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dez

A importância do comissionamento
Publicado por Alberto Nascimento no dia 5 DE DEZEMBRO DE 2012 – 13:23.
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Divulgação Anthares Soluções em HVAC

O comissionamento é o processo que assegura que os sistemas e componentes de uma


edificação ou unidade industrial estejam projetados, instalados, testados, operados e mantidos
de acordo com as necessidades e requisitos operacionais. As atividades de comissionamento,
no seu sentido mais amplo, são aplicáveis a todas as fases do empreendimento, desde o
projeto básico e detalhado, o suprimento e o diligenciamento, até a construção e a montagem.
“Na prática, o processo de comissionamento consiste na aplicação integrada de um conjunto
de técnicas e procedimentos de engenharia para verificar, inspecionar e testar cada
componente físico do empreendimento, desde os individuais, como peças, instrumentos e
equipamentos, até os mais complexos, como módulos, subsistemas e sistemas”, resume o
farmacêutico industrial Antonio Celso da Costa Brandão Brandão.
O engenheiro Marcos Antonio Vargas Pereira, diretor técnico-comercial da Térmica Brasil,
afirma que o comissionamento é normalmente dividido em quatro etapas distintas: projeto,
instalação, posta em marcha (start-up) e desempenho. Segundo Célio S. Martin, da Análise
Consultoria e Engenharia, o conceito de comissionamento é aplicado em toda e qualquer
instalação, sistemas e equipamentos, de um simples refrigerador a uma câmara frigorífica, de
um armazém a uma área de envase grau A, da sala de recepção a sala de TI, da cabine
primária às tomadas elétricas das salas, etc. “Mas a sua complexidade será sempre de acordo
com a complexidade do seu objeto de comissionamento”, diz.
A respeito das atividades realizadas no processo de comissionamento de instalações
farmacêuticas, Martin cita em primeiro lugar o pré-comissionamento, fase em que o projeto
será avaliado do ponto de vista funcional e se os objetivos do cliente poderão ser comprovados
através de ensaios técnicos durante a montagem e start-up da instalação. “Nesta fase também
é elaborado o plano de comissionamento e toda a documentação para os ensaios”, diz.
Martin ressalta que os equipamentos que compõem os sistemas devem ser inspecionados
ainda no fornecedor através do FAT (Factory Aceptance Test) e que, além da verificação física
e de especificações de projeto, poderiam passar por alguns ensaios funcionais e análise de
documentação como certificados de fabricação e manuais de manutenção e operação.
Já durante a montagem, prossegue Martin, haveria duas etapas básicas: inspeções estáticas e
ensaios operacionais. “Nas inspeções, a instalação é confrontada com as especificações de
projeto em questões dimensionais, arranjos e layouts, acessos, limpeza e integridade, etc. Os
ensaios desafiarão cada componente e sistemas na sua funcionalidade na comprovação de
que as expectativas do cliente quanto a operação do sistema foram atendidas”, explica.
Martin ressalta que os treinamentos dos profissionais de operação e manutenção podem fazer
parte do comissionamento, e ainda o recebimento de documentação dos equipamentos e
instalações. Segundo ele, no decorrer do ciclo de vida da instalação, o comissionamento é
utilizado para a avaliação de desempenho global dos sistemas, por exemplo, consumo de
energia, disponibilidade de capacidade, funcionalidade de componentes, etc.
O profissional da Análise Consultoria e Engenharia destaca ainda que o cronograma detalhado
é estabelecido em conjunto com o planejamento da instalação e pode ser iniciado na fase de
projeto para contemplar o pré-comissionamento e o período de elaboração de documentação.
Especificamente sobre sistemas de climatização e refrigeração, o engenheiro Fábio Luis Leite
Neves, diretor Comercial da Anthares Soluções em HVAC, afirma que uma instalação de AVAC
para uso na produção farmacêutica é muito diferente de uma instalação de AVAC feita para
conforto, sendo que, na indústria farmacêutica, o AVAC é um item de utilidade que impacta
diretamente a qualidade do produto. “Por conta disso, existem algumas etapas que devem ser
executadas, como a elaboração da RU (Requisito de Usuário), em que serão definidas todas
as necessidades para diminuir os riscos e garantir a qualidade do produto. Com a RU definida,
dá-se início ao projeto básico que posteriormente gerará o projeto detalhado e, enfim, o projeto
executivo”, afirma.
Neves também destaca que o comissionamento deve ter início no projeto, quando é feita uma
análise critica do mesmo, passando pelo acompanhamento das instalações conforme
evolução, teste de estanqueidade dos dutos, verificação dos itens instalados em confro nto com
o projeto, acompanhamento do start-up, TAB (Teste, Ajuste e Balanceamento) e a emissão dos
relatórios (book) de comissionamento. “Vale comentar que o comissionamento abrange
diversos tipos de instalações (AVAC, elétrica, automação, etc.), sistemas (refrigeração, ar
condicionado, ar comprimido, etc.) e equipamentos (chillers, condicionadores, ventiladores,
bombas, etc.)”, diz.

