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DO DIREITO CONSTITUCIONAL: NATUREZA; OBJETO; CONCEITO; TIPOS E FONTES.

A) NATUREZA:
1) O direito constitucional seria uma unidade estrutural do sistema normativo que é o Direito (J. A. da Silva). Estaria no galho
“Direito Público”. Outros galhos seriam: “Direito Social” e “Direito Privado”.
2) Distingue-se dos demais ramos pela natureza (essência) do seu objeto (a Constituição Federal):
a) Organização e funcionamento do Estado;
b) Articulação dos elementos primários do mesmo;
c) Estabelecimento da base da estrutura política (J. A. da Silva).

B) CONCEITO:
1) J. A. da Silva: “Ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normais fundamentais do Estado”
(ISSO QUANTO A ENTENDÊ-LO COMO DISCIPLINA, O QUE DIFERE DE ENTENDÊ-LO DE UM CONJUNTO DE NORMAS).
2) Maurice Duverger: “Aquele que estuda a organização geral do Estado, seu regime político e sua estrutura governamental.”

C) OBJETO:
1) Maurice Hauriou: “O Direito Constitucional tem por objeto a constituição política do Estado.” A oposição de J. A. da Silva a esta
definição não se mantém por que ele propõe, por exemplo, a interpretação das normas constitucionais como algo que não deflua da
própria Constituição, o que não é possível tendo em vista o Princípio da Legalidade.
2) Kelsen diria: o conjunto de normas constitucionais positivas.
3) Paulo Bonavides: “O estabelecimento de poderes supremos, a distribuição da competência, a transmissão e o exercício da
autoridae, a formulação dos direitos e garantias individuais e sociais.”

D) TIPOS:
1) Paulo Bonavides:
a) Direito Constitucional Geral;
b) Direito Constitucional Especial;
c) Direito Constitucional Comparado.
2) J. Afonso da Silva:
a) Direito Constitucional Geral;
b) Direito Constitucional Particular ou Positivo;
c) Direito Comparado.

E) FONTES (do Direito Constitucional, para Paulo Bonavides):


1) Escritas:
a) Leis constitucionais;
b) Leis complementares;
c) Prescrições administrativas contidas em decretos emitidas pelo Governo, na área de Direito Constitucional, desde que tendo
recebido delegação para tanto do poder legislativo;
d) Regimentos do Poder Legislativo do Poder Judiciário;
e) Tratados internacionais;
f) Jurisprudência;
g) Doutrina.
2) Não escritas:
a) O Costume;
b) Usos (Inglaterra e EUA: dissolução dos Comuns e Convenções Partidárias).
DA CONSTITUIÇÃO: ANTECEDENTES HISTÓRICOS. OBJETO. ELEMENTOS. CONCEITO

A) Antecedentes históricos:
1) No mundo:
a) A Magna Carta (Outorgada por João Sem-Terra em 15 de junho de 1215);
b) A Lei de “Hábeas Corpus” (1679);
c) A Declaração de Direitos (13 de fevereiro de 1689);
d) O Ato de Estabelecimento (12 de junho de 1701);
e) A Declaração de Direitos de Virgínia (16 de junho de 1776);
f) A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (4 de julho de 1776);
g) A Constituição dos Estados Unidos da América (17 de setembro de 1787);
h) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 de agosto de 1789);
i) A Constituição de 1791 (3 de setembro de 1791).
2) No Brasil:
a) Constituição Política do Império do Brasil (25.03.1824);
a.1) Poder Moderador, centrado na pessoa do Imperador;
a.1.1) Pode o Imperador dissolver a Câmara;
a.1.2) Pode adiar e convocar, pela escolha, na lista tríplice, os senadores;
a.1.3) Pode suspender os magistrados;
a.1.4) Pode escolher livremente e demitir os Ministros de Estado.
b) Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (24.02.1891):
b.1) Adota como forma de governo a República Federativa;
b.2) Constitui-se pela união perpétua e indissolúvel de suas antigas províncias em Estado;
b.3) Regime representativo;
b.4) Presidencialismo à americana.
c) Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (16.07.1934):
c.1) Aumenta os poderes do Executivo;
c.2) Título sobre a Ordem Econômica e Social influenciada pela Constituição de Weimar.
d) Constituição dos Estados Unidos do Brasil (10.11.1937):
d.1) Carta Constitucional outorgada por Getúlio Vargas;
d.2) Implanta o Estado Novo;
d.3) Fortalece o Executivo.
e) Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (18.09.1946):
e.1) redemocratização;
e.2) Modelo: 1891 e 1934.
f) Constituição do Brasil (24.01.1967):
f.1) AI-4: procedimento de votação pelo Congresso do Projeto do Governo;
f.2) Outorgada;
f.3) Entra em vigor em 15 de março de 1967;
f.4) Preocupação básica: segurança nacional;
f.5) Reformula o sistema tributário;
f.6) Instala a técnica do orçamento-programa;
f.7) Instala os Planos Plurianuais de Investimento;
f.8) Restrição de autonomia individual.
g) Emenda Constitucional nº 1 à Constituição Federal de 1967 (17.10.1969);
g.1) Entra em vigor em 30.10.1969;
g.2) Teórica e tecnicamente é uma nova Constituição;
g.3) Altera a denominação: Constituição da República Federativa do Brasil;
g.4) A Emenda foi um mecanismo de outorga.
h) Constituição da República Federativa do Brasil (05.10.1988).

B) Objeto:
1) “As constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos, o modo de aquisição do Poder
e a forma do seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixa o regime político e disciplina
os fins sócio-econômicos do Estado bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais” (J. A. SILVA).

C) Elementos:
1) Os elementos de uma Constituição são, na verdade, os tipos de Normas Jurídicas definidas a partir daquilo que elas
regulamentam. J. A. Silva e Pedro Lenza:
a) elementos orgânicos: regulam a estrutura do Estado e do Poder (Títulos III, IV; Caps. II e III do Título V e VI).
b) elementos limitativos: direitos e garantias fundamentais (Título II);
c) elementos sócio-ideológicos (Cap. II, Título II; Título VII e VIII);
d) elementos de estabilização constitucional: assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado,
das instituições democráticas (arts. 102, I, “a”; arts. 34 e 36; 59, I; 60; 102 e 103; Título V, cap. I);
e) elementos formais de aplicabilidade: estatuem regras de aplicação das constituições (preâmbulo, cláusulas de promulgação,
disposições constitucionais provisórias, § 1º do art. 5º).

