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Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3
Autoridades Expediente
Utramig
CGP Solutions Ltda – EPP
Editoração, Impressão e Acabamento
Lindomar Gomes
Presidente Três Criativos
Diagramação
Giovana de Souza
Sampaio Rocha ADRIANA KARINE DE SOUZA
Diretora de Planejamento, Revisão de Textos
Gestão e Finanças
GABRIEL CAMILLO
Pesquisa de imagens e links
Silvana Melo do Nascimento
Diretora de Ensino Pesquisa

Vera Victer
Diretora de Qualificação
e Extensão

Tatiane Soares de Paula


Utramig – Curso Técnico em Segurança do
Diretora de Ensino a Distância Trabalho – Etapa 3
Epidemiologia/Toxicologia/Doenças
Ocupacionais / Meio Ambiente e Biossegurança
/Elaboração de Projetos / Higiene do Trabalho
- Teorica e Pratica /Segurança do Trabalho
/ Segurança Industrial/ Ergonomia. Belo
Horizonte: 2016.
294 páginas.
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3


Conteúdos Específicos Página

Disciplinas Profissionalizantes
Eidemiologia / Toxicologia / Doenças Ocupacionais....................................5
Meio Ambiente e Biossegurança................................................................ 55
Elaboração de Projetos.............................................................................103
Higiene do Trabalho/ Teorica e Prática .................................................... 123
Segurança do Trabalho............................................................................. 201
Segurança Industrial...... ......................................................................... 253
Ergonomia.................. ............................................................................ 285
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

EPIDEMIOLOGIA
TOXICOLOGIA
DOENÇAS OCUPACIONAIS
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

Sumário

1. Epidemiologia............................................................................................................. 9

2. Suas utilidades............................................................................................................ 9

3. Estrutura epidemiológica ........................................................................................ 10

4. Classificação das doenças transmissíveis................................................................. 11

5. Vigilância epidemiológica ........................................................................................ 12

6. Doenças de notificação compulsória........................................................................ 15

7. Medidas Profiláticas................................................................................................. 16

8. Padrões de evoluções das doenças.......................................................................... 17

9. Patologia do trabalho............................................................................................... 18

10. Fisiopatologia ....................................................................................................... 18

11. Bronquiectasia ...................................................................................................... 18

12. Atelectasia ............................................................................................................. 19

13. Enfisema................................................................................................................ 19

14. Bronquite crônica .................................................................................................. 20

15. Tuberculose - TBC - TB............................................................................................ 21

16. Pneumoconioses / Antracose / Silicose / Asbestose ............................................. 23

17. IAM - Infarto Agudo do Miocárdio . ....................................................................... 24

18. Gastrite aguda ....................................................................................................... 28

19. Gastrite crônica / Úlcera péptica ........................................................................... 28

20. Alcoolismo....................................................................... ...................................... 29

21. Hipertensão arterial ......................................................... .....................................31


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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

22. Toxicologia.............................................................................................................. 34

23. Pele ........................................................................................................................ 35

24. Sistema respiratório / Gases e Vapores ..................................................................36

25. Benzeno ..................................................................................................................37

26. Tolueno / Asbestose .............................................................................................. 38

27. Benzenismo ............................................................................................................40

28. Saturnismo .............................................................................................................42

29. Chumbo tetra-etila ................................................................................................ 43

30. Neoplasias – relacionadas ao trabalho...................................................................44

31. Medidas de controle ambiental .............................................................................45

32. Procedimentos e condutas a serem adotados ao se detectar caso

De câncer em um dado estabelecimento de trabalho .................................................46

33. Aspectos da história clínica e ocupacional que devem ser investigados

na suspeita de câncer relacionado ao trabalho ............................................................46

34. Neoplasia malígna – estômago ..............................................................................48

35. Neoplasias malígnas - pele .....................................................................................49

36. Acidente vascular cerebral - AVC ............................................................................50

37. Referências bibliográficas .......................................................................................53

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

EPIDEMIOLOGIA

É o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coleti-
vidades humanas” (IEA).

EPI (SOBRE) + DEMOS (POPULAÇÃO) + ESTUDO

SUAS UTILIDADES

 Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas;


 Identificar fatores etiológicos das enfermidades;
 Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de pre-
venção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades.

“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas,”...


... analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, dos danos à saú-
de e dos eventos associados à saúde coletiva,...
... propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças,...
... e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e ava-
liação das ações de saúde “ (Rouquayrol).

Exemplos
 Conhecer a distribuição de características de um grupo ou de uma população (sexo, idade,
estatura, peso, cor, renda, etc);
 Conhecer a morbidade e/ou mortalidade de uma certa doença em uma população;
 Compará-las entre populações;
 Conhecer a evolução de doenças durante um período de tempo numa população;
 Descobrir quais são os principais problemas de saúde de uma população;
 Avaliar a melhora que uma intervenção (p. ex. vacinas, pré-natal, educação em saúde) causa
em uma população;

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

 Verificar qual a melhora que uma medicação pode trazer para uma doença ou agravo, e
quais seus efeitos colaterais;
 Avaliar o quanto um exame realmente diagnostica uma doença existente ou deixa de diag-
nosticar;
 Avaliar que comportamentos ou fatores podem influenciar na piora ou melhora da saúde
de uma população;
 Avaliar o funcionamento e a satisfação gerada por um serviço implementado;
 Conhecer as opiniões e o entendimento que uma população tem a respeito de uma doença,
tratamento, intervenção, serviço, etc.

ESTRUTURA EPIDEMIOLÓGICA

O Ambiente - Deve ser entendido como “o conjunto de todos os fatores que mantém relações
interativas com o agente etiológico (causador) e o hospedeiro, sem se confundir com os mesmos”.
(Ambiente: Físico, Biológico, Social).

O Agente - Embora, de um modo geral, se considere que cada doença infecciosa (não infecciosa
ou agravos à saúde) tem seu agente etiológico específico, deve-se ter claro que não há um agente
único da doença.

O Hospedeiro (Suscetível) - É aquele onde a doença se desenvolverá e terá oportunidade de se


manifestar clinicamente. O homem, como espécie, é suscetível a um grande número de agentes do
meio, de natureza viva ou inorgânica, que com ele interagem, provocando disfunções.

Determinantes - São todos os fatores físicos, biológicos, sociais e comportamentais que in-
fluenciam a saúde. Estados ou acontecimentos relacionados com a saúde incluem doenças, causa de
morte, comportamentos, como uso de tabaco, reações aos métodos preventivos, provisão e uso dos
serviços de saúde.

Populações específicas - São aquelas com características identificáveis, tal como seu número
definido.

Distribuição - Refere-se à análise pelo tempo, lugar e classe de pessoas afetadas.

Denomina-se História Natural da Doença (HND), um conjunto de processos interativos, com-


preendendo “as inter-relações do agente, do suscetível (hospedeiro) e do meio ambiente que afe-
tam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patoló-
gico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo,
até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976).

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Premissas
- Doenças/eventos não ocorrem ao acaso.
- É possível intervir sobre os Determinantes
- Prevenção, Vigilância e Controle dos Eventos Relacionados à Saúde
nas populações.

Como disciplina científica a Epidemiologia:
- Contribui para o acúmulo do conhecimento ao longo do tempo
- Formula e sugere hipóteses
- Submete estas hipóteses a testes e refutação

• ”Ciência que procura esclarecer os mecanismos que determinam os diversos aspectos da


saúde em grupos populacionais.”
• aspecto COLETIVO:
• abordagem interessa-se pelo grupo e pelas populações;
• Não estuda manifestações individuais de doenças.

Objetivo
Explicar as causas da variabilidade da distribuição das doenças numa população, considerando
um determinado TEMPO, ESPAÇO e CARACTERÍSTICAS dos indivíduos e dos grupos.

CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Endemias  Incidência elevada durante longo tempo. (Ex. incidência de malária no norte do
Brasil). Número de casos de determinada doença sensivelmente maior do que o esperado normal-
mente num determinado espaço de tempo, numa determinada população.

– Duração: epidemia transitória ou estado epidêmico.

Epidemias  número de casos de determinada doença sensivelmente maior do que o esperado


normalmente num determinado espaço de tempo, numa determinada população.

– Duração: epidemia transitória ou estado epidêmico. Ex. Dengue, H1N1

Pandemias  doenças que se alastram rapidamente por todo um país, continente ou até mes-
mo por todo o mundo, como a gripe espanhola, a peste negra, a Aids.

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Objetivos
• Promover;
• Proteger;
• Restaurar a saúde.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA


A Lei Orgânica da Saúde conceitua Vigilância Epidemiológica (VE) como um “conjunto de
ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos
fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.

Propósitos
Fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a
execução de ações de controle de doenças e agravos.

Funções
• Coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados;
• Investigação epidemiológica de casos e surtos;
• Recomendação e promoção das medidas de controle apropriadas;
• Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
• Divulgação de informações sobre as investigações;
• Medidas de controle adotadas;
• Impacto obtido;
• Formas de prevenção de doenças, dentre outras.

Investigação Epidemiológica

É um método de trabalho frequentemente utilizado em casos e epidemias de doenças transmis-


síveis, mas também aplicável a outros grupos de agravos.

Etapas da investigação epidemiológica


A – Delimitação do tema – o que investigar?

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B – Formulação da hipótese (suposição) – elaboração de uma ou mais proposições ou questões
científicas que possam guiar a investigação;
C – Verificação da hipótese – teste científico – tipo de método a ser usado – encontrar as res-
postas das hipóteses;
D – Apresentação dos resultados – chegou ao que foi proposto?
E – Comentário Final -

Investigação Epidemiológica - Sinônimo de Pesquisa Epidemiológica


• Investigação de surtos;
• Identificação de contatos de casos de doença, geralmente infecciosa;
• Objetivo de identificar os diversos elos da cadeia de transmissão.

Roteiro de investigação
As seguintes indagações devem ser levantadas:
• De quem foi contraída a infecção? (fonte de contágio;
• Qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente?
• Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio?
• Para quais pessoas o caso pode ter transmitido à doença?
• A quem o caso ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo?

Finalidade da Investigação
• Adoção de medidas de controle em tempo hábil. Para que isso aconteça, deve ser iniciada
imediatamente após a ocorrência do evento.

Ficha de Investigação Epidemiológica


• São os formulários existentes nos serviços de saúde, específicos para cada tipo de doença,
que facilitam a coleta e consolidação de dados.

Como atua a vigilância epidemiológica?


Através da coleta dos dados, análise e disseminação da informação analisada.

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Coleta de Dados
A Vigilância Epidemiológica desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um evento
sanitário de caso suspeito ou confirmado de doença sob vigilância.

Como ocorre a coleta de dados?


A coleta de dados ocorre em todos os níveis (municipal, estadual e federal) de atuação do sis-
tema de saúde. A força e valor da informação (que é o dado analisado) dependem da qualidade e
fidedignidade com que a mesma é gerada.

Tipos de Dados
Morbidade, mortalidade, dados demográficos e ambientais, notificação de surtos e epidemias.

Morbidade
Estatísticas referentes ao número de casos de doenças ou de agravos à saúde.

Inquéritos de Morbidade
Semelhante ao diagnóstico – utiliza-se o instrumental clínico-clássico: história, exame físi-
co e testes laboratoriais complementares.

Fontes de Dados
• Notificação compulsória de doenças - é uma das principais fontes da vigilância epidemiológica.
• Desencadeia o processo de:

Informação – Decisão – Ação


• Resultados de exames laboratoriais;
• Declarações de óbitos;
• Maternidades (nascidos vivos);
• Hospitais e ambulatórios;
• Investigações epidemiológicas;
• Estudos epidemiológicos especiais;
• Sistemas sentinela;
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
• Imprensa e população, dentre outros.

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DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Notificação é a comunicação de ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à


autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas
de intervenção pertinentes.

• Aids
• Chagas agudo
• Cólera
• Coqueluche
• Dengue
• Difteria
• Febre amarela
• Febre maculosa
• Febre tifóide
• Hanseníase
• Hantaviroses
• Hepatites
• Infecção pelo HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical
• Leishmaniose tegumentar e visceral
• Leptospirose
• Malária (em área não endêmica)
• Meningites / doença meningocócica
• Paralisia flácida aguda
• Parotidite / caxumba
• Peste
• Poliomielite
• Raiva humana
• Rubéola e síndrome da rubéola congênita
• Sarampo
• Sífilis congênita
• Tétano acidental

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• Tétano neonatal
• Tuberculose

Quem pode notificar?


A notificação pode ser feita por qualquer indivíduo, ainda que seja uma obrigação médica e que
mais frequentemente seja feita por profissional de saúde não médico.

Por que notificar?


Toda informação que chegue a Unidade de Saúde, qualquer que seja a fonte (colegas de escola,
trabalho, vizinhos, associação de moradores, imprensa, familiares, etc.) será valorizada e investigada
para adoção de medidas de intervenção pertinentes.
A notificação de uma situação anormal sempre deve ser feita, mesmo não sendo de doença
ou agravo de notificação compulsória, pois muitas vezes permite identificar novos agravos (doenças
emergentes ou reemergentes) e divulgar orientações importantes aos profissionais médicos, não mé-
dicos e a população.

Informações da VE
As informações de toda a cidade são consolidadas na Gerência de Vigilância Epidemiológica, que
tem por obrigação disponibiliza-las para os profissionais de saúde e toda população.

Como notificar?
A notificação deve ser feita quando da suspeita da doença.
NÃO É NECESSÁRIO AGUARDAR CONFIRMAÇÃO PARA NOTIFICAR

Notificação Imediata
Doenças e agravos de notificação de 24 horas devem ser feitas por telefone porque estas exigem
execução de ações de controle rápidas (ex: vacinação de bloqueio no sarampo ou quimioprofilaxia na
meningite).

MEDIDAS PROFILÁTICAS

Medidas tomadas para evitar a disseminação e contaminação, são muito seme-


lhantes e baseiam-se em:

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• Tratamento da água;
• Medidas de saneamento básico;
• Educação sanitária;
• Identificação e tratamento dos doentes assintomáticos, principalmente daqueles que são
manipuladores de alimentos.

Atividades – Saneamento Básico


• Abastecimento de água;
• Disposição dos esgotos;
• Controle de animais e insetos;
• Saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho, de lazer e habitações.
• Os objetivos principais são melhorar a qualidade de vida das pessoas e facilitar a ativida-
de econômica.

Processo saúde e doença


• OMS – Constituição de 1948.
“SAÚDE é um completo estado de bem estar físico, mental e social”.

PADRÕES DE EVOLUÇÕES DAS DOENÇAS

A – Evolução aguda, rapidamente fatal, ex. raiva e na exposição de altas doses de radiação;
B – Evolução aguda, clinicamente evidente – recuperação rápida, ex. viroses respiratórias;
C – Evolução sem alcançar limiar clínico, o pcte jamais saberá do ocorrido – ex. infecções
subclínicas (hep. anictérica);
D – Evolução crônica – exterioriza e progride para o êxito letal após longo período – ex.
afecções cardiovasculares;
E – Evolução crônica com períodos assintomáticos entremeados de exacerbações clínicas –
ex. afecções psiquiátricas e dermatológicas

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PATOLOGIA DO TRABALHO

• O conhecimento das etiologias (causas) é de grande importância para o tratamento e ado-


ção de medidas preventivas.

PATOGÊNESE – refere-se à ação do agente no organismo (mecanismos-doença).

O quadro anatômico se caracteriza pelo conjunto de alterações.


• O quadro anatômico forma a base para o raciocínio do médico sobre as manifestações de
determinada doença e sua evolução;
• Consequências e complicações relacionam-se com o desenvolvimento e a evolução da doença.

FISIOPATOLOGIA

• Refere-se ao conjunto de alterações funcionais decorrentes de um processo patológico


qualquer, seja um órgão, um sistema ou no organismo.
• Sistema Respiratório;
• Sistema Circulatório;
• Sistema Digestivo;
• Fígado e vias biliares.

BRONQUIECTASIA

• Dilatações brônquicas permanentes, geralmente associadas à obstrução das vias brônquicas;


• Morfologicamente – Dilatação e alteração da parede dos brônquios.

Sinais e Sintomas
• Supuração pulmonar;
• Tosse produtiva;

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• Expectoração abundante;
• Hemoptises;
• PNM de repetição.

Complicações
• Insuficiência Respiratória (destruição do parênquima);
• Cor pulmonale – Sobrecarga de VD (dilatação e hipertrofia);
• Abcessos Cerebrais – migração de bactérias para o cérebro.

ATELECTASIA

• Colapso pulmonar – expansão incompleta do pulmão;


• Pode ser congênita ou adquirida.

Morfologicamente – Parênquima denso, pouco elástico e desprovido de ar.

ENFISEMA

• Doença estrutural caracterizada pelo aumento anormal dos espaços aéreos distais ao
bronquíolo terminal seguida da destruição das paredes alveolares.
• A insuficiência respiratória incapacitante costume ocorrer por volta dos 50 /60 anos;
• A deficiência funcional surge precocemente.
• Os danos são irreversíveis;
• Pode-se deter a evolução com a eliminação do tabagismo.

Aspectos Morfológicos
• Quadro Macroscópico –

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- Pulmões aumentados de volume;


- Existência de bolhas nas margens e no ápice;
- Órgão fica pálido (pouco sangue);
- Fofo e inelástico;
- Existência de cavidades pela dilatação dos espaços aéreos distais.

• Quadro Microscópio –
1 - Destruição da parede da porção respiratória – bronquíolos até os alvéolos;
A – Dilatação permanente dos alvéolos;
B – Perda do componente elástico do pulmão;
2 – Obstruções dos pequenos canais aéreos (obstáculo na saída do ar, aumento do ar residual e
aumento da dilatação dos espaços aéreos);
A – Estenose e deformações dos bronquíolos;
B – Aumento do conteúdo do muco (pouco fluído e denso);
C – Lesões vasculares;
D – Redução da rede capilar por destruição da parede alveolar;
E – Lesões arteriolares decorrentes da hipertensão pulmonar.

Fisiopatologia
• Alterações da função respiratória – hipertensão pulmonar.
• Causas da insuficiência respiratória
A – Diminuição do fluxo aéreo;
B – Dificuldade de acesso do ar inspirado (aumento ao ar inspirado);
C – Diminuição da superfície de trocas alvéolos-capilares (destruição da parede).

BRONQUITE CRÔNICA

Presença de tosse crônica produtiva com expectoração mucosa ou purulenta, durante três
meses ou mais por ano, durante pelo menos dois anos consecutivos. Nas fases mais avançadas –
obstruem-se as vias aéreas – Causas – Espessamento da parede bronquiolar, edema da mucosa,
excesso de muco e destruição e obstrução bronquiolares.

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Inflamações pulmonares pneumoniais
É um processo inflamatório exclusivamente do parênquima pulmonar

PATOGÊNESE
Formas de introdução do microrganismo no pulmão:
A – Inalação em aerosol – Contágio inter-humano ou de fontes naturais;
B – Aspiração de grumos de secreção das mucosas naso-faríngeas colonizadas (bactérias);
C – Aspiração maciça de secreções orofaríngea – focos sépticos

Mecanismos de defesa sistema respiratório


• A – Dificultam a progressão do agente agressor: Interrupção da ventilação, filtração aerodi-
nâmica e sedimentação nas pequenas vias aéreas;
• B – Depuração do agente agressor: Fungar, assuar, pigarrear e aspirar à faringe.
Tosse, transporte mucociliar;
• C – Destruição do agente agressor: Fagocitose alveolar, anticorpos, cita toxicidade.

TUBERCULOSE – TBC - TB

Doença infecciosa causada pelo Mycobacterim Tuberculosis

Transmissão
• Inalação de bacilos expelidos pelos pacientes quando falam, tossem ou espirram;
• Escarro – 1 milhão a 100 milhões de bacilos/ml.

Epidemiologia
• A TB é atualmente a principal causa infecciosa de morbidade e mortalidade no mundo;
• OMS – 1990 – 1/3 da população mundial (1,7 bilhões de pessoas);
• 2008 – 2 bilhões de pessoas;
• 8 a 10 milhões de novos casos/ano;

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• Mortalidade – 3 milhões de pessoas;


• 7% – toda a mortalidade mundial.

Sinais e sintomas
• Tosse – Início – Seca – produtiva com a evolução da doença;
• Hemoptise (hemorragia pulmonar);
• Febre;
• Sudorese noturna;
• Perda ponderal do peso;
• Anorexia.

Fatores que facilitam o contágio


• Estar na presença de um doente bacilífero (aquele que elimina muitos bacilos através da
tosse, dos espirros, da fala);
• Respirar em ambientes pouco arejados e nos quais há predominância de pessoas fragiliza-
das pela doença;
• Permanecer vários dias em contato com doentes tuberculosos.

Prevenção
• É a arma mais poderosa e genericamente usada em todo o mundo. É feita através da vacina
BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), que é aplicada nos primeiros 30 dias de vida e capaz de
proteger contra as formas mais graves de tuberculose. É, por isso, obrigatória e tomada por
milhões de crianças em todo o mundo.

Tratamento
• Consiste na combinação de três medicamentos: rifampicina, isoniazida e pirazinamida. Este
tratamento dura cerca de seis meses e deve ser sempre acompanhado pelo médico de fa-
mília do seu centro de saúde.
• Se o doente seguir a prescrição do médico e as suas indicações, as oportunidades de cura
atingem os 95 por cento. Mas para que assim seja, é fundamental não interromper o trata-
mento em hipótese alguma, nem mesmo se os sintomas desaparecerem.

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Diagnóstico
Exame do escarro (Baar) duas amostras, ou baciloscopia e também uma radiografia ao tórax.
Através dos resultados destes dois exames o médico estará, então, em condições de avançar com o
diagnóstico e encaminhá-lo para os serviços médicos competentes.

PNEUMOCONIOSES

Doenças pulmonares causadas pela inalação prolongada de poeiras inorgânicas.

ANTRACOSE

• É a deposição de carvão, fuligem e produtos similares nos pulmões e linfonodos;


• As partículas se depositam preferencialmente em torno de brônquios e bronquíolos.

SILICOSE

• É resultante da exposição à poeira sílica;


• Caracterizam-se por múltiplos pequenos nódulos fibrosos.

ASBESTOSE

Resultante da inalação de fibras de asbesto (amianto)

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IAM - INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

O infarto agudo do miocárdio (IAM), conhecido popularmente como infarto do coração, en-
farte ou ataque cardíaco, é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Conceito
Refere- se à morte de parte do músculo cardíaco (miocárdio), que ocorre de forma rápida (ou
aguda) devido à obstrução do fluxo sanguíneo das artérias coronárias para o coração.

Causas
• A principal causa está relacionada à presença de uma Doença Arterial Coronariana (DAC).
• Trata-se de uma doença onde há a deposição de placas de gordura por dentro das paredes
das artérias coronárias (as artérias coronárias são vasos sanguíneos que irrigam o coração).
• Quando estas placas de gordura causam obstrução ao fluxo sanguíneo das coronárias para
o coração, o músculo cardíaco sofre pela falta de sangue - oxigênio e começa a morrer. Por
isso, o tratamento deve ser feito rapidamente, no sentido de desobstruir as artérias coro-
nárias e evitar a morte do músculo cardíaco.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Outra causa relacionada ao infarto agudo do miocárdio é a ocorrência de um severo espasmo
coronariano. O espasmo coronariano se refere ao colabamento das paredes das artérias coronárias,
impedindo o fluxo sanguíneo ao coração. Embora não se saiba ao certo o que causa o espasmo das
artérias coronárias, muitas vezes esta condição está relacionada a:

• Uso de determinadas drogas, como a cocaína, crack e inalantes;


• Dor intensa ou estresse emocional;
• Exposição ao frio extremo;
• Hábito de fumar cigarro.

Fatores de risco – incontrolados


• Idade: o risco aumenta para homens acima de 45 anos ou para mulheres acima de 55 anos
(ou após a menopausa).
• História familiar: História familiar de doença arterial coronariana (DAC): O risco aumenta se
o pai ou um irmão foi diagnosticado com DAC antes de 55 anos de idade, ou a sua mãe ou
uma irmã foi diagnosticada com DAC antes de 65 anos de idade.

Sinais e sintomas
• Dor no peito ou desconforto torácico ocorre geralmente no centro do peito, com caracte-
rísticas do tipo pressão ou aperto, de grau moderado a intenso. Geralmente, a dor pode

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durar por vários minutos ou parar evoltanovamente. Em alguns casos, a dor do infarto pode
parecer com um tipo de indigestão, queimação no estômago ou azia.
• Sensação de desconforto nos ombros, braços, dorso (costas), pescoço, mandíbula ou no es-
tômago. Algumas pessoas podem ainda sentir uma sensação de dor tipo aperto nos braços
e sensação de incômodo na língua ou no queixo.
• Palidez da pele, suor frio pelo corpo, inquietação, palpitações e respiração curta também
podem ocorrer.
• Pode haver também náuseas, vômitos, tonturas, confusão mental e desmaios.

Diagnóstico
É feito pela análise dos sintomas, histórico de doenças pessoais e de familiares, e pelos
resultados de exames solicitados (dosagens de enzimas, ECG, angiografia coronariana e angio-
plastia).

Tratamento
• O tratamento precoce pode prevenir e limitar os danos causados ao músculo cardíaco.
O importante é agir rápido diante dos primeiros sintomas de infarto agudo do miocár-
dio, procurando um atendimento médico prontamente.
• Alguns tratamentos são iniciados pelo médico diante da primeira suspeita.
• Inalação de oxigênio, para melhor oxigenação no músculo cardíaco;
• Aspirina, para prevenir formação de trombos ou coágulos sanguíneos;
• Nitroglicerina: trata-se de um medicamento utilizado para reduzir a sobrecarga de tra-
balho do coração e melhorar o fluxo de sangue pelas artérias coronarianas;
• Tratamento da dor torácica com analgésicos. A presença da dor pode piorar o quadro.

Medicamentos
• Trombolíticos: medicações que dissolvem o trombo ou coágulo no interior das coronárias.
• Betabloqueadores: diminuem a sobrecarga do coração.
• Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA): controlam a pressão arterial e
reduzem a tensão do músculo cardíaco.
• Anticoagulantes: previnem a formação de trombos ou coágulos.
• Antiagregantes plaquetários: também previnem a formação de trombos.
Outras medicações para reduzir a dor, ansiedade ou tratar arritmias.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Tratamento cirúrgico
Quando as medicações não conseguem parar o processo de infarto, são necessários
procedimentos médicos para melhor tratamento. Os procedimentos mais utilizados para de-
sobstruir as coronárias são a angioplastia e procedimentos do tipo ponte de safena (a safena
é uma veia da perna que é transplantada para o coração no lugar da artéria coronária obstru-
ída). Este procedimento de transplante de vasos sanguíneos para substituir a artéria coroná-
ria, que está obstruída, pode ser feito também com artérias mamárias (do tórax) e artérias
radiais (dos antebraços).

Prevenção
• Seguir uma dieta balanceada, rica em frutas e verduras. Com baixa quantidade de gorduras
e sal;
• Perder peso, em caso de obesidade ou sobrepeso;
• Parar de fumar;
• Praticar atividades físicas regularmente, sob orientação médica;
• Tratar adequadamente doenças como o colesterol alto, hipertensão arterial e diabetes
mellitus.

Curiosidades
Cerca de 50% das mortes por IAM ocorrem na primeira hora do evento e são atribuíveis a arrit-
mias, mais frequentemente fibrilação ventricular;

• As doenças cardiovasculares, dentre elas o infarto agudo do miocárdio, são as principais


causas de morte no Brasil. Segundo dados do DATASUS, cerca de 66.000 pessoas morrem
todos os anos devido ao infarto do coração em nosso país. Cerca de 60% dos óbitos por
infarto acontecem na primeira hora após o início dos sintomas.

Conclusão
PREVENÇÃO
Diante disto, vale à pena ressaltar que o rápido reconhecimento dos sintomas, bem como o
pronto atendimento médico é de fundamental importância para um melhor tratamento desta doença
bem como para evitar complicações e mortes prematuras.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

GASTRITE AGUDA

• É uma reação aguda da mucosa gástrica frente a agentes variáveis.


• Ocorre congestão, edema, pequenas úlceras múltiplas, superficiais e hemorrágicas;
• Duração – 2 a 5 dias

Causas
1 – Medicamentos – aspirina;
2 – Bebidas alcoólicas;
3 – Fumo;
4 – Estresse;
5 – Intoxicação alimentar;
6 – Agentes biológicos.

GASTRITE CRÔNICA

• Início insidioso de evolução lenta e gradativa ao longo dos anos ou décadas.


• Diferentes tipos de gastrite agridem diferentes mucosas
• Gastrite crônica superficial
Primeira fase de um processo progressivo lento – pode levar a atrofia das glândulas gástricas;
• Gastrite crônica atrófica
Redução do número de glândulas e da espessura da mucosa.

ÚLCERA PÉPTICA

Lesão escavada, geralmente solitária e crônica – forma-se na mucosa esofagogastrintestinal,


como resultado de digestão ácido péptica.

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Frequência
• 5 a 10 % da população adulta;
• A UP intestinal é mais frequente que a gástrica;
• Homens são mais acometidos do que as mulheres.

ALCOOLISMO

Dependência física
Torna-se presente quando a retirada da droga produz sinais e sintomas opostos a aqueles
desejados pelo usuário;
• Ex. Síndrome de abstinência.

Dependência psicológica
Comportamento compulsivo de busca da droga, em que o indivíduo usa a droga repetida-
mente para satisfação pessoal.
• Ex. Fumar cigarro.

Conceitos
• Uso nocivo – Quando se usa o álcool e causa danos à saúde do usuário.

Os danos podem ser:


Físicos – Hepatite alcoólica
Mentais – Depressão.

Dependente do álcool
Conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos no qual o uso de bebidas
alcoólicas alcança uma prioridade muito maior para uma pessoa que outros comportamentos
que antes tinham muito valor.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

Diagnóstico
1 – Forte desejo, compulsão à bebida;
2 – Dificuldades em controlar o comportamento de beber em termos de início, término e
níveis de consumo;
3 – Evidências de tolerância;
4 – Abandono dos prazeres ou interesses alternativos;
5 – Persistência, no uso da bebida, mesmo na presença de patologias secundárias ao álcool.

Etiologia
1 – História da infância;
2 - Fatores psicanalíticos;
3 - Fatores sociais e culturais (maior disponibilidade de bebidas alcoólicas);
• Alto grau de estresse coletivo;
• Pressão social para beber;
• Inexistência de sanções sociais contra a embriaguez.
4 – Fatores psiquiátricos
É mais comum o álcool levar a uma doença psiquiátrica que a mesma induzir ao alcoolismo.
5 – Fatores genéticos
- Hereditariedade
- Associação aos receptores de dopamina D2

Sinais e sintomas
• Aparelho gastrointestinal – náuseas, vômitos, diarreias, gastrites, úlceras, varizes esofagia-
nas, pancreatite, redução do poder de absorção intestinal, etc;
• Cardiovascular – palpitações, AVC, mio cardiopatia, HAS;
• Neurológicos – mialgias, convulsões, neuropatia, demência, déficit de memória, redução no
peso e volume cerebral por morte neuronal, dilatação ventricular;
• Psicológicos – Ansiedade, depressão, disfunção sexual, abuso de drogas, insônia;
• Sociais – Problemas familiares, financeiros, legais, no trabalho, etc.
• Alterações laboratoriais;
• Alterações hepáticas;
• Alterações hematológicas – anemia, trombocitopenia (nº plaquetas abaixo do normal) – he-
mostasia prejudicada;
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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Abstinência alcoólica
Conjunto de sinais e sintomas manifestados no dependente de álcool, quando suprime ou reduz
o consumo de álcool.

Sinais e sintomas
• Tremores – 6 a 8 hs após a cessação do consumo de álcool;
• Sintomas psicóticos – 8 a 12 hs;
• Convulsões – 12 a 24 Hs.
• Delirium Tremulus – 72 Hs.

Delirium
• Pode ocorrer tanto pela intoxicação quanto pela abstinência alcoólica;
• Emergência médica – alto índice de morbidade e mortalidade;
• Distorções perceptivas;
• Níveis flutuantes de atividade psicomotora;

HIPERTENSÃO ARTERIAL

• É definida como um nível de pressão arterial sistólica (PAS) de 140 mmHg ou mais elevada;
• Pressão arterial diastólica (PAD) de 90 mm/Hg ou mais elevada;
• Uso de medicação anti-hipertensiva.

Classificação
• ÓTIMA - <120 e < 80
• NORMAL - <130 e <85
• ALTA-NORMAL – 130 – 139 ou 85-89

Hipertensão
• ESTÁGIO 1 – 140-159 ou 90-99;
• ESTÁGIO 2 – 160 – 179 ou 100-109;
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• ESTÁGIO 3 - > ou 180 ou > ou = 110;

Epidemiologia
• Aumenta em todos os grupos com a idade (brancos, negros, mulheres e homens);
• Atinge cerca de 65% da população 65 a 74 anos;
• Negros prevalência maior que a dos brancos (38 % contra 29%);
• Até os 50 anos mais comum nos homens que nas mulheres;
• Após esta idade – é mais comum nas mulheres.

Manifestações clínicas
• Cefaleia;
• Zumbido no ouvido;
• Fatigabilidade;
• Palpitação;
• Tontura e sensação de peso ou pressão na cabeça;

Avaliação
Objetivos principais
1 – Identificar as causas conhecidas;
2 – Avaliar a presença ou ausência de lesão em órgãos-alvo e doença cardiovascular, o grau
da doença e a resposta à terapia;
3 – Identificar outros fatores de risco cardiovascular ou doenças concomitantes;

Anamnese
• Conhecimento da duração e dos níveis pressóricos;
• História do paciente e sintomas de doença aterosclerótica, insuficiência cardíaca, doença
vascular periférica, doença renal, diabetes melittus, dislipidemia (alto nível de gordura no
sangue), gota ou disfunção sexual;
• Histórico familiar – hipertensão, acidente vascular cerebral, DM, dislipidemia e doença renal;
• Sintomas;
• História de alteração recente no peso, tempo para atividades de lazer e exercícios e tabagismo;
• Avaliação dietética – ingestão de sódio, álcool, gordura saturada e cafeína;

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• História de todas as medicações prescritas, drogas ilícitas;
• Resultados e efeitos adversos de terapias anti-hipertensivas prévias;
• Fatores psicossociais e ambientais que possam influenciar no controle da HA

Exames complementares
• Hemograma completo + contagem de plaquetas;
• Bioquímica (potássio, sódio, ureia, creatinina, glicemia de jejum, colesterol total);
• EAS;
• ECG.

Tratamento não farmacológico


• Perda de peso;
• Limite da ingestão diária de bebidas alcoólicas;
• Aumento da atividade física aeróbica;
• Redução da ingestão de sódio (2,4 g);
• Manter uma ingestão adequada de potássio na dieta;
• Parar de fumar;
• Reduzir a ingestão de gorduras saturadas e colesterol.

Diuréticos
• Atuam na eliminação de sal e água através da urina;
• Reduzem a quantidade de líquidos circulantes na corrente sanguínea, em consequência
reduz a pressão existente nas artérias.

Beta-bloqueantes ou Alfa-bloqueantes
• São usados para reduzir a pressão arterial, bloqueiam sinais de nervos que estimulam o
mecanismo responsável pela frequência cardíaca e a força de contração do coração;
• Reduzem a pressão arterial, relaxa e amplia o lúmen dos vasos sanguíneos.

Como ajudar a controlar a pressão arterial?


• Alimentação saudável – vegetais, frutas frescas, pão, cereais, leite desnatado e derivados,

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peixes, aves e carnes magras;


• Reduzir a ingestão de gordura, açúcar, álcool e sal;
• Preferir alimentos frescos e feitos em casa;
• Prática de exercícios físicos regulares;
• Evite o álcool;
• Eliminar o tabagismo.

TOXICOLOGIA

• É uma ciência multidisciplinar que tem como objeto de estudo os efeitos adversos das subs-
tâncias químicas sobre os organismos.
• Nosso corpo humano possui sistemas naturais de defesa que nos ajudam a proteger contra
muitos riscos ambientais ocupacionais, ajudam também o organismo a curarem-se quando
sofre algum dano;
• Os riscos ocupacionais podem ser por bactérias, vírus, substâncias químicas, ruído, tempe-
ratura, procedimentos de trabalho, etc;
• Os trabalhadores podem estar expostos a esses riscos que podem debilitar seus sistemas de
defesa do seu organismo.

Riscos ocupacionais substâncias químicas


• MATERIAL PARTICULADO;
• LÍQUIDOS;
• GASES;
• VAPORES

Principais vias de introdução


• RESPIRATÓRIA;
• PELE;
• ORAL DIGESTIVA

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Absorção através da pele
• É o maior órgão do corpo humano, tem uma função muito importante na proteção do orga-
nismo humano.
• Nem sempre protege contra os riscos presentes nos ambientes de trabalho por que as subs-
tâncias químicas podem absorvidas diretamente pelo organismo através da pele saudável;
• Após serem absorvidas as substâncias químicas através da circulação são transportadas
para os órgãos alvo produzindo efeitos nocivos.

PELE

• Diversos materiais ou situações no ambiente de trabalho podem causar lesões ou moléstias.


• O trabalho mecânico repetitivo que realiza pressão, fricções e outras formas de força, pode
produzir calos, bolhas, lesões nos nervos, cortes, etc.
• Anualmente são lançados no mercado, centenas de substâncias químicas, sendo que algu-
mas delas podem ocasionar irritação da pele e reações alérgicas na derme;
• Algumas substâncias como álcali e ácidos provocarão lesões na pele quase imediatamente;
• Outros como álcalis e ácidos diluídos e solventes em geral, provocarão algum tipo de lesão,
se estiverem em contato durante vários dias.

Que substâncias podem danificar a pele?


• Todas as formas de petróleo - diesel, lubrificantes, combustíveis, solventes, diluentes e de-
sengraxantes;
• Algumas substâncias podem enrijecer a pele, formando bolhas ou escamas (dermatites).

Dermatites – sintomas
• Os sintomas aparecem quando a substância química entra em contato com a pele e desa-
parece quando ele deixa de entrar em contato com a mesma

Substâncias químicas – dermatite de contato


• Compostos do níquel;
• Formaldeído;
• Resina epoxi;

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

• Catalizadores usados na fabricação de produtos plásticos;


• Agentes germicidas – sabão e produtos de limpeza.

SISTEMA RESPIRATÓRIO

• Dispõe de mecanismos eficazes para filtrar os poluentes normais que ocorrem no ar –


• Filtração do nariz – pelos;
• Trato respiratório superior – mucosa e cílios vibráteis;
• Impedem que partículas maiores atinjam os pulmões e produzam efeitos adversos;
• Quando os pulmões são expostos a grandes concentrações de pós, vapores, fumos de cigar-
ros, poluentes da atmosfera – os mecanismos de filtração sobrecarregam e sofrem danos,
que podem ocasionar pneumonias.
• Mineiros de bauxita;
• Mineiros de carvão;
• Engenhos de açúcar;
• Amianto;
• Indústria química;
• Indústria farmacêutica, etc;
• Probabilidade maior de causar danos no sistema respiratório.

Gases E Vapores
Irritantes
A – Primários
B – Secundários

Asfixiantes
A – Simples
B – Sistêmicos:
• Gases e vapores podem penetrar no organismo através do sistema respiratório.
• Efeitos locais no trato respiratório superior e pulmões, são absorvidos, passam para a
corrente sanguínea e provocam efeitos adversos em órgãos alvo.
• Nosso organismo tem a capacidade de emitir sinais de alerta quando ocorre algum tipo
de risco:
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• Odor;
• Tosse;
• Irritação no nariz;

Aspectos toxicológicos – solventes orgânicos


• Líquidos;
• Compostos orgânicos;
• Dissolve outros compostos orgânicos;
• Lipofílicos (afinidade por gordura) – hidrofóbicos (aversão à água);
• Volátil – passagem do estado líquido para o gasoso;

Utilização
• Dissolução
• Extração;
• Desengraxamento;
• Diluição;
• Tintas, corantes, pinturas;
• Limpeza à seco.

