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TRABALHO E CORREÇÃO DE MULHERES NEGRAS NA CADEIA DA

CIDADE DO RIO GRANDE- RS (1864-1875)

Claudia Daiane Garcia Molet1


UFPEL
claudiamolet@yahoo.com.br

Resumo: A partir de 1850, com o fim oficial do tráfico negreiro a manutenção da


instituição escravista começou a ser uma preocupação das elites. No intento de
solucionar tal problemática uma alternativa foi substituir o trabalho escravo pelo
assalariado. Para isso, foi necessária a correção da população de escravizados, de forros
e de livres para o trabalho regular. As mulheres pobres marcadas pela cor negra e pela
condição social, foram o principal alvo desse discilpinamento. Os Livros de Registros
de Prisões da Cadeia da cidade do Rio Grande remetem às prisões das mulheres negras.
Sendo assim, o objetivo desta comunicação é verificar os motivos pelos quais estas
mulheres foram presas em Rio Grande. Além disso, analisar os espaços de trabalho das
mesmas, bem como as condições da cadeia.

Palavras chaves: trabalho-mulheres-escravas-forras

O atual município do Rio Grande teve sua origem em 1737, quando os lusos
edificaram o forte Jesus Maria José, às margens da barra da Lagoa dos Patos. A
construção visou à defesa do ataque dos espanhóis, pois pela navegação na Lagoa dos
Patos, seguindo pelo canal São Gonçalo até a Lagoa Mirim, é possível chegar ao
Uruguai, local onde os portugueses haviam fundado, em 1680, a Colônia do
Sacramento. Esta foi alvo de constantes disputas entre espanhóis e portugueses, visto
que os últimos estabeleceram a colônia em terras de domínio espanhol, do mesmo modo
como fizeram em Rio Grande. A localização estratégica do Jesus Maria José permitiu a
criação do único porto marítimo do Rio Grande do Sul. Em Rio Grande a função militar
foi substituída pela comercial.
Para Cardoso2 foi o desenvolvimento pastoril e charqueador sulino que
ocasionou a intensificação da atividade comercial na província do Rio Grande do Sul. A
cidade do Rio Grande foi privilegiada, pois possuía o único porto marítimo sulino.
Desse modo, tornou-se um dos grandes empórios comerciais do país, importando e
exportando mercadorias, além de ser o escoadouro de grande parte da produção
charqueadora sulina. Oliveira acrescenta que o transporte hidroviário possibilitou uma

1
Aluna do Mestrado em Ciências Socais da Universidade Federal do Rio Grande. Bolsista CAPES. Sob a
orientação da Profª. Drª Beatriz Ana Loner
2
CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional: o negro na
sociedade escravocrata no Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p.75.

1
teia de rios e lagoas que aproximou a cidade do Rio Grande das charqueadas de Pelotas,
da fronteiriça Jaguarão, bem como da capital da província Porto Alegre, as quais, por
sua vez, tinham conexões com redes hidroviárias, como Rio dos Sinos, Rio Jacuí, Rio
Taquari e Lagoa Mirim. Além disso, a proximidade com o Oceano Atlântico ocasionou
o contato com outros países, entre estes os europeus. 3
Segundo Torres4 durante o século XIX, em Rio Grande, a intensa
movimentação de embarcações e pessoas, proporcionou uma característica marítima. A
localidade participou de redes mercantis internas ligadas ao comércio no império luso-
brasileiro. E, também de redes internacionais, comercializando com empresas dos
Estados Unidos, principalmente com as firmas Hugentobler & Douley e Claussen & C.ª.
Para Queiroz5 foi a partir do começo do século XIX, que Rio Grande tornou-se o
principal centro de comércio, legal e ilegal do Rio Grande do Sul. E, devido ao
movimento portuário houve um crescimento sócio-econômico bem como a
modernização urbana da localidade.
No decorrer do século XIX, segundo Torres e Alves, foram realizados
aterramentos em áreas alagadiças, aumentando assim os terrenos propícios à ocupação.
Além disso, ocorreu uma busca incessante para promover o calçamento das ruas. E, a
partir da década de 1840 começaram as construções e as reformas de prédios públicos
como o Mercado, o Matadouro, a Igreja da Matriz e a Cadeia. A elite rio-grandina, a
partir do aumento de seu poder econômico, procurou adquirir hábitos europeus, o que
levou a um desenvolvimento cultural na cidade. Teatros, exposições de artes, museus
itinerantes, livrarias e a Biblioteca Rio Grandense, fundada em 1846, fizeram parte
desse processo cultural. 6
Em Rio Grande a atividade comercial e a intensa movimentação na área
portuária ocasionaram a presença fundamental da mão-de-obra escravizada. Além
desses, os forros fizeram-se presentes, nas mais diversas ocupações. Esta característica
portuária e comercial ocasionou uma população de trabalhadores formada

