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Traduzido do original em Inglês

Happy Are Thou, Israel!


By R. M. M'Cheyne

Extraído da obra original, em volume único:


The Sermons of the Rev. Robert Murray M'Cheyne
Minister of St. Peter's Church, Dundee.

Via: Archive.Org

Tradução por Camila Almeida


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative


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Feliz És Tu, Ó Israel!
Por Robert Murray M'Cheyne

“Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o
escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te
serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.” (Deuteronômio 33:29)

Estas são as últimas palavras de Moisés, o homem de Deus. Ele estava agora com cento
e vinte anos; seus olhos não estavam obscurecidos nem lhe fugira o vigor. Por quarenta
anos ele liderou o povo em meio ao deserto. Ele cuidou deles, e orou por eles, e os liderou
como um pastor lidera seu rebanho. E agora, quando Deus disse que ele deveria deixá-los,
ele determinou separar-se deles abençoando-os. E, a esse respeito, como em muitos ou-
tros, ele prenunciou o Salvador, de quem está escrito, que “e levou-os fora, até Betânia; e,
levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou
deles e foi elevado ao céu” [Lucas 24:50-51].

Em primeiro lugar, podemos entender essas palavras literalmente como a bênção de


Moisés ao povo de Israel. Ele olhou por cima do deserto através do qual ele os levou, e
este era todo brilhante cravejado com as coisas maravilhosas que Deus fizera por eles. Ele
se lembrou da mão elevada e do braço estendido com os quais Ele os tirara do Egito.
Lembrou-se também de como abriu um caminho para eles através do Mar Vermelho,
quando seus inimigos afundaram como chumbo nas águas impetuosas, permaneceu lem-
brando como Ele foi adiante deles em uma coluna de nuvem de dia, e uma coluna de fogo
à noite. Moisés lembrou-se de como Ele adoçou as águas de Mara, pois eles estavam
sedentos e também lembrou-se de como Ele os alimentou com maná do alto, o homem
comeu a comida dos anjos. Moisés recordou como ele feriu a rocha em Refidim, e águas
jorraram; como ele ergueu as mãos para o pôr-do-sol, e Israel prevaleceu contra Amaleque;
como ele recebeu a Lei da própria mão de Deus para eles. Ele feito brotar de novo a água
da pederneira em Meribá e também lembrou-se de como ele erguera a serpente de bronze
no deserto.

E olhando para trás sobre toda esta trajetória de maravilhas de quarenta anos, durante a
qual as suas vestes não tinham envelhecido, nem a fraca sola de seu pé havia inchado, co-
mo poderia ele apenas abençoá-los? Ele sentiu-se como Balaão: “Benditos os que te aben-
çoarem, e malditos os que te amaldiçoarem”. E nesse sentido, quando ele tinha visto a cada
uma das tribos separadamente, deixando a cada uma a sua bênção profética, ele resume

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o todo nestas palavras gloriosas: “Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus” [Deutero-
nômio 33:26].

Mas, em segundo lugar, estas palavras podem ser entendidas tipicamente como a bênção
de Moisés ao povo de Deus para o fim dos tempos. Nenhum homem pode ler o Antigo
Testamento de forma inteligente, sem ver que o povo de Israel era um povo típico, que a
retirada de Seus escolhidos para fora do Egito, o trazê-los através do Mar Vermelho, e
através do deserto e sua condução à terra da promessa, eram todos tipos da maneira com
a qual Deus traz Seus escolhidos para fora de seus pecados, e os conduz através mundo
de pecado e miséria para a Canaã celestial, o descanso que resta para o povo de Deus.
Se, então, a escravidão, a libertação, a incredulidade, os inimigos, as jornadas, a orientação
e o remanescente dos israelitas, eram todos tipos do relacionamento de Deus com o Seu
próprio povo para o fim dos tempos, estamos bastante justificados por compreender estas
palavras como a bênção de Moisés, o homem de Deus, a todos os verdadeiros filhos de
Deus.

“Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do
teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu
pisarás sobre as suas alturas”. A partir destas palavras, eu extraio o seguinte:

Doutrina. Que o povo de Deus é um povo feliz, porque eles são salvos pelo Senhor.

I. Israel é um povo feliz porque é escolhido pelo Senhor.

1. Isto foi verdadeiro no que se refere ao antigo Israel. Moisés lhes disse claramente: “O
Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do
que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos;
mas, porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais”
[Deuteronômio 7:7-8a]. Aqui há algo estranho que o mundo não pode entender. Ele os
amou porque Ele os amou, não porque eles eram melhores, ou maiores, ou mais dignos do
que outra nação, mas por que Ele os amou. Peculiar, soberano, inexplicável amor! Ele não
presta contas de Seus assuntos, assim, “pois, isto não depende do que quer, nem do que
corre, mas de Deus, que se compadece” [Romanos 9:16].

2. Isto é verdadeiro para todo o povo de Deus até os dias atuais. Davi diz: “Bem-aventurado
aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti” [Salmos 65:4]. Cristo diz: “Não me esco-
lhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” [João 15:16]. E Paulo diz: “Bendito o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais

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nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do
mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:3-4).
Ah! sim, meus amigos, o nosso Deus é um Deus soberano: “Logo, pois, compadece-se de
quem quer, e endurece a quem quer” [Romanos 9:18].

Cada crente é uma testemunha disso. Existe algum crente aqui? Bem, eu tomo você para
testemunhar. Você era morto e descuidado com sua alma, você poderia ser feliz com o
mundo, embora estivesse não perdoado e não santificado. Como você foi levado a fugir da
ira vindoura? Você despertou a si mesmo do sono? Ah! não, você sabe bem que se Deus
o tivesse deixado você estaria disposto a permanecer dormindo. Como o preguiçoso, você
teria dito: “Um pouco a dormir, um pouco a cochilar; outro pouco deitado de mãos cruzadas,
para dormir” [Provérbios 24:33]. Mas Deus despertou você, pela Sua Palavra, pelos Seus
ministros, ou pela Sua providência; e Ele não o teria deixado ir até que clamasse: “O que
devo fazer para ser salvo?”. Outrossim, você foi trazido da convicção de pecado à convicção
de justiça; de uma consciência perturbada a um coração em paz ao crer. Como ocorreu
isso, você veio por si mesmo a Jesus, ou você foi trazido pelo Pai? Ah! Vocês bem sabem
que não receberam isto de um homem, nem por meio de um homem Deus os conduziu à
visão de Jesus. Ele que, primeiro, trouxe às trevas a luz que brilhou em seus corações, e
incitou vocês ao ato de fé em Jesus; e assim, vocês foram salvos; pois, “ninguém pode ir a
Cristo se o Pai não o trouxer”. Do início ao fim, a obra é de Deus. Pela graça sois salvos; e
bem-aventurado, de fato, é “aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti”.

Objeção. Mas alguém pode objetar que esta doutrina ministra ao orgulho; que fazer um
homem acreditar que ele é um escolhido e favorito de Deus faz com ele fique inchado de
orgulho.

A isto eu respondo que esta é própria verdade que corta o orgulho pelas raízes. Como está
escrito: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o
recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” [1 Coríntios 4:7]. Se há
um crente dentre vocês:

(1) Eu proponho a ele olhar em volta daqueles da sua própria família que permanecem sem
Cristo e sem Deus no mundo. Talvez você seja o único em sua casa que conhece e ama o
Salvador. Agora, eu pergunto a você: Quem te fez diferente? Você é por natureza algo
melhor do que sua parentela, para que fosse escolhido e eles deixados? Como, então, você
pode ser orgulhoso?

(2) Ou, olhe em volta de sua vizinhança, você verá embriaguez e contaminação, você ouvirá

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perjúrios e profanidade. Agora eu pergunto: Quem te fez diferente? Ou em que você era
melhor do que eles? Pode você, então, ser orgulhoso?