Características – toxicidade – solventes


• Efeitos dérmicos locais devido à extração dos lipídeos da derme;
• Efeitos depressores do SNC;
• Efeitos neurotóxicos;
• Efeitos hepatotóxicos;
• Efeitos nefrotóxicos;
• Risco variável de câncer;

BENZENO

• Exposição ocupacional

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• Refinarias de petróleo;
• Petroquimicas;
• Distribuidores de combustíveis;
• Síntese de outros solventes;
• Indústria do Couro;
• Laboratórios químicos e biológicos;
• Exposição extra ocupacional
• Fumo do cigarro;
• Poluição do tráfego veicular.

Metabolismo – Distribuição e eliminação


É distribuído por várias partes do corpo: sangue, medula óssea, tecido adiposo e fígado;

• È transportado do sangue para os pulmões e eliminado;


• Cerca de 12% do benzeno absorvido é eliminado inalterado pelos pulmões e 1% pela urina;
A meia vida do benzeno é estimada em 9 Hs, podendo chegar a 24 Hs, porque ele tende a depo-
sitar-se no tecido adiposo de onde é liberado lentamente.

Toxicidade
• Intoxicação aguda
• Os sintomas mais evidentes estão a cargo do SNC.

Intoxicação crônica
A mais relevante é o efeito no sistema hematopoiético – menor produção de eritrócitos, leu-
cócitos e plaquetas pela medula, podendo causar anemia aplástica (distúrbio da medula óssea) e
indução à leucemia.

TOLUENO

• Exposição Ocupacional
• Petroquimicas e refinarias de Petróleo
• Extra ocupacional
• Produtos de limpeza e colas

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Metabolismo
• É absorvido através dos pulmões e mais lentamente pela pele;
• No organismo é encontrado primeiramente no sangue em seguida deposita-se no tecido
adiposo;
• 20% da dose absorvida são eliminados inalterados pelo trato respiratório;

Toxicidade
• Exposição aguda
• Irritação das vias aéreas superiores;
• Depressão do SNC;

Asbestose
• Nome comercial: amianto - mineral constituído basicamente de silicato de magnésio. A
parte fibrosa é o asbesto.
• Doença causada por deposição de fibras de asbesto no pulmão.

Fatores de risco de natureza ocupacional


• Decorre da exposição ocupacional a poeiras de asbesto ou amianto.
• A asbestose é doença profissional dose dependente dos níveis de concentração de fibras de
asbesto no ar, que se desenvolve lentamente, após tempos de exposição.
Constitui exposição importante o trabalho em fábricas de artigos que utilizam amianto, como
tecidos à prova de fogo, fibrocimento e o seu manuseio.

Quadro clínico e diagnóstico


• Ocorre dispneia, crepitações (som específico) nos pulmões e baqueteamento digital, em
fases tardias;
• Câncer de pulmão;
• Tempo em que a doença leva para aparecer no organismo é em torno de 10 anos.

Tratamento
• Não há tratamento específico;
• O trabalhador deve ser afastado do trabalho.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

Prevenção
• Substituir substâncias e agentes cancerígenos por outros não cancerígenos ou menos noci-
vos.
• Reduzir o número de trabalhadores expostos, a duração e os níveis de exposição ao mínimo
compatível com a segurança.
• Informar aos trabalhadores sobre a doença e sua exposição;
• Realização de exames periódicos para avaliar efeitos da exposição;
• Medidas de controle ambiental;
• Umidificação dos processos onde haja produção de poeira;
• Prescrever medidas de proteção.
• Normas de higiene e segurança rigorosas;
• Monitoramento das concentrações de fibras no ar ambiente;
• Mudanças na organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores
expostos e o tempo de exposição;

BENZENISMO

• Hidrocarboneto aromático;
• Líquido incolor, volátil, inflamável e de odor característico;
• Uma das substâncias químicas tóxicas mais presente nos processos industriais no mundo;
• Substância mais cancerígena, segundo a Agência Internacional de Controle do câncer.
• Presente em derivados do petróleo: gasolina, solventes, detergentes;
• A exposição crônica ao benzeno é prejudicial ao organismo.
• Subprodutos (metabólitos) do benzendo são tóxicos e se depositam na medula óssea e nos
tecidos gordurosos;
• Não existe limite seguro de exposição ao benzeno. A presença do produto no ambiente de
trabalho põe em risco a saúde do trabalhador.

Vias de absorção
• A intoxicação humana pelo benzeno pode ocorrer por 3 vias de absorção respiratória (ab-
sorção de vapores, cutânea e digestiva).

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
A via respiratória: principal do ponto de vista toxicológico.

• Retém 46% do benzeno inalado;


• Eliminado em 50% pelos pulmões.

Intoxicação aguda
• Maior parte retida no sistema nervoso central
• Ocorre quando o produto é ingerido, aspirado ou derramado acidentalmente ou proposital-
mente em doses mais concentradas.

Intoxicação crônica
• 40% na medula óssea;
• 43% no fígado;
• 10% nos tecidos gordurosos;
• Metabolizado no fígado e 30% é eliminado pela urina.

Exposição prolongada ao benzeno


• Ação cancerígena;
• Afeta o sistema nervoso central;
• Sistema endócrino;
• Ação sobre a medula óssea, causando baixa de plaquetas e hemácias.

Sinais e sintomas
• Fadiga intensa, sonolência, cefaleia, tonteira, vômitos, perda do apetite, lesões na pele e
gastrointestinais de difícil cicatrização.
• Pode causar leucemia.

Medidas de proteção
• Programas de vigilância da saúde e monitoramento ambiental;
• Instalação de grupos de prevenção à exposição ao benzeno;
• Avaliações periódicas de saúde (hemograma obrigatório para diagnosticar cedo o benzenismo).

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SATURNISMO

• INTOXICAÇÃO POR CHUMBO;


• DISTÚRBIO CRÔNICO;
O risco de apresentar intoxicação por chumbo aumenta com o aumento da concentração de
chumbo no sangue.

Fontes de chumbo
• Maquiagem, esmaltes, loção camélia do Brasil, grecin 2000;
• Peso de cortina;
• Peso de pesca;
• Tintas contendo chumbo; cerâmica revestida com esmalte à base de chumbo para armaze-
nar ou servir comida.
• Gases de gasolina.

Sinais e sintomas
• Alterações da personalidade, cefaleia, gosto metálico na boca, inapetência, desconforto ab-
dominal, vômito, constipação intestinal.
• A lesão cerebral em adultos é rara.

Sintomas – crianças
• Irritabilidade;
• Perda do interesse em brincar
• Vômito persistente;
• Marcha descoordenada;
• Convulsão;
• Confusão mental;
• Sonolência;
• Coma.
• Alguns sintomas podem diminuir quando a exposição é interrompida.

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Diagnóstico
• RX;
• Estudo das linhas de chumbo nos ossos em crianças,

Limites de tolerância
• Definido pela NR 15: 0,1 mg/m3 para jornada de até 48 hs.

Tratamento específico
• Indução do vômito: efetivo somente nos primeiros 30 min após a ingestão;
• Adultos devem ter os níveis de chumbo no sangue investigados mensalmente ou a cada 2
meses (acm).

CHUMBO TETRA-ETILA

• Componente lipossolúvel, absorvido pela pele, trato gastrointestinal e pulmões.


• Os principais sintomas de intoxicação são referentes ao SNC: insônia, cefaleia, náuseas, vô-
mitos, diarreia, instabilidade emocional, morte.

Diagnóstico e tratamento
• È feito uma correlação entre os sintomas e a história de exposição ocupacional.
• O tratamento consiste de afastar o trabalhador da fonte de exposição e medidas gerais.

Prevenção
• Manter a concentração abaixo dos limites de 0,1mg/m3, para jornada de até 48 hs.
• Substituir o chumbo por substancias menos tóxicas;
• Ventilação por exaustão;
• Prevenir a dispersão de poeiras e fumos com limpeza através de panos molhados;
• Uso de EPI;
• Exame médico periódico.

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NEOPLASIAS – RELACIONADAS AO TRABALHO

• O termo tumores ou neoplasias designa um grupo de doenças caracterizadas pela perda de


controle do processo de divisão celular, por meio do qual os tecidos normalmente crescem
e/ou se renovam, levando à multiplicação celular desordenada. A inoperância dos meca-
nismos de regulação e controle da proliferação celular, além do crescimento incontrolável,
pode levar, no caso do câncer, à invasão dos tecidos vizinhos e à propagação para outras
regiões do corpo, produzindo metástase.
• O câncer pode surgir como consequência da exposição a agentes carcinogênicos presentes
no ambiente onde se vive e trabalha decorrentes do estilo de vida e de fatores ambientais
produzidos ou alterados pela atividade humana.
• Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 1995), estima-se que 60 a 90% dos
cânceres sejam devidos à exposição a fatores ambientais. Em cerca de 30% dos casos, não
tem sido possível identificar a causa do câncer, sendo atribuída a fatores genéticos e muta-
ções espontâneas.
• O período de latência é o tempo decorrido entre o início da exposição ao carcinógeno, que
desencadeia a alteração celular e a detecção clínica do tumor.
• Tem duração variável, sendo geralmente longo, de 20 a 50 anos para tumores sólidos, ou
curto, de 4 a 5 anos para as neoplasias do sangue. Os longos períodos de latência dificultam
a correlação causal ou o estabelecimento do nexo entre a exposição e a doença, particular-
mente no caso dos cânceres relacionados ao trabalho.
• Estima-se que existam cerca de 600.000 substâncias químicas conhecidas, das quais 50.000
a 70.000 têm uso industrial, e que cerca de 3.000 novos produtos químicos sejam coloca-
dos no mercado por laboratórios e centros de pesquisa, a cada ano, sem que se conheçam
perfeitamente seus efeitos tóxicos sobre a saúde e seu potencial cancerígeno.
• Os cânceres relacionados ao trabalho diferem de outras doenças ocupacionais, entre ou-
tros, pelos seguintes aspectos:
• Substâncias carcinogênicas, segundo o preconizado internacionalmente, não existem níveis
seguros de exposição;
Existem muitos tipos de cânceres;
Os cânceres, em geral, desenvolvem-se muitos anos após o início da
exposição, mesmo após a cessação da exposição;
• Os cânceres ocupacionais não diferem, em suas características morfológicas e histológicas,
dos demais cânceres;
• Em geral, existem exposições combinadas e/ou concomitantes. Por outro lado, têm em co-
mum com outras doenças ocupacionais a dificuldade de relacionar as exposições à doença
e o fato de que são, em sua grande maioria, preveníveis.

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Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Orientações gerais
• Procurar, de todas as formas, substituir as substâncias e agentes cancerígenos por outros
não cancerígenos ou menos nocivos;
• Reduzir o número de trabalhadores expostos, a duração e os níveis de
exposição ao mínimo compatível com a segurança;
• Prescrever medidas de proteção;
• Estabelecer sistema apropriado de registro;
• Informar aos trabalhadores sobre os riscos e medidas a serem aplicadas;
• Garantir a realização dos exames médicos necessários para avaliar os efeitos da exposição.

MEDIDAS DE CONTROLE AMBIENTAL

• Manutenção de níveis de concentração próximos de zero;


• Enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho;
• Normas de higiene e segurança rigorosas e medidas de limpeza geral dos ambientes
de trabalho, com limpeza a úmido ou lavagem com água das superfícies do ambiente
(bancadas, paredes, solo) ou por sucção, para retirada de partículas, antes do início das
atividades;
• Sistemas de ventilação exaustora local e de ventilação gerais adequados e eficientes;
• Monitoramento sistemático das concentrações de aerodispersóides no ar ambiente;
• Mudanças na organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhado-
res expostos e o tempo de exposição;
• Facilidades para higiene pessoal, recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, ros-
to e troca de vestuário;
• Fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados,
em bom estado de conservação, de modo complementar às medidas de proteção cole-
tiva adotadas.

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PROCEDIMENTOS E CONDUTAS A SEREM ADOTADOS AO


SE DETECTAR CASO DE CÂNCER EM UM DADO
ESTABELECIMENTO DE TRABALHO

• Estabelecer tipo histológico, data do diagnóstico, dados demográficos, idade e sexo;


• Estratificar os trabalhadores da empresa por sexo e idade;
• Obter taxas de incidência de câncer por sexo e idade a partir dos dados da população geral;
• Determinar a taxa de incidência padronizada por idade, na empresa em questão. Conferir
se há um excesso de incidência, comparada a população em geral;
• Identificar os períodos de latência (período de tempo entre o início da exposição ao car-
cinogênico e a detecção clínica do câncer) observados em cada caso. Por exemplo, para
cânceres hematológicos varia de 4 a 5 anos, para tumores sólidos é, no mínimo, de 10 a 20
anos, até 50 anos;
• Revisar a história ocupacional pregressa e atual de cada paciente. Observar a multiplicidade
e concomitância das exposições.

Condutas
• Comunicar os resultados aos trabalhadores e empregadores;
• Se demonstrada relação com a exposição ocupacional, orientar as medidas corretivas e de
controle rigoroso das exposições;
• Manter estrita e sistemática vigilância dos efeitos em saúde e dos ambientes de trabalho,
qualquer que seja a conclusão.

ASPECTOS DA HISTÓRIA CLÍNICA E OCUPACIONAL QUE


DEVEM SER INVESTIGADOS NA SUSPEITA DE CÂNCER
RELACIONADO AO TRABALHO

História médica
• História da doença atual;
• História dos distúrbios médicos associados a neoplasias malignas secundárias;

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46
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
• Uso de medicamentos no passado (crônico e breve);
• História de radioterapia.

História familiar
• História de câncer;
• Membros da família que fumam (atualmente e durante a infância);
• História ocupacional dos membros da família (atualmente e durante a infância);
• Distúrbios hereditários associados a neoplasias malignas secundárias.

História social
• Consumo de tabaco;
• Produtos não fumáveis com tabaco;
• Uso de álcool;
• Abuso de drogas;
• Hábitos sexuais;
• Todas as atividades recreativas e passatempos;
• Dieta e nutrição, incluindo uso de vitaminas, jardins domiciliares (pesticidas);
• Viagem ao exterior.

História ocupacional
• Todas as ocupações, incluindo trabalhos esporádicos e na infância;
• Todos os empregos com riscos conhecidos;
• Todos os empregos em que foram utilizados equipamentos de proteção;
• Todos os empregos com concentração de casos de câncer;
• Todos os empregos com odores desagradáveis;
Todos os empregos com substâncias químicas, fumaças, gases, poeiras e radiações.

História ambiental
• Todas as residências e tipos;
• Qualquer residência próxima a indústrias, local de despejo, áreas agrícolas ou outras insta-
lações;
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47
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

• Fonte de água (poço, comunitária, engarrafada);


• Concentração de casos de câncer;
• Uso de pesticidas, herbicidas ou fungicidas;
• Materiais de construção e reforma da casa.

NEOPLASIA MALÍGNA – ESTÔMAGO

Entre 90 a 95% das neoplasias malignas do estômago são adenocarcinomas e os 5 a 10% restan-
tes dividem-se entre leiomiossarcomas e linfomas. Dos adenocarcinomas, aproximadamente 75% são
ulcerados, 10% são polipoides e 10% são cirrosos. Quanto à localização, 50% localizam-se no piloro e
antro, 20% na pequena curvatura, 20% no corpo; 7% na cárdia (orifício entre o esôfago e o estômago)
e 3% na grande curvatura (as úlceras da grande curvatura raramente são benignas).

Epidemiologia – fatores de risco


A exposição ocupacional ao asbesto ou amianto constitui um fator de risco de natureza ocupa-
cional em trabalhadores em minas de carvão, refinarias de petróleo e na indústria da borracha, entre
outros, existem observações epidemiológicas ainda não conclusivas de maior incidência de câncer de
estômago, sem que se conheça o fator etiológico envolvido.

Quadro clínico – diagnóstico


• O câncer gástrico frequentemente evolui até estágios avançados antes que os sintomas e os
sinais se desenvolvam.
• O quadro clínico se manifesta por anorexia, sensação de plenitude precoce, aversão à carne,
perda ponderal e dor abdominal, desconforto abdominal, seguido de sintomas secundários
a uma anemia discreta pela deficiência de ferro; disfagia devida a lesões localizadas na jun-
ção esofagogástrica; vômitos resultantes da obstrução no esvaziamento gástrico, diarreia
secundária.

Prevenção
• A prevenção da neoplasia maligna do estômago relacionada ao trabalho baseia-se nos pro-
cedimentos de vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos
para a saúde;

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48
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
O controle da exposição ao amianto e a outros fatores de risco identificados pode contribuir
para a redução da incidência da doença nos grupos ocupacionais sob risco. As medidas de controle
ambiental visam à eliminação ou à redução da exposição a níveis de concentração próximos de zero
ou dentro dos limites estabelecidos.

Quadro clínico – diagnóstico


• Uma história sugestiva de câncer de pulmão inclui tabagismo, surgimento de tosse ou alte-
ração do padrão de tosse previamente existente, rouquidão, hemoptise, anorexia, perda de
peso, dispneia, dor torácica e sintomas de síndromes paraneoplásicas.
• O diagnóstico de câncer de pulmão é baseado na história clínica, no exame físico e em exa-
mes complementares, principalmente as radiografias de tórax, tomografia computadoriza-
da (TC), citologia de escarro e procedimentos endoscópicos com coleta de material e exame
histológico, pois a conduta adotada vai depender do tipo histológico do tumor, assim como
do seu estagiamento.

Tratamento
• Cirurgia para ressecção pulmonar parcial ou total;
• Radioterapia;
• Quimioterapia.

NEOPLASIAS MALÍGNAS - PELE

Os epiteliomas são neoplasias do epitélio, que podem ser benignos ou malignos. Porém, o
termo epitelioma é geralmente reservado para designar os processos malignos;

Fatores de risco
• A etiologia dos cânceres de pele está fortemente associada com a exposição actínica, em
especial os raios ultravioletas;
• Profissões que expõem os trabalhadores à intensa radiação solar, como agricultores, traba-
lhadores da construção civil e mineração a céu aberto, pescadores e marinheiros.
• História familiar de câncer de pele;
• Recepção de rim transplantado;
• Albinismo;
• Infecções pelo (HPV);

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49
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

• Inflamação crônica, cicatrizes, ceratoses arsenicais;


• Ceratoses solares e traumatismo.

Diagnóstico
• O diagnóstico é feito pela história clínica e exame físico, com ênfase na pele, na região das
costas, cavidade oral, região perianal e genital, lesões de intertigo, pesquisa de adenopatias
no pescoço, ausculta pulmonar, palpação abdominal para pesquisa de massas tumorais e
hepatomegalia.
• Os exames laboratoriais incluem o quadro hematológico completo, e biópsia da lesão.

Tratamento
• Está indicada a ressecção cirúrgica tradicional, com uma margem livre de tumor de 3 a 10
mm, dependendo do seu tamanho.
• Curetagem, criocirurgia e radioterapia.
• Nos tumores grandes e profundamente erosivos, ou com metástases à distância, deverá ser
avaliada clínica e cirurgicamente com o devido critério.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – AVC

• Resulta de alterações na circulação cerebral quase sempre relacionadas com a hipertensão


e a aterosclerose;
• Causa frequente de incapacidade e morte no Brasil.
Podem ser isquêmicos ou hemorrágicos.

Isquemia e Infarto Cerebrais:


• Os sinais e sintomas do acidente vascular isquêmico resultam da interferência na circulação
do cérebro, devido a uma redução generalizada ou localizada do fluxo sanguíneo;
• Se a isquemia durar mais de 10’ a 15’, as células nervosas do local afetado morrem.
• Cerca de 10% dos AVCs são precedidos de AITs.

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50
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais
Sinais e sintomas do AVC
• Hemiparesia -> fraqueza ou torpor súbitos na face, braço e perna de um lado do corpo;
• Afasia ou dislalia -> perda ou dificuldade para falar ou para entender palavras;
• Diminuição ou perda da visão em um só olho;
• Anisocoria -> pupilas desiguais;
• Tontura falta de firmeza ou queda súbita;
• Cefaleia súbita de forte intensidade;
• Perda do controle dos esfíncters;
• Perda da consciência;
• Convulsão.

As principais causas da isquemia cerebral


• Aterosclerose das artérias cerebrais e extra cerebrais (as extra cerebrais podem ficar obstru-
ídas ou gerar êmbolos que se deslocam para o cérebro)
• Doenças cardíacas que diminuem o fluxo cerebral;
• Êmbolos de origem cardiaca.

A doença hemorrágica cerebrovascular


• É primariamente ligada à hipertensão arterial sistêmica, ou a outras causas como: presença
de tumores, malformações congênitas, discrasias sanguíneas e uso de anticoagulantes;
• As hemorragias geralmente acontecem em locais inacessíveis, nas partes internas do cérebro;
• Geralmente essas lesões são fatais.

Sinais e sintomas específicos


• O paciente queixa-se de cefaleia;
• Perde a consciência;
• E pode ficar comatoso até a morte.

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51
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

Atendimento Inicial
• A fase aguda do AVC dura de 24 a 72 hs;
• Indivíduos que ficam inconscientes tem prognóstico sombrio, enquanto os conscientes pos-
suem expectativa bem mais favorável;
• A manutenção de vias aéreas pérveas e de ventilação adequada são prioridades na fase
aguda.

Encaminhamento
• Para um hospital que disponha de neurologia, bloco cirúrgico e UTI;
• Fazer contato prévio com o hospital;
• Fazer relatório de encaminhamento constando: avaliação e atendimento inicial.

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52
Epidemiologia - toxicologia - doenças ocupacionais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Epidemiologia – Teoria e prática – Maurício Gomes Pereira

Cultura, saúde e doença – Cecil G. Helman.

CIPA – Comissão Interna da Prevenção de Acidentes – Uma Nova abordagem Armando Campos

Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais – Oswaldo Michel

Epidemiologia – Silvia Meirelles Bellusci

Acidentes de trabalho e Doenças Ocupacionais e Nexo Técnico e Epidemiológico – Gustavo Filipe Bar-
bosa Garcia

Política nacional de segurança e saúde do trabalhador. Brasília – 2004

Manual prático de legislação de segurança e medicina do trabalho - 2003.

Constituição Federal.

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53
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

MEIO AMBIENTE
E
BIOSSEGURANÇA
Meio Ambiente e Biossegurança

SUMÁRIO

Introdução aos sistemas de gestão .............................................................................57


Importância dos Sistemas de Gestão Ambiental......................................................... 58
A série de normas ISO 14000 ..................................................................................... 60
As Normas de Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental ...................................63
Implantação de SGA Conforme A NBR ABNT ISO 14001 .............................................64
Etapa de Planejamento de um SGA ............................................................................ 66
Diagnóstico ambiental ................................................................................................ 66
Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais ................................................... 67
Atribuição do Grau de Signifi cância aos Aspectos/Impactos Ambientais ...................68
A declaração de comprometimento com a responsabilidade ambiental.....................72
Política Ambiental ........................................................................................................74
A Política e a Gestão Ambiental no Brasil .....................................................................79
NR 25 - Resíduos Industriais .........................................................................................82
NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde .....................................83
O que a NR - 32 diz sobre o trabalho com quimioterápicos antineoplásicos? .............85
A NR-32 prevê algo para a questão dos resíduos? .......................................................90
A NR-32 trata da questão do refeitório e refeições? ....................................................91
A NR-32 garante ao trabalhador a capacitação em relação ao processo de trabalho? ....
......................................................................................................................................91
A NR-32 normatiza algo em relação à ergonomia ocupacional? ..................................93
Glossário de termos de gestão da qualidade ...............................................................94

Referencia bibliográfica ..............................................................................................101

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56
Meio Ambiente e Biossegurança

INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE GESTÃO

O termo Gestão, segundo o dicionário Aurélio Buarque de Hollanda, quer dizer, “ato
de gerir; gerência, administração”.
Sistema de Gestão, sob o ponto de vista empresarial, significa um modelo operacio-
nal que uma determinada organização adota para geri-la, não importando neste caso o
seu porte ou seguimento. Toda e qualquer empresa deve possuir um sistema de gestão,
pois, do contrário, teria a sua própria existência comprometida.
Acontece que alguns modelos foram desenvolvidos e adotados por várias empresas
com o intuito de haver uma padronização de metodologia seguindo diretrizes traçadas
por normas. Daí os modelos normativos hoje existentes e muito difundidos e que, para
empresas que se apresentam de alguma forma pouco estruturadas são excelentes para a
sua correção de rotina e rumo, elevando-a a patamares de alto grau de excelência.
Mas é muito importante salientar que, para o devido sucesso do modelo, é necessá-
rio o correto empenho e o comprometimento de seus dirigentes e que o modelo adotado
seja de fato usado como ferramenta de gestão e não apenas um mero artifício de demons-
tração.
É evidente que é do interesse da empresa organizar-se quanto à gestão de diferentes
disciplinas, como gestão da qualidade, gestão do meio ambiente, gestão da responsabili-
dade social, gestão da segurança e da saúde ocupacional, etc.
Ora, empresas produtoras de bens e serviços desenvolvem seus negócios por meio
de processos e atividades que apresentam variabilidade natural e estão expostos a falhas
potenciais relacionadas aos recursos disponibilizados e aos métodos de trabalho empre-
gados. É fácil concluir que, quanto maior for o impacto advindo de uma dessas falhas nos
resultados dos negócios, de maior significância essa falha se tornará.
Dentre esses impactos, deve-se concluir não apenas os prejuízos financeiros e hu-
manos imediatos, mas também as consequências de médio e longo prazos que podem
advir da perda de imagem no mercado, requerendo gestão específica sobre as atividades
envolvidas, visando a prevenir a ocorrência de eventos indesejados.
Como, no entanto, assegurar-se de que os modos potenciais de falha estão devida-
mente identificados e analisados e que as atividades relacionadas com eles estão sobre
controle sem que existam padrões capazes de prover a previsibilidade requerida?
A organização desses padrões em sistemas de gestão que assegurem a previsibili-
dade desejada é sempre vantajosa para qualquer negócio. Sua ausência pode acarretar o
aparecimento de efeitos indesejáveis que trazem fortes impactos adversos aos resultados
do negócio.

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57
Meio Ambiente e Biossegurança

IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

O ambiente de negócios a partir da década de 90 tem-se mostrado bastante instável


e turbulento, verificando-se a existência de mudanças bastante drásticas no processo eco-
nômico e produtivo mundial, com implicações diretas para as empresas industriais.
Fatos como transformações na economia internacional e globalização da produção
e do consumo têm sido acompanhados de outras mudanças como, por exemplo, um cres-
cente grau de exigência dos consumidores, que, por meio de seu poder de compra, estão
buscando variedade de produtos, demonstrando a sua preocupação pela qualidade e ma-
nifestando uma constante exigência para melhorar o binômio preço-desempenho.
A emergência desse consumidor mais agressivo e exigente reflete em grande parte
as mudanças que a própria sociedade vem sofrendo quanto a valores e ideologias e que
envolvem suas expectativas em relação às empresas e aos negócios. Esses novos valores
e ideologias incluem a democracia, a igualdade de oportunidades, a saúde e a segurança
no trabalho, a proteção ao consumidor, um meio ambiente mais limpo, entre outras ques-
tões. Seja como consumidores, ou como trabalhadores, ou ainda por meio do governo ou
da mídia, a sociedade tem pressionado para que as empresas incorporem esses valores
em seus procedimentos operacionais. Como consequência, as empresas estão se depa-
rando com um ambiente externo em que cada vez mais as questões sociais, políticas e
legais, inexistentes ou apenas latentes em períodos anteriores, adquirem uma nova pers-
pectiva administrativa.
As empresas industriais que procuram manter-se competitivas ou mesmo sobrevi-
ver e se ajustar a esse novo ambiente de negócios, que já se mostra bastante concorrido,
marcado por incertezas, instabilidades e rápidas mudanças, percebem cada vez mais que,
diante das questões ambientais, são exigidas novas posturas, seja na maneira de operar
seus negócios, seja em suas organizações. Essa renovação implica contínuas mudanças,
que podem ser dolorosas e custosas também em termos financeiros, especialmente se
forem impostas, como por meio de regulamentações ambientais, ou se provierem de uma
imagem pública negativa, como por atritos com comunidades locais ou um desastre am-
biental.
A importância dos recursos naturais é fundamental para a sobrevivência humana,
principalmente ao considerar que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico até aqui
alcançado, ainda não existem condições que possibilitem a substituição dos elementos
fornecidos pela natureza.
Após a década de 70, o homem passou a tomar consciência do fato de que as raízes
dos problemas ambientais deveriam ser buscadas nas modalidades de desenvolvimen-
to econômico e tecnológico e de que não seria possível confrontá-los sem uma reflexão
sobre o padrão de desenvolvimento adotado. Isso levou a humanidade a repensar a sua
forma de desenvolvimento, essencialmente calcada na degradação ambiental, e fez surgir
uma abordagem de desenvolvimento sob uma nova ótica, conciliatória com a preservação
ambiental. Assim, surge o desenvolvimento sustentável.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

58
Meio Ambiente e Biossegurança

Um dos últimos grupos a integrar a luta pela preservação do meio ambiente e, tal-
vez, o que traga resultados mais diretos em menos tempo, é o setor empresarial. Movidos
pela exigência de seus consumidores, inicialmente os europeus, as empresas começaram
a perceber que seus clientes estavam dispostos a pagar mais por produtos ambiental-
mente corretos, e mais, deixar de comprar aqueles que contribuíam para degradação do
Planeta. Além disto, a pressão popular atingiu também governos, que passaram a estabe-
lecer legislações ambientais cada vez mais rígidas, ao fazer com que empresas tenham que
adequar seus processos industriais, com o uso de tecnologias mais limpas.
A norma brasileira NBR ISO 14001 - Requisitos com orientações para uso de Sistemas
da gestão ambiental é idêntica às normas propostas pela ISSO para serem adotadas em to-
dos os países membros e tem um efeito sistêmico interessante: ao enfocar a necessidade
de adotar fornecedores certificados, cria-se um enlace de reforço positivo.
Quanto mais empresas estiverem certificadas, mais empresas se verão obrigadas a
se certificar, pois a exigência se replica a montante na rede de valor.
Empresas existentes no mercado, como produtoras de bens e de serviços estão,
hoje, em grande evidência em relação à questão ambiental. As pressões exercidas pelas
comunidades, ONGs e governos, têm forçado uma postura proativa na melhoria de seus
processos produtivos, com geração de menor quantidade de resíduos e poluentes e me-
nor consumo de matérias-primas e energia.
O crescimento da atividade industrial, com a consequente geração de maior quanti-
dade de resíduos e poluentes e o crescimento da demanda por produtos e serviços, tem
forçado ao desenvolvimento de novas tecnologias para os processos produtivos, simul-
taneamente à necessidade de novas técnicas administrativas voltadas ao gerenciamento
dessas atividades, com preocupação ambiental.
Ao implementar um Sistema de Gestão Ambiental - SGA como forma de gerencia-
mento das atividade organizacionais, deve-se lembrar que o compromisso passa a ser per-
manente, pois exige uma mudança definitiva da antiga cultura e das velhas práticas. Para
tanto, é imprescindível a busca da melhoria contínua, princípio fundamental de um SGA.
Contudo, o gerenciamento de um processo, por meio das ferramentas de um SGA pos-
sibilita ganhos de produtividade e qualidade, além da satisfação das pessoas envolvidas
diretamente no processo, pois esses aprendem que sempre é possível fazer melhor e per-
cebem a evolução da qualidade de seus serviços. Atuar de maneira ambientalmente res-
ponsável é ainda, hoje, um diferencial entre empresas, que as destacam no competitivo
mercado, quanto antes as empresas perceberem esta nova realidade maior será a chance
de se manterem.

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59
Meio Ambiente e Biossegurança

A SÉRIE DE NORMAS ISO 14000

A discussão da problemática ambiental encontra-se, à nível das empresas, em fases diferentes


nos diversos países do mundo. Percebe-se a convivência de extremos: de um lado, é o imperativo
econômico (objetivando lucro) que comanda as decisões, enquanto que em outras, a questão social,
incluindo a de ordem ambiental, passa a ter maior peso nas decisões organizacionais. Diante da glo-
balização e da abertura econômica dos mercados, contudo, a variável ambiental passa a ser uma das
condições de “se estar” inserido na aldeia global dos negócios. As empresas passam a adotar práticas
ambientais sustentáveis como vantagem competitiva.

Segundo DONAIRE (DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1995), as
empresas passam por três fases:

• Primeira Fase: controle ambiental nas saídas – constitui-se na instalação de equipamentos


de controle da poluição nas saídas, como chaminés e redes de esgoto. Nesta fase mantém-
-se a estrutura produtiva existente.
• Segunda Fase: integração do controle ambiental nas práticas e processos. O princípio bá-
sico passa a ser o da prevenção da poluição, envolvendo a seleção das matérias-primas, o
desenvolvimento de novos processos e produtos, o reaproveitamento da energia, a recicla-
gem de resíduos e a integração com o meio ambiente.
• Terceira Fase: integração do controle ambiental na gestão administrativa. A questão am-
biental passa a ser contemplada na estrutura organizacional, interferindo no planejamen-
to estratégico. Esta terceira fase é denominada por D’AVIGNON (D’AVIGNON, Alexandre.
Normas ambientais ISO 14000: como podem influenciar sua empresa. Rio de Janeiro: CNI,
DAMPI, 1996, p.16) como “Gestão Ambiental”, onde “os parâmetros relacionados ao meio
ambiente passam a ser levados em conta no planejamento estratégico, no processo pro-
dutivo, na distribuição e disposição final do produto”.

As empresas, portanto, encontram-se em diferentes estágios no processo de envolvimento com as


questões ambientais.
Voltada ao estabelecimento de gestões normatizadas, a International Organization for Standardization
(ISO), que, em português significa “Organização Internacional para Normalização”, é uma organização não-
-governamental que foi criada depois da II Guerra Mundial (1946) e encontra-se situada em Genebra com o
objetivo de facilitar as trocas internacionais de bens e serviços e criar normativas para o comércio mundial.
O Brasil participa do ISO através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) uma associa-
ção privada sem fins lucrativos.
Os trabalhos na ISO se através de desenvolvem através de aproximadamente 212 Comitês Técnicos
(TC’s) constituídos por membros de diversos países-membros, sendo que o TC 207 é responsável pela
Gestão Ambiental. Cada Comitê Técnico é formados por Sub Comitês (SC’s) e estes, por sua vez, desen-
volvem suas atividades através dos Grupos de Trabalho (WG’s). Este processo já permitiu a elaboração de
mais de 12 mil Normas Técnicas.

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60
membros, sendo que o TC 207 é responsável pela Gestão Ambiental. Cada Comitê
Técnico é formados por Sub Comitês (SC’s) e estes, por sua vez, desenvolvem suas
atividades através dos Grupos de Trabalho (WG’s). Este processo já permitiu a
Meio Ambiente e Biossegurança
elaboração de mais de 12 mil Normas Técnicas.
© 2005 HGB Consultoria e Gestão LTDA., Todos os Direitos Reservados.

A série ISO 14000 é um conjunto de 28 normas relacionadas a Sistemas de Gestão Ambiental,


elas abrangem seis áreas bem definidas:

60 1. Sistema de Gestão Ambiental (SC 001);


2. Auditorias Ambientais (SC 002); “Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
3. Avaliação de Desempenho Ambiental (SC 004);
4. Rotulagem Ambiental (SC 003);
5. Aspectos Ambientais nas Normas de Produtos ;
6. Análise do Ciclo de Vida do Produto (SC 005).

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61
Meio Ambiente e Biossegurança
Em um primeiro momento, foram aprovadas cinco normas: ISO 14001, 14004, 14010, 14011
(parte 1 e 2) e 14012.

Série ISO 14000 – Guia de orientação do conjunto de normas da série:

• ISO 14001 (17 requisitos) – Sistema de gestão ambiental, apresenta as especificações.


• ISO 14004 – Sistema de gestão ambiental, apresenta diretrizes para princípios, sistemas e
técnicas de suporte.
• ISO 14010 – Diretrizes para auditoria ambiental, princípios gerais.
• ISO 14011 (parte 1 e 2) – Diretrizes para auditoria ambiental, procedimento de auditoria.
• ISO 14012 – Diretrizes para auditoria ambiental, critérios para qualificação de auditores.

Hoje, apenas as duas primeiras persistem, enquanto que as três últimas foram sintetizadas, em
2002, na Norma NBR ABNT ISO 19011 - Diretrizes para Auditorias em Sistemas de Gestão da Qualida-
de e/ou Ambiental.
As normas ISO 14000 não estabelecem níveis de desempenho ambiental, especificam somente
os requisitos que um sistema de gestão ambiental deverá cumprir.
De uma forma geral, estabelecem o que deverá ser feito por uma organização para diminuir o
impacto das suas atividades no meio ambiente, mas não prescrevem como o fazer.
A preocupação com a conservação do meio ambiente está se tornando uma constante nos últi-
mos tempos.
Vários movimentos estão pressionando as organizações e os governantes para tornarem as re-
gulamentações cada vez mais rígidas, exigindo das empresas uma postura ambiental correta.Com isso
o produto que possui o ISO 14000 (ou qualquer outro de sua família) é visto de uma outra maneira,
pois ele possui um diferencial competitivo, e isso mostra à sociedade que a empresa é comprometida
com a preservação ambiental.
A ISO 14000 já se tornou um passaporte para a exportação de produtos para a Europa.

Alguns motivos para implantação de um sistema de gestão ambiental (ISO 14000)

a) Motivos Externos:
- Pressão do cliente;
- Alta concorrência do mercado e
- Restrição de comércio através de regulamentações de mercado (ex.: CEE).
b) Motivos Internos:
- Convicção, acreditar nos benefícios que o sistema proporciona;
- Política corporativa e estratégia de competitividade.

Alguns benefícios para a empresa

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Meio Ambiente e Biossegurança
a) Proporciona uma ferramenta gerencial adicional para aumentar cada vez mais a eficiência e
eficácia dos serviços;
b) Proporciona a definição clara de Organização, com responsabilidades e autoridades de cada
função bem estabelecidas;
c) Promove a capacidade dos colaboradores para o exercício de suas funções, estruturadas a
partir de seleções, treinamentos sistemáticos e avaliação de desempenho;
d) Reduz custos através de uma maior eficiência e redução do desperdício, o que aumenta a
competitividade e participação no mercado;
e) Aumenta a probabilidade de identificar os problemas antes que eles causem maiores consequências.