3
OLIVEIRA, Vinícius Pereira. Escravos, marinheiros, embarcadiços e pescadores negros no mundo
atlântico de Rio Grande/ RS (século XIX). Comunicação apresentada no IV Encontro “Escravidão e
Liberdade no Brasil Meridional”, Curitiba, 2009, p. 2. Disponível em:
http://www.labhstc.ufsc.br/ivencontro/pdfs/comunicacoes/ViniciusPereiradeOliveira.pdf
4
TORRES, Daniel de Quadros. Rio Grande-Pelotas: Produção, comércio, redes mercantis e interesses
econômicos em meados do século XIX. Monografia (História Bacharelado) Departamento de
Biblioteconomia e História, FURG, 2004, p. 59.
5
QUEIROZ, Maria Luize Bertuline. A Vila do Rio Grande de São Pedro (1737-1822). Rio Grande:
FURG, 1987, p.156.
6
ALVES, Francisco das Neves & TORRES, Luiz Henrique. A cidade do Rio Grande. Rio Grande:
Salisgraf, 2001, pp. 44-48.

2
principalmente por homens. Todavia, as mulheres negras escravas e as egressas do
cativeiro foram essenciais na execução de distintas funções. Tanto nas residências e em
determinadas casas de negócios, quanto nas ruas, praças e becos. O contato que estas
trabalhadoras tiveram com o restante da população pobre e negra fazia com que
geralmente tivessem comportamentos que foram considerados, pelas autoridades, como
indisciplinados, e sendo muitas vezes conduzidas à cadeia para correção.
Esta preocupação com o disciplinamento das mulheres em Rio Grande foi
decorrente do projeto de correção da mão-de-obra para o mercado de trabalho livre. No
Brasil a preocupação com a população pobre, constituída de livres e de libertos foi um
tema recorrente nas elites brasileiras. Durante o período colonial e imperial, aquela
população foi considerada como vadia, já que eram os trabalhadores escravizados que
desempenhavam a maioria das atividades manuais. No sistema escravocrata houve uma
degradação do trabalho que era relacionado com o cativeiro e, portanto, considerado
pelas elites e por parte dos livres como atividades de cativo. Entretanto, a situação
começou a ser modificada com o fim oficial do tráfico negreiro, em 1850 quando
ocorreu a intensificação do tráfico interprovincial e o conseqüente deslocamento da
mão-de-obra escrava para as áreas cafeeiras, que acarretou numa escassez de mão-de-
obra escravizada em outras regiões. Neste contexto, as elites perceberam que era
necessário disciplinar tanto o trabalhador escravizado quanto a população de livres e
libertos, pois seria a mão-de-obra existente. 7
Soihet8 informa que o disciplinamento recaiu especialmente, sobre as mulheres
que foram consideradas o “locus” para a produção e a reprodução de uma força de
trabalho adequada e disciplinada. Houve uma tentativa de correção da moral feminina
que buscou regrar a conduta das mulheres, relativo tanto ao espaço em que circulavam,
quanto aos seus comportamentos. Em outro estudo a autora 9 argumenta também que a
mulher, tinha a função de garantir que sua família, enquanto força de trabalho, fosse
disciplinada. Todavia, houve uma resistência por parte dos membros das camadas
populares, entre eles as mulheres que disputavam um espaço no meio urbano. A rua,
7
Sobre disciplinamento ver: CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos
trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. São Paulo: Editora da UNICAMP, 2001; KOWARICK,
Lúcio. Trabalho e vadiagem: a origem do trabalho livre no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994;
MAUCH, Cláudia. Ordem e moralidade: imprensa e policiamento urbano em Porto Alegre na década de
1890. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004; PESAVENTO, Sandra Jatahy. A emergência dos
subalternos: trabalho livre e ordem burguesa. Porto Alegre: Editora UFRGS, 1989
8
SOIHET, Rachel. Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1890-
1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989, p. 22.
9
SOIHET, Rachel. Mulheres pobres e violência no Brasil urbano. IN: PRIORE, Mary del (Org.).
Histórias das mulheres do Brasil. São Paulo: Contexto, 2001, pp. 362-400

