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Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Artes - Departamento de Música


Trabalho de História da Música III

MÚSICA CLÁSSICA: A REFORMA DA ÓPERA

Professor: Lars Hoefs


Aluna: Beatriz Virgínia de Paula Marques RA: 213652

Campinas, São Paulo


2019
Contexto Histórico
O período no qual foi produzida a música que chamamos clássica está situado entre os anos
de 1750 a 1810. Contudo, não devemos tomar essas duas datas em sentido muito estrito, porque a
passagem do período barroco para o clássico não ocorreu de forma brusca. Em todo caso, nesse
mesmo período (século XVIII) um movimento intelectual conhecido como Iluminismo surgiu na
Europa. Foi um movimento que pregava maior liberdade econômica e política. Ficou conhecido por
esse nome porque defendia o uso da razão (luz), contra o antigo regime (trevas). Baseado nos ideais
liberdade, igualdade e fraternidade, este movimento promoveu diversas mudanças políticas,
econômicas e sociais. Alguns pensadores ficaram famosos e tiveram destaque por suas obras e ideias
neste período, foram eles: Locke e Hume, na Inglaterra, e Montesquieu e Voltaire, na França.

“Duas ideias-chaves do pensamento do século XVIII – a crença na eficácia do conhecimento experimental


aplicado e a crença no valor dos sentimentos naturais comuns a todos os homens – eram concordes em considerar o
indivíduo como ponto de partida da investigação e como critério último da ação. “(GROUT; PALISCA, 1960, p. 476)

Dessa forma, tudo precisava ser avaliado em função do modo como contribuiria ou não para
o bem-estar do indivíduo. Os efeitos deste ponto de vista recaíram sobre a religião, os sistemas
filosóficos, a educação, a ordem social e às artes.

Aspectos da vida no século XVIII


O século XVIII foi cosmopolita. Eram numerosos os monarcas de origem estrangeira. Por
exemplo, havia reis alemães na Inglaterra, Suécia e Polônia. Dessa forma, as diferenças nacionais
eram minimizadas. Essa internacionalização da vida e do pensamento refletiu-se na música deste
período, tendo muitos compositores que exerceram atividades em outros países. Além disso, também
foi uma era humanitária, isso porque os governantes não protegiam somente as artes e as letras, mas
também se preocupavam com reformas sociais.
Com a ascensão da numerosa classe média que assumia uma posição influente, iniciou-se um
processo de popularização da arte e do ensino. Surgiu um novo mercado para a produção dos
escritores e artistas, e assim as artes começaram a dirigir-se para um público maior, e não somente a
um grupo selecionado; tratados populares foram escritos, com a finalidade de deixar a cultura ao
alcance de todos.

Características da música ideal


A música produzida neste período tinha a finalidade de entreter o público, mas, para isso,
seguia alguns ideais. De forma resumida, a música devia possuir linguagem universal, ser agradável,
expressiva (mas dentro dos limites do comedimento), e acima de tudo ser livre de complexidades
técnicas. Segundo o livro História da Música Ocidental, a música das luzes devia ir de encontro ao
ouvinte, sem obrigá-lo a fazer esforço para compreender sua estrutura.
Uma série de mudanças aconteceram neste período: as maneiras e as vestimentas foram
modificadas, ergueu-se uma rivalidade entre os concertos públicos e os antigos concertos e academias
particulares, auditórios e salas de concerto foram inaugurados, a atividade de edição musical se
expandiu, o jornalismo musical nasceu etc.

“As luzes foram uma era prosaica. A melhor literatura da época foi a prosa, e em todas as artes passaram a ser
valorizadas as virtudes da boa escrita em prosa: a clareza, a vivacidade, o bom gosto, o sentido das proporções e a
elegância.” (GROUT; PALISCA, 1960, p. 479)
Apesar da era das luzes ter sido predominantemente cosmopolita, os estilos nacionais
continuaram existindo, e em 1750 as formas nacionais de ópera começaram a impor-se em cada país.
indicando a era romântica.