AS NORMAS DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS


DE GESTÃO AMBIENTAL

Existem duas normas bastante difundidas para orientação da implantação de um


Sistema de Gestão Ambiental: a primeira é a 14001 – “Sistemas da gestão ambiental - Re-
quisitos com orientações para uso”, norma da série ISO criada em 1996 e revisada em 2004.
A outra é a BS 7750, norma inglesa muito mais restrita que a primeira.
Desta forma se uma empresa implementar um SGA de acordo com o estabelecido
na norma BS 7750 estará excedendo o necessário para obter a certificação ISO 14001,
podendo, através de poucos ajustes, ser certificada pela ISO também.
No entanto, sob a égide do mercado atual, é mais compensador para as organiza-
ções buscarem estabelecer sistemas com foco na 14001, uma vez que está se tornando ra-
pidamente reconhecida como um fundamento básico para um Sistema de Gerenciamento
Ambiental.
Muitas empresas líderes na indústria estão sendo certificadas por esta norma.
A ISO 14000 contém 6 requisitos (obrigações de atendimento). Embutidos nestes re-
quisitos estão vários conceitos da ISO 9000 - Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos,
norma estabelecida para garantir a qualidade de produtos e serviços.
Por causa desta inter-relação, a ISO 14000 pode ser facilmente integrada ao sistema
ISO 9000. Mesmo se uma empresa estiver buscando a certificação ISO 14000 isoladamen-
te, ainda assim é prudente consultar a ISSO 9000 sobre vários dos seus requisitos.
A ISO 14001 é a ISO “Verde”. Baseado no ideal de aperfeiçoamento constante, a ISSO
14001 exige que as empresas criem um Sistema de Gestão Ambiental que constantemente
avalia e reduz o dano provocado potencialmente ao meio ambiente pelas atividades da
empresa. Isto pode incluir a definição de matérias primas, todos os processos de fabrica-
ção, o uso dos produtos e o descarte dos mesmos.

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63
Meio Ambiente e Biossegurança

IMPLANTAÇÃO DE SGA CONFORME A NBR ABNT ISO 14001

Como já vimos um sistema de gestão é um conjunto de elementos interdependentes, cujo re-


sultado final é maior do que a soma dos resultados que esses elementos teriam caso operassem de
maneira isolada.
O conceito de sistema aberto é perfeitamente aplicável à organização empresarial. Sua dinâmi-
ca pode ser visualizada na figura abaixo, onde são descritas as interações entre o meio ambiente, no
início e no final do processo, e a organização.

Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAenr0AE-1.png

A Organização como um sistema aberto Um sistema de gestão pode ser conceituado como o
conjunto de pessoal, recursos e procedimentos, dentro de qualquer nível de complexidade, cujos
componentes associados interagem de uma maneira organizada para realizar uma tarefa específica e
atingem ou mantém um dado resultado.
Sob o ponto de vista empresarial, os objetivos de um sistema de gestão visam a aumentar cons-
tantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no seg-
mento de mercado ocupado (através da melhoria contínua dos resultados operacionais) a satisfação
dos funcionários com a organização e da própria sociedade com a contribuição social da empresa e o
respeito ao meio ambiente.
Para que tais objetivos sejam alcançados, é importante a adoção de um método de análise e
solução de problemas, para estabelecer um controle de cada ação. Existem diversos métodos com
esse propósito sendo utilizados atualmente. A maioria deles está baseada no método PDCA – Plan,
Do, Check, Act, que constitui-se em um referencial teórico básico para diversos sistemas de gestão.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

64
Os sistemas de gestão ambiental normatizados segundo a Norma NBR ABNT
ISSO 14.001 referenciam-se neste modelo cíclico onde:
• Plan (Planejar): significa estabelecer os objetivos e processos necessários
Meio Ambiente e Biossegurança
para fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e políticas da

Os sistemas deorganização;
gestão ambiental normatizados segundo a Norma NBR ABNT ISSO 14.001 refe-
renciam-se neste modelo cíclico onde:
• Do (Fazer): significa implementar os processos;
• Check (checar): significa monitorar e medir processos e produtos em relação
• Plan (Planejar): significa estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer resul-
às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os
tados de acordo com os requisitos do cliente e políticas da organização;
resultados;
• Do (Fazer): significa implementar os processos;
• Act (agir): significa executar ações para promover continuamente a melhoria
• Check (checar): significa monitorar e medir processos e produtos em relação às políticas, aos
objetivos edoaos
desempenho do processo.
requisitos para o produto e relatar os resultados;

MEIO AMBIENTE E BIOSSEGURANÇA


• Act (agir):Asignifica
gestão ambiental não deve ser encarada isoladamente e sim incluída no
executar ações para promover continuamente a melhoria do desempenho
ambiente
do processo. da gestão dos negócios, pois ela convive com a Gestão pela Qualidade
A gestão Total (QGT),
ambiental nãoadotada
deve serpela maioriaisoladamente
encarada das organizações
e sim que já deram
incluída um passo
no ambiente da além
gestão
dos negócios, pois ela convive com a Gestão pela Qualidade Total (QGT), adotada pela
da certificação ISSO 9000. Para diversos autores, a “gestão ambiental é parte damaioria das
organizações que já deram um passo além da certificação ISSO 9000. Para diversos autores, a “gestão
gestão pela qualidade total”.
ambiental é parte da gestão pela qualidade total”.
Devido
Devido ao fato aosido
de ter fatofortemente
de ter sidoinfluenciada
fortemente influenciada
pelas normaspelas normas de
de qualidade da qualidade da
série ISO 9001,
a ISO 14001 compartilha de princípios
série ISO 9001, comuns,
a ISO 14001 conformedeilustrado
compartilha nacomuns,
princípios figura abaixo, que ilustrado
conforme mostra os
elementos básicos de um SGA:
na figura abaixo, que mostra os elementos básicos de um SGA:

Fonte: ABNT / ISO, 1996b

As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de elementos de um 65


sistema da gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e
auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais eEM
CURSO TÉCNICO econômicos.
SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
Não se pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas para criar bar-
reiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

65
Meio Ambiente e Biossegurança
Muitas organizações gerenciam suas operações através da aplicação de um sistema de proces-
sos e suas interações, que podem ser referenciados como “abordagem de processo”. A ABNT NBR ISO
14001 promove a utilização da abordagem de processo.
Como o PDCA pode ser aplicado a todos os processos, as duas metodologias são consideradas
compatíveis.

ETAPA DE PLANEJAMENTO DE UM SGA

Diagnóstico ambiental
A expressão “diagnóstico ambiental” tem sido muito usada em órgãos ambientais, universida-
des, associações profissionais, etc. com conotações as mais variadas. O substantivo diagnóstico do
grego “diagnostikós”, significa o conhecimento ou a determinação de uma doença pelos seus sintomas
ou conjunto de dados em que se baseia essa determinação. Daí, o diagnóstico ambiental poder se
definir como o conhecimento de todos os componentes ambientais de uma determinada área (país,
estado, bacia hidrográfica, município) para a caracterização da sua qualidade ambiental.
Portanto, elaborar um diagnóstico ambiental é interpretar a situação ambiental problemática
dessa área, a partir da interação e da dinâmica de seus componentes, quer relacionados aos elemen-
tos físicos e biológicos, quer aos fatores socioculturais.
A caracterização da situação ou da qualidade ambiental (diagnóstico ambiental) pode ser rea-
lizada com objetivos diferentes. Um deles é, a exemplo do que preconizam as metodologias de pla-
nejamento, servir de base para o conhecimento e o exame da situação ambiental, visando a traçar
linhas de ação ou tomar decisões para prevenir, controlar e corrigir os problemas ambientais (políticas
ambientais e programas de gestão ambiental).
Para se iniciar a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental é preciso identificar a atual
situação da organização em relação as suas atividades e o meio ambiente, sendo prioritário promover
o Diagnóstico Ambiental da mesma de modo a ser capaz de perceber a existência de uma Política de
Gestão Ambiental do empreendimento e a influência no meio ambiente dos processos implantados;
identificar o nível de consciência e preocupação dos colaboradores quanto às etapas modificadoras
da qualidade ambiental (geração/emissão de poluentes); colher informações sobre a geração e des-
tinação de resíduos, com especial atenção à aplicação do conceito dos 3R’s (Redução, Reutilização,
Reciclagem); atestar a eficiência no consumo de água e energia.
Um método bastante adequado para atingir este objetivo é a elaboração de uma lista de verifi-
cação ou “check-list”. A grande vantagem desta ferramenta é permitir o emprego imediato na avalia-
ção qualitativa e quantitativa de impactos mais relevantes. Para tanto, o modelo a ser utilizado deve
se ater a nove áreas fundamentais relacionadas aos fluxos de entrada e saída da organização: energia,
água, matéria prima, resíduos gerados (líquidos, sólidos e gasosos, domésticos e industriais), recursos
humanos, legislação aplicável, saúde e segurança no trabalho, gestão e comunidade a que pertence.
Esta ferramenta instrumenta a organização ter a possibilidade de visualizar de forma ampla as
condições gerais da empresa em relação aos aspectos ambientais a serem considerados e as suas não
conformidades com os objetivos da organização. Tal conhecimento permitirá o levantamento dos as-

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

66
Meio Ambiente e Biossegurança
pectos e impactos ambientais significativos da empresa, auxiliando a identificação de fraquezas que
posteriormente necessitam ser tratadas e solucionadas pelo futuro sistema de Gestão Ambiental,
após a definição de objetivos e metas ambientais.
Após o diagnóstico ambiental se pode ter uma ideia bem clara da influência do(s) processo(s)
que se deseja gerenciar através do Sistema de Gestão Ambiental.
A resposta para este novo papel pode ser caracterizada em três níveis de atuação:
- Controle da Saída: a instalação de equipamento para o controle de poluição nas saídas, como
as estações de tratamento de efluentes e os filtros para as emissões atmosféricas, é a tônica neste
nível de resposta.
- Integração do Controle Ambiental nas Práticas e nos Processos Ambientais: o
planejamento ambiental passa a envolver a função de produção através da prevenção da polui-
ção pela seleção de matérias primas, novos processos e produtos, reaproveitamento e racionalização
de energia.
- Integração do Controle Ambiental na Gestão Administrativa: projetando-a para as mais altas
esferas de decisão da organização, proporcionando a formação de um corpo técnico e um sistema
gerencial específico, fazendo com que essa preocupação ambiental passe a ser parte dos valores da
mesma.

Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais


A avaliação das consequências ou interações das atividades de determinada empresa ou indús-
tria sobre o meio ambiente é uma forma de evitar que acidentes ambientais ocorram e de se buscar
a melhoria do processo de forma a minimizar os impactos sobre o meio ambiente, além de constituir
um item fundamental para as empresas que buscam a certificação da série ISO14001 para seu sistema
de gestão ambiental.
Para que tal avaliação ocorra é necessário fazer um levantamento do que chamamos de “aspec-
tos” e “impactos” ambientais das atividades da empresa/indústria.
O “aspecto” é definido pela NBR ISO14001 como “...elementos das atividades, produtos e servi-
ços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente”. O aspecto tanto pode ser uma
máquina ou equipamento como uma atividade executada por ela ou por alguém que produzam (ou
possam produzir) algum efeito sobre o meio ambiente. Chamamos de “aspecto ambiental significati-
vo” aquele aspecto que tem um impacto ambiental significativo.
Segundo a definição trazida pela Resolução n.º 001/86 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio
Ambiente), Artigo 1º, o impacto ambiental é: “...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; II – as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias
do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.” Ou seja, “impactos ambientais” podem
ser definidos como qualquer alteração (efeito) causada (ou que pode ser causada) no meio ambiente
pelas atividades da empresa quer seja esta alteração benéfica ou não.
Esta definição também é trazida na NBR ISO14001 (requisito 3.4.1), onde o impacto ambiental
é definido como: “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo
ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

67
Meio Ambiente e Biossegurança
Desta forma, podemos classificar os impactos ambientais em: adversos, quando trazem alguma
alteração negativa para o meio; e benéficos, quando trazem alterações positivas para o meio (aqui,
entenda-se “meio” como a circunvizinhança da empresa/indústria, incluindo o meio físico, biótico e
social).
São considerados impactos ambientais significativos àqueles que por algum motivo são conside-
rados graves pela empresa de acordo com sua possibilidade de ocorrência, visibilidade, abrangência
e/ou outros critérios que a empresa/indústria pode definir.
Na NBR ABNT ISO 14001, o tema é objeto do requisito 4.3.1. Segundo esse requisito da Norma:
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para:
a) identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo
definido de seu sistema da gestão ambiental, que a organização possa controlar e aqueles que ela
possa influenciar, levando em consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades,
produtos e serviços novos ou modificados.
b) determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio am-
biente (isto é, aspectos ambientais significativos).
A organização deve documentar essas informações e mantê-las atualizadas.
A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos sejam levados em con-
sideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema da gestão ambiental.

Atribuição do Grau de Significância aos Aspectos/Impactos Ambientais


Como vimos, chamamos de “aspecto ambiental significativo” aquele aspecto que tem um im-
pacto ambiental significativo. É preciso, portanto, que após levantarmos todos os aspectos ambientais
e seus impactos associados possamos ser capazes de avaliarmos a relevância destes. Parece lógico,
acreditamos, que os recursos que serão aplicados na implantação do SGA sejam fundamentalmente
vinculados ao controle daqueles que nós considerarmos significativos.
Compete a cada organização definir como “aspecto ambiental significativo” aquele que ela con-
sidere que tem um impacto ambiental significativo, ou seja, que tenha uma relevante importância
ambiental, que seja expressivo, que tenha ou provavelmente possa a vir a ter consequências sensíveis
à qualidade ambiental.
Existem diversos métodos para avaliar significância de aspectos/impactos ambientais.
Um simples, expedito e prático de se realizar é aquele em que se é proposto selecionar uma
combinação de critérios de avaliação apropriados para as operações e atividades.
Muitos critérios de avaliação do impacto podem ser usados neste método, tais como:

- severidade, probabilidade da ocorrência, frequência da ocorrência, área atingida,


- capacidade da empresa em controlar o impacto, etc... Esses critérios podem ser combinados
entre si de diversas formas na busca do grau de significância.

Nestas notas de aula, utilizaremos três desses critérios que sabemos ser independentes entre si:
a severidade, a probabilidade e a área de influência.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

68
Meio Ambiente e Biossegurança
Para cada critério, vamos atribuir graus variando de 1 a 5, segundo as tabelas a
Para cada critério, vamos atribuir graus variando de 1 a 5, segundo as tabelas a seguir:
seguir:

MEIO AMBIENTE E BIOSSEGURANÇA

71
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
69
Meio Ambiente e Biossegurança

A todo impacto se deve, pois, ser atribuído um valor que reflita sua posição em
A todo impacto
A todo
relação se deve,
impacto
a cada sepois,
um dos sercritérios.
deve,
três atribuído
pois, um valorum
ser atribuído quevalor
reflita
quesuareflita
posição
sua em relação
posição ema cada
um dos trêsrelação
critérios.
a cada um dos três
Sejam, por exemplo, dez critérios.
impactos levantados em um processo de produção para
Sejam, por exemplo, dez impactos levantados em um processo de produção para os quais que-
Sejam,
os quais por exemplo, dez impactos levantados em um processo de produção para
remos atribuir grau queremos atribuir grau
de significância: de significância:
os quais queremos atribuir grau de significância:

72 Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3
72 “Fundação de Educação para
70
o Trabalho de
“Fundação de Minas Gerais”
Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Meio Ambiente e Biossegurança
Para atribuirmos a escala de significância dos impactos, devemos multiplicar os
Para atribuirmos a escala de significância dos impactos, devemos multiplicar os graus atribuídos
a cada impacto. graus atribuídos a cada impacto.
Assim:
Assim:

Esse artifício nos permite estabelecer que o impacto F é o mais significativo,


enquanto o impacto G é pouco significativo.
Esse artifício nos permite estabelecer que o impacto F é o mais significativo, enquanto o impac-
Com base no algoritmo, a organização pode estabelecer, fruto da sua
to G é pouco significativo.
Com base no algoritmo, a organização
disponibilidade pode
de recursos estabelecer,
para fruto
controlar os da sua disponibilidade
impactos, o que se costuma de chamar
recur- de
sos para controlar os linha
impactos, o que
de corte, se é,
isto costuma
o valorchamar de linha
do produto dos de corte,
graus dosisto é, o valor
critérios do produto
de avaliação acima
dos graus dos critérios de avaliação acima do qual serão considerados significativos os impactos.
do qual serão considerados significativos os impactos.
Suponhamos que nossa organização estabeleceu ser possível alocar recursos para controlar to-
dos os impactos cujo produto excede-se
Suponhamos queo valor
nossa12.organização estabeleceu ser possível alocar recursos
Essa é a linha de corte para o nosso caso e assim, os impactos a serem considerados significati-
para controlar todos os impactos cujo produto excede-se o valor 12.
vos serão: B, D, E, F e J.
Por princípio, todos Essa é a linha
os impactos decontrole
cujo corte para o nosso
é exigido caso e assim,
por legislação os impactos
específica a serem
serão automa-
ticamente assumidosconsiderados
como significativos independente
significativos serão: B,deD,sua
E, classificação
F e J. no método acima.
Todo o processo de planejamento do SGA, a partir de então, deverá
Por princípio, todos os impactos cujo controle é exigido ser sempre relacionado
por legislação aos
específica
aspectos/impactos identificados como significativos.
serão automaticamente assumidos como significativos independente de sua
classificação no método acima.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
71
Meio Ambiente e Biossegurança

A DECLARAÇÃO DE COMPROMETIMENTO
COM A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

É fato que muitas empresas, se não a grande maioria, al-


mejam a implantação de um SGA ISO 14001, pelos motivos já
discutidos em artigos precedentes desta série. Todas elas dese-
jam desfrutar dos imensos benefícios proporcionados pela siste-
matização da gestão ambiental e da consequente manutenção da
conformidade com os preceitos ambientais ora vigentes.
Mas desejar um SGA ISO 14001 certificado não é suficiente
para que ele se torne uma realidade na organização. A solidez de
um SGA depende necessariamente de um conjunto de ações que
revelam o nível de comprometimento organizacional, desde as
posições operacionais até o topo hierárquico representado pela
Alta Administração. Apenas através da efetiva responsabilidade
ambiental do negócio é possível estabelecer uma gestão ambien-
tal robusta, que permita o desenvolvimento de objetivos e metas
ambientais e as subsequentes estratégias para atingi-los.
É comum encontrar dirigentes empresariais que acreditam
na simples contratação de uma consultoria externa como solução
definitiva para a implantação do SGA. Sim, a consultoria externa
muitas vezes se faz necessária, especialmente quando o corpo
funcional não dispõe do know-how suficientemente especializa- Fonte: https://s-media-cache-ak0.
do na sistematização da gestão ambiental. A consultoria funciona pinimg.com/originals/5a/37/46/5a-
como uma espécie de instrumento de benchmarking, catalisando 37463579e0cae5117e3f577b183ffa.jpg
soluções e experiências já consagradas que apontam para a dire-
ção correta em cada processo, de acordo com o perfil de cada empresa cliente. Neste caso, a organi-
zação que pleiteia uma certificação ISO 14001 ganha um tempo considerável no desenvolvimento e
implantação do seu sistema, pois disporá prontamente dos caminhos mais adequados, sem precisar
reinventar a roda (custos desnecessários). Além disso, o suporte consultivo externo garante o uso
das mais modernas tecnologias de gestão. Mas, mesmo sendo necessário em muitos casos, o uso de
conhecimento especializado externo aliado à experiência dos consultores está longe de ser suficiente
para se construir um sistema sólido, sustentável, baseado na ISO 14001.
O perfil organizacional é composto por uma imensa diversidade de variáveis, dentre elas a cultu-
ra, nível de formação dos colaboradores, infraestrutura gerencial e operacional, conjunto de políticas,
missão, valores e disponibilidade de investimentos. E todas essas variáveis devem ser consideradas no
estabelecimento, implantação, manutenção e melhoraria contínua do SGA. Entretanto, independen-
temente da importância dada a esta rede intrincada de variáveis, é imprescindível que os colaborado-
res-chave sejam constantemente estimulados dentro das atividades essenciais para a consolidação do
sistema de gestão. Isto é dado por meio de um alto nível de comprometimento e senso de participa-
ção de todos os envolvidos nas atividades do sistema. Assim sendo, esses colaboradores absorvem o

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

72
Meio Ambiente e Biossegurança
conhecimento essencial provido pela consultoria, viabilizando a melhoria contínua do sistema mesmo
quando os consultores deixarem a organização.
Condição sine qua non para o sucesso do gerenciamento ambiental sistematizado, portanto,o
nível de comprometimento para com um SGA pode ser identificado através de uma análise dos inves-
timentos dedicados ao(à):

• Capital humano: treinamentos, conscientização e formação de competências dedicadas;


• Infraestrutura: recursos materiais, ferramentas operacionais e gerenciais, equipamentos e
tecnologias economicamente viáveis;
• Consultoria especializada: soluções externas bem-sucedidas, que apontam os caminhos por
entre os meandros do SGA e que possam ser adequadas ao perfil da organização;
• Atendimento à legislação: disposição para o atendimento pleno das regulamentações legais
vigentes e adoção de sistemas de informação que permitam a proatividade com relação às
futuras regulamentações;
• Melhoria: contínua, que viabilize o incremento permanente nos resultados de desempenho
ambiental;
• Posicionamento: foco na prevenção da poluição em detrimento das ações corretivas per-
manentes numa cultura de reatividade;
• Estratégia: alinhamento dos objetivos do negócio aos preceitos ambientais prementes.

Colaboradores usualmente são resistentes quando da necessidade de incluir mais funções em


suas atividades laborais, já que acreditam não terem responsabilidades sobre determinados aspectos
da organização. A grande questão é que, quando se fala em preservação ambiental, prevenção da
poluição, produção mais limpa ou economia de recursos, a responsabilidade de todos é imperativa,
por razões mais do que óbvias. Esta responsabilidade, por sua vez, não deve ser imposta pela direção,
mas prioritariamente inserida por meio da conscientização efetiva sobre a crise ambiental resultante
do modelo tradicionalista de desenvolvimento.
Nesse sentido, é importante que a Alta Administração demonstre participação ativa e exemplar
durante a construção e manutenção do SGA, fornecendo continuamente as bases que sustentarão
todas as atividades inerentes ao sistema, além de explicitar a responsabilidade que cada colaborador
deve assumir na rede interativa da melhoria ambiental.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

73
Meio Ambiente e Biossegurança

POLÍTICA AMBIENTAL

O próximo passo do pré-planejamento após a definição do escopo do


Fonte: Google.com

SGA é a definição da política ambiental da organização. A política ambiental é


a bandeira do comprometimento, aquela que sempre dará o norte das ações
do sistema em todos os seus níveis de operação, revelando as intenções da
organização junto a todas as partes interessadas no desempenho ambiental
do negócio. Conforme cita a Norma 14004:2005, a política ambiental

…estabelece os princípios de ação para uma organização. Estabelece o nível de res-


ponsabilidade e desempenho ambiental requerido de uma organização, contra o qual to-
das as ações subsequentes serão julgadas.

REQUISITO NORMATIVO: Política Ambiental (item 4.2)


A Norma ISO 14001 prescreve que:

A Alta Administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar


que, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão ambiental, a política
a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, pro-
dutos e serviços;

A política ambiental deve ser definida, portanto, pela Alta Administração, geralmente sob um
suporte consultivo (interno ou externo à organização). Deve ser assinada pela diretoria, mas prefe-
rencialmente pela presidência, demonstrando que o maior nível funcional hierárquico ratifica o seu
comprometimento com a questão ambiental.
A Alta Administração também deve assegurar que, considerando o escopo do sistema já defini-
do anteriormente, a política ambiental seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais das
atividades, produtos e serviços. Isto é, ao ser definida, seu texto deve deixar claro que suas diretrizes
são compatíveis com o grau de interferência ambiental que a organização apresenta. Políticas consi-
deradas “genéricas” não são recomendadas, visto que não explicitam a realidade dos impactos am-
bientais daquela organização em particular. Por esta razão é que se sugere que na política ambiental
seja incluído o escopo do SGA, conforme já mencionado em artigo precedente, que define exatamen-
te o processo ou atividade à qual o SGA se estabelecerá.
Uma abordagem que vai de encontro a esta recomendação e que deve ser evitada, é a utilização
de políticas ambientais corporativas como políticas do SGA. O que se recomenda é que a organização,
processo ou atividade sob a influência do SGA tenha uma política própria, pois assim ela atenderá ao
item “a” deste requisito.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

74
Meio Ambiente e Biossegurança

b) inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da


poluição;

A Norma é clara quanto a necessidade de se explicitar no texto da política ambiental o compro-


metimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição. Nada mais óbvio e justo, uma
vez que estes são os principais objetivos a serem recorrentemente alcançados pela organização que
pleiteia a ratificação da efetividade do seu sistema por uma certificação. Por conseguinte, qualquer
política que não deixe textualmente claro o comprometimento com esses dois critérios, não estará em
conformidade com o requisito em pauta.

c) inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros


requisitos subscritos pela organização que se relacionem aos seus aspectos ambientais;

Assim como no item anterior, a Alta Administração não deve prescindir de mencionar claramen-
te seu comprometimento em atender a legislação ambiental aplicável, bem como os outros requisitos
subscritos pela organização.
Ora, se a Alta Administração se compromete em atender os diplomas legais, ela automaticamen-
te assume uma postura de responsabilidade ambiental. Uma organização responsável é aquela que,
no mínimo, cumpre com os preceitos legais vigentes, os quais protegem a sociedade de potenciais
abusos na externalização dos custos socioambientais entre todas as partes interessadas no desempe-
nho ambiental do negócio. Assim, se a organização afirma explicitamente que atende à legislação a ela
aplicável, espera-se que o cuidado ambiental minimamente aceitável pela sociedade esteja garantido.
A partir desta perspectiva de responsabilidade ambiental, o SGA ISO 14001 preconiza que não
basta apenas a organização atenda à legislação. Deve-se, como estabelece o item “a”, melhorar con-
tinuamente o sistema de gestão e, consequentemente, o desempenho ambiental da organização.
Empresas que buscam unicamente atender à legislação, em tese, não atendem ao critério da melho-
ria contínua, já que se enquadram num perfil de reatividade às leis ambientais que se acumulam em
detrimento da proatividade da Gestão Ambiental, que se dá pela superação desses requisitos legais.
Os requisitos legais são todos aqueles instituídos como legislação municipal, estadual e federal
vigentes, incluindo, por exemplo: leis e respectivos decretos, resoluções do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) – que, por sua vez, podem remeter às normas técnicas da ABNT aplicáveis
-, entre outros.
O item “c” também traz à tona a necessidade da empresa se comprometer com “outros requisi-
tos subscritos pela organização”, isto é, aqueles requisitos não evidenciados na legislação, mas funda-
mentais para a manutenção da conformidade ambiental. Exemplos destes requisitos são:
• Acordos com clientes, fornecedores, comunidades do entorno, autoridades públicas ou or-
ganizações não-governamentais, como critérios específicos de produção que previnam a
poluição ou apoio gerencial para a logística reversa de produtos obsoletos;
• Adesão a princípios voluntários ou protocolos internacionais, tais como o compromisso de

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

75
Meio Ambiente e Biossegurança
se gerenciar um inventário de Gases de Efeito Estufa e a redução sistemática da pegada de
carbono da organização;
• Códigos de conduta específicos para a área em que a organização atua, como o Programa
Internacional de Atuação Responsável (Responsible Care ®) da indústria química que pres-
creve boas práticas neste segmento produtivo, incluindo toda a sua cadeia logística;
• Requisitos corporativos ou da própria empresa, que definem, por exemplo, critérios opera-
cionais mais restritivos que os determinados pela legislação vigente;
• Rotulagem ambiental de adesão facultativa para produtos de relevante interesse ambien-
tal, dentre outros.
Uma vez subscritos pela organização, tais requisitos passam a fazer parte das diretrizes organiza-
cionais a serem cumpridas dentro do escopo do SGA, como compromissos declaradamente assumidos
entre as partes envolvidas. Assumem-se, portanto, como “leis” internas do SGA que não devem ser
prescindidas, sob o risco de se produzir não-conformidades no sistema.

d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais;

Este item muitas vezes gera alguma confusão pelo fato de sua especificação ser um tanto quanto
vaga. Como, afinal, a política ambiental deve fornecer uma “estrutura” para o estabelecimento dos
objetivos e metas ambientais? Neste caso, o que é uma estrutura? As respostas podem ser mais sim-
ples do que aparentam.
A estrutura a que o requisito se refere nada mais é do que a espinha dorsal de onde devem partir os
objetivos e metas ambientais (cujas definições serão abordadas nos próximos artigos), que são as forças
motrizes da melhoria contínua. São as declarações contidas na política que articularam o desenvolvimento
desses objetivos e respectivas metas. Ou seja, qualquer objetivo cujo sistema de gestão se proponha a
atingir deve estar necessariamente lastreado nas intenções declaradas pela política ambiental. Se isto não
ocorrer, ou o objetivo não foi definido com a compatibilidade suficiente com o SGA, ou a política ambiental
está inadequada. Consequentemente, ambos deverão ser revistos no sentido de readequá-los: no caso da
política, isto se dá incluindo assertivas compatíveis com o grau de nocividade ambiental da organização;
por outro lado, se os objetivos estiverem em desalinhamento com a política, deve-se redefini-los para que
atendam plenamente aos comprometimentos nela expressos.
Desse modo, a estrutura fornecida pela política ambiental dar-se-á pelas assertivas nela de-
claradas, que demonstrarão o comprometimento com a melhoria contínua, com o atendimento da
legislação e com a prevenção da poluição. Se as afirmações forem compatíveis com a verdadeira res-
ponsabilidade da empresa sobre seus impactos ambientais, a estrutura para o estabelecimento de
objetivos e metas estará bem consolidada na política.

e) seja documentada, implementada e mantida;


f) seja comunicada a todos que trabalham na organização ou que atuem em seu nome e
g) esteja disponível para o público.

Requisitos finais da política ambiental, determinam a obrigatoriedade do registro documental

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

76
Meio Ambiente e Biossegurança
da política, como, por exemplo, sua inclusão no manual do SGA ou em outro documento de nível es-
tratégico do sistema. A organização também deverá comunicar a política para todos os colaboradores
próprios ou terceirizados, por meio de editais, e-mails, treinamentos, quadros de avisos e outras for-
mas de comunicação interna e ao público em geral, logicamente, através de websites da organização,
publicidade, materiais institucionais e outras formas de comunicação externa.

Análise Prática
Como exemplo, vejamos a política ambiental publicada no website da Moto Honda da Amazônia
e, portanto, comunicada ao público.

O Presidente da nossa empresa define a Política ambiental conforme citado a seguir:

Na sentença introdutória acima, a organização informa que o comprometimento, tal como defi-
nido pelo requisito da política ambiental, inicia-se pela Alta Administração.

Moto Honda da Amazônia


1. Reconhecemos que nossa Empresa é de grande porte e que faz parte do Grupo Honda
Motor Company com matriz no Japão. Está localizada no Pólo Industrial da cidade de
Manaus, capital do Estado do Amazonas, uma das regiões mais relevantes do Planeta
quanto às questões ambientais. Somos líder no mercado nacional de motocicletas e tam-
bém exportamos. Produzimos, quadriciclos, produtos de força, conjuntos e subconjuntos
de motocicletas; fabricamos ferramentas, dispositivos e moldes para atender a fabrica-
ção de peças e afins, com a mais alta qualidade, eficiência e preço justo.

No item de número 1, é clara a definição do escopo em que o sistema de gestão ambiental se


aplica. A organização define a localização da planta industrial e os respectivos produtos fabricados.
Isto permite que o público-alvo compreenda exatamente em que tipo de processo a política ambiental
se aplica e em qual setor econômico a organização opera. Não é uma asserção genérica, como a ado-
tada por muitas organizações e que poderia ser transmutada para outras sem alterações, mas especí-
fica para aquele setor produtivo, aquela região e para os processos de fabricação daqueles produtos.
Uma evidente preocupação da empresa em explicitar exatamente o escopo do seu SGA.

2. Reconhecemos os impactos ambientais causados pelas atividades de: Galvanoplastia, Fun-


dição, Usinagem e Pinturas, assim como adotamos controles operacionais para cada as-
pecto ambiental significativo de nossas atividades, produtos e serviços, monitorando-os
e gerenciando-os adequadamente;

Outrossim, a empresa demonstra no item acima que se preocupa em evidenciar os processos,


produtos e serviços ambientalmente críticos (chamados de significativos), comprometendo-se a ado-
tar um gerenciamento através de controles operacionais e monitoramentos ambientais, com vistas à
prevenção da poluição.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

77
Meio Ambiente e Biossegurança

3. Atuamos de acordo com as legislações e normas ambientais aplicáveis as nossas ativida-


des, produtos, serviços e aos requisitos do nosso Sistema de Gestão Ambiental;

A sentença acima vem cumprir com um dos requisitos da política ambiental exaustivamente
trabalhado neste texto: o comprometimento com o atendimento à legislação ambiental aplicável aos
processos, produtos e serviços oferecidos pela organização.

4. Buscamos a melhoria contínua e a prevenção da poluição através do desempenho am-


biental de nossas atividades, produtos e serviços, revisando periodicamente os nossos
objetivos e metas através do estabelecimento de Programas de Gestão Ambiental e das
análises pela administração;

Evidencia-se no item 4 o comprometimento com a prevenção da poluição, com a melhoria con-


tínua e com o estabelecimento da estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas
ambientais, critérios que devem ser citados obrigatoriamente de acordo com requisito referente à
política ambiental da ISO 14001.

5. Através de treinamentos e campanhas de conscientização ambiental, desenvolvemos as


habilidades e competências de todos os funcionários e a quem atue em nome da nossa
empresa, para se autoconscientizarem do nosso sistema de gestão ambiental, incenti-
vando-os a tratar de forma adequada o consumo de energéticos e água, mitigando a
poluição atmosférica, reduzindo a geração de resíduos, reutilizando e reciclando princi-
palmente os resíduos sólidos;

Percebe-se o alto nível de comprometimento e preocupação através da relevância dada aos


treinamentos e campanhas de conscientização voltados à disseminação dos preceitos de responsa-
bilidade ambiental da indústria. Ou seja, apesar do comprometimento da Alta Administração já ter
sido definido no início da declaração, a organização demonstra muita consciência, também, sobre a
necessidade de manter todos os níveis funcionais comprometidos (incluindo terceiros que atuem em
seu nome).

6. Exercemos atividades de apoio à sociedade através da conscientização ambiental e respon-


sabilidade social, com o objetivo de conservar o meio ambiente, buscando um ambiente
seguro e agradável, atuando como empresa em que todos depositem nela a esperança
de sua existência.

Como não poderia ser diferente, o alto grau de qualidade desta declaração não deixou de fora a
importância da interação da empresa com a sociedade, por meio do comprometimento com a promo-
ção da conscientização ambiental externa, além de outras ações de cunho social desenvolvidas, com
vistas à conservação do meio ambiente e ao bem-estar da comunidade como um todo.
Feita a declaração de responsabilidade ambiental da organização em conformidade com a ISO
14001 e como parte do pré-planejamento do sistema, parte-se então para a fase de planejamento do

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

78
Meio Ambiente e Biossegurança
SGA. Esta primeira fase do ciclo (Plan, Do, Check, Act), é dada pelas seguintes abordagens normativas:

• levantamento de aspectos e impactos ambientais (item 4.3.1 da ISO 14001), matéria a ser
discutida no próximo artigo;
• levantamento de requisitos legais e outros (item 4.3.2 da ISO 14001);
• definição de objetivos, metas e programas de gestão ambiental (item 4.3.3 da ISO 14001).

1 – Liana Zumbach: Administradora de Empresas com MBA em Sistemas de Gestão Ambiental.


Diretora de Projetos Socioambientais da Preserva Ambiental Consultoria. Coordenadora do Núcleo de
Estudos Científicos em Sustentabilidade (NECS). Consultora e Auditora Ambiental. Membro do Institu-
to de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (IPEDT).

2 – Giuliano Moretti: Engenheiro Químico com MBA em Sistemas de Gestão Ambiental e Mes-
trado em Gestão Ambiental. Diretor Executivo de Operações Sustentáveis da Preserva Ambiental Con-
sultoria. Vice-Coordenador do Núcleo de Estudos Científicos em Sustentabilidade (NECS). Consultor,
Auditor e Perito Judicial Ambiental Cível. Professor dos cursos de pós-graduação MBA em Gestão de
Obras de Edificações no SENAI (CIETEP Curitiba) e Sustentabilidade em Arquitetura e Desenvolvimen-
to Urbano na Universidade Positivo. Membro do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
(IPEDT).