3
para muitas, recebeu “ares de lar”, pois nestes locais comiam, dormiam e extraiam o seu
sustento.
Perrot10 acrescenta que foi partir do século XIX, que na França ocorreu a
divisão das tarefas e a segregação dos espaços, determinando as atividades da vida para
homens e mulheres, para estas a maternidade e a casa. Além disso, a participação
feminina nas ocupações assalariadas foi temporária, pois ocorreu quando houve a
necessidade de uma maior renda para a família. Essas mulheres foram remuneradas com
baixos salários e realizaram atividades não qualificadas. Porém pode-se argumentar que
esse ideário burguês, em que a divisão das tarefas era de acordo com o sexo, não foi
possível de ser realizado no caso das mulheres pobres que necessitavam trabalhar em
várias ocupações para manter sua família e seu lar.
Dias11 afirma que a presença das mulheres pobres trabalhadoras, na cidade de
São Paulo, caracterizou-se por um permanente estado de tensão, no que se refere à
relação com as autoridades. O comércio de rua e a prostituição foram aspectos do
cotidiano urbano que os viajantes e contemporâneos mais relataram. A prostituição foi
uma atividade secundária, casual e complementadora de outros recursos de ganhos das
mulheres escravizadas que eram lavadeiras, negociantes ou vendedoras. Em decorrência
da atividade do ganho, a escrava circulou pelas ruas e praças para obter clientes, para
vender seus quitutes, ou lavar suas roupas. Nessa busca por clientes, algumas delas se
prostituíram. Leite12 ao verificar a condição feminina no Rio de Janeiro acrescenta que o
ideal da mulher reclusa, fez com que aquelas que circulavam pelas ruas fossem
estigmatizadas. Além disso, para as escravas acentuou mais o preconceito, pois além de
sua condição de cativa, muitas circulavam pelas ruas e tinham contato com homens.
Desse modo, o trabalho manual e a rua foram considerados como coisas de escravas e
de prostitutas. Rago13 informa que a estratégia da correção da moral feminina foi uma
tentativa de regrar o cotidiano das mulheres, especialmente as trabalhadoras que saiam
para as ruas, tendo contato principalmente com as classes populares e com seus hábitos
indisciplinados.

10
PERROT, Michel. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1988, pp. 186-187
11
DIAS, Maria Odila da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. São Paulo: Brasilense,
1984
pp. 44-91
12
LEITE, Miriam Moreira. A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX. São Paulo: Hucitec,
1993. p. 89
13
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar, Brasil (1890-1930). Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985.

4
Analisando a cidade de Porto Alegre, na segunda metade do século XIX,
Moreira14 afirma que a presença de mulheres populares foi recorrente nos espaços
urbanos. As casas onde residiam as meretrizes ou mulheres sem um parceiro fixo, foram
locais de vários incidentes. Estes lugares foram usados pelos homens pobres para
realização de jogos, encontros e como pousos. Além disso, foram utilizados para
armazenamento de objetos roubados e para festas íntimas. Por tudo isso, nessas
moradias houve constantes desordens e ajuntamentos. Geralmente as brigas ocorriam
entre os homens que disputavam o direito de freqüentar aqueles ambientes. As mulheres
que residiam nestes espaços foram geralmente sozinhas, trocavam de companheiros
com freqüência, transitavam em locais públicos. Desse modo, eram mulheres
independentes, e seus comportamentos foram considerados pelas autoridades como
opostos aos de mulheres honestas.
Nesse contexto, nota-se que as trabalhadoras, tanto as escravizadas quanto as
forras, foram triplamente estigmatizadas, por serem mulheres, trabalhadoras e negras.
Desse modo, quando iam para locais cuja presença masculina foi mais recorrente, eram
tidas como prostitutas. Além disso, as relações amorosas, mais instáveis e o fato de
serem mães solteiras acarretaram em maior preconceito. Dessa maneira, quando a elite
elaborou o projeto para disciplinar os trabalhadores para o mercado de trabalho livre, as
mulheres foram um dos seus principais focos, pois foi estabelecido para elas o papel de
dona de casa, mãe de família e educadora dos filhos. E assim, aquelas que trabalhavam
e tinham atos indisciplinados, foram recolhidas à cadeia, para que fossem corrigidas e
introjetassem a nova moral feminina. Nesta comunicação pretende-se estudar as
tentativas de disciplinamentos das mulheres negras trabalhadoras presas na Cadeia da
cidade do Rio Grande, a partir da atuação da polícia e do funcionamento interno da
Cadeia. Além de compreender quais as mulheres foram passíveis de correção.
Em Rio Grande, houve dois livros para registrar os encarceramentos das
mulheres, de acordo com a condição social, se escrava ou se livre. Desse modo, há
livros com as prisões de escravos de ambos os sexos e livros específicos para mulheres
livres. Nestes últimos estão registrados também os encarceramentos das mulheres
egressas do cativeiro. A coleção dos livros é incompleta, até o momento apenas um livro
encontra-se no Centro de Documentação Histórica da Fundação Universidade Federal
do Rio Grande, nas documentações classificadas como “Variedades e Raridades”. Tal

