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«Não há caminhos fáceis para quem é responsável»

«Não há caminhos fáceis para quem é responsável»

Eugénio de Andrade
(em Rosto Precário)

à beira do futuro.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA
| 2019 - 2021
ÍNDICE

. Mensagem do candidato________________________________________ 4
1. Introdução___________________________________________________5
2. Desafios Locais
2.1 Inovação__________________________________________________6
2.2 Natalidade_______________________________________________6
2.3 Emprego______________________________________________ 7
2.4 Turismo_____________________________________________ 8
2.5 Infraestruturas_______________________________________8
2.6 Habitação_________________________________________9
2.7 Educação/Formação______________________________10
2.8 Administração Territorial_________________________ 11
2.9 Ambiente____________________________________11 #interioréagora
2.10 Saúde______________________________________12
3. Desafios Nacionais
3.1 Pobreza_______________________________________ 14
3.2 Populismo_______________________________________15
3.3 Alterações Climáticas_______________________________16
4. Desafios da Estrutura
4.1 Proximidade________________________________________ 18
4.2 Comunicação________________________________________ 19
4.3 Integração____________________________________________ 20
4.4 Organização Interna______________________________________20
4.5 Ação___________________________________________________ 21
5. Desafio Transversal: Eleições Autárquicas 2021___________________ 23

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Mensagem do candidato

Caras e caros camaradas,


Aproximando-se o congresso da Federação Distrital de Castelo Branco da
Juventude Socialista, ponto alto do ciclo político local que atravessamos, tomada
que está a decisão por parte do seu presidente de não se recandidatar ao cargo,
impossibilitando a renovação da atual liderança, e tendo refletido de forma conjunta,
plural e humilde com grande parte dos jovens militantes que compõem a estrutura,
decidi que o apoio e encorajamento que me foi demonstrado teria de se concretizar
num ambicioso projeto de união e proximidade.
Desse modo, apresento-me como candidato a Presidente da Federação Distrital de
Castelo Branco da Juventude Socialista.
As exigências e desafios que se apresentam no horizonte do próximo mandato, são
importantes estímulos para aquela que deverá ser uma ação política próxima,
vigorosa e progressista. Assim, pretendo liderar uma geração inconformada, com
tremenda vontade de fazer pela sua terra e que não foge à responsabilidade de
corresponder construtivamente à necessidade de encontrar soluções para os
problemas galopantes que o nosso distrito enfrenta.
Deve ser nossa missão perspetivar um combate inequívoco às assimetrias,
através de medidas que valorizem o património endógeno e o incremento do tecido
produtivo. É urgente fazer pelo desenvolvimento da região, pela emancipação
jovem e pelo combate ao despovoamento, imprescindíveis eixos de progresso
dos territórios da faixa interior e transfronteiriça do país.
Não nos esquecendo das exigências políticas - essas às quais sempre
demonstramos uma extraordinária capacidade de resposta. Pugnando por uma voz
una junto da estrutura partidária, pela reativação de mais estruturas concelhias e
por uma afirmação que consiga congregar cada vez mais jovens, possibilitando-
nos ter força e eficácia.
Com efeito, o culminar do próximo ciclo político com as eleições autárquicas, é o
desígnio perfeito para a demonstração da firmeza do projeto que queremos
construir, através de convicções robustas e de uma atividade enérgica, que
assegure a implementação das nossas ideias num ainda maior número de
territórios.
Ciente do extraordinário legado que ficou dos últimos mandatos e da
entusiasmante e abnegada liderança por parte de quem hoje me orgulho de chamar
amigo, sinto chegada a hora de assumir essa imensa responsabilidade que é liderar
os jovens socialistas do distrito, de estar à altura dos seus anseios e ser seu fiel
representante.
Conto com todos.
Contem comigo.
Estamos à beira do futuro.

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1. Introdução
Vivemos num dos mais ímpares distritos do país. Foi aqui que nascemos e
crescemos e de onde nos vêm as primeiras memórias com familiares e amigos. Foi,
também aqui, que muitos de nós começaram a ter um primeiro contacto com a
participação política, despertados por conversas à mesa, pelo Parlamento dos
Jovens na Escola Secundária, por uma qualquer visita à Assembleia da República
ou, até, pela sucessiva eleição de secretários-gerais do PS oriundos da região. A
verdade é que, independentemente das razões que nos levaram, em primeira
instância, a uma aproximação a este modelo de intervenção pública, sentimos que
o sítio onde faz sentido que a tenhamos – não obstante o lugar onde possamos
estudar ou trabalhar - é aqui, na nossa terra.
E Castelo Branco é diferente. É assim o é porque se configura como o terceiro
maior distrito do país em área. Porque é do Interior, do Pinhal, da Cova da Beira e
ainda consegue ter uma enorme faixa transfronteiriça. É distinto porque detém o
ponto mais alto da região continental do país, a Estrela, porque alberga na sua
diversificada flora o maior rio que se nos atravessa, o Tejo, e porque é uma das
maiores fortalezas do estandarte político que conjuga as nossas convicções, o
Partido Socialista.
Repleta de património endógeno e edificado, a nossa região e as suas instituições
são pródigas na pronta resposta a qualquer desafio, na resolução de graves
problemas. As gentes que compõem toda a extensão do distrito, de Penamacor a
Vila de Rei, são portadoras de uma resiliência que nos deve encorajar a não ceder
ao abandono, à descrença. E os atores políticos que compuseram, no passado, e
que comporão, no futuro, a Juventude Socialista da Beira Baixa, devem ser
exemplos de como ir ao terreno, não se fechando sobre si mesmos, e de fomento
do debate interno e do contributo externo, não receando a discórdia, tendo como
objetivo único uma premissa clara: Passar da palavra ao ato.
É preciso fazer a diferença. Mas desta feita não é só mesmo um verbo de encher,
um chavão fácil de utilizar ou uma promessa vazia. É preciso mesmo. Estamos em
déficit há demasiados anos – Na brutal perda populacional, no saldo migratório, no
desenvolvimento infraestrutural, no tecido produtivo ou na dinâmica dada aos
nossos territórios rurais, não estamos a conseguir corresponder às necessidades da
nossa região, às ânsias dos nossos concidadãos. Nesse sentido, o combate ao
despovoamento – vetor central de ligação a todos os outros desafios – deve ser a
nossa prioridade máxima. Pois só com pessoas conseguiremos ter uma eficaz ação
política. Pois só com gente a residir conseguiremos falar para as aldeias. Pois só
com alunos e professores que escolheram ficar na Beira, iremos ter medidas que
alcancem as escolas e se projetem nas universidades e politécnicos. Só com
quantidade e qualidade de militância poderemos assegurar o futuro da nossa
estrutura e da mensagem que a todos deve ser transversal.
Para isso, é necessária proximidade. É precisa união.
O desafio é este.