D) Conceito:
1) “Lei fundamental e suprema de um Estado” (Alexandre de Moraes);
2) “Tudo quanto for, enfim, conteúdo básico referente à composição e funcionamento de uma ordem política...” (Paulo Bonavides);
3) “Representa a organização jurídico-política fundamental do Estado” (Reis Friede);
4) “Conjunto de preceitos imperativos fixadores de deveres e direitos e distribuidores de competências, que dá a estrutura social,
ligando pessoas que se encontram em um dado território em certa época” (Michel Temer);
5) “Conjunto de normas que organizam os elementos constitucionais” (J. A. da Silva).
DA CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS. CLASSIFICAÇÃO. NORMA CONSTITUCIONAL. SUPREMACIA

A) SENTIDOS:
1) Sentido sociológico:
a) Ferdinand Lassale: “O que é Constituição?”;
b) A Constituição deve representar o poder social (legítima), caso contrário, ao distanciar-se dele, é mera “folha de papel”
(ilegítima);
c) Teria sempre existido, em qualquer Estado, uma Constituição material (Inglaterra, p. ex.);
d) Distinção, assim, entre Constituição Real e Formal.
2) Sentido político:
a) Para Carl Schmitt há diferença entre Constituição e Lei Constitucional;
a.1) Constituição: decisão política e concreta de conjunto sobre o modo e a forma de existência do Estado (coincide com a
Constituição Real);
a.2) Tudo o mais, embora escrito na Constituição, é lei constitucional (poderia ser tratado infraconstitucionalmente: art. 242, § 2º).
3) Sentido jurídico:
a) Para Kelsen, a Constituição sustenta-se, exclusivamente, no plano jurídico, do dever-ser. O tipo de análise acima é não-jurídico. O
quê, senão uma norma jurídica, diria como teríamos uma norma jurídica material?
4) Sentido material:
a) O que importaríamos, para definirmos se uma norma tem caráter constitucional, seria o seu conteúdo (mas o que, senão uma
norma, poderia definir o que seria material?).
5) Sentido formal:
a) Basta estar na Constituição: art. 242, § 2º.
b) Kelsen: “Fala-se em Constituição em sentido formal quando se faz a distinção entre leis ordinárias e aquelas outras que exigem
certos requisitos especiais para sua criação ou reforma.”

B) CLASSIFICAÇÃO:
a) Rígidas: não podem ser modificadas como as leis ordinárias; processo solene (o Brasil seria super-rígida em virtude das cláusulas
pétreas: art. 60, § 4º);
b) Flexíveis: não exigem nenhum requisito especial de reforma (Inglaterra);
c) Costumeiras: até o século XVIII, absolutistas (Inglaterra: “statute law”, “case law”, “common law”, “parliamentary law”,
“constitutional convention”; EUA: doutrina das revisões constitucionais, funcionamento dos partidos políticos);
d) Codificadas: acham-se contidas em um só texto;
e) Legais: esparsas ou fragmentadas (francesa de 1875);
f) Outorgada: ato unilateral de uma vontade política soberana (Brasil, 1824); Cartas Constitucionais;
g) Pactuada: é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas opostas (a Magna Carta);
h) Cesarista: o povo apenas ratifica (Venezuela);
i) Promulgada: expressa a vontade do povo;
j) Concisas: EUA;
k) Prolixas: Brasil;
l) Dogmáticas: resulta de um órgão (Brasil, 1988);
m) Históricas: Inglesa;
n) Analíticas: Brasil;
o) Sintéticas: EUA;
p) Garantia: garantem a liberdade limitando o Poder;
q) Balanço: refletiria um degrau no avanço para o socialismo;
r) Dirigente: apresenta um projeto de Estado (Portuguesa);
s) Ortodoxa (ideologicamente): URSS: 1977;
t) Eclética: Brasil.
u) QUAL A CLASSIFICAÇÃO DA BRASILEIRA?
v) Classificação segundo J. A. da Silva:
v.1) Quanto ao conteúdo: material ou formal;
v.2) Quanto à forma: escrita ou não escrita;
v.3) Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas ou históricas;
v.4) Quanto à origem: populares ou outorgadas;
v.5) Quanto à estabilidade: rígidas ou flexíveis ou semi-rígidas.

C) NORMA CONSTITUCIONAL:
1) Quanto à sua aplicabilidade:
a) Normas constitucionais de eficácia plena: desde a entrada em vigor da CF produzem ou podem produzir todos seus efeitos (ex:
hábeas, mandado de segurança, arts. 1º e 2º);
b) Normas constitucionais de eficácia contida (redutível ou restringível): pode seu alcance ser reduzido pelo legislador
infraconstitucional): art. 5º, XIII;
c) Normas constitucionais de eficácia limitada: somente incidem após legislação posterior (art. 37, VII; 7, XI); dividem-se em:
c.1) Normas constitucionais de princípios institutivos: dependem de lei (art. 18, §3º);
c.2) Normas constitucionais programáticas: explicitam comandos-valores; destinam-se ao legislador; impedem edição de normas em
sentido oposto (21, IX; 23; 170; 205).

D) SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO:
1) Rigidez constitucional;
2) Da rigidez emana o princípio (formal) da supremacia da C.F.;
3) A Constituição brasileira é rígida: todas as normas jurídicas que integram a ordenação jurídica nacional somente são válidas se se
conformarem com as normas jurídicas constitucionais.

DIREITO CONSTITUCIONAL: O PODER CONSTITUINTE

A) CONCEITO:
1) “É a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado” (Alexandre de Moraes);
2) “Genuína fonte do texto constitucional” (Reis Friede);
3) “Do ponto de vista formal, isto é, considerando apenas o ponto de vista instrumental, o poder constituinte sempre existiu e
sempre existirá, senso assim um instrumento ou meio em que se estabelece a Constituição...” (Paulo Boanvides);
4) “O poder de elaborar ou atualizar uma Constituição através da supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais.”
(Pedro Lenza);
5) “É a manifestação soberana da vontade de um ou alguns indivíduos capaz de fazer nascer um núcleo social.” (Michel Temer);
6) “O poder constituinte se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ que está em condições de,
numa determinada situação concreta, criar, garantir, ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade
política.” (J. J. Gomes Canotilho);
7) Poder fato: força que se impõe; Poder de Direito: provindo de noção jurídica anterior.

