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Disciplina: Legislação Comercial

Professora: Ana Claudia Neves Rennó

Aula 01

Conteúdo programático: 1) Apresentação da ementa; sistema de avaliação;


bibliografia básica; 2) Distinção entre direito público e direito privado; pessoas;
personalidade e capacidade.

1) Ementa/conteúdo programático:

 Direito: Distinção entre Direito Público e Privado

 Pessoa: Pessoa Natural e Pessoa Jurídica

 Direito do Trabalho – Noções básicas

 Direito obrigacional: a) Lei de Introdução ao Código Civil; das pessoas


e dos bens; b) Obrigações, teoria geral, conceito, conteúdo,
classificações; c) Efeito das obrigações: pagamento; pagamento
indevido, transmissão, inadimplemento.

 Contratos: a) Conceito, requisitos, formação, vícios, arras, cláusula


penal, extinção dos contratos;

 Sociedades: a) Conceito, personalização, classificação, constituição e


dissolução, participação societária; b) análise de cada tipo de
sociedade;

 Títulos de Crédito: nota promissória; letra de câmbio; duplicata e


cheque.

 Direito do Consumidor: conceito, responsabilidade do fornecedor;


proteção do consumidor; práticas comerciais desleais e abusivas e
proteção do consumidor contra produtos defeituosos e perigosos.

Bibliografia: a parte.

Avaliação: Prova: Uma avaliação escrita por bimestre e trabalhos.

2) Direito público e direito privado; pessoas; personalidade e capacidade.

2.1.- Considerando a definição do direito como um conjunto de normas que


disciplinará as relações sociais em um determinado grupo, parte-se para a
divisão do próprio direito em uma árvore que se dividiria em inúmeros e
distintos galhos ou ramos.

São eles:
DIREITO PÚBLICO : São as relações nas quais se faz presente o Poder
Público, ou mesmo o interesse público e visa regular os interesses destes com
os particulares como membros de uma coletividade, e na defesa do interesse
público.

O direito público é composto de vários sub-ramos, quais sejam:

 direito constitucional;
 administrativo,
 penal,
 previdenciário,
 eleitoral,
 internacional público e privado,
 processual civil e penal,
 trabalhista,
 tributário e
 financeiro.
Em suma: O direito público é o responsável pela disciplina das relações
jurídicas de interesses públicos

DIREITO PRIVADO => É o ramo do direito que disciplina relações jurídicas


em que predominam imediatamente interesses particulares.
O direito privado divide-se, fundamentalmente, em dois ramos:
 civil e
 comercial

Tendência de unificação: Em diferentes países da Europa e no Brasil, já se


falou acerca da unificação destes dois ramos em um só. O novo Código Civil
brasileiro promoveu, ainda, importantes modificações no antigo Código
Comercial brasileiro de 1850, revogando toda a sua parte primeira, ou seja,
aquela concernente ao comércio em geral.

2.2.- PESSOAS; PERSONALIDADE E CAPACIDADE:

PESSOA: É O SUJEITO DE DIREITO E PODE SER

NATURAL (FÍSICA) OU JURÍDICA


PERSONALIDADE :

É inerente ao homem = atributo da dignidade do homem e que difere dos


demais (animais, vegetais, etc)
HOMEM ≠ ANIMAL
No direito, é a personalidade que atribui ao homem (livre) ser sujeito de direitos
e de deveres e obrigações.

Pessoa jurídica: Dá-se a personalidade, por extensão, às entidades que o


direito quer.
São cinco os atributos da personalidade:
Capacidade
Status (individual, familiar, social)
Fama
Nome
Domicílio

Exemplo: nas ações de indenizações

INÍCIO E TÉRMINO DA PERSONALIDADE

Pessoa física/natural = Conforme art. 2º do Código Civil, dá-se início à


personalidade com o nascimento com vida e término com a morte (art. 6º do
referido código).

Pessoa jurídica: Início com o registro (art. 45 do Código Civil)

CAPACIDADE :

É a possibilidade de praticar os atos.

Capacidade jurídica é a possibilidade de praticar atos da vida civil e produzir


efeitos no mundo jurídico.

=> Absolutamente incapaz: Art. 3º do Código Civil :

=> Relativamente incapaz:

=> Absolutamente capaz: Art. 5º do Código Civil = 18 anos


Parágrafo único, incisos I a V = hipóteses de cessar a incapacidade relativa
(emancipação legal ou voluntária)

CÓDIGO CIVIL:
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;


mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos; (Nota: Ver Lei nº 10.216, de
06.04.2001, DOU 09.04.2003, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
em saúde mental)
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os
exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,
tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial.
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de
ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente
poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo
a sentença fixar a data provável do falecimento.

Conteúdo programático: Direito do Trabalho: Trabalho x Emprego;


Empregado e Empregador; Direito do Trabalho na Constituição Federal; O
Contrato de Trabalho

RELAÇÃO DE TRABALHO = GÊNERO

RELAÇÃO DE EMPREGO = ESPÉCIE

I) Relação de Emprego
Relação de emprego é aquela formada entre as partes empregado e
empregador, definidas pelos artigos 2o e 3o da CLT.

1.1.- SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO SÃO:


A) EMPREGADO: Conceito = Art. 3o da CLT
• pessoa física (pessoalidade)
• presta serviços subordinados (subordinação)
• forma continuada (continuidade/habitualidade)
• mediante salário (onerosidade)
É o sujeito de direito e obrigações previstas na CLT.
Pessoalidade = é a pessoa contratada e não outra . Fica excluída a pessoa
jurídica, sob pena de caracterizar a locação de serviços, a
empreitada etc.
Subordinação = O empregado não possui liberdade de se auto-determinar,
devendo obedecer ao empregador (dirige a prestação de
serviços)
Exemplos: exigência de horário; de quem é a matéria prima,
quem arca com as despesas, etc..
Continuidade = rotina, um hábito a estabilizar o trabalho e a necessidade
constante do empregador em se valer desse serviço. Ex.:
Diarista x Empregada
Onerosidade = É também requisito essencial. Não há que se falar em relação
de emprego se o trabalho é “gratuito”. Exemplo: Trabalho
voluntário (Lei nº 9.608/98).

B) EMPREGADOR: Conceito = Art. 2o da CLT

Empresa - Pessoa física ou pessoa jurídica (seja empresa individual ou


coletiva); ou profissionais liberais ou as entidades definidas por lei; que
admitem o trabalhador para prestação de serviços mediante salário.
OBS: Empregador doméstico só se for pessoa física.
§ 1º = Equipara-se a empregador (portanto é empregador) Grupo
econômico ou grupo de empresas: São responsáveis solidários.
O trabalho para mais de uma delas não caracteriza duplicidade de contratos,
salvo ajuste em contrário.
Muitos autores defendem a tese de empregador único por parte do grupo,
cabendo a eles inclusive a possibilidade de equiparação salarial (461 da CLT)

II- Relação de Trabalho e os Tipos Especiais de Empregado


(trabalhadores). Aplicação da CLT.

Na ausência dos requisitos específicos das figuras do empregado e


empregador iremos encontrar outras espécies de trabalhadores aos quais não
se aplicam todas as normas da CLT.

São eles:
- Trabalhador eventual (Só não é empregado porque que lhe falta o
requisito da continuidade da prestação de serviços/habitualidade – Ex:
Chapa, Bóia Fria)
- Trabalhador Avulso = Trabalha nas condições do eventual, porém por
intermédio do sindicato.
- Estagiário; É o trabalho que visa o desenvolvimento de atividade
práticas que proporcionem o aprendizado. Atualmente regulado pela Lei
11.788 de 25 de setembro de 2008. (Dispõe sobre o estágio de
estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996)
- Doméstico; O tomador do serviço não exerce atividade econômica. Lei
n. 5.859/72. (agora também possui estabilidade desde a confirmação da
gravidez até 5 meses após o parto).
FGTS é opcional.
- Rural = É praticamente igual ao empregado da CLT.
- Temporário = A relação de emprego se da entre o trabalhador e a
empresa prestadora do serviço temporário. A prestação de serviços está
condicionada a duração máxima de 03 meses a um determinado
tomador, nas circunstâncias transitórias definidas pelo legislador, sob
pena de nulidade da contratação temporária e formação do vínculo
diretamente com o tomador. Lei n. 6.019/74.
- Trabalhador autônomo (Ele assume os riscos da atividade econômica –
Exemplo: Representante comercial – Lei 4.886/65 - alterada pela Lei nº
8.420, de 08.05.1992) – Neste caso, diferente do empregado, não
haverá a pessoalidade e nem a subordinação;

III) CONTRATO DE TRABALHO


3.1.- CONCEITO= ART. 442 DA CLT
3.2.- Princípios :
- Da norma mais favorável;
- Da irrenunciabilidade;
- Da continuidade da relação de emprego;
- Da primazia da realidade: Na controvérsia entre o que está no
documento trabalhista e o que os fatos revelam,
haverá a prevalência do sucedido no plano dos
fatos.
Ex: Contrato de parceria X Contrato de trabalho.
Prova documental = presunção relativa.

3.2.- REQUISITOS DE VALIDADE DOS CONTRATOS:


A) Art. 7o, inc. XXXIII – proibições.
B) Legitimidade: cidadão brasileiro; exercício legal da profissão.
C) Objeto = tipos de prestações de serviços
Objeto proibido => a prestação de serviços produz efeitos (Exemplo o
serviço do menor)
Objeto ilícito => a prestação de serviço não produz efeito, ex., prostíbulo,
jogo do bicho, contrabando.
D) Forma = É informal, tanto que se aceita o contrato tácito.

3.3) Espécies de contratos de trabalho e sua validade:


A lei divide os contratos de trabalho em dois grandes grupos, a saber:
A) Contrato por prazo indeterminado: É a regra geral em que as partes não
estabelecem o termo final do contrato.
Art. 487 da CLT = aviso prévio
Art. 477 da CLT = multa do FGTS (40%) – Decreto 99.684/90, art. 9o , §1o.
B.1) Contrato de trabalho por prazo determinado só é valido nas
seguintes circunstâncias:
a) serviço transitório = Art. 443, §2o, letra “a” (Ex: acúmulo de serviço no
final do ano);
b) atividade empresarial transitório = Art. 443, §2 o, letra “b” (fim da safra,
retorno do funcionário substituído);
c) contrato de experiência = Art. 443, §2o, letra “c”
-> Prazo máximo de duração = 02 anos.
-> Ocorrendo a suspensão, conta-se o período correspondente para efeitos de
duração do pacto.
-> Repercussões econômicas: Findo o pacto não haverá concessão de aviso
prévio, não cabe multa do FGTS, não há estabilidade;
contrato por prazo indeterminado.

IV) OUTRAS FORMAS DE RESPONSABILIDADE TRABALHISTA: Afora a


responsabilidade do empregador (art. 2º da CLT) pode ocorrer à
responsabilidade trabalhista sem vínculo empregatício, como ocorre na
terceirização, com o empreiteiro e subempreiteiro.
a) Terceirização = Enunciado 331, I, II e III e IV do TST
Quando a terceirização for lícita a responsabilidade patrimonial pelo contrato de
trabalhos será da empresa prestadora de serviços e a empresa tomadora de
serviços responderá de forma subsidiária.
Porém, quando a terceirização for ilícita, fora dos casos admitidos pelo
Enunciado 331 do TST, será necessário postular pela nulidade do contrato com
o prestador e a declaração de vínculo empregatício com o tomador de serviços.
Sucessivamente, deverá requerer a responsabilidade subsidiária.
b) Empreitada = Art. 455 da CLT
§ 1º e 2º = O dono da obra não pode ser considerado
empregador, exceto apenas quando se tratar de uma construtora imobiliária.
Vide OJ 191 DA SDI-1 DO TST (www.tst.gov.br)
c) Sucessão Trabalhista
Na nossa legislação não existe a responsabilidade do sucedido, excetuada a
hipótese de sucessão fraudulenta.
Art. 10 da CLT
OJ 261 da SDI-1 do TST (www.tst.gov.br)
Art. 448 da CLT= Considera o contrato (ambas as partes).
OBS: O contrato de trabalho só é intuitu personae em relação ao empregado,
portanto, esse não poderá se recusar a trabalhar para o sucessor.
Adquirente sucessor responde pelas obrigações decorrentes do contrato de
trabalho firmado por seu sucedido.