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2. Desafios Locais

2.1 A INOVAÇÃO
A transição digital é um dos grandes temas do quotidiano – As mutações a que
todos os dias estamos sujeitos fruto do desenvolvimento e aperfeiçoamento
tecnológicos entroncam diretamente com as nossas relações familiares,
académicas e profissionais. Não saber acompanhar a revolução que nos tem
precedido o é um primeiro passo para o fracasso na resposta aos concretos
problemas que a nossa região enfrenta. Desse modo, só uma geração progressista
como aquela que pretendemos ser nos próximos dois anos, pode ter propostas
objetivas e medidas abrangentes que consigam fazer face a este tremendo desafio
– Urge, então, o alargamento da rede de fibra ótica a toda faixa rural,
comtemplando inclusive pequenas povoações e lugares, aumentando a potência
dos postos de serviço já existentes e por existir. O reforço dos laboratórios
colaborativos que utilizam em grande medida ferramentas tecnológicas, valorizando
os recursos endógenos, deve ser também um objetivo a médio prazo, pois é no
investimento na investigação e inovação que poderemos dar lugar a
competitividade. Tal como na justiça, na saúde e no emprego, através da
desmaterialização e da informação partilhada, simplificando a administração central,
mas, acima de tudo, a administração local e os órgãos que exercem o poder
político.

2.2 A NATALIDADE
O Distrito de Castelo Branco é uma das regiões com menor taxa de fecundidade do
país, estando o concelho de Castelo Branco, por exemplo, ligeiramente abaixo da
taxa bruta de natalidade verificada na média nacional (7,8; 7,9) (2015, PORDATA).
Neste mesmo indicador, o concelho de Oleiros foi o que figurou, em 2018, na sua
pior posição, com apenas 2,8 bebés por cada 1000/habitantes. Ainda, no concelho
do Fundão, um dos municípios com maior polarização de lugares, existem
freguesias com 1 nascimento a cada 3 anos, outras, como a Barroca do Zêzere –
aldeia que acolheu o JS Summer Camp 2019 – onde o número de jovens com
menos de 18 anos já não passa das duas dezenas. Assim, a principal maneira de
continuar a dar vida a estes povos e territórios que já tanto nos deram no domínio
etnográfico, recreativo ou paisagístico é falar concretamente para os jovens em fase
ativa, dando-lhes incentivos para que possam criar as suas famílias, com cada vez
maior número de crianças, nos mesmos lugares onde eles próprios cresceram –
Criando um subsídio equivalente ao IAS para casais com 3 ou mais filhos nas
zonas de muito baixa densidade populacional e cujos rendimentos, em conjunto,
não ultrapassem o 4º escalão de IRS e adaptando o valor a cobrar de IMI tendo por
base o número de jovens não emancipados no agregado familiar. Senão forem os
jovens que cresceram nestas terras, a sul das Minas da Panasqueira ou junto ao
marco geodésico de Montes da Senhora, em Proença a Nova, a quererem lutar
pelos sítios, gerando-lhes crianças, construindo casas e criando o seu emprego,
será sempre muito mais complicado dizer aos de fora - que cada vez mais são
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oriundos da urbe periférica das duas maiores áreas metropolitanas - que aqui temos
condições para receber os seus filhos. A natalidade deve ser o grande chavão de
qualquer política de combate ao despovoamento – Para isso, devemos tomar o
exemplo do município de Belmonte, onde, no ano 2013, nasceram o triplo das
crianças relativamente à média do próprio município, fruto, em grande medida, dos
incentivos do executivo municipal em reuniões de órgãos autárquicos, momentos
recreativos e/ou outros informais. Deve isto servir de exemplo para outros lugares,
pois só com a energia e o entusiasmo dos nossos legítimos representantes, estes
cuja mensagem chega a um tremendo número de pessoas, podemos fazer com que
a nossa região seja novamente pujante no domínio da natalidade.

2.3 O EMPREGO
A Juventude Socialista é uma organização que, desde o início, não se revê em
políticas que promovam o ataque a direitos sociais e garantias laborais
constitucionalmente garantidas. Com efeito, há que continuar a marcar a diferença
na defesa intransigente dos trabalhadores, através de premissas que consigam
congregar o desenvolvimento dos meios de produção, das empresas e serviços, e
os direitos de quem neles se insere, através do trabalho. No distrito, os clusters da
transformação do papel, em Vila Velha de Ródão, dos componentes relojoeiros, no
Fundão, e os científico-tecnológicos, em Proença a Nova, são importantes bases de
desenvolvimento e progresso no domínio do emprego pouco qualificado, mas
também altamente qualificado – Oferecendo dinâmica e oportunidades profissionais
a territórios que, no passado, estavam confinados a ofícios rudimentares. É
necessário proteger esta especialização cada vez mais premente, através de
incentivos fiscais e de tratamento casuístico consoante as necessidades da
empresa e dos seus colaboradores, sendo que a Federação de Castelo Branco e os
seus atuais e futuros eleitos em órgãos autárquicos não devem ser indiferentes aos
clusters, importantes veículos para a promoção dos vários concelhos, pugnando –
sempre em articulação com as posições do PS – pelo incitamento e pelo estímulo
de benefícios dados a quem queira investir em zonas de baixa densidade
populacional, alocando recursos dos municípios para o desenvolvimento e
subsistência destas indústrias, desde que estas se comprometam a agir de acordo
com a necessidade dos territórios, promovendo o trabalhador local e praticando
salários compensadores, acima da média nacional.
Numa outra perspetiva, há que elevar o teletrabalho como método inovador de
promoção de mais valia, possibilitando a quem queira trabalhar fora dos grandes
centros, mas continuando contratualizado a uma empresa ou serviço sediados em
grandes centros – inclusive internacionais – o possa fazer com segurança laboral,
comodidade e apoios. Assim, tendo como horizonte o combate ao despovoamento,
deve ser bandeira da estrutura a criação de fundo específico de apoio à mobilidade
permanente a quem, vindo de fora, crie o seu próprio emprego em áreas que
valorizem o património endógeno, tal como, no domínio da integração, devemos
focar parte do discurso numa estratégia que permita a ex-reclusos ter a
oportunidade de trabalharem no setor privado ou na administração pública.

