesma
energia! Eu instantaneamente me apaixonei por essa jovem, que é
totalmente louca e forte ao mesmo tempo, pensando que eu poderia
finalmente conseguir atuar em uma comédia enquanto também me
divertia... É uma personagem muito louca de se conquistar.

O que é interessante sobre Elisabeth, além de seu lado cômico, é que ela
defende uma posição social para as mulheres na sociedade chauvinista do
início do século 19. Ela é uma feminista antes mesmo que a noção disso
sequer existisse!
MÉLANIE: Absolutamente, e ela afirma claramente suas opiniões no filme,
ela fala disso. Sempre me sinto atraída para interpretar mulheres com
fortes personalidades e convicções. Não acho que tenha desempenhado
algum papel em que sou vítima, escolhi personagens femininas que contra-
atacam. Esse é um dos meus receios quando começo a me preparar para
um filme: começar do zero, montar um personagem. Eu sempre procuro
elementos que me ajudem a ser natural na minha interpretação. Nos
convites que recebi antes para fazer comédia, a história me parecia muito
maluca para que eu pudesse encontrar o ritmo certo, para entregar a fala
certa, aquela que depende inteiramente do ator. Aqui, Elisabeth é de fato
uma feminista antes de seu tempo, ela pode se defender, ela também é
uma artista à sua própria maneira, e ela é engraçada sem tentar ser.

Vamos falar sobre o componente físico de sua personagem: há cenas em


que você teve que dar um mergulho (literal e figurativamente), para
seguir o ritmo louco da comédia que você mencionou anteriormente. Não
é exaustivo?
MÉLANIE: Sim, e isso é um eufemismo! Estou pensando no primeiro dia das
filmagens, quando Elisabeth reconhece Neuville, que chega em uma
diligência, vestido com trapos, com sua barba rústica... Tivemos muitas falas
para decorar! Então, lá estava eu, fazendo a cena uma e outra vez, quando
percebi o quão fisicamente exigente era: eu tinha que correr, cair, pegar
Jean, ser quase histérica. Eu sabia o roteiro de cor, eu tinha me preparado
muito seriamente por um mês, mas, ter que fazer e refazer tudo no mesmo
ritmo, ao mesmo tempo em que entregava todas essas falas: isso me
desgastava. Quando Laurent disse “corta” às 5 da tarde, fui direto para a
cama. É a primeira vez que isso acontece comigo, eu nunca me canso. No
final desse primeiro dia, eu fui para o meu quarto, deitei na minha cama e
não me levantei novamente até o dia seguinte. Lembro-me de dizer a Jean:
“É assim que a comédia é?”. Quer dizer, você nem pode tomar um copo de
vinho no jantar! E Jean respondeu: “Sim, bem-vinda ao nosso mundo...”.

A vestimenta completa de Elisabeth, seus vestidos, seu penteado, isso


contribuiu para o prazer que você teve em retratá-la?
MÉLANIE: Foi, mas desde o início, com Pierre-Jean Larroque, o figurinista,
não queríamos transformar o filme em um desfile de moda para Elisabeth.
Na verdade, no filme, ela usa o mesmo vestido em algumas ocasiões.
Quanto aos penteados, pedi para que eles continuassem simples. A ideia
era encontrar o equilíbrio certo: é uma produção de época dentro da alta
burguesia, mas essa mulher não segue os códigos sociais de sua classe. E
devo acrescentar que, no início do século 19, as mulheres mal usavam
maquiagem, ao contrário do fim da monarquia, em que os rostos estavam
excessivamente cheios de pó, muitas vezes como uma espécie de
camuflagem. No início do século 19, as pessoas começaram a reconhecer o
valor de se lavar, de tomar banho. Quase como um desejo de pureza. Foi
muito agradável não ter que passar horas na sala de maquiagem,
especialmente porque, como dito antes, os dias de trabalho eram bastante
longos e exaustivos. Ah, sim, uma coisa era muito tentadora: espartilhos.
Eles não facilitam a respiração, especialmente se você tiver páginas e
páginas de diálogo para falar...

Vamos falar sobre sua coestrela no filme: Jean Dujardin.