(3) Ou, olhe em volta do mundo Papista e Pagão afogado na mais tenebrosa ignorância
sem ninguém para lhes falar sobre o claro caminho de Salvação por Jesus. Olhe sobre
nove décimos do mundo que carecem da pura luz do Evangelho, e diga-me: Quem te fez
sobressair? E como você pode ser orgulhoso?

(4) Ou, olhe além deste horizonte mundano, olhe para baixo para os reinos das trevas e da
morte eterna, e veja os anjos que caíram “Longe outra vez contemple em êxtase, Milhões
de espíritos que por uma só falta foram banidos do Céu, e dos esplendores eternos arre-
messados por sua rebeldia”. Olhe para estas inteligências majestosas “guardado sob ter-
vas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia”, e diga-me: Quem te fez diferente?
Em que melhor é você, por natureza, do que demônios? Homens não-convertidos são filhos
do Diabo. Não há luxúria no coração do Diabo que não esteja em cada coração natural. E
ainda assim Deus passou por eles, e veio para salvar-te. Deus veio e o acordou quando
você estava em uma condição natural, e não melhor do que demônios, sim, ele passou
pelos Pagãos, assim ele tem deixado seus vizinhos em seus pecados, seus próprios filhos
não despertados, mas ele tem despertado você.

Oh! mui misterioso amor eletivo! Você bem pode clamar com Paulo: “Ó profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” [Romanos 11:33]. E isto o faz orgulhoso?
Antes, isto não faz você enterrar a sua cabeça no pó, e nunca mais erguer os seus olhos?
E isto não o faz feliz? “Bem-aventurado tu, ó Israel! Um povo salvo pelo Senhor”.

Não oferece a você nenhum júbilo, sentir que Deus pensou sobre você em amor antes da
fundação do mundo? Que quando Ele estava sozinho desde toda a eternidade, Ele deu a
você o Seu Filho para ser redentor? “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes
que saísses da madre, te santifiquei” [Jeremias 1:5]. Não dá nenhuma alegria a você pensar
que o Filho de Deus pensou em você com amor antes que o mundo existisse: “achando as
minhas delícias com os filhos dos homens” [Provérbios 8:31], que ele veio ao mundo carre-
gando o seu nome sobre o Seu coração, que Ele orou por você na noite de Sua agonia: “E
não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em
mim”? [João 17:20]. Não oferece júbilo saber que Jesus pensava em você durante o Seu
suor sangrento; que Ele pensou em você quando estava na cruz, e intencionou aqueles
sofrimentos para estar em seu lugar? Ó, filhinhos como isto deveria elevar os seus corações
em santo arrebatamento acima do mundo; acima de seus cuidados irritantes; de suas brigas
mesquinhas; de seus prazeres contaminantes; se vocês guardassem esta santa alegria

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interiormente; acolhendo a própria palavra de seu Senhor: “Pai, aqueles que me deste que-
ro que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que
me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo” [João 17:24].

Ó mundo incrédulo! Vocês não conhecem nada desta alegria. É tudo presunção frenética
aos seus olhos, e isso é exatamente o que a Bíblia diz: Um estranho não participa da alegria
do crente. Isto é exatamente o que Cristo disse: “Mas vós não credes porque não sois das
minhas ovelhas” [João 10:26]. Levem esta coisa com vocês: “Nós erámos uma vez exata-
mente o que você é agora (cada crente falará a você) nós éramos exatamente tão insensí-
veis e incrédulos como você é. Nós, uma vez, desprezamos e rimos de cada pessoa com
as quais nós somos um agora no Senhor; mas nós fomos despertados por Deus, e fugimos
para Cristo, e somos redimidos e felizes conhecendo a nossa eleição de Deus”. Oh! que
esta seja a sua história, e então, você conhecerá o significado destas palavras: “Bem-
aventurado tu, ó Israel!”.

II. Israel é um povo feliz, porque eles são justificados pelo Senhor: “O Deus eterno é a tua
habitação” (v. 27). “Ele é escudo que te socorre” (v. 29).