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Mas ainda é necessário fazer mais – e aqui tem o Estado um papel fundamental –
pois só com a desconcentração e deslocalização de competências e serviços da
administração central, com especial ênfase naqueles onde a atividade
administrativa e/ou burocrática impera – pois para estes não importa o sítio onde
estejam sediados – para municípios com menos de 20.000 habitantes, em áreas do
denominado interior do país, onde nos inserimos, podemos passar uma mensagem
clara para quem queira alcançar uma carreira na função pública, saindo do foro
municipal, que o pode fazer no distrito, com as mesmas condições de quem o faz
na capital.

2.4 O TURISMO
A área turística é hoje uma das principais atividades de particulares que investem
nos concelhos, sendo uma importante fonte de rendimento para os municípios,
veja-se a Covilhã, com o turismo do “frio”, ou Idanha a Nova, com o turismo
transfronteiriço. A nossa região está envolta de oportunidades a este nível, pois
apresenta condições naturais – pela Serra, pela flora frutícola ou pela proximidade a
Espanha – de grande riqueza e diversidade. Nesse sentido, é necessário continuar
a fazer pelos que vêm em aldeias esquecidas uma oportunidade de alojamento
local (agora devidamente regulamentado) ou na altitude das serras um incentivo à
criação de trilhos pedestres. Há que apostar na transparência, nos programas e nos
incentivos, dando apoio financeiro. A eficiência das infraestruturas existentes e
futuras deve ser uma constante batalha, tendo nós de estar ao lado do governo em
questões relacionadas com linhas de crédito, instrumentos regulatórios e,
principalmente, o sistema de classificação dos hotéis, este que tem de passar a
incluir questões ambientais. Para este último passo, é importante dar a conhecer a
estes serviços novas tecnologias e empresas locais que as possam desenvolver,
promovendo sinergias entre os vários setores. É preciso que os municípios apostem
em estratégias turísticas, saídas dos órgãos autárquicos e que envolvam os
residentes, como a dinamização de programas anuais de atividades culturais que
sejam amplamente publicitados, chegando a todos, pois os boletins municipais não
chegam, pecando muitas das vezes na eficácia da mensagem transmitida. É
preciso criar dinâmica entre os vários municípios tendo por fim a criação de roteiros
turísticos intermunicipais, que consigam expor a beleza das nossas praias fluviais,
os miradouros resplandecentes espalhados um pouco por toda a parte ou os
recantos escondidos por onde o Zêzere e o Tejo fazem o seu caminho. A promoção
dos cursos técnicos ligados à hotelaria deve ser uma realidade, pois para
corresponder a todas estes vetores, precisamos de mão de obra qualificada e que
conheça a fundo as potencialidades do território.

2.5 AS INFRAESTRUTURAS
O domínio infraestrutural representa uma importante fatia das acérrimas lutas pelas
quais os municípios, a população e os nossos eleitos na Assembleia da República
se têm batido nos últimos anos. Com a abolição das portagens na A23 à cabeça,

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proposta à qual a Federação deu especial ênfase no mandato que agora termina, e
que devemos continuar a defender intransigentemente como umas das principais,
senão a principal, batalha para os dois anos vindouros, é necessário olhar ainda, do
ponto de vista das vias de comunicação, para outros desafios de enorme
relevância. A conclusão do IC6 deve ser uma prioridade futura, como via de ligação
entre a cidade da Covilhã e a vila de Tábua, tendo como premissa a existência de
uma via privilegiada entre os distritos de Castelo Branco e de Coimbra. Tal como o
IC31, inscrito que está no Plano Nacional de Investimentos 2030, considerado
prioritário desde a primeira maioria absoluta do PS em 2005, devendo a JS ser uma
força motriz de incentivo à sua construção, pois só finalizado o distrito terá uma
ligação rápida e segura à EX-A1 do país vizinho, promovendo as regiões da Beira
Baixa portuguesa e Extremadura espanhola.
Ainda no tema dos transportes, há que agudizar as posições relativas à criação de
um passe intermunicipal entre as nossas três cidades, seja para o transporte
rodoviário ou ferroviário, tendo de haver discriminação para jovens, séniores e
residentes nas aldeias dos respetivos municípios, prevendo sempre que para além
da deslocação entre as cidades, têm ainda que se deslocar entre a cidade de
origem e a respetiva aldeia. Fazendo pressão, já noutro domínio ferroviário, junto
das Infraestruturas de Portugal, pela criação de uma bilheteira eletrónica em Vila
Velha de Ródão e apresentando medidas objetivas aos vários municípios tendo por
fim a promoção do transporte a pedido, uma realidade em já vários concelhos com
parca população.
As infraestruturas do foro dos serviços devem, a par, ser consideradas na nossa
ação política. Desde logo, a criação de um pólo universitário da UBI fora da cidade
da Covilhã, cumprindo, enfim, o principal desígnio que serviu a sua construção em
1986 – o de servir a região no seu todo. Desse modo, deve a vila de Belmonte ou a
cidade do Fundão, pela logística, proximidade e capacidade a vários níveis, serem
privilegiadas na essência futura dessa discussão. Devemos, também nós, enquanto
organização autónoma, discutir estratégias que se materializem em propostas
concretas do que deverá ser o futuro das instituições de ensino superior do distrito,
pugnando sempre por mais financiamento, eficiência e independência.

2.6 A HABITAÇÃO
A lei de bases da habitação, apresentada no ano transato, foi uma importante
conquista para este direito fundamental vulgarmente esquecido. Neste setor, mais
do que medidas – até porque os passos dados por este governo através da lei
supra e do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano foram cruciais – devemos
ter uma posição ideológica forte e vincada. Deve ser nosso entender que as
políticas municipais para a habitação deverão ser consignadas para os jovens à
procura de primeira habitação, para os idosos em risco de despejo e para as
famílias numerosas, ou que, não o sendo, estejam em comprovada carência
económica. Assumindo a reabilitação urbana um importante papel, pois só
recuperando os centros históricos, os edifícios devolutos que mancham o
património das vilas e cidades, podemos dar dinâmica ao centro dos territórios, aos
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arruamentos tradicionais e, com isso, dar aso ao comércio que ali sempre se
praticou.
Tal como devemos ter uma mensagem clara para os que se queiram fixar nas
aldeias, desburocratizando, incentivando e facilitando, pois só com processos
céleres podemos dar aso à construção imobiliária em territórios que tanto dela
necessitam.

