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RESENHA CRÍTICA

A FORMA da Água. Direção de Guillermo Del Toro. Roteiro de Guillermo del Toro e
Vanessa Taylor. Estados Unidos da América, 2017. (123 min.).

1 CREDENCIAIS DO AUTOR

Guillermo del Toro é um cineasta mexicano fascinado por filmes de terror e produziu
divessos filmes como O Labirinto do Fauno, Blade 2, A Espinha do Diabo, Cronos e Hellboy.
Ele nasceu em 9 de outubro de 1964 na cidade de Guadalajara, México. Cresceu influenciado
por cineastas como George A. Romero, Alfred Hitchcock, Mario Bava e as produções da
companhia inglesa Hammer Films.

2 RESUMO DA OBRA

Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos
Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa, zeladora em um laboratório experimental
secreto do governo, se encanta com uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no
local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate, ela recorre ao melhor amigo Giles e à
colega de turno Zelda, em uma aventura que pode custar muito mais do que o seu emprego.

3 CONCLUSÃO

O filme “A forma da água” nos conta a história de amor entre uma mulher muda e um
ser diferente de tudo que se tinha conhecimento na época. Em meio à Guerra Fria, disputa
política por poder, a ordem era sair na frente a qualquer custo, independente das formas
utilizadas para isso.
O que podemos perceber é a metáfora utilizada para o romance entre duas pessoas
diferentes, seja por classe social, gênero, cor da pele, nacionalidade ou característica genética.
Nos faz refletir como o diferente provoca sentimentos controversos a maior parte das pessoas
e nos permite ver através de outros olhos que a alteridade, ou seja, entender a perspectiva do
outro nos faz seres humanos melhores ou minimamente tolerantes.
A história fala sobre alteridade por mostrar que por mais que determinada situação não
esteja nos afetando diretamente, nós podemos tentar entender como afeta o outro, do ponto de
vista do outro, ou seja, Elisa não passou pelas mesmas coisas que aquele ser passou, ela não
sabia como era ser tirada do local em que vivia e era respeitada para ser torturada sem saber
ao mesmo o motivo para tal, mas ela chegou o mais próximo possível de entender e quis
ajudar.
De certa forma, ela se viu nele, não o julgou e nem foi julgada, sabia como era viver
em uma sociedade que a tratava como diferente. Ela poderia ter deixado passar, ter feito
apenas o seu serviço, poderia ter sentido medo do desconhecido, mas a necessidade de fazer
algo para ajudá-lo foi maior e com isso nos dá exemplo de como todos os seres merecem
nossa atenção.

4 CRÍTICA

O narrador, no início do filme, já nos faz refletir sobre o contexto da história que será
apresentada: “Uma conto sobre um príncipe, uma princesa e um monstro”. Ao final,
chegamos à conclusão de que ele usou essa frase para nos fazer enxergar que nada é o que
parece. Será que o monstro é a criatura que tem um comportamento agressivo, selvagem, que
se julga a imagem de Deus ou é o ser humanóide que foi retirado do seu habitat, que foi
agredido, torturado, mas apesar de tudo, ainda teve condições de amar?

Uma cena que chama bastante a atenção é quando Elisa pediu ajuda ao seu amigo
Giles para salvar o homem anfíbio e ela explica o que vê nele, o que sente por ele. Um ser
diferente, subjugado e que não podia falar. Giles, no entanto, não dá a devida importância à
urgência de Elisa por entender que aquele ser humanóide não era de fato humano. Então,
Elisa expressa uma frase muito tocante: “Se não fizermos nada, também não seremos
(humanos)”.

Isso quer dizer que se fechamos os nossos olhos para as crueldades e injustiças para
com o nosso semelhante, muito provavelmente está faltando humanidade em nós.

5 INDICAÇÃO
A obra é muito bonita e interessante para trabalhar a forma como enxergamos o
mundo e conceitos como empatia, amizade, respeito, discriminação e alteridade.

O filme vai mais além do que uma fantasia em que a mocinha se apaixona por um ser
mítico. Ele nos mostra de uma forma lúdica que o diferente nada mais é do que isso: diferente.
Nem melhor, nem pior.

Mostra também que o respeito pelas diferenças, a empatia, a alteridade são


importantes para uma sociedade pois ninguém é igual, cada um tem suas particularidades e é
isso que torna o ser humano tão interessante.

Rayane Marinho Ferreira é graduanda do segundo período de Psicologia da


Universidade Maurício de Nassau.

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