Antes de tudo, isto é verdade por que Cristo é o nosso refúgio e proteção, e Cristo é Deus.
(1) É dito sobre Ele: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus”. (2) E outra vez, é dito sobre Ele: “...O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e:
Cetro de equidade é o cetro do seu reino” [Hebreus 1:8]. (3) Também está escrito: “Porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e
para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” [Colossen-
ses 1:16-17]. (4) Novamente, é dito sobre Ele: “o qual é sobre todos, Deus bendito eterna-
mente” [Romanos 9:5]. (5) Mais uma vez, Tomé disse sobre Ele: “Meu Senhor, e meu
Deus”. (6) E Ele é chamado Deus “manifestado na carne” [1 Timóteo 3:16]. Assim, então,
Ele é de fato, “Emanuel, Deus conosco”. Ele é o Criador do mundo, o Deus de provisão, o
Deus dos anjos. E este é o Ser que veio para ser o Salvador de pecadores, até mesmo do
principal!

Agora, irmãos, eu desejo que vejam a utilidade do Salvador sendo Deus, e quanto do pleno
consolo e júbilo do crente é encontrado nisto. Tudo o que Deus faz é infinitamente perfeito:
Ele nunca falha em nada que Ele promete. Tudo, portanto, que o Salvador fez foi infinita-
mente perfeito. Ele não podia, e nem poderia, falhar em algo que Ele prometeu.

(1) Cristo Jesus prometeu suportar a ira de Deus em lugar dos pecadores. Seu coração foi

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estabelecido sobre isso desde toda a eternidade, pois, antes que o mundo fosse feito, Ele
nos diz: “achando as minhas delícias com os filhos dos homens” [Provérbios 8:31]. Para
este fim Ele tomou sobre si a nossa natureza; tornou-se um homem de dores e experimen-
tado no sofrimento. De Seu berço na manjedoura até a cruz, a nuvem escura da ira de Deus
esteve sobre Ele, e, especialmente, em direção ao fim de Sua vida, a nuvem passou a ser
a mais escura, ainda assim, ele alegremente sofreu tudo “como me angustio até que venha
a cumprir-se!” [Lucas 12:50]. O cálice da ira de Deus foi dado a Ele sem mistura; ainda
assim Ele disse: “não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” [João 18:11]. Agora, nós po-
demos estar bem certos que desde que Ele é o Filho de Deus, Ele sofreu tudo o que os
pecadores deveriam ter sofrido. Se Ele tivesse sido um anjo, Ele poderia ter deixado alguma
parte inacabada; mas desde que Ele era Deus, Sua obra deve ser perfeita. Ele mesmo
disse: “Está consumado”; e uma vez que Ele era Deus que não pode mentir, nós estamos
bem seguros que todo o sofrimento é consumado, que nem Ele nem seu corpo podem
sofrer algo mais por toda a eternidade.

(2) Porém, mais uma vez, ficou comprometido a obedecer à Lei em lugar dos pecadores. O
homem não só tinha quebrado a Lei de Deus, mas havia falhado em obedecê-la. Agora,
como o Senhor Jesus veio para ser um Salvador completo, Ele não apenas sofreu a maldi-
ção da Lei quebrada, mas obedeceu a Lei em lugar dos pecadores. Através de toda a Sua
vida e fez do fazer a vontade de Deus Sua comida e bebida. Agora, podemos ter a certeza
de que uma vez que Ele era o Filho de Deus, Ele fez tudo o que os pecadores deveriam ter
feito. Sua justiça é a justiça de Deus; assim, que nós podemos estar certos, que cada
pecador que obtém esta justiça é mais justo do que se o homem jamais houvesse caído;
mais justo do que os anjos, tão justo quanto Deus. “Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” [Romanos 8:33].

Ó pecadores descuidados! Este é o Salvador que nós estamos sempre pregando para
vocês, este é o Divino Redentor a quem vocês têm sempre pisoteado. Você pensaria ser
uma grande coisa se o rei deixasse o seu trono, e batesse à sua porta, e lhe suplicasse
para aceitar um pouco de ouro; mas, oh! quanto maior coisa há aqui. O Rei dos reis deixou
Seu trono, e morreu, o justo pelos injustos, e agora bate à sua porta. Pecador descuidado,
você ainda permanece resistente?

