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Absorvedores de painel
São absorvedores modulares simples, feitos com madeira e lã de vidro ou de rocha. Modulares porque
são feitos como uma caixa, podendo ser construídos fora do estúdio, e parafusados onde necessario,
na quantidade que se deseje. Podem também ser retirados e reutilizados em outro local, algo
importante para estúdios em crescimento.
Deve ser colocado próximo aos cantos da sala, onde os graves se acumulam, podendo ser em número
de dois (rentes à parede) ou apenas um (formando um triângulo com o canto). Nesse último caso, o
fundo pode ser retirado, baixando sua frequência de ressonância (detalhes mais abaixo).
Havendo necessidade de mais módulos, serão postos ao longo das paredes, a meio caminho entre um
canto e outro.
Esses devem ser colocados entre os módulos para graves, alternadamente, e sempre com espaços
vazios entre eles, isso melhora sensivelmente suas caracteristicas de absorção. Como bônus, tal
disposição ajuda na difusão das ondas sonoras dentro do estúdio, devido às irregularidades causadas
na geometria da sala e ao efeito de difração das ondas nas bordas dos módulos.
- Deve ser usada lã de alta densidade (vidro 45kg/m3 ou rocha 60Kg/m3), para maior eficiência.
- Não pode haver nenhum vazamento na peça, isto é, todas as emendas devem ser muito bem
coladas e vedadas. No desenho, a parte superior aparece aberta para visualizar seu interior, mas deve
ser fechada, claro (em cima e em baixo).
- O painel frontal (de compensado), deve estar livre para vibrar (apenas uma fração de milímetro),
preso apenas em suas bordas (com cola e pregos sem cabeça), no quadro de madeira. Nada de
reforços internos!
- No desenho existe uma sugestão sobre como prender a caixa na parede, usando 4 cantoneiras
metálicas pequenas, compradas prontas. São colocadas na parte superior (duas) e inferior (mais
duas). Como o absorvedor é bastante alto (2,2 m), elas não serao visíveis.
Funcionamento:
Os dois primeiros são absorvedores diafragmáticos. Seu painel frontal vibra quando atingido por
ondas sonoras, havendo perda de energia por fricção. A faixa de frequências em que atua pode ser
calculada pela seguinte fórmula:
onde:
Por exemplo, no absorvedor de graves usando compensado leve de 6mm com densidade superficial m
de 2,5kg/m2 (*) e espaço de ar d igual a 10cm, temos:
Fr = 120Hz
Essa é a frequência central do sistema, sendo que o absorvedor é efetivo desde aproximadamente
uma oitava abaixo até uma oitava acima - de 60 a 240Hz. Os valores são precisos para ondas que
incidem perpendicularmente ao painel, as que o atingem "de raspão" são afetadas de maneira
diferente, mas costuma-se ignorá-las no cálculo.
(*) Esse valor de densidade varia de acordo com o tipo de madeira, podendo em alguns casos ser
50% maior, o que baixaria a Fr para cerca de 100Hz. Para avaliar com segurança, basta pesar uma
placa de 1m2. Ou pese o painel inteiro, já cortado no tamanho do módulo, o que dá 1,38m2. Por
exemplo, se o painel pesa 4Kg, sua densidade superficial será 4 / 1,38 = 2,9Kg/m2.
A adição da lã mineral (sempre no interior da caixa, nunca na frente do painel) aumenta o coeficiente
de absorção e reduz o Q do sistema, ampliando sua faixa útil. Não deve ser colada ao painel, ou
afetará sua Fr.
A tabela e gráficos a seguir se referem ao absorvedor de médio-graves (5 cm de espessura total),
com compensado de 4mm, com e sem lã. Os dados da tabela devem ser levados em conta no cálculo
do tempo de reverberação do ambiente. No gráfico pode-se observar a influência do material
absorvente (lã mineral) no desempenho do módulo absorvedor.
Para o caso do absorvedor instalado no canto da sala, formando um triângulo com este e sem o fundo
(conforme citado no inicio do texto), deve-se usar a profundidade média para fins de cálculo. Por
exemplo: com o absorvedor de médio-graves (painel de 3mm), cuja Fr é de 235Hz, ao ser instalado
no canto e sem o fundo, o painel estará a 36cm do vértice (distância máxima). A distância média
então será de 36/2 = 18cm. Aplicando a fórmula, descobriremos que sua Fr será de aproximadamente
125Hz - quase a mesma do absorvedor de graves, porém, como a distância d não é constante, esse
absorvedor irá atuar sobre uma faixa bem mais larga, o que é melhor.