2.7 A EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO
A nossa região é uma das mais envelhecidas do país, veja-se os concelhos de
Oleiros e Penamacor, em 3º e 4º, respetivamente, no índice de envelhecimento
(2018, PORDATA). Com efeito, existe a necessidade de providenciar a esta
população envelhecida uma fase final de vida mais ativa e, se possível, com o
conhecimento que nunca puderam absorver aquando da sua juventude. As
universidades séniores demonstram ser uma importante ferramenta nas premissas
referidas, mas também no aproveitamento de escolas e/ou juntas de freguesia já
encerradas nas aldeias – assim, há que promover este tipo de ensino,
diversificando-o, globalizando-o a toda a região e combatendo o analfabetismo
ainda muito premente.
Quanto aos mais jovens, há que entender que o ensino não pode ser considerado
de uma perspetiva estritamente economicista (2012, À FRENTE DO NOSSO
TEMPO – MGE JOÃO TORRES). Temos de passar a mensagem que só uma rede
de ensino pré-escolar universalizada, devidamente apoiada e adequada às
condições de cada município, pode oferecer às crianças oportunidades iguais às
que outras, em grandes centros, têm. Há ainda que continuar a requalificar as
escolas básicas e secundárias da rede pública, promovendo o seu ensino – só
escolas modernizadas e apelativas podem configurar-se como instrumentos de
ação contra o abandono escolar.
Em termos programáticos, também há caminho a percorrer: Desde logo, no domínio
formativo da cidadania, da democracia e da educação sexual. As escolas têm de
ensinar a constituição, lei fundamental, incentivar ações de conhecimento do
sistema político, e meio partidário, e pugnar por um ensino em moldes de
praticidade, onde os alunos tenham contacto, desde cedo, com o mundo laboral.
Mas é ainda necessário afastar o tabu do ensino para o conhecimento do corpo,
seja no domínio físico ou psicológico, através da entrada de especialistas do meio
no perímetro das escolas, em momentos informais.
Não nos esquecendo, tendo em vista um princípio de equidade social, da justa e
abrangente proposta apresentada pela discriminação positiva do valor das propinas
em IES nas denominadas regiões do interior do país (2019, MANIFESTO
ELEITORAL JOVEM JS FEDERAÇÃO CB), que vimos acolhida nas bases
programáticas do governo para a próxima legislatura, e que deve continuar a ser
uma bandeira da organização distrital.

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2.8 A ADMINISTRAÇÃO TERRITORIAL
As regiões administrativas fazem parte da divisão do território desde o primeiro
momento em que se começou a pensar, de forma séria, na melhor forma de servir
as diferentes zonas que compõem o nosso país. Desde logo, com a regionalização
à cabeça. Proposto o referendo em 1998, cujo primeiro promotor era o então
primeiro-ministro António Guterres, ficámos reféns do seu chumbo nas urnas
durante largos anos, sendo que, à data, o distrito de Castelo Branco ficaria adstrito
à região da Beira Interior, esta que iria englobar a Beira Baixa e a Beira Alta,
composta por 5 distritos diferentes, onde se inseria o nosso em conjunto com
Coimbra, Guarda, Viseu e Santarém, cabendo 32 concelhos distintos. Até 2015, o
conceito acima descrito foi pouco mais enunciado fruto de incontornáveis questões
político-económicas. Porém, a partir da data em que um novo governo apoiado pela
esquerda parlamentar entrou em funções, redescobriu-se um modelo que pudesse
incitar o desenvolvimento dos vários territórios, chamando ao poder local a
responsabilidade de agir em proximidade num largo conjunto de matérias – a
chamada descentralização de competências para os municípios. Da saúde, à
educação, passando pelas infraestruturas, este modelo começou a ser introduzido e
é hoje uma realidade imutável.
No que nos concerne, sentimos que a descentralização não é mais que um
pequeno passo – gigante para quem tem responsabilidades políticas locais – para
um fim que só se deve esgotar na completa regionalização do país. Esta é um fator
de democratização da nossa sociedade civil. Em primeira instância, porque já
existem Comissões de Coordenação Regional – as denominadas CCDR – que
exercem boa parte das competências dos extintos governos civis, só que não
democraticamente eleitas, não sendo legitimadas pelo voto e não podendo ser
responsabilizadas popularmente pelas suas ações. Em segundo, porque o modelo
de regionalização favorece a democracia participativa, aproximando os serviços
públicos das populações. E em terceiro lugar, porque esta parece-nos ser a forma
mais acertada de favorecer o rápido desenvolvimento de regiões que década após
década vêm perder dezenas de milhares de habitantes, serviços, empresas, e, com
efeito, deixando cair o princípio da coesão social.
Hoje, existem mais de 80 divisões regionais que tropeçam umas nas outras
consoante a questão dirimir, dificultando a ação do cidadão e do município. A
regionalização parece-nos, então, a solução para a descentralização e
desburocratização tão necessárias para a reforma da administração periférica – no
desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental, mas também num
verdadeiro sistema de finanças regionais.

2.9 O AMBIENTE
Tentar fazer política no século XXI, prestes a entrar numa nova década, e não falar
das incontornáveis questões ambientes é a solução para o fracasso na resposta
aos concretos problemas do futuro, e, principalmente, de quem irá assegurar esse
futuro: A geração que nos sucederá.