Almas despertadas e ansiosas! Este é o Salvador que sempre vos oferecemos; Este é o
refúgio, a rocha que tem seguido você. Você está ansioso por sua alma; e por que, então,
não vem se esconder aqui? Você acha que honra a Cristo por duvidar se o Seu sangue e
justiça são suficientes para cobri-lo? Você acha que honra a Deus, fazendo-O de menti-
roso, e recusando-se a acreditar no testemunho que Ele tem dado de seu Filho? Oh! Não
duvide mais dEle. Outro dia, e pode ser tarde demais. Fuja como os homens que têm um

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inferno eterno perseguindo-os, e um refúgio eterno diante deles. Tome o céu por violência.
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar
e não poderão”.

E você que já correu para o refúgio, para o Salvador: “Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem
é como tu? Um povo salvo pelo Senhor”. O Deus eterno é teu refúgio; e a quem você pode
temer? Lembre-se, habite nEle. Nas horas escuras do pecado e tentação, Satanás sempre
tenta fazer você sair deste refúgio. Ele tentará fazer você duvidar se Cristo é Deus; se a
Sua obra é uma obra consumada; se pecadores podem esconder-se nEle; se um apóstata
pode esconder-se nEle; mas não lance fora a sua confiança. Rapidamente corra para
Cristo; e então, o Deus eterno será teu refúgio. Na hora da morte, você pode terá um vale
sombrio para atravessar; você pode perder de vista todas as suas evidências; você pode
sentir que todas as suas graças partiram, e clamar: “Todas estas coisas estão contra mim”.
Permaneça, como um necessitado pecador, corra para o Deus Salvador. Jogue fora a ques-
tão se você jamais acreditou ou não, e diga: “Eu acreditarei agora”; e assim, agora à noite,
raiará a luz, e você morrerá com o Deus eterno e seu refúgio. Os seus olhos fecharão para
este mundo apenas para abrirem para o mundo aonde não há dúvida, e nem medo, e nem
morte.

III. Israel é um povo feliz, porque é santificado pelo Senhor: “por baixo estão os braços
eternos” e “a espada da tua majestade”.

No capítulo anterior (32:11-12), Deus compara o Sua condução de Israel a uma águia e
seus filhotes: “Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende
as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou; e não
havia com ele deus estranho”. Novamente, em Isaías, é dito: “Em toda a angústia deles ele
foi angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão
ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade” [63:9]. Mais uma vez,
na história da ovelha perdida, encontramos que o Salvador não apenas encontrou a ovelha
perdida, mas, “achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo”. Este é exatamente o
mesmo significado como o do texto: “por baixo estão os braços eternos”, e, novamente, “a
espada da tua majestade”.

Quando um novo crente encontrou a paz em Jesus, ele, então, começa a anelar por cami-
nhar santamente. Tão logo ele encontre a doce calma de uma alma perdoada, ele começa
a conhecer a amarga ansiedade de uma alma que teme o pecado: “É verdade, eu vim a
Cristo, e devo ter paz, mas agora eu começo a temer que não serei capaz de confessar a
Cristo diante dos homens. Agora começo a ver que o mundo inteiro está contra mim, que

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todas as coisas estão me tentando a pecar, e eu temo voltar para o mundo. Temo ser enla-
çado novamente. Meus companheiros, como posso resisti-los? e Satanás, como posso lutar
contra ele?”.

Este é o momento em que o novo crente começa a fazer um grande número de resoluções
em sua própria força. Se ele somente pudesse manter-se fora do caminho da tentação, e
separar-se do mundo, ele acha que poderia manter-se santo, mas Deus logo lhe ensina a
insuficiência de sua própria força. Suas resoluções são todas quebradas inteiramente; seus
hábitos de andar estreitamente desaparecem como fumaça diante do sopro da tentação; e
o filhinho de Deus senta-se para chorar por causa da chaga de seu próprio coração, e a
clamar: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?”.