Atenção: apesar de ser sem fundo, ainda existe a necessidade de se manter enclausurado o volume
de ar por trás do painel, logo o absorvedor deve fechar todo o canto da sala, do chão ao teto, sem
vazamentos de ar. Na figura abaixo, um exemplo prático de um absorvedor diafragmático de canto.
Uma placa ou manta de lã mineral de alta
densidade, com 25mm de espessura e
60cm de largura é colada com silicone no
canto da sala (pode ser também entre
parede e teto), ocupando do chão ao teto.
Distribua pelo teto, a espaços regulares. Não se deve ocupar todo espaço livre, deixe um vão entre
cada módulo para melhor absorção e até aspecto visual.
Porque no teto? Diferente dos anteriores, esses absorvedores precisam de espaço para trabalhar. Um
afastamento de 10 cm da parede, dobra sua eficiência em baixas frequências, em relação ao que
faria se estivesse encostado nela. Sugiro uma distância de 15 a 20 cm, para absorver a partir de uns
100 Hz. Vejam que isso pode roubar espaço precioso na sala, se forem usados nas paredes. No teto, o
inconveniente é menor. Mas se houver espaço na sala para usar nas paredes, então OK.
Atua numa faixa bem mais larga que os módulos descritos acima e é muito fácil de ser construído.
Detalhes de acabamento e fixação ficam a cargo de cada um, mas sugiro "enquadrar" cada módulo
numa moldura de madeira (compensado 10 mm) com 20 cm de profundidade e cobrir a face visivel
(voltada para dentro da sala) com uma tela de tecido bem leve, como uma caixa de som doméstico (a
outra face, voltada para o teto, fica nua). Os módulos devem ser pendurados na horizontal, deitados
(para uso no teto).
Se usar algum tipo de revestimento decorativo (tecido ortofônico ou o revestimento que já vem em
algumas placas), tenha em mente que ele refletirá parte das altas frequências, perdendo eficiência
nessa faixa. Mas nem sempre isso é problema, pois parte do material que já existe num estúdio
(tapetes, estofados, gente...) já absorve bem os agudos.
Com isso, pode não ser preciso mais nenhuma absorção, para não "matar" a sala. Faça testes
auditivos ("ouça" a sala) para determinar a real necessidade.
Feito apenas em madeira e lã mineral de 25mm de espessura e alta densidade (de vidro com 40 ou
45 kg/m3 ou rocha com 60kg/m3, pelo menos), podem ser montados em qualquer oficina ou
marcenaria e levados ao estúdio para instalação posterior. Facilita assim, o reaproveitamento em caso
de reforma ou mudança de local.
A caixa é feita em compensado ou MDF de 10 mm. Pode ser revestida de folha de madeira de lei e
encerada ou envernizada. Também pode ser pintada, não influi no resultado. Pode ser providenciada
uma tela de tecido leve (ortofônico) para sobrepor ao painel frontal, como numa caixa da som,
melhorando o acabamento.
Dentro da caixa, seis divisórias de compensado fino (ou até de papelão) formando um engradado,
colado no fundo da caixa. Serve para apoiar a lã e ajuda um pouco na absorção dos graves.
O fundo (compensado 6 mm) pode ser alguns centímetros maior que a caixa (em uma das
dimensões) para facilitar a instalação (parafusado na parede). Confira na figura.
O painel frontal (compensado 6mm) é a parte mais importante: Ao contrário do que pode parecer,
não se trata de um absorvedor de membrana, portanto o painel não precisa vibrar. Deve estar firme,
pressionado contra a placa de lã mineral.
Funcionamento:
A frequência de ressonância (Fr, em Hertz) em que um absorvedor de painel perfurado atua, pode ser
calculada através da seguinte fórmula (para furos circulares dispostos em matriz quadrada):
Fr = 508 x [RAIZ (P / d.e)]
onde:
P = 78,5 x (d/D)2
onde:
|--D--|
--O O
|
D
|
--O ->O<-d
Na tabela abaixo temos os coeficientes típicos de absorção para o módulo da figura acima, com três
diferentes porcentagens de perfuração (furos circulares): 0,5% (maior absorção de graves); 5%
(absorção em médio-graves); e 25% ou mais (faixa ampla). Na última linha, uma variante (tipo 2) -
caixa de apenas 5cm de profundidade, tendo painel de 6mm de espessura com 0,5% de perfuração e
50mm de lã de vidro ou rocha (alta densidade) preenchendo todo o espaço interno.