14
MOREIRA, Paulo Roberto Staudt. Entre o deboche e a rapina: os cenários sociais da criminalidade
popular em Porto Alegre. Porto Alegre: Armazém Digital, 2009, pp. 163-167

5
livro contém 392 prisões de escravos de ambos os sexos encarcerados no período de
1868 a 1870. O restante dos livros está armazenado no Arquivo da Prefeitura Municipal
de Rio Grande. Para esta comunicação foi utilizado o Livro de Registros das mulheres
livres. Deste foram selecionados aqueles registros que logo após o nome da encarcerada
havia a designação de “forra”. E, assim serão analisadas trinta prisões no período de
1864 a 1875. No caso das escravizadas o uso foi do Livro de Registros de escravos de
ambos os sexos. Destes registros serão estudados 16 encarceramentos, no período de
1868 a 1870. Para esta comunicação optou-se pelos registros das escravas que tinham
ocupações de lavadeiras e de quitandeiras. Isso por que, além dessas fontes, serão
utilizados alguns ofícios e relatórios, enviados para a câmara municipal, que
possibilitam compreender os espaços do trabalho destas mulheres presas.
Em Rio Grande, o trabalho das quitandeiras foi regulamentado desde as
primeiras posturas da cidade.15 Estas determinaram que as quitandeiras que vendessem
nas ruas e nas praças deveriam pagar um mil e duzentos réis por ano. Já aquelas que
trabalhassem por menos tempo pagariam mensalmente uma quantia de cem réis. Em
1842, segundo um mapa estatístico da cidade do Rio Grande, houve vinte e três
quitandeiras de porta e trinta e duas “pelas ruas”. As quitandeiras de portas foram
aquelas que exerciam suas atividades em quitandas, principalmente no Mercado
enquanto as demais não tinham lugar fixo para exercer suas atividades. Não é possível
saber se naqueles números do referido mapa estavam inclusas as escravas, o que se pode
perceber é a presença significativa das quitandeiras, pois para este período a população
era de 3.866 livres e 2.772 escravos. 16
No ano de 1858 o fiscal da cidade do Rio Grande enviou à Câmara um aviso em
que declarou que havia pedido à quitandeira Joana Maria da Conceição para retirar-se
da Praça São Pedro (atual Praça Júlio de Castilhos). 17 Dias depois, foi a própria Joana
quem solicitou à Câmara a licença de armar uma barraca volante durante o dia de
quitanda, na Praça São Pedro atrás do teatro 18. Assim, sabe-se que o trabalho em alguns
locais só poderia ocorrer, para as quitandeiras, mediante autorização expressa das
autoridades. Por outro lado, nota-se que a quitandeira escolheu o local para realizar suas

15
LOPES NETO, João Simões. Revista do Primeiro centenário de Pelotas. Abr/maio 1912, Museu da
Biblioteca Pública, pp. 109-116..
16
AHRS. Fundo Polícia. Maço P-24 Rio Grande (22/07/1843)
17
APMRG. Informações do fiscal enviadas à Câmara. (05/02/1858) Coleção Câmara Municipal de Rio
Grande, caixa 237.
18
APMRG. Requerimento enviado à Câmara (13/02/1828) Coleção Câmara Municipal do Rio Grande,
caixa 237.

