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AVALIAÇÃO PROVA-FINAL (DEZEMBRO) – 2ª SÉRIE DO ENS.

MÉDIO - GRAMÁTICA

 Analise o texto a seguir:

TEXTO I:

SELFIES

Muita gente se irrita, e tem razão, com o uso indiscriminado dos celulares. Fossem só para
falar, já seria ruim. Mas servem também para tirar fotografias, e com isso somos invadidos no
Facebook com imagens de gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejando a câmera,
pratos de torresmo, brownie e feijoada.
Se depender do que vejo com meus filhos — dez e 12 anos —, o tempo dos “selfies” está de
todo modo chegando ao fim. Eles já começam a achar ridícula a mania de tirar retratos de si
mesmo em qualquer ocasião. Torna-se até um motivo de preconceito para com os colegas.
“Fulaninha? Tira fotos na frente do espelho.” Hábito que pode ser compreensível, contudo.
Imagino alguém dedicado a melhorar sua forma física, registrando seus progressos semanais. Ou
apenas entregue, no início da adolescência, à descoberta de si mesmo.
A bobeira se revela em outras situações: é o caso de quem tira um “selfie” tendo ao fundo a
torre Eiffel, ou (pior) ao lado de, sei lá, Tony Ramos ou Cauã Reymond.
Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece — e tudo bem. O problema fica
mais complicado se pensarmos no caso das fotos de comida. Em primeiro lugar, vejo em tudo isso
uma espécie de degradação da experiência.
Ou seja, é como se aquilo que vivemos de fato — uma estadia em Paris, o jantar num
restaurante — não pudesse ser vivido e sentido como aquilo que é.
Se me entrego a tirar fotos de mim mesmo na viagem, em vez de simplesmente viajar, posso
estar fugindo das minhas próprias sensações. Desdobro o meu “self” (cabe bem a palavra) em
duas entidades distintas: aquela pessoa que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está
em Paris.
Pode ser narcisismo, é claro. Mas o narcisismo não precisa viajar para lugar nenhum. A
complicação não surge do sujeito, surge do objeto. O que me incomoda é a torre Eiffel; o que
fazer com ela? O que fazer de minha relação com a torre Eiffel?
Poderia unir-me à paisagem, sentir como respiro diante daquela triunfal elevação de ferro e
nuvem, deixar que meu olhar atravesse o seu duro rendilhado que fosforesce ao sol, fazer-me
diminuir entre as quatro vigas curvas daquela catedral sem clero e sem paredes.
Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como o ponteiro único de um relógio
que tem seu mostrador na circunferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e desfazem,
há ruídos e crianças.
Pego, entretanto, o meu celular: tiro uma foto de mim mesmo na torre Eiffel. O mundo se
fechou no visor do aparelho. Não por acaso eu brinco, fazendo uma careta idiota; dou de costas
para o monumento, mas estou na verdade dando as costas para a vida.
Não digo que quem tira a foto da cerveja deixe de tomá-la logo depois. Mas intervém aí um
segundo aspecto desse “empobrecimento da experiência”. Tomar cerveja não é o bastante.
Preciso tirar foto da cerveja. Por quê?
Talvez porque nada exista de verdade, no mundo contemporâneo, se não for na forma de
anúncio, de publicidade. Não estou apenas contando aos meus seguidores do Facebook que às
18h42 de sábado estava num bar tomando umas. Estou dizendo isso a mim mesmo. Afinal, os
meus seguidores do Facebook, sei disso, não estão assim tão interessados no fato.
Não basta a sede, não basta o prazer, não basta a vontade de beber. Tenho de constituí-la
como objeto publicitário. Preciso criar a mediação, a barreira, o intervalo entre o copo e a boca.
Vejam, pergunto a meus seguidores inexistentes, “não é sensacional?”. Eis uma cerveja, a da
foto, que nunca poderá ser tomada. A foto do celular imortaliza o banal, morrerá ela mesma em
algum arquivo que apagarei logo depois.
Não importa; fiz meu anúncio ao mundo. Beber a cerveja continua sendo bom. Mas talvez
nem seja tão bom assim, porque de alguma forma a realidade não me contenta.
A imagem engoliu minha experiência de beber; já não estou sozinho. Mesmo que ninguém
me veja, o celular roubou minha privacidade; é o meu segundo eu, é a minha consciência, não
posso andar sem ele, sabe mais do que nunca saberei, estará ligado quando eu morrer.
Talvez as coisas não sejam tão desesperadoras. Imagine-se que daqui a cem anos, depois de
uma guerra atômica e de uma catástrofe climática que destruam o mundo civilizado, um
pesquisador recupere os “selfies” e as fotos de batata frita.
“Como as pessoas eram felizes naquela época!” A alternativa seria dizer: “Como eram
tontas!”. Dependerá, por certo, dos humores do pesquisador.
Fonte: Disponível em: coelhofsp@uol.com.br Acesso em: 11/11/19 (Adaptado para fins didáticos)

1) Com base na análise do texto, reflitamos:

a) No texto, o autor, Marcelo Coelho, aborda o uso do telefone celular. Analise cuidadosamente
a forma como o autor avalia o uso do celular e marque o item que mais se aproxima da
apreciação realizada pelo escritor. (0,5)

( ) O autor vê o uso do telefone celular de forma positiva, pois considera que esse tipo de
aparelho, quando usado de forma indiscriminada, tira a privacidade das pessoas.

( ) O autor vê o uso do telefone celular de forma positiva, pois considera que esse tipo de
aparelho, quando usado de forma discriminada, tira a privacidade das pessoas.