A POLÍTICA E A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A evolução da política e da gestão ambiental no Brasil se deu de forma relativamente consoante


com o quadro internacional. Evidentemente este processo foi marcado por especificidades econômi-
cas, políticas e culturais, além de fatores de pressão externos, cuja análise não cabe no presente tra-
balho, e que fizeram com que as diferentes fases observadas a nível internacional se apresentassem
por vezes defasadas e por vezes sobrepostas no caso brasileiro. A própria configuração desigual do
desenvolvimento brasileiro, que faz com que convivam ao interior do país estruturas tipicamente
pré¬ industriais ao lado de industriais e de pós-industriais, imprimem a esta evolução uma configura-
ção diferenciada. Assim, a década de 70 também representou para o Brasil uma fase de estruturação
em campo ambiental principalmente do ponto de vista institucional. Datam deste período a criação
a nível federal da SEMA, Secretaria de Meio Ambiente e de alguns órgãos estaduais como a FEEMA.
Embora alguns estados tenham implementado neste período instrumentos de gestão ambiental e
embora a própria federação já possuísse algumas normativas anteriores, como o Código de Águas de
1934, a Lei de Proteção de Florestas de 1965, a Lei de Proteção da Fauna de 1967, dentre outras, uma
política ambiental efetiva e orgânica só foi implantada no Brasil em 1981 com a Lei 6938 que instituiu
a Política e o Sistema Nacional do Meio Ambiente.
Os principais instrumentos que constam desta lei são até hoje aplicados no Brasil e são: Padrões
de Qualidade Ambiental; Zoneamento Ambiental (posteriormente denominado Zoneamento Ecoló-

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

79
Meio Ambiente e Biossegurança
gico econômico); Avaliação de Impactos Ambientais; Licenciamentoe revisão de atividades efetiva
ou potencialmente poluidoras; Sistema Nacional de Informações Ambientais; Sistema de Unidades
de Conservação. Desde sua promulgação, a política ambiental brasileira vem atuando tanto no plano
corretivo como preventivo. Datam igualmente da década de 80 as regulamentações relativas ao esta-
belecimento de padrões de qualidade da água e de efluentes e sobre o Programa de Poluição do Ar
por Veículos Automotores – PROCONVE (Resoluções CONAMA 020/86 e 018/86 respectivamente) e
a relativa à Avaliação de Impacto Ambiental (Resolução CONAMA 001/86). Por outro lado, somente
em 1997 foi promulgada a regulamentação federal sobre Licenciamento Ambiental (Resolução CO-
NAMA 237/97) enquanto continuaram sendo elaboradas no período normas para controle de emis-
sões gasosas e ruído dentro de uma ótica de política claramente corretiva. Adicionalmente, o Brasil
incorporou no início da década de 90 um novo instrumento que vinha sendo discutido na Europa, a
Auditoria Ambiental.
Quase que contemporaneamente, diversos Estados, Municípios e também a União discutiram
projetos de lei sobre a introdução deste novo instrumento. A concepção brasileira do mesmo, no en-
tanto, seguia o modelo inicial do Regulamento da CEE que consistia num tradicional instrumento de
comando e controle, ou seja, tinha um caráter essencialmente compulsório e não incorporava a ado-
ção conjunta de um Sistema de Gestão Ambiental. Este processo acabou não progredindo resultando
no arquivamento do projeto de lei federal e na suspensão de alguns projetos estaduais e municipais.
O Estado do Rio de Janeiro, no entanto, foi um dos estados que regulamentaram este novo instru-
mento (Lei 1898/91 e Decreto 2147A/95). Do ponto de vista institucional, desde a promulgação da Lei
6938/81, foram essencialmente mantidas as atribuições a nível federal, estadual e municipal, tendo
sido modificadas, através de leis e decretos, algumas figuras da estrutura original, dentre as quais
destacam¬se: a SEMA foi absorvida em 1989, juntamente com SUDEPE, IBDF e SUDHEVEA formando
o IBAMA; em 1989 foi criado o Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente; o Ministério do Meio
Ambiente foi criado em 1992 e sua denominação e composição foram modificadas diversas vezes
nestes anos. A Constituição de 1988 veio reforçar a política ambiental brasileira, além de atribuir aos
municípios maior autonomia em campo ambiental.
Vê-se desde então um crescimento do envolvimento municipal em questões ambientais sem
que no entanto a lei federal tenha sido modificada no sentido de redefinir competências. A gravidade
desta situação ficou latente quando em 1997 foi promulgada a Resolução 237 dando atribuições espe-
cíficas aos municípios para o licenciamento de projetos com implicações ambientais locais. Como re-
sultado a resolução foi taxada de inconstitucional e, ao mesmo tempo, desencadeou-se um processo
de elaboração de projetos de lei sobre licenciamento por parte de muitos municípios. Se por um lado
é incontestável a pertinência da atuação municipal em campo ambiental, por outro, se não se proce-
der a uma premente revisão do Sistema Nacional de Meio Ambiente, poderá agravar-se a sobrepo-
sição de competências entre as diferentes figuras institucionais. Não só para modificar as atribuições
dos municípios tornasse necessária a revisão da lei quadro ambiental brasileira, mas principalmente
para incorporar os novos conceitos e instrumentos que tem permeado hoje a evolução da gestão
ambiental a nível internacional.
Neste sentido, o Brasil ainda encontrasse bastante distanciado de uma visão efetivamente inte-
gradora da gestão ambiental. Isto não significa que estas novas tendências não tenham sido absoluta-
mente implementadas no caso brasileiro. Recentemente é possível identificar, tanto ao nível federal
como estadual, a adoção de alguns novos mecanismos legais e institucionais que direcionam-se,
mesmo que de forma ainda incipiente, para a negociação e/ou a formação de parcerias. Dentro da
lógica que tem regido a política ambiental brasileira, no entanto, estes convivem com igualmente
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

80
Meio Ambiente e Biossegurança
novos mecanismos que se inserem nas modalidades mais tradicionais da gestão ambiental do tipo
comando e controle. É o caso, por exemplo, da Lei 9605, conhecida como Lei de Crimes Ambientais
que, promulgada em 1998, possui um profundo caráter punitivo. Com relação à negociação, uma ini-
ciativa recente que tem dado bons resultados no Estado do Rio de Janeiro é a realização de Termos de
Compromisso Ambiental (TCAs) entre o órgão ambiental e as empresas. Este instrumento surgiu com
a Medida Provisória 1949¬24/00 relacionada à Lei Federal 9605/98 anteriormente mencionada e teve
como intuito permitir a adequação das empresas às exigências legais (Scheeffer, 2001).
Embora tenha sido originado por um instrumento clássico de comando e controle, o TCA tem
fomentado a negociação entre as partes. Outro mecanismo menos recente que introduziu a nego-
ciação, sempre entre empresas e setor público, data da década de 80 e vem sendo praticado tanto ao
nível federal como estadual. Tratasse da Avaliação de Impacto Ambiental e do mecanismo correlato
de Audiência Pública. Não cabe aqui discutir a eficácia destes mecanismos (ver Magrini, 1989), mas
é importante assinalar que apesar destas iniciativas já estarem em curso não existe ainda na prática
da gestão ambiental no Brasil uma efetiva “cultura” que reconheça explicitamente o conflito e imple-
mente a negociação de forma mais estruturada.
O emprego de técnicas e/ou procedimentos para o tratamento destas questões precisa ser fo-
mentado e alargado (Bredariol e Magrini, 1997). Em termos de formação de parcerias, existem no Es-
tado do Rio de Janeiro os mecanismos denominados PROCON¬ar e PROCON¬água que consistem em
programas de auto-controle implementados pelas empresas e acompanhados pelo órgão ambiental.
Outro instrumento, o Sistema de Manifesto de Resíduos Industriais e a Bolsa de Resíduos, tam-
bém constitui uma forma de “compartilhamento” com a iniciativa privada de atividades que estariam
normalmente apenas a cargo do órgão ambiental. Mesmo que estes mecanismos tenham sido imple-
mentados em sua maioria no final da década de 80 com o claro intuito de minimizar custos e “aliviar”
a carga de controle da FEEMA, hoje, num novo contexto, precisam ser potencializados e dinamizados
vindo a constituir-se em parcerias efetivas. Finalmente, a nível federal, a recente criação da lei de Ge-
renciamento de Recursos Hídricos (Lei 9433/97), que ainda encontrasse em fase de regulamentação,
pode vir a constituir um grande avanço na prática da negociação e da formação de parcerias. Efeti-
vamente, ao eleger a bacia hidrográfica como unidade de gestão, este novo sistema faz intervir, na
gestão da mesma, diferentes esferas do poder público (Estados, Municípios, União), além de envolver
os diversos usuários da bacia, através da representação nos chamados Comitês de Bacia.
A lei também introduz novos instrumentos de gestão buscando integrar os aspectos qualitati-
vos e quantitativos relativos ao gerenciamento da água que seguramente necessitarão da prática da
negociação e da formação de parcerias. O gerenciamento de recursos hídricos no Brasil pode portanto
vir a constituir-se no primeiro exemplo significativo de gestão ambiental cooperativa podendo servir
como modelo para a reformulação do próprio Sistema Nacional de Meio Ambiente.

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81
Meio Ambiente e Biossegurança

NR 25 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS

25.1 Entende-se como resíduos industriais aqueles provenientes dos processos industriais, na
forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas, e que por suas características físicas,
químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos domésticos, como cinzas, lo-
dos, óleos, materiais alcalinos ou ácidos, escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como demais
efluentes líquidos e emissões gasosas contaminantes atmosféricos.

25.2 A empresa deve buscar a redução da geração de resíduos por meio da adoção das melho-
res práticas tecnológicas e organizacionais disponíveis.

25.3 Os resíduos industriais devem ter destino adequado sendo proibido o lançamento ou a
liberação no ambiente de trabalho de quaisquer contaminantes que possam comprometer
a segurança e saúde dos trabalhadores.
25.3.1 As medidas, métodos, equipamentos ou dispositivos de controle do lançamento ou
liberação dos contaminantes gasosos, líquidos e sólidos devem ser submetidos ao exame e
à aprovação dos órgãos competentes.
25.3.2 Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais de-
vem ser adequadamente coletados, acondicionados, armazenados, transportados, tratados
e encaminhados à adequada disposição final pela empresa.
25.3.2.1 Em cada uma das etapas citadas no subitem 25.3.2 a empresa deve desenvol-
ver ações de controle, de forma a evitar risco à segurança e saúde dos trabalhadores.
25.3.3 Os resíduos sólidos e líquidos de alta toxicidade e periculosidade devem ser dispos-
tos com o conhecimento, aquiescência e auxílio de entidades especializadas/públicas e no
campo de sua competência.
25.3.3.1 Os rejeitos radioativos devem ser dispostos conforme legislação específica da
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
25.3.3.2 Os resíduos de risco biológico devem ser dispostos conforme previsto nas le-
gislações sanitária e ambiental.

25.4 Os trabalhadores envolvidos em atividades de coleta, manipulação, acondicionamento,


armazenamento, transporte, tratamento e disposição de resíduos devem ser capacitados
pela empresa, de forma continuada, sobre os riscos envolvidos e as medidas de controle e
eliminação adequadas.

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82
Meio Ambiente e Biossegurança

NR-32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO


EM SERVIÇOS SAÚDE

É uma Norma Regulamentadora que estabelece as di-


retrizes básicas para a implementação de medidas de pro-
teção à segurança e à saúde dos TRABALHADORES EM SER-
VIÇOS DE SAÚDE. SERVIÇOS DE SAÚDE: qualquer edificação
destinada à prestação de assistência à saúde da população,
e TODAS AS AÇÕES DE PROMOÇÃO, RECUPERAÇÃO, ASSIS-
TÊNCIA, PESQUISA E ENSINO EM SAÚDE em qualquer nível
de complexidade (abrange todos os Trabalhadores da Saú-
de inclusive os que estão no Ensino e Pesquisa, não só os
de área hospitalar). Ela recomenda para cada situação de
risco a adoção de medidas preventivas e a capacitação dos Fonte: https://3.bp.blogspot.
trabalhadores para o trabalho seguro. com/-lL3rzKf9Kek/VtJaQu4iLXI/
AAAAAAAAAgQ/aiyIK1svhxw/
A NR-32 dispõe que a responsabilidade é solidária s1600/_4633693875884324124_n.jpg
(ou seja, compartilhad a) entre contratantes e contratados
quanto ao cumprimento desta NR, o que significa que ela deve ser observada também para os traba-
lhadores das empresas contratadas inclusive cooperados. Importante para a sua efetiva aplicação, é a
consciência e participação dos trabalhadores, através das Comissões Institucionais de caráter legal e
técnico, entre as quais, a CIPA (instituições privadas); COMSAT’S (instituições públicas), SESMT (Servi-
ço Especializado em Engenharia e Segurança do Trabalho) e a CCIH (Comissão de Controle e Infecção
Hospitalar), além dos eventos específicos, como as Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de
Trabalho – SIPAT’s.

A NR-32 abrange as situações de exposição à riscos para a saúde do profissional, à saber: dos
riscos biológicos; dos riscos químicos; da radiaçWão ionizante.

A NR-32 abrange ainda a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de enferma-


gem (tétano, hepatite e o que mais estiver contido no PCMSO, com reforços pertinentes, conforme
recomendação do Ministério da Saúde, devidamente registrada em prontuário funcional com com-
provante ao trabalhador. Determina ainda algumas situações na questão de vestuário e vestiários,
refeitórios, resíduos, capacitação contínua e permanente na área específica de atuação, entre outras
não menos importantes.

Considera como Risco Biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos


(microrganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e
os príons). Em relação aos acidentes pérfuro-cortantes os profissionais de enfermagem são os traba-
lhadores mais expostos, porque: - é a maior categoria nos serviços de saúde;

- tem contato direto na assistência aos pacientes;


- pelo tipo e a frequência das tarefas realizadas. A gravidade dos acidentes com perfurocortante
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83
Meio Ambiente e Biossegurança
está em que ele pode ser a porta de entrada de doenças infecciosas graves e letais como a
Hepatite B e C e a AIDS. A frequência de exposições é maior entre, auxiliares e técnicos de
enfermagem, quando comparados a profissionais de nível superior. Entre 30 a 35% dos ca-
sos das exposições percutâneas estão associados à retirada de sangue ou de punção venosa
periférica. Entre 60% e 80% das exposições ocorrem após a realização do procedimento e
podem ser evitadas com as práticas de Precauções Padrão e com o uso sistemático de dis-
positivos de segurança.

A NR-32 determina (em seus artigos normatizadores), que:

32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões nos membros superiores só podem iniciar suas
atividades após avaliação médica obrigatória com emissão de documento de liberação para o trabalho.

32.2.4.5 O empregador deve vedar: a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos pre-
vistos; o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de trabalho; o
consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho; a guarda de alimentos em locais não desti-
nados para este fim; o uso de calçados abertos.

32.2.4.6 Todos os trabalhadores com possibilidade


de exposição a agentes biológicos devem utilizar vesti-

Fonte: Google.com
menta de trabalho adequada e em condições de conforto.
32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida
sem ônus para o empregado.
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar
o local de trabalho com os equipamentos de
proteção individual e as vestimentas utilizadas
em suas atividades laborais.
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais apropriados para fornecimento de ves-
timentas limpas e para deposição das usadas.
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos,
serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas
e quando houver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser de respon-
sabilidade do empregador.

32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual – EPI, descartáveis ou não, deverão estar à


disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato
fornecimento ou reposição.
Esta situação compreende a exposição aos agentes químicos presentes no local de trabalho.
Consideram-se agentes químicos, substâncias, compostos ou produtos químicos em suas di-
versas formas de apresentação: líquida, sólida, plasma, vapor, poeira, névoa, neblina, gasosa e fumo.
As vias de entrada do agente químico no organismo são: digestiva, respiratória, mucosa, paren-
teral e cutânea.

A NR-32 aborda esta situação nos seguintes itens:

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84
Meio Ambiente e Biossegurança
32.3.1 Deve ser mantida a rotulagem do fabricante na embalagem original dos produtos quími-
cos utilizados em serviços de saúde.

32.3.2 Todo recipiente contendo produto químico manipulado ou fracionado deve ser identifi-
cado, de forma legível, por etiqueta com o nome do produto, composição química, sua concentração,
data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipulação ou fracionamento.

32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das embalagens de produtos químicos.

ATENÇÃO: Comunique qualquer acidente de trabalho exigindo a abertura da comu-


nicação de acidente de trabalho – CAT - por menor que seja o acidente, mesmo não ha-
vendo afastamento do trabalho.

Pratique as precauções padrão, use sempre os equipamentos de proteção. Para atendimento às


doenças infecciosas ou lesões com secreção abundante pratique as precauções adicionais indicadas,
peça orientação a CCIH. As máscaras de proteção devem ser individuais e específicas aos agentes pre-
sentes (consulte a CCIH). Exija uma só para você.

Descarte as agulhas e outros materiais pérfuro-cortantes, sem reencapar, dentro da caixa apropriada.

O que a NR - 32 diz sobre o trabalho com quimioterápicos antineoplásicos?


No Capítulo dos riscos químicos o destaque está na proteção ao tra-
balhador que manuseia as substâncias quimioterápicas anti-neoplásicas.

32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, entende-se por aci-


dente: ambiental: contaminação do ambiente devido a saída do medica-
mento do envase no qual esteja acondicionado, seja por derramamento
ou por aerodispersóides sólidos ou líquidos; pessoal: contaminação gera-
da por contato ou inalação dos medicamentos da terapia quimioterápica
antineoplásica em qualquer das etapas do processo.
Fonte: http://www. Para que não ocorram acidentes é necessário observar as recomen-
ebah.com.br/con- dações contidas nos itens da NR-32 e na Resolução RDC no 220, de 21 de
tent/ABAAABB_kAB/ setembro de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
norma-regulamen-

32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos, compete ao empregador: proibir


fumar, comer ou beber, bem como portar adornos ou maquiar-se; afastar das atividades as trabalha-
doras gestantes e nutrizes; proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades com possibilida-
de de exposição aos agentes ionizantes; fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de mate-
rial impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, manga comprida e punho justo,quando
do seu preparo e administração; fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que minimizem
a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes durante a manipulação e administração; fornecer
aos trabalhadores dispositivos de segurança para a prevenção de acidentes durante o transporte.

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85
Meio Ambiente e Biossegurança
32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na legislação vigente, os Equipamentos de Pro-
teção Individual - EPI devem atender as seguintes exigências: ser avaliados diariamente quanto ao
estado de conservação e segurança; estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantidade
suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do procedimento ou em caso de conta-
minação ou dano.

32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é vedado: iniciar qualquer ativida-
de na falta de EPI; dar continuidade às atividades de manipulação quando ocorrer qualquer interrup-
ção do funcionamento da cabine de segurança biológica.
Segundo a recomendação da ANVISA – RDC 220: 7.2 Quando o STA contar com farmácia própria,
esta deve atender os seguintes requisitos mínimos: 7.2.1 Área destinada a paramentação: provida de
lavatório para higienização das mãos. 7.2.2 Sala exclusiva para a preparação de medicamentos para
TA, com área mínima de 5 (cinco) m2 por cabine de segurança biológica.

7.2.2.1 Cabine de Segurança Biológica (CSB) Classe I B2 que deve ser instalada seguindo as
orientações contidas na RDC/ANVISA n° 50, de 21/02/2002.

7.2.3 Área de armazenamento exclusiva para estocagem de medicamentos específicos da TA.


7.3 Todos os equipamentos devem ser submetidos à manutenção preventiva e corretiva, de acordo
com um programa formal, obedecendo as especificações do manual do fabricante.

7.3.1 Deve existir registro por escrito das manutenções preventivas e corretivas realizadas.

7.3.2 As etiquetas com datas referentes a última e à próxima verificação devem estar afixadas
nos equipamentos.

IMPORTANTE: 32.3.9.4.9.3: Nas áreas de preparação,


armazenamento e administração e para o transporte, deve
ser mantido um “kit” de derramamento identificado e dis-
ponível, que deve conter no mínimo: luvas de procedimento,
avental impermeável, compressas absorventes, proteção res-
piratória, proteção ocular, sabão, recipiente identificado para
recolhimento de resíduos e descrição do procedimento.

Fonte: Google.com

ANEXO V 1.4 Em caso de Acidente:


1.4.1 Todos os acidentes devem ser registrados em formulário específico.

1.4.2 Pessoal:
1.4.2.1 O vestuário deve ser removido imediatamente quando houver contaminação.
1.4.2.2 As áreas da pele atingidas devem ser lavadas com água e sabão.
1.4.2.3 Quando da contaminação dos olhos ou outras mucosas, lavar com água ou solução
isotônica em abundância, providenciar acompanhamento médico.

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86
Meio Ambiente e Biossegurança
1.4.3 Na Cabine: 1.4.3.1 Promover a descontaminação de toda a superfície interna da cabine.
1.4.3.2 Em caso de contaminação direta da superfície do filtro HEPA, a cabine deverá ser isolada até a
substituição do filtro.

1.4.4 Ambiental: 1.4.4.1 O responsável pela descontaminação deve paramentar-se antes de ini-
ciar o procedimento. 1.4.4.2 A área do derramamento, após identificação e restrição de acesso, deve
ser limitada com compressas absorventes. 1.4.4.3

Os pós devem ser recolhidos com compressa absorvente umedecida. 1.4.4.4 Os líquidos devem
ser recolhidos com compressas absorventes secas. 1.4.4.5 A área deve ser limpa com água e sabão
em abundância. 1.4.4.6 Quando da existência de fragmentos, estes devem ser recolhidos e descarta-
dos conforme RDC/ANVISA nº 3, de 25/02/2003 suas atualizações ou outro instrumento que venha
substitui-la.

32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será liberada para o trabalho em áreas com possibilida-
de de exposição a gases ou vapores anestésicos, após autorização por escrito do médico responsável
pelo PCMSO, considerando as informações contidas no PPRA. Observar com rigor as recomendações
e legislações vigentes, disponibilizados, em português, aos trabalhadores. É proibida a utilização de
equipamentos sem manutenção corretiva e preventiva, devendo existir a verificação programada de
cilindros de gases, conectores, conexões, mangueiras, balões, traqueias, válvulas, aparelho de anes-
tesia e máscaras faciais para ventilação pulmonar. Todas as informações devem estar disponíveis aos
trabalhadores expostos. Locais com gases e vapores anestésicos devem ser providos de ventilação e
exaustão adequados.

Não cabe ao profissional de Enfermagem o manuseio e/ou transporte de cilindros de gases me-
dicinais, com exceção dos portáteis, quando utilizados no transporte de pacientes ou reposição em
ambulâncias. É proibido: Utilização de equipamentos com vazamentos de gás.

Utilização de equipamento sem identificação e válvula de segurança. Movimentação de cilindros


sem EPIs adequados. Contato de óleos, graxas ou materiais orgânicos similares com gases oxidantes.
Utilização de cilindros sem válvula de retenção ou impedimento de fluxo reverso. Transferir gases de
um cilindro para outro. Transportar cilindros soltos em posição horizontal e sem capacete.

Obs.: deve haver sinalização ampla, visível e haver placa com informações com o
nome das pessoas autorizadas e treinadas para operação e manutenção do sistema; pro-
cedimentos de emergência; número do fone de emergência; sinalização de perigo.

A radiação ionizante é um risco físico. Considera-se risco físico a probabilidade de exposição a


agentes físicos, que são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores,
tais como ruído, vibração, pressão anormal, iluminação, temperatura extrema, radiações ionizantes e
não ionizantes. A NR-32 destaca dentre os riscos físicos a exposição às radiações ionizantes. Para os
trabalhadores que executam suas atividades expostos à radiação ionizante destacamos dentre outros
os itens:

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87
Meio Ambiente e Biossegurança
32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à disposição
da inspeção do trabalho o Plano de Proteção Radiológica - PPR, apro-
vado pelo CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico aprovado pela
Vigilância Sanitária.
32.4.2.1 O Plano de Proteção Radiológica deve: estar dentro
do prazo de vigência; identificar o profissional responsável e
seu substituto eventual como membros efetivos da equipe de

Fonte: Google.com
trabalho do serviço; fazer parte do PPRA do estabelecimento;
ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO;
ser apresentado na CIPA, quando existente na empresa, sen-
do sua cópia anexada às atas desta comissão. A sala de raios X
deve dispor de: sinalização visível na face exterior das portas
de acesso, contendo o símbolo internacional de radiação ioni-
zante, acompanhado das inscrições: “raios X, entrada restrita” ou “raios X, entrada proibida
a pessoas não autorizadas”. sinalização luminosa vermelha acima da face externa da porta
de acesso, acompanhada do seguinte aviso de advertência: “quando a luz vermelha estiver
acesa, a entrada é proibida”.

A sinalização luminosa deve ser acionada durante os pro-


cedimentos radiológicos. as portas de acesso das salas
com equipamentos de raios X fixos devem ser mantidas
fechadas durante as exposições; não é permitida a instala-
ção de mais de um equipamento de raios X por sala.
A câmara escura deve dispor de: sistema de exaustão de ar
localizado; pia com torneira. Todo equipamento de radio-
diagnóstico médico deve possuir diafragma e colimador Fonte: http://www.ebah.com.br/con-
em condições de funcionamento para tomada radiográfi- tent/ABAAABB_kAB/norma-regulamen-
ca. Os equipamentos móveis devem ter um cabo dispara- tar-32?part=2
dor com um comprimento mínimo de 2 metros. Deverão
permanecer no local do procedimento radiológico somente o paciente e a equipe necessária. A
cabine de comando deve ser posicionada de forma a: permitir ao operador, na posição de dis-
paro, eficaz comunicação e observação visual do paciente; permitir que o operador visualize a
entrada de qualquer pessoa durante o procedimento radiológico.

32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas onde existam fontes de radiações ionizan-
tes deve: permanecer nestas áreas o menor tempo possível para a realização do procedimento; ter
conhecimento dos riscos radiológicos associados ao seu trabalho; estar capacitado inicialmente e de
forma continuada em proteção radiológica; usar os EPIs adequados para a minimização dos riscos;
estar sob monitoração individual de dose de radiação ionizante, nos casos em que a exposição seja
ocupacional.

32.4.4 Toda trabalhadora com gravidez confirmada deve ser afastada das atividades com radia-
ções ionizantes, devendo ser remanejada para atividade compatível com seu nível de formação.

32.4.5 Toda instalação radiativa deve dispor de monitoração individual e de áreas.


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88
Meio Ambiente e Biossegurança
32.4.5.1 Os dosímetros individuais devem ser obtidos, calibrados e avaliados exclusivamente
em laboratórios de monitoração individual acreditados pelo CNEN.
32.4.5.2 Na ocorrência ou suspeita de exposição acidental, os dosímetros devem ser encami-
nhados para leitura no prazo máximo de 24 horas.
32.4.5.3 Deve ser elaborado e implementado um programa de monitoração periódica de áre-
as, constante do Plano de Proteção Radiológica, para todas as áreas da instalação radiativa.

32.4.6 Cabe ao empregador: implementar medidas de proteção coletiva relacionadas aos ris-
cos radiológicos; manter um profissional habilitado, responsável pela proteção radiológica em cada
área específica, com vinculação formal com o estabelecimento; promover a capacitação em proteção
radiológica, inicialmente e de forma continuada, para os trabalhadores ocupacionalmente e para-o-
cupacionalmente expostos às radiações ionizantes; manter no registro individual do trabalhador as
capacitações ministradas; fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante recibo, instruções relativas
aos riscos radiológicos e procedimentos de proteção radiológica adotados na instalação radiativa; dar
ciência dos resultados das doses referentes às exposições de rotina, acidentais e de emergências, por
escrito e mediante recibo, a cada trabalhador e ao médico coordenador do PCMSO ou médico encar-
regado dos exames médicos previstos na NR.
Toda instalação radioativa deve possuir um serviço de proteção radiológica. As áreas da instala-
ção radioativa devem ser classificadas, sinalizadas e ter controle de acesso definido pelo responsável
pela proteção radiológica. A sala de manipulação e armazenamento de fontes radioativas em uso
deve: ser revestida com material impermeável que possibilite sua descontaminação, devendo os pisos
e paredes serem providos de cantos arredondados; possuir bancadas constituídas de material liso, de
fácil descontaminação, recobertas com plástico e papel absorvente; dispor de pia com cuba de, no
mínimo, 40 cm de profundidade, e acionamento para abertura das torneiras sem controle manual; É
obrigatória a instalação de sistemas exclusivos de exaustão: nos locais onde são manipulados e arma-
zenados materiais radioativos ou rejeitos, não é permitido: aplicar cosméticos, alimentar-se, beber,
fumar e repousar; guardar alimentos, bebidas e bens pessoais; os trabalhadores envolvidos na mani-
pulação de materiais radioativos e marcação de fármacos devem usar os equipamentos de proteção
recomendados no PPRA e PPR; ao término da jornada de trabalho, deve ser realizada a monitoração
das superfícies de acordo com o PPRA, utilizando-se monitor de contaminação. O local destinado ao
decaimento de rejeitos radioativos deve: ser localizado em área de acesso controlado; ser sinaliza-
do; possuir blindagem adequada; ser constituído de compartimentos que possibilitem a segregação
dos rejeitos por grupo de radionuclídeos com meia-vida física próxima e por estado físico. O quarto
destinado à internação de paciente, para administração de radiofármacos, deve possuir: blindagem;
paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de materiais impermeáveis, que permitam sua
descontaminação; sanitário privativo; biombo blindado junto ao leito; sinalização externa da presença
de radiação ionizante; acesso controlado.
Os Serviços de Radioterapia devem adotar, no mínimo, os seguintes dispositivos de segurança:
salas de tratamento possuindo portas com sistema de intertravamento, que previnam o acesso in-
devido de pessoas durante a operação do equipamento; indicadores luminosos de equipamento em
operação, localizados na sala de tratamento e em seu acesso externo em posição visível.
Na sala de preparo e armazenamento de fontes é vedada a prática de qualquer atividade não
relacionada com a preparação das fontes seladas. O preparo manual de fontes utilizadas em braqui-
terapia de baixa taxa de dose deve ser realizado em sala específica com acesso controlado, somente
sendo permitida a presença de pessoas diretamente envolvidas com esta atividade. O manuseio de
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

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Meio Ambiente e Biossegurança
fontes de baixa taxa de dose deve ser realizado exclusivamente com a utilização de instrumentos e
com a proteção de anteparo plumbífero. Após cada aplicação, as vestimentas de pacientes e as roupas
de cama devem ser monitoradas para verificação da presença de fontes seladas.

A NR-32 prevê algo para a questão dos resíduos?


A NR-32 dedicou especial atenção ao tratamento de resíduos, por suas implicações na biossegu-
rança pessoal e no meio ambiente.
Importante ressaltar que a NR-32 não desobriga o cumprimento da Resolução ANVISA RDC nº
306, de 7 de Dezembro de 2004 e Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005.
Estas resoluções dispõem sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde –
PGRSS e sobre a necessidade da designação de profissional, com registro ativo junto ao seu conselho
de classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica-ART, ou Certificado de Res-
ponsabilidade Técnica ou documento similar, quando couber, para exercer a função de responsável
pela elaboração e implantação do PGRSS. Diz ainda que: quando a formação profissional não abranger
os conhecimentos necessários, este poderá ser assessorado por equipe de trabalho que detenha as
qualificações correspondentes.
O Conselho Federal de Enfermagem – COFEN baixou a Resolução COFEN n° 303/2005 – que au-
toriza o enfermeiro a assumir a coordenação como Responsável Técnico do Plano de Gerenciamento
de Resíduos de Serviços de Saúde.

Entre outros, podemos destacar:


32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos resíduos de saúde devem atender
ao disposto na NBR 9191 e ainda ser: preenchidos até 2/3 de sua capacidade; fechados de tal forma
que não se permita o seu derramamento, mesmo que virados com a abertura para baixo; retirados
imediatamente do local de geração após o preenchimento e fechamento; mantidos íntegros até o
tratamento ou a disposição final do resíduo.

32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada no local onde são gerados, devendo ser
observado que: sejam utilizados recipientes que atendam as normas da ABNT, em número suficiente
para o armazenamento; os recipientes estejam localizados próximos da fonte geradora; os recipientes
sejam constituídos de material lavável, resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provi-
da de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e que sejam resistentes ao
tombamento; os recipientes sejam identificados e sinalizados segundo as normas da ABNT.
32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de parto não necessitam de tampa
para vedação.
32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de material perfurocortante, o limite máxi-
mo de enchimento deve estar localizado 5 cm abaixo do bocal.
32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos perfurocortantes deve ser mantido
em suporte exclusivo e em altura que permita a visualização da abertura para descarte.

32.5.4 O transporte manual do recipiente de segregação deve ser realizado de forma que não
exista o contato do mesmo com outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

90
Meio Ambiente e Biossegurança
32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de segregação possa comprometer a segurança e
a saúde do trabalhador, devem ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a sua
saúde e integridade física.

A NR-32 trata da questão do refeitório e refeições?


Sim. A NR-32 reservou importante atenção ao trabalhador no quesito alimentação, em que de-
termina que é proibido aos trabalhadores ingerirem alimentos no local de trabalho e, para conforto
destes, durante as refeições, devem ser observados os seguintes itens:

32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao disposto na NR-24.

32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhadores devem ser dotados de locais para refei-
ção, que atendam aos seguintes requisitos mínimos: localização fora da área do posto de trabalho;
piso lavável; limpeza, arejamento e boa iluminação; mesas e assentos dimensionados de acordo com
o número de trabalhadores por intervalo de descanso e refeição; lavatórios instalados nas proximi-
dades ou no próprio local; fornecimento de água potável; possuir equipamento apropriado e seguro
para aquecimento de refeições.

32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem ser providos de papel toalha, sabonete líqui-
do e lixeira com tampa de acionamento por pedal.

A NR-32 garante ao trabalhador a capacitação em relação ao processo de trabalho?


A NR-32 reserva especial atenção para esta questão, demons-
trando toda a preocupação em fazer com que o trabalhador, por meio
de sua efetiva capacitação, possa minimizar os riscos provenientes do
exercício profissional e determina ser esta uma obrigação imediata e
permanente do empregador. Nesta questão, cabe ao enfermeiro, na
equipe de enfermagem, estar consciente das responsabilidades perti-
nentes. A diminuição ou eliminação dos agravos a saúde do trabalha-
Fonte: http://www.ebah.com.br/
dor está relacionada a sua capacidade de entender a importância dos content/ABAAABB_kAB/norma-regula-
cuidados e medidas de proteção que devem tomar no trabalho. mentar-32?part=2

Levar este saber ao trabalhador deve fazer parte das medidas de proteção. Além dos indicados
na NR-32 outros temas de saúde também devem ser objetos de programas educativos baseados nos
indicadores de saúde dos trabalhadores ou sempre que indicados pelo Ministério do Trabalho e Em-
prego e Ministério da Saúde.

32.2.4.9 O empregador deve assegurar capacitação aos trabalhadores, antes do início das ati-
vidades e de forma continuada, devendo ser ministrada: sempre que ocorra uma mudança das con-
dições de exposição dos trabalhadores aos agentes biológicos; durante a jornada de trabalho; por
profissionais de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos agentes biológicos.
32.2.4.9.1 A capacitação deve ser adaptada à evolução do conhecimento e à identificação
de novos riscos biológicos e deve incluir: os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

91
Meio Ambiente e Biossegurança
saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes; normas e procedimen-
tos de higiene; utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de
trabalho; medidas para a prevenção de acidentes e incidentes; medidas a serem adotadas
pelos trabalhadores no caso de ocorrência de incidentes e acidentes.
32.2.4.9.2 O empregador deve comprovar para a inspeção do trabalho a realização da capa-
citação por meio de documentos que informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo
ministrado, o nome e a formação ou capacitação profissional do instrutor e dos trabalhado-
res envolvidos.

32.2.4.10 Em todo local onde exista a possibilidade de


exposição a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos tra-
balhadores instruções escritas, em linguagem acessível, das
rotinas realizadas no local de trabalho e medidas de preven-
ção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho.
32.2.4.10.1 As instruções devem ser entregues ao
trabalhador, mediante recibo, devendo este ficar à
Fonte: http://www.ebah.com.br/
disposição da inspeção do trabalho. content/ABAAABB_kAB/norma-regula-
mentar-32?part=3
32.3.6 Cabe ao empregador:
32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma continua-
da, os trabalhadores envolvidos para a utilização segura de produtos químicos.
32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo: a apresentação das fichas descritivas
citadas no subitem 32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas contidas; os procedi-
mentos de segurança relativos a utilização; os procedimentos a serem adotados em caso de
incidentes, acidentes e em situações de emergência.

32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos relativos a limpeza, descontami-


nação e desinfecção de todas as áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário,
vestimentas, EPI e materiais.
32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a todos os trabalhadores e à fiscalização
do trabalho.

32.3.10.1 Os trabalhadores envolvidos devem receber capacitação inicial e continuada que con-
tenha, no mínimo: - as principais vias de exposição ocupacional; os efeitos terapêuticos e adversos
destes medicamentos e o possível risco à saúde, a curto e longo prazo; - as normas e os procedimen-
tos padronizados relativos ao manuseio, preparo, transporte, administração, distribuição e descarte
dos quimioterápicos antineoplásicos; - as normas e os procedimentos a serem adotadas no caso de
ocorrência de acidentes.
32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por profissionais de saúde familiarizados
com os riscos inerentes aos quimioterápicos antineoplásicos.

32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas onde existam fontes de radiações ionizan-
tes deve: permanecer nestas áreas o menor tempo possível para a realização do procedimento; ter
conhecimento dos riscos radiológicos associados ao seu trabalho; estar capacitado inicialmente e de
forma continuada em proteção radiológica; usar os EPIs adequados para a minimização dos riscos;
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

92
Meio Ambiente e Biossegurança
estar sob monitoração individual de dose de radiação ionizante, nos casos em que a exposição seja
ocupacional.

32.4.6 Cabe ao empregador: implementar medidas de proteção coletiva relacionadas aos ris-
cos radiológicos; manter um profissional habilitado, responsável pela proteção radiológica em cada
área específica, com vinculação formal com o estabelecimento; promover capacitação em proteção
radiológica, inicialmente e de forma continuada, para os trabalhadores ocupacionalmente e para-o-
cupacionalmente expostos às radiações ionizantes; manter no registro individual do trabalhador as
capacitações ministradas; fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante recibo, instruções relativas
aos riscos radiológicos e procedimentos de proteção radiológica adotados na instalação radiativa; dar
ciência dos resultados das doses referentes às exposições de rotina, acidentais e de emergências, por
escrito e mediante recibo, a cada trabalhador e ao médico coordenador do PCMSO ou médico encar-
regado dos exames médicos previstos na NR-07.

32.4.14.2.4 Na capacitação dos trabalhadores para manipulação de fontes seladas utilizadas em


braquiterapia devem ser empregados simuladores de fontes.

32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma continuada, os trabalhadores nos


seguintes assuntos: segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos; definições, classificação e
potencial de risco dos resíduos; sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento; for-
mas de reduzir a geração de resíduos; conhecimento das responsabilidades e de tarefas; reconhecimento
dos símbolos de identificação das classes de resíduos; conhecimento sobre a a utilização dos veículos de
coleta; orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços de saúde devem ser capacitados,
inicialmente e de forma continuada, quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco
químico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situações de emergência.
32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser mantida no local de trabalho, à disposição
da inspeção do trabalho.

A NR-32 normatiza algo em relação à ergonomia ocupacional?

A NR-32 não traz um capítulo exclusivo para tratar do risco ergonômico, mas podemos encon-
trar diluído em outros temas, ações de prevenção relacionadas a ele.

32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para transporte devem ser submetidos
periodicamente a manutenção, de forma a conservar os sistemas de rodízio em perfeito estado de
funcionamento.

32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submetidos a manutenção preventiva,
assegurando a lubrificação permanente, de forma a garantir sua operação sem sobrecarga para os
trabalhadores. 32.10.1 Os serviços de saúde devem:
- atender as condições de conforto relativas aos níveis de ruído previstas na NB 95 da ABNT;
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Meio Ambiente e Biossegurança
- atender as condições de iluminação conforme NB 57 da ABNT; atender as condições de
conforto térmico previstas na RDC 50/02 da ANVISA; manter os ambientes de trabalho em
condições de limpeza e conservação.

32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser previstos dispositivos seguros e com estabili-
dade que permitam aos trabalhadores acessar locais altos sem esforço adicional. 32.10.10 Nos proce-
dimentos de movimentação e transporte de pacientes deve ser privilegiado o uso de dispositivos que
minimizem o esforço realizado pelos trabalhadores.
32.10.11 O transporte de materiais que possa comprometer a segurança e a saúde do trabalha-
dor deve ser efetuado com auxílio de meios mecânicos ou eletromecânicos.

32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser: capacitados para adotar mecânica
corporal correta, na movimentação de pacientes ou de materiais, de forma a preservar a sua saúde
e integridade física; orientados nas medidas a serem tomadas diante de pacientes com distúrbios de
comportamento.

32.10.13 O ambiente onde são realizados procedimentos que provoquem odores fétidos de-
vem ser providos de sistema de exaustão ou outro dispositivo que os minimizem.

GLOSSÁRIO DE TERMOS DE GESTÃO DA QUALIDADE

AÇÃO CORRETIVA:
Ação para eliminar a causa de uma não-conformidade identificada ou outra situação indesejável.
AÇÃO PREVENTIVA:
Ação para eliminar a causa de uma potencial não-conformidade ou outra situação potencial-
mente indesejável.

Nota: ações preventivas são usadas para evitar ocorrências, enquanto ações correti-
vas evitam nova ocorrência.

ALTA DIREÇÃO:
Pessoa ou grupo de pessoas que dirige e controla uma organização no Mais alto nível.

AMBIENTE DE TRABALHO:
Conjunto de condições sob as quais um trabalho é realizado.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

94
Meio Ambiente e Biossegurança

Nota: As condições incluem os fatores físicos, sociais, psicológicos e ambientais (tais


como temperatura, formas de reconhecimento, ergonomia e composição atmosférica).

ANÁLISE CRÍTICA:
Atividade realizada para determinar a pertinência, a adequação e a eficácia do que está sendo
examinado, para alcançar os objetivos estabelecidos.

AUDITORIA:
Processo sistemático, documentado e independente para obter de evidencia da auditoria e ava-
liá-Ia objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos.

Nota: os critérios de auditoria são um conjunto de políticas, procedimentos ou re-


quisitos usados como referência.

CAPACIDADE:
Aptidão de uma organização, sistema ou processo de realizar um produto que irá atender aos
requisitos para este produto.

CLIENTE:
Organização ou pessoa que recebe um produto.

CONCESSÃO:
Permissão para usar ou liberar um produto que atende a requisitos especificados.

COMPROVAÇAO METROLOGICA:
Conjunto de operações necessárias para assegurar que um equipamento de medição atende
aos requisitos para seu uso pretendido

Nota 1: a comprovação metrológica normalmente inclui:

- aferição ou verificação;
- qualquer ajuste ou reparo necessário, e subsequente reaferição;
- comparação com os requisitos metrológicos para uso pretendido do equipamento;
- qualquer etiqueta ou lacre necessário.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

95
Meio Ambiente e Biossegurança
Nota 2: a confirmação metrológica não é alcançada, até que a adequação do equipamento de
medição para o uso pretendido tenha sido demonstrada e documentada.
Nota 3: os requisitos para o uso pretendido incluem considerações tais como: amplitude, reso-
lução e em máximo permitido, etc.
Nota 4: os requisitos de comprovação metrológica são normalmente distintos dos requisitos do
produto e não estão especificados nestes requisitos.