6
atividades em decorrência da movimentação do mesmo e, portanto pela existência de
vários clientes.
Ao que se refere a atual Praça Júlio de Castilhos, local requisitado pela
quitandeira Joana Maria da Conceição, também já fora denominada de Praça da
Quitanda. Isso porque, segundo as Posturas Municipais de 1830 e possivelmente até
1858, o lugar recebeu as carretas que “vinham de fora” para vender frutas. Segundo tais
posturas, no inverno as carretas deveriam permanecer até as dez horas da manhã e no
verão até as nove horas, somente posteriormente a esses horários os carreteiros
poderiam circular pelas ruas da cidade. No ano de 1858, alguns negociantes enviaram
uma reclamação à Câmara, pois estavam sentindo-se prejudicados com a mudança do
local para paradeiro das carretas, pois havia sido determinado que o novo local fosse na
Praça da Geribanda (atual Praça Tamandaré). Segundo aqueles comerciantes as casas de
negócio estavam estabelecidas perto da Praça São Pedro, em decorrência da
movimentação de pessoas. Assim, com a transferência para a Praça da Geribanda os
negócios foram prejudicados. Na documentação investigada até o momento não foi
possível averiguar se a reclamação dos negociantes foi atendida.
Nota-se que as praças foram locais por onde circulavam os trabalhadores da
cidade do Rio Grande e assim, possibilitaram o encontro de mulheres trabalhadoras com
outros populares. Todavia, as autoridades tentavam controlar estes espaços. Em 1864, o
fiscal do Primeiro Distrito da cidade (que correspondia a zona urbana), proibiu que as
lavadeiras retirassem água do poço em frente ao quartel, para lavagem de roupa, e
19
determinou ainda que ao redor do referido poço fosse realizado um aterro. O contato
das lavadeiras também ocorria com os homens do mar. Quando em 1865 o escravo
marinheiro Afonso foi acusado de furtar uma mercadoria da embarcação em que
trabalhava, uma testemunha, o também marinheiro, José Maria dos Santos que residia
em Rio Grande, declarou que quando a preta Maria lavava roupa, Afonso teria ido ao
seu encontro para pagar uma lavagem.20
Outro local que possibilitou o contato das trabalhadoras com os demais
populares foi a área portuária. É possível imaginar as quitandeiras circulando entre
marinheiros, ganhadores, estivadores, senhores negociando seus escravos, comerciantes
à espera de suas encomendas e até mesmo conversando ou disputando clientes para seus
quitutes. Nas proximidades da área portuária estava localizado o Mercado Municipal.

19
APMRG. Livro da Câmara Municipal (3C- Ofícios e portarias, (1863-1873).
20
APERS- Processo 6395 (roubo a bordo), maço 1795, Cartório Primeiro Cível e Crime. Rio Grande.

7
Neste estavam as casas de pasto, as tavernas, os açougues, além das quitandas. Em
1853, o fiscal do Mercado enviou um oficio à Câmara informando que o sistema de
arrecadação da contribuição sobre as quitandeiras e os quitandeiros não era favorável.
Isso porque, o regulamento determinava que a arrecadação deveria ocorrer
mensalmente, já o fiscal defendia que deveria ser realizado diariamente, pois muitas
quitandeiras e quitandeiros freqüentavam apenas alguns dias o Mercado. Tudo indica
que quando o fiscal ia cobrar a contribuição muitos já não se encontravam no local, não
pagando o estipulado, daí a necessidade da fiscalização diária. 21
Neste mesmo ano, de 1853, um locatário de um quarto do Mercado, Benito
Marechal enviou um requerimento à Câmara, informando que sua casa de pasto era
sossegada e de “boa ordem” e que seria neste local que muitas quitandeiras e pescadores
chegavam “quase sempre”, assim requereu que seu estabelecimento continuasse em
funcionamento. O pedido de Benito Marechal foi realizado, pois o fiscal ao chegar ao
Mercado intimou os “indivíduos” que possuíam casas de pasto e botequins devido às
desordens, parece, portanto, que a casa de pasto de Benito era uma exceção. Nos locais
próximos da área portuária ocorriam algumas desordens, sendo muitas vezes ambientes
transgressores que os fiscais tentavam ordenar.
Nota-se que o ambiente em que algumas mulheres negras trabalhavam
ocasionou que, algumas vezes, fossem conduzidas à cadeia, pois tinham contato com
outros homens e mulheres que trabalhavam na localidade. Assim, às vezes, juntas saiam
para andar pelas ruas, para beber, mas também provocavam desordens quando, por
exemplo, disputavam clientes. No interior da cadeia estas mulheres encontraram
prisioneiros (as) correcionais e aqueles que eram sentenciados (as). Estes últimos,
geralmente tinham ocupações que exerciam, tanto no interior da cadeia, quanto fora
dela. Em Porto Alegre, os homens encarcerados faziam diversas atividades manuais,
enquanto as mulheres sentenciadas realizavam os serviços de lavadeiras e costureiras.
Para a realização de tais serviços, era necessária a autorização. Desta maneira, as
mulheres poderiam ir até aos rios para buscar água, no caso das lavadeiras. No espaço
interno da Cadeia as mulheres algumas vezes mantinham relações sexuais com outros
presos ou ainda como os carcereiros e com os policiais. Nesse sentido, em 1876 foram
denunciados o carcereiro e seu ex-ajudante, de engravidarem duas presas sentenciadas.
Além destes, as duas mulheres haviam mantido relações com outros presos, e ainda