( ) O autor vê o uso do telefone celular de forma negativa, pois considera que esse tipo de
aparelho, quando usado de forma indiscriminada, tira a privacidade das pessoas.

b) Assinale o item que mais se aproxima da resposta para este questionamento. De acordo com o
texto, apesar do uso ilimitado do celular nos dias de hoje para tirar fotos, o selfie é uma
unanimidade entre os adolescentes? (0,5)

( ) Não, pois há adolescentes que rejeitam o hábito de se auto fotografar a todo instante e
que até têm preconceito em relação a pessoas com esse hábito.

( ) Sim, pois há adolescentes que rejeitam o hábito de se auto fotografar a todo instante e
que até têm preconceito em relação a pessoas com esse hábito.

( ) Não, pois há adolescentes que não rejeitam o hábito de auto fotografar a todo instante
e que até têm preconceito em relação a pessoas com esse hábito.

2) Segundo o autor do texto, a onda dos selfies provocou uma “espécie de degradação da
experiência”. A partir da análise global do texto, explique o que Marcelo coelho quer dizer ao
fazer essa afirmação. (1,0)

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3) O autor, durante o texto, se posiciona claramente sobre os selfies. Diante da defesa do autor
quanto aos selfies, reflita:

a) Em que situação o autor acha que haveria sentido alguém fotografar a si mesmo e em que
tipo de situação ele rejeita as selfies? (Explique) (0,4)

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 Para ilustrar seu ponto de vista, o autor cita uma viagem a Paris. Com base nessa situação:

b) Em tese, o que uma pessoa procura quando vai a Paris e o que muda quando ela fotografa
a si mesma em Paris? (Explique). (0,4)

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c) Explique o porquê o autor ver narcisismo nesse tipo de atitude. (0,2)

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d) O autor explica: “Desdobro o meu selfie (cabe bem a palavra) em duas entidades
distintas: aquela pessoa que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está em
Paris”. Dos itens a seguir, qual indica um procedimento que não seria próprio de “uma
pessoa que está em Paris”? (0,5)

( ) “Poderia unir-me à Paisagem”.

( ) “Poderia... sentir como respiro diante daquela triunfal elevação de ferro e nuvem”

( ) “Não por acaso eu brinco, fazendo uma careta idiota”

( ) “Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo”

4) Destaque os pronomes relativos e seus antecedentes empregados nos seguintes trechos do


texto I (Selfies), de Marcelo Coelho. (0,5)

a) “Fulaninha? Tira fotos na frente do espelho. Hábito que pode ser compreensível,
contudo”.
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b) “Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece – e tudo bem”.
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c) “... é como se aquilo que vivemos de fato – uma estadia em Paris, o jantar num
restaurante – não pudesse ser vivido e sentido como aquilo que é”.
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d) “Desdobro o meu “self” (cabe bem a palavra) em duas entidades distintas: aquela pessoa
que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está em Paris”.
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5) Analise o trecho a seguir, retido texto “Selfies”, de Marcelo Coelho. Em seguida, assinale V
(para as assertivas verdadeiras) ou F (para as assertivas falsas). (1,0)

“Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como o ponteiro único de um
relógio que tem seu mostrador na circunferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e
desfazem, há ruídos e crianças.”

a) ( ) Na primeira ocorrência, o pronome relativo que introduz uma explicação sobre o


sentido do termo mecanismo retomado por esse pronome.
b) ( ) Na primeira ocorrência, o pronome relativo que restringe o tipo de mecanismo ao
qual esse pronome se refere.
c) ( ) Na segunda ocorrência, o pronome relativo que introduz uma explicação sobre o
sentido do termo relógio, retomado por esse pronome.
d) ( ) Na segunda ocorrência, o pronome relativo que restringe o tipo do relógio ao qual
esse pronome se refere.

6) Analise este texto.


TEXTO II:

Fonte: Disponível em: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias... Acesso em: 25/11, às 21h – Usado para fins didáticos.
a) Qual a temática discutida no texto acima? Comente. (0,2)
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b) No que diz respeito ao conteúdo temático abordado nos textos I e II, de que forma o texto I
dialoga com o texto II? Explique. (0,6)
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7) Leia a tira, analise as afirmações a seguir e assinale as corretas. (1,0)

a) ( ) A frase do primeiro quadrinho está no voz ativa.


b) ( ) Na fala de Hagar do primeiro quadrinho, o sujeito vocês é agente.
c) ( ) Se essa fala fosse “Toda a graça de uma caçada é tirada por vocês”, a voz verbal
continuaria a mesma.
d) ( ) O sujeito é paciente no segundo quadrinho.
e) ( ) No segundo quadrinho, se é um pronome reflexivo.

8) Observe os verbos dos períodos seguintes e assinale a frase em que o verbo não admite a voz
passiva. (1,0)

a) ( ) Muitas pessoas viram o jogo do Brasil contra a Alemanha.


b) ( ) Thomas Edison inventou a lâmpada.
c) ( ) Se essa fala fosse “Toda a graça de uma caçada é tirada por vocês”, a voz verbal
continuaria a mesma.
d) ( ) A lama invadiu a cidade.

9) Passe para a voz passiva as frases não assinaladas da questão anterior. (1,0)

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10) Na frase “O médico acompanhará a cirurgia”, na voz passiva analítica, seria: (1,0)

a) “O médico terá de acompanhar a cirurgia”.


b) “O médico será acompanhado na cirurgia”.
c) “A cirurgia será acompanhada pelo médico”.
d) “A cirurgia teria sido acompanhada pelo médico”.
BOA PROVA!
BOAS FÉRIAS!

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