Os efeitos jurídicos iniciados ou não no período anterior mantêm-se ou se


produzem no novo período.
Ex.: Fusão de empresas
Sucessão de bancos;
Transformação da Sociedade Ltda. e Anônima.

Aula 03
Conteúdo programático: Direito das Obrigações
=> Direito Real
A obrigação garantida por direito real atribui a uma pessoa prerrogativa sobre
um bem, incidente sobre o direito de propriedade (direito sobre uma coisa),
Hipoteca, habitação, usufruto, etc. .
=> Direito Obrigacional
1) Conceito de obrigação: É o vínculo de direito pelo qual alguém se propõe a
dar, fazer ou não fazer alguma coisa em favor de outrem.
É um compromisso, dever, imposição, tarefa. Ou seja, é o vínculo pessoal de
direito existente entre devedores e credores tendo por objeto uma prestação ou
contraprestação de conteúdo econômico.
A prestação decorrente da obrigação deve ser possível, lícita, determinada ou
determinável, e reversível em pecúnia (dinheiro).
O direito das obrigações, de forma genérica, é regulado pelo Código Civil.
2) Elementos constitutivos da obrigação:
A) vínculo jurídico: dívida e responsabilidade;
B) as partes na relação obrigacional: sujeito ativo e passivo;
C) prestação: dar, fazer e não fazer alguma coisa.

3) Fontes das Obrigações:


A) contrato ;
B) delito (ex: reparar o dano decorrente de dolo);
C) lei (ex: impostos; alimentos);
D) quase-delito: Ex: reparar o dano de um quase-delito = é um crime praticado
com culpa (negligência / imprudência / imperícia).;

4) Breve classificação:

As Obrigações podem ser simples, complexas, solidárias, de meio e de


resultado; de dar; fazer e não fazer:
A) Simples: nelas há somente um credor, um devedor e um objeto; Exemplo:
direito de exigir o pagamento de uma nota promissória ou pintar um quadro. (O
direito contra uma pessoa). Pode existir débito e responsabilidade
(juridicamente exigíveis) contrato, cheque, etc.
B) complexas: pode ocorrer mais de um credor, mais de um devedor e/ou
mais de um objeto. Exemplo: Pode existir débito e não existir responsabilidade
(juridicamente inexigíveis) exemplo: dívida de jogo, dívida prescrita etc.
As obrigações complexas, ainda podem ser: cumulativas e alternativas (cumpre
uma ou outra)
A quem cabe a escolha da obrigação alternativa? Art. 252 do CCivil.
C) Solidárias - ativa ou passiva - cada um dos solidários tem direito ao
recebimento inteiro da dívida quando são credores, ou obrigação do
pagamento da dívida inteira, quando são devedores.
Exemplo: Fiança
Art. 265 do Código Civil
Na obrigação solidária sempre caberá o direito de regresso entre credores ou
devedores solidários.
D) Obrigações de meio e de resultado;
E) Obrigações de dar: consiste na entrega de alguma coisa pelo devedor ao
credor;
D.1) Obrigação de dar coisa certa (infungível): objeto perfeitamente
determinado (Por exemplo: uma determinada pintura; esta bicicleta - o
cachorro Pery - (não pode ser substituída por outra igual).

ARTS. 233 A 242 DO CÓDIGO CIVIL


O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que
mais valiosa;
A tradição e a transferência do domínio: a propriedade das coisas não se
transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição;

Perecendo a coisa por culpa do devedor: responderá o culpado pelo


equivalente, devendo ainda, compor as perdas e danos;
Perecendo a coisa sem culpa do devedor: pode o credor considerar
resolvida à obrigação; ou pode aceitar a coisa, abatida no preço o valor do
estrago.

D.2) Obrigação de dar coisa incerta (fungível): tem por objeto a entrega de
coisa não considerada em sua individualidade. Significa dizer que o bem
pode ser substituído por outro do mesmo tipo ou qualidade. Exemplo: (um
apartamento, uma bicicleta, um saco de sal).

ART 246 A 246 DO C.CIVIL

E) OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER: tem por objeto a pratica ou


abstenção de determinado ato. Exemplos: Erguer uma cerca;

Proibição de edificação com determinada proximidade ou em


determinada região.Quando não cumprida a obrigação de fazer ou de não fazer
esta se resolve em pecúnia (pagamento em dinheiro);

ART.247 A 249 DO CPC

Aula 04 (11/03/2009)
Conteúdo programático: Direito das Obrigações (parte II)
I- QUESTÕES APLICADAS EM SALA:

1) Contratação do cantor – que tipo de obrigação teremos? E se ele não


cantar, qual a conseqüência?

Resposta: Teremos uma obrigação de fazer. Se ele não cantar, deveremos


analisar se houve culpa ou não. Em caso de culpa, o cantor responderá por
perdas e danos (deverá indenizar o contratante); não havendo culpa, não
haverá indenização.

2) Reinaldo compromete-se com Joaquina a construir-lhe uma piscina ou


pagar-lhe quantia equivalente ao seu valor, liberando-se do vínculo
obrigacional se realizar uma dessas prestações. Trata-se de que tipo de
obrigação ?
Resposta: A obrigação é alternativa, nos termos do art. 252 do Código Civil.
O devedor se libera com o cumprimento de uma delas.

3) Se “A” deve pagar a “B” R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) ou entregar-


lhe um imóvel, mas esse se torna inalienável o que ocorrerá com a
obrigação?

Resposta: Ocorrendo a impossibilidade material ou jurídica de uma das


prestações, deve ser aplicada a tese da redução do objeto prevista no art.
253 do Código Civil, permanecendo válida a obrigação com relação à
prestação remanescente.

4) O devedor de coisa indicada apenas pelo gênero e quantidade possui


uma obrigação fungível ou infungível?

Resposta: No caso, o devedor possui uma obrigação fungível, conforme


disposto no art. 243 do Código Civil:

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero


e pela quantidade.

II.- EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES = EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

A obrigação é um direito temporário, e não um direito perpétuo. Ela já nasce


visando o seu cumprimento (a sua extinção).

A extinção da obrigação pode se dar através do pagamento (direto ou indireto);


por via judicial; ou ainda sem pagamento.

I- PAGAMENTO: Forma de cumprimento ou adimplemento que gera a extinção


da obrigação. O pagamento é o cumprimento voluntário.

O pagamento pode ser direto ou indireto:

1.1) No pagamento direto a obrigação é satisfeita e a prestação é cumprida da


forma prevista.

Há, também, formas especiais de pagamento:

a) Pagamento por consignação: O devedor deposita a coisa devidas, dando


por cumprida a obrigação líquida e certa.

Arts. 334 do CC: Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o


depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida,
nos casos e forma legais.

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo


e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado


ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o


objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Exemplo: Havendo dúvida quanto ao efetivo credor, deve ser consignado o


pagamento.

b) Pagamento com sub-rogação:

É uma alteração na obrigação onde ocorre a substituição de uma pessoa ou da


coisa em face da relação jurídica.

Exemplo: O fiador paga a dívida do locatário e se sub-roga nos direitos do


locador para cobrar a dívida.

A matéria é tratada nos artigos 346 a 351 do Código Civil.

c) Imputação do pagamento:

Hipótese em que uma pessoa é obrigada por dois ou mais débitos da mesma
natureza em relação ao mesmo credor, deverá indicar (imputar) qual o débito
está saldando.

Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma


natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles
oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas


líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação
de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita
pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

1.2) No pagamento indireto a obrigação é satisfeita, mas não pelo


cumprimento da prestação conforme ela estava prevista.

-> Dação em pagamento:

Ocorre quando as duas partes, de comum acordo, aceitam o recebimento de


uma coisa por outra.
Diz o código civil:

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da


que lhe é devida.

Mas se a coisa dada em substituição apresentar um vício?

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento,


restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a
quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

-> Novação:

Para extinção da obrigação as partes criam uma nova obrigação.

Art. 360. Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e


substituir a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o


credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído


ao antigo, ficando o devedor quite com este.

Ex: Financiamento da casa própria. O atraso nas prestações gera um saldo


devedor que pode ser pago através de uma novação daquela obrigação.

Até que essa “nova” obrigação não cumprida, a anterior não será considerada
quitada.

-> Compensação:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor


uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem.

-> Confusão:

Ocorre quando a pessoa do credor e devedor confundem-se entre si,


extinguindo a obrigação.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se


confundam as qualidades de credor e devedor.

Ex: José é credor de seu tio Antônio, morrendo este e sendo José seu único
herdeiro, extingue-se a obrigação por confusão.
-> Remissão de dívida:

É o perdão da dívida como forma de extinção da obrigação.

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a


obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

II- EXECUÇÃO FORÇADA (JUDICIAL)

A ação judicial é o meio através do qual o credor deverá utilizar para satisfação
da dívida não cumprida.

III- EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SEM PAGAMENTO

A extinção da obrigação sem o pagamento pode ocorrer, por exemplo, na


hipótese de prescrição da dívida.

Outra hipótese, é a remissão, ou seja, o perdão da dívida como forma de


extinção da obrigação.

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a


obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

IV – MORA

É o atraso no cumprimento da obrigação e poderá acarretar inúmeras


conseqüências.

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o


pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e
forma que a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao


credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e
danos.

V – CLÁUSULA PENAL

É a penalidade imposta pela inexecução da obrigação ou por seu atraso.

Aulas 06 e 07

Conteúdo programático: CONTRATOS


I) CONCEITO: são os negócios jurídicos bilaterais, decorrem da
manifestação de mais de uma vontade;

II) ELEMENTOS CONSTITUTIVOS E PRESSUPOSTOS DE VALIDADE


DOS CONTRATOS:

A vontade manifestada;
Idoneidade do objeto
Capacidade das partes
Obediência à forma quando prescrita em lei.
Coincidência de vontades

III) CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS:

A) unilaterais e bilaterais;
B) contratos onerosos e gratuitos;
C) cumulativos e aleatórios
D) causais e abstratos;
E) consensuais e reais
F) solenes e não solenes
G) nominados e inominados
H) principais e acessórios;
I) de execução instantânea e de execução diferida no futuro;
J) preliminares e definitivos;
K) paritários e de adesão;

IV)CONSIDERAÇÕES GERAIS:

Princípio da boa-fé: é um conceito ético, moldado nas idéias de proceder


com correção, com dignidade, pautando sua atitude pelos princípios da
honestidade, da boa intenção e no propósito de a ninguém prejudicar.

A manifestação de vontade: pode ser expressa ou tácita

Expressa: é aquela externada, pode se revelar por meio da palavra, escrita


ou oral, como ainda por gestos;

Tácito: provém de atos do agente, incompatíveis com a decisão contrária

O Silêncio como manifestação da vontade: Excepcionalmente, tem-se


admitido a função vinculadora do silêncio, quando em virtude de
circunstâncias específicas, a inércia de uma das partes deve ser
compreendida como aceitação.

A formação do contrato e as negociações preliminares:

Forma-se o contrato pelo encontro concordante de duas declarações


receptícias;
a) A proposta: é a oferta dos termos de um negócio, convidando a outra
parte a com eles concordar.

b) A aceitação: consiste na formulação da vontade concordante, feita dentro


do prazo e envolvendo adesão integral à resposta recebida.

Lugar em que se reputa celebrado o contrato: aquele que foi proposto –


artigo 435 do Código Civil;

Exemplos de contratos:

INSTRUMENTO PARTICULAR DE VENDA E COMPRA

Por este instrumento particular, e na melhor forma de direito, onde figuram,


de um lado, ///////////////////, brasileira, comerciante, inscrita no CPF sob
n° ////////////////////, doravante qualificada como VENDEDORA, e, de outro
lado, /////////////////////////, brasileira, administrador de empresas, inscrita no
CPF sob n° ///////////////////////, com endereço na Rua //////////////, doravante
designada COMPRADORA, têm entre si, como justo e contratado, o quanto
segue:

1) O objeto do presente contrato é a compra e venda dos seguintes móveis


de propriedade da vendedora: 05 máquinas de tear marca ////, modelo, ano
de fabricação /////, ora vistoriadas.