B) TITULARIDADE:
1) Emmanuel Sieyès (teve a primazia de conceber a existência de um poder criador da Constituição): a Nação;
2) Modernamente: o Povo (art. 12, CF);
3) “O povo não exerce o poder constituinte; é um titular passivo, ao qual se imputa uma vontade constituinte manifestada por uma
elite.” (Manuel Gonçalves Ferreira Filho);
4) Distingue-se TITULARIDADE de EXERCÍCIO: a titularidade é do Povo; o exercício, de quem por ele fala.

C) EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE:


1) Pela eleição de representantes que integram uma “Assembléia Nacional Constituinte”;
2) Pela revolução: um grupo exerce o poder constituinte sem manifestação direta do povo.

D) ESPÉCIES:

1) Poder Constituinte Originário (ou Inicial, Inaugural):


a) Conceito: O poder constituinte originário estabelecer a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes
destinados a reger os interesses de uma comunidade. (Alexandre Moraes).
b) Subdivisão:
b.1) Histórico: estrutura, pela primeira vez, um Estado;
b.2) Revolucionário: todos os posteriores ao histórico.
c) Formas de expressão do poder constituinte originário:
c.1) Outorga: estabelecimento da Constituição por declaração unilateral do agente.” (Constituições de 1824; 1937 e EC nº 01, à CF
de 1967);
c.2) Assembléia Nacional Constituinte ou Convenção: nasce da deliberação da vontade popular, devidamente convocada pelo agente
revolucionário (1891, 1934, 1946, 1988).
d) Características:
d.1) Inicial: é a base da ordem jurídica;
d.2) Ilimitado e autônomo: não está limitado pelo direito anterior e não tem que respeitar os limites postos pelo direito positivo
anterior;
d.3) Incondicionado: não tem que seguir qualquer procedimento determinado para realizar sua obra;
d.4) Permanente: não esgota sua titularidade, manifestando-se novamente mediante nova Assembléia ou ato revolucionário.

2) Poder Constituinte Derivado (Constituído, Instituído, Secundário ou de Segundo Grau):


a) Conceito e características:
a.1) Está inserido na própria Constituição; decorre de uma norma jurídica válida e eficaz; criado e instituído pelo originário;
a.2) É derivado (retira sua força do poder constituinte originário); subordinado (limitado pelas normas constitucionais em vigor); e
condicionado (deve seguir as regras pré-estabelecidas).
b) Espécies:
b.1) Reformador: possibilidade de alterar-se o texto constitucional respeitando-se a regulamentação prevista na CF; emendas
constitucionais;
b.2) Decorrente: possibilidade que têm os Estados-Membros, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto-
organizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais;
b.3) Revisor: art. 3º do ADCT: seis Emendas Constitucionais de Revisão.

E) OBSERVAÇÕES:
1) Recepção: todas as normas incompatíveis com a nova Constituição serão revogadas, por ausência de recepção; as outras serão
recepcionadas.
2) Repristinação: salvo disposição em contrário, não se admite repristinação.
3) Desconstitucionalização: normas constitucionais anteriores compatíveis com a nova ordem permanecem em vigor com o status de
lei infraconstitucional; no Brasil não é permitido, exceto se expressamente admitidos;
4) Recepção material de normas constitucionais: art. 34, caput, § 1º, ADCT; somente se houver expressa manifestação da nova
Constituição.
REFORMA DA CONSTITUIÇÃO

A) INTRODUÇÃO
1) A Lei Maior precisa ser alterada para evitar seu engessamento;
2) As mudanças são previstas e reguladas na própria Constituição que será alterada;
3) O poder de reforma é criado pelo Poder Constituinte Originário;
4) O Poder Constituinte de Reforma não é inicial, nem incondicionado, nem ilimitado, estando subordinado à Constituição.

B) CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS E CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS


1) Somente faz sentido o poder constituinte de reforma quando de constituições rígidas;
2) As constituições rígidas estão no meio do caminho entre aquela imutável e a banal no que diz respeito às modificações;
3) Exemplos de constituições flexíveis são: Inglaterra, Nova Zelândia e Israel.

C) DENOMINAÇÕES DO PODER DE REFORMA


1) Poder Constituinte Constituído;
2) Poder Constituinte Derivado;
3) Poder Constituinte Instituído;
4) Poder Constituinte de Segundo Grau.

D) LIMITES AO PODER DE REFORMA – ESPÉCIES


1) No Brasil, a liberdade do órgão reformador sofre restrições de natureza procedimental:
a) quorum qualificado:
a.1) a proposta de emenda dever reunir o voto favorável de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos
de votação em cada uma, ambas as Casas devendo anuir ao texto da emenda;
b) restrição à possibilidade de apresentar emendas:
b.1) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
b.2) o Presidente da República;
b.3) mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.
c) Não se prevê iniciativa popular;
d) Não é permitido, na mesma sessão legislativa, a reapresentação de emenda rejeitada ou prejudicada (art. 60, § 5º);
e) Algumas Constituições – não a brasileira – prevêem um lapso temporal para poder ocorrer o Poder de Reforma.

E) LIMITAÇÕES MATERIAS
1) Introdução:
a) Constrange a atividade de reforma no seu conteúdo.
2) Dificuldades teóricas para sua aceitação:
a) Controvérsia quanto a imposição de limites ao exercício do poder de reforma (cláusulas pétreas): se ambos os poderes –
originário e reforma – são exercidos por representantes do mesmo povo, por que um desses poderes deve estar subordinado ao
outro?
b) Seria a imposição da vontade de uma geração à outra:
c) Mas o Poder Constituinte Originário é a expressão da vontade do povo e pode limitar as manifestações dos representantes do
povo no exercício dos poderes constituídos.
d) Nada impede que o povo, a qualquer momento, fale através do Poder Constituinte Originário.

F) NATUREZA DAS CLÁUSULAS PÉTREAS


1) Corrente dos que consideram inaceitáveis as cláusulas pétreas (Loewenstein e Barthélemy): não haveria diferença de substância
entre o poder constituinte de reforma e o originário;
2) Corrente da dupla revisão: revisa-se a norma que impede a revisão de preceitos pétreos e, a seguir, revisam-se os preceitos
pétreos; a critica gravita em torno da idéia de que, assim, cria-se uma nova Constituição por se alterar os fundamentos da anterior;
3) Corrente que preserva as pétreas por considera-las imutáveis em relação a certos valores e preservar o núcleo inicial da
Constituição.