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Nesse sentido, é nuclear que a nossa estrutura tenha uma voz ativa a favor do
ambientalismo, que acaba por ser transversal a tantos outros vetores aqui
explanados. Desde logo, na defesa dos afluentes do Tejo – das quais se destaca o
Rio Pônsul, nascido em Idanha a Nova – completamente dotado à irrelevância por
uma seca catastrófica que afeta não só o principal rio, mas que acaba por condenar
a biodiversidade e as atividades piscatórias e de lazer dos mais variados sítios.
Fruto do incumprimento da Convenção de Albufeira do país vizinho ou até da
indústria hidroelétrica, a verdade é que se relata que este curso de água tenha
perdido, repentinamente, uns estonteantes 15 metros de água – uma situação
completamente insustentável e à qual a JS tem de ter uma postura inequívoca de
defesa do nosso património, através da luta junto do poder central e local. Mas não
só o Pônsul sofre destas problemáticas, também o Zêzere, nascido na Covilhã,
sofre de idênticas questões, sendo a poluição uma das mais prementes. Aqui, são
as alegadas descargas de resíduos o motivo da destruição. E também neste rio, e
em todos os outros, é necessária uma postura similar, que promova o que de
melhor o nosso distrito pode oferecer.
A questão de Almaraz continua, por sua vez, a ser um assunto de relevo no que
concerne à sustentabilidade do território e à segurança dos nossos concidadãos.
Como sabido, a central nuclear dista pouco mais de 100 quilómetros da fronteira,
estando situada em Cáceres. Como conhecido, também, este tipo de atividades
concretizam um perigo constante e ao qual raramente se consegue dar resposta
(ver os exemplos da Europa de Leste), pelo que a posição do encerramento desta
infraestrutura deve continuar a ser fomentada do lado de cá da fronteira, tornando
este um problema nacional, uma vez que as repercussões de algo nefasto sentir-
se-ão muito mais em Portugal que alguma vez em Espanha. Lutar contra o fecho da
central é combater um putativo desastre que afetará o nosso futuro e o dos nossos
filhos.

2.10 A SAÚDE
À data que redigimos esta moção (2019, novembro), o hospital da ULS Castelo
Branco vê-se a braços com uma notória falta de médicos, o que poderá levar a um
encerramento – ainda que temporário – dos seus serviços de maternidade. Já o
CHCB, considerado como um dos melhores centros hospitalares da zona centro,
continua com problemas similares, tal como todas as infraestruturas do SNS
espalhadas pelo país. O combate ao subfinanciamento e a subcontratação de
profissionais de saúde deve ser uma luta constante desta organização, não só
nestes sítios, como em toda a Cova da Beira ou todo o Pinhal. Encarar os gastos
com saúde como investimento e não como despesa deve ser o mote de qualquer
governação, pois só com instituições dotadas de meios financeiros e humanos
condizentes com as suas necessidades podemos ter uma ação eficaz junto da
população, cada vez mais idosa, com doenças crónicas e oncológicas. Incentivando
o investimento em VMER, na modernização de frotas de bombeiros voluntários –
essenciais na resposta às populações mais longínquas – mas também na
requalificação de centros de saúde, dando incentivo aos jovens médicos para se
fixarem na nossa região através de benefícios fiscais e salariais, falando
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concretamente para a valorização da carreira médica no domínio dos cuidados
primários.
Porém, a cultura de prevenção deve assumir um importante papel, pois mais
importante que ter meios de tratamentos, é ter meios que previnam a doença.
Desse modo, a universalização de veículos de rastreio das mais variadas condições
médicas, promovidas pelo SNS e serviços municipais, por todo o distrito e com
especial enfoque no foro oncológico, deve ser uma realidade ao alcance de todos.

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3.1 A POBREZA
A pobreza é uma incapacidade crónica, atrofia o desenvolvimento do cérebro de
maneiras porventura permanentes que prejudicam não só o desempenho escolar,
mas a capacidade de contribuir para a sociedade em geral. As pessoas que
enfrentam a pobreza são mais vulneráveis à ansiedade clínica, sendo os indivíduos
de baixos rendimentos mais propensos à depressão e à falta de saúde (2016,
DACHER KELTNER).
Em Portugal, nos últimos anos, assistimos – fruto das políticas adotadas por um
governo de esquerda e com uma ação política à esquerda – a um decréscimo
notório da taxa de risco de pobreza, estando este indicador, em 2017, no mais
baixo nível de sempre, situado nos 17,3%. No entanto, os planos e os papeis feitos
não chegam, é preciso alocar recursos, é preciso coordenação entre várias
entidades (incluindo ONGs) e um verdadeiro apoio psicossocial.
Um português cujo rendimento mensal é inferior a 460€ é considerado pobre, sendo
este valor o que estabelece quem está e quem não está abaixo do limiar da
pobreza. No entanto, através de uma visão abrangente – com especial enfoque nos
grandes centros – conseguimos aferir que quem ganha mais, e até muito mais, que
este valor, seja de rendimentos do trabalho e/ou outros, pode estar em situações
tão precárias como quem se encontra, estatisticamente, no limiar da pobreza. Uma
renda média de um simples T1 na capital do nosso país é tão cara como o salário
médio nacional (~850€), somando-se a esta as naturais despesas com alimentação,
transportes e outras de conforto – a conclusão é óbvia: Existem licenciados, em
estágios pagos pelo Estado ou em empregos que não excedem a compensação
média referida, que não conseguem ter um estilo de vida estável e que lhes permita
a emancipação plena. Mas este não é nenhum facto novo ou que muitos de nós
não saibam já. Há anos. O que deve ser nova, e renovada, é a luta que a Juventude
Socialista deve ter perante estas injustiças que confinam à mediocridade grande
parte dos “cérebros” que promovemos.
Mas a pobreza, real, vive-se nas ruas: Nos que não têm abrigo, dormindo nos
passeios, nos que não conseguem sustentar a família, recorrendo a apoios ao nível
da alimentação, nos que fruto de deficiência estão subordinados a pensões baixas,
não conseguindo arranjar outra forma de sustento. É para esses que devemos
canalizar a nossa maior atenção. A sociedade falha no preciso momento em que
não é dado a um cidadão os mecanismos necessários à sua subsistência. Falha no
momento em que não consegue dar oportunidades a quem nasce no seio de uma
família pobre. Falha quando condenamos os incapazes à sua incapacidade. Por
isso, a pobreza deve ser encarada com um dos maiores desafios que temos à
nossa frente, pois uma geração progressista é aquela que não se conforma com as
suas conquistas, mas luta para que outros – em difíceis condições – tenham a
mesma chance de as poder alcançar.

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A Juventude Socialista tem na pobreza uma das causas – conceito tão aprimorado
por outros – de fazer valer a sua força, a sua voz, a sua eficácia. Se conseguimos
congregar em torno de um projeto uno milhares e milhares de jovens, façamos uso
dessa união para lutar por aquilo que é verdadeiramente justo. Não o temos feito.
Não o temos conseguido. É hora de promover o bem. E o bem é erradicar a
pobreza, e, não o conseguindo sozinhos, juntando-nos a outros, até àqueles que
pensam diferente de nós nas mais variadas matérias, e ser uma força motriz que
consiga realmente fazer a diferença.