CONFORMIDADE:
Atendimento a um requisito

CONTROLE DA QUALIDADE:
Parte da gestão da qualidade focada no atendimento dos requisitos da qualidade.

CORREÇAO:
Ação para eliminar uma não-conformidade identificada.
Nota: Uma correção pode envolver um reparo, ou um retrabalho ou uma reclassificação.

DEFEITO:
Não atendimento a um requisito relacionado a um uso pretendido ou especificado.

DOCUMENTO:
Informação e o meio no qual ela está contida.

Nota: O meio físico pode ser papel, magnético, disco de computador de leitura ótica
ou eletrônica, fotografia, ou amostra padrão, ou uma combinação destes.

EFICÁCIA:
Extensão no qual atividades planejadas são realizadas e os resultados planejados, alcançados.

EFICIÊNCIA:
Relação entre o resultado alcançado e os recursos utilizados.

ESPECIFICAÇÃO:
Documento que estabelece requisitos.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

96
Meio Ambiente e Biossegurança
EVIDÊNCIA OBJETIVA:
Dados que apoiam a existência ou verdade de alguma coisa.
FORNECEDOR:
Organização ou pessoa que fornece um produto.

GARANTIA DA QUALIDADE:
Parte da gestão da qualidade focada no atendimento dos requisitos da qualidade.

GESTÃO DA QUA.LIDADE:
Atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização, no que diz respeito à qualidade.

Nota 1: a direção e o controle com respeito à qualidade incluem, tipicamente, o


estabelecimento da política da qualidade e dos objetivos da qualidade, o planejamento
da qualidade, o controle da qualidade, a garantia da qualidade e a melhoria da qualidade.

MELHORIA DA QUALIDADE:
Parte da gestão da qualidade focada no aumento da capacidade de atender os requisitos da
qualidade.

MELHORIA CONTÍNUA:
Atividade recorrente para aumentar a capacidade de atender requisitos.

NÃO-CONFORMIDADE:
O não atendimento a um requisito.

OBJETIVO DA QUALIDADE:
Aquilo que é buscado ou almejado, no que diz respeito à qualidade.

Nota 1: Objetivos da qualidade são geralmente baseados numa política da qualidade


da organização.

Nota 2: Objetivos da qualidade são geralmente especulados para as funções e níveis


relevantes na organização.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

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Meio Ambiente e Biossegurança
PARTE INTERESSADA:
Pessoa ou grupo que tem um interesse no desempenho ou no sucesso de uma organização.
Exemplos: clientes, proprietários, empregados, fornecedores, sindicatos, sócios ou a sociedade
em geral, agentes financeiros e etc.

PLANEJAMENTO DA QUALIDADE:
Parte da gestão da qualidade locada no estabelecimento dos objetivos da qualidade e que espe-
cifica os recursos e processos operacionais necessários para atender a estes objetivos.

Nota: um grupo pode compor uma organização, parte dela ou mais de uma organização.

PLANO DA QUALIDADE:
Documento que específica quais os procedimentos e recursos associados devem ser aplicados,
por quem e quando, a um empreendimento, produto, processo ou contrato específicos.

Nota 1: estes procedimentos compreendem, geralmente, aqueles que referem aos


processos de gestão da qualidade e aos processos de realização de produto.

Nota 2: um plano da qualidade faz, com frequência, referência a partes do manual


da qualidade ou a documentos de procedimentos.

Nota 3: um plano da qualidade é, geralmente, um dos resultados do planejamento


da qualidade.

POLÍTICA DA QUALIDADE:
Intenções e diretrizes globais de uma organização relativas à qualidade, formalmente expressas
pela alta direção.

Nota 1: A “política da qualidade” geralmente é consistente com a política geral da


organização e fornece uma estrutura para o estabelecimento dos objetivos da qualidade.

Nota 2: Os princípios de gestão da qualidade apresentados nesta norma podem for-


mar uma base para o estabelecimento da política de uma qualidade.

PROCEDIMENTO:
Forma especificada de executar uma atividade ou um processo.

Nota 1: procedimentos podem ser documentado ou não;

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98
Meio Ambiente e Biossegurança

Nota 2: quando um procedimento é documentado o termo “procedimento escrito”


ou “procedimento documentado” é frequentemente usado.

PROCESSO:
Conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas)
em produtos (saídas).

PRODUTO:
Resultado de um processo.
Nota: existem quatro categorias genéricas de produto:

- serviços (por exemplo: transporte);


- informações (por exemplo: programa de computador, dicionário)
- materiais e equipamentos (por exemplo: parte mecânica de um motor)
- materiais processados (por exemplo: lubrificante)

PROJETO E DESENVOLVIMENTO:
Conjunto de processos que transformam requisitos em características especificadas ou na espe-
cificação de um produto, processo ou sistema.

QUALIDADE:
Grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos.

RASTREABIDADE:
Capacidade de recuperar o histórico, a aplicação ou a localização daquilo que está sendo
considerado.

REGISTRO:
Documento que apresenta resultados obtidos ou fornece evidencias de atividades realizadas.

REPARO:
Ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo aceitável para o uso pretendido.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

99
Meio Ambiente e Biossegurança
REQUISITO:
Necessidade ou expectativa que é expressa, geralmente, de forma implícita ou obrigatória.

RETRABALHO:
Ação sobre um produto não conforme, a fim de tomá-lo conforme os requisitos.

SISTEMA.
Conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos.

SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE:


Sistema de gestão para dirigir e controlar uma organização, no que diz respeito à qualidade.

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100
Meio Ambiente e Biossegurança

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

NR 25 - Resíduos Industriais. Disponível em: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamen-


tadoras/nr_18.asp>.

NR-32: Resumo comentado da Norma Regulamentadora 32 / COREN-SP http://www.famema.br/assis-


tencial/nr32/docs/nr32-resumo.pdf

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO. Portaria nº 19, de 09 de janeiro de 1998. - Programa de Controle


Médico de Saúde Ocupacional, A Necessidade de Estabelecer Diretrizes e Parâmetros Mínimos Para
A Avaliação e O Acompanhamento da Audição dos Trabalhadores. Brasil,

ZUMBACH, Liana; MORETTI, Giuliano. Política Ambiental: a declaração de comprometimento com a


responsabilidade ambiental. Disponível em: <http://necs.preservaambiental.com/politica-ambiental-
-a-declaracao-de-comprometimento-com-a-responsabilidade-ambiental/>. Acesso em: 15 ago. 2014.

SCHEEFFER, M., 2001. Uma Avaliação do Controle Industrial do Programa de Despoluição da Baía de
Guanabara: o Caso das 55 Indústrias Prioritárias, Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ.

MAGRINI, Alessandra. Política e gestão ambiental: conceitos e instrumentos. 2010. Disponível em:
<file:///C:/Documents and Settings/usuário/Meus documentos/Downloads/v08n02_politica-e-ges-
tao-ambiental-conceitos-e-instrumentos.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2014.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

101
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Elaboração de Projetos

APRESENTAÇÃO

Este guia de normas visa auxiliar estudantes da 3ª Etapa do curso Técnico em Se-
gurança do Trabalho no processo de elaboração do trabalho de conclusão de curso. As
informações aqui apresentadas foram extraídas de diversas fontes bibliográficas, descri-
tas ao longo e ao final do documento e seguem a Norma de Apresentação de Projeto de
Pesquisa da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

104
Elaboração de Projetos

SUMÁRIO

PARTE 1 - A elaboração do projeto


1 - O projeto de pesquisa científica .......................................................................... 106
2. A escolha do tema de pesquisa ............................................................................ 107
3. O problema de pesquisa ....................................................................................... 108
4. A formulação dos objetivos .................................................................................. 109
5. Justificativa ........................................................................................................... 110
6. Metodologia ..........................................................................................................111
7. Revisão teórica, jurídica e normativa ....................................................................113
8. Coleta, análise e discussão de dados. ...................................................................114
9. Cronograma e recursos .........................................................................................115
10. Conclusão e revisão do trabalho .........................................................................115

PARTE 2 - Normas técnicas e estrutura do projeto


1. Elementos pré-textuais .........................................................................................116
2. Elementos textuais ................................................................................................118
3. Elementos pós-textuais .........................................................................................120

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

105
Elaboração de Projetos

PARTE 1. A ELABORAÇÃO DO PROJETO

1- O PROJETO DE PESQUISA CIENTÍFICA

A pesquisa científica faz parte de toda a formação, que deve ser orientada por estudos teóricos e
práticos. O conhecimento científico, diferente daquele que é utilizado e elaborado no nosso cotidiano,
é obtido de maneira programada, sistemática e controlada. Suas principais características são a veri-
ficação, a objetividade e o uso de métodos e técnicas específicas, tornando possível sua aplicação no
meio acadêmico e profissional.
Para ser desenvolvido, o conhecimento científico deve ser apresentado em forma de projeto de
pesquisa, cujos pressupostos e estrutura têm sido amplamente utilizados em diferentes organizações.
Por isso, este material didático apresenta os caminhos para a elaboração de um projeto, seja ele aca-
dêmico ou empresarial.

1.1 Etapas do projeto


A) Escolher o tema
B) Delimitar e formular o problema
C) Traçar objetivos
D) Definir a metodologia a ser empregada
E) Justificar o projeto de pesquisa
F) Realizar a revisão teórica, jurídica e normativa.
G) Coletar dados e informações relevantes
H) Fazer análise, comparações e discussão dos dados.
I) Definir prazos, custos e recursos necessários.
J) Concluir e revisar o trabalho

Nos tópicos que se seguem deste documento, tentaremos descrever de maneira didática essas
etapas, de modo a orientar a elaboração do projeto de pesquisa que viabiliza a conclusão do curso
Técnico em Segurança do Trabalho e prepara estudantes para o mercado de trabalho.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

106
Elaboração de Projetos

2. A ESCOLHA DO TEMA DE PESQUISA

O tema de uma pesquisa diz respeito ao assunto que se deseja investigar ou desenvolver. Ele
ocorre a partir de uma dificuldade, um evento ou uma curiosidade. Uma maneira interessante de
começar a pensar o tema de pesquisa é lembrar-se dos gostos e preferências durante o curso ou a
facilidade de desenvolver o trabalho (como a realização de estágios, por exemplo).
É preciso definir com clareza o tema de pesquisa e verificar se é possível desenvolvê-lo com
estudos bibliográficos, práticos, se há tempo suficiente para isso e se há a possibilidade de consultar
especialistas no assunto. (Junior, 2008)
Quando precisar escolher um tema de pesquisa, elabore as seguintes perguntas a si mesmo:

QUESTÕES NORTEADORAS PARA A ESCOLHA DO TEMA :

• O que eu mais gostei durante o curso? Qual assunto me chamou mais atenção?
• Onde trabalho? O que faço hoje ou já fiz?
• Há algum novo equipamento ou material que eu gostaria de conhecer, verificar
ou analisar?
• Quais assuntos eu teria condições práticas e teóricas de pesquisar?

Algumas perspectivas e interesses podem ser considerados no momento da escolha do tema,


como sugere Bertucci (2008):

A) Interesse pessoal: temas que despertam o gosto e a identificação dos estudantes são consi-
derados importantes no processo de escolha.
B) Interesse profissional: dificuldades enfrentadas do cotidiano de trabalho, os eventos e as
deficiências da empresa podem despertar uma ideia de pesquisa. Vale lembrar que o tema
não precisa ser interessante somente para o estudante, mas também para a empresa.
C) Pesquisas e estudos já realizados: trabalhos realizados em outra disciplina ao longo do curso
podem se caracterizar como um estímulo para a definição de um tema de pesquisa.

Exemplos e dicas de temas de pesquisa para Segurança no Trabalho!

• Qualidade de vida no trabalho


• Modos de gestão em saúde e segurança no trabalho
• Análise ergonômica do trabalho

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107
Elaboração de Projetos
• Identificação de riscos e perigos no trabalho
• Identificação de adoecimento mental no trabalho (estresse, depressão...).
• Implantação de sistemas de segurança no trabalho
• Uso de Equipamentos de proteção individual e coletiva (EPI’s e EPC’s)
• Treinamento em Segurança do Trabalho
• Categorias profissionais: motorista, policial, professor, etc...
• Construção civil
• Espaços confinados

FUNDAMENTAL ENTENDER: após a escolha do tema, ainda é preciso delimitar e direcionar para
a formulação de um objetivo. O tema “Treinamento em Segurança do Trabalho” é um tema interes-
sante, mas que ainda precisa ser mais pontual, como, por exemplo, “Treinamento em Segurança do
Trabalho para o servente de pedreiro em uma empresa de grande porte de Belo Horizonte, Minas
Gerais.” A elaboração do problema de pesquisa nos ajudará a definir de maneira mais pontual o nosso
tema/objetivo de trabalho.

3. O PROBLEMA DE PESQUISA


Após a escolha do tema de pesquisa, é preciso convertê-lo em problema através de técnicas e
ferramentas que nos possibilitarão delimitar e formular o problema.
Para Junior (2008), delimitar o problema significa:

1) definir as características da população, em termos de sexo, faixa etária, classe social, profis-
são e outras variáveis, de forma a não deixar dúvidas sobre quem será investigado;
2) analisar fatos, situações e fornecer explicações para tentar solucionar ou contribuir para a
referida situação problemática;
3) buscar mecanismos e elementos que possam contribuir para a situação problemática, tor-
nando-se, assim, objeto de estudo do trabalho.

Ainda segundo o autor, formular o problema de pesquisa significa escrever uma frase interro-
gatória e que resume em poucas linhas o conteúdo delimitado e se constitui uma síntese da situação
problemática.

Regras práticas para elaborar um problema de pesquisa, segundo Gil (1988):

A) Ser formulado como pergunta: o problema de pesquisa deve ser enunciado sob a forma de
perguntas.

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108
Elaboração de Projetos
B) Ser claro e preciso: o problema deve poder ser operacionalizado.
C) Ser empírico: o problema deve ser passível de investigação científica
D) Ser suscetível de solução e ser delimitado a uma dimensão viável: as informações necessá-
rias para a realização da pesquisa devem estar disponíveis, sejam factíveis e viáveis.
Quando temos uma ideia a respeito de uma pesquisa, sempre pensamos de uma maneira am-
pla, como, por exemplo, o treinamento em segurança do trabalho. Bom, para estudarmos este tema,
talvez a gente levasse uma vida inteira de pesquisa e, sequer, chegasse a compreender totalmente as
dimensões desse tema. Por isso, apresentaremos agora as:

Dicas para transformar um tema inicial em problema de pesquisa!

• Treinamento em Segurança do Trabalho: em qual categoria de trabalho? Em que tipo de


empresa? Qual o conteúdo do treinamento?
• Policial militar: quais fatores de saúde e segurança? Qual patente? Tipo de atividade? Em
qual cidade e estado?
• Construção civil: qual profissional da construção civil? Em que tipo de empresa? Quais as-
pectos de saúde e segurança?
• Espaços confinados: qual tipo de espaço? Em que empresa? Fatores de risco e perigo? Me-
didas de proteção?

Respondendo a essas perguntas, você será capaz de definir de maneira mais pontual o seu pro-
blema de pesquisa de acordo com a população estudada (categoria profissional), os problemas envol-
vidos (fatores de adoecimento, riscos, uso/não uso de EPI, etc.) e o local, circunstâncias e situações
(empresa, cidade). Para escrever e chegar até o seu tema, tente explorar cada um desses aspectos.
Aqui, a leitura de bibliografia é essencial!

4. A FORMULAÇÃO DOS OBJETIVOS

Os objetivos de uma pesquisa são os alvos que se pretende alcançar ao longo do estudo. Reco-
mendações para a elaboração dos objetivos:

A) Os objetivos devem ser factíveis, ou seja, devem considerar o tempo de realização do traba-
lho, o tipo de informação disponível, os recursos necessários, dentre outros.
B) Se a pesquisa será realizada em uma empresa, é preciso compatibilizar ambos os interesses
– o do aluno e o da organização pesquisada.
C) Os objetivos sempre se iniciam com o verbo no infinitivo. Exemplos: analisar, avaliar, propor,
identificar, comparar, mapear, etc.

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109
Elaboração de Projetos
Em um projeto de pesquisa, os objetivos deverão ser divididos em Objetivo Geral e Objetivos
específicos. O objetivo geral deve indicar a meta que se pretende alcançar durante a realização do
projeto. Os objetivos específicos, em média três, deve se referir às metas que se espera atingir, os
passos que serão dados para desenvolver o trabalho. (Junior, 2008) Os objetivos específicos são uma
fragmentação do objetivo geral em objetivos menores, que, uma vez alcançados, possibilitarão o al-
cance do objetivo maior. Os objetivos específicos devem ser mais direcionados, delineando os diver-
sos momentos do trabalho e do produto final de cada um deles. (Bertucci, 2008)
O estudo teórico do tema pode ajudar na definição dos objetivos da pesquisa. Por isso, sempre
que possível, reúna materiais, tais como: artigos científicos, livros, leis e normas, pois eles fornecerão
a você um conhecimento mais sólido do assunto, garantindo clareza e segurança na escrita dos obje-
tivos.

5. JUSTIFICATIVA

Em sua justificativa você deve explicar por que o seu trabalho é importante e merece ser finan-
ciado ou dedicado para o seu desenvolvimento. Nos trabalhos de conclusão que envolve a segurança
do trabalho, podemos refletir sobre a relevância de pesquisa nos seguintes níveis:

• Individual: para você, por que o seu trabalho é importante e por que você escolheu o tema?
(Aqui você pode mencionar a possibilidade de aprimorar o seu conhecimento em determi-
nada área, pode atribuir ao estágio ou trabalho desenvolvido na área, dentro outros aspec-
tos).
• Empresa: para a empresa, por que o seu trabalho é importante? Haverá maior lucrativida-
de? Haverá uma adequação às normas de segurança? A empresa poderá evitar processos
jurídicos iniciados por trabalhadores? E, enfim, ela será capaz de garantir a saúde e a segu-
rança dos funcionários?
• Trabalhador: para o trabalhador, por que o seu trabalho é importante? Em que medida
a sua pesquisa poderá promover sua saúde e segurança? É preciso desenvolver e pensar
aspectos que tornem a vida ocupacional dos trabalhadores mais interessante, menos peri-
gosa, menos desgastante, etc.
• Cliente: em questões de atendimento e qualidade do produto e/ou serviço oferecido ao
cliente da empresa, a sua pesquisa pode ser beneficiadora?
• Governo/Sociedade: refletindo sobre uma dimensão mais ampla, social e/ou governamen-
tal, pense em aspectos positivos que a sua pesquisa poderá proporcionar para a cidade,
estado ou nação.

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Elaboração de Projetos

6. METODOLOGIA

A metodologia deve apresentar o modo como será feita a pesquisa, definindo: o tipo de pes-
quisa, os procedimentos adotados, a forma de análise dos dados, características da população e/ou
da organização pesquisada e demais informações que julgarem relevantes.

6.1 Classificação da pesquisa

6.1.1 Quanto ao tipo


A) Pesquisa Exploratória: Trata-se de uma pesquisa realizada acerca de um tema novo, que
ainda não possui estudos consistentes ou fontes suficientes de referência. Diante dessa situação, é
preciso que o estudante explore (daí o termo, exploratória) um tema, de forma inovadora, criativa, vi-
sando gerar encaminhamentos, pontos de partida, indagações que servirão a pesquisas futuras sobre
o mesmo tema. Devido à falta de materiais e informações sobre o tema de pesquisa, o investigador
deve realizar:

• Uma pesquisa bibliográfica de temas afins ou semelhantes ao tema pesquisado.


• Um levantamento de pessoas que tiveram experiência prática com o problema pesquisado.
• Uma análise de exemplos que estimulem a compreensão do fenômeno que deseja estudar.

B) Pesquisa descritiva: Descreve as características do fenômeno estudado e estabelece relações


entre as variáveis, levantando possibilidades de explicação dessas relações. De acordo com Junior
(2008), a pesquisa descritiva visa descobrir e observar os fenômenos, procurando descrevê-los, clas-
sificá-los, compará-los, interpretá-los e avaliá-los, com o objetivo de tornar as situações mais claras e
de idealizar planos, medidas e decisões.

6.1.2 Quanto à técnica


A) Estudo de caso: Técnica de pesquisa analisa profundamente o objeto pesquisado, visando o
exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação particular. O estudo de caso não
possibilita a generalização dos resultados obtidos e é de natureza eminentemente qualitativa, em que
o pesquisador realiza a sua pesquisa através de entrevistas e observações.

B) Levantamento: Técnica de pesquisa em que se solicitam informações a um número signifi-


cativo de pessoas, acerca do problema estudado, para, em seguida, através da análise quantitativa,
obterem-se conclusões correspondentes aos dados coletados.

• Vantagens: alcança um grande número de pessoas; reduz custos de pesquisa; permite que
entrevistados respondam no momento em que acharem mais adequado; não expõe ao en-
trevistado.

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111
Elaboração de Projetos
• Desvantagens: não permite retorno ao entrevistado; não possibilita que o pesquisador ana-
lise e conheça as circunstâncias em que foi respondido; muitas pessoas não respondem ao
instrumento; as amostras não adequadas podem comprometer o estudo.

C) Documental: Trata-se de uma pesquisa teórica que tem como referência a leitura, a análise
e a interpretação de documentos existentes acerca de um determinado fenômeno. Esses materiais
tanto podem ser livros e artigos científicos, como também relatórios de pesquisa, documentos in-
ternos disponibilizados por órgãos públicos, organizações ou famílias, documentos de época, fotos,
gravações, informações extraídas de jornais, revistas e boletins.

ATENÇÃO: não se deve confundir a utilização de pesquisa documental como técnica


de pesquisa e a utilização de documentos como instrumento de coleta de dados!

6.1.3 Instrumentos de coleta de dados


A) Coleta documental: Recolhimento de documentos e materiais pessoais ou da empresa pes-
quisada. Os documentos podem ser considerados fontes primárias ou secundárias, definidos de acor-
do com a o grau de publicidade do material.

B) Entrevistas: Consiste em uma indagação direta, realizada no mínimo entre duas pessoas,
com o objetivo de conhecer a perspectiva do entrevistado sobre o assunto pesquisado. As entrevistas
podem ser estruturadas, semiestruturadas ou livres. São estruturadas quando seguem um roteiro rí-
gido de questões previamente estabelecidas, são semiestruturadas quando é desenvolvido um roteiro
norteador da entrevista, que pode sofrer mudanças de acordo com as necessidades identificadas ao
longo da entrevista. A entrevista livre não segue nenhum tipo de roteiro.

• Vantagens: pode ser utilizada com todos os segmentos da população; oferece flexibilidade;
permite o entrevistador observar o seu entrevistado: gestos, postura, conforto ou descon-
forto ao abordar o tema, etc.
• Desvantagens: se não tratada de maneira adequada pode se tornar uma reunião de opini-
ões (senso comum); a relação entre entrevistador-entrevistado pode atrapalhar a obtenção
dos resultados; o entrevistado pode ter receio de se colocar e dar suas opiniões; é um pro-
cesso mais longo e, por fim, não pode envolver um número grande de pessoas.

A etapa de preparação da entrevista é muito importante e deve ser cuidadosa na escolha das
perguntas, no agendamento e tempo de duração e, por fim, deve ser realizada em um ambiente calmo
e propício para o diálogo.
A gravação da entrevista fica a critério do pesquisador, que deve considerar a possibilidade do
seu entrevistado se sentir inibido na presença do gravador. Caso o pesquisador opte pelo uso do gra-
vador, é preciso, sempre, solicitar a autorização do entrevistado.

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Elaboração de Projetos
C) Observação direta: trata-se de uma forma de coleta de dados em que o pesquisador, para
conseguir informações, utiliza os sentidos da observação. O pesquisador deve reunir tudo o que viu
e ouviu durante a observação e analisar, gerando um conhecimento acerca da realidade pesquisada.
Durante a observação, é importante realizar e registrar observações de acordo com o plano da pesqui-
sa e com o que é apresentado no momento do estudo. A observação direta é fundamental no proces-
so de elaboração de uma análise crítica a respeito do problema pesquisado, descrevendo, analisando,
construindo significados, apontando problemas e identificando possibilidades e alternativas para as
questões em análise.

D) Questionário: utilizado geralmente em pesquisas quantitativas, os questionários são instru-


mentos que possibilitam acessar um maior número de pessoas de maneira mais rápida e eficaz. Como
o processo de elaboração dos questionários é complexo e demorado, em sua pesquisa para o trabalho
de conclusão de curso, você pode utilizar questionários elaborados por outros estudiosos, desde que
faça as devidas atribuições autorais, citando e referenciando o responsável pela elaboração do instru-
mento. Sendo um instrumento que possibilita o acesso a um maior número de pessoas, o questioná-
rio apresenta a grande desvantagem de não oferecer respostas mais aprofundadas sobre as questões
investigadas e, além disso, é um material diretivo e não permite ao respondente desenvolver e expli-
car melhor determinados fatores relacionados ao tema de pesquisa.

IMPORTANTE: É possível e até mesmo recomendável que você utilize mais de um


tipo de instrumento de coleta de dados!

7. REVISÃO TEÓRICA, JURÍDICA E NORMATIVA

Para a realização de todo trabalho acadêmico é fundamental conhecer as obras e os artigos


já publicados pelos estudiosos. Não se faz ciência no vazio, é preciso investigar o que a comunidade
científica tem apresentado sobre o tema. E, ainda, especialmente para a formação do técnico em se-
gurança do trabalho há a necessidade de sempre se manter atualizado na área jurídica e normativa.
Para a revisão teórica, jurídica e normativa devem ser utilizadas as seguintes fontes de pesquisa:

A) Revisão teórica: os livros da área de segurança do trabalho são fundamentais para o desen-
volvimento do trabalho, bem como os artigos científicos publicados. Alguns livros serão encontrados
na biblioteca da escola e os artigos científicos podem ser pesquisados na internet.

ATENÇÃO! Muito cuidado ao utilizar a internet como fonte de pesquisa, pois se trata
de um conjunto de informações pouco criteriosas e muito pouco úteis para a pesquisa
científica. Para amenizar o risco de coletar informações falsas e superficiais, sugerimos o
uso do Google Acadêmico, uma ferramenta que seleciona, na busca, as informações com
caráter científico e veiculadas, predominantemente, por pesquisadores.

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Elaboração de Projetos
B) Revisão jurídica e normativa: Para um bom técnico em segurança do trabalho, as normas
jurídicas devem constituir como consulta permanente. Como estudantes em realização de trabalho
de conclusão de curso, há três fontes principais: a Constituição Federal, especialmente o artigo 7º,
que lista os direitos sociais dos trabalhadores; a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), priorizando a
seção dedicada à Segurança e Medicina do Trabalho e, principalmente, as Normas Regulamentadoras
editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
A pesquisa para a revisão teórica, jurídica e normativa é realizada conforme o tema de pesqui-
sa e deve começar tão logo inicie o semestre, pois o estudo constante pode ajudar a amadurecer as
ideias que sustentam a proposta de pesquisa.
Sempre que selecionado o material, recomenda-se a elaboração de fichamentos ou resumos
com as principais colaborações daquele autor ou autora. Ao longo do estudo será possível ter uma
compreensão global sobre aquele tema e, assim, você conseguirá se apropriar do assunto com clareza
e segurança. Para o seu projeto final, você poderá realizar citações de trechos dos artigos e obras es-
tudados, mas nunca poderá reproduzir trecho ou obra completa sem a devida referência. Plágio cons-
titui crime e a citação referenciada empresta confiabilidade, seriedade e idoneidade do pesquisador.
(Bertucci, 2008)

8. COLETA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS.

A coleta de dados deve ser planejada conforme o tema e os objetivos do projeto. Conforme já
foi enfatizado nas demais seções, é importante a revisão teórica, jurídica e normativa para auxiliar no
processo da pesquisa, além da pesquisa de campo, que pode ser desenvolvida na forma de questioná-
rios, entrevistas ou observação do local. A estrutura e o formato dessa coleta de dados serão definidos
conforme o tempo disposto pelo pesquisador e a necessidade de cada pesquisa.
A coleta de dados é seguida de sua organização, análise e discussão. Quando realizada a pes-
quisa de campo, é importante extrair das informações coletadas, aquelas que dialogam com a inves-
tigação teórica, jurídica e normativa. Este é o momento de expor os resultados de maneira lógica
através da:
a) explicação: tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo, descrever;
b) Discussão: comparar várias posições sejam elas fruto da teoria ou da pesquisa de campo e
c) Demonstração: argumentar apropriadamente à natureza do trabalho. (Severino, 2000)

A articulação entre dados da pesquisa de campo e da pesquisa teórica confere fluidez e dinami-
cidade ao texto escrito, evitando a fragmentação e a descontinuidade. Entretanto, é preciso, para se
obter um texto bem escrito, estudar o tema e, principalmente, inserir na vida cotidiana o hábito da
leitura e da escrita.

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Elaboração de Projetos

9. CRONOGRAMA E RECURSOS

Os vários momentos da pesquisa, desde a escolha do tema, até a entrega do trabalho final
deverão ser planejados e distribuídos no tempo. No cronograma, é possível descrever as etapas do
trabalho e o período de realização de cada uma delas.


Os recursos, por sua vez, devem ser descritos e variam conforme o tipo de projeto a ser desen-
volvido. Em alguns casos, é necessário especificar os recursos a serem utilizados, bem como o custo
gerado por cada um deles. Principalmente em projetos empresariais, comuns são os gastos com pro-
fissionais especialistas, diárias (transporte ou hospedagem), materiais de consumo, serviços diversos
e equipamentos para a realização e implantação do projeto.

10. CONCLUSÃO E REVISÃO DO TRABALHO



A conclusão é a última parte do trabalho, em que se devem recapitular sinteticamente os re-
sultados encontrados até então. É o momento em que o autor pode manifestar o seu ponto de vista
sobre os resultados e o alcance por eles atingido.
Para o curso técnico em segurança do trabalho têm sido interessantes as conclusões que apon-
tam sugestões e críticas para a melhoria de sistemas de proteção à saúde e à segurança do trabalha-
dor.
Após a elaboração escrita do trabalho, é imprescindível a revisão textual. Nesta revisão, deve-se
atentar à ortografia, coerência e clareza da escrita.

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Elaboração de Projetos

PARTE 2. NORMAS TÉCNICAS E ESTRUTURA DO PROJETO

1. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais são itens que servem para identificar o trabalho, nominar os sujei-
tos que contribuíram para sua realização, além de fornecer uma lista orientadora de seu conteúdo.
Os elementos pré-textuais são compostos por:

A) Capa: revestimento externo com dados da instituição, autor, título do trabalho, local e data
de sua realização. A capa pode ser elaborada conforme o modelo:

B) Folha de rosto: indica a finalidade para a qual o trabalho foi elaborado. Deve conter nome
do autor, título do trabalho, natureza, grau obtido e nome da instituição, além de indicar
local e data, segundo o modelo:

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Elaboração de Projetos

C) Dedicatória: item opcional, em que o autor (a) do trabalho escolhe pessoas ou instituições
para dedicar o seu trabalho. Pode ser escrito no canto inferior direito da folha.
D) Agradecimentos: item opcional, em que o autor (a) agradece a pessoas ou instituições que
auxiliaram na execução do trabalho.
E) Sumário: enumeração dos capítulos e seções que dividem o conteúdo do trabalho. Os ele-
mentos pré-textuais não são enumerados no sumário.

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Elaboração de Projetos

2. ELEMENTOS TEXTUAIS

Em nosso trabalho de conclusão de curso, são considerados elementos textuais:

1) Introdução,
2) Objetivos,
3) Justificativa,
4) Metodologia,
5) Apresentação de Resultados,
6) Cronograma,
7) Recursos e
8) Conclusão.
Devem ser elaborados conforme orientação da primeira parte desta apostila e escritos de acor-
do com as regras da ABNT:

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Elaboração de Projetos
• Espaçamento: 1,5 cm.
• Fonte: Times New Roman ou Arial, em tamanho 12, inclusive títulos e subtítulos.
• Margens: Esquerda e Superior: 3 cm; Direita e Inferior: 2 cm.

O texto deve ser escrito em papel de formato A4 e, entre o título e o texto devem conter dois
espaços e o parágrafo deve ser recuado a 1,25 cm. Atenção às citações: quando ultrapassam 3 linhas,
devem ser deslocadas do texto, em espaçamento simples e tamanho 10. O recuo deve ser de 4 cm.
Quando não ultrapassam as três linhas, devem vir incorporadas ao texto, entre aspas. Há, ainda, a ci-
tação indireta, em que o pesquisador explica, com suas próprias palavras, a ideia de outro autor, sem
reproduzi-la literalmente. Em todos os casos, as citações devem ser referenciadas com o nome do
autor, ano da publicação e número da página do texto original. Confira os modelos retirados da disser-
tação “Segurança no trabalho: atuação preventiva e repressiva do Direito”, de Isabela Vieira Botelho.

Modelo 1: Citação livre ou indireta


Sussekind leciona que a proteção social aos trabalhadores decorre da própria essência socioló-
gica do Direito do Trabalho, sendo inerente a todo o sistema jus trabalhista. (SUSSEKIND, 2001, p. 66).
Rodriguez afirma que este princípio se refere ao critério fundamental que orienta o Direito do
Trabalho, pois, ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade, responde ao objeto de estabelecer
um amparo preferencial a uma das partes: o trabalhador. (RODRIGUEZ, 1993, p. 28).

Modelo 2: Citação textual ou direta

• Citação longa
A encíclica Rerum Novarum anunciou sobre os malefícios das jornadas prolongadas na parte
que trata da proteção do trabalho dos operários, mulheres e crianças:

Não é justo nem humano exigir do homem tanto trabalho a ponto de fazer, pelo
excesso da fadiga, embrutecer o espírito e enfraquecer o corpo. A atividade do ho-
mem, restrita como a sua natureza, tem limites que não se podem ultrapassar. O
exercício e o uso aperfeiçoam-na, mas é preciso que de quando em quando se sus-
penda para dar lugar ao repouso. Não deve, portanto, o trabalho prolongar-se por
mais tempo do que as forças permitem. Assim, o número de horas de trabalho diário
não deve exceder a força dos trabalhadores, e a quantidade de repouso deve ser
proporcional à qualidade do trabalho, às circunstâncias do tempo e do lugar, à com-
pleição e saúde dos operários. (MORAES, 2002, p.63).

• Citação curta
Selligmann Silva explica que “as síndromes depressivas podem ter sua patogenia, desencadea-
mento e evolução nitidamente associadas às vivências do trabalho.” (GLINA et al., 2001, p. 615).

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Elaboração de Projetos

3. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

São os elementos que devem aparecer no final do trabalho para listar as fontes de referências
utilizadas e comprovar as informações que foram colocadas no trabalho. As fontes de consulta devem ser
atualizadas ao longo da elaboração do trabalho, para que nenhuma seja omitida ou colocada desnecessa-
riamente.
Os itens que compõem os elementos pós-textuais são:

A) Referências: são obrigatórias e devem ser colocadas logo após a conclusão, onde constarão
as fontes de informação utilizadas pelo pesquisador. As referências devem ser escritas con-
forme as seguintes normas da ABNT:

• Início na margem esquerda, inclusive as demais linhas;


• Ordem alfabética;
• Sobrenomes em letra maiúscula;
• Os prenomes devem estar todos por extenso ou todos abreviados;
• Espaçamento simples.

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120
Elaboração de Projetos
B) Apêndices: São documentos elaborados pelo pesquisador e que não são adequados para a
inserção direta no texto, mas que complementam e enriquecem o trabalho. São eles: rotei-
ro de entrevistas, questionários ou figuras ilustrativas.
C) Anexos: São documentos não elaborados pelo pesquisador e que por sua relevância são
aproveitados como fonte de pesquisa. São eles: cartas, atas, tabelas, legislação.

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121
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

HIGIENE DO TRABALHO
Higiene do Trabalho

SUMÁRIO

HIGIENE OCUPACIONAL
Introdução ..................................................................................................................125
Classificação de riscos ambientais ............................................................................. 126
Caracterização dos riscos ...........................................................................................128
Levantamento qualitativo ..........................................................................................129
Levantamento quantitativo.........................................................................................130
Conceitos básicos ...................................................................................................... 131

AGENTES FÍSICOS
Ruído ..........................................................................................................................132
Calor .......................................................................................................................... 146
Radiações Ionizantes e não Ionizantes .......................................................................155
Pressões anormais .....................................................................................................161
Vibração .....................................................................................................................162
Frio ............................................................................................................................ 174
Umidade .....................................................................................................................177
Riscos químicos ......................................................................................................... 177

AGENTES BIOLÓGICOS
Conceitos básicos ...................................................................................................... 195
Limite de tolerância .....................................................................................................196

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................199

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

124
Higiene do Trabalho

HIGIENE OCUPACIONAL

INTRODUÇÃO
O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes benefícios e conforto
para o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a diversos agentes potencialmente nocivos
e que, sob certas condições poderão provocar doenças ou desajustes no organismo das pessoas que
desenvolvem suas atividades normais em variados locais de trabalho.

A Higiene Ocupacional, estruturada como um a ciência prevencionista, vem sendo aperfeiçoada


dia a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo de
agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentração e tomar as medidas de controle ne-
cessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.

Dentre as definições conhecidas e mais amplamente difundidas, podemos citar:

 A definição dada pela American Industrial Hygiene Association – AIHA, segundo a qual a
higiene ocupacional ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle
dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar
dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e
no meio ambiente.
 De acordo com o conceito preconizado por Olishifski (Fundamentals of Industrial Hygiene),
a higiene ocupacional tida como “aquela ciência e arte devotada à antecipação, reconhe-
cimento, avaliação e controle dos fatores de risco ou estresses ambientais originados no,
ou a partir, do local de trabalho, os quais podem causar doenças, prejudicar a saúde e o
bem-estar, ou causar significante desconforto sobre os trabalhadores ou entre os cidadãos
de uma comunidade”.
 A definição da American Conference Of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH: “ci-
ência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais
originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde
e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os
cidadãos da comunidade”.

O termo higiene ocupacional, que abrange a modalidade industrial, é considerado o mais amplo
pelos órgãos especializados, incluindo a Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segu-
rança e Medicina do Trabalho, razão pela qual sua utilização tem sido preferida. No entanto, a nosso
ver, o termo higiene do trabalho poderá ser igualmente aplicado, pois contempla, além do trabalho
subordinado (empregos), os trabalhos autônomo, avulso, estatuário, etc.
A higiene ocupacional é a ciência que atua no campo da saúde ocupacional, através da anteci-
pação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos físicos, químicos e biológicos originados nos
locais de trabalho e passíveis de produzir danos à saúde dos trabalhadores, observando-se também o

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

125
Higiene do Trabalho
impacto ao meio ambiente.
Os riscos físicos são: ruído, calor, vibração, radiação ionizante, radiação não ionizante, frio e umi-
dade. Os agentes químicos são: gases, vapores, poeira, fumos, névoas, neblinas e fibras. Os agentes
biológicos são: bactérias, fungos, vírus, protozoários, e parasitas.
O interesse de médicos e pesquisadores com relação a doenças ocupacionais começou em vir-
tude do livro “De Morbis Artificum Diatriba”, escrito por Bernardino Ramazzini em 1700, onde foram
relatadas 50 doenças relacionadas com o trabalho. O autor se notabilizou não só pela catalogação
das doenças relacionadas ao trabalho, mas também pela por incluir na anamnese a célebre pergunta:
“qual é a sua ocupação”?
Em 1948, com a criação da Organização Mundial da Saúde, estabelece o conceito de saúde: é o
completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de afecções ou enfermidades e
que o gozo do grau máximo de saúde que se pode alcançar é um dos direitos fundamentais de todo
ser humano.
A saúde, como direito universal e dever do Estado, é uma conquista do cidadão brasileiro, ex-
pressa na Constituição Federal e regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde.
O Ministério do Trabalho e Emprego junto com o Ministério da Previdência Social através do
Decreto No 3.048, de 6 de maio de 1999, caracteriza as doenças oriundas do trabalho em três tipos
são eles:

 Profissional: é a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determi-


nada atividade e constante da respectiva relação nexo causal AGENTE X DOENÇA.
 Trabalho: é a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o tra-
balho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação nexo técnico
AGENTE X TRABALHO.
 Ocupacional: é constando que a doença resultou das condições especiais em que o tra-
balho é executado e com ele se relacione diretamente, deve considerar como acidente do
trabalho AGENTE X TRABALHO X DOENÇA.