G) FINALIDADE DA CLÁUSULA PÉTREA – O QUE ELA VEDA


1) Visa inibir a tentativa de abolir o projeto básico.

H) ALCANCE DA PROTEÇÃO DA CLÁUSULA PÉTREA


1) Pode-se alterar a redação de uma cláusula essencial, nunca o núcleo essencial dos bens constitucionais protegidos;
2) Saber quando uma modificação pretendida afeta as pétreas exige acompanhamento caso-a-caso (ex: MS 20.257-DF, Moreira
Alves: a temporariedade do mandato político é cláusula pétrea; aumentar ou diminui-lo, não);
3) Nesse sentido se deve compreender o art. 60, § 4º, da CF, como proibição da proposta tendente a abolir, mitigar, reduzir o
significado e a eficácia da forma federativa do Estado, do voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes e os
direitos e garantias individuais.

I) AS CLÁUSULAS PÉTREAS EM ESPÉCIE


1) Forma federativa do Estado:
a) Não é passível de deliberação a proposta de emenda que desvirtue o modo de ser federal do Estado criado pela Constituição
(poder de auto-organização, auto-governo e auto-administração).
2) Separação de Poderes:
a) A emenda que o proponha será imprópria.
3) O voto direto, secreto, universal e periódico:
a) Não é possível eleições indiretas;
b) Não é possível um governo parlamentarista;
c) Não é possível excluir o voto do analfabeto;]
d) Não é possível transformar cargos periódicos em vitalícios (monarquia).
4) Os direitos e garantias individuais:
a) Inadmissível modificação.
5) Direitos sociais e cláusula pétrea:
a) Se o inciso IV do § 4º do art. 60 não aludiu a direitos sociais, não os tomou como pétreos.
b) “Lacuna de formulação” (o legislador teria dito menos do que queria);
c) Ver o título sob o qual se albergam os direitos sociais.
6) Criação de novos direitos fundamentais
a) Apenas o poder constituinte originário pode criar cláusulas pétreas.
7) Direitos previstos em tratados acerca de direitos humanos:
a) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004 admite-se que os tratados que forem aprovados da mesma forma que as emendas
constitucionais terão o seu status.
8) A cláusula pétrea da garantia do direito adquirido:
a) O direito adquirido não prevalece contra o poder constituinte originário;
b) Uma emenda não está apta a desconsiderar situações consolidadas antes dela.
9) Cláusulas pétreas implícitas:
a) Não é possível, materialmente, reformar cláusulas implícitas pétreas por que inerentes à identidade básica da Constituição.
Exemplos:
a.1) Normas concernentes ao titular do Poder Constituinte Originário;
a.2) Normas referentes ao titular do poder constituinte reformador;
a.3) Normas que disciplinam o próprio procedimento das Emendas.
VI) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A) Noções preliminares:
1) A rigidez da Constituição impõe a necessidade de controle dos atos normativos quanto a sua constitucionalidade;
2) Somente há controle se houver constituição rígida e órgão competente para resolver os problemas de constitucionalidade;
3) O controle pressupõe o escalonamento normativo (compatibilidade vertical);
4) A Constituição é norma de validade para os demais atos normativos do sistema (princípio da supremacia da Constituição).

B) Formas de inconstitucionalidade (afrontas à Constituição):


1) Vício formal (ou nomodinâmico): ocorre no processo de elaboração legislativa;
a) Vício formal subjetivo: fase de iniciativa (art. 61, § 1º, I, CF 88);
b) Vício formal objetivo: demais fases do processo legislativo (ex: lei complementar votada com quorum errado, art. 69, CF);
2) Vício material (ou nomoestático): quanto ao conteúdo do ato normativo (ex: lei que afronte o princípio da igualdade; cotas para
as universidades).

C) Momentos de controle:
1) Controle prévio ou preventivo (durante o processo legislativo de formação do ato normativo):
a) Controle prévio ou preventivo realizado pelo legislativo: Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e Senado
a.1) Câmara dos Deputados: art. 32, III, Reg. Interno;
a.2) Senado: art. 101, Reg. Interno;
a.3) Não há esse controle sobre medidas provisórias, resoluções e decretos.
b) Controle prévio realizado pelo Executivo:
b.1) Aprovado o Projeto o Chefe do Executivo pode vetá-lo por inconstitucionalidade (jurídico) ou por ser contrário ao interesse
público (político).
c) Controle prévio ou preventivo realizado pelo Judiciário:
c.1) A única hipótese de controle preventivo a ser realizado pelo Judiciário sobre Projeto de Lei em trâmite no Legislativo é para
garantir ao parlamentar o devido processo legislativo, vedando sua participação em procedimento desconforme com a regra da
Constituição.
2) Controle posterior ou repressivo (realiza-se sobre a lei, não mais sobre o Projeto):
a) Controle político: Cortes ou Tribunais Constitucionais (Portugal, Espanha, Alemanha);
b) Controle Jurisdicional: Poder Judiciário:
b.1) Um único órgão: concentrado;
b.2) Qualquer juiz ou tribunal: difuso;
b.3) Misto 2: Brasil.
b.4) Exceções no Brasil (o controle é exercido pelo Poder Legislativo):
b.4.1) Art. 49, V, CF: controle através de Decreto legislativo (art. 84, IV OU 68, CF);
b.4.2) Art. 62, CF: rejeitar a medida provisória por inconstitucionalidade.
c) Controle Misto 1: Político e Jurisdicional.