3.2 O POPULISMO
O ano de 2019 foi um marco histórico, pela negativa, para os populistas e para os
argumentos que há muito tentavam doutrinar boa parte daqueles que connosco
convivem. Portugal foi durante largos anos um dos poucos países da União
Europeia “imune” à escalada dos intoleráveis, sendo as sucessivas eleições
portuguesas desde que esta problemática chegou ao continente um dos maiores
exemplos em como – sistematicamente – derrotávamos os princípios xenófobos e
racistas de muitos atores políticos. Desta feita, foi diferente. A organização foi
melhor, a mensagem foi trabalhada e a as redes sociais bem como os tradicionais
canais de televisão deram uma preciosa ajuda. Eles chegaram à Assembleia da
República. Não foi só um, foram vários. E com eles (os populistas que dão a cara
por um projeto político) veio a descoberta de milhares e milhares de pessoas que
estavam à espera do momento certo para revelaram as suas verdadeiras
convicções - Muitas delas, perdidas nas juventudes partidárias social-democratas,
em organizações não governamentais e até em cargos de responsabilidade política.
Hoje, muitos daqueles de quem não desconfiávamos o menor argumento contra
aqueles que julgam “diferentes de nós” estão aí. Nas redes sociais, na rua, mas
principalmente, nos partidos políticos que sempre ambicionaram estar.
E esta é uma das lutas mais complicadas que teremos de travar. A juventude –
principalmente a juventude – vota cada vez menos, mas, quando o faz, vota cada
vez mais no nacionalismo, no patriotismo bacoco, na subtil xenofobia e naqueles
que utilizam o “liberalismo” para tentar saquear as mais importantes conquistas de
Abril: O Serviço Nacional de Saúde, a universalização da Escola Pública, os apoios
estatais aos mais desfavorecidos. Julgam que devemos fazer tábua rasa a qualquer
pessoa, não importando a sua condição de origem – é pelo mérito, proclamam, que
cada um deve empregar a sua inteligência, o seu trabalho e as suas convicções.
Mesmo sabendo tão bem quanto os democratas que existe quem nunca terá,
segundo este sistema, a mínima hipótese de se realizar.
Engane-se quem julga que aqueles que são abertamente racistas são mais
perigosos do que os que tapam jardins com outdoors. São, isso sim, menos hábeis.
Mas é nessa menor habilidade que típico cidadão que partilha destes valores se
revê.
Senão conseguirmos ter uma mensagem eficaz para os jovens estudantes na
academia ou na escola profissional, para os jovens trabalhadores que por mais que

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tentem não conseguem encontrar trabalho na sua área de formação, para os
desempregados desencorajados demasiado novos para a reforma e demasiado
velhos para um novo contrato de trabalho, então iremos perder o seu voto – que é a
sua principal arma – para aqueles que pensam que os defendem. Desse modo, a
Juventude Socialista tem de ser pioneira e liderante na defesa intransigente dos
princípios democráticos, na elevação dos mais desfavorecidos, na proteção dos que
chegam ao país à procura de mais, como nós procurámos outrora, mas,
principalmente, na demonstração de que o futuro dos jovens e menos jovens só se
poderá materializar num projeto de um dos partidos fundadores da democracia.
O caminho do argumento hostil será sempre mais fácil, mas o nosso caminho – o
da abertura, da tolerância e da solidariedade – será sempre o caminho mais
acertado e pelo qual valerá sempre apena lutar. Pelo qual valerá sempre a pena
militar. É por valores como os citados que nos assumimos socialistas, que
investimos o nosso tempo numa juventude partidária, e se não lutarmos,
ferozmente, contra quem defende abertamente tudo aquilo a que nos devemos
opor, correremos sempre o risco da descrença na justa mensagem que tentamos
propagar.

3.3 AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS


«As emissões globais de gases na atmosfera estão a aumentar. As temperaturas
estão a subir. As consequências já são terríveis para os oceanos, as florestas, os
padrões climáticos, a biodiversidade, a produção de alimentos, a água, os
empregos e, em última instância, para a vida, e deverão continuar a piorar.» (2019,
ANTÓNIO GUTERRES).
As alterações climáticas são, provavelmente, o grande desafio pelo qual a nossa
geração tem de lutar e, efetivamente, tem lutado. O mundo, a sociedade civil e a
convivência entre seres mudaram radicalmente na última década, fruto de
mutações das quais muitos ainda desconfiam. A verdade, inegável, é que não é
necessário um consenso científico global para aferir que os ecossistemas estão a
mudar. No entanto, com eles, está também a mudar uma perceção de que os
jovens são imunes às transversais batalhas que o planeta enfrenta. E os exemplos
são vários. Pela primeira vez em muitos anos, em Portugal, conseguimos observar
que a comunidade escolar se está a mobilizar, de norte a sul, perante aquilo que
julgam não poder aceitar. E os mais jovens, fruto da boa consciencialização dos
seus professores, são mesmo os grandes promotores de manifestações, de ações
de limpeza e do “passa palavra”. E isso deve orgulhar-nos, mas mais que isso, deve
encorajar-nos e responsabilizar-nos. Não devemos estar só do lado da inocente luta
dos mais jovens, mas querer liderá-la através de uma convicção muito firme de que
o tempo se está a esgotar para as futuras gerações. É necessário fazer entender,
através da eficácia e simplicidade da mensagem e da ação política, que o futuro se
constrói pelas bases do presente, e esse presente está hoje corroído pela inércia de
muitos dos atores políticos globais.

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Há que promover a agricultura biológica, modernizando a convencional. Há que
“desplastificar” o quotidiano, através de pequenas ações que promovam materiais
reciclados. Há que poupar nos recursos hídricos e elétricos, utilizando-os no mínimo
indispensável para uma boa qualidade de vida. Há que investir em painéis
fotovoltaicos, incitando as empresas à sua eficiência energética tendo como fim a
utilização total desta energia nas suas atividades. Há que fomentar o transporte
coletivo e o uso da bicicleta. Há que moderar o consumo de carnes vermelhas. Há
que fazer tudo isto. Mas há que fazer muito mais ainda. E o que é necessário fazer,
para que tudo isto se concretize e atinjamos a neutralidade carbónica em 2050, é
haver uma ação coletiva que pressione os governos nacionais e transcontinentais -
A ação coletiva é a única que poderá assegurar o emprego de políticas mais
amigas do ambiente e do clima.
E tudo isto está ao nosso alcance. E tudo isto é nossa responsabilidade enquanto
jovens envolvidos no meio político-partidário. Não precisamos de ambicionar cargos
ministeriais para que façamos a diferença neste domínio – basta olharmos para a
nossa rua, para a nossa freguesia, para o nosso concelho, e, nesse enxergo, ver de
que forma podemos auxiliar o planeta, o meio ambiente, as gerações vindouras. Se o
fizermos, outros nos tomarão de exemplo.
Sejamos esta geração progressista.