Esses valores devem ser usados no cálculo do tempo de reverberação do ambiente tratado.
Obs:
2) Em módulos de faixa ampla com mais de 25% de perfuração (ou sem painel), a absorção acima
de 2k é praticamente estável (máxima).
3) O coeficiente em 62Hz é muito difícil de se medir, e em 8kHz pouco importante, por isso nem
sempre estão disponíveis.
onde:
P = 100 x (f / f+t)
onde:
f = largura da fenda
t = largura da tira
| | ||
| | ->| |<- f
| | ||
| | ||
| | ||
| |<--t-->| |
| | ||
Quanto mais estreitas as fendas, e/ou mais profunda a caixa, mais eficiente será o absorvedor nas
baixas frequências. A eficiência é semelhante aos módulos com furos circulares, apenas o efeito visual
é diferente, e é de construção mais rápida. A lã de vidro interna tem o mesmo efeito que nos outros
módulos, alargando a faixa de atuação.
Instalação:
Devem ser espalhados por todo o ambiente (e não apenas numa só parede), alternando entre sí e
áreas descobertas (não os ponha "colados" lado a lado). E não deixe nenhuma parede nua, sem
tratamento.
Em estúdios para voz, ponha módulos de médias e altas frequências (25%) na altura da cabeça do
locutor. Em cabines de bateria, esses mesmos módulos (25%) devem ser instalados no teto.
Para maior eficiência, módulos para graves (0,5%) devem ser postos nos cantos da sala, como os
demais neste artigo.
Edu Silva
Construção:
As dimensões são aproximadas, vão depender da forma como as peças serão montadas e
principalmente da marca da lã. O padrão é 60x120 cm, mas pode variar um pouco, de acordo com o
fabricante. É melhor comprar a lã primeiro, depois medir e cortar a maderia.
Dentro da caixa vai uma peça de lã mineral (manta flexível) com 60x120 ou 80x120 (essa largura de
80 cm é mais frequente em lã de rocha) dobrada em "L" e colada com vedante de silicone. Pode usar
duas peças de placa resinada, se preferir.
Como painel frontal, fechando o conjunto, uma placa rígida (resinada) do mesmo material, tambem
com 50mm de espessura. Existem já revestidas com tecido ou filme de PVC numa das faces, para
melhor acabamento.
Notem que essa placa entra apertada, e provavelmente será preciso aparar as bordas para um
perfeito encaixe. É assim que deve ser, e ainda precisa ser colada à caixa com silicone, evitando
vazamentos de ar que podem afetar a eficiência do absorvedor.
Instalação:
Devem ser postos nos cantos das salas, dois módulos em cada, superpostos (altura total de 2,44m).
Um total de oito deles, então, bastariam para uma sala de tamanho pequeno ou médio, mesmo com
grandes problemas nas baixas frequências. Para salas maiores, pode ser necessário dispor mais
alguns no teto (no ângulo com a parede do fundo, pelo menos).
Os cantos são os pontos onde se concentram a maior parte das ondas sonoras de baixa frequencia, e
é aí que devemos agir para controlá-las. Os traps podem ser parafusados diretamente na parede ou
simplesmente encostados, de preferência apoiados no chão.
Apesar da semelhança, nada tem a ver com aqueles certos bass traps de espuma fabricados no
exterior. Esses módulos em fibra e madeira são bem mais eficientes e baratos.
Efeito:
O efeito de um bom bass trap é fantástico, a sala parece crescer. O som fica muito mais limpo e claro.
Serve perfeitamente para salas de gravação, ensaio, auditórios, home theater, etc. Para salas de
mixagem e masterização (técnica), devido a algumas particularidades destas, seria necessário um
trap mais largo e profundo. Na impossibilidade (seria pouco prático), devemos usar um maior número
deles.
Dois traps empilhados (ou um grande, fechando do chão ao teto) absorvem excepcionalmente bem
entre 80 e 100Hz - acima de 1 Sabine (100%)*. Abaixo dessa frequencia, a eficiência tambem é alta
(até cerca de uma oitava abaixo), mas muito dificil de avaliar.