D) Tipos de controle:

1) Controle difuso:
a) Origem histórica: Juiz John Marshall julgando o caso Marbury x Madison em 1803.
b) Noções:
b.1) O controle difuso, repressivo, ou posterior também é chamado de pela via de exceção, pela via de defesa, ou aberto, sendo
realizado por qualquer juízo ou tribunal do Poder Judiciário;
b.2) O controle difuso verifica-se em caso CONCRETO e a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma INCIDENTAL
(incidenter tantum), prejudicial ao EXAME DO MÉRITO.
c) Controle difuso nos tribunais:
c.1) No tribunal competente, distribuído o processo para uma turma, câmara ou seção, verificando-se que existe questionamento
incidental sobre a Constitucionalidade de lei ou ato normativo, suscita-se uma questão de ordem e a análise da constitucionalidade é
remetida ao PLENO ou ÓRGÃO ESPECIAL do tribunal, para resolver aquela questão suscitada (cláusula de reserva de plenário, art.
97, CF)
d) Efeitos da decisão:
d.1) Para as partes:
d.1.1) Os efeitos da sentença valem somente para as partes que litigaram em juízo;
]d.1.2) A sentença torna nula de pleno direito a lei desde sua edição;
d.1.3) No controle difuso, para as partes, os efeitos serão inter partes e ex tunc.
d.2) Para terceiros:
d.2.1) Recurso extraordinário, declaração de inconstitucionalidade pelo STF, comunicação da decisão à autoridade ou Órgão
interessado, decisão definitiva e deliberada pela maioria absoluta do pleno (art. 97, CF), comunicação ao Senado Federal após
trânsito em julgado para os efeitos do art. 52, X, CF., Resolução elaborada pela Comissão de Constituição e Justiça suspendendo a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional pelo STF, efeitos a partir da publicação no Diário Oficial;
d.2.2) Efeitos erga omnes, porém ex nunc.
d.2.3) O Senado não está obrigado a suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF.
2) Controle concentrado:
a) Noções iniciais:
a.1) A Constituição austríaca de 01/10/20 criou o Tribunal onstitucional que teria exclusividade para o exercício do controle jurídico
de constitucionalidade.
a.2) Chama-se controle concentrado, por via de ação direta ou abstrato.
a.3) No Brasil, começou com a EC nº16, de 06/12/65.
a.4) Objetivo: obter-se a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese, independente da existência de caso
concreto, visando-se a invalidade.
a.5) Espécies de controles concentrado na Constituição Brasileira:
a.5.1) Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica )art. 102, I, a);
a.5.2) Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (art. 36, III);
a.5.3) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (art. 103, § 2º);
a.5.4) Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, I, a, in fine; EC 03/93);
a.5.5) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (art. 102, § 1º).
a.6) A lei nº 9.868, de 10/11/99, dispõe acerca do processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação
declaratória de constitucionalidade ante o STF.
b) A Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica:
b.1) Competência: STF ou TJs.
b.2) Objetivo: examinar lei ou ato normativo federal ou estadual em tese, para se obter sua invalidação.
b.3) Objeto:
b.3.1) declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital (no exercício de competência
equivalente à dos estados-membros; ex: salários dos juízes);
b.3.2) não cabe a ADIN:
b.3.2.1) quando a lei ou ato já foi revogado;
b.3.2.2) quando a lei ou ato normativo já perdeu a eficácia (ex: medida provisória não convertida em lei);
b.4) A ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade é a mesma coisa com sinal trocado, desde
que proclamado o acórdão pela maioria absoluta dos ministros do STF, no que diz respeito à eficácia vinculante.
c) Conceito de lei e ato normativo:
c.1) Lei: espécies previstas no art. 59, CF.
c.2) Atos normativos:
c.2.1) Tenha um dever-ser;
c.2.2) Veicule uma prescrição:
c.2.3) A prescrição deve ser cumprida por Órgãos;
c.2.4) Exs: resoluções administrativas dos TJs; deliberações administrativas dos órgãos do Poder Judiciário.
c.3) Não são atos administrativos: súmulas, respostas à consultas ao TSE;
c.4) Não cabe ação de declaração de inconstitucionalidade por suposto conflito entre norma originária e cláusula pétrea; as cláusulas
pétreas são limites ao poder constituinte derivado reformador; não há hierarquia entre as normas constitucionais originárias.
c.5) Lei ou ato normativo municipal ou estadual face às constituições estaduais:
c.5.1) Compete aos TJs (art. 125, §2º);
c.5.2) Se contraria a CF e a CE, mesmo assunto: TJs;
c.5.3) Se há ações simultâneas e o objeto é o mesmo, suspende-se tramitação no TJ e aguarda a decisão do STF.
c.6) Lei ou ato normativo distrital: se competência estadual, STF.
c.7) Lei ou ato anterior à Constituição: o STF somente examina leis ou atos posteriores à entrada em vigor da CF. Fenômeno da
Recepção. Exceção: Argüição de descumprimento de preceito fundamental.
c.8) Matéria infralegal é ilegalidade.
c.9) Tratados internacionais: o STF exerce o controle de constitucionalidade.
c.10) Decretos: somente os autônomos.
d) Legitimação:
d.1) O Presidente da República;
d.2) A Mesa do Senado Federal;
d.3) A Mesa da Câmara dos Deputados;
d.4) A Mesa da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
d.5) O Procurador-Geral da República;
d.6) O Conselho Federal da OAB;
d.7) Partido Político com representação no Congresso;
d.8) Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional.
e) Medida cautelar: é possível (art. 102, I, p).
f) Não é passível de desistência.
g) Não se sujeita a decadência ou prescrição.
h) A defesa da lei ou ato é feita pelo AGU, mesmo na esfera estadual.
i) Efeitos:
i.1) Ex tunc: regra geral.
i.2) Ex nunc: a partir do trânsito em julgado da decisão, desde que fixados por 2/3 dos ministros do STF;
i.3) Efeitos a partir de qualquer momento desde que fixados por 2/3 dos ministros da Casa.
c) A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva
c.1) Noções gerais:
c.1.1) Trata-se de ofensa aos princípios constitucionais sensíveis:
c.1.1.1) forma republicana, sistema representativo, regime ático;
c.1.1.2) direitos da pessoa humana;
c.1.1.3) autonomia municipal;
c.1.1.4) prestação de contas da administração pública, e indireta;
c.1.1.5) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de receitas de
transferência, de manutenção e provimento do ensino, e nas ações e serviços públicos de saúde.
c.2) A legitimidade para a propositura da ação é do Procurador- Geral da República;
c.3) A PGR não está obrigada a acatar a representação a si enviada.
c.4) A ação pretende a declaração de inconstitucionalidade material ou formal de lei ou ato e a decretação de intervenção federal no
Estado-Membro ou Distrito Federal;
c.5) Não é viável a medida liminar;
c.6) Procedente, e transitada, o STF comunica à autoridade interessada e ao Presidente da República para as providências;
c.7) O Decreto presidencial dirá a duração e os limites até a volta da normalidade.