A reforma da Ópera
Embora as composições deste período tenham sido, em sua maioria, de caráter religioso, os
compositores também se interessavam pela ópera. Os maiores compositores deste gênero dramático
foram Gluck (1714 - 1787) e Mozart (1756 - 1791).
Gluck trabalhou em vários lugares da Europa, mas teve seus momentos mais decisivos em
Viena. Em sua geração a ópera ainda era o mais popular dos gêneros eruditos. Ele foi seu primeiro
reformador - assim como outros compositores e críticos, se preocupava com o fato da ópera estar se
tornando muito estilizada. Até o momento, os cantores possuíam papéis de grande importância, as
representações mais comuns faziam referência a Grécia Antiga (trazendo deuses à terra para
interagirem com os homens, por exemplo), o público não tinham muito interesse pelos recitativos,
mas sim pelas árias, onde os cantores exibiam seu virtuosismo. Entretanto, Gluck desejava um retorno
à simplicidade.

“Foi em Orfeu e Eurídice, sua ópera mais conhecida, apresentada em Viena no ano de 1762, que ele pela
primeira vez pôs em prática suas idéias.” (BENNETT, 1986, p. 53)

Cinco anos depois, Gluck expôs no prefácio da partitura da ópera Alceste, aquilo que na sua
opinião devia ser uma ópera.

“A música teria de estar a serviço do enredo, refletindo o drama e a emoção da poesia. Não deveria haver tanta
distinção entre a ária e recitativo, e a ação teria de ser mais contínua, evitando-se interrupções apenas para atender às
exigências dos cantores.” (BENNETT, 1986, p. 53)

A escolha de instrumentos iria depender da situação a ser encenada, e a abertura deveria


preparar o público para o drama que iria se desdobrar. Assim sendo, nas óperas de Gluck as árias
ficaram mais curtas, os coros e recitativos ganharam importância, e houve uma busca pela coerência
cênica. No entanto, apesar das reformas, as óperas de Gluck permaneciam baseadas em histórias da
Antiguidade Clássica.

(Fig. 1: Christoph Willibald Gluck)

Suas três principais óperas foram: Orfeu e Eurídice, Alceste e Iphigénie en Aulide.
Também em Viena, Mozart foi quem deu o segundo passo na reforma da Ópera. Diferente de
Gluck, Mozart trouxe temas contemporâneos para a ópera. Dessa forma, os personagens já não eram
mais deuses ou heróis da Antiguidade, mas sim o nobre, o criado, o soldado, o camponês - em relações
amorosas ou de conflitos sociais, vistas com humor e ironia.

(Fig. 2: Wolfgang Amadeus Mozart)

As óperas mais significativas de Mozart foram as que ele trabalhou em parceria com o
libretista Da Ponte, e suas três principais óperas foram: As Bodas de Figaro, Don Giovanni e A Flauta
Mágica.
Referência Bibliográfica

ANDRADE, M. Pequena História da Música, 7. ed. Editora São Paulo, 1986

BENNET, R. Uma Breve História da Música, Editor Jorge Zahar, 1986

GROUT, D.; PALISCA, C. História da Música Ocidental, 5. ed. Editora Gradiva, 2007

HISTÓRIA DA MÚSICA, A Reforma da ópera: Gluck e Mozart, Disponível


em: <https://historiadamusica2fap.wordpress.com/2011/10/21/a-reforma-da-opera-gluck-e-mozart/>
Acesso em: 2 de maio de 2019

MULTI MÚSICA, Reforma da Ópera. A importância de Gluck, Disponível em:


<http://www.multimusica.net.br/?q=node/310> Acesso em 3 de maio de 2019

SÓ HISTÓRIA, Resumo – O Iluminismo – Pensadores e características, Disponível em:


<https://www.sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php> Acesso em: 2 de maio de 2019

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