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4. Desafios da Estrutura

A Federação Distrital de Castelo Branco da Juventude Socialista é hoje uma


organização reforçada nas suas bases, com relevante ação política no domínio
local e com vozes ativas na estrutura nacional. Nos últimos anos, vimos reabrir
concelhias em locais de vital importância na coesão da JS, em extremos territoriais
completamente opostos, fazendo com que a ação e a mensagem da Federação se
tornassem mais abrangentes e chegassem a cada vez mais jovens. Mas também
notámos o incremento de dinâmica em concelhias outrora pouco pujantes, fazendo
o seu caminho na dinamização de atividades e na promoção dos seus concelhos.
Outras, ainda, reforçaram a sua base militante, crescendo em números e em
núcleos de residência, dando força à sua polarização.
Aqui chegados, há que congratular quem fez por ser a principal força motriz destas
pequenas vitórias nos últimos anos, mas também quem liderou e fez parte da já
bonita história desta organização em mandatos dos quais a maior parte dos mais
jovens não tem a mínima recordação. Todos os que investiram boa parte dos seus
gloriosos anos de juventude na constante execução de dar vida à Juventude
Socialista no distrito, tentando fazer a diferença nas gentes e territórios que o
compõem, devem merecer o nosso penhorado reconhecimento. Porque esta
Federação deve ser de todos os que, pelo simples facto de em dado momento
terem pensado a região, contribuíram de forma decisiva para que hoje sejamos uma
estrutura respeitada, com quadros políticos de excelência e com um futuro
promissor à sua espera.
Mas o caminho é em frente. E o progresso e o aperfeiçoamento devem sempre ser
as premissas de quem se propõem liderar qualquer organização. E estes são,
indubitavelmente, os principais objetivos de quem apresenta esta Moção Global de
Estratégia.
Tendo por base as conquistas do passado, desafiamo-nos a fazer mais e melhor na
atuação futura. Mas, para isso, é necessário corresponder a um ambicioso caderno
de encargos cujo propósito é dar dinâmica, descentralização e crescimento à
Federação Distrital.

4.1 PROXIMIDADE
A proximidade é a base de toda a ação política que se pretende séria, justa e
abrangente. Só indo aos lugares, falando com as pessoas e aferindo os seus
problemas, podemos ser coerentes com qualquer solução política que
proponhamos. Para isso, entendemos necessário ver empregadas um conjunto de
medidas. Desde logo:

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• Atividades federativas descentralizadas por todo o distrito, inclusive nos
concelhos onde a Juventude Socialista não tem órgãos eleitos ou o Partido
Socialista é poder;
• Comissões Políticas Federativas a realizar em concelhias mais pequenas
e/ou longínquas, promovendo a sua efetivação, sempre que possível, fora
das zonas urbanas dos respetivos concelhos;
• Constante coordenação entre a Federação e as concelhias na realização de
atividades, articulando um calendário conjunto;
• Enraizar a Juventude Socialista nos estabelecimentos de ensino, pugnando
pela criação de mais NES, em estrita articulação com a Federação de
Estudantes Socialistas;
• Implementação de iniciativas-âncora, em locais e datas acessíveis à maioria
da base militante, que permitam reforçar o caráter identitário da federação,
levando a cabo grandes mobilizações;
• Participação em iniciativas promovidas por movimentos sociais que
concirnam às bases programáticas da Federação;
• Apoio à criação de uma Federação de Jovens Trabalhadores Socialistas de
Castelo Branco (FTSCB);
• Fomento da cooperação entre as várias estruturas concelhias de forma a
motivar a parceria estratégica e a realização de ações conjuntas;

4.2 COMUNICAÇÃO
A boa comunicação política é essencial para a propagação da mensagem que a
Federação deve ter. Só comunicando de forma mais simples e apelativa podemos
captar o interesse de cada vez mais jovens, promovendo a sua participação. Assim,
propomos:
• Manter uma atividade regular e dinâmica nas redes sociais, criando e
fazendo opinião;
• Criar página de Instagram e canal de Youtube;
• Intensificar o envio de comunicados da atividade federativa aos órgãos de
comunicação social;
• Criar newsletter trimestral que incida sobre a atividade federativa e concelhia,
promovendo o espaço de entrevista e opinião;
• Assegurar que a atividade online da Federação se realize numa base
semanal através da publicação de imagens e/ou infografias;
• Modernizar a página de Facebook da estrutura;

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• Reforçar a comunicação interna no domínio da informação partilhada por mail
e sms;
• Criação de conteúdo político regional para utilização das concelhias e
núcleos;

4.3 INTEGRAÇÃO
Os jovens militantes que entram na estrutura têm, por vezes, uma difícil integração
na base concelhia ou no núcleo de pessoas mais ativas da respetiva estrutura, seja
por nunca terem tido contacto a ação política de uma juventude partidária ou por
não entenderem a matriz ideológica da Juventude Socialista. Com efeito, deve ser
nossa missão promover uma integração facilitada a quem, livremente, venha ter
connosco, através da:
• Criação de um “Kit novo militante”, a enviar por e-mail – pela Federação – a
qualquer jovem que se filie. Kit que irá conter um infograma relativo à
organização da estrutura, um resumo do ideário da Juventude Socialista,
bem como as suas principais conquistas desde a fundação, e ainda os
indispensáveis estatutos e regulamentos internos;
• Mensagem de boas-vindas, via e-mail, a ser enviada a todos os novos
militantes pelo presidente da Federação, com o objetivo de criar engagement,
• Promover a participação dos novos militantes em reuniões concelhias,
comissões políticas federativas e atividades, através um contacto próximo e
regular;
• Promover, sempre que haja interesse e estejam reunidas as necessárias
condições, reuniões entre membros do secretariado federativo e grupos de
novos militantes, tendo em vista a sua participação na atividade distrital;