VII) DIREITO CONSTITUCIONAL: HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

1. A teoria da interpretação da norma jurídica:


1.1. A atividade do operador do Direito em relação à norma jurídica:
1.1.1. Ativo ou criativo: legislação.
1.1.2. Teórico ou cognoscitivo: interpretação.
1.1.2.1. Criativa ou produtiva: para os adversários do positivismo;
1.1.2.2. Declarativa ou reprodutiva: para o positivismo.
1.2. O que é interpretação.
1.2.1. O quê se interpreta: Bíblia/Hieróglifos/Textos literários/Notas musicais/Normas jurídicas.
1.2.2. Interpretar: da palavra, oral ou escrita, passando pela idéia, à coisa concreta ou abstrata.
1.3. Interpretação constitucional.
1.3.1. Noções gerais:
1.3.1.1. A Constituição dará validade para as demais normas do ordenamento jurídico, determinando sua abrangência;
1.3.1.2. Regra fundamental: onde não existir dúvida, não caberá ao exegeta interpretar (ex: art. 18, § 1º, CF);
1.3.1.3. A interpretação deverá ser sistemática orientada pelos princípios constitucionais;
1.3.1.4. Reforma constitucional é a modificação do texto através dos mecanismos previstos pelo Poder Constituinte Originário;
1.3.1.5. Mutação constitucional é o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos,
conteúdos até então não ressaltados, quer através da interpretação, quer por meio da construção, quer por meio dos usos e
costumes constitucionais (ex: arts. 215, 216, 219, CP; Constituição dos EUA).
1.3.2. Preâmbulo: não tem qualquer relevância jurídica, força normativa, não criando direitos e obrigações.
1.3.3. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: tem natureza de norma constitucional, podendo trazer exceções às regras
gerais da CF (ex: Art. 12, § 2º cc art. 12, § 3º, I).
1.3.4. Princípio da interpretação conforme a Constituição: os aplicadores da Constituição, em face de normas infraconstitucionais de
múltiplos significados, escolham o sentido que as torne constitucionais, e não aquele que resulte em declaração de
incostitucionalidade.
1.3.5. Princípio da unidade da Constituição: as normas constitucionais devem ser vistas não como normas isoladas, mas como
preceitos integrados num sistema unitário de regras e princípios, que é instituído na e pela Constituição.
DIREITO CONSTITUCIONAL: DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A) Princípios e normas.
1) Princípio: mandato nuclear de um sistema; critério para a compreensão das normas;
2) Norma: preceito; atribuem direitos e/ou deveres a pessoas;
3) Princípios normatizados: normas-princípio.
4) A norma jurídico atribui uma conduta.

B) Princípios constitucionais positivos:


1) Princípios político-constitucionais;
a) Decisões políticas FUNDAMENTAIS concretizadas em normas-princípio do sistema constitucional positivo (arts. 1º a 4º, da CF).
2) Princípios jurídico-constitucionais;
a) Princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional (art. 5º, incisos XXXVIII a LX).

C) Conceito e conteúdo dos princípios político-constitucionais:


1) Visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o Estado e enumerar as principais opções político-
constitucionais;
2) Os artigos que os consagram constituem a síntese ou matriz de todas as restantes normas constitucionais.
3) Princípios fundamentais da CF 88:
a) Relativos à existência, forma, e tipo de Estado (arts. 1º):
a.1) Existência: República Federativa do Brasil;
a.2) Forma: Soberana;
a.3) Tipo de Estado: Estado Democrático de Direito.
b) Relativos à forma de governo e à organização dos poderes (arts. 1º e 2º):
b.1) Forma de governo: República;
b.2) Organização dos poderes: Separação.
c) Relativos ao regime político (art. 1º, parágrafo único):
c.1) Princípio da cidadania;
c.2) Princípio da dignidade da pessoa humana;
c.3) Princípio do pluralismo;
c.4) Princípio da soberania popular;
c.5) Princípio da representação política;
c.6) Princípio da participação popular direta.
d) Relativos à prestação positiva do Estado (art. 3º, II, III, IV):
d.1) Princípio da independência e do desenvolvimento nacional;
d.2) Princípio da justiça social;
d.3) Princípio da não-discriminação.
e) Relativos à comunidade internacional (art. 4º):
e.1) Princípio da independência nacional;
e.2) Princípio do respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana;
e.3) Princípio da auto-determinação dos povos;
e.4) Princípio da igualdade dos estados;
e.5) Princípio da solução pacificadora dos conflitos e da defesa da paz;
e.6) Princípio do repúdio ao terrorismo e ao racismo;
e.7) Princípio da cooperação entre os povos;
e.8) Princípio da integração da América Latina.
f) Princípios fundamentais e princípios gerais
f.1) Os princípios fundamentais são normas fundamentais, normas-síntese; normas-matriz, que EXPLICITAM VALORES POLÍTICOS;
f.2) Os princípios gerais são normas gerais extraídas do direito constitucional (perspectiva intrínseca). São fórmulas básicas, fulcros
interpretativos, construções teóricas do constitucionalismo:
f.2.1) Princípio da rigidez constitucional;
f.2.2) Princípios referentes ao Poder Constituinte;
f.2.3) Princípios referentes à reforma da Constituição;
f.2.4) Princípio da supremacia da Constituição.

D) Função dos princípios fundametais;


1) Critério de interpretação;
2) Critério de integração;
3) Coerência geral do sistema.
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

A) Finalidade dos direitos e garantias fundamentais:


1) São direitos de defesa do cidadão em uma dupla perspectiva:
a) constituem obstáculo à ingerência do poder público na esfera individual;
b) asseguram a possibilidade de exercer direitos fundamentais.

B) Classificação:
1) Da Constituição de 1988:
a) Direitos individuais e coletivos;
b) Direitos sociais;
c) Nacionalidade;
d) Direitos políticos;
e) Partidos políticos.
2) Doutrina:
a) Direitos e garantias fundamentais de primeira geração (civis e políticos): compreendem as liberdades clássicas;
b) Direitos e garantias fundamentais de segunda geração (direitos econômicos, sociais[1] e culturais): acentuam o princípio da
igualdade;
c) Direitos e garantias fundamentais de terceira geração (poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as
formações sociais): consagram o princípio da solidariedade[2].