2) Pelo presente contrato, a COMPRADORA se obriga pelo pagamento à


VENDEDORA, da importância líquida de R$ //////////////// (/////////////reais) em
três parcelas, sendo a primeira no valor de R$ //////////////// (/////////////reais); a
segunda no valor de R$ //////////////// (/////////////reais) e a terceira no valor de
R$ //////////////// (/////////////reais), com vencimentos respectivamente
em ///////////////////////.

3) Nesta data, a VENDEDORA transfere a posse dos bens à


COMPRADORA, que assume a posse direta dos mesmos;

4) O presente contrato é feito em caráter irrevogável e irretratável, não


cabendo às partes o direito de arrependimento, devendo as mesmas, por si
ou seus sucessores, responderem pelo integral cumprimento de todas as
obrigações estipuladas.

5) Deixando o COMPRADOR de efetuar o pagamento das parcelas


especificadas na cláusula terceira, poderá VENDEDOR considerá-lo em
mora, ficando o contrato rescindido de pleno direito, após decorrido trinta
(30) dias contados do vencimento da parcela, hipótese em que poderá a
VENDEDORA retomar os bens, perdendo o COMPRADOR as parcelas
porventura já pagas, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

6) No prazo acima estipulado de trinta (30) dias, poderá o COMPRADOR


purgar a mora em que haja incidido, compreendendo-se na purgação o
pagamento do principal, juros moratórios de 1,0% ao mês ou fração
contados do vencimento da parcela vencida e multa penal irredutível de
10% (dez por cento) sobre o débito em atraso, bem como o reembolso das
despesas havidas.

7) As partes elegem o Foro da Comarca de Londrina, Estado do Paraná, para


nele serem dirimidos eventuais litígios oriundos do presente contrato.

E, por estarem assim justas e contratadas, assinam, VENDEDORA e


COMPRADORA, o presente instrumento, em 02 (duas) vias de igual teor,
forma e validade, na presença de 02 (duas) testemunhas, para que produza
os seus jurídicos e legais efeitos.

Londrina, /// de /////// de ////.

/////////////////////I
VENDEDORA

///////////////////////////
COMPRADORA

TESTEMUNHAS:

____________________________

____________________________

CONTRATO DE COMODATO

De um lado, ____________________, (qualificar a empresa representada),


proprietário do bem descrito na cláusula primeira deste instrumento,
denominado simplesmente de COMODANTE; de outro, ___________________,
(qualificar o vendedor comodatário), brasileiro, casado, vendedor, inscrito
no CPF/MF sob o nº , residente e domiciliado na Cidade de _____________,
na Rua ____________, denominado simplesmente de COMODATÁRIO, têm
entre si justo e contratado o presente contrato de comodato, nos termos do
artigo 579 do Código Civil Brasileiro, que se regerá pelas cláusulas e
condições seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA: O COMODANTE dá em COMODATO ao COMODATÁRIO


um _________(modem infra 56K, Pegazus III, Palm Tungsten, modelo E), de
sua propriedade, conforme nota fiscal nº ___________.

CLÁUSULA SEGUNDA: O prazo de duração do COMODATO é de


_________(especificar o tempo) a contar da data da assinatura do presente
instrumento.

CLÁUSULA TERCEIRA: O COMODATÁRIO compromete-se a conservar o bem,


caso seja necessário, a fim de manter o bem nas mesmas condições em que
lhe foi entregue, sob pena de rescisão contratual e ainda responder por
perdas e danos.
CLÁUSULA QUARTA: Se, ao término do presente instrumento ou do contrato
de representação comercial mantido entre as partes, ocorrer à mora por
parte do COMODATÁRIO, este, além de por esta responder, ficará obrigado
ao pagamento de aluguel no valor de R$ _______.

As partes elegem o Foro de xxxxx para dirimir eventuais conflitos oriundos


desse contrato.

E assim, por estarem justos e contratados, assinam o presente contrato em


três vias de igual teor e forma, na presença de duas testemunhas abaixo
assinadas e identificadas.

Londrina, _____ de _________ de 2009.

COMODANTE:

COMODATÁRIO:

TESTEMUNHAS:

V) EFEITOS DOS CONTRATOS

5.1 EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Diz o artigo 476 do Código Civil: Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento
da do outro.

Isso ocorre porque há dependência recíproca das prestações, que por serem
simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo. Exemplo: Na compra e venda
a vista, a obrigação de pagar o preço e entregar a coisa deve ocorrer de
forma simultânea.

O mesmo se aplica para o caso de cumprimento incompleto ou defeituoso.

Caso prático: Jurisprudência

Não socorre a tese esposada pela empresa de telefonia no sentido de que


houve descumprimento por parte da apelada das cláusulas quinta e sétima
da avença (conducentes à notificação da má qualidade dos serviços), já que
não se pode exigir do consumidor que cumpra suas obrigações contratuais
se o mesmo não é feito pelo fornecedor dos serviços. Deve-se atentar para
o princípio da exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti
contractus), esculpido no artigo 476 do CC/ (TJSE – AC 0783/2007 – (Proc.
2007202317) – (20076890) – 1ª C.Cív. – Relª Desª Clara Leite de Rezende –
J. 02.10.2007)
132142175 JNCCB.476 JCPC.20 JCPC.20.4 – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
– TERRACAP – OUTORGA DE ESCRITURA PÚBLICA – IMÓVEL AINDA NÃO
QUITADO – EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO – SENTENÇA
REFORMADA – 1. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes
de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro, nos
termos do artigo 476 do Código Civil. No caso em exame, a autora não
cumpriu sua obrigação de quitar o imóvel que ocupa, não podendo exigir
que a terracap cumpra sua obrigação contratual de outorgar-lhe a escritura
pública do imóvel. 2. Recursos conhecidos. Deu-se provimento ao recurso
da terracap para reformar a r. Sentença para julgar improcedentes os
pedidos formulados na inicial. Condenou-se a autora ao pagamento das
custas processuais e de honorários advocatícios, fixados em r$ 1.500,00
(um mil e quinhentos reais), na forma do artigo 20, § 4º, do Código de
Processo Civil. Julgou-se prejudicado o recurso adesivo da autora,
pretendendo a majoração da verba honorária. (TJDFT – APC
20030110532384 – 3ª T.Cív. – Rel. Des. Roberval Casemiro Belinati – DJU
07.12.2006 – p. 176)

5.2.-DIREITO DE RETENÇÃO

É a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder a


coisa alheia, que já detém legitimamente, além do momento em que
deveria restituir, até que ocorra o pagamento do que lhe era devido.
Exemplo: Retenção do imóvel para ressarcimento de benfeitorias úteis e/ou
necessárias.

5.3.- ARRAS OU SINAL (Arts. 417 a 420 do Código Civil)

É uma quantia em dinheiro ou coisa, entregue por um dos contratantes ao


outro, para assegurar o cumprimento da obrigação.

Trata-se de uma garantia para o cumprimento do contrato e, também, um


princípio de pagamento.

Existem duas espécies:

a) Arras penitenciais: Quando o contrato permite o arrependimento.

Conseqüências:

-> quem deu o sinal e se arrepende, perde-o;


-> quem recebeu o sinal e se arrepende, devolve-o em dobro;

b) Arras confirmatórias: Quando o contrato não prevê e não


permite o arrependimento.

Conseqüências:

-> Não é possível o arrependimento;


-> O contrato torna-se obrigatório;
-> Se qualquer das partes não cumprir o contrato, cabe rescisão com
perdas e danos.
5.4.- VÍCIO REDIBITÓRIO (Arts. 441 a 446 do Código Civil)

São os defeitos ocultos na coisa objeto de contrato comutativo que a


tornam imprópria ao uso a que se destina ou que lhe diminuem
sensivelmente o valor, de tal modo que, no ato da negociação, se fosse de
conhecimento do adquirente, o negócio não se realizaria.
Por conseqüência, da-se ao adquirente o direito de redibir (restituir) o
contrato ou obter o abatimento do preço.
Exemplo: Cavalo puro sangue doente.

Previsão legal:

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser


enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a
que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que


recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça


em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo
da tradição.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento


no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for
imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se
da alienação, reduzido à metade.

§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um
ano, para os imóveis.

§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios


ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos
locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver
regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de


cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de
decadência.

VI- PROIBIÇÕES DE VENDA E DE COMPRA

Os contratos de compra e venda possuem, dentre outras peculiaridades, as


seguintes proibições:
a) Proibição de venda:

-> A lei civil proíbe que ascendentes vendam aos descendentes sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, salvo de
o regime de casamento for de separação obrigatória (art. 496 do CC). A
inobservância acarreta a anulação da compra e venda, isto porque essa
“venda” poderia simular uma doação em prejuízo aos demais herdeiros.

-> pessoa casada (exceto e regime de separação absoluta) não pode alienar
ou gravar bem imóvel sem anuência do cônjuge (art. 1647 do CC)
-> consortes não poderão, em regra, fazer contratos entre si, pois a compra
e venda entre marido e mulher é proibida (na comunhão universal a compra
e venda seria fictícia).

b) Proibição de compra

- Tutor, curador, testamenteiro e administradores, não podem comprar os


bens confiados a sua guarda;

- pelos mandatários, os bens que lhe foram confiados;

- pelo funcionário público, os bens da União, Estados e Municípios que


estiverem sob sua administração;

- pelos juízes e serventuários, os bens levados a hasta pública.

VII- EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL

Como qualquer negócio jurídico, o contrato possui um clico de existência:


nasce da vontade das partes – passe pelo seu cumprimento e atinge seu
fim.

Doutrinariamente a extinção contratual ocorre de duas formas:

7.1.- Normal :

Quando se da a execução propriamente dita, ou seja, o cumprimento


(quitação)

7.2.- Rescisão ou dissolução:

Ocorre quando o contrato é extinto antes de seu cumprimento. Assim, a


rescisão é o gênero e pode dar-se por:

a) causas anteriores ou contemporâneas:

-> Nulidades : Exemplo, se constatada a incapacidade, a ilicitude do objeto,


etc.

-> Condição resolutiva (Ex. Art. 474, primeira parte e 128 do Código Civil

-> Direito de Arrependimento. É possível às partes contratarem a hipótese


de arrependimento. Esse direito pode ser previsto em contrato, bem como
na lei, como no caso do art. 49 do CDC (Código de Defesa do Consumidor),
para o qual o legislador permite ao consumidor a desistência do contrato,
dentro de sete dias, contados da assinatura ou do recebimento do produto,
sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou em domicílio, sendo os valores pagos
devolvidos de forma atualizada.

b) causas supervenientes:

-> Resolução = descumprimento voluntário ou involuntário.

-> Resilição = acordo entre as partes.

-> Morte de um dos contratantes em obrigações personalíssimas.

Aula 07

Conteúdo programático: Proibições de venda e compra; Extinção da Relação


Contratual.

I- Proibições de venda e de compra

Os contratos de compra e venda possuem, dentre outras peculiaridades, as


seguintes proibições:

a) Proibição de venda:

-> A lei civil proíbe que ascendentes vendam aos descendentes sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, salvo de o
regime de casamento for de separação obrigatória (art. 496 do CC). A
inobservância acarreta a anulação da compra e venda, isto porque essa
“venda” poderia simular uma doação em prejuízo aos demais herdeiros.

-> pessoa casada (exceto e regime de separação absoluta) não pode alienar
ou gravar bem imóvel sem anuência do cônjuge (art. 1647 do CC)
-> consortes não poderão, em regra, fazer contratos entre si, pois a compra e
venda entre marido e mulher é proibida (na comunhão universal a compra e
venda seria fictícia).

b) Proibição de compra

- Tutor, curador, testamenteiro e administradores, não podem comprar os bens


confiados a sua guarda;

- pelos mandatários, os bens que lhe foram confiados;

- pelo funcionário público, os bens da União, Estados e Municípios que


estiverem sob sua administração;

- pelos juízes e serventuários, os bens levados a hasta pública.


II- Extinção da Relação Contratual

Como qualquer negócio jurídico, o contrato possui um clico de existência:


nasce da vontade das partes – passe pelo seu cumprimento e atinge seu fim.

Doutrinariamente a extinção contratual ocorre de duas formas:

1.1.- Normal :

Quando se da a execução propriamente dita, ou seja, o cumprimento (quitação)

1.2.- Rescisão ou dissolução:

Ocorre quando o contrato é extinto antes de seu cumprimento. Assim, a


rescisão é o gênero e pode dar-se por:

a) causas anteriores ou contemporâneas:

-> Nulidades : Exemplo, se constatada a incapacidade, a ilicitude do objeto,


etc.