MÉLANIE: Eu admirava Jean como ator, eu havia cruzado com ele, mas não
o conhecia pessoalmente. Começando com a primeira leitura, ele foi gentil
e atencioso! Eu percebi que ele estava lá para mim, ele estava calmo e
focado. Ficou ainda mais óbvio quando começamos a filmar: eu percebi que
era um dos encontros mais felizes da minha carreira... Jean era um parceiro
maravilhoso, ele nunca me decepcionava, ele sempre estava lá para mim
sempre que eu tinha dúvidas. Na verdade, ele é o único que me ensinou a
comédia, ensinou a me superar e me convidou para me entregar e se
divertir com ele. Ele nunca parou de me dar conselhos, sem jamais me fazer
sentir pressionada, e tudo nos divertindo como criancinhas! Ouvi dizer que
filmar uma comédia pode ser entediante, porque é exigente e precisa, o
que é verdade, mas tivemos risadas maravilhosas no set e sinto que passei
por essa experiência com a melhor companhia do mundo. Eu amo esse
cara!

O outro companheiro importante nesta aventura foi o diretor Laurent


Tirard.
MÉLANIE: Estou percebendo que a carreira de um ator é construída em
torno das pessoas que você conhece e dos votos de confiança que elas lhe
dão. A última vez que um diretor acreditou em mim do jeito que Laurent
fez foi com Philippe Lioret (em Não Se Preocupe, Estou Bem, 2006). Ambos
me deram os meios para me aventurar onde eu nunca estive, para explorar
novas áreas... Era um filme complicado de se fazer, Laurent se concentrou
fortemente na mise en scène, com o desejo de nos levar aonde ele sonhava
chegar. Ele é um diretor inteligente e instintivo: quando ele viu a conexão
entre Jean e eu, entendeu que tinha que nos deixar nos divertirmos e que
precisava ouvir algumas de nossas sugestões. A confiança que ele nos deu
tornou toda essa experiência muito agradável e feliz.

No final desta aventura, sua primeira comédia, você sente vontade de


fazer isso de novo em breve?
MÉLANIE: Bem, a comédia é um exercício muito viciante. Depois do
primeiro dia exaustivo de filmagens, enquanto estava deitada na minha
cama e olhando para o teto, eu já pensava: “É tão bom!”. Cinema de arte
me fez feliz por muitos anos, eu realmente gostei de rodar filmes cheios de
aspereza e emoções, em que você tem que cavar fundo em si mesmo para
dar algo real para a câmera... No final, pesa um pouco sobre você, que
carrega todas essas dores. Às vezes, eu ficava doente depois de fazer um
filme. Aqui, eu saí pensando: “Quando vamos fazer isso de novo?”
SOBRE LAURENT TIRARD

Laurent Tirard
Diretor | Roteirista
Nascido em 1967, na França.

Filmografia (como diretor):


2018 O Retorno do Herói
2017 Dix Pour Cent (Série de TV – 2 episódios)
2016 Um Amor à Altura
2014 As Férias do Pequeno Nicolau
2012 Astérix e Obélix: A Serviço de sua Majestade
2009 O Pequeno Nicolau
2007 As Aventuras de Molière
2005 Tête de Gondole (segmentos "La Pause" e "À consommer froid de
préférence")
2005 À Consommer Froid de Préférence (curta)
2005 La Pause (curta)
2004 Mensonges et Trahisons et Plus si Affinités...
1999 De Source Sûre (curta)
SOBRE JEAN DUJARDIN

Jean Dujardin
Ator | Produtor | Roteirista | Diretor
Nascido em 19 de junho de 1972, em Rueil-Malmaison, Hauts-de-Seine,
França.