Valorização
A prática mostra que o comissonamento tem sido cada vez valorizado dentro das empresas.
Martin lembrade situações que eram comuns no passado, no caso do setor farmacêutico.
Durante a introdução dos procedimentos de Validação e de Qualificação, uma interpretação
equivocada dos conceitos envolvidos teria feito com que o comissionamento deixasse de ser
relevante e muitas empresas só estariam focando a Qualificação. “Com o decorrer do tempo,
no entanto, os problemas operacionais e de manutenção apresentaram tantas falhas que
forçaram a Qualidade a incluir itens que não têm impacto direto no produto/processo em itens
de interesse da Qualidade, desvirtuando os assuntos de engenharia. Com isto, as engenharias
voltaram a valorizar o comissionamento e várias empresas, no seu planejamento de
instalações, observam hoje tanto a Qualificação como o Comissionamento de uma forma
integrada”, afirma.
Marcos Antonio Vargas Pereira ressalta que nos últimos anos a prática do comissionamento
em instalações de AVAC no Brasil se tornou uma atividade quase obrigatória. “Nossas
empresas especializadas têm evoluído de forma bastante satisfatória, isto não exclui o fato de
muitas vezes o comissionamento ser feito de forma parcial ou ainda nem ser feito. Devemos
enxergar as atividades de comissionamento como uma poderosa ferramenta de qualidade e
não mera burocracia de entrega de obra”, alerta.
Fábio Luis Leite Neves alerta que, com frequência, o processo de comissionamento ainda é
confundido com o TAB (Teste, Ajuste e Balanceamento). “O TAB é uma fase importante dentro
do processo de comissionamento, com foco específico no desempenho da instalação e
abrange de maneira superficial fases importantes como verificação dos projetos, instalação e
operação dos sistemas. Muitas vezes, o cliente contrata o TAB da instalação e espera receber
um comissionamento, o que causa desconforto no momento da entrega da obra. Podemos
afirmar que, na maioria das vezes, o comissionamento é feito de forma incompleta, incorreta ou
simplesmente não é feito”, explica.
Maurício Salomão Rodrigues, diretor da Somar Engenharia Ltda., afirma que, na prática, o
comissionamento é realizado para atender o nível de exigência do cliente final. “Ou melhor,
existem clientes que possuem maturidade suficiente para entender os benefícios desta
atividade e exigem que esta seja executada conforme descrito no Guideline, como também
existem clientes que não possuem esta maturidade e entendem esta atividade como uma
geração de papel para atender a uma exigência de um regulamento”, esclarece.
Importância
Na opinião de Pereira, da Térmica Brasil, o comissionamento é uma importante ferramenta de
qualidade e usada corretamente tem um impacto econômico positivo, ao encontrar a tempo
respostas para problemas no andamento da obra ou correções a tempo de evitar retrabalhos
dispendiosos que afetam mesmo o cronograma da instalação. “Ao não se usar esta fe rramenta,
a possibilidade de problemas durante o start-up aumenta significativamente”, avisa.
Leite Neves, da Anthares, afirma que o comissionamento é fundamental para uma instalação
farmacêutica, uma vez que abrange todas as etapas de implantação. “A sua não realização
pode causar diversos problemas como conceitos errados, instalação não conforme com o
projeto e, o mais grave, que é o desempenho da instalação que será verificada após o término
e start-up, ou seja, no final da implantação”, diz.
De forma resumida, Rodrigues, da Somar, avalia que a não utilização do processo de
comissionamento pode acarretar em atrasos, aumento de custos e não atendimento dos
requisitos do usuário.
Exemplos de atividades de comissionamento
O engenheiro Fábio Luis Leite Neves conta que o primeiro exemplo prático de atividades de
comissionamento realizadas para sistemas de climatização é o teste de estanqueidade dos
dutos, em que os mesmos são pressurizados conforme sua classe de fabricação e verifica-se o
vazamento ocasionado. O segundo exemplo prático é o TAB (Teste, Ajuste e Balanceamento),
em que são realizados os ensaios de vazão dos condicionadores, ventiladores, exaustores,
bem como a distribuição do ar nas grelhas, difusores e tomadas de ar externo. “O TAB também
é realizado no sistema de geração e distribuição de água gelada (no caso de sistemas de
expansão indireta), em que é feita a distribuição da água nos chillers, bombas,
condicionadores, etc”, explica Neves.
Rodrigues, diretor da Somar Engenharia Ltda., cita como exemplo de comissionanento
realizado por sua empresa para sistemas de AVAC as atividades executadas na planta de
produção asséptica de injetáveis da Novo Nordisk, localizada em Montes Claros (MG).
Segundo ele, a atividade de comissionamento foi definida estrategicamente para suportar as
atividades de Qualificação, com objetivo de otimizar recursos, evitando sobreposição de
atividades, e reduzir o cronograma da validação da Planta. No caso citado, o comissionamento
inclui:
Atividades desenvolvidas pelo Time de Comissionamento:
- Elaboração do Plano de Comissionamento;
- Elaboração dos Protocolos de Comissionamento dos Subsistemas de HVAC;
- Elaboração dos Planos de Teste seguintes:

Testes de Aceitação em Fábrica:


- Testes de Aceitação em Fábrica de condicionadores de ar;
- Testes de Aceitação em Fábrica de Ventiladores;
- Testes de Aceitação em Fábrica de Desumidificadores Químicos;
- Testes de Aceitação em Fábrica de painéis elétricos
- Testes de Aceitação em Fábrica de painéis de controle;

Testes Estáticos:
- Teste de vazamento de dutos;
- Teste de vazamento em gabinetes de equipamentos;
- Inspeção de instalação de Equipamentos (condicionadores de ar, Ventiladores, Desumi-
dificadores, painéis elétricos e de controle);
- Inspeção de Instalação de componentes da rede de dutos;
- Inspeção de instalação de componentes da rede de água gelada e água quente;
- Inspeção de instalação de componentes da rede de vapor;
- Ensaio de interligação entre painéis elétricos e motores e intertravamentos;
- Ensaio de interligação entre painéis de controle e periféricos;
- Ensaio de isolamento de cabos elétricos;
- Ensaio de campo para instrumentos e dispositivos analógicos;
- Ensaio de campo para instrumentos e dispositivos digitais;
- Ensaio de verificação de calibração de instrumentos;
- Ensaio e ajuste do ponto de atuação de pressostatos, termostatos e fluxostatos;

Testes Dinâmicos:
- Teste, Ajuste e Balanceamento da rede de água gelada e água quente;
- Teste, Ajuste e Balanceamento da distribuição de ar condicionado e ventilação;
- Ensaio para detecção de pontos de vazamento em sistema de filtragem Instalado (filtros
absolutos em equipamentos e terminais):
- Ajuste da cascata de pressões entre salas;
- Ensaio de número de movimentações de ar (número de trocas);
- Ensaio de uniformidade de velocidades em fluxos unidirecionais;
- Ensaio de fumaça para visualização do fluxo

Testes de Desempenho:
- Ensaio de temperatura e umidade relativa dos ambientes;
- Ensaio de iluminância em ambientes;
- Ensaio de Contagem de partículas para classificação;
Ensaio de Tempo de Recuperação;
- Ensaio de desempenho funcional do sistema de automação e controle.
Além disso, Rodrigues cita a execução dos ensaios conforme descrito nos Planos de Tes te;
elaboração dos relatórios dos Planos de teste; elaboração dos relatórios dos Protocolos de
Comissionamento e elaboração do relatório de fechamento de comissionamento.
Leia a matéria completa na edição 162 da Revista Controle de Contaminação.

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