-> Condição resolutiva (Ex. Art. 474, primeira parte e 128 do Código Civil

-> Direito de Arrependimento. É possível às partes contratarem a hipótese de


arrependimento. Esse direito pode ser previsto em contrato, bem como na lei,
como no caso do art. 49 do CDC (Código de Defesa do Consumidor), para o
qual o legislador permite ao consumidor a desistência do contrato, dentro de
sete dias, contados da assinatura ou do recebimento do produto, sempre que a
contratação se der fora do estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou em domicílio, sendo os valores pagos devolvidos de forma
atualizada.

b) causas supervenientes:

-> Resolução = descumprimento voluntário ou involuntário.

-> Resilição = acordo entre as partes.

-> Morte de um dos contratantes em obrigações personalíssimas.

Aula 08

Conteúdo programático: Atividade empresarial –


Sociedades.

I) ATIVIDADE EMPRESARIAL:

Aqui vamos regular a atividade econômica exercida pelo particular.


O atual Código Civil dispõe que:

Art. 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.

É a evolução do antigo conceito de “comerciante” (pessoa física ou jurídica que


exercia atos de intermediação) que agora inclui em sua atividade a produção.

Conceitos básicos:

 Profissionalismo: Empresário deve exercer sua atividade de forma


habitual, não sendo considerado empresário aquele que a exerce
esporadicamente; também não poderá ser empregado; é o detentor das
informações de seus produtos e por eles deverá responder.
 Exercer uma atividade;
 Econômica: é a busca do lucro através da atividade;
 Organizada: quatro fatores pertencem à organização empresarial:
capital, mão de obra, insumos e a tecnologia.
 Produção de bens ou serviços: produção de bens é a fabricação de
mercadorias e a produção de serviços é a prestação deste.
 Circulação de bens ou serviços: representa a intermediação de bens ou
serviços.

1.2) Tipos de empresários:

Assim como o comerciante, o empresário pode ser:

a) pessoa física, chamado empresário individual;


b) pessoa jurídica (coletivo), denominado sociedade empresária.

1.3) Principais obrigações do empresário:

 registrar-se na Junta Comercial;


 manter a escrituração regular de seus negócios;
 levantar demonstrações periódicas (financeiras);

1.4) Órgãos de registro

DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comercio;

Junta Comercial do Estado

1.5) Estabelecimento empresarial – É todo o complexo de bens organizado


para o exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária.

II) SOCIEDADES:
Classificação das Sociedades Empresariais

São 05 tipos;

- Nome Coletivo
- Comandita Simples
- Comandita por Ações
- Anônima
- Por quota de Responsabilidade Limitada

Os empreendedores não podem se associar a não ser por meio de um destes


tipos descritos acima.

Importância Econômica -> Somente a Limitada e Anônima

As outras, face às suas disciplinas estarem inadequadas às características da


economia atual, são constituídas apenas para atividades de menor importância
e tamanho.

Ano de 2007 – Registro nas Juntas Comerciais

631.000 Sociedades Limitadas


7.460 Anônimas
1.260 Sociedades de outros tipos

2.1- Critérios para Classificação das Sociedades Empresariais

Sociedade de Pessoa ou Capital

Depende do grau de dependência da sociedade em relação às qualidades de


seus sócios.

Mesmo não existindo uma sociedade sem sócio e capital, aqui veremos qual é
a prevalência de um em relação ao outro.

Em algumas sociedades, o sucesso do empreendimento depende quase que


exclusivamente dos atributos e das competências de seus sócios, em outras,
são irrelevante estes atributos, sendo somente o capital investido no
empreendimento que interessa.

Ex: – Limpadores de piscina (depende dos atributos dos sócios)


Ex: – Compra de Ações de uma S.A (independe dos atributos dos sócios)

Nas sociedades onde o valor dos atributos dos sócios tem relação direta com o
desenvolvimento e sucesso do empreendimento, caso algum sócio queira
alienar sua participação poderá fazer somente com a anuência de seu(s)
sócio(s).
Nas sociedades onde é irrelevante os atributos dos sócios, pode-se alienar
suas ações independentemente da autorização dos sócios.

O critério para definir as sociedades em de Pessoas ou de Capital é útil face às


conseqüências relativas às condições de cessão/alienação da participação
societária

De Pessoas -> Sociedade em Nome Coletivo


Comandita Simples

De Capital -> Sociedades Anônimas


Comandita por Ações
De Capital ou de Pessoas -> Sociedade Limitada de acordo com contrato
Social

Sociedades Contratuais e Institucionais

Diz respeito ao regime de constituição e dissolução do vínculo societário.

Sociedades Contratuais -> São constituídas por um contrato entre sócios


(natureza contratual)

Sociedade em Nome Coletivo


Comandita Simples
Limitada

Institucionais -> depende também da vontade, mas não esta revestido de


natureza contratual.

Sociedades Anônimas
Comandita por Ações

A diferença diz respeito à aplicação, ou não, do regime do direito contratual às


relações entre os sócios.

Sociedades Contratuais – Instrumento CONTRATO SOCIAL – Código Civil


Sociedades Institucionais – instrumento ESTATUTO – Lei 6404/76 –LSA

Responsabilidade dos Sócios

O patrimônio social responde pelas obrigações da sociedade e enquanto não


exaurido, não se pode chegar ao patrimônio particular dos sócios.

A regra é o da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas


obrigações sociais. Apenas na sociedade em comum o sócio que atuar como
representante legal responde diretamente.

As sociedades se classificam, em razão do tipo de responsabilidade dos sócios


em 03 grupos -> Ilimitadas (Nome Coletivo)
Mistas (Comanditas)
Limitadas (Sociedade Limitada e Anônima)

Questionário Legislação Comercial

1) Quais são, em relação às responsabilidades dos sócios, as classificações


existentes?

2) Por que dizemos que, dentre os tipos de sociedades empresariais, as mais


importantes para o nossa sociedade são a Sociedade Anônima e a Limitada?

3) O que você entende por Sociedade de Pessoas?

4) O que você entende por Sociedade de Capital?

5) O que diferencia a Sociedade de Pessoas com as de Capital?

6) Por que é interessante para o direito saber se as sociedades são de Capital


ou de Pessoas?

7) O que você entende por Sociedade Institucional?

8) O que você entende por Sociedade Contratual?

9) Quais são as Sociedades que são Institucionais?

10) Quais são as Sociedades que são Contratuais?

11) Qual ou quais são as diferenças entre as Sociedades Institucionais e


Contratuais?

12) Explique esta frase:


“O patrimônio social responde pelas obrigações da sociedade e enquanto não
exaurido, não se pode chegar ao patrimônio particular dos sócios.”

13) O que você entende por subsidiariedade da responsabilidade dos sócios?

14) Qual é a exceção da regra da subsidiariedade da responsabilidade dos


sócios? Qual é o fundamento para tal exceção?

15) Quais são os três tipos de nomenclaturas que as sociedades apresentam


em relação à responsabilidade dos sócios?

Disciplina: Legislação Comercial

Professora: Fernanda Rocha


Aula 09

Conteúdo programático: Sociedade Limitada


A) Sociedade Limitada

Criada para atender às necessidades de pequenos e médios empreendedores


que queriam investir na exploração de atividades econômicas com segurança
também aproveitando o conceito da responsabilidade dos sócios usada nas
sociedades anônimas.

Característica: voltada para pequenos e médios empreendimentos.

Conceito surgido na Inglaterra (1862), chega ao Brasil em 1865 (Ministro da


Justiça Nabuco de Araújo) sendo rejeitada em 1867. Alemanha 1892 deixa de
ser uma sociedade anônima simplificada e passa a ser um tipo próprio de
organização societária.

Nem tanto de Pessoas, nem tanto de Capital

E agora??? Qual é a legislação aplicável?

Regime disciplinar é o Código Civil de 2002 (art. 1052 ao art. 1087)

Constituição e Dissolução da Sociedade

Quando o Código Civil for omisso em relação a alguma matéria, a disciplina a


ser usada pode ser tanto a da sociedade simples, quanto da sociedade
anônima (expressa no contrato – LSA utilizada somente e tão somente nas
omissões. Ela (LSA) é supletiva ao Código Civil).

A utilização da LSA esta ligada às matérias sujeitas à negociação.

Mesmo o sócio que não integralizou o capital social recebe um voto por ação
(quotas subscritas)

Quanto a natureza, pode ser :

-> De Capital ou

-> De Pessoas

A natureza estará definida no contrato social e deverá ser decidida no ato


constitutivo.

-> Caso esta cláusula identifique que a venda das quotas depende da
autorização dos outros sócios, temos uma Sociedade de Pessoas.

-> Caso a cláusula disponha o contrário, ou seja, a cessão das cotas


independe da anuência dos outros sócios, temos uma Sociedade de Capital.
Em caso de omissão no contrato da cláusula que especifique a sua natureza, a
disciplina a ser seguida é a do Código Civil. Então a sociedade será de
Pessoas.

Caráter Personalíssimo ou Capitalista da Sociedade.

1) Constituição da Sociedade Limitada

Quando há empreendedores dispostos a somar esforços em busca de um


objetivo comum podem eles associar-se através de um contrato. Porém, temos
que observar que, mesmo sendo a sociedade limitada criada através de um
contrato, nem todas as sociedades empresárias se classificam como
contratuais.

É um contrato plurilateral

Contratos Plurilaterais – duas o mais partes (contrato social). Dois ou mais


sócios assumem, CADA UM PERANTE TODOS OS OUTROS, obrigações
relacionadas à exploração CONJUNTA de atividade econômica.

Relação direta com a coordenação do escopo comum (coordenação dos


interesses antagônicos dos sócios)

- dois ou mais sócios geram uma outra pessoa (jurídica) com deveres,
obrigações e direitos diferentes das dos sócios.

- os atos constituintes de pessoa jurídica geram relações obrigacionais entre os


seus participantes, e entre estes e o novo sujeito.

2) Pressupostos de Existência da Sociedade

2.1) Pluralidade dos Sócios

Precisa haver no mínimo 2 sócios para a existência do contrato social.


Ninguém pode contratar consigo mesmo. Podem ser 02 pessoas físicas ou
jurídicas. O Direito não permite a limitada originariamente unipessoal. A Única
hipótese que o direito admite a condição de unipessoalidade originária se dá na
subsidiária integral, que é formada por iniciativa de uma sociedade brasileira,
subscritora de todas as ações emitidas. Mas é uma sociedade institucional por
não ser baseada em um contrato social (regida por estatuto).

Hoje muitos países já admitem a figura da sociedade limitada unipessoal. Muito


parecida com a dinâmica das S/A.

Como o direito Brasileiro não aceita a sociedade originária unipessoal, como


fazer então se alguém quiser abrir uma empresa ?????
Uma saída seria chamar alguém próximo para constituir uma sociedade. Em
contrato, seria estabelecido que a partes fossem divididas em, 99% para o
sócio que tem o capital dono de todo o projeto e, somente 1% ao outro sócio

Atenção para a Affectio Societatis – é a vontade dos sócios em constituir e


manter uma sociedade uns com os outros. Quando não existe esta vontade
entre os sócios a sociedade vem a se dissolver.

2.2) Cláusulas Contratuais

As sociedades limitadas são constituídas por um contrato social formado por


cláusulas que demonstrem o acordo obtido pelos sócios.

Estrutura igual a qualquer outro contrato privado – preâmbulo, com a


identificação e qualificação das partes contratantes, seguido das disposições
de vontade agrupadas em ordem e tópicos numerados.