O Decreto Nº 3.048/99 também relaciona no Anexo nº 2 (Lista A,B e C) os tipos de Agentes Pato-
gênicos com as Doenças e os Trabalhos que as contém, configurando o Nexo Técnico Epidemiológico,
que consiste em identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma de-
terminada atividade profissional. Portanto, definem-se doenças profissionais como sendo aquelas al-
terações fisiopsicológicas provocadas ou inerentes a certas atividades profissionais, existindo sempre
uma relação indiscutível entre a causa e o efeito. A doença do trabalho seria aquela enfermidade que
nem sempre estaria rigorosamente relacionada com o trabalho e provocada por este, há necessidade
de comprovar a relação entre causa e efeito.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Boa parte dos processos de produção pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da
natureza, para transformá-los em produtos úteis, segundo as necessidades tecnológicas atuais são
capazes, de dispersar no ambiente dos locais de trabalho substancia que, ao entrar em contato com o

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

126
Higiene do Trabalho
organismo dos trabalhadores podem acarretar moléstias ou danos à sua saúde.
Estes processos poderão originar condições de intensidade e/ou concentração inadequados
para o organismo humano, sendo que os riscos são geralmente de caráter acumulativo e chegam às
vezes a produzir graves danos aos trabalhadores.
O ser humano é composto por um organismo complexo e seu bem estar não esta relacionada
somente às condições físicas ambientais e ou presença de agentes agressivos, deve-se compreender
a importância da influencia da organização do trabalho sobre o trabalhador, sendo também um fator
muitas vezes não facilmente quantificável, mas de grande importância.
Para facilitar o estudo dos Riscos Ambientais podemos classificá-los em cinco grupos cada um
com uma cor: Risco Físico – verde; Químico – vermelho; Biológico – marrom; Ergonômico – amarelo
e Risco de Acidente – azul, existentes nos locais de trabalho e que possam vir a causar danos à saúde
dos trabalhadores.
Embora para fins de atender a NR-9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais) somente
são considerados como Riscos Ambientais os Riscos Físico, Químico e Biológico. Já é sabido que exis-
tem outras NRs que abordam esses tais riscos como as NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços
em Eletricidade) e a NR-17 (Ergonomia). Estudos mostram que a avaliação e controle destes riscos têm
diminuído o numero de acidentes registrados pelas empresas.
Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se quer em função das formas em que se apre-
sentam, ou devido às características físico-químicas dos agentes, de acordo com as consequências
fisiológicas que estes podem provocar, segundo sua ação sobre o organismo, etc.

Riscos Químicos
As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classifi-
cam-se, segundo as suas características físico-químicas em: Aerodispersóides; Gases e Vapores Ambos
os grupos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito ao período de permanência
no ar, quanto as possibilidade de ingresso no organismo.
Por sua vez, os aerodispersóides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo ao seguinte esque-
ma geral de classificação:

Fonte:Google.com

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127
Higiene do Trabalho

Os aerodispersóides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho da partícula e à


sua forma de origem.
São poeiras e névoas os aerodispersóides originados por ruptura mecânica de sólidos e líquidos
respectivamente, e fumos e neblinas aqueles formados por condensação ou oxidação de vapores,
provenientes, respectivamente, de substâncias sólidas ou líquidas a temperatura e pressão normal
(20º C e 1 atmosfera de pressão).

Riscos Físicos
Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de energia entre o orga-
nismo e o ambiente, em quantidade maior de que o organismo é capaz de suportar, podendo acarre-
tar uma doença profissional.
Entre os mais importantes podemos citar: Temperaturas extremas (Calor e Frio); Ruído; Vibra-
ções; Pressões anormais; Radiações (Ionizantes e Não ionizantes).

Riscos Biológicos
Neste grupo, estão classificados os riscos que representam os organismos vivos, tais como:
Vírus; Bactérias; Fungos; Protozoários e Parasitas.

Riscos Ergonômicos
São os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador devido a sua in-
teração com o seu ambiente de trabalho, podendo ocasionar desconforto ou doença.
São considerados riscos ergonômicos: Esforço físico intenso; Levantamento e transporte manu-
al de peso; Exigência de postura inadequada; Controle rígido de produtividade; Imposição de ritmos
excessivos; Trabalho em turno e noturno; Fornadas de trabalho prolongadas; Monotonia e repetitivi-
dade; Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico.

Riscos de Acidentes
São todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua integridade física.
São considerados como riscos geradores de acidentes: Arranjo físico inadequado; Máquinas e equi-
pamentos sem proteção; Ferramentas inadequadas ou defeituosas; Iluminação inadequada; Eletrici-
dade; Probabilidade de incêndio ou explosão; Animais peçonhentos; Armazenamento inadequado;
Outras situações que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

CARACTERIZAÇÃO DOS RISCOS


De tudo quanto se tem exposto, podemos concluir que as presenças de poluentes e agentes
agressivos nos locais de trabalho representam um risco, mas isto não quer dizer que todos os traba-
lhadores expostos venham a adquirir uma doença. Para que isto aconteça devem concorrer vários
fatores, que são:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

128
Higiene do Trabalho
 Tempo de exposição
Quanto maior o tempo de exposição, maiores as possibilidades de se produzir uma doença ocu-
pacional.

 Concentração ou Intensidade dos agentes ambientais


Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes no ambiente de
trabalho, tanto maior será a possibilidade de danos à saúde dos trabalhadores expostos.

 Características dos agentes ambientais


As características específicas de cada agente também contribuem para a definição do seu po-
tencial de agressividade.
O estudo do ambiente de trabalho visando estabelecer qualquer relação entre esse ambiente
e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços normais nesses locais
constitui o que chamamos um levantamento de condições ambientais de trabalho.
O levantamento pode se dividir em duas partes: O estudo qualitativo das condições de trabalho
visa coletar o maior numero de informações e dados necessários, a fim de fixar as diretrizes a serem
seguidas no levantamento quantitativo. O estudo quantitativo completará o reconhecimento preli-
minar dos ambientes de trabalho, através de medições adequadas, que no final nos dirão quais as
possibilidades de os trabalhadores serem afetados pelos diferentes agentes agressivos presentes nos
locais de trabalho.

LEVANTAMENTO QUALITATIVO
Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho, preferencialmente, fa-
zendo um estudo minucioso de uma planta baixa atualizada do assim como um fluxograma dos pro-
cessos, a fim de estabelecer a forma correta de proceder ao levantamento: saber o que fazer e como
fazer, nos diferentes locais de trabalho. O estudo qualitativo deve dar informação detalhada de aspec-
tos, tais como:

 Número de trabalhadores;
 Horários de trabalho;
 Matérias-primas usadas, incluindo nome comercial e nome científico de substâncias;
 Maquinarias e processos;
 Tipos de energia usada para a transformação de materiais;
 Produtos semielaborados;
 Produtos acabados;
 Substâncias complementares usadas nos processos;
 Existência ou não de equipamentos de controle, tais como: ventilação local, estado em que
se encontram etc.;
 Tipo de iluminação e estado das luminárias;
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

129
Higiene do Trabalho
 Presença de poeiras, fumos, névoas e ponto de origem da dispersão;
 Uso de EPI por parte dos trabalhadores;

Estas informações devem ser acrescidas de comentários por escrito, que permitam esclarecer a
situação real dos ambientes de trabalho.
O Técnico em segurança deve estar familiarizado com os processos industriais, métodos de tra-
balho e demais atividades que são efetuadas normalmente no local, ou estar assessorado por profis-
sional que esteja a fim de obter dados fidedignos e esclarecer as dúvidas que possam surgir durante
o levantamento.
Para maior facilidade na coleta da informação podem ser utilizadas fichas padronizadas que
tenham condições de reunir as informações mais importantes e necessárias.
Não existe um modelo único para fichas deste tipo, já que seu formato, tamanho, bem como os
parâmetros das mesmas pode variar em função do tipo de empresa e dos objetivos e finalidades do
levantamento. Portanto o técnico deve elaborar seu próprio material auxiliar, tendo em vista que tais
formulários sejam simples e completos, para que representem um poderoso instrumento, que venha
facilitar o levantamento e nunca interferir negativamente em sua qualidade.

LEVANTAMENTO QUANTITATIVO
Uma vez realizado o levantamento qualitativo, o profissional de segurança já reúne as condições
necessárias para traçar os rumos a serem seguidos no levantamento quantitativo. Este, por sua vez,
deve ser minucioso e completo para que represente as condições reais em que se encontra o ambien-
te de trabalho.
Deve-se, portanto, verificar a intensidade ou concentração dos agentes físicos e químicos exis-
tentes no local analisado. Desta forma são colhidos subsídios para definir as medidas de controle
necessárias.
Uma vez adotadas as medidas de controle que alterem as condições de exposição inicialmente
avaliadas, será necessário um novo levantamento quantitativo para se verificar a eficácia das medidas
implantadas.
Sempre que alterações substanciais sejam realizadas no ambiente de trabalho, deverão ser re-
alizadas novas quantificações, a fim de detectar possíveis alterações que exijam a adoção de novas
medidas de controle ou a adequação das já existentes. Os critérios de avaliação e controle de cada
agente serão estudados dentro dos itens específicos.

 Susceptibilidade Individual

A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a um determi-


nado agente pode variar de individuo para individuo. Sendo, portanto, a susceptibilidade individual
um fator importante a ser considerado.
Todos estes fatores devem ser estudados, quando se apresenta um risco potencial de doença do
trabalho e, na medida em que este seja claramente estabelecido, poderemos planejar a implantação
de medidas de controle que levarão à eliminação ou minimização do risco em estudo.
O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa desenvolvida

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

130
Higiene do Trabalho
pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como:
o Tipo de serviço;
o Movimentos do trabalhador ao efetuar o seu serviço;
o Períodos de trabalho e descanso, considerando todas as variações desses durante a jornada
de trabalho.
A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos devem ser avalia-
dos mediante amostragem nos locais de trabalho, de tal maneira que essas amostragens sejam as
mais representativas possíveis da exposição do trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo
deve considerar também as características físico-químicas dos contaminantes e as características pró-
prias que distinguem o tipo de risco físico.
Junto a este estudo ambiental terá que ser feito o estudo médico do trabalhador exposto, a fim
de determinar possíveis alterações no seu organismo provocadas pelos agentes agressivos ou que
permitirão a instalação de danos mais importantes, se a exposição continuar.

CONCEITOS BÁSICOS
 Limite de Tolerância
Entende-se por “Limite de Tolerância”, para os fins desta Norma, a concentração ou intensidade
máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não
causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.

 Limite de Tolerância – Média Ponderada


Representa a concentração média ponderada durante a jornada de trabalho. Podendo ter va-
lores acima do Limite de Tolerância, desde que sejam compensados por valores abaixo do
limite, acarretando uma média igual ou inferior ao Limite de Tolerância. Entretanto, estas
oscilações acima do limite não podem ser indefinidas, devendo respeitar um valor máximo.

 Limite de Tolerância – Valor Teto


Corresponde ao valor máximo da concentração que o agente químico pode estar acima do qual
não é permitida exposição em nenhum momento. Considerar-se excedido o Limite de To-
lerância, quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens ultrapassar os
valores fixados pela NR15.

 Limite de Ação ou Nível de Ação


É o valor de intensidade ou concentração de agentes nocivos acima do qual devem ser iniciadas
ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições ocupacionais
ultrapassem os Limites de Tolerância. (50% do Limite de Tolerância). Estes níveis de ação
estão definidos na NR-09, do MTE.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

131
Higiene do Trabalho
 ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists
o TLV / TWA – Média Ponderada pelo Tempo (Threshold Limit Value – Time Weighted Avera-
ge): É a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada normal de 8 horas
diárias e 40 horas semanais, à qual a maioria dos trabalhadores pode estar repetidamente
exposta, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde.
o TLV / STEL – Exposição de Curta Duração (Threshold Limit Value – Short-Term Exposure Li-
mit): É a concentração que os trabalhadores podem estar expostos continuamente por um
período curto sem sofrer efeitos adversos à saúde ou a eficiência do trabalho, cuidando-se
para que o limite de exposição - média ponderada (TLV-TWA), não seja ultrapassada.
o TLV / C – Valor Teto (Threshold Limit Value – Ceiling): é a concentração que não pode ser
excedida durante nenhum momento da exposição do trabalhador.

 Insalubridade

Em termos laborais significa o ambiente de trabalho hostil à saúde, pela presença de agente
agressiva ao organismo do trabalhador, acima dos limites de tolerância permitidos pelas normas técnicas.
“Art. 189 (CLT) - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde,
acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos.”
O exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de
adicional, incidente sobre o salário mínimo, equivalente a: 40% para insalubridade de grau máximo;
20% para insalubridade de grau médio; 10% para insalubridade de grau mínimo;
No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau
mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa.
A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer: com a adoção de medidas de
ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; com a utilização
de equipamento de proteção individual.

AGENTES FÍSICOS

RUÍDO

Conceitos e parâmetros básicos:

 Som
O som é qualquer vibração ou conjunto de vibração ou ondas mecânicas que podem ser ouvi-
das. Na higiene ocupacional, costuma-se denominar barulho como todo o som indesejável; o barulho
e o ruído são interpretações subjetivas e desagradáveis de um som.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

132
Higiene do Trabalho
Para a vibração ser ouvida, é necessário que a frequência do som situe-se entre 16 a 20.000 Hz,
e a variação de pressão sonora provocada pela vibração atinja o limiar de audibilidade (2xIO-5 N/m2).

 Ruído
Do ponto de vista de Higiene do Trabalho: “O ruído é o fenômeno físico vibratório com carac-
terísticas indefinidas de variações de pressão (no caso ar) em função da frequência, isto é, para uma
dada frequência podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações de diferentes pres-
sões”.
Essa é uma situação real e frequente, daí se utilizar a expressão ruído, “mas que não necessaria-
mente significa pressão
sensação subjetiva do barulho”. Ex.: choro da criança.
que atinge o limiar de audibilidade. Por meio de pesquisas realizadas com ¾
pessoas jovens, sem problemas auditivos, foi revelado que o limiar de audibilidade é
 Nível de pressão sonora — Decibel
de 2x10-5 N/m2 ou 0,00002 N/m2. Desse modo, convencionou-se este valor como
O nível de pressão sonora determina a intensidade do som e representa a relação do logaritmo
sendo O (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência utilizado pelos
entre a variação da pressão (P) provocada pela vibração e a pressão que atinge o limiar de audibili-
dade. Por meiofabricantes
de pesquisasdos medidores de nível de pressão sonora. Quando a pressão sonora
realizadas com pessoas jovens, sem problemas auditivos, foi revelado
atinge o valor de 200
que o limiar de audibilidade é de 2x10-5N/m2, a pessoa
N/m2 exposta
ou 0,00002começa a sentir
N/m2. dor nomodo,
Desse ouvido convencionou-se
(limiar este
da dor), sendo este valor correspondente a 140 dB.
valor como sendo O (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência utilizado pelos fabricantes dos
medidores de nível deA pressão sonora.
determinação Quando
do nível a pressão
de pressão sonorasonora
é feita atinge
através odevalor
uma de 200 N/m2, a pessoa
relação
exposta começa a sentir dor no ouvido (limiar da dor), sendo este valor correspondente a 140 dB.
logarítmica, conforme a equação a seguir:
A determinação do nível de pressão NPS =sonora
10 log Pé2 feita
/ P02 através de uma relação logarítmica, conforme
a equação a seguir:
NPS =(rms)
Onde: P é a raiz média quadrática 10 log
das P2 / P02dos valores instantâneos da
variações
pressão sonora; P0 = Pressão de referência que corresponde ao limiar de
Onde: P éaudibilidade
a raiz média quadrática
(2x10 -5
N/m2). (rms) das variações dos valores instantâneos da pressão sono-
ra; P0 = Pressão de referência
Se for aplicada corresponde
que ao limiar
à fórmula o valor de
de 2x10 -3 audibilidade (2x10-5
N/m2 (constante) N/m2).
ela poderá
Se for aplicada à fórmula o valor de 2x10-3 N/m2 (constante) ela poderá também ser expressa
também ser expressa da seguinte maneira:
da seguinte maneira: NPS = 20 log P + 94
NPS = 20 log P + 94
¾ Frequência do som
 Frequência do som
A frequência do som corresponde ao número de vibrações na unidade de ¾
A frequência do som corresponde ao número de vibrações na unidade de tempo. Assim, uma
tempo. Assim, uma vibração completa ou ciclo sobre seu tempo de duração, por
vibração completa ou ciclo sobre seu tempo de duração, por exemplo, de 0,01 segundo é igual a:
exemplo, de 0,01 segundo é igual a:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
150
“Fundação de133
Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Higiene do Trabalho
 Nível de intensidade sonora e nível de potência sonora
Além do nível de pressão sonora, outros parâmetros como o nível de intensidade e potência
sonora são utilizados em acústica para especificar o ruído de equipamentos, cálculos de isolamento, e
estimativa de ruído que uma fonte produz a uma determinada distância.
O nível de intensidade sonora, também expresso em dB, é igual a:
NIS = 10 log l / In

Onde: L é a intensidade sonora em um ponto específico e a quantidade média de energia sonora


transmitida através de uma unidade de área perpendicular à direção de propagação do som. O nível
de intensidade sonora expresso em dB é igual a: LØ= Intensidade de referência igual a 10-12 Watt/m2
Já o nível de potência sonora, também expresso em dB, é igual a:
NWS= 10 log W / WØ

Onde: W é a Potência sonora da fonte em watts e representa a quantidade de energia acústica


produzida por uma fonte sonora por unidade de tempo. WØ é a Potência sonora de referência igual
a 10-12 watts.

 Nível de decibel compensado ou ponderado


O ouvido humano responde de forma diferente nas diversas frequências, portanto, ouvir um
som em 3000 Hz a sensação é diferente de ouvi-lo a 500 Hz. Desse modo, com base em estudos de
nível de audibilidade, foram desenvolvidas as curvas de decibéis compensados ou ponderações nas
frequências A, B, C e D, de forma que simulem a resposta do ouvido.
Estas curvas de compensação foram padronizadas internacionalmente e introduzidas nos circui-
tos elétricos dos medidores de nível de pressão sonora.

A figura que se segue mostra as curvas de compensação:

Pelo gráfico, observa-se que um som de 100 dB emitido numa frequência de


50 Hz, quando compensado pelas curvas, fornecerá as seguintes leituras no
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3
medidor de nível de pressão sonora:
134
o Curva A – 70,0 dB
o Curva B – 82,0 dB
o Curva C – 99,0 dB
Higiene do Trabalho
Pelo gráfico, observa-se que um som de 100 dB emitido numa frequência de 50 Hz, quando com-
pensado pelas curvas, fornecerá as seguintes leituras no medidor de nível de pressão sonora:
o Curva A – 70,0 dB
o Curva B – 82,0 dB
o Curva C – 99,0 dB
o Curva D – 86,0 dB
As normas internacionais e o Ministério do Trabalho adotaram a curva de compensação “A” para
medições de níveis de ruído contínuo e intermitente, devido à sua maior aproximação à resposta do
ouvido humano.
O circuito “A” aproxima-se das curvas de igual audibilidade para baixos Níveis de Pressão Sono-
ra; o circuito “B” para médios Níveis de Pressão Sonora; e o circuito “C” para Níveis de Pressão Sonora
mais alta. Hoje, entretanto, somente o circuito “A” é largamente usado, uma vez que os circuitos “B”
e “C” não tiveram boa correlação em testes subjetivos. Uma curva especializada, a compensação “D”,
foi padronizada para medições em aeroporto.

 Incremento de duplicação da dose


O incremento em decibéis é quando o acréscimo a um determinado nível implica a duplicação
da dose de exposição ou redução pela metade do tempo máximo de exposição (NHO-01 – Fundacen-
tro). Exemplo: Na NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), Anexo l, o incremento de duplicação é
igual a cinco.

 Dose equivalente de ruído ou efeitos combinados


Quando a exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos de exposição de diferentes
níveis, devem ser considerados seus efeitos combinados, ao invés dos efeitos individuais. Este efeito
combinado ou dose equivalente é calculado através da soma das seguintes frações:
C1 / T1 + C2 / T2 + C3 / T3... Cn / Tn

Onde: Cn = Tempo total de exposição a um nível específico. Tn = É a duração total permitida a


esse nível. O resultado obtido não pode exceder a 1 (um).
Os efeitos combinados podem ser obtidos com maior precisão utilizando-se o audiodosímetro,
o qual indica a dose em percentual, assim, o limite será excedido quando esta for superior a 100%.
A dose ou efeito combinado pode ser obtido também com o medidor de NPS. Entretanto, neste
caso, o procedimento é bem trabalhoso, pois é necessário estimar ou cronometrar com exatidão os
tempos de exposição a cada nível.

 Nível equivalente de ruído


Com base na dose, obtém-se o nível equivalente de ruído. Este nível apresenta a exposição
ocupacional do ruído durante o tempo de medição e representa a integração dos diversos níveis ins-
tantâneos de ruído ocorridos nesse período. A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) considera o
incremento de duplicação igual a cinco (q=5), isto é, a cada incremento de 5 dB no nível equivalente,
dobra a equivalência de energia e, consequentemente, o risco de dano auditivo. Assim, a equação que
representa o critério adotado pela é a seguinte:
Leq = 100 + 16,61 x log D/T

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135
Higiene do Trabalho
Onde: D = Dose equivalente em fração decimal, ou seja, o valor obtido no audiodosímetro deve
ser dividido por 100. T = Tempo de medição. LEQ = Nível equivalente de ruído.

 Ruído contínuo e intermitente


Segundo a NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) e a NHO-01 (Avaliação da Exposição Ocu-
pacional ao Ruído) da Fundacentro, o ruído contínuo ou intermitente é aquele não classificado como
impacto. Do ponto de vista técnico, ruído contínuo é aquele cujo NPS varia 3 dB durante um período
longo (mais de 15 minutos) de observação. Exemplo: o ruído dentro de uma tecelagem. Já o ruído in-
termitente é aquele cujo NPS varia de até 3 dB em períodos curtos (menor que 15 minutos e superior
a 0,2 segundos). Entretanto, as normas não diferenciam o ruído contínuo ou intermitente para fins de
avaliação quantitativa desse agente.

 Ruído de impacto ou impulsivo


A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) define ruído de impacto como picos de energia
acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.
Quando se utiliza a instrumentação específica pela norma American National Standards Institu-
te – ANSI S1. 4, S1.25 ou International Electrotechnical Commission – IEC 804, o ruído impulsivo ou de
impacto é automaticamente incluído na medição.
A única exigência é que a faixa de medição seja de 80 a 140 dB (A), e que a faixa de detecção de
pulso seja de, no mínimo, 63 dB(A). Não deve ser permitida nenhuma exposição para ouvidos despro-
tegidos a níveis de pico acima de 140 dB, medidos no circuito de compensação C. Se a instrumentação
não permite a medição de pico no circuito C, uma medição linear com o nível de pico abaixo de 140
dB pode ser usada para implicar que o nível de pico ponderado no circuito C está abaixo de 140 dB.

 Espectro sonoro
A faixa audível de frequência situa-se entre 16 e 2000 Hz, sendo inúmeras as possibilidades de
distribuição da energia sonora na referida faixa. Daí a necessidade de se avaliar as frequências em cer-
tos tipos de avaliação de ruído. A análise desta distribuição de nível de pressão sonora na faixa de fre-
quência é muito importante para determinar a nocividade do ruído e os meios adequados de controle.
Para realizar a análise de frequência, a faixa audível pode ser dividida em bandas de oitava, terça
de oitava e meia oitava, faixa de percentagem, faixa de largura constante, entre outras, sendo a banda
de oitava a mais usada na higiene ocupacional.

 Efeitos do ruído sobre o organismo


O ruído contribui para distúrbios gastrointestinais, distúrbios relacionados com o sistema nervoso
(por exemplo: irritabilidade, nervosismo, vertigens, etc.). Um ruído intenso e súbito acelera o pulso, eleva a
pressão arterial, contrai os vasos sanguíneos, contrai os músculos do estômago, dentre outras alterações.
Há pessoas que se adaptam ao ruído, e aparentemente este não interfere na sua habilidade ma-
nual e mental. Outras há, porém, que são extremamente sensíveis a este agente, sofrendo alterações
diversas em local muito ruidoso. O que ocorre normalmente com aqueles que são extremamente
sensíveis é que, após uma fase inicial de adaptação ao ruído, durante a qual vários sintomas se fazem
sentir, não sofrem mais alterações de ordem geral no organismo.
Quanto ao ruído na comunidade, é altamente indesejável, principalmente em zonas residen-
ciais, junto a escolas, clínicas, etc. Um dos aspectos é a sua interferência com o sono, pois um repouso
tranquilo é necessário para o bem-estar físico e mental.
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136
Higiene do Trabalho
 Efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo
o Ruptura do tímpano
Pode ocorrer a ruptura do tímpano por deslocamento de ar muito forte, como o resultante de
uma explosão, ou outros ruídos de impacto violento. A ruptura desta membrana que separa o ouvido
externo do ouvido médio é por causa da variação brusca e relativamente acentuada de pressão. É ge-
ralmente reversível, pois o tímpano, na maioria dos casos, cicatriza-se normalmente. A situação pode
tornar-se mais grave se houver complicações, como, por exemplo, infecção no ouvido médio.
Quanto aos níveis que causam ruptura do tímpano, não existe um limite exalo, pois a suscepti-
bilidade individual é fator importante. Na maioria dos casos, níveis de 120 dB causam uma sensação
de extremo desconforto; a 130 dB há sensação de prurido no ouvido com início de dor; e a 140 dB há
distinta sensação de dor nos ouvidos. Daí em diante pode ocorrer ruptura do tímpano, muito prová-
vel a 150 ou 160 dB. Tem havido casos raros de deslocamento dos ossículos do ouvido médio como
resultado de explosões violentas.

o Perda de audição por trauma sonoro


A perda de audição, resultante de exposição a níveis elevados de ruído, ou seja, por trauma so-
noro, pode ser temporária ou permanente.
Quando a diminuição da capacidade auditiva ou hipoacusia for temporária, o indivíduo gradual-
mente recupera sua audição. O mecanismo da surdez temporária não é bem conhecido, é como uma
fadiga auditiva. Um nível de ruído que causa alterações na capacidade auditiva deve ser considerado
como uma possível ameaça de surdez profissional.
A surdez permanente por trauma sonoro ocorre pela destruição das células sensoriais do órgão
de corti, sendo, portanto, uma surdez de percepção. Essa perda de audição, que é irreversível, pode
atingir proporções tais que incapacitem o indivíduo para a comunicação oral.
Pode ocorrer que um trauma violento, como o resultado de uma explosão, cause destruição
imediata das células ciliadas do órgão de corti o que, no entanto, é extremamente raro. O mais fre-
quente é um processo gradativo. As perdas de audição por trauma sonoro caracterizam-se por inicia-
rem na faixa de frequência entre 3000 cps e 6000 cps, mais frequentemente 4000 cps. O início de um
processo de surdez profissional pode ser constatado por meio de um exame audiométrico; a perda
de audição ao redor de 4000 cps aparece no audiograma com um formato característico, por isso sua
denominação de “gota acústica”.
Como, em casos de surdez profissional, as perdas começam em frequência acima daquelas in-
dispensáveis para a voz humana, o indivíduo inicialmente não percebe problema algum. Depois come-
ça uma dificuldade de ouvir sons agudos.
Quando a perda começa a afetar as frequências indispensáveis para a conversação é que o in-
divíduo passa a sentir dificuldades, que se tornam cada vez mais sérias, até a surdez quase total, se
não houver afastamento da exposição. Poderá haver sintomas colaterais como zumbido nos ouvidos,
reprodução do ruído industrial após sua cessação, insónia e, raramente, dor.

 Instrumentos de medição
o Medidor de nível de pressão sonora
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), Anexo l, estabelece que os níveis de ruído contínuo
ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB), com o instrumento de nível de pressão sonora
operando no circuito de compensação “A” e no circuito de resposta lenta. Já a American Conference
of Industrial Hygienists – ACGIH recomenda que o nível de pressão sonora deva ser determinado por
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137
Higiene do Trabalho
no circuito de resposta lenta. Já a American Conference of Industrial Hygienists –
ACGIH recomenda que o nível de pressão sonora deva ser determinado por um

um medidor de nível demedidor


pressão de sonora ou dosímetro
nível de pressão sonora ou que atenda,
dosímetro no mínimo,
que atenda, às especificações
no mínimo, às para
medidores de nível de som S1. 4/1983, S2A ou para dosímetros individuais de ruído, ambos da Ame-
especificações para medidores de nível de som S1. 4/1983, S2A ou para dosímetros
individuais de ruído, ambos da American National Standards Institute – ANSI. O
rican National Standards Institute – ANSI. O medidor do nível de pressão sonora determina o nível
medidor do nível de pressão sonora determina o nível instantâneo de ruído; e os
instantâneo de ruído; e os instrumentos mais modernos possuem analisador de frequência integrado,
instrumentos mais modernos possuem analisador de frequência integrado, conforme
conforme mostra a figura que se segue:
mostra a figura que se segue:

HIGIENE DO TRABALHO
Medidor de nível de pressão sonora integrado com analisador de frequência.

Fonte:http://www.vectus.com.br/resources/ima-
ges/decibelimetro_-_DEC_5030.jpg
o Analisador de frequência
Este instrumento é útil para determinarem-se as frequências do ruído e,
consequentemente, verificar se o nível de pressão sonora concentra-se nas
o Analisador de frequência
frequências onde a resposta subjetiva ao ruído é maior (2000 a 5000 Hz). Além
Este instrumento disso,
é útila para
análisedeterminarem-se
de frequências onde à as frequências
resposta do ruído
subjetiva permite e, consequentemente,
especificar os
verificar se o nível de pressão sonora
isolamentos concentra-se
acústicos nas frequências
e calcular a atenuação onde a resposta subjetiva ao ruído
dos protetores auriculares.
é maior (2000 a 5000 Hz). Além disso, a análise de frequências onde à resposta subjetiva permite es-
pecificar os isolamentos acústicos e calcular a (medidor
o Audiodosímetro atenuação dosde
integrado protetores
uso pessoal)auriculares.
Quando há exposição diária a diferentes níveis de ruído, devem ser

o Audiodosímetro (medidor
considerados os integrado de uso
efeitos combinados, ao pessoal)
invés dos efeitos individuais de cada um
deles. A determinação da dose ou efeito combinado e o nível equivalente de ruído
Quando há exposição diária a diferentes níveis de ruído, devem ser considerados os efeitos
devem ser feita, preferencialmente, por meio de medidores integrados de uso
combinados, ao invés dos efeitos individuais de cada um deles. A determinação da dose ou efeito
pessoal
com (dosímetrosdodecritério
as exigências ruído).estabelecido
Este equipamento deve (Atividades
na NR-15 ser configurado de acordo
e Operações ¾
combinado e o nível equivalente de ruído devem ser feita, preferencialmente, por meio de medidores
Insalubres), ou seja, jornada de trabalho 8 (oito) horas dose 100% ou 1 para 85 dB
integrados de uso pessoal (dosímetros de ruído). Este equipamento deve ser configurado de157 acordo
(A) e incremento igual a 5.

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3

Audiodosímetro
Fonte:http://img.olx.com.br/ima-
ges/90/905608021435498.jpg
o Calibrador acústico
Os instrumentos de medição devem ser calibrados antes e depois da
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medição. Parar tanto se utiliza uma fonte-padrão que emite som na frequência de
138
1000 Hz. Esse instrumento, ao ser ajustado no microfone do medidor, apresenta o
nível de pressão sonora de 94 dB, 114 dB ou outro valor, de acordo com a marca do
calibrador. Se o valor apresentado for diferente do padrão, o medidor poderá ser
ajustado. A figura abaixo lustra o calibrador acústico:
(A) e incremento igual a 5.

Higiene do Trabalho
o Calibrador acústico
Os instrumentos de medição devem ser calibrados antes e depois da medição. Parar tanto se
Audiodosímetro

utiliza uma fonte-padrão que emiteo Calibrador


som na frequência de 1000 Hz. Esse instrumento, ao ser ajustado
acústico

no microfone do medidor, apresenta o nível de pressão sonora de 94 dB, 114 dB ou outro valor, de
Os instrumentos de medição devem ser calibrados antes e depois da
medição. Parar tanto se utiliza uma fonte-padrão que emite som na frequência de
acordo com a marca do calibrador. Seinstrumento,
1000 Hz. Esse o valor ao serapresentado for diferente
ajustado no microfone do medidor, apresenta o do padrão, o medidor poderá
ser ajustado. A figura abaixo lustra o ocalibrador
valor apresentado for acústico:
nível de pressão sonora de 94 dB, 114 dB ou outro valor, de acordo com a marca do
calibrador. Se diferente do padrão, o medidor poderá ser
ajustado. A figura abaixo lustra o calibrador acústico:

¾ Limite de tolerância Calibrador acústico

Fonte:http://www.hertig.com.ar/fi-
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) define com o limite de
les/7/33/031020071323041191428584_7_33.jp-
tolerância a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a
158 gles/7/33/031020071323041191428584_7_33.jpg
natureza e o tempo de exposição ao “Fundação
agente, que não causará dano à saúde do
de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”

trabalhador durante sua vida laboral. Já a American Conference of Governmental


 Limite de tolerância
Industrial Hygienists – ACGIH estabelece que o limite de tolerância vise a proteger a
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) define com o limite de tolerância a concentração
maioria da população, de forma que a perda auditiva média produzida pelo ruído nas
ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,
frequências de 500, 1000 e 3000 Hz, durante 40 (quarenta) anos de exposição, não
que não causará dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral. Já a American Conference of
exceda a 2 dB. Assim, os valores dos limites de tolerância são referenciais para um
Governmental Industrial Hygienists – ACGIH estabelece que o limite de tolerância vise a proteger a
programa de conservação auditiva.
maioria da população, de forma que a perda auditiva média produzida pelo ruído nas frequências de
Consequentemente, o limite de tolerância representa as condições sob as
500, 1000 e 3000 Hz, durante 40 (quarenta) anos de exposição, não exceda a 2 dB. Assim, os valores
quais
dos limites de se acreditasão
tolerância que referenciais
a maioria dos trabalhadores expostos repetidamente
para um programa de conservação não sofra
auditiva.
efeitos adversos à sua capacidade de ouvir e entender uma conversação normal.
Consequentemente, o limite de tolerância representa as condições sob as quais se acredita que
a maioria dos trabalhadores expostos repetidamente
Insalubres)não sofra efeitos adversosou à sua capacidade de

HIGIENE DO TRABALHO
A NR-15 (Atividades e Operações definiu como ruído contínuo
ouvir e entender umaaquele
intermitente conversação normal.
eu não seja de impacto. Para o ruído contínuo ou intermitente, a
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres)
NR-15, Anexo I, fixa para cada definiu
nível de pressão como
sonora ruídodiário
o tempo contínuo
máximo ou intermitente aque-
le eu não seja de impacto.
permitido. Os limites Para
de otolerância
ruído contínuo ou intermitente,
e a metodologia de avaliaçãoa desta
NR-15, Anexo I, fixa para cada
estão
nível de pressão sonora
transcritos o tempo diário máximo permitido. Os limites de tolerância e a metodologia
a seguir:
de avaliação desta estão transcritos a seguir:

Anexo n. I Limites
Anexo n.de Tolerância
I Limites para Ruídos
de Tolerância Contínuos
para Ruídos e Intermitentes.
Contínuos e Intermitentes.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

139 159

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3


Higiene do Trabalho
1. Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tole-
rância, o ruído que não seja ruído de impacto.
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com ins-
trumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e circuito
de resposta lenta (slow). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância
fixados no Quadro deste anexo.
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário, será considerada a máxima
exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.
5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não
estejam adequadamente protegidos.
6. Se durante a jornada de trabalho ocorrer dois ou mais períodos de exposição a ruído de
diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a
soma das seguintes frações.
C1 / T1 + C2 / T2 + C3 / T3 ... Cn / Tn
Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído
específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro
deste Anexo.
7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou
intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e
iminente.

Anexo n. II Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto

1. Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de dura-
ção inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.
2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de
pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras
devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de
impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser
avaliado como ruído contínuo.
3. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta
para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (Fast) e circuito de
compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C).
4. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a
níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (Linear), medidos no circuito de resposta
para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (Fast), ofe-
recerão risco grave e iminente.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

140
¾ Adição e subtração de níveis de ruído
As operações em decibéis não são lineares. Assim sendo, 100 dB + 90 dB
Higiene do Trabalho
não é igual a 190 dB, pois a escala do nível de pressão sonora é uma relação
logarítmica.
 Adição e Portanto,
subtração para adicionar ou subtrair níveis de pressão sonora, é

HIGIENE DO TRABALHO
de níveis de ruído
As operações
necessário em decibéis
calcular nãomédia
a razão são lineares. Assim
quadrática dassendo, 100 dB
pressões de +cada
90 dBnível
não ée igual
em a 190 dB,
pois aseguida
escala do nível de pressão sonora é uma relação logarítmica. Portanto, para
efetuar a soma ou a subtração. Com estes dados, calcula-se o nível de adicionar ou sub-
trair níveis de pressão sonora, é necessário calcular a razão média quadrática das pressões de cada
nível epressão sonora total ou resultante. Contudo, para evitar cálculos complexos, foram
em seguida efetuar a soma ou a subtração. Com estes dados, calcula-se o nível de pressão so-
criadas
nora total as curvas de
ou resultante. adição epara
Contudo, subtração em dB, conforme
evitar cálculos complexos,gráficos
foram acriadas
seguir:as curvas de adição e
subtração em dB, conforme gráficos a seguir:

ADIÇÃO DE NÍVEIS DEADIÇÃO


PRESSÃODE
SONORA
NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA

SUBTRAÇÃO DE NIVEIS RUÍDO DE FUNDO

SUBTRAÇÃO DE NIVEIS RUÍDO DE FUNDO

161

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3

A avaliação do ruído pode ser feita com os seguintes objetivos:

¾ Avaliação ocupacional
FundaçãoEste
de Educação
tipo depara o Trabalho
avaliação de Minas
visa Geraisos
constatar – Curso Técnicoriscos
possíveis em Segurança
de dano do auditivo
Trabalho –eEtapa 3

seu controle. O efeito do ruído depende:141


1. NPS e distribuição de NPS por frequências (espectro sonoro).
2. Duração da exposição.
Higiene do Trabalho
A avaliação do ruído pode ser feita com os seguintes objetivos:
 Avaliação ocupacional
Este tipo de avaliação visa constatar os possíveis riscos de dano auditivo e seu controle. O efeito
do ruído depende:

1. NPS e distribuição de NPS por frequências (espectro sonoro).


2. Duração da exposição.
3. Número de vezes que a exposição se repete por dia.
4. Suscetibilidade individual.
Portanto, nessa avaliação, o higienista deve conhecer esses parâmetros de maneira que definia
a magnitude do risco e, consequentemente, adote as medidas de controle. A NR-09 (Programas de
Prevenção de Riscos Ambientais), NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) e ACGIH (American Con-
ference of Industrial Hygienists) são normas a serem seguidas nessa avaliação.