21
APMRG. Oficio enviado à Câmara (30/07/1853). Coleção Câmara Municipal do Rio Grande, caixa
238.

8
quando ia lavar roupa uma das sentenciadas tinha relações fora da cadeia. Algumas
mulheres, quando interrogadas pelas autoridades, sobre a paternidade do filho que
estava para nascer, afirmavam que desconheciam o nome do pai. 22
Até o momento não se sabe como as mulheres presas em Rio Grande foram
tratadas pelas autoridades. Acredita-se que possivelmente assim como em Porto Alegre,
algumas pudessem sair para as ruas quando necessitavam, por exemplo, de água, como
no caso das lavadeiras. A partir dos dados coletados nos, já referidos, livros da Cadeia
foi realizada, a tabela 1 que demonstra os motivos e as ocupações das mulheres presas
na cadeia da cidade do Rio Grande.

Tabela 1 - Ocupações e motivos de prisões das escravas e forras presas na Cadeia do


Rio Grande (1864-1875)
Motivo da Ocupações
Prisão
Escravas Forras
Costureira

DomésticosServiços

Total
Quitandeira

Quitandeira

Engomadeira

Cozinheira

Não designada
Lavadeira

Lavadeira

Aclientela (sic) - - - 01 - - - - - 01

Averiguações - - 01 - - - - - - 01

Batuque fora de 01 - - - - - - 01 - 02
horas
Correção - 03 - 01 03 01 - - - 08

Desordem - 01 06 - 01 01 - - - 09

Embriaguez 01 - - 01 - 01 01 - - 04

Embriaguez e - - - 01 01 - - - - 02
desordem
Embriaguez e - - - - - - - 01 - 01
suspeita de ser
cativa
Estar de baile - - - - 01 - - - - 01
com negros
Indiciada em - - - 01 - - - - - 01
processo
Inspetor de - - - 01 01 - - - - 02
quarteirão
Por alienada - - 01 - - - - - - 01

Por demência - - - - - - - - 01 01

Por denúncia - - - - - 01 - - - 01

22
MOREIRA, op. cit., pp. 145-146

9
Requisição do 03 05 - - - - - - - 08
senhor
Fora de horas - 02 - - - - 01 - - 03

Fonte: APMRG, Livro de registros de prisões de mulheres livres, da Cadeia da cidade do Rio Grande (1864-1875)
e CDH-FURG. Livro de registros de prisões de escravos de ambos os sexos, da Cadeia da cidade do Rio Grande
(1868-1870)

De acordo com a tabela 1, nota-se que das 16 escravas encarceradas a metade


foi presa por requisição do senhor. Não há indícios na documentação sobre quais
motivos que ocasionaram que estas trabalhadoras fossem aprisionadas na Cadeia.
Segundo Karasch23 no, Rio de Janeiro, muitos senhores requisitavam a prisão de
escravos para castigá-lo por “ofensas triviais”. Para a realização desse serviço o senhor
deveria pagar 160 réis por cem chibatadas. Após o pedido dois ou mais soldados
direcionavam-se até o local onde o senhor informava que estava o escravo e levavam-no
sob pancadas até o Calabouço. Depois dessa etapa, alguns cativos ainda eram punidos
com chibatadas. Chalhoub24 acrescenta que nas áreas urbanas havia uma maior
sensibilidade da vizinhança que temia uma reação escrava motivada pelo
descontentamento dos castigos injustos, o que colocaria em risco o bem estar dos
proprietários dos cativos. Assim, as escravas, cujos senhores requisitaram suas prisões,
poderiam estar em fuga, ter desrespeitado o senhor, terem sido encontradas andando
fora de horas, ou ainda embriagadas, estas são, portanto algumas possibilidades.
Outro motivo de prisão das mulheres de Rio Grande foi “correção”, tanto as
escravas quanto as forras foram aprisionadas por este motivo. No Rio de Janeiro,
segundo Karasch, os senhores mandavam seus cativos para serem corrigidos, com uma
temporada na prisão sem castigo físico, o que também era um castigo, pois alimentação
era precária, num ambiente insalubre que proliferava doenças. Os escravos açoitados
tinham feridas abertas que muitas vezes permitiam a proliferação de parasitas, vermes,
esporos e bacilos. Muitos escravizados contraiam tétano, outros tinham infecções que
geravam gangrenas, ulceras, ancilostomose. No período de 1859 a 1870 morreram 63
cativos no calabouço do Rio de Janeiro.25 Desse modo, a punição de “correção”
significava ficar alguns dias na Cadeia. Entretanto, representava, muitas vezes, o perigo
de adquirir doenças que inclusive poderiam ser transmitidas aos senhores dos escravos.