2.2.1) Cláusulas Essenciais: Indispensáveis para o registro na Junta


Comercial. Art. 997 CC.

a) nome, nacionalidade, estado civil e residência dos sócios, se pessoas


físicas, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se
jurídicas;
b) Objeto Social;
c) Capital social expresso em reais;
d) A quota do capital social cabível a cada sócio;
e) Participação dos sócios no resultados
f) Nome e qualificação dos administradores (pode ser em ato separado);
g) Nome da sociedade empresária (denominação ou firma)
h) Localização da sede e filiais
i) Duração (determinada/indeterminada)

2.2.2) Cláusulas Acidentais: São as matérias contratadas pelos sócios, como


por exemplo as cláusulas que autorizam o pro labore, definem os
procedimentos que devem ser adotados no caso me morte de sócio,
parcelamento de reembolso nos casos de retirada ou expulsão. Quando tratar
de assuntos relativos a por exemplo estratégia, política de distribuição de
resultados entre outros, podem os sócios pactuarem em documento apartado
do contrato social

3) Integralização do Capital Social

Obrigação contraída pelo sócio em disponibilizar os recursos necessários ao


empreendimento que vai explorar.
Pode ser dinheiro, créditos e bens a integralização do Capital Social subscrito.
Capital Subscrito: A totalidade dos recursos que será provida pelos sócios
(consta do Contrato Social)
Capital Integralizado: É quando o Capital Social esta completo (entregue)
Quando o Capital subscrito não for integralizado à vista, deverá constar no
Contrato Social a forma e o prazo que os sócios terão para integralizá-lo.

4) Relação entre Sócio e Sociedade

Criação de uma Pessoa Jurídica com direitos e deveres.


Relação dos sócios uns com os outros e cada um com a sociedade.
O sócio possui uma relação, às vezes de credor (distribuição de resultados), às
vezes de devedor (quando ainda falta integralizar o capital social com sua
parte)

Sócio Remisso

É o sócio que não cumpre a obrigação de integralizar a quota sobre sua


responsabilidade no prazo determinado (contrato social).
Se a contribuição havia sido prometida em dinheiro, o sócio remisso responde
por indenização dos prejuízos causados à sociedade pelo demora mais multa
estipulada no contrato social (se constar). Quando for em bens ou créditos a
multa normalmente responde pela indenização.
Pode ser cobrada judicialmente ou por expulsão. Se optada pela expulsão terá
o remisso o direito de ver restituído o valor das entradas feitas deduzidas dos
juros de mora, multa estipuladas no contrato. Caso seja optada pela cobrança
judicial, após o recebimento da parte o sócio remisso, este continua fazendo
parte da sociedade em pelo gozo de seus direitos.

Quando não integralizado o capital deverá haver a redução proporcional do


capital social da sociedade. Se os sócios querem evitar a redução do capital
social, devem ficar com a quota ou chamar um estranho à sociedade para se
tornar sócio.

Aula 10

Conteúdo programático: Sociedade Anônima

Sociedade Anônima

É uma sociedade empresária com o capital social dividido em ações, espécie


de valor mobiliário, na qual os sócios, chamados de acionistas, respondem
pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que
possuem. ( Fábio Ulhoa, Direito Empresarial)
Valor mobiliário – Tem natureza na matriz dos títulos de crédito, mas tem
características diferentes (é uma alternativa de investimento). A sociedade
anônima apresenta este lado de investimento como um dos mais importantes
de sua constituição. Só interessa o resultado. Diferente das limitadas onde os
sócios se vêem envolvidos diretamente na administração, nas sociedades
anônimas os sócios estão somente interessados nos resultados.

O capital social da sociedade é fracionado em ações (conjunto de valores


mobiliários emitidos pela sociedade). O capital social da sociedade anônima
é a soma do dinheiro disponibilizados pelos sócios para a desenvolver a
atividade econômica. Para o sócio é uma alternativa de investimento, para a
sociedade, que emite o valor mobiliário, é uma forma de captação de recursos.

A idéia do valor da ação é matéria multidisciplinar. Não depende só do valor


que o sócio disponibilizou para o investimento. Depende também de situações
de mercado, economia, projeções, etc.. O preço da ação é um dos valores que
podem ser considerados na elaboração do valor da ação. A idéia principal é
que este valor é o que foi disponibilizado pelo sócio em favor da sociedade
emitente, para titularizar a participação societária. Sua responsabilidade pelas
obrigações sociais esta limitada por este valor. Só responderá pelo valor limite
de suas ações. Se as ações foram, de algum modo parceladas, e o sócio será
responsabilizado pelo valor que ainda falta caso a empresa, por exemplo, for à
falência.

Requisitos preliminares

Os requisitos preliminares servem para identificar os atos de pré-constituição


da S.A.
(Artigo 8. São os atos formais e inafastáveis que antecedem a constituição
propriamente dita)

Subscrição por, pelo menos, duas pessoas, de todas as ações em que se


divide o capital social fixado no estatuto
Realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das
ações subscritas em dinheiro.
Depósito em, no banco do Brasil, ou outro estabelecimento bancário
autorizada pela CVM, da parte do capital realizado em dinheiro.
O fundador deve depositar o recebimento das entradas em nome dos
respectivos subscritores. Se após 06 meses do depósito, a companhia não vai
se instituir, as quantias depositadas serão restituir desses aos seus
subscritores.

procedimentos constitutivos

o capital ou inicial da companhia pode ser subscrito pública ou particularmente.


A constituição continuada o sucessiva na subscrição pública
A constituição simultânea, na subscrição particular
subscrição pública-se desmembrar a constituição da companhia em fases.
Depende de prévio registro na CVM e toda a intermediação devem ser
efetuadas por uma instituição financeira. (estudo de viabilidade e, organização
e registro de emissão)

Fundadores

Os fundadores são as pessoas que tomaram a iniciativa da geração de


negócio e presidem os atos que a lei reputa necessário para constituição da
sociedade. São eles que idealizam a sociedade e se organizam e para sua
realização. não precisam ser acionistas eles fixam o preço de emissão das
ações, a organizam e assim não o prospectos que instrui o pedido de registro a
CVM, estimam os valores dos bens que serão entre legalizados, respondem
solidária mente por eventuais prejuízos dolosos ou custosos em atos ou
operações anteriores à constituição, entregam aos primeiros administradores
todos os documentos constitutivos da sociedade.

Registro na CVM

O pedido de registro de emissão deverá ser instruído com:

-estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento


-o projeto do estatuto social
-outro aspecto assinada pelos fundadores e pela instituição financeira
intermediária

A CVM pode delegar o registro por inviabilidade ou temeridade do


empreendimento.

A entrega do projeto do estatuto social serve para observar se apresenta o seu


conteúdo específico. É o documento fundamental da sociedade anônima.

Prospecto

Artigo 82 parágrafo 1º, c - é a exposição clara e precisa das bases da


sociedade e dos motivos por razões que têm os fundadores para esperar êxito
do empreendimento. Deve apresentar:

O valor do capital social ser subscrito e o modo de sua realização.


A parte do capital a ser formada por bens com um sua descriminação e valor
Número, espécies de classe de ações em que se dividira o capital, o valor
nominal das ações e o preço de sua emissão
Importância da entrada a ser realizada no ato da subscrição
As obrigações assumidas pelos fundadores, já realizadas ou por realizar
A autorização governamental
Data de início e término da subscrição e a instituição autorizada
Solução é para o excesso de subscrição
O prazo para a assembléia de constituição da companhia
Qualificação dos acionistas
Subscrição

A subscrição e pressuposto legal para a formação da sociedade anônima.


A subscrição compreende o pagamento da entrada em dinheiro e a assinatura
da lista o boletim individual de subscrição. Com a emissão do recibo da entrada
inicial está aceito adesão dos subscritor

Após subscrito todo o capital social é convocada pelos fundadores a


assembléia geral para constituir a companhia. Chamada de fase conclusiva. O
quorum mínimo para instalação da assembléia de constituição deverá ser
subscritores que possuam metade do capital social. A assembléia será
presidida por um dos fundadores. Cada ação corresponde a um voto. Não
havendo oposição dos sobre escritores que representa a mais da metade do
capital social já faz a constituição da companhia.
O procedimento deverá seguir a seguinte ordem: leitura do recibo do deposto
de entrada; discussão e votação do projeto de estatuto; declaração de
constituição da companhia; eleição dos administradores; leitura, a aprovação e
a assinatura da ata que deverá ser lavrada em duplicatas ficando uma via em
poder da companhia e a outra para arquivo no registros de empresas
mercantis. (fase de personificação da companhia).

Subscrição particular

Na subscrição particular os sobre escritores são considerados os fundadores.


É simultânea por que se apresenta, para a constituição da companhia, somente
um ato. A subscrição pode ser feito por assembléia ou por escritura pública. Se
for por assembléia deverá ser entregue o projeto de estatuto e os boletins de
subscrição de todas as ações. Se for por escritura pública deverá conter a
qualificação dos sobre escritores, o estatuto da companhia, a relação das
ações tomadas pelo sobre escritores, a importância das entradas, o recibo de
depósito de entrada, a avaliação dos bens incorporados e a nomeação dos
primeiros administradores e dos fiscais.

Valor Nominal

Resulta da divisão do capital social da sociedade anônima pelo número de


ações que ela tem emitidas. A partir de 1976 a lei passou a adminitir ações
sem o valor nominal cabendo ao estauto definir se as ações serão emitidas
com ou sem o valor nominal. O valor nominal serve em tese como uma
proteção ao acionista por estabelecer uma garantia contra a diluição do
patrimônio acionário no caso de emissão de novas ações.

Valor Patrimonial

O valor patrimonial refere-se a parcela do patrimônio liquido da sociedade


anônima correspondente a cada ação. Quando pegamos o ativo da sociedade
e deduzimos o valor do passivo, temos o patrimônio liquido. O valor patrimonial
pode apresentar valor diferente que o valor nominal. Pode ser maior ou menor.
Normalmente, somente na época da constituição da sociedade é que este
valores, o nominal e o patrimonial apresentam o mesmo valor. Dusrante a
história da sociedade ela pode apresentar vários atos que reduzem ou
aumentam o valor patrimonial. Podem existir dois modos de leitura do valor
patrimonial, o contábil e o real. O contábil leva em consideração os valores do
patrimônio liquido constante das demonstrações financeiras em que os valores
a serem considerados são os de aquisição. Pelo tempo, ou pelo mercado estes
valores podem não apresentar a realidade o que prejudica a constatação do
rela valor patrimonial. Para este fim, deverá ser elaborado um balanço por
determinação com o objetivo de estabelecer o valor real.

Valor de Negociação

O valor de negociação não é igual ao valor nominal e nem ao valor patrimonial.


O valor de negociação é determinado pelas partes que estão interessadas,
uma a vender, e a outra, a comprar as ações de determinada empresa. O valor
é definido pelas informações de mercado e dos interesses do adquirente nas
possibilidades de rentabilidade da empresa. As informações e os valores de
negociação da sociedade que participa e tem suas ações mercado de capital
podem ser consultadas e ter sua cotação na bolsa de valores.

Valor Econômico

É o valor que os investidores mais se utilizam para decidir sobre a compra e a


venda de ações das sociedades. O valor econômico é mensurado através de
critérios técnicos que tem o objetivo de medir o preço que um investidor estaria
disposto a pagar para participar do empreendimento. É a definição do valor que
o investidor vê como vantagem a aplicação o dinheiro.

Preço de Emissão

O preço de emissão é o valor da ação no ato da subscrição (operação do


mercado primário) de ações recém-emitidas da sociedade anônima pago
diretamente à sociedade emissora. O preço de emissão é definido pela
companhia criadora da ação. Todos os aspectos relativos à subscrição, como
forma de pagamento, pagamento à vista ou a prazo, entrada de bens, são
definidos unilateralmente pela companhia. O subscritor não negocia, aceita os
termos prefixados no ato de subscrição.
A companhia pode estabelecer o preço de emissão de suas ações em dois
momentos. Na constituição da companhia e quando houver um aumento do
capital social pela emissão de novas ações. Na constituição o valor de emissão
é definido pelos fundadores e dependendo do estatuto, apresentará a ação o
valor nominal. Pode acontecer, dependendo das possibilidades positivas do
empreendimento, os subscritores pagarem um valor acima do nominal. Esta
diferença é denominada ágio. O valor adquirido a mais do que o capital social
estipulado será creditado em conta chamada reserva de capital. Quando não o
estatuto definir a não apresentação do valor nominal nas ações, os fundadores
definirão se, e qual a porcentagem será destinada a esta conta. No caso de
aumento de capital, a sociedade deve observar algumas regras. Se definido em
estatuto, o órgão responsável será o conselho de administração. Se não,
decidida em assembléia geral. O órgão competente estabelecerá o preço e a
forma de subscrição. As ações não poderão apresentar valor abaixo do valor
nominal estabelecido nas ações da primeira subscrição. Não poderá ocorrer a
diluição injustificada da participação dos antigos acionistas. Também deverão
ser observados, as possibilidades de lucratividade, rentabilidade, o valor
patrimonial e a cotação em bolsa (valor de negociação) apara a definição do
preço de emissão. A possível falta de qualquer uma destas observações não
gera nulidade da deliberação dada pelo órgão, mas se trazer prejuízos aos
sócios antigos, poderá haver a responsabilização civil dos acionistas, ou dos
membros do conselho, que aprovaram o preço irregular.