 Avaliação do ruído para caracterização da insalubridade


A perícia visando à possível caracterização da insalubridade tem como base legal a NR-15 (Ati-
vidades e Operações Insalubres), Anexos 1 e 2, sendo, na maioria das vezes, realizada em perícias
judiciais.

 Avaliação para fins de aposentadoria especial


Esta avaliação é realizada para fins de comprovação perante o INSS da exposição a níveis de
ruído prejudiciais à saúde. Os critérios utilizados nas avaliações ambientais deverão ser considerados,
além do disposto no Anexo IV do Decreto 3.048/99, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDA-
CENTRO.

 Avaliação para fins de conforto


O critério utilizado nesta avaliação está regulamentado na NR-17 (Ergonomia) e normas da
ABNT, em especial na NBR 10152/92, as quais serão mais detalhadas na disciplina de Ergonomia.

 Avaliação da perturbação do sossego público


Nesta avaliação, a regulamentação encontra-se em legislação municipal, estadual ou federal, e
normas técnicas pertinentes, em especial nas normas da NBR 10151/03 e NBR 10152/92 da ABNT, as
quais sugeríramos a leitura/consulta.

 Medidas de controle
As medidas de controle do ruído podem ser consideradas basicamente de três maneiras dis-
tintas: na fonte, trajetória e no homem. As medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias,
quando viáveis tecnicamente.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

142
Higiene do Trabalho
o Controle na fonte
Dentre as medidas de controle na fonte, podemos destacar:
 Substituir o equipamento por outro mais silencioso;
 Balancear e equilibrar partes móveis;
 Lubrificar eficazmente rolamentos, mancais, etc.
 Reduzir impactos na medida do possível;
 Alterar o processo;
 Programar as operações, de forma que permaneça o menor número de máquinas funcio-
nando simultaneamente;
 Aplicar material de modo que atenue as vibrações;
 Regular os motores;
 Reapertar as estruturas;
 Substituir engrenagens metálicas por outras de plásticos ou celeron.

o Controle no meio
Nãoosendo opossível
no o
Controle
Controle controle
meiono meiona fonte, o segundo passo é a verificação de possíveis medidas
aplicadas no meio, as quais
Não sendo consistem
possível em: na fonte, o segundo passo é a verificação de
o controle
Não sendo possível o controle na fonte, o segundo passo é a verificação de
possíveis
possíveis medidasmedidas aplicadas
aplicadas noas
no meio, meio,
quaisasconsistem
quais consistem
em: em:
 Evitar a propagação, por meio de isolamento;
ƒ aEvitar a propagação, por meio de isolamento;
 ƒConseguir
Evitar propagação,
um máximo deporperdas
meio de isolamento;
energéticas por absorção.
ƒ
ƒ Conseguir Conseguir um máximo de perdas energéticas por absorção.
um máximo defeito
perdas
O isolamento acústico pode ser dasenergéticas por absorção.
seguintes formas:
O isolamento acústico pode ser feito
Evitando que oacústico
O isolamento som propague-se a partir
pode ser feito da fonte: formas:formas:
das seguintes
das seguintes
Evitando
Evitando quepropague-se
que o som o som propague-se
a partir adapartir
fonte:da fonte:

Evitando
Evitando
Evitando queo
que
que o som osom
somchegue
chegue chegue aoreceptor:
ao receptor:
ao receptor:

Isolar aIsolar
fonte a– fonte – Significa
Significa a construção
a construção de barreira
de barreira que separe
que separe a causaado
causa
ruídodo ruído
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
do meiodo meio
que que o rodeia,
o rodeia, paraque
para evitar evitar que
este este
som sesom se propague.
propague.
143
Isolar oIsolar o receptor
receptor – Construção
– Construção de barreiras
de barreiras que separem
que separem a causaaecausa e odomeio do
o meio
individuo
individuo expostoexposto
ao ruído.ao ruído.
Isolamento
Isolamento acústicoacústico das ruidosas
das fontes fontes ruidosas
consisteconsiste na colocação
na colocação de barreiras
de barreiras
Isolar a fonte – Significa a construção de barreira que separe a causa do ruído
Higiene do Trabalho
do meio que o rodeia, para evitar que este som se propague.
Isolar o receptor – Construção de barreiras que separem a causa e o meio do
Isolar a fonte – Significa a construção de barreira que separe a causa do ruído do meio que o
rodeia, paraexposto
individuo ao este
evitar que ruído.som se propague.
Isolar o receptor
Isolamento – Construção
acústico de barreiras
das fontes ruidosasque separem
consiste na acolocação
causa e o demeio do individuo exposto
barreiras
ao ruído.
isolantes e absorventes de som. Melhores resultados serão obtidos se as barreiras
Isolamento acústico das fontes ruidosas consiste na colocação de barreiras isolantes e absor-
ventes derevestidas
forem internamente
som. Melhores resultadoscomserão
material absorvente
obtidos de somforem
se as barreiras (cortiça, lã de vidro,
revestidas internamente com
material
etc.); eabsorvente de som com
a face externa (cortiça, lã de vidro,
material etc.);
isolante dee som
a face(paredes
externa com material isolante de som
de alvenaria),
(paredes de alvenaria), conforme
conforme desenho a seguir: desenho a seguir:

Outra medida de controle na trajetória é procurar alcançar o máximo de perdas energéticas por
164 absorção por meio de tratamento acústico das superfícies. Esta medida é feita revestindo-se o local
com material absorvente de som,“Fundação
no sentidode Educação para
de se evitar reflexão deste.
o Trabalho de Minas Gerais”

o Controle no homem
Não sendo possível o controle do ruído na fonte e na trajetória, deve-se, como último recurso,
adotar medidas de controle no trabalhador.
Estas podem ser adotadas como complemento às medidas anteriores, ou quando não forem
suficientes para corrigir o problema. Como medida de controle no homem, sugere-se:

 Limitação do tempo de exposição


Consiste em reduzir o tempo de exposição aos níveis de ruído superiores a 85 dB(A), tomando-
-se o cuidado para que o valor-limite para exposição a dois ou mais níveis de ruído diferentes não seja
ultrapassado.

 Equipamentos de proteção individual — Protetores auriculares


São protetores colocados no ouvido do trabalhador, devendo ser utilizados quando não for pos-
sível o controle para atenuação do ruído a níveis satisfatórios.
Deve-se ressaltar que a simples utilização do EPI não implica eliminação do risco de o trabalha-
dor vir a sofrer diminuição da capacidade auditiva. Os protetores auriculares, para serem eficazes,
deverão ser usados de forma correta e obedecer aos requisitos mínimos de qualidade representada
pela capacidade de atenuação, que deverá ser devidamente testada por órgão competente. O uso
constante do protetor é importante para garantir a eficácia da proteção.

Exemplificando: para um protetor que garanta uma atenuação igual a 20 dB(A), quando usado
constantemente (100% do tempo), atenuará somente 5 dB(A) se o protetor for utilizado em 50% do
tempo de exposição, conforme o quadro a seguir:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

144
Exemplificando: para um protetor que garanta uma atenuação igual a 20
dB(A), quando usado constantemente (100% do tempo), atenuará somente 5 dB(A)
Higiene do Trabalho
se o protetor for utilizado em 50% do tempo de exposição, conforme o quadro a
seguir:

Os protetores auriculares devem ser capazes de reduzir a intensidade do ruído abaixo do limite
de tolerância,Os
sendo assim, auriculares
protetores é necessáriodevem
calcularser
suacapazes
atenuação
de com base
reduzir a em seu fator do
intensidade de proteção.
Os métodos normalizados para o cálculo são:
ruído abaixo do limite de tolerância, sendo assim, é necessário calcular sua
atenuaçãolongo
I. Método com (análise
base emdeseu fator de proteção. Os métodos normalizados para o
frequência)
Ocálculo
métodosão:longo consiste na confrontação dos níveis de pressão sonora em dB(A) encontrados
no ambiente com os dados de atenuação do EPI fornecido pelo fabricante, por bandas de frequência
de 125 a 8.000 Hz, deduzidos os desvios-padrão. A soma logarítmica dessas diferenças é a expressão
I. Método longo (análise de frequência)
do nível de pressão sonora total a que o indivíduo estará submetido após a colocação do referido EPI.
O método longo consiste na confrontação dos níveis de pressão sonora em
II. Método
dB(A) simplificado
encontrados valor único
no ambiente com—osNRR
dados de atenuação do EPI fornecido pelo
a. Método corrigido (Norma ANSI S.12.6 — 1984)
fabricante, por bandas de frequência de 125 a 8.000 Hz, deduzidos os desvios-
Este método
padrão. consiste
A soma em realizar
logarítmica medição
dessas do ruído
diferenças é a na curva “C”do
expressão e subtrair
nível deopressão
NRR (Noise Redu-
tion Rating) ou RC corrigido para uso real, isto é, o NRR fornecido pelo laboratório deve ser
sonora total a que o indivíduo estará submetido após a colocação do referido EPI.
corrigido para o uso real da seguinte forma:

II. Método simplificado valor único — NRR


• Protetor tipo concha — redução 25% do valor do NRR ou RC;
a. Método corrigido (Norma ANSI S.12.6 — 1984)
• Protetor tipo inserção moldável — redução 50% do valor do NRR ou RC;
Este método consiste em realizar medição do ruído na curva "C" e subtrair o
• Protetor de inserção pré-moldável — redução de 70% do NRR ou RC.
NRR (Noise Redution Rating) ou RC corrigido para uso real, isto é, o NRR fornecido
Portanto, o cálculo da atenuação será:
pelo laboratório deve ser corrigido para o uso real da seguinte forma:
• NPSc25%
Protetor tipo concha — redução = NPSm em do
do valor dB NRR
(A) - NRR. f
ou RC;
• Protetor tipo inserção moldável — redução 50% do valor do NRR ou RC;
Onde: NPSc = Nível de Pressão Sonora com proteção. NRR = Nível de Redução do Protetor.
Protetor
f•= Fator de inserção
de correção pré-moldável
igual a 0,75, 0,30— redução
e 0,5, de 70%
conforme do NRR do
a redução ou NRR
RC. para uso real.

Quando o NPS é medido em dB(A), a fórmula é a seguinte:


166
NPSc = NPS em dB (A)-(NRR. f-7)
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Neste caso, há outra correção através da constante 7,0 devido à diferença média entre os valo-

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

145
Higiene do Trabalho
res do NPS em dB(A) e dB(C) no espectro sonoro.

b. Método direto (sem correção) (ANSI S.12.6 —1997 B)

Neste método, o cálculo da atenuação é o seguinte:


NPSc = NPS em dB (A) - NRR (sf)

Onde: NRR (sf) = Nível de Ruído (subject fit)


O NRR (sf) é a redução obtida em teste de laboratório feito com pessoas sem treinamento,
apenas laudo de instruções das embalagens. O NRR (sf) é calculado a partir desses dados de atenu-
ação, com algumas peculiaridades: o nível de proteção estatístico é de 84% (contra 98% do método
tradicional) e subtrai-se diretamente do dB(A) com correção de 5 em vez de 7, já embutido no índice.
Portanto, não é necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção do tempo de uso real.

CALOR

Conceitos básicos
Calor não é uma propriedade termodinâmica, é uma forma de energia em trânsito que fluem
decorrência de uma diferença de temperatura entre dois corpos.
Quando o trabalhador está exposto a uma ou várias fontes de calor, ocorrem as seguintes trocas
térmicas entre o ambiente e o organismo: Condução/Convecção (C); Radiação (R); Evaporação (E);
Metabolismo(M).

 Condução
É o processo de transferência de calor que ocorre quando dois corpos sólido ou fluido que não
está em movimento, a diferentes temperaturas, são colocados em contato. O calor do corpo de maior
temperatura transfere-se para o de menor até que haja um equilíbrio térmico, isto é, quando a tem-
peratura dos corpos igualar-se. Ex.: aquecimento de uma barra de ferro.

 Convecção
É o processo de transferência de calor idêntico ao anterior, mas, neste caso, a transferência de
calor realiza-se através de fluido em movimento. Ex.: aquecimento de um becker com água.

 Radiação
Quando há transferência de calor sem suporte material algum, o processo é denominado radia-
ção. A energia radiante passa através do ar sem aquecê-lo apreciavelmente e aquecerá a superfície
atingida. A energia radiante passa através do vácuo ou de outros meios a uma velocidade que depen-
de do meio. Ex.: radiação emitida por um forno elétrico.

 Evaporação
É o processo de transformação de um líquido, a determinada temperatura, para a fase gasosa,
passando, portanto, para o meio ambiente. Não é necessário diferença de temperatura para desen-
volvimento do processo.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

146
Higiene do Trabalho
O calor transferido desta forma é chamado calor latente, diferenciando-se assim do que se
transmite através de variação de temperatura, que é chamado calor sensível. No fenómeno de evapo-
ração, o líquido retira calor do sólido para passar a vapor, podendo-se, portanto, afirmar que o sólido
perderá calor para o meio ambiente por evaporação. Ex.; suor emanado após uma atividade física
(jogar futebol).

 Metabolismo
É o calor gerado pelo metabolismo basal resultante da atividade física do trabalhador. Quanto
mais intensa for à atividade física, maior será o calor produzido pelo metabolismo.

Equilíbrio homeotérmico
Os mecanismos de termorregulação do organismo têm como finalidade manter a temperatura
interna do corpo constante, sendo evidente que haja um equilíbrio entre a quantidade de calor gera-
do no corpo e sua transmissão para o meio ambiente. A equação que descreve o estado de equilíbrio
denomina-se balanço térmico:
M±C±R-E=S

Onde: M = Calor produzido pelo metabolismo; C = Calor ganho ou perdido por condução-con-
vecção; R = Calor ganho ou perdido por radiação; E = Calor perdido por evaporação; S = Calor acumu-
lado no organismo (sobrecarga térmica). O organismo encontrar-se-á em equilíbrio térmico quando S
for igual à zero.

 Fatores que influem nas trocas térmicas entre o ambiente e o organismo


A complexidade do estudo do calor reside no fato de haver diversos fatores variáveis, que in-
fluenciam nas trocas térmicas entre o corpo humano e o meio ambiente, definindo, dessa forma, a
severidade da exposição ao calor.
Dentre os inúmeros fatores que influenciam nas trocas térmicas, cincos principais devem ser
considerados na quantificação da sobrecarga térmica:

o Temperatura do ar
Como foi observado anteriormente, é necessário que haja uma gradiente de temperatura para
que possibilite os mecanismos de troca térmica: condução, convecção e radiação. Desse modo, o sen-
tido de transmissão de calor dependerá de defasagem positiva ou negativa entre a temperatura do ar
e a temperatura da pele. Se a temperatura do ar for maior que a da pele, o organismo ganhará calor
por condução-convecção, e se a temperatura do ar for menor que a da pele, o organismo perderá
valor por condução-convecção. A quantidade de calor ganha ou perdida é diretamente proporcional à
defasagem entre as temperaturas.

o Umidade relativa do ar
Este parâmetro influi na troca térmica entre o organismo e o ambiente pelo mecanismo de eva-
poração. Desse modo, a perda de calor no organismo por evaporação dependerá de umidade relativa
do ar, isto é, da quantidade de água presente numa determinada quantidade de ar.
Sabe-se que o organismo humano perde em média 600 kcal/h pela evaporação do suor, isto se
a umidade relativa for 0%. Quanto maior a umidade relativa (maior saturação de água no ar), menor
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

147
Higiene do Trabalho
será a perda de calor por evaporação.

o Velocidade do ar
A velocidade do ar no ambiente pode alterar as trocas, tanto na condução e convecção como
na evaporação. Quando há aumento de velocidade do ar no ambiente, haverá aceleração da troca de
camadas de ar mais próximas ao corpo, aumentando, desse modo, o fluxo de calor entre este e o ar.
Se há maior velocidade do ar, haverá substituição mais rápida das camadas de ar mais saturadas com
água e substituição por outras menos saturadas, favorecendo, então, a evaporação.
É importante verificar o sentido de transmissão de calor, pois o aumento de velocidade do ar po-
derá favorecer ou desfavorecer o ganho de calor pelo organismo, dependendo se a gradiente de tem-
peratura é positivo ou negativo. Assim, se a temperatura do ar for menor que a do corpo, o aumento
da velocidade do ar favorecerá a perda de calor do corpo para o meio; caso contrário, o corpo ganhará
mais calor com o aumento da velocidade do ar. No caso de evaporação, o aumento de velocidade do
ar sempre a favorecerá.

o Calor radiante
Quando um indivíduo encontra-se em presença de fontes apreciáveis de calor radiante, o orga-
nismo ganhará calor pelo mecanismo de radiação. Caso não haja fontes de calor radiante ou se estas
forem controladas, o organismo humano poderá perder calor pelo mesmo mecanismo.

o Tipo de atividade
Quanto mais intensa for à atividade física exercida pelo indivíduo, tanto maior será o calor pro-
duzido pelo metabolismo, constituindo, portanto, parte do calor total ganho pelo organismo.

Efeitos do calor no organismo


Quando o calor cedido pelo organismo ao meio ambiente é inferior ao recebido ou produzido
pelo metabolismo total (metabolismo basal + metabolismo de trabalho), o organismo tende a aumen-
tar sua temperatura, e para evitar esta hipertermia (aumento da temperatura interna do corpo) são
colocados em ação alguns mecanismos de defesa, quais sejam:

 Vasodilatação periférica: Com o aumento do calor ambiental, o organismo humano promo-


ve a vasodilatação periférica, no sentido de permitir maior troca de calor entre o organismo
e o ambiente.
 Ativação das glândulas sudoríparas: Há aumento do intercâmbio de calor por mudança do
suor do estado líquido para vapor.

Caso a vasodilatação periférica e a sudorese não sejam suficientes para manter a temperatura
do corpo em torno de 37°C, há consequências para o organismo que podem manifestar-se das seguin-
tes formas:

 Exaustão do calor: Com a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta ao calor, há uma
insuficiência do suprimento de sangue do córtex cerebral, resultando numa baixa pressão
arterial.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

148
Higiene do Trabalho
 Desidratação: A desidratação provoca principalmente a redução do volume de sangue, pro-
movendo a exaustão do calor.

 Cãibras de calor: Na sudorese, há perda de água e sais minerais, principalmente o NaCI (clo-
reto
¾ de sódio). térmico:
Choque Com a redução
Ocorredesta substância
quando no organismo,
a temperatura poderão
do núcleo ocorrer
do corpo espasmos
atinge
musculares e cãibras.
determinado nível, que coloca em risco algum tecido vital que permanece em
contínuo funcionamento.
 Choque térmico: Ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo atinge determinado
nível, que coloca em risco algum tecido vital que permanece em contínuo funcionamento.
Limites de tolerância
NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES - ANEXO N.º 3
Limites de tolerância
NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES - ANEXO N.º 3
1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido
Termômetro
1. A exposição ao de Globo"
calor deve- ser
IBUTG definido
avaliada pelas
através doequações que
“Índice de se seguem:
Bulbo Úmido Termômetro de
Globo” - IBUTG definido pelas equações que se seguem:
Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
Ambientes internos
Ambientes ou com
externos externos
cargasem carga
solar: = IBUTG
solar:
IBUTG 0,7 tbn=+0,7
0,1tbn
tbs++0,3
0,2tgtg
Ambientes externos
Onde: tbn com carga
= temperatura de solar:
bulbo IBUTG 0,7 tbntg+ =0,1
úmido =natural; tbs + 0,2 tgde globo; tbs
temperatura
= temperatura
Onde: de bulbode
tbn = temperatura seco.
bulbo úmido natural; tg = temperatura de globo; tbs = tempe-
ratura
2. de bulbo seco.
Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo
2. Osúmido
aparelhos quetermômetro
natural, devem ser usados nesta
de globo avaliação são:
e termômetro termômetro
de mercúrio de bulbo úmido natu-
comum.
ral,As
3. termômetro
medições de globoser
devem e termômetro
efetuadas nodelocal
mercúrio
ondecomum.
permanece o trabalhador, à
3. As altura
medições devem
da região doser efetuadas
corpo no local onde permanece o trabalhador, à altura da re-
mais atingida.
gião do corpo mais atingida.

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente


Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos
comno
de descanso períodos
próprio de descanso
local no próprio
de prestação local de prestação de serviço.
de serviço.
1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no
1. EmQuadro
função N.º
do índice
1. obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro N.º 1.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os
149
efeitos legais.

172
Higiene do Trabalho
2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.
3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o
Quadro n.º 3.
3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita
consultando-se o Quadro n.º 3.
Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período
de descanso em outro
Limiteslocal (local depara
de Tolerância descanso).
exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente
com período de descanso em outro local (local de descanso).
1. Para os 1.
finsPara
deste
os item, considera-se
fins deste como local
item, considera-se como de descanso
local ambiente
de descanso termicamente mais
ambiente
ameno, com o trabalhador
termicamente em repouso
mais ameno, com o ou exercendo
trabalhador em atividade
repouso ou leve.
exercendo

2. Os limites atividade
de tolerância
leve. são dados segundo o Quadro n.º 2.
2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro n.º 2.

HIGIENE DO TRABALHO
Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada
Onde: M é apela
taxaseguinte
de metabolismo
fórmula: média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte
fórmula:

M = Mt x Tt+Mdx Td
Sendo: Mt = taxa de metabolismo no local de 60
trabalho; Tt = soma dos tempos, em
minutos, em que se permanece no local de trabalho; Md = taxa de metabolismo no
Sendo: Mt =local
taxadededescanso;
metabolismo no local de trabalho; Tt = soma dos tempos, em minutos, em
Td = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no
que se permanecelocal
no de
local de trabalho; Md = taxa de metabolismo no local de descanso; Td = soma
descanso.
dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.
IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte
IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula:
fórmula:

IBTUG = IBTUGt x Tt + IBTUGd x Td


Sendo: IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho; IBUTGd = valor do IBUTG no
60
local de descanso; Tt e Td = como anteriormente definidos.

Sendo: IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho; IBUTGd = valor do IBUTG no local
173de des-
canso; Tt e Td = como anteriormente definidos.
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3

Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo
Tt + Td = 60 minutos corridos.

3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro n.º3.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

150
Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo
Higiene do Trabalho
de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos.
3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro n.º3.
4. Os períodos de descanso
4. Os períodos serãoserão
de descanso considerados tempo
considerados tempode
deserviço paratodos
serviço para todososos efeitos legais.
efeitos legais.

¾ Instrumentos de medição
 Instrumentos de medição
o Termômetro de globo (Tg):
o TermômetroOde globo (Tg):
termômetro de mercúrio deve ser fixado no interior do orifício da rolha e
O termômetro
ambosde mercúrio
inseridos deve
no globo. ser fixado
A rolha deve serno interior
fixada docom
no globo orifício da rolhaa fim
certa pressão, e ambos inseridos
no globo. A rolhadedeve
não seser fixada
soltar no oglobo
durante uso. Acom certa
posição pressão,
relativa a fim de não
entre termômetro sedeve
e rolha soltar
serdurante o uso. A
posição relativa tal
entre
que, após montado no globo, o bulbo do termômetro fique posicionado no centro o bulbo do ter-
termômetro e rolha deve ser tal que, após montado no globo,
mômetro fique posicionado
da esfera. no centro da esfera.
¾
o Termômetro de bulbo úmido
o Termômetro natural
de bulbo úmido (Tbn):
natural (Tbn):
O termômetro de mercúrio de
O termômetro deve ser montado
mercúrio na posição
deve ser montado vertical
na posição revestido
vertical revestidocom uma camisa
de algodão brancacomdeverá envolver
uma camisa totalmente
de algodão brancao deverá
bulbo de mercúrio.
envolver Na montagem,
totalmente o bulbo de verificar que a
distancia entre amercúrio.
extremidade do bulbo (revestido pela camisa) e a lâmina d’água
Na montagem, verificar que a distancia entre a extremidade do bulbo destilada contida no
erlenmeyer deve(revestido
ser de 25 mm
pela ou dee 2,5
camisa) cm. d’água
a lâmina No momento
destilada da utilização
contida do sistema,
no erlenmeyer umedecer o pano
deve ser
totalmente com deágua destilada
25 mm e encher
ou de 2,5 o erlenmeyer
cm. No momento até a do
da utilização extremidade com água
sistema, umedecer o panodestilada.

o Termômetro de bulbo seco (Tbs):


174
“Fundação de Educação para
Estes termômetros devem ser montados em um
o Trabalho tripé,
de Minas devendo ficar no mesmo plano horizontal.
Gerais”

o Medidor eletrônico de calor


Atualmente o uso de medidor de calor eletrônico vem substituindo os termômetros convencio-
nais. O principio de funcionamento é o mesmo, porém a precisão é maior. Além disso, esses equipa-
mentos fornecem os valores tbn, tg e tbs, isoladamente, e o calculo do IBUTG. A figura abaixo ilustra
um medidor eletrônico de calor:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

151
Atualmente o uso de medidor de calor eletrônico vem substituindo os
termômetros convencionais. O principio de funcionamento é o mesmo, porém a
precisão é maior. Além disso, esses equipamentos fornecem os valores tbn, tg e tbs,
Higiene do Trabalho
isoladamente, e o calculo do IBUTG. A figura abaixo ilustra um medidor eletrônico de
calor:

HIGIENE DO TRABALHO
Medidor de Stress Térmico – IBUTG

Fonte : Google.com

 ¾ Medidas
Medidasdedecontrole
controle
O calor como todo
O calor comoagente
todo ambiental, deve ser
agente ambiental, controlado
deve primeiramente
ser controlado na fonte
primeiramente na ou na trajetó-
ria, constituindo medidas aplicáveis ao ambiente. Não sendo possível este tipo de
fonte ou na trajetória, constituindo medidas aplicáveis ao ambiente. Não sendo
controle, por razões
de ordem técnica ou económica, devem ser adotadas medidas aplicáveis ao trabalhador.
possível este tipo de controle, por razões de ordem técnica ou económica, devem
A finalidade das medidas de controle é, procurar diminuir a quantidade de calor que o organis-
mo produzser ou
adotadas
recebemedidas aplicáveis ao
e a possibilidade detrabalhador.
dissipá-lo.
A finalidade das medidas de controle é, procurar diminuir a quantidade de
Medidas
o calor que o relativas
organismoao ambiente
produz ou recebe e a possibilidade de dissipá-lo.
É necessária uma avaliação precisa de todos os fatores que atuam na sobrecarga térmica para
que se possa minimizar a quantidade de calor que o organismo produz ou recebe.
175
Assim, as medidas devem visar, de preferência, ao fator que mais contribui para a sobrecarga
térmica, conforme a equação do equilíbrio homeotérmico:
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
M±C±R=E.

1. Metabolismo
Muitas vezes é difícil influir sobre o calor produzido pelo metabolismo. A mecanização (auto-
matização) da operação, a fim de minimizar o esforço físico do trabalhador, acarreta a diminuição da
sobrecarga térmica.
Em determinadas situações, a automatização completa das operações eliminará o problema.

2. Convecção
A redução da temperatura do ar diminui este fenômeno, e isso é conseguido por meio de insu-
flação de ar fresco, com velocidade adequada e, em certos casos, com exaustão de ar quente.
Se a insuflação de ar fresco é inviável, o aumento da velocidade do ar pode ser obtido pela
simples circulação do ar feita por ventiladores, com velocidades apropriadas. Deve ser salientada a
importância da localização adequada dos ventiladores, a fim de evitar que circule ar das zonas mais
quentes para as zonas adjacentes mais frias.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

152
Higiene do Trabalho
3. Radiação
A redução deste fator é de grande importância para a diminuição da sobrecarga térmica. Para
reduzir o calor radiante, a medida mais eficiente é a utilização de barreiras que reflitam os raios infra-
vermelhos. O alumínio polido é muito eficiente para esta finalidade. Nos casos em que é necessária
a visão através da barreira, existem vidros especiais que refletem os raios infravermelhos, bem como
filmes especiais que podem ser aplicados sobre o vidro comum com a mesma finalidade.
A manutenção contínua das barreiras é de suma importância, pois a ação de produtos químicos
agressivos faz com que elas percam a propriedade de reflexão. Quando isso ocorre, elas passam a
absorver a radiação incidente, tornando-se fontes emissoras de calor radiante e, consequentemente,
reduzindo sua eficácia como medida de controle.
As barreiras devem ser localizadas entre o trabalhador e a fonte de calor, e nunca posicionadas
atrás dele, mesmo que visem à proteção de outros indivíduos. Se o trabalhador permanecer entre a
fonte de calor radiante e a barreira, a sobrecarga térmica a que está exposto pode, em certos casos,
sofrer aumentos significativos.

4. Evaporação
Devem ser criadas condições que favoreçam a evaporação do suor e também auxiliem na manu-
tenção do equilíbrio térmico, aumentando a Emáx. (máxima capacidade evaporativa da pele).
Existem limitações fisiológicas (no máximo 1 litro de suor/hora ao que corresponde a uma perda
por evaporação de 2400 BTU/h ou 605 kcal/h), além das ambientais para a perda de calor por este
processo. As condições ambientais podem ser modificadas, favorecendo o fenômeno da evaporação,
por intermédio das seguintes medidas:

a. Redução da umidade relativa do ar: Nos casos de fontes localizadas de vapor d’água, reco-
menda-se ventilação local exaustora.
b. Aumento na movimentação do ar: O aumento da velocidade do ar favorece a evaporação
do suor, no entanto, esta medida deverá ser estudada cuidadosamente quando a tempera-
tura for superior a 35,0°C, uma vez que o ganho de calor por convecção poderá contribuir
para o aumento da sobrecarga térmica.
O quadro, a seguir, relaciona algumas medidas que podem ser adotadas com os corresponden-
tes fatores alterados produzidos pelo metabolismo:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

153
Higiene do Trabalho
o Medidas relativas ao homem
Na solução de um problema de higiene industrial, devem ser consideradas, em primeiro lugar, as
medidas relativas ao ambiente, sendo complementadas, às vezes, pelas medidas relativas ao pessoal.
Em determinados casos, por razões de ordem técnica, as únicas medidas aplicáveis são as rela-
tivas ao pessoal, que podem ser bastante eficazes.
Há uma série de medidas que podem ser aplicadas diretamente ao trabalhador, com o objetivo
de minimizar a sobrecarga térmica. Dentre elas, destacam-se:

1. Aclimatização
A aclimatização do calor constitui uma adaptação fisiológica do organismo a um ambiente quen-
te. Esta medida é de fundamental importância na prevenção dos riscos decorrentes da exposição ao
calor intenso. A aclimatização será total em, aproximadamente, duas semanas. É importante men-
cionar que a perda de cloreto de sódio pela sudorese será menor no indivíduo aclimatizado, ou seja,
ocorre o equilíbrio dos sais numerais nas células do corpo.

2. Limitação do tempo de exposição


Esta medida consiste em adotar um período de descanso, visando a reduzir a sobrecarga térmi-
ca a níveis compatíveis com o organismo humano. Como se pode observar no índice analisado (IBU-
TG), a limitação do tempo de exposição é medida de controle sempre presente. Quando os tempos
de exposição não forem compatíveis com as condições de trabalho observadas, deve-se promover um
reestudo dos procedimentos de trabalho, no sentido de determinar um regime de trabalho-descanso
que atenda aos limites recomendados.

3. Exames médicos
Recomenda-se a realização de exames médicos pré-admissionais com a finalidade de detectar
possíveis problemas de saúde que possam ser agravados com a exposição ao calor, tais como proble-
mas cardiocirculatórios, deficiências glandulares (principalmente glândulas sudoríparas), problemas
de pele, hipertensão, etc. Tais exames permitem selecionar um grupo adequado de profissionais que
reúna condições para executar tarefas sob o calor intenso. Exames periódicos também devem ser rea-
lizados com a finalidade de promover um contínuo acompanhamento dos trabalhadores expostos ao
calor, a fim de identificar-se estados patológicos em estágios iniciais.

4. Equipamentos de proteção individual


Existe no mercado uma grande variedade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os
mais diversos usos e finalidades. Deve-se, portanto, fazer uma escolha adequada, objetivando-se ao
maior grau de eficiência e conforto. As vestimentas dos trabalhadores devem ser confeccionadas com
tecido leve e de cor clara. Para situações de exposições críticas, existem diversos tipos de vestimentas
para o corpo inteiro, sendo que algumas possuem sistema de ventilação acoplado.

5. Educação e treinamento
São de fundamental importância a educação e o treinamento dos trabalhadores expostos ao
calor intenso. A orientação quanto à prática correta de suas tarefas pode, por exemplo, evitar esfor-
ços físicos desnecessários ou longo tempo de permanência próximo à fonte. Deve-se conscientizar
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

154
Higiene do Trabalho
o trabalhador sobre o risco que representa a exposição ao calor intenso, educando-o quanto ao uso
correio dos equipamentos de proteção individual, alertando-o sobre a importância de asseio pessoal
e promovendo a utilização e manutenção correia das medidas de proteção no ambiente.

RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES

Conceitos Básicos
O espectro eletromagnético é um conjunto de todas as formas de energia radiante. Em sua
forma mais simples, a radiação eletromagnética consiste em ondas elétricas vibratórias que se trans-
ladam no espaço acompanhado por um campo magnético vibratório, com as características de um
movimento ondulatório. As características das radiações eletromagnéticas são a frequência, compri-
mento de onda e energia.
A radiação eletromagnética pode atuar como partículas discretas de energia (quantum), tendo
o quantum um valor definido de energia e momento. O espectro eletromagnético engloba desde a
radiação ionizante de grande energia, com frequências elevadas e comprimentos de onda menores, a
radiações não ionizantes, com baixas frequências e comprimentos de onda maiores.
A região não ionizante do espectro eletromagnético é aquela onde a energia das partículas in-
cidentes é insuficiente para desalojar elétrons dos tecidos do corpo humano. À medida que diminui o
nível de energia das partículas incidentes, cessa a ionização.
No espectro eletromagnético, podemos distinguir diferentes regiões espectrais, conforme es-
quema abaixo:

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155
Higiene do Trabalho
As radiações não ionizantes englobam: radiação ultravioleta, radiação visível e infravermelha,
laser, micro-ondas e radiofrequências. Podem incluir-se os ultrassons, já que os riscos produzidos por
eles são similares aos da radiação não ionizante, devido à sua natureza ondulatória e alta frequência.
As radiações ionizantes englobam: raios x, raios y, partículas A e B, e nêutrons. Normalmente a
emissão de uma radiação ionizante estará acompanhada de outras radiações.
Parte das radiações ionizantes está incluída no espectro eletromagnético, tais como os raios x e
y, que não têm carga elétrica nem massa. Outras radiações ionizantes têm natureza corpuscular, isto
é, são partículas com massa e carga definidas.

Efeitos no organismo
 Radiações ionizantes
Os efeitos das radiações ionizantes podem ser somáticos (não se transmitem hereditariamente)
ou genéticos (transmitem-se hereditariamente). A resposta dos diferentes órgãos e tecidos à radiação
é variável, tanto com o tempo de aparecimento como na gravidade dos sintomas. Assim, poderão
ocorrer alterações no sistema hematopoiético (perda de leucócitos, diminuição do número de pla-
quetas, anemia); no aparelho digestivo (inibição da proliferação celular, diminuição ou supressão de
secreções); na peie (inflamação, eritema e descamação); no sistema reprodutor (redução da fertilida-
de ou esterilidade); nos olhos; no sistema cardiovascular (pericardites); no sistema urinário (fibrose
renal); e no fígado (hepatite de radiação).

 Radiações não ionizantes

o Radiação ultravioleta
Quando incidente sobre o organismo, pode ser remetida, transmitida ou absorvida e pro-
duzir reações fotoquímicas e efeito biológico do tipo térmico. O grau de penetração da R-UV de-
pende do comprimento de onda e do grau de pigmentação da pele; com relação aos olhos, são
absorvidas pela córnea e o cristalino. As radiações UV-B e C penetram unicamente na epiderme
e as UV-A podem atingir a derme, podendo produzir lesões em terminações nervosas. Os efeitos
das R-UV podem ser escurecimento da pele, eritemas, pigmentação retardada, interferência no
crescimento celular, perda de elasticidade da pele, queratose actínica e até mesmo câncer de
pele. A ação mais frequente da R-UV sobre os olhos é a fotoqueratose.

o Radiação visível
A radiação visível engloba a região do espectro entre 400 e 750 nm, podendo ser reme-
tida, transmitida ou absorvida pelo organismo, produzindo efeitos fotoquímicos e térmicos. A
exposição a altos níveis de brilho pode produzir perda da acuidade visual, fadiga ocular e ofus-
camento.

o Radiação infravermelha
A radiação infravermelha engloba parte do espectro, desde a luz visível até as micro-ondas
e devido a seu baixo poder energético, produz unicamente efeitos térmicos. As lesões pela ex-
posição a esta radiação podem aparecer na pele e olhos, causando queimaduras e aumento de
pigmentação da pele, lesões e opacidade na córnea.

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156
Higiene do Trabalho
o Micro-ondas e radiofrequências
Possuem poder energético muito baixo, mas uma capacidade de penetração grande, pro-
duzindo no interior da matéria campos magnéticos com efeitos térmicos. As micro-ondas en-
contram-se na região do espectro eletromagnético entre 1 e 1000 nm e as radiofrequências
entre 1 e 3 m, e seus efeitos no organismo dependerão da capacidade de absorção da matéria
e da intensidade dos campos elétricos e magnéticos que se produzem no seu interior; em geral,
existe um aumento da temperatura corporal que dependerá de qual parte do corpo foi exposta.
De maneira geral, quanto maior a frequência, menor será o perigo. As micro-ondas superiores
a 3000 MHz são facilmente absorvidas pela pele e as de menor frequência podem penetrar na
superfície externa da pele.

o Laser
A palavra laser é um acrônimo de Light Amplification by Stimulated Emission of fíadiation.
As emissões estimuladas produzem uma superposição de ondas, resultando outra onda perfei-
ta, muito estrita e de larga duração. Existem quatro tipos de classes de lasers, segundo os possí-
veis perigos, sendo os de classe l menos perigosos e os de classe IV mais perigosos. Os riscos em
operações com lasers dependem do tipo de laser e das características do entorno de trabalho.
Os riscos da radiação /aserestão limitados aos olhos, variando os efeitos adversos produzidos
em diferentes regiões espectrais; mesmo assim podem atingir de maneira pequena a pele.

 Ocorrências

o Radiações ionizantes
As radiações ionizantes são largamente utilizadas na medicina para diagnósticos médico
e odontológico e tratamento de doenças; e em atividades industriais, para medição de nível de
silos, densidade de polpas, análises laboratoriais, radiografia industrial, entre outros.

o Radiações não ionizantes


Radiação ultravioleta

A principal fonte natural é o sol e as artificiais são as lâmpadas de vapor de mercúrio, de
hidrogénio e deutério, arcos de soldagem, lâmpadas incandescentes, fluorescentes e mistas.

 Radiação visível
Podem ser de origem natural (sol) e artificial (lâmpadas e corpos incandescentes e arcos
de soldagem, tubos de néon, fluorescentes, entre outros).