23
KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das
Letras, 2000, pp. 172-173.
24
CHAULHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das ultimas décadas da escravidão na corte.
São Paulo: Companhia nas Letras, 1990, p. 201.
25
KARASCH, 2000. p. 183-184

10
Em Rio Grande, as condições da cadeia também eram precárias. Em 1853,
segundo um relatório da comissão responsável para vistoriar as prisões e os hospitais da
cidade, a Cadeia era um local fétido, enfumaçado, onde estavam amontoados de
quarenta a cinqüenta presos, livres e escravos.26 Situação que iria perdurar por alguns
anos, pois em 1872, a comissão encarregada para examinar o estado “higiênico e de
salubridade” dos hospitais e das casas de correção da cidade do Rio Grande esteve
vistoriando o lugar. Informou que a Cadeia estava em desacordo com o estado sanitário,
pois o local era pantanoso e o interior do edifício carecia de reparos. Além disso, todas
as janelas e clarabóias precisavam de vidros. Faltavam também barris, canecos, tinas e
lampiões. Outro ponto vistoriado foi o regime de alimentação, pois cada encarcerado
recebia duzentos e vinte e cinco réis, e deveria conseguir alguém para comprar seus
alimentos, para assim prepará-los em suas células. A comissão considerou que tais
compras deveriam ser realizadas pelo carcereiro com os meios fornecidos pelo governo,
visto que muitas vezes os prisioneiros não encontravam quem fosse realizar tal serviço,
ficando sem alimentação. Por outro lado, a alimentação dos cativos deveria ser paga
pelos senhores, na mesma proporção. 27
Observando os regimes de alimentação para os encarcerados possivelmente os
senhores buscavam diminuir os gastos e dessa maneira, quiçá solicitassem a redução da
alimentação de suas trabalhadoras. Outro fator que provavelmente influenciou na
distribuição da alimentação, foi o fato que algumas encarceradas ficavam alguns dias
para a correção e logo saíam do cárcere, assim a privação alimentícia poderia ser
utilizada como uma metodologia de correção, para que não mais a encarcerada tivesse
comportamentos que poderiam levá-la para a cadeia. Já para aquelas que cumprissem
sentença poderiam receber a alimentação, em pequenas doses, provavelmente,
excetuando-se aquelas que mantinham um bom relacionamento como os carcereiros e
os guardas.
Ainda houve mulheres negras presas por embriagues, desordem, por andar fora
de horas, por estar de batuque foras de horas e por estar de baile com negros. Nestes
casos pode-se argumentar que estas mulheres poderiam estar com outras trabalhadoras e
trabalhadores que poderiam ter fugido na hora da prisão. Ou então foram presos, porém
seus registros estão nos livros ainda não pesquisados. O motivo “por estar de baile com

26
CDH-FURG. Acervo Variedades e Raridades, caixa número 40. Relatório da Comissão Responsável
pelas visitas a Hospitais e Prisões.
27
APMRG. Câmara Municipal. Caixa 114. Relatório da Comissão encarregada de examinar o estado
higiênico e de salubridade dos hospitais e casas de correção da cidade do Rio Grande. (29/04/1872).