C) Natureza jurídica das normas jurídicas que asseguram direitos e garantias fundamentais:
1) De eficácia plena e aplicabilidade imediata, conforme § 1º, do art. 5º.
2) Meios para assegurar a aplicabilidade imediata e eficácia plena:
a) Mandado de injunção: art. 5º, inciso LXXI;
b) Iniciativa popular: art. 14º, III; art. 27º, IV; art. 29º, XIII; art. 61, § 2º.
3) Relatividade dos direitos e garantias fundamentais:
a) Os direitos e garantias fundamentais não são ilimitados, uma vez que encontram seus limites em outros direitos e garantais
fundamentais consagrados na Constituição[3].
b) Em caso de conflito: princípio da harmonização; princípio do interesse coletivo.

D) Direitos e garantias individuais:


1) Diferença entre direitos e garantias individuais:
a) Direitos: representam os bens; instituem os direitos; direitos propriamente ditos; principais; os direitos declaram-se;
b) Garantias: representam as disposições assecuratórias para a fruição desses bens; acessórias – existem como conseqüência dos
direitos; as garantias estabelecem-se.
2) Diferença entre direitos fundamentais e garantias institucionais:
a) Direitos fundamentais: diretamente atribuídos às pessoas;
b) Garantias institucionais: atribuídos diretamente à instituições[4] e indiretamente às pessoas.

[1] Trabalho, seguro social, subsistência, amparo ao doente, à velhice...


[2] Meio ambiente equilibrado, saudável qualidade de vida, auto-determinação dos povos, direitos difusos...
[3] Art. 5º, XXII x art. 5º, XXIII; art. 5º, 9º x art. 5º, X.
[4] Maternidade, família, liberdade de imprensa, funcionalismo público...
DIREITO CONSTITUCIONAL: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

I) Princípios Fundamentais: arts. 1º a 4º da CF.

II) Direitos e Garantias Fundamentais: arts. 5º a 17º da CF.

A) Liberdades:
1) Liberdade de expressão;
2) Direito à intimidade e à vida privada;
3) Liberdade de reunião e associação;
4) Liberdade de consciência e de religião.

B) O Direito de propriedade.

C) Direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada e segurança jurídica:


1) O Direito adquirido;
2) O ato jurídico perfeito;
3) A coisa julgada;
4) A segurança jurídica.

D) Direitos fundamentais de caráter judicial e garantias constitucionais do processo:


1) Proteção judicial efetiva:
a) O Hábeas-Corpus;
b) O Mandado de Segurança;
c) O Hábeas-Data;
d) A Ação Popular;
e) A Ação Civil Pública;
f) A Ação Direta de Inconstitucionalidade;
g) A Ação Direta de Constitucionalidade;
h) A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão;
i) A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental.
2) O Direito à ampla defesa e ao contraditório;
3) O Direito de petição;
4) O Direito ao juiz natural e a proibição de tribunais de exceção;
5) As garantias constitucionais quanto à definição do crime, à pena e sua execução;
6) A não extradição de brasileiro ou estrangeiro por crime político ou de opinião;
7) A presunção de não-culpabilidade;
8) A garantia do devido processo legal.

D2) Direitos fundamentais de caráter judicial e garantias constitucionais do processo:


1) Introdução
a) Art. 5º, XXXIV, XXXV, XXXVII a LXXIV, LXXVI; 93, IX; 95; todas da CF.
b) A aplicação dessas garantias é que permite avaliar a real observância dos elementos materiais do Estado de Direito e distinguir a
civilização da barbárie.
2) Proteção Judicial Efetiva
a) Considerações Gerais: art. 5º, XXXV, CF.
b) Âmbito de Proteção
b.1) A proteção judicial efetiva abrange não somente as ofensas diretas, mas também as ameaças;
b.2) Estão abrangidas não apenas lesões ou ameaças provenientes do Poder Público, mas, também, as oriundas de conflitos
privados.
b.3) O duplo grau de jurisdição é apenas para aquelas situações previstas na CF, sob pena de se ferir o princípio da segurança
jurídica (coisa julgada);
b.4) Duração razoável do processo: art. 5º, LXXVIII, por que atentatório à dignidade humana;
b.5) Ao lado da motivação, a publicidade é fonte de legitimidade e garantia de controle, pelas partes e pela sociedade, das decisões
judiciais;
b.6) Não se reconhece imunidade aos atos ou decisões políticas se elas afetam ou ameaçam direitos individuais: admite-se
intervenção judicial em processo disciplinar e de cassação de parlamentar que não segue as garantias do devido processo legal.
c) Titularidade
c.1) São titulares do direito à proteção judicial efetiva tanto as pessoas naturais quanto as jurídicas.
d) Conformação e Limitação
d.1) Não pode o legislador, a pretexto de conformar ou disciplinar a garantia da proteção judicial efetiva, adotar disciplina que afete,
de forma direta ou indireta, o exercício substancial desse direito: ex: prazos exíguos de preclusão sob o argumento da obediência à
segurança jurídica.
d.2) A simples proibição de concessão de cautelar não se revela afrontosa ao princípio da proteção judicial: ex: liminar no Mandado
de Segurança contra a Fazenda Pública; decisão caso-a-caso.
d.3) Motivar: dar razões pelas quais determinada decisão há de ser adotada: art. 93, IX, CF.
d.4) Justiça desportiva: art. 217, §§ 1º e 2º, CF
e) Hábeas Corpus: art. 5º, LXVIII cc arts. 647 e segs., CPP.
f) Mandado de Segurança: art. 5º, LXIX e LXX, CF; Lei Federal nº 1.533/51 e Lei Federal 4.348/64.
g) Mandado de Injunção: ART. 5º, LXXI.
g.1) Diferença entre o Mandado de Injunção e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão: no primeiro caso, o cidadão
(direitos subjetivos); no segundo, a instituição.
h) Hábeas Data: art. 5º, LXXII; Lei Federal nº 9.507/97.
i) Ação Popular, Ação Civil Pública, ADI, ADC, ADI por omissão e ADPF como instrumento de proteção judicial
i.1) Ação Popular: art. 5º, LXXIII; Lei Federal nº 4.717/65;
i.2) Ação Civil Pública: art. 129, III, CF; Lei Federal nº 7.347/85; legitimidade: Miistério Público; Pessoas Jurídicas de Direito Público;
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista; Associações constituídas há mais de um ano que incluam, entre suas
finalidades, a defesa de interesses coletivos ou difusos.
3) Direito à Ampla Defesa e ao Contraditório: art. 5º, LV
4) Direito de Petição: art. 5º, XXXIV
5) Direito ao Juiz Natural e Proibição de Tribunais de Exceção: art. 5º, XXXVII e XXXVIII
6) Garantias Constitucionais quanto à Definição do Crime, à Pena e sua Execução: art. 5º, XXXIX, XL, XLV, XLVI e XLVII; art. 84,
XIX; XLI, CF.
7) Da Não-Extradição de Brasileiros e da Não-Extradição de Estrangeiro por Crime de Opinião: art. 5º, LI, LII.
8) Presunção de Não-Culpabilidade: art. 5º, LVII.
9) A Garantia do Devido Processo Legal: direito ao contraditório e à ampla defesa, direito ao juiz natural, direito a não ser
processado e condenado com base em provas ilícitas, direito a não ser preso senão por determinação de autoridade competente e na
forma estabelecida em lei.