Filmografia (como ator):


2018 The French Detective (filme para TV, em pré-produção)
2018 Le Daim (filmando)
2018 Dix pour cent (Série de TV)
2018 I Feel Good
2018 O Retorno do Herói
2017 Chacun sa vie
2017 Saara
2016 Brice 3
2016 Um Amor à Altura
2015 Un + une
2014 How Far Would You Go for a Nespresso? (Comercial)
2014 A Conexão Francesa
2014 Caçadores de Obras-Primas
2013 Platane (Série de TV)
2013 Le débarquement (Série de TV)
2013 O Lobo de Wall Street
2013 Uma Juíza Sem Juízo
2013 Quebra de Conduta
2012 Os Infiéis
2012 Saturday Night Live (Série de TV)
2011 Touch of Evil (Curta)
2011 O Artista – VENCEDOR DO OSCAR E DO GLOBO DE OURO DE
MELHOR ATOR
2010 Un balcon sur la mer
2010 Até a Eternidade
2010 Le bruit des glaçons
2009 Lucky Luke
2009 Agente 117: Rio Não Responde Mais
2008 Palizzi (Série de TV)
2008 Un homme et son chien
2008 Cash: O Grande Golpe
2007 99 Francos
2007 Cherche fiancé tous frais payés
2007 Deux sur la balançoire (Filme para TV)
2007 Hellphone
2007 Contragolpe
2006 Agente 117: Uma Aventura no Cairo
2005 Il ne faut jurer... de rien!
2005 L'amour aux trousses
2005 Brice: Um Surfista Muito Louco
2005 La vie de Michel Muller est plus belle que la vôtre
2004 Rien de grave (Curta)
2004 Os Daltons Contra Lucky Luke
2004 Casos e Casamentos
2004 Assalto ao Carro Forte
1999-2003 Un gars, une fille (Série de TV)
2003 Les clefs de bagnole
2003 Bienvenue chez les Rozes
2003 Toutes les filles sont folles
2002 À l'abri des regards indiscrets (Curta)
2002 Ah! Si j'étais riche
1999 Un gars, une fille (Série de TV)
1998 Nous Ç Nous (Série de TV)
1997 Farce attaque (Série de TV)
1992 Uma Mulher de Negócios (Série de TV)
1992 Warburg: A Man of Influence (Minissérie de TV)
1991 Les dessous de la passion
1991 Les clés du paradis
1991 Le stagiaire
1989 Les cigognes n'en font qu'à leur tête
1988 La belle Anglaise (Série de TV)
SOBRE MÉLANIE LAURENT

Mélanie Laurent
Atriz | Diretora | Roteirista | Produtora
Nascida em 21 de fevereiro de 1983, em Paris, França.

Filmografia (como atriz):


2018 6 Underground (filmando)
2018 Mia et le lion blanc (filmando)
2018 Operation Finale (terminado)
2018 L'Autostoppeuse (Curta)
2018 O Retorno do Herói
2017 Mon garçon
2016 Les derniers Parisiens
2016 Amor Eterno
2015 À Beira Mar
2015 Boomerang
2014 Marcas do Passado
2013 O Homem Duplicado
2013 Truque de Mestre
2013 Trem Noturno para Lisboa
2011 Les adoptés
2011 O Dia em Que Vi Seu Coração
2011 Pausa para um Assassinato
2010 Toda Forma de Amor
2010 Amor e Ódio
2009 O Concerto
2009 Jack e Chloe - Um Amor por Acaso
2009 Bastardos Inglórios
2008 Voyage d'affaires (Curta)
2008 Paris
2007 La chambre des morts
2007 Le tueur
2007 Beluga
2007 O Amor Escondido
2006 Não Se Preocupe, Estou Bem
2006 Dikkenek
2006 Dias de Glória
2005 Les visages d'Alice (Curta)
2005 De Tanto Bater Meu Coração Parou
2004 Le dernier jour
2004 Hainan ji fan
2004 Uma Vida à Tua Espera
2003 La faucheuse (Curta)
2003 Snowboarder
2003 Jean Moulin, une affaire française (Filme para TV)
2002 Beije Quem Você Quiser
2001 Este é o Meu Corpo
2000 Route de nuit (Filme para TV)
1999 Un pont entre deux rives
1998 Les malheurs de Sophie (Série de TV)
MAIS SOBRE A A2 FILMES
A2 Filmes surgiu da convergência dos trabalhos de competentes
executivos da área de entretenimento que, ao longo dos anos,
estabeleceram-se como referência no mercado e se uniram para criar uma
empresa capaz de oferecer não apenas licenciamento de conteúdo para
toda a América Latina, como também realizar diretamente a distribuição
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