Se aqui há alguém assim me ouvindo, permita-me, peço-te, recomendar um novo plano, de


longe um caminho melhor. Entregue a si mesmo aos braços eternos. Quando o pecado sur-
gir; quando o mundo vem como uma inundação; quando a tentação chega de repente sobre
você; se incline para trás sobre o Espírito todo-poderoso, e você está seguro. O que faz
uma criancinha que tem sido colocada sobre o chão para caminhar, quando percebe que
seus pequenos membros estão se desequilibrando, de forma que o primeiro sopro do vento
a derrubará? Será que ela não se lança aos braços da de sua mãe? Quando ela não con-
segue ir, ela consente em ser conduzida; e assim deve ser com você, débil filho de Deus.
Deus concedeu a você que pela fé se apegue a Cristo somente por justiça; e assim obter a
paz do justificado. Ore agora, para que Deus dê a você fé resignada, para que você possa
confiar nEle somente por força, para que você possa render a si mesmo aos braços eternos.
Vá e aprenda o que isto significa: Jeová Nossa Justiça é o mesmo Jeová Nossa Bandeira.
Então, mas não até então, você conhecerá plenamente o significado desta bênção: “Bem-
aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor”.

Objeção: Eu não vejo, nem ouço ou sinto o Espírito, como posso render-me aos Seus
braços?

Resposta. Esta é a própria descrição Bíblica da obra do Espírito: “O vento sopra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é
nascido do Espírito” [João 3:8]. Você não vê o vento, nem compreende como ele sopra, e
ainda assim você estende a vela para pegar a brisa; e assim, o alto navio é sustentado so-
bre um mar muito agitado até o porto de descanso. Somente incline-se sobre o Espírito,
embora você não compreenda o Seu agir. Embora, agora, você não O veja, ainda assim
creia nEle. E você se alegrará com júbilo inefável e cheio de glória; você será sustentado
sobre as ondas ásperas deste mundo até o porto de descanso. Você também não conhece

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como o manancial brota; você não compreende o funcionamento pelo qual os mananciais
de água não falham; e ainda assim, você leva o cântaro até a fonte, e nunca volta com ele
vazio. Então, dependam do suprimento invisível do Espírito; tomem uma provisão diária
para necessidades diárias; vão confiantes aos mananciais da salvação, e vós tirareis água
com alegria. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. “Bem-aventurado tu, ó Israel!
Quem é como tu?”. Tende bom ânimo. Nós confiamos que Aquele que começou a boa obra
em vós, há de aperfeiçoá-la até o Dia de Cristo Jesus.

Mas, ah! pobres almas sem Cristo, não há promessa do Espírito para vocês. Todas as
promessas são sim e amém em Cristo. Fora de Cristo não há promessa; não há outra coisa
senão ira. Não há braços eternos debaixo de vocês. Vocês são sensuais, não têm o
Espírito. Não há pecado no qual vocês não possam incorrer, até naquelas que fazem os
homens estremecerem e empalidecerem. Em nenhum lugar Deus prometeu guarda-los
destes pecados. Vocês não têm o Espírito, não podem amar a Deus, ou fazer qualquer boa
obra, vocês podem apenas pecar. Ó almas miseráveis! que continuam pertencendo à
linhagem do velho Adão, vocês não podem deixar de dar maus frutos; e o fim será a morte.
Oh! que vocês fossem embora e chorassem por sua miserável condição, e clamassem a
Deus para trazê-los para fazer parte de Seu bem-aventurado Israel, que é escolhido,
justificado, santificado e salvo pelo Senhor!

Igreja de São Pedro, 29 de Janeiro de 1837.

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Jeremiah Burroughs Owen
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dos Pecadores, A — A. W. Pink  Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
 Jesus! – C. H. Spurgeon Downing
 Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon  Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
 Livre Graça, A — C. H. Spurgeon  Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
 Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield Claraval
 Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry  Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
 Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill no Batismo de Crentes — Fred Malone
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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
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Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
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Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
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na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
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encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
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de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
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Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
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para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
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Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
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Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
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se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
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nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
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por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
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também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
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Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
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interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
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produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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