Radiação infravermelha

A principal fonte natural é o sol e dentre as artificiais podemos citar os corpos incandes-
centes e superfícies muito quentes, as chamas, as lâmpadas incandescentes, fluorescentes ou
descargas de alta intensidade.

 Micro-ondas e radiofrequências
A radiação de micro-onda e radiofrequência produz-se de forma natural, principalmente
pela eletricidade atmosférica, que é estática, embora de intensidade muito baixa. As fontes de
MO e RF artificiais podem estar presentes nas estações de rádio e televisão, radares e sistemas
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157
Higiene do Trabalho
de telecomunicação, além de fornos de micro-ondas e equipamentos utilizados em processos
de soldagem, fusão e esterilização.

Laser

Os equipamentos a laser são utilizados no tratamento de doenças e em cirurgias.

Limites de tolerância
 Radiações ionizantes
O Anexo V da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) estabelece que nas atividades ou ope-
rações em que os trabalhadores ficam expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os
princípios, as obrigações e controle básicos para a proteção do homem e do meio ambiente, contra
possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma da Comis-
são Nacional de Energia Nuclear – CNEN-NE 3.01, de julho de 1988, aprovada, em caráter experimen-
tal, pela Resolução CNEN nº 12/88, ou daquela que venha a substituí-la.

 Radiações não ionizantes


O Anexo VIl da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) não estabelece limites de tolerância
para esse tipo de radiação, caracterizando a insalubridade pela avaliação qualitativa, conforme trans-
crição a seguir:

1. Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e
laser.
2. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes,
sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de ins-
peção realizada no local de trabalho.
3. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra (ul-
travioleta na faixa 400-320 nanômetros) não serão consideradas insalubres.
Já a NR-9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais) diferentemente da NR-15 (Ati-
vidades e Operações Insalubres), não restringe as radiações que serão consideradas não
ionizantes, ao contrário, amplia o conceito incluindo nessa classificação o infrassom e o
ultrassom.

 Critério ACGIH
A American Conference of Industrial Hygienists - ACGIH, cujos valores-limites são aceitos inter-
nacionalmente, estabelece limites de tolerância para radiações ionizantes e não ionizantes em suas
diferentes formas, incluindo, ainda, o ultrassom.
Faremos, a seguir, um breve comentário sobre os limites propostos, devendo o leitor consultar
a norma para aprofundar-se no assunto.

o Radiações ionizantes
A ACGIH estabelece limites de tolerância para as radiações ionizantes determinando doses
efetivas e equivalentes anuais em função da parte do corpo atingida, evitando sempre qual-
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158
Higiene do Trabalho
quer exposição desnecessária à radiação. As radiações ionizantes incluem radiação corpuscular
e radiação eletromagnética com energia superior a 12,4 elétrons-volts, correspondendo a um
comprimento de onda inferior a aproximadamente 100 nm.

o Radiações não ionizantes


 Radiação ultravioleta
Os limites estabelecidos pela ACGIH referem-se à radiação ultravioleta da região espectral
entre 180 e 400 nm; os valores para exposição ocular e da pele aplicam-se à R-UV oriundas de
arcos, descargas gasosas e em vapor, fontes incandescentes e fluorescentes e radiação solar,
porém não se aplicam a lasers. Os limites de tolerância são fixados em função do comprimento
de onda e eficiência espectral, para exposição no período de 8 (oito) horas. Há, ainda, tabela
especificando o tempo máximo de exposição diária em função de irradiância efetiva.

 Radiação visível e infravermelha


Os limites de exposição referem-se a valores para radiação visível e infravermelha, com
comprimentos de onda compreendidos entre 400 e 3000 nm, e representam condições sob
as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa ser exposta sem efeitos adversos à
saúde. Como parâmetro para o limite de exposição ocular ocupacional próximo de banda larga,
aplica-se a exposição ocorrida em qualquer jornada de trabalho de 8 (oito) horas e requer o
conhecimento da radiância espectral e irradiância total da fonte, medidas na posição dos olhos
do trabalhador.

 Micro-ondas e radiofrequências
Os limites de tolerância estabelecidos referem-se à radiação de radiofrequência (RF) e mi-
cro-onda nas faixas de frequência entre 30 quilohertz (kHz) e 300 giga-hertz (GHz), e são dados
em termos de raiz média quadrática (ms) da intensidade de campos elétricos (E) e magnéticos
(H) de densidade equivalente de potência para ondas planas em espaço livre (S) e de correntes
induzidas (l) no corpo, as quais possam estar associadas com a exposição a tais campos como
função da frequência (f), em mega-hertz (MHz). Os limites de tolerância estão especificados em
tabelas e gráficos em função dos parâmetros acima citados.

 Laser
Os lasers têm um rótulo afixado pelo fabricante, o qual descreve a subclasse de risco. Nor-
malmente não é necessário determinar as irradiâncias do laser ou as exposições radiantes para
comparação com os limites de tolerância. Na prática, os riscos para os olhos e pele podem ser
controlados pela adoção de medidas de controle apropriadas para cada classificação de laser. Os
limites de tolerância são apresentados na ACGIH em gráficos de limite para visão de irradiância,
duração da exposição e comprimento de onda.

 Campos magnéticos estáticos


As exposições ocupacionais de rotina não devem exceder a 60 militesla (mT), equivalen-
te a 600 graus (G) corpo inteiro ou 600 mT (6000 G) para os membros, sobre uma base diária,
média ponderada no tempo. Os valores-teto são 2T para corpo inteiro e 5T para os membros.

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159
Higiene do Trabalho
 Campos magnéticos de subfrequência
Os limites de exposição referem-se a amplitudes de fluxo magnético (B) de campos mag-
néticos de subfrequência na faixa de frequência de 30 kHz e abaixo, às quais se acredita que a
maioria dos trabalhadores pode estar repetidamente exposta sem efeitos adversos à saúde. É
também estabelecido valor-teto de 0,2 mT para frequências na faixa entre 300 Hz e 30 kHz, para
exposições localizadas e de corpo inteiro. Para frequências abaixo de 300 Hz, o limite de tole-
rância para extremidades do corpo pode ser aumentado por um fator de 10 (dez) para mãos e 5
(cinco) para braços e pernas. A 30 kHz o limite de tolerância é de 0,2 mT, o qual corresponde a
uma intensidade de campo magnético de 160 A/m.

 Subfrequência (30 kHz e abaixo) e campos eletrostáticos


Os limites de tolerância referem-se às magnitudes máximas de campo não protegido no
local de trabalho, compreendendo campos elétricos de sub-radiofrequência e campos eletros-
táticos, que representam as condições em que a maioria dos trabalhadores possa ser exposta
repetidamente sem efeitos adversos à saúde. As exposições ocupacionais não devem exceder a
intensidade de campo de 25 KV/m de OHZ (DC) a 100 Hz.
A ACGIH estabelece ainda limites de tolerância para o ultrassom, incluído na NR-9 (Pro-
gramas de Prevenção de Riscos Ambientais) como sendo radiação não ionizante. Os limites fo-
ram estabelecidos de modo que a maioria dos trabalhadores, se repetidamente exposta a essas
condições, não sofreria efeitos adversos em sua capacidade auditiva e compreensão de conver-
sação. Os valores-teto devem ser verificados através da utilização de um medidor de nível de
pressão sonora com resposta lenta e bandas de um terço de oitava.

 Avaliação das radiações


A radiação ionizante pode ser avaliada no ambiente utilizando-se o contador Geiger ou, indivi-
dualmente, com os dosímetros de filmes de bolso. Já para radiação não ionizante, os medidores são
específicos para cada tipo de radiação (micro-ondas, laser e ultravioleta).

o Medidas de controle
As medidas de controle das radiações, entre outras, são:

 Radiação ionizante
Controle da distância entre o trabalhador e a fonte; blindagem; limitação de tempo de
exposição; impedir que fontes radioativas atinjam vias de absorção do organismo; sinalização;
controle médico; uso de barreiras; limpeza adequada do ambiente de trabalho.
 Micro-ondas
Enclausuramento das fontes; uso de barreiras; sinalização; exames médicos.
 Radiação ultravioleta
Uso de barreiras; equipamentos de proteção individual, tais como óculos com lentes fil-
trantes, roupas apropriadas para proteção do braço, tórax, mão e outros; exames médicos.
 Laser
EPI: protetores para os olhos, luvas protetoras, roupas, escudo; sinalização; blindagem;
treinamento.

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160
Higiene do Trabalho
PRESSÕES ANORMAIS

Conceitos Básicos
Pressões anormais são aquelas acima das existentes ao nível do mar, ou seja, são pertinentes às
atividades de construção submarina, processos de mergulho, etc. Na construção de túneis e outros
trabalhos executados sob o nível do mar pode-se prever a infiltração de água. Isto se dá porque as
adaptações não são hermeticamente fechadas.
Existem dois tipos de pressões anormais, causadas pela variação da pressão atmosférica:

 Hipobárica: quando o homem está sujeito a pressões menores que a pressão atmosférica.
Estas situações ocorrem a elevadas altitudes. (coceira na pele, dores musculares, vômitos, hemorra-
gias pelo ouvido e ruptura do tímpano).

 Hiperbárica: quando o homem fica sujeito a pressões maiores que a atmosférica. (mergulho
e uso de ar comprimido).

Modelo de câmara hiperbárica

Há uma série de atividades em que: http://www.ohb-rio.med.br/imagens/camara1.jpg


Fonte os trabalhadores ficam sujeitos a
pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão
Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões ambientais acima

HIGIENE DO TRABALHO
atmosférica a que normalmente estamos expostos.
ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão atmosférica a que normalmente estamos expostos.

 ¾ Baixas
Baixaspressões:
pressões:são
sãoasasque
que se
se situam abaixoda
situam abaixo dapressão
pressãoatmosférica
atmosférica normal
normal e e ocorrem
com trabalhadores
ocorremque
comrealizam tarefas
trabalhadores queem grandes
realizam altitudes.
tarefas No Brasil,
em grandes são raros
altitudes. os trabalhadores
No Brasil,
expostos a este risco.
são raros os trabalhadores expostos a este risco.

 Altas pressões: são as que se situam acima da pressão atmosférica normal. Ocorrem em
trabalhos¾realizados
Altas pressões: são as que
em tubulações de arsecomprimido,
situam acimamáquinas
da pressãodeatmosférica
perfuração,normal.
caixões pneumáti-
cos e trabalhos executados
Ocorrem por mergulhadores.
em trabalhos Ex: caixõesdepneumáticos,
realizados em tubulações compartimentos
ar comprimido, máquinas de estanques
instalados nos fundos dos mares, rios, e represas onde é injetado ar comprimido
perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. queEx:
expulsa a água
do interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e barragens. A
caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos
exposição a pressões anormais pode causar a ruptura do tímpano quando o aumento de pressão for
mares, rios, e represas onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do
brusco e a liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos e morte.
interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes
e barragens. A exposição a pressões anormais pode causar a ruptura do tímpano
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
quando o aumento de pressão for brusco e a liberação de nitrogênio nos tecidos
161
e vasos sanguíneos e morte.

Limites de tolerância
Higiene do Trabalho
Limites de tolerância
Por ser uma atividade de alto risco, exige legislação específica NR-15 (Atividades e Operações
Insalubres) Anexo nº 6 a ser obedecida.

VIBRAÇÃO

Conceitos Básicos
A exposição ocupacional à vibração não é tão estudada quanto os outros agentes, todavia, sua
ocorrência na indústria é bastante frequente. Os efeitos deste agente na saúde humana são conside-
ráveis, sendo, portanto, a avaliação e controle necessários. A vibração é um movimento oscilatório
de um corpo devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e movimentos alternados de
uma máquina ou equipamento. Se o corpo vibra, descreve um movimento oscilatório e periódico,
envolvendo deslocamento num certo tempo. Teremos, então, envolvidas no movimento uma veloci-
dade, aceleração e frequência (número de ciclos completos/minuto).

 Unidades
Como a vibração é um movimento oscilatório, para sua quantificação pode-se utilizar os parâ-
metros deslocamento, velocidade e aceleração. Para efeito de higiene ocupacional, a avaliação da
vibração será feita através de aceleração em m/s2 ou em dB. Para aceleração de vibração, o decibel
será obtido pela fórmula abaixo:
dB = 20 log a / a0

Onde: a = Aceleração avaliada (m/s2). a0 = Aceleração de referência (10-6m/s2).

 Aceleração Equivalente
Quando a exposição à vibração é diferente em dois ou mais períodos da jornada, deve ser con-
siderada a aceleração equivalente, de acordo com a fórmula a seguir:

Onde:
AEQ = Magnitude de aceleração equivalente.
An = Magnitude da vibração para exposição de duração Tn.
Exemplo : um operador de auto de linha fica exposto à seguinte situação :

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

162
Higiene do Trabalho
A vibração equivalente será de:
Aeq = [(0,142 x 60) + (0,992 x 360) + (0,0 x 60) ½] / 480 = 0,85 m/s2
Aeq = 0,85 m/s2
Se observarmos o gráfico do guia de efeitos à saúde, verificaremos que para 8 (oito) horas de
exposição e aceleração equivalente a 0,85 m/s2, estaremos na região B, significando precaução em
relação aos riscos potenciais à saúde.

 Classificação das vibrações


o Vibração ocupacional de corpo inteiro —
São vibrações transmitidas ao corpo como um todo, geralmente através da superfície de
suporte, tais como pé, costas, nádegas de um homem sentado ou na área de suporte de um
homem reclinado.

o Vibração ocupacional mão e braço ou localizada —


São vibrações que atingem certas partes do corpo, principalmente mãos, braços e outros.
Como os sistemas corpo inteiro e braços/mãos são mecanicamente diferentes, deverão ser es-
tudados separadamente.

o Vibração para conforto —


Determinada ocupação pode causar desconforto intolerável em uma situação e ser agra-
dável ou desejada em outras. Logo, os valores de conforto dependem de vários fatores, alguns
até subjetivos. Desse modo, a ISO 2631 não estabelece limite para o conforto, limitando-se ape-
nas em indicar valores de acelerações onde as reações das pessoas são prováveis.

o Vibração meio ambiente —


São vibrações capazes de provocar desconforto e perturbação do sossego público, como,
por exemplo, prédios, veículos, entre outros.

o Vibração máquinas —
São vibrações que podem indicar problemas de manutenção em máquinas e equipamen-
tos. Logo, são medidas pelos técnicos de manutenção preventiva e comparadas como valores
das normas técnicas pertinentes.

 Aceleração ponderada
Dependendo dos efeitos da exposição, as medições de corpo inteiro, mão e braço e conforto são
ponderadas nas frequências conforme será explicado adiante.

Critério Legal
A legislação brasileira prevê por intermédio da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) – Ane-
xo 8, que as atividades e operações as quais exponham os trabalhadores sem proteção adequada às
vibrações localizadas ou de corpo inteiro serão caracterizadas como insalubres, apuradas por perícia
realizada no local de trabalho.
A perícia, visando à comprovação ou não da exposição, deve tomar por base os limites de expo-
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

163
Higiene do Trabalho
sição definidos pela Organização Internacional para a Normalização, em suas normas ISO 2631 e ISO
5349 ou suas substitutas. Em relação ao laudo pericial, a legislação determina que os seguintes itens
devam constar obrigatoriamente:

o O critério adotado;
o O instrumental utilizado;
o A metodologia de avaliação;
o A descrição das condições de trabalho e do tempo de exposição às vibrações;
o O resultado da avaliação quantitativa;
o As medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade, quando houver.
A insalubridade, quando constatada no caso das vibrações, está classificada como de grau mé-
dio, assegurando ao trabalhador a percepção de adicional incidente equivalente a 20% (vinte por
cento) sobre o salário mínimo da região.
A norma ISO 2631 estabelece os critérios de avaliação de vibração de corpo inteiro, enquanto a
ISO/DIS 5349 para mão e braço.

Vibração de corpo inteiro

 Direção da vibração
As vibrações retilíneas transmitidas ao ser humano devem ser medidas nas direções correias
de um sistema ortogonal de coordenadas que tenham sua origem na posição do coração, conforme o
esquema a seguir:

Fonte: Google.com

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164
Higiene do Trabalho
A terminologia comumente usada em biodinâmica relaciona o sistema de coordenadas ao es-
queleto humano, numa posição anatômica normal. As acelerações (movimento) no eixo pé (ou das
nádegas) para a cabeça (ou longitudinal) são designadas +- az; a aceleração no eixo antes e depois
(ante posterior ou peito-costa) +- ax; e no eixo lateral (esquerda para direita) +- ay.
As vibrações angulares (ou rotacionais) sobre um centro de rotação são partes importantes de
um ambiente vibratório, tais como tratores e avião em turbulência, os movimentos das marés podem
ser mais perturbadores que as vibrações retilíneas acima e abaixo, entretanto, poucas informações
sobre os efeitos das vibrações angulares (ou rotacionais) estão disponíveis.
Assim, sempre que possível, as vibrações rotacionais que ocorrem em giro, arfagem e guinada
devem ser medidas e reportadas com a finalidade de aumentar nossos conhecimentos sobre a respos-
ta humana a estas excitações.

 Efeitos sobre a saúde


A exposição à vibração de corpo inteiro pode causar danos físicos permanentes ou distúrbios no
sistema nervoso. A exposição diária à vibração de corpo inteiro poderá resultar em danos na região
espinhal, podendo também afetar o sistema circulatório e/ou urológico, além do sistema nervoso cen-
tral. Sintomas de distúrbios frequentemente aparecem durante ou logo após a exposição sob a forma
de fadiga, insônia, dor de cabeça e tremor. No entanto, estes sintomas geralmente desaparecem após
um período de descanso.
Os efeitos observados em grupos expostos a condições severas de vibração foram problemas na
região dorsal e lombar, gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens no sistema visual, problemas
nos discos intervertebrais e degeneração na coluna vertebral.

 Aceleração “rms” ponderada


A vibração de corpo inteiro é avaliada na faixa de frequência de 05 a 80 Hz, sendo que a região
de maior sensibilidade para o eixo Z é 04 a 08 Hz, enquanto para os eixos X e Y de 01 a 02 Hz. A nor-
ma ISO 2631/1 de 1985 estabelece limites de tolerância diferentes para os eixos Z e XY. A avaliação
da vibração prevista nesta norma é pelo método detalhado, ou seja, com análise das frequências de
vibração.
A norma ISO 2631/1 de 1997 estendeu a faixa de frequência abaixo de 01 Hz, sendo a avaliação
da aceleração “rms” ponderada em frequência e método preferido. O total de aceleração “rms” pon-
derada para cada eixo pode ser calculado através da equação específica, com os fatores de pondera-
ção dados na tabela abaixo:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

165
Higiene do Trabalho

Fatores relativos de ponderação para faixa de frequência

HIGIENE DO TRABALHO
4 a 8 Hz no caso de + - az ressonância de vibração.
4 a18aHz no no
2 Hz caso de +de- az
caso + -ressonância de vibração.
ay ou ax ressonância de vibração.
1 a 2 Hz no caso de + - ay ou ax ressonância de vibração.

Limite de tolerância
O limite de tolerância para vibração de corpo inteiro atualmente vigente é
Limite de tolerância
aquele estabelecido pela 2ª edição da ISO 2631-1:1997, que cancela e substitui a
O limite de tolerância para vibração de corpo inteiro atualmente vigente é aquele estabelecido
ISO 2631-1:1995
pela 2ª edição e a ISO 2631-3:1995.
da ISO 2631-1:1997, que cancela eOsubstitui
conceito de proficiência
a ISO 2631-1:1995reduzida pela
e a ISO 2631-3:1995.
O conceito de proficiência
fadiga foi excluído, reduzida pela fadiga
permanecendo foi os
apenas excluído,
limites permanecendo apenas
para efeitos sobre os limites
a saúde e para
efeitos sobre a saúde e conforto.
conforto.

 Guia para efeitos à saúde – Anexo B – ISO 2631-1:1997


O guia parapara
¾ Guia efeitos à saúde
efeitos apresenta
à saúde recomendações
– Anexo baseadas principalmente em exposições
B – ISO 2631-1:1997
na faixa de 4 (quatro)
O guia para efeitos à saúde apresentaeixo
a 8 (oito) horas, para pessoas sentadas – z. A experiência na
recomendações aplicação dessa
baseadas
parte da norma é limitada para os eixos x e y (pessoas sentadas) e para todos os eixos nas posições
principalmente em exposições na faixa de 4 (quatro) a 8 (oito) horas, para pessoas
em pé, deitada ou inclinada.
sentadas – eixo z. A experiência na aplicação dessa parte da norma é limitada para
os eixos x e y (pessoas sentadas) e para todos os eixos nas posições em pé,
deitada ou inclinada.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3 195
166
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
Higiene do Trabalho

A interpretação do gráfico do guia de efeitos à saúde pela vibração deve ser


feita do seguinte modo:
A interpretação do gráfico do guia de efeitos à saúde pela vibração deve ser feita do seguinte
• A região A da curva significa que os efeitos à saúde não têm sido
modo:
claramente
• A região A da curva documentados
significa e/ouàobservados
que os efeitos saúde nãoobjetivamente.
têm sido claramente documentados
e/ou observados objetivamente.
• A região B (área hachurada da curva) significa precauções em relação
• A região B (área
aoshachurada da curva)
riscos potenciais significa precauções em relação aos riscos potenciais
à saúde.
à saúde. • A região C significa riscos prováveis à saúde.
• A região C significa riscos prováveis à saúde.
A comparação dos limites de tolerância utilizando-se a curva de 2ª potencia
aw1. T1½ =
A comparação dos . T2 ½ de
aw2limites podetolerância utilizando-se
ser empregada quandoa o
curva
fatorde
de2ª potencia
crista for ” aw1. T1½ = aw2. T2
9,0 para
½ pode ser empregada
certos tipos quando o fator
de vibração, de crista for aquelas
especialmente ≤ 9,0 para certos tipos
contendo de vibração,
choques adicionais,especialmente
o
aquelas contendo choques adicionais, o método de 2ª potencia pode subestimar
método de 2ª potencia pode subestimar a necessidade de exposição. Poderá, então, a necessidade de
exposição. Poderá, então, ser utilizado o método da 4ª potencia, pois é mais sensível a picos que o
ser utilizado o método da 4ª potencia, pois é mais sensível a picos que o anterior:
anterior:

[(aw1. T1 1/4) = (aw2. T2 1/4)]

 Vetor soma dos três eixos


A avaliação do efeito à saúde deve ser feita independentemente para cada eixo. A análise da
196vibração deve ser feita considerando-se o maior componente da aceleração ponderada em frequência
medida nos diversos eixos de assento. “Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Quando a vibração em dois ou mais eixos for comparável, o vetor resultante é algumas vezes
utilizado para estimar o risco à saúde. A ponderação em frequência deve ser aplicada em indivíduos

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

167
A avaliação do efeito à saúde deve ser feita independentemente para cada
eixo. A análise da vibração deve ser feita considerando-se o maior componente da
aceleração ponderada em frequência medida nos diversos eixos de assento.

Higiene do Trabalho
Quando a vibração em dois ou mais eixos for comparável, o vetor resultante é
algumas vezes utilizado para estimar o risco à saúde. A ponderação em frequência
sentados,
deve com os fatores
ser aplicada de multiplicação
em indivíduos sentados,K, conforme abaixo:de multiplicação K,
com os fatores
conforme abaixo:
• Eixo x - wd, k = 1,4
• Eixo x - wd, k = 1,4
• Eixo y - wd, k = 1,4
• Eixo y - wd, k = 1,4
• Eixo z - wk, k = 1
• Eixo z - wk, k = 1
A ponderação global de todas as acelerações “rms” vetor soma é a seguinte:
A ponderação global de todas as acelerações "rms" vetor soma é a seguinte:
¥Awf = 1,4 (Awdx)2 + 1,4 (Awdx)2 + (Awkz)2

HIGIENE DO TRABALHO
O fator 1,4 multiplicando-se os valores totais de aceleração “rms” ponderada dos eixos x e y
O fator 1,4 multiplicando-se os valores totais de aceleração "rms" ponderada
representa a razão entre os valores de curvas transversais com a longitudinal de igual resposta, para a
dos eixos das
maioria x e faixas
y representa a razão
de resposta entre os valores
da sensibilidade de curvas
humana. transversais
A Comissão com
Europeia a
recomenda que Awf a
partir de 0,5 m/s2 para 8 (oito) horas exige nível de ação.
longitudinal de igual resposta, para a maioria das faixas de resposta da sensibilidade
O valor ponderado single number é uma aproximação do critério de exposição. No entanto, para
humana. A Comissão Europeia recomenda que Awf a partir de 0,5 m/s2 para 8 (oito)
a maioria dos casos práticos, a diferença entre o método ponderado e o detalhado com a análise de
horas exigede
um terço nível de ação.
oitava é pequena.
O valor ponderado single number é uma aproximação do critério de
exposição. No entanto,
Equipamento/local para a maioria dos casos práticos, a diferença entre o
de medição
método ponderado e o detalhado com a análise de um terço de oitava é pequena.
Os equipamentos de medição da vibração geralmente são compostos das seguintes partes: um
transdutor ou pick-up, um dispositivo amplificador (elétrico, mecânico ou ótico) e um indicador ou
registrador de amplitude.
Equipamento/local O equipamento fornecerá a magnitude de uma vibração, isto é, a aceleração
de medição
deve ser expressa por um valor médio da raiz quadrada (rms) em cada eixo x, y e z, valores de pico,
Os equipamentos de medição da vibração geralmente são compostos das
bem como a aceleração resultante nos três eixos.
seguintes partes: um
A vibração transdutor
deverá ou pick-up,
ser avaliada um dispositivo
no seu ponto de entradaamplificador (elétrico,
no corpo humano (ou seja, na superfí-
cie do corpo)
mecânico e nãoenaum
ou ótico) estrutura (porouexemplo,
indicador na estrutura
registrador de umOassento
de amplitude. almofadado), o que pode
equipamento
transformar
fornecerá a vibraçãodeantes
a magnitude uma de atingir oisto
vibração, corpo
é, ahumano.
aceleraçãoAs medições da vibração
deve ser expressa pordevem ser executa-
das tão próximo quanto possível do ponto ou área em que a vibração é transmitida ao corpo.
um valorSemédio da raizestá
um homem quadrada (rms)
de pé num em sobre
piso, cada uma
eixo plataforma,
x, y e z, valores de pico, bem
sem qualquer matéria amortecedora
entre o corpo e a estrutura suporte, então o transdutor de medição deverá ser preso a esta estrutura.
como a aceleração resultante nos três eixos.
Se houver um material
A vibração deverá amortecedor
ser avaliada no entre
seu oponto
corpodee entrada
a estrutura vibratória,
no corpo humanoé permissível
(ou a colocação
de um transdutor rígido (por exemplo, uma folha de metal fina adequadamente perfilada) entre o su-
seja, na superfície do corpo) e não na estrutura (por exemplo, na estrutura de um
jeito e a almofada. Se não for possível medir-se a vibração no ponto de entrada no ser humano desta
assento
forma, almofadado), o que pode
então as características detransformar
transmissãoado vibração
elemento antes de atingir devem
amortecedor o corposer determinadas e
levadas em consideração no calculo real da vibração transmitida ao corpo.

197

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

168
Higiene do Trabalho

Fonte: Google.com

 Medidas de controle
o Assentos com suspensão a ar;
o Cabines com suspensão;
o Calibração adequada do pneu;
o Utilização de bancos com descanso para os braços, apoio lombar e ajuste do assento e
do apoio das costas;
o Implantação de programa de supervisão médica.

Vibração localizada
 Direção da vibração
As direções da vibração devem ser reportadas às direções de um sistema de coordenadas orto-
gonais, conforme sugerido abaixo:

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169
Higiene do Trabalho

Fonte: Google.com

A fim de evitar-se um conflito entre a terminologia proposta aqui e a usada em biodinâmica


para definir a exposição humana de corpo inteiro, é proposto que os movimentos da mão para várias
direções do sistema de coordenadas sejam designados pelo subscrito h (hand). Assim, a aceleração da
mão na direção “z” deve ser designada por azh e similarmente para as direções x e y. A aceleração de
corpo inteiro no eixo longitudinal é designada somente por az.

 Os efeitos sobre a saúde


Os principais efeitos por causa da exposição à vibração no sistema mão/braço podem ser de
ordem vascular, neurológica, osteoarticular e muscular. A evolução da doença nos seus diversos es-
tágios, em função da exposição diária, ao longo de meses, pode ser observada através da descrição
realizada por Taylor e Pelmear, conforme resumo a seguir:
o Formigamento ou adormecimento leve e intermitente, ou ambos, são frequentemente ig-
norados pelo paciente porque não interferem no trabalho ou em outras atividades. São os
primeiros sintomas da síndrome.
o Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos, confina-
dos primeiramente às pontas; entretanto, com a continuidade da exposição, os ataques
podem estender-se à base do dedo.
o O frio frequente provoca os ataques, mas há outros fatores envolvidos com o mecanismo
de disparo, tais como a temperatura central do corpo, a taxa metabólica, o tônus vascular
(especialmente cedo, pela manhã) e o estado emocional.
o Os ataques de branqueamento geralmente duram de 15 (quinze) a 60 (sessenta) minutos,
mas nos casos avançados podem durar 1 (uma) ou 2 (duas) horas. A recuperação inicia-se
com um rubor, uma hiperemia reativa, especialmente vista na palma da mão, avançando do
pulso para os dedos.
o Nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade à
temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e incapacidade para a realização
de trabalhos minuciosos.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

170
Higiene do Trabalho
o Prosseguindo a exposição, o número de ataques de branqueamento se reduz, sendo subs-
tituído por uma aparência cianótica dos dedos.
o Finalmente, pequenas áreas de necrose da pele aparecem na ponta dos dedos (acrociano-
se).

A severidade dos efeitos biológicos pode ser influenciada por:


o Direção de vibração transmitida à mão;
o Método de trabalho, habilidade e destreza do operador;
o Fatores predisponentes de saúde do indivíduo (fumo, doenças que afetam a circulação,
utilização de certos medicamentos).

 Aceleração ponderada
A medição da aceleração em bandas de terças de oitavas ou da aceleração ponderada em frequ-
ência equivalente em energia, transmitida às mãos na direção dos três eixos ortogonais definidos pela
norma, deverá ser feita nas frequências variando de 5 a 1500 Hz, a fim de cobrir as bandas de terças
de oitava com frequências centrais de 8 a 1000 Hz.
Assim, a medição da aceleração deve ser avaliada num circuito que esteja em conformidade
com a tabela a seguir:

Limite de tolerância
O limite de tolerância para vibração localizada refere-se a níveis de duração de exposição a com-
ponente de aceleração que representam condições sob as quais se acredita que praticamente todos
os trabalhadores podem ser repetidamente expostos cotidianamente, sem que evoluam para além
do estágio 1 do Sistema de Classificação de Encontro de Estocolmo para Dedos Brancos induzidos por
vibração, também conhecido como fenômeno de Raynaud de origem ocupacional.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

171
Higiene do Trabalho
A ISO 5349 não fixa limite de tolerância expressamente para exposição ocupacional à vibração,
estabelecendo apenas gráfico de percentual de trabalhadores expostos (10 a 50%) que poderão evo-
luir para o estágio 1 de doença de branqueamento dos dedos, dependendo dos anos de exposição e
de aceleração ponderada (aeq), conforme gráfico abaixo:

A American Conference of Industrial Hygienists - ACGIH, com base neste gráfico, definiu os seus
limites de tolerância estabelecendo o tempo diário de exposição em função da aceleração ponderada
(aeq). Analisando esses limites, pressupõe-se que a ACGIH tomou como base o tempo de 5 (cinco)
anos em que 10% dos trabalhadores expostos evoluíram para estágio 1, conforme critério gráfico su-
gerido pelo ISO 5349.
Outros países como a Dinamarca adotam o critério de que 10% (dez por cento) dos trabalhado-
res expostos podem evoluir para o estágio 1 em 10 (dez) anos.
O MTE estabelece que nas perícias visando à caracterização de insalubridade por vibração de-
vem-se seguir as normas da ISO e suas substitutas sem, todavia, definir ou orientar os intérpretes
sobre qual critério a ser adotado. Por outro lado, a NR-9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambien-
tais) estabelece que os resultados da avaliação quantitativa devam ser comparados com os limites
recomendados pela ACGIH, quando não houver limites definidos na NR-15 (Atividades e Operações
Insalubres).
Desse modo, considerando-se que os limites da ACGIH foram baseados no gráfico recomendado
pela ISO 5349, e que a NR-15 não definiu o limite expressamente, a nosso ver, o limite da ACGIH é o
que deverá ser adotado para fins de caracterização da insalubridade e aposentadoria especial.
Do ponto de vista prevencionista, no entanto, deverão ser adotados limites mais rigorosos,
como, por exemplo, percentual de 10% (dez por cento) de probabilidade de os trabalhadores expostos
evoluírem para o estágio 1 da doença em 10 (dez) anos.
O limite de tolerância da ACGIH, para a exposição ocupacional à vibração localizada (mão e bra-
ço), da aceleração “rms” ponderada em função da exposição diária obedece à tabela a seguir:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

172
Higiene do Trabalho

(a) O tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja
intermitentemente.
(b) Usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais dos
eixos de vibração exceder à exposição total diária, então o TLV estará excedido.
(c) g = 9,81 m/s2.

(a) O tempo total que a vibração


¾ Equipamentos entra na mão por dia, seja continuamente, seja intermitente-
de medição
mente.O equipamento de medição da vibração geralmente consiste de um transdutor,
(b) Usualmente,
dispositivoum dos eixos éedominante
amplificador indicador desobre os demais.
registrador de Se um ou mais
amplitude dos eixos
ou nível. As de vibra-
ção medições
exceder à nos
exposição
3 eixostotal
devemdiária,
serentão
feitaso TLV estará excedido.
na superfície das mãos, nas áreas
(c) g = 9,81 m/s2. relatadas, onde a energia entra no corpo.
claramente
Se a mão do indivíduo está em contato direto com a superfície vibrante do punho
do cabo, o transdutor
 Equipamentos de medição deve ser fixado na estrutura vibratória. Se a magnitude de
O equipamento
vibração de medição
varia da vibraçãoentre
significativamente geralmente consiste
diferentes partes de
doum transdutor,
cabo, então o dispositivo
valor am-

HIGIENE DO TRABALHO
plificador e indicador
máximo de registrador
de um ponto quede amplitude
esteja ou nível.
em contato com aAsmão
medições
deve sernos 3 eixos Se
registrado. devem
um ser feitas
na superfície das mãos, elástico
elemento nas áreas claramente
está sendo usadorelatadas,
entre aonde
mãoa eenergia entra vibratória
a estrutura no corpo.(por
Se a mão do indivíduo está em contato direto com a superfície vibrante do punho do cabo, o
exemplo, punho almofadado), é permitido o uso de um suporte adequado entre a
transdutor deve ser fixado na estrutura vibratória. Se a magnitude de vibração varia significativamen-
mão e a superfície do material elástico.
te entre diferentes partes do cabo, então o valor máximo de um ponto que esteja em contato com a
A medição
mão deve ser registrado. Seda
umvibração
elemento deve ser realizada
elástico de acordo
está sendo usadocom os a
entre procedimentos e
mão e a estrutura vibra-
tória (por exemplo, punho almofadado),
instrumentação especificados énapermitido
norma ISOo 5349.
uso de uminstrumento
Esse suporte adequado entre a mão e a
deve ser capaz
superfície do material elástico.
de determinar a aceleração "rms" ponderada nos eixos x, y e z em m/s2, sendo a
A medição da vibração
aceleração deve ser
de maior realizadaa de
magnitude acordo
base com os procedimentos
da avaliação ocupacional. O e instrumentação espe-
acelerômetro
cificados na norma ISO 5349. Esse instrumento deve ser capaz de determinar a aceleração “rms” ponde-
deverá ser posicionado no ponto onde a vibração entra na mão (ponto de
rada nos eixos x, y e z em m/s2, sendo a aceleração de maior magnitude a base da avaliação ocupacional.
O acelerômetroacoplamento).
deverá ser posicionado no ponto onde a vibração entra na mão (ponto de acoplamento).
A figura
A figura a seguir, a seguir,
mostra mostra ode
o medidor medidor de vibração
vibração acopladoacoplado a um acelerômetro
a um acelerômetro tri
tri axial.
axial.

Fonte: http://static.wixstatic.com/media/c293ef_345e6f01e536425e-
8208144f2d31d520.jpg_srz_650_249_85_22_0.50_1.20_0.00_jpg_srz 203

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas


CURSO TÉCNICO Gerais –DO
EM SEGURANÇA Curso Técnico
TRABALHO em 3Segurança do Trabalho – Etapa 3
� ETAPA

173
Higiene do Trabalho
 Medidas de Controle Mão e braço
o Usar ferramentas com características antivibratórias;
o Utilizar luvas antivibração;
o Executar práticas adequadas de trabalho que permitam manter as mãos e o corpo do tra-
balhador aquecido, bem como minimizar o acoplamento mecânico entre o trabalhador e a
ferramenta vibratória;
o Implantar programa de supervisão médica.

FRIO

Conceitos Básicos
 Equilíbrio homeotérmico
Conforme demonstrado anteriormente no item calor, as trocas térmicas entre o organismo e o
ambiente dependem de: temperatura do ar; velocidade do ar; variação do calor radiante.
Esses fatores influenciam no equilíbrio homeotérmico do corpo, de acordo com a seguinte equação:

M±C±R-E=S

Onde: M=Calor produzido pelo metabolismo; C=Calor ganho/perdido por condução/convecção;


R=Calor ganho/perdido por radiação; E=Calor perdido por evaporação; S=Calor no núcleo do organis-
mo.
O desequilíbrio térmico (exposição ao frio), segundo a equação anterior, apresentar-se-á quan-
do o valor de S for inferior à zero, ou seja, o corpo estará perdendo calor para o ambiente, podendo
ocorrer à hipotermia.
O aspecto mais importante na hipotermia, e que poderá trazer a morte, é a queda da tempera-
tura profunda do corpo. Devem-se proteger os trabalhadores do submetimento ao frio, de modo que
a temperatura profunda do corpo não caia a menos de 36°C.

 Efeitos do frio no organismo


O vasoconstrição periférico é a primeira resposta do organismo para tentar realizar uma regula-
rização entre perda e ganho de calor, ou seja, o fluxo sanguíneo é reduzido na mesma proporção que
o abaixamento da temperatura.
Esse abaixamento acarretará, quando a temperatura corpórea chega a 35°C, numa diminuição
gradual de todas as atividades fisiológicas, tais como frequência do pulso, pressão arterial e taxa me-
tabólica. Em contrapartida, o corpo reage de forma que o indivíduo começa a tremer compulsivamen-
te para produzir calor (aumento da atividade muscular).
Se isto não for suficiente para produzir o calor necessário, o corpo continuará a perder calor e,
por volta dos 29ºC, o hipotálamo perde sua capacidade termorreguladora, e as células cerebrais de-
primem-se, consequentemente o indivíduo pode entrar em sonolência e posterior coma, ou seja, o
indivíduo adquire o quadro de hipotermia.
Além da hipotermia, vários outros estados patológicos, conhecidos como lesões do frio, podem

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

174
Higiene do Trabalho
afetar o trabalhador. Dentre eles, destacam-se:
o Enregelamentos dos membros, que poderá levar à gangrena e amputação destes.
o Pés de imersão: quando os trabalhadores permanecem com os pés umedecidos ou imersos
em água fria por longos períodos, produzindo estagnação do sangue, paralisação dos pés e
pernas.
o Ulcerações do frio: feridas, bolhas, rachaduras e necrose, que poderão ocorrer devido à
exposição ao frio intenso.
Além disso, o frio interfere na eficiência do trabalho