11
negros” pode ser um indicativo que os negros que estavam com a costureira forra
poderiam também ter sido presos, ou talvez fugiram da polícia e assim não foram
aprisionados. Além disso, demonstra que as mulheres divertiam-se com outros
trabalhadores. Todavia, as autoridades tentavam controlar as reuniões, festas e
manifestações religiosas da população negra.
Outros motivos que geraram prisões destas mulheres foram por “aclientela”
(sic), para averiguações, por alienada, por demência e por denúncia. Há ainda a forra
lavadeira Cecília cujo motivo da prisão foi “inspetor de quarteirão”, Cecília poderia
estar circulando fora de horas pelas ruas, provocando uma desordem ou ainda
embriagada e o inspetor conduziu para Cadeia para lá ser corrigida. Interessante notar
que nenhuma uma escrava foi presa por fuga, se bem que entre as requisições dos
senhores poderia haver escravas que fugiram e por isso, o senhor pediu seu
encarceramento. Uma forra foi presa por suspeita de ser cativa. Uma análise nestes
motivos de prisões mostra que a maioria foi presa por comportamentos tidos como
desordeiros. Apenas uma mulher foi encarcerada para averiguações e uma indiciada em
processo. Desse modo, uma análise, posteriormente nos processos crimes possibilitará
maiores informações destas mulheres.
Algumas questões são pertinentes de analisar nesse momento, quanto aos
motivos de prisões. Isso porque, alguns destes não são elucidativos, como o “andar fora
de horas”. Uma mulher que andava fora de horas, poderia estar indo ou retornando de
um encontro com um parceiro, ou ainda com um cliente. Além do mais, poderia no caso
das escravizadas estar combinando uma fuga, ou até mesmo fugindo, mas foi
encontrada antes do êxito de sua tentativa. Pode-se também mencionar o fato de que
posteriormente as autoridades policiais poderiam averiguar que enquanto “andava fora
de horas” as mulheres estivessem cometido algum crime contra a propriedade e/ou
pessoa. Desse modo, um inquérito policial poderia ser aberto e a mulher seria
investigada. Assim, acredita-se que a pesquisa posteriormente em processo crimes
ajudará a compreender a dinâmica da Cadeia e como as mulheres negras foram tratadas
pelas autoridades policiais. Quanto a naturalidade destas mulheres presas a tabela 2 traz
as informações.
Tabela 2- Naturalidade das escravas e forras presas na cadeia da cidade do
Rio Grande (1868-1870)
Naturalidade Ocupações

12
Escravas Forras

Total
Quitandeira

Quitandeira

Engomadeira

domésticosServiços
Lavadeira

Lavadeira

Costureira

Cozinheira

Não designada
África 03 07 04 01 - 01 01 - 01 18

Bahia - - - 01 - - - - - 01

Jaguarão - - - - 01 - - - 01 02

Rio Grande - - 01 - 02 - - - - 03

Rio de Janeiro 01 - - 01 - - - - - 02

Pelotas - 02 - 01 - - - - - 03

Rio Grande do - 01 - 01 03 03 02 - - 10
Sul
Serro Largo - 01 - - - - - - - 01

Ignora 01 - - - - - - - - 01

Da Costa - - 03 01 - - 01 - 01 06

Total 05 11 08 06 06 04 02 02 03 47

Fonte: APMRG, Livro de registros de prisões de mulheres livres, da Cadeia da cidade do Rio Grande (1864-
1875) e CDH-FURG. Livro de registros de prisões de escravos de ambos os sexos, da Cadeia da cidade do
Rio Grande (1868-1870)

De acordo com a tabela 2 nota-se que das 47 mulheres presas, 24 eram naturais
da África, destas 18 há apenas o termo África e 06 informa que são da Costa. A
presença de africanos na cidade já foi corroborada por Scherer 28 que concluiu que havia
na cidade uma foi predominantemente africana, os quais constituíam 55% dos escravos
no período entre 1825 e 1865. E, a partir das cartas de alforrias constatou que o número
de africanos era superior aos crioulos nesse período determinado. A tabela 2 informa
que das demais, a maioria das nasceu no Brasil, sendo grande parte do Rio Grande do
Sul. Houve, portanto, nos dados analisados para esta comunicação, uma quantidade
equilibrada das naturalidades africanas e as nascidas no Brasil.
A partir destes dados iniciais pode-se argumentar que possivelmente nem todas
as mulheres negras foram presas quando encontradas em atos desordeiros, quiçá
algumas tinham na sua rede de solidariedade alguns guardas que como forma até de
28
SCHERER, Jovani de Souza. Experiências em busca da liberdade: alforria e comunidade africana
em Rio Grande, Século XIX. Dissertação (Mestrado em História). Universidade do Vale dos Sinos,
2008, p.99

13
galanteio não as prendiam. Assim, o encarceramento poderia não ser para todas as
mulheres negras, provavelmente algumas delas eram poupadas da cadeia enquanto
outras seguiam para o xadrez. O ambiente em que trabalhavam lavadeiras e quitandeiras
proporcionava uma determinada mobilidade pela cidade, tendo contatos com outros
trabalhadores, livres escravos e forros. Além disso, estas mulheres muitas vezes também
disputavam clientes seja para comprar seus quitutes ou ainda para oferecer seus serviços
para lavagem de roupas. Entretanto, como já foi analisado anteriormente, havia fiscais
que tentavam organizar e ordenar estas ocupações.

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