III) DIREITOS SOCIAIS


IV) DIREITO DE NACIONALIDADE E REGIME JURÍDICO DO ESTRANGEIRO
V) DIREITOS POLÍTICOS DA CONSTITUIÇÃO
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS DA CONSTITUIÇÃO E PARTIDOS POLÍTICOS

I) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
II) DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
III) DIREITOS SOCIAIS
IV) DIREITO DE NACIONALIDADE E REGIME JURÍDICO DO ESTRANGEIRO
V) DIREITOS POLÍTICOS DA CONSTITUIÇÃO E PARTIDOS POLÍTICOS

A) Introdução
1) Direitos políticos são instrumentos através dos quais a CF garante o exercício da soberania popular.
2) A demcracia participativa brasileira (arts. 1º, parágrafo único e 14, CF) é a base para a participação popular no poder através do
plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como pelo ajuizamento da ação popular).

B) Conceitos básicos:
1) Soberania popular: § único, art. 1º, CF.
2) Nacionalidade: vínculo jurídico-político que liga a pessoa a um Estado.
3) Cidadania: titularidade do direito de votar e ser votado.
4) Sufrágio: é o direito de votar e ser votado.
5) Escrutínio: é o modo através do qual se exercita o voto.

C) DIREITO POLÍTICO POSITIVO (DIREITO DE SUFRÁGIO)

1) Núcleo dos direitos políticos.

2) Caracteriza-se pela:
a) Capacidade eleitoral ativa: dá-se pelo voto, que pressupõe:
a.1) Alistamento eleitoral na forma da lei:
a.1.1. Obrigatório: maiores de 18 e menores de 70 anos.
a.1.2. Facultativo: maiores de 16 e 70 anos; menores de 18 e maiores de 16; analfabetos.
a.2) Nacionalidade brasileira (art. 14, § 2º; c);
a.3) Idade mínima de 16 anos (art. 14, § 1º, II, c);
a.4) Conscritos: serviço militar obrigatório temporário (soldados engajados, cabos, sargentos, suboficiais e oficiais são obrigados a
se alistarem como eleitores).
b) Capacidade eleitoral passiva: direito de ser votado; somente se torna absoluto com o preenchimento de todas as condições de
elegibilidade:
b.1) Condições de elegibilidade (art. 14, § 3º):
b.1.1) Nacionalidade brasileira;
b.1.2) Pleno exercício dos direitos políticos;
b.1.3) Alistamento eleitoral;
b.1.4) Domicílio eleitoral na circunscrição;
b.1.5) Filiação partidária;
b.1.6) Idade mínima de acordo com o cargo para o qual se candidata:
1. Vereador: 18 anos;
2. Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos;
3. Governador e Vice do Estado e DF: 30 anos;
4. Presidente, Vice e Senador: 35 anos.

3) O voto é direto, secreto, universal, periódico, livre, personalíssimo e igual para todos (cláusula pétrea, art. 60, § 4º, II, CF):
a) Direto: o cidadão vota sem intermediários.
a.1) Exceção: eleição indireta quando vagar os cargos de Presidente e Vice nos dois últimos anos de mandato (art. 81, § 1ªº, CF).
b) Secreto: não é possível dar publicidade à opção do eleitor.
c) Universal: não está ligado a qualquer condição discriminatória (censitário, capacitário).
d) Periódico: mandatos por prazo determinado.
e) Livre: pode ser feita a escolha por qualquer candidato, anular o voto ou votar em branco.
f) Personalíssimo: não se vota por procuração.
g) Igualitário: um homem, um voto.

D) DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS:


1) Fórmulas constitucionais restritivas e impeditivas de atividades político-partidárias, provando o cidadão do exercício dos seus
direitos políticos, bem como impedindo-o de eleger um candidato ou de ser eleito.
a) Inelegibilidades: circunstâncias constitucionais ou previstas em lei complementar que impedem o cidadão do exercício total ou
parcial da capacidade eleitoral passiva (art. 14, § 4º a 9º, CF)
a.1) Absolutas (art. 14, § 4º):
a.1.1) Inalistáveis: estrangeiros e conscritos.
a.1.2) Analfabeto: tem direito a votar, mas não pode ser votado.
a.2) Relativas: não pode eleger-se para determinados cargos, podendo, porém, candidatar-se e eleger-se para outros:
a.2.1) Em relação à função exercida para um terceiro mandato consecutivo: art. 14, § 5º, CF.
a.2.2) Em razão da função para concorrer para outros cargos (desincompatibilização): art. 14, § 6º. Para a reeleição não precisam.
a.2.3) Parentesco: art. 14, § 7º, CF.
a.2.4) Militares: art. 14, § 8º.
b) Privação dos direitos políticos – perda e suspensão:
b.1) Perda: arts. 15, I e IV e 12, § 4º, II, CF);
b.2) Suspensão: art. 15, II, III, V, CF; art. 37, § 4º.

E) Servidor Público (art. 38, CF);


1) Mandato letivo federal, estadual ou distrital – afasta-se do seu cargo, emprego ou função;
2) Prefeito: será atastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
3) Vereador: havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantages do seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo.
4) Tempo de serviço contado para efeitos legais.
5) Para efeitos previdenciários os valores serão determinados como se no exercício estivesse.

F) Partidos Políticos: art. 17, CF.

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