Diluição da Participação Societária

A diluição da participação acontece quando a sociedade emite ações com o


preço de emissão abaixo dos valores expressos como valor nominal na ações
já existentes. Quando isto ocorre, os sócios antigos vêem o valor patrimonial de
suas ações perdendo valor. Lembramos que quando a sociedade for emitir
novas ações ela deve respeitar algumas regras (valor nominal, preço de
negociação, rentabilidade). Quando justificada o preço de emissão menor do
das ações por uma situação de mercado, pode os acionistas a primeira vista
sofrer um prejuízo mas, mais à frente ver o valor patrimonial de suas ações
subir. Quando injustificado, os responsáveis deverão responder com
indenização.

11
Conteúdo programático: Desconsideração da Personalidade Jurídica

1) Considerações iniciais:

Quando uma sociedade tem o seu contrato social registrado no registro do


comércio ou no cartório civil de pessoas jurídicas ela adquire personalidade
jurídica e seu patrimônio é separado do patrimônio pessoal de seus sócios.

PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE X PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS

Mas quando os sócios abusam desse direito com o intuito de prejudicar os


credores, esses são autorizados a afastar (momentaneamente) a
personalidade jurídica da sociedade para responsabilizar seus sócios pelos
atos praticados, dando origem a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica.

É uma medida de exceção e deve ser utilizada apenas em situações


específicas!

Trata-se de um pedido dirigido ao juiz que concederá, ou não, a


desconsideração.

2) Definição: É uma medida que consiste em afastar, momentaneamente, a


personalidade da sociedade, de modo a responsabilizar diretamente o sócio
(ou sócios) que praticou algum ato ilegal, respondendo com seu patrimônio.
3) “Situações Específicas - Referência legislativa:

Aplica-se às sociedades que, em um dado momento, por intermédio de seus


sócios, causaram prejuízos a terceiros, geralmente o consumidor final, mas
também nos seguintes casos:

=> obrigações tributárias;


=> dolo e fraude;
=> confusão patrimonial (também é uma forma de fraude);
=> desvio de finalidade (também é uma forma de fraude).
=> relação de emprego (crédito alimentar);

Pelo CÓDIGO CIVIL, ART. 50, a desconsideração terá lugar quando:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio


de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Ainda, segundo os tribunais, a simples insolvência não ensejaria a


desconsideração da pessoa jurídica.

Já o CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR autoriza a desconsideração da


pessoa jurídica nas seguintes hipóteses:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

São elas:

abuso de direito;
excesso de poder;
infração da lei;
fato ou ato ilícito;
violação dos estatutos ou contrato social;
falência e insolvência.

4) Justiça do Trabalho:
Na Justiça do Trabalho, aplicando-se subsidiariamente o Código Civil e o
Código de Defesa do Consumidor, porquanto não há referência legislativa
sobre o tema, a teoria da desconsideração da pessoa jurídica terá lugar nas
hipóteses acima e sempre que constatado indício da impossibilidade financeira
da sociedade em saldar as obrigações trabalhistas.

A aplicação da teoria em questão como ocorre no direito do trabalho é repelida,


contestada, criticada por muitos, porém, outros vários adeptos defendem sua
aplicação argumentando que traz maior eficácia e celeridade às decisões
trabalhistas.

Confiram:

Os Tribunais confirmam:

TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA –


ESGOTAMENTO DOS MEIOS EXECUTÓRIOS RELATIVAMENTE AO
OBRIGADO PRINCIPAL – APLICABILIDADE NO DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO – CCB, ART. 50 – CDC, ART. 28 – CLT, ART. 8º, § ÚNICO – No
processo do trabalho os requisitos previstos tanto no artigo 50 do CCB, quanto
no artigo 28 do CDC, quais sejam, "abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial" e "abuso
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
estatutos ou contrato social. [...] falência, estado de insolvência, encerramento
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração" vêm
sendo mitigados exatamente em observância do privilégio dos créditos
trabalhistas de natureza alimentar. Por tal razão, se inexiste patrimônio do
responsável principal ou, ainda que haja, se é destituído de boa liquidez, a
proporcionar eficiente e célere entrega concreta da prestação jurisdicional,
justifica-se a invocação da doutrina da desconsideração. 2- Agravo de petição
conhecido e desprovido. (TRT 10ª R. – AP 00435-2006-014-10-00-6 – 2ª T. –
Rel. Juiz Gilberto Augusto Leitão Martins – J. 04.06.2008)

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DO EMPREGADOR


– MOMENTO ADEQUADO – Na seara justrabalhista em que os créditos
reconhecidos possuem natureza alimentar e, assim, não podem ficar a
descoberto, abre-se uma exceção ao princípio da responsabilidade limitada dos
sócios, ao se aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica,
para que, verificada a insuficiência do patrimônio societário, sujeite-se à
execução os bens dos sócios, sem que tal procedimento atente contra o
princípio da autonomia da separação patrimonial. Todavia, no caso em apreço,
a medida postulada ainda não tem cabimento, pois não há prova de que o
patrimônio da empresa seja insuficiente para o pagamento dos créditos
trabalhistas. Aliás, conforme a própria Autora notícia, existe bloqueio de bens
em Medida Cautelar. Ou seja, caso os bens arrestados na aludida MC ou
eventuais bens penhorados da empresa nesta Reclamatória sejam
insuficientes para satisfazer a execução, será possível eventual
desconsideração da personalidade jurídica do empregador. Portanto, no
momento, é incabível. (TRT 9ª R. – ACO 02258-2006-071-09-00-2 – Rel.
Fabrício Nicolau dos Santos Nogueira – J. 07.03.2008)

AULA 12 => TÍTULOS DE CRÉDITO


Conteúdo programático: Títulos de créditos

I) Fundamentação: Artigos 887 a 926 do Código Civil.

Título de Crédito Judicial – tem origem na decisão do poder judiciário;

Título de Crédito Extrajudicial – tem origem em um documento (não judicial)


que representa uma obrigação (letra de câmbio; nota promissória, cheque,
duplicata mercantil e títulos de investimento)

A expressão "título" é aplicada para exprimir ou mostrar a causa jurídica de um


direito. Título de crédito é o documento que materializa ou formula um direito
ou a promessa de prestação futura a ser realizada pelo devedor, em
pagamento de prestação atual de credor.

O título de crédito certifica um valor representado em dinheiro, indicando uma


operação de crédito ou de transporte de dinheiro, entretanto não se confunde
com a obrigação nele expressa. Também está implícito, um contrato cujo
objeto é a entrega atual de valor para restituição futura. Assim, formalizado o
título, este tem a função de circular para conduzir o valor pecuniário nele
consignado, substituindo a moeda.

Eles facilitam a circulação de riquezas.

Assim, todas as pessoas que assinam o título, assumem uma responsabilidade


denominada "cambial", tais como o emitente, o sacado, o endossante e seus
respectivos avalistas.

II) CARACTERÍSITICAS (PRINCÍPIOS GERAIS)

Art. 887 do Código Civil

Literalidade: O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de seu
conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que nele
está inserido se leva em consideração; uma obrigação que dele não conste
embora sendo expressa em documento em separado, nele não se integra.

Autonomia: é a garantia de que todas as obrigações representadas por um


mesmo título são independentes entre si. Se uma dessas obrigações for nula
ou anulável, tal fato não contamina a validade e eficácia das demais
obrigações. Diz-se que o título é autônomo porque o possuidor de boa-fé
exercita um direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído em
virtude das relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor.
Cada obrigação que deriva do título é autônoma em relação às demais.

Incorporação ou cartularidade: O título de crédito se materializa numa cártula,


num papel ou num documento. Para o exercício do direito resultante do crédito
concedido torna-se essencial a exibição do documento. O documento é
necessário para o exercício do direito de crédito. Sem a sua exibição material
não pode o credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de
crédito.

III) REQUISITOS EVENTUAIS:

Abstração: é derivada da autonomia, a causa da criação do título não interfere


na relação entre as pessoas nele coobrigadas. A causa da origem do título fica
fora da obrigação.
Independência: é a auto-suficiência do título, que não necessita de nenhum
outro documento para completá-lo.

Solidariedade: é o vínculo que subordina todos os coobrigados.

A função do título de crédito é a de fazer circular um valor, representado pelo


documento, em que se literaliza a obrigação de ser pago ou entregue, pela
pessoa ali indicada, este mesmo valor ao titular do direito ali manifestado.

IV) Classificação dos títulos de crédito:

4.1.- Quanto à origem:

a- Títulos de Crédito Próprios- são aqueles que encerram uma verdadeira


operação de crédito, subordinada a sua existência à confiança que inspiram os
que dele participam. Ex.: letra de câmbio e nota promissória;

b- Títulos de Crédito Impróprios- não representa uma verdadeira operação de


crédito, mas que revestidos de certos requisitos dos títulos de crédito
propriamente ditos, circulam com as garantias que caracterizam esses papéis,
pois a aplicação aos mesmos de vários princípios inerentes aos títulos de
créditos próprios dá ao portador uma relativa segurança quanto aos seus
direitos. Ex.: Cheque- por ter requisitos dos títulos próprios, circula como
aqueles, com garantias semelhantes, mas que só serão legitimamente emitidos
quando os emitentes possuírem provisão;

c- Títulos de Crédito de Legitimação- são aqueles que dão ao portador não um


direito de crédito propriamente dito, mas o de receber uma prestação de coisas
ou de serviços. Ex.: bilhetes de espetáculos públicos, passagens,
conhecimentos de frete ou de depósito...
d- Títulos de Participação- constitui uma categoria especial, sendo aqueles
papéis que dão ao portador um direito de participação nos interesses sociais,
não só na administração como nos resultados financeiros obtidos pelas
sociedades. São de fácil negociação nas Bolsas de Valores.

4.2.- Quanto à circulação:

a- Títulos ao Portador- Os títulos emitidos ao portador não revelam o nome da


pessoa beneficiada. Têm inserida a cláusula “ao portador” ou mantém em
branco o nome do beneficiário ou tomador, que é o titular do crédito. Algumas
leis têm restringido a circulabilidade por questões diversas.

b- Títulos Nominativos- São títulos nominativos os emitidos em favor de pessoa


cujo nome conste no registro do emitente, e o emitente não está obrigado a
reconhecer como proprietário senão quem figure no registro nessa condição.
Sua circulação se dará por endosso em preto ou pelo contrato de cessão de
crédito. Se, porventura o emitente não atender essas circunstâncias pagará
mal, e deverá pagar novamente ao verdadeiro titular nominativo.

c- Títulos à Ordem - São os emitidos em favor de pessoa determinada,


transferindo-se pelo endosso. São transferíveis pelo simples endosso, sem
qualquer outra formalidade. Se em um título de crédito nominativo for inserido
pelo emitente a cláusula à ordem, o título perde a sua natureza de puro título
nominativo, para adotar a segunda forma, passando então a circular pelo
endosso. E se o endosso for em branco, sua circulação pode prosseguir como
se fora simples título ao portador. É a letra de câmbio tipicamente um título à
ordem. A cláusula cambiária, expressa na denominação letra de câmbio,
contém implicitamente a cláusula à ordem.

4.3.- Quanto ao modelo:

São os de modelo livre, que não possuem padrão de preenchimento, apenas


requisitos mínimos (LC e NP), e os de modelo vinculado, com padrão de
preenchimento (cheque e duplicata mercantil);

4.4.- Quanto à estrutura:

Serão ordem de pagamento ou promessa de pagamento.

4.5.- Quanto às hipóteses de emissão: causais (emitido na ocorrência da


hipótese legal - ex. Duplicata) ou não causais- também chamados abstratos-
criado por qualquer causa representando uma obrigação ( LC).