4.4 ORGANIZAÇÃO INTERNA


Se ambicionamos uma eficaz ação política externa, através da discussão de
medidas que promovam o cidadão e o território, há que projetar, também, uma
eficaz organização política interna – um verdadeiro sistema de checks and
balances, que eleve o melhor da estrutura e de todos os seus militantes. Para isso,
há que haver:
• Promoção de reuniões regulares de secretariado federativo, nunca
ultrapassando o período bimensal;
• Criação de grupos online dos órgãos políticos (whatsapp/messenger) –
Secretariado Federativo e Comissão Política Federativa;
• Distribuição de pelouros aos membros do secretariado, ficando estes com a
coordenação política da sua área temática (Ambiente, territórios, estratégia e
comunicação…);
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• Criação de repositório de documentos federativos (Manifestos, moções,
comunicados…);
• Promoção do contacto informal entre o presidente da federação, presidentes
de concelhia e qualquer militante, tendo por fim a harmonização da
estrutura;
• Coordenação política entre o secretariado federativo e os eleitos nas
estruturas nacionais;
• Coordenação política entre o secretariado federativo e os eleitos em órgãos
autárquicos;
• Publicitação – a todos os militantes – de um resumo da discussão política
tida em reuniões de secretariado federativo;
• Pugnar para que as atas da Comissão Política Federativa sejam elaboradas
e enviadas a todos os militantes com maior celeridade;
• Publicitação – a todos os militantes – de um resumo da discussão política
tida em Comissões Nacionais;
• Constituição de um grupo de trabalho de coordenação política tendo em
vista as eleições autárquicas, bem como a respetiva figura de coordenador
autárquico;

4.5 AÇÃO
É ainda preciso que a Federação Distrital tenha uma ação presente, a pensar no
futuro, que assegure a implementação das suas ideias. E para isso é necessário
haver uma proliferação de atividades, ações e dinâmicas externas, que contribuam
para o crescimento e visibilidade da estrutura. Assim, entendemos ser necessária a:
• Realização anual do Acampamento Federativo, marco icónico da
organização, pugnando para que se efetue em dois sítios distintos no
horizonte do mandato;
• Realização do Fórum Autárquico da Federação;
• Dinamização de uma tertúlia que, informalmente, receba convidados das
mais diferentes áreas no intuito do debate político;
• Realização, em articulação com a Federação de Estudantes Socialistas de
Castelo Branco, do I encontro de estudantes federativo;
• Realização de, pelo menos, uma atividade federativa em cada concelhia com
órgãos eleitos do distrito;
• Dinamização de convívios entre a base dirigente e militante;
• Promoção de reuniões com titulares de cargos políticos, associativos e
recreativos;
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• Articulação e coordenação política com os deputados eleitos pelo distrito à
Assembleia da República;
• Promoção da formação política da base militante, com especial incidência no
plano autárquico, através de palestra e debate;
• Promoção de ações políticas de vínculo ideológico;
• Cooperação estratégica com associações académicas, associações de
estudantes, associações de jovens e outras juventudes partidárias;
• Realização de iniciativas de promoção da coesão territorial e de
consciencialização para o despovoamento;
• Dinamização, sempre que possível, de ações que promovam a nossa ação
política dentro dos recintos escolares;
• Articulação de uma estratégia política coletiva para os eleitos em conselhos
municipais da juventude;
• Articulação política com o(a) Presidente da Federação Distrital de Castelo
Branco do Partido Socialista;
• Promoção de ações de consciencialização ambiental – Realização de
recolhas de lixo em zonas de vincado património endógeno;
• Pugnar para que a Federação Distrital tenha uma constante e ajustada
representação em atividades de índole nacional;
• Pugnar para que a Federação Distrital obtenha uma maior representação nos
órgãos nacionais da Juventude Socialista para o mandato 2020-2022;
• Criação de condições para existência de um Gabinete de Estudos Políticos
distrital;
• Criação de ferramentas que permitam a filiação política de um maior número
de jovens.

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5. Desafio Transversal: Eleições Autárquicas 2021

As autarquias são o modelo de intervenção pública de maior proximidade, de maior


ligação entre o poder e a necessidade, entre a execução e o cidadão. Desse modo,
devemos procurar ser verdadeiros entusiastas do poder local – reforçado com a já
enunciada descentralização de competências – encarando-os como pequenos
ministérios de índole local, cujo grande objetivo deve ser a resolução em tempo útil
dos problemas das gentes e territórios. E as nossas autárquicas, cada vez menos
dotadas de meios financeiros e à guarda de cada vez menos pessoas e mais
território isolado, devem ter em nós profundos defensores do seu âmbito de ação,
valorizando-as. Uma autarquia forte não é aquela melhor capacitada, antes a que
através da eficiência de meios consegue corresponder melhor às transversais
necessidades do seu meio.
As eleições autárquicas de 2021 constituem o maior desafio político que a
Federação Distrital de Castelo Branco da Juventude Socialista enfrentará no
horizonte do próximo mandato. Tendo, o Partido Socialista, 7 das 11 câmaras
municipais que se totalizam no distrito, é necessário que a JS seja uma importante
força motriz, de capacitação e de quadros jovens para que não mantenhamos
apenas o poder nos municípios onde já o exercemos, mas, se possível,
aumentemos esse número. Para isso, é necessária a tal ação política próxima e
vigorosa. É preciso que estejamos em consonância com os nossos autarcas, os
nossos eleitos nas assembleias municipais e nas assembleias de freguesia. No
entanto, e de caráter de igual ou maior relevância, há que acompanhar
humildemente os próximos candidatos aos vários órgãos, de Penamacor a Vila de
Rei, auxiliando na elaboração de propostas, mobilizando para as suas ações de
campanha e sendo um porto de abrigo para qualquer tipo de questão que surja no
processo.
O nosso objetivo tem de ser claro e inequívoco: Para reforçar o poder do socialismo
democrático nos órgãos autárquicos municipais, há que dar força aos quadros
militantes e dirigentes da JS, pois essa é a melhor forma de renovação de atores
políticos, ideias e estratégias, e é através desse emprego, ou não, dos jovens
socialistas no futuro dos municípios, que podemos aferir o sucesso ou insucesso do
mandato que nos propomos liderar.
A nossa maior missão na participação cívica será sempre o investimento da
irreverência, conhecimento e energia que temos na assembleia da nossa pequena
freguesia ou na vereação da nossa câmara municipal. É aí que em grande medida
faz sentido fazermos política – O poder local, aquele que está mesmo junto à nossa
porta de entrada, deve contar connosco. Tem de contar connosco.

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