Em traps grandes como esse (do chão ao teto), o efeito da lã no fundo da estrutura (peça em "L") é
menor - pode ser até retirada, sem grandes prejuízos. Melhor ainda, em traps grandes na técnica,
seria então usar esse lã colada na outra (e não no fundo), de forma a aumentar a espessura total do
material, que ficaria em 10cm.
Material:
Para o painel frontal, use uma placa rígida (resinada) com revestimento em tecido ou véu de vidro, da
linha de construção civil (mais barata). Os produtos da linha arquitetônica (decorativos), são mais
caros e geralmente mais finos (entre 15 e 25 mm de espessura). Para usá-los (não recomendo), é
preciso acrescentar outra camada de lã (pode ser manta flexível) por dentro, colada a ela,
completando os 50 mm. Mas leve em conta uma coisa: o filme de PVC que costuma revistir esse
material (decorativo) reflete os agudos, e parte da eficiência do absorvedor é perdida. Placas
revestidas em papel Kraft ou aluminizado não servem.
A lã do fundo pode ser do mesmo tipo (placa rígida) ou manta flexível de mesma densidade ou menor.
Não encontrando esses produtos, ou desejando maior absorção também nas altas frequências, pode
usar placas simples sem revestimento (espessura e densidades iguais), tipo Wallfelt WF-44, PSI-40,
PSI-60 (Isover), PSE-64 (Rockfibras) ou PRR40 (Devidro). Faça um quadro em madeira com tecido
ortofônico leve na cor preferida e ponha sobre o painel, como numa caixa de som. A manta interna
(colada no fundo), deve ser do tipo sem revesimento, ou com papel kraft (voltado para o fundo).
Veja que apesar de ser chamado "bass trap" (armadilha de graves), ele absorve uma ampla gama de
frequencias.
Para mais informações, veja as mensagens recebidas sobre detalhes de construção e uso:
FAQ / acústica
Edu Silva
O material é simples:
- Dois rolos de lã mineral (vidro ou rocha) flexível, do tipo usado para isolamento termo-acustico em
lajes e coberturas, com densidade superior a 20kg/m3 (ideal 30kg/m3). Praticamente qualquer tipo
serve, mas recomendo aqueles ensacados em PVC, o que evita coceiras. Por exemplo, Rolissol R-20
(Isover), Roll-Max RM-32 (Rockfibras), Flexivid (Devidro). Deve ter 60 cm de largura e 50 mm de
espessura (se usar de 25 mm, compre o dobro de rolos). O comprimento deve ser tal que o rolo todo
tenha cerca de 50 cm de diâmetro (se superar essa medida, enrole mais apertado).
- Depois de armar a estrutura em madeira (eixo + discos), enrole a lã (sem tirar dos sacos plásticos)
de modo que cada rolo tenha pouco menos de 50 cm de diâmetro. Caso os rolos já tenham vindo no
diâmetro ideal, basta passar o eixo por dentro deles, antes da montagem do ultimo disco.
- Cuide para que eles fiquem ligeriamente apertados entre os discos de madeira (sem folgas), mas
sem pressionar. O eixo central pode ser ligeiramente reduzido em comprimento, para isso (meça
antes).
- Dê duas ou tres voltas com a fita adesiva (dessas usadas em embalagens) na união entre os dois
rolos, para fixar melhor. Faça o mesmo no topo e base do conjunto, evitando que os rolos "estufem".
- Dê o acabamento (opcional) com um tecido ortofônico preso com grampos (de estofador) nos discos
de madeira ou use a manta acrílica branca (ou de nylon, poliéster...).
Pronto! Não é tão bonito e barato quanto o trap triangular já apresentado, mas o desempenho é
semelhante, e de construção mais fácil. O acabamento é ligeiramente problemático, por isso deve ser
avaliado cada caso em particular.
Seu uso segue as regras para o modelo triangular já descrito, devendo ser posicionado nos cantos da
sala.
Pode funcionar tambem como difusor, uma vez que o plástico que envolve a manta reflete parte dos
agudos em diversas direções. Não é bom absorver muito dessas frequencias. A manta acrílica, se for
usada, aumenta a absorção nas altas, portanto deve ser usada com cautela (e onde exista a
necessidade dessa característica).
Vejam que não é um tube trap, embora pareça. Esse vai ficar pra outra ocasião...
Edu Silva