A autonomia dos títulos se desdobra em sub-princípios, sendo um deles o da


Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé.

Isto significa uma restrição às matérias que poderão ser argüidas como defesa
de um título de crédito executado ( e não pago). É necessário que aquele que
não participou de seu nascimento ou circulação, fique assegurado de que
nenhuma surpresa venha perturbar o seu direito de crédito. Em toda a fase da
circulação do título, o emissor pode opor ao seu credor direto as exceções de
direito pessoal que contra ele tiver, tais como a circunstância de já lhe ter
efetuado o pagamento do mesmo título, ou pretender compensá-lo com crédito
que contra ele possuir. Mas se o mesmo título houver saído das mãos do
credor direto e for apresentado por um terceiro, que esteja de boa-fé, nenhuma
defesa ou oposição poderá usar o devedor contra o novo credor, baseado na
relação pessoal anterior.

A) Endosso (conceito e função; efeitos; modalidades, cláusulas especiais).


GARANTIAS

A) Endosso

O endosso é o meio pelo qual se processa a transferência do


título de um credor para outro. O endosso possui dupla função: a transferência
da propriedade e vinculação do endossante ao cumprimento da obrigação.
Aqui o endossante assume responsabilidade solidária pelo pagamento do título
em relação aos endossatários posteriores. O endosso jamais pode ser dado de
forma parcial, deve ser puro e simples.

Modalidades de Endosso: O endosso pode ser em branco


(apenas a assinatura no verso do título, do favorecido simboliza a declaração
de transferência) ou em preto ( hipótese onde se nomina a pessoa em favor de
quem o título é transferido, podendo ser conferido tanto no verso como no
anverso).

Endosso Tardio: O endosso posterior ao vencimento tem os


mesmos efeitos que o endosso anterior. Mas o endosso posterior ao protesto
por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se
fazer o protesto, terá os efeitos de uma cessão comum. No endosso sem data,
presume-se que tenha sido feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer
o protesto, salvo prova em contrário.

Efeitos do endosso:

A Lei Uniforme dispôs que, salvo cláusula em contrário, o


endossante é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. Se a
letra não for aceita, a obrigação volta-se contra ele, o mesmo ocorrendo caso ,
aceita a letra, o aceitante não a pague no vencimento. O endossante pode
proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento às pessoas
a quem o título for posteriormente endossada.

B) Aval:

O aval é uma garantia (pessoal) de pagamento do título, dada


por um terceiro ou mesmo um de seus signatários. A obrigação do aval
mantém-se mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por
qualquer razão que não seja um vício de forma.
Pode ser dado no verso ou anverso do título, e "em branco" ou
"em preto". Pode ocorrer aval parcial expressando-se o valor da limitação. O
beneficiário do aval ( avalizado) é o indicado, ou aquele que lançou sua
assinatura imediatamente acima da assinatura do avalista. Se o título for
aceito, o avalizado será o aceitante. Se o título não for aceito será, na LC o
sacador e na Duplicata o sacado. Não há aval de aval, assim, se existir vários,
serão considerados simultâneos. Se a assinatura da obrigação avalizada for
nula, e assim declarada, vale o aval, tendo em vista o princípio da
independência das assinaturas e da autonomia das relações cambiárias.

Forma do aval: a simples assinatura do próprio punho do


avalista (no verso do documento - a não ser que se trate de assinatura do
sacado ou do sacador, cujo aval pode ser dado em qualquer parte do título) ou
de seu mandatário especial é suficiente para a validade do aval.

Aval Limitado: a Lei Uniforme admite a limitação do aval, pelo


que o pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por
aval.

Vencimento e pagamento: a- considerações gerais.

São 4 modalidades de vencimento:

a- Vencimento à vista- se vence na sua apresentação, não se


compreendendo nessa modalidade de vencimento, a apresentação para aceite.
A letra à vista não deve ser apresentada a pagamento antes de determinada
data.

b-Vencimento à certo termo de vista- quando o sacador emite a


letra cujo prazo de vencimento se conta da data do aceite ou, na falta deste, do
respectivo protesto.

c-Vencimento a certo termo de data e Vencimento a dia certo-


a data tanto pode ser certa como também determinar o prazo a partir da
emissão em que se vencerá a letra. O vencimento a certo termo da data
verifica-se pela expressão: “a tantos dias desta data”.

Pode ocorrer o vencimento antecipado na hipótese de falta ou


recusa de aceite, e nos casos de falência do sacado.

Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade da


sucessão dos endossos, mas não as assinaturas dos endossantes. Ou seja, o
devedor que paga está desobrigado de conferir a autenticidade da assinatura
dos endossantes, exceto a identidade e legitimidade do último endossatário
que recebe e dá a quitação, pois aos endossatários anteriores é que cabe essa
verificação por ocasião de cada um dos endossos. Se a letra não é cobrada,
pode o devedor depositar o valor do título, à custa do portador, enquanto não
for o título protestado.
Lugar de Pagamento: entre os requisitos não-essenciais da
letra de câmbio, figura a indicação do lugar em que se deve efetuar o
pagamento e, na falta dessa indicação será o lugar designado ao lado do nome
e o lugar do domicílio do sacado.

C) Protesto:

O protesto é o ato oficial e público que comprova a exigência


do cumprimento daquelas obrigações cambiárias, constituindo-se em prova
plena. O protesto serve de prova da apresentação da letra de câmbio, no
tempo devido, para aceite ou para pagamento, não tendo o portador, apesar da
sua diligência, obtido este ou aquele, com o mesmo objetivo, serve de prova da
insolvência do aceitante.

Efeitos do protesto: O protesto pode ser obrigatório com função


conservatória do direito; ou facultativo, extracambiário, cuja função é
simplesmente probatória, constituindo em mora o devedor. OBS. protesta-se o
título e não a pessoa, mas registra-se o protesto em nome da pessoa.

Vencido o título, mesmo que não estipulados os juros, passam


eles a ser devidos. A falência do aceitante antecipa o vencimento da letra de
câmbio e pareceria inútil o protesto; mas se o exige para que a letra se
considere vencida a vista dos coobrigados e o portador exerça o direito de
regresso.

O protesto necessário se faz nas seguintes hipóteses:

a- De falta de aceite ou de pagamento, para conservar os


direitos do portador contra o sacador e contra os outros coobrigados, a
exceção de aceitante,
b- De letra pagável a certo termo de vista, em que houver falta
de data, para o efeito de constatar essa omissão , e o portador conservar os
seus direitos de regresso contra os endossantes e contra o sacador,

c- De ter sido indicada uma pessoa para aceitar ou pagar, por


intervenção e esta não o tenha feito, para exercer o seu direito de ação antes
do vencimento contra o que fez a indicação;

d- De cópia, e a pessoa em cujas mãos se encontre o título


original se recusar a entregá-la ao legítimo portador da cópia, para exercer o
seu direito de ação contra as pessoas que tenham endossado ou avalizado a
cópia.

O protesto é exigido só para os casos de ação regressiva do


portador contra o sacador, endossador e avalista.

TÍTULOS
I- Letra de câmbio:

A letra de câmbio é um título de crédito correspondente a uma


ordem de pagamento em dinheiro, à vista ou a prazo, sacada pelo credor
contra o seu devedor para que este cumpra em favor do próprio sacador ou de
um terceiro. Cria-se pelo saque, completa-se pelo aceite, transfere-se pelo
endosso e é garantida pelo aval. Sendo ordem de pagamento, importa uma
relação entre 3 pessoas: sacador (emitente), sacado (pessoa a quem a ordem
de pagamento é dirigida) e beneficiário da ordem (tomador- credor originário do
título). O sacado recebendo a letra, e se dispondo a cumprir a ordem nela
contida, aceita-a firmando sua assinatura. A primeira função da letra é a
circulação dos créditos.

Possui como requisitos: - a denominação "letra de câmbio",- a


soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda,- nome do sacado ( que paga),
- nome do favorecido, - assinatura do sacador ou de mandatário especial. Seu
vencimento pode ser:
à vista - mediante apresentação ou em falta de preenchimento;

a dia certo- ocorre no dia indicado;

a tempo certo de vista- em tempo determinado que se conta a partir do


aceite;

a tempo certo de data - em tempo determinado que se conta a partir da


emissão ou do saque.

No dia do vencimento da letra, o último endossatário da


cadeia de endossos que é o detentor do título pode exigir de seu antecessor o
pagamento, e assim sucessivamente até o beneficário exigí-lo do aceitante,
extinguindo-se a letra pelo pagamento. A essa inversa circulação se chama
direito de regresso, que o devedor posterior que pagou e se tomou credor, tem
contra um devedor anterior.

Sendo uma ordem de pagamento, deve a letra expressar o


que e quanto deva ser pago. A letra emitida no Brasil, para aqui ser paga deve
ser expressa em moeda legal. Mas as letras de câmbio que se destinam a
operação internacional estão sujeitas a outra disciplina. O título a que faltar um
dos requisitos essenciais deixa de ser letra de câmbio, não dando direito ao
uso da ação cambial.

A letra de câmbio é um título abstrato, que independe de sua


causa. O ítem objeto lícito é relativo. A causa econômica da letra será sempre
o crédito. Assim, a ililcitude da causa, como a dívida de jogo, não vicia a letra,
mas apenas a relação direta entre devedor e credor, não sendo oponível ao
terceiro de boa-fé.
Aceite: Tendo o sacador expedido a ordem de pagamento a
favor do beneficiário, dirigida ao sacado, resta que este reconheça a validade
da ordem, apondo a sua assinatura. Dá-se então o aceite da letra de câmbio,
vinculando o sacado, agora aceitante, como seu obrigado principal. A
apresentação para aceite se chama também de vista. O sacado se obriga a
pagar a letra à data do vencimento, honrando o aceite e sua assinatura.

Ao sacado é lícito pedir ao portador ou detentor que a letra lhe


seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira
apresentação, dando-lhe tempo para conferir os seus apontamentos. O aceite
em princípio é puro e simples, mas admite que o sacado o limite a uma parte
da importância sacada. Apresentada a letra, o sacado deve expressar sua
intenção de pagar no vencimento com a palavra aceito ou equivalente
assinando em seguida. A simples assinatura do sacado aposta no anverso ou
face do título equivale ao aceite, mas a lei admite o cancelamento do aceite
antes da restituição da letra, considerando-se então aceite recusado.

II- Nota promissória:

A Nota promissória é um título de crédito formal que contém a


promessa de pagamento de determinada soma em dinheiro, por uma pessoa
(emitente devedor) a outra expressamente designada (beneficiário- credor).
Cria-se pela emissão, transfere-se por endosso do favorecido e pode ser
garantida por aval. A nota promissória não tem aceite, pois a simples
assinatura obriga ao pagamento.

São seus requisitos: a- a denominação Nota Promissória ou


termo correspondente na língua em que for emitida, b- promessa pura e
simples de pagar quantia certa, c-nome de quem deve ser paga, d- indicação
do lugar em que se deve efetuar o pagamento; e- indicação da data em que a
nota promissória é emitida, f-assinatura do próprio punho do emitente ou de
mandatário especial.

A NP poderá ser passada: à vista, a dia certo, a tempo certo de


data. Aplica-se a NP as disposições relativas a LC.

III- Cheque:

Ordem de pagamento à vista ( meio de pagamento), sacada


contra fundos disponíveis em poder do sacado. Sendo uma ordem de
pagamento, o cheque é dirigido a alguém para pagar a um terceiro ou ao
próprio emitente. São 3 as posições das pessoas no cheque: quem dá, emite
ou passa a ordem ( emitente ou sacador), o banqueiro ( sacado) e a pessoa em
favor de quem é sacado o cheque ( portador, beneficiário ou tomador
As obrigações contraídas no cheque são autônomas, não em
relação a sua causa como às vezes se tem explicado, mas porque o possuidor
de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído
em virtude das relações existentes entre anteriores possuidores e o devedor.

É título formal, pois a lei determina os requisitos essenciais à


sua formalização, quais sejam: a denominação cheque, inserida no contexto e
expressa na língua em que for redigido o título; ordem incondicional de pagar
quantia certa; nome da entidade financeira sacada; data e local da emissão;
assinatura do emitente; e indicação do lugar de pagamento. Faltando um dos
requisitos essenciais, descaracteriza-se o documento como cheque, deixando
de ser um título cambiário e insuscetível de ser transmitido por endosso,
tornando-se um simples papel, simples prova de confissão de dívida,
sujeitando-se à disciplina do direito comum, não mais será transferido pelo
endosso, mas por cessão de crédito.

Posto a circular pelo endosso, opera como título de crédito.

Se a assinatura no cheque for ineficaz, por ter sido falsificada


ou ser incapaz seu signatário, nem por isso o cheque é nulo, pois pela
autonomia e independência das assinaturas, a nulidade de uma não se
estende às demais. Quanto a responsabilidade pelo pagamento de cheque,
com assinatura falsa ou falsificada, existem duas correntes, sendo a dominante
a que perquire a culpa, que pode ser do correntista, depositante do banco e
detentor do talonário de cheques, que é responsável pela sua guarda e cuja
negligência permitiu fosse ele usado pelo falsificador, ou a do banco que pagou
o cheque sem a análise cautelosa da assinatura falsa. Admite-se que o
estabelecimento bancário é responsável pelo pagamento de cheque falso,
ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista.

O cheque emitido com a cláusula pela qual o emissor admite a


transferibilidade do título à ordem, circula através de endosso. É possível que o
pagamento seja concedido a pessoa nomeada com a cláusula não à ordem, ou
outra equivalente. Ela se assemelha à hipótese anterior; nada impede a
transferência do título a outrem. Mas a partir da Lei 8021/90 vedou-se a
emissão de cheque de valor superior equivalente a cem BTN no mês da
emissão sem a identificação do beneficiário.

Toda a estrutura do cheque se baseia na circunstância de ter o


emitente fundos disponíveis em mãos do sacado, para qualquer momento
legitimamente emitir. O cheque sem fundos, com efeito não é nulo, mantém a
sua configuração como cheque, mas não é pago pelo sacado. A existência de
fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para
pagamento.

O cheque apresentado a pagamento antes do dia indicado


como data de emissão é pagável no dia da apresentação, a data futura, ou a
pré-data, é pela Lei considerada como inexistente, e o beneficiário pode
apresentá-la ao sacado. Assim, não havendo provisão, caracteriza-se o cheque
sem fundos.
O cheque corporifica um crédito que pode ser transferido a
novo credor, pelo endosso, bastando simplesmente a assinatura do beneficiário
no seu verso.

Curiosidades dos cheques:

a- O cheque pagável a pessoa nomeada com a cláusula não à


ordem só é transmissível pela forma e com efeitos da cessão;
b- Nulo é o endosso parcial, mas o portador não pode recusar
pagamento parcial;
c- O endosso não pode designar o endossatário;
d- O endosso após a apresentação perde essa qualidade. Não
deixa de ser válido, mas perde a natureza de endosso, passando a ser regido
pelos efeitos da cessão civil. Salvo prova em contrário, o endosso sem data
presume-se anterior ao protesto, ou declaração equivalente, ou à expiração do
prazo de apresentação.

O cheque deve ser apresentado ao sacado em 30 dias se o


cheque é pagável na praça de emissão, e em 60 dias se for pagável em praça
diversa da emissão. Após o prazo de apresentação inicia-se o prazo
prescricional que é de 6 meses. O cheque com data futura é conhecido como
pós datado, com os quais não há problema, pela inexistência jurídica do
instituto. Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes,
considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de
pagamento. Com ou sem a cláusula "à ordem" transfere-se por endosso. Com
a cláusula "não à ordem" transfere-se apenas pela cessão civil. O cheque
nominativo seguido da expressão "ou ao portador", é considerado ao portador.

Tipos de cheque:

VISADO- o sacado atesta a existência de fundos, tem que ser


nominativo e deve ser levado instituição financeira no prazo da apresentação.
Não pode ser endossado. O cheque visado vale como tal apenas durante no
prazo de sua apresentação.

CRUZADO- contém no anverso 2 traços paralelos, obrigando o


pagamento a ser feito a banco, admitindo-se que seja feito a cliente de banco
mediante crédito em conta. Cruzamento é geral (em branco), ou especial (em
preto): com o nome do banco entre os traços. É vedado o cancelamento do
cruzamento.

ADMINISTRATIVO, ou bancário ou de tesouraria- aquele em


que o sacado atua como sacador sobre sí mesmo, deve ser nominativo, e é de
uso restrito das instituições financeiras.

FISCAL- emitido pelo Min. da Fazenda em favor de


contribuinte pela restituição de tributos. Deve ser nominativo e geralmente
contém a cláusula "não à ordem", tem validade de 6 meses contados a partir
da data de emissão.
ESPECIAL- para prestígio de clientes de qualidade, favorecem
os bancos a movimentação de contas sem que tenham necessariamente
fundos disponíveis.

CHEQUE PARA LEVAR EM CONTA- contém a declaração


aposta pelo emitente indicando que o mesmo só é válido para crédito em conta
do favorecido. Dispensa-se o endosso do favorecido.

CHEQUE COM FAVORECIDOS MÚLTIPLOS- são os cheques


nominativos a mais de uma pessoa. Qualquer delas, individualmente, pode
endossar e receber o valor total do cheque, se contiver a indicação de
solidariedade expressa pela partícula "e/ou".

CHEQUE DE VIAGEM- vendidos pelos estabelecimentos


bancários, com importâncias fixas, impressas no texto, onde o emitente após
identificar-se apõe sua assinatura, e ao descontá-lo, em praça diferente,
identifica-se e torna a assinar, permitindo a conferência e pagamento do valor
impresso.

CHEQUE POSTAL- os vales e cheques postais, cheques de


poupança ...

Contra-Ordem= o pagamento pode ser obstado após o prazo


de apresentação por via extra ou judicial, de forma justificada (extravio, roubo,
perda, apropriação indébita...). Durante o prazo de apresentação pode também
o portador sustar o pagamento. Ao sacado cabe apenas acatar a ordem e não
examinar a relevância do direito invocado pelo emitente.

A falta de apresentação no prazo de 30 dias priva o portador da


ação executiva contra os endossantes e seus avalistas, não contra o emitente
do cheque.

O protesto do cheque possível é o necessário, conservatório de


direitos. A execução independe de protesto e se a apresentação ou o
pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a
intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.

IV- DUPLICATA

I- Letra de câmbio:

O Código Civil de 2002 disciplina a matéria no art. 903.

-> A letra de câmbio é um título de crédito correspondente a uma ordem de


pagamento em dinheiro, à vista ou a prazo, sacada pelo credor contra o seu
devedor para que este cumpra em favor do próprio sacador ou de um terceiro.
A letra de câmbio é mais usada em operações de crédito entre financiadoras e
comerciantes, enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais
comum

Sendo ordem de pagamento, importa uma relação entre 3 pessoas:

sacador (emitente),

sacado (pessoa a quem a ordem de pagamento é dirigida) e

beneficiário da ordem (tomador- credor originário do título).

O sacado recebendo a letra, e se dispondo a cumprir a ordem nela contida,


aceita-a firmando sua assinatura. A primeira função da letra é a circulação dos
créditos.

Possui como requisitos: - a denominação "letra de câmbio",- a soma de


dinheiro a pagar e a espécie de moeda,- nome do sacado ( que paga), - nome
do favorecido, - assinatura do sacador ou de mandatário especial. Seu
vencimento pode ser:

à vista - mediante apresentação ou em falta de preenchimento;

a dia certo- ocorre no dia indicado;

a tempo certo de vista- em tempo determinado que se conta a partir do aceite;

a tempo certo de data - em tempo determinado que se conta a partir da


emissão ou do saque.

No dia do vencimento da letra, o último endossatário da cadeia de endossos


que é o detentor do título pode exigir de seu antecessor o pagamento, e
assim sucessivamente até o beneficiário exigí-la do aceitante, extinguindo-se a
letra pelo pagamento.

A essa inversa circulação se chama direito de regresso, que o devedor


posterior que pagou e se tornou credor, tem contra um devedor anterior.

A letra de câmbio é um título abstrato, que independe de sua causa. O


item objeto lícito é relativo. A causa econômica da letra será sempre o crédito.
Assim, a ilicitude da causa, como a dívida de jogo, não vicia a letra, mas
apenas a relação direta entre devedor e credor, não sendo oponível ao terceiro
de boa-fé.

Aceite: Tendo o sacador expedido a ordem de pagamento a favor do


beneficiário, dirigida ao sacado, resta que este reconheça a validade da ordem,
apondo a sua assinatura. Dá-se então o aceite da letra de câmbio, vinculando o
sacado, agora aceitante, como seu obrigado principal. A apresentação para
aceite se chama também de vista. O sacado se obriga a pagar a letra à data do
vencimento, honrando o aceite e sua assinatura.

Ao sacado é lícito pedir ao portador ou detentor que a letra lhe seja


apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação,
dando-lhe tempo para conferir os seus apontamentos. O aceite em princípio é
puro e simples, mas admite que o sacado o limite a uma parte da importância
sacada. Apresentada a letra, o sacado deve expressar sua intenção de pagar
no vencimento com a palavra aceito ou equivalente assinando em seguida. A
simples assinatura do sacado aposta no anverso ou face do título equivale ao
aceite, mas a lei admite o cancelamento do aceite antes da restituição da letra,
considerando-se então aceite recusado.

I- Letra de câmbio:

O Código Civil de 2002 disciplina a matéria no art. 903.

-> A letra de câmbio é um título de crédito correspondente a uma ordem de


pagamento em dinheiro, à vista ou a prazo, sacada pelo credor contra o seu
devedor para que este cumpra em favor do próprio sacador ou de um terceiro.

A letra de câmbio é mais usada em operações de crédito entre financiadoras e


comerciantes, enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais
comum

Sendo ordem de pagamento, importa uma relação entre 3 pessoas:

sacador (emitente),

sacado (pessoa a quem a ordem de pagamento é dirigida) e

beneficiário da ordem (tomador- credor originário do título).

O sacado recebendo a letra, e se dispondo a cumprir a ordem nela contida,


aceita-a firmando sua assinatura. A primeira função da letra é a circulação dos
créditos.

Possui como requisitos: - a denominação "letra de câmbio",- a soma de


dinheiro a pagar e a espécie de moeda,- nome do sacado ( que paga), - nome
do favorecido, - assinatura do sacador ou de mandatário especial. Seu
vencimento pode ser:

à vista - mediante apresentação ou em falta de preenchimento;

a dia certo- ocorre no dia indicado;

a tempo certo de vista- em tempo determinado que se conta a partir do aceite;


a tempo certo de data - em tempo determinado que se conta a partir da
emissão ou do saque.

No dia do vencimento da letra, o último endossatário da cadeia de endossos


que é o detentor do título pode exigir de seu antecessor o pagamento, e
assim sucessivamente até o beneficiário exigí-la do aceitante, extinguindo-se a
letra pelo pagamento.

A essa inversa circulação se chama direito de regresso, que o devedor


posterior que pagou e se tornou credor, tem contra um devedor anterior.

A letra de câmbio é um título abstrato, que independe de sua causa. O


item objeto lícito é relativo. A causa econômica da letra será sempre o crédito.
Assim, a ilicitude da causa, como a dívida de jogo, não vicia a letra, mas
apenas a relação direta entre devedor e credor, não sendo oponível ao terceiro
de boa-fé.

Aceite: Tendo o sacador expedido a ordem de pagamento a favor do


beneficiário, dirigida ao sacado, resta que este reconheça a validade da ordem,
apondo a sua assinatura. Dá-se então o aceite da letra de câmbio, vinculando o
sacado, agora aceitante, como seu obrigado principal. A apresentação para
aceite se chama também de vista. O sacado se obriga a pagar a letra à data do
vencimento, honrando o aceite e sua assinatura.

Ao sacado é lícito pedir ao portador ou detentor que a letra lhe seja


apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação,
dando-lhe tempo para conferir os seus apontamentos. O aceite em princípio é
puro e simples, mas admite que o sacado o limite a uma parte da importância
sacada. Apresentada a letra, o sacado deve expressar sua intenção de pagar
no vencimento com a palavra aceito ou equivalente assinando em seguida. A
simples assinatura do sacado aposta no anverso ou face do título equivale ao
aceite, mas a lei admite o cancelamento do aceite antes da restituição da letra,
considerando-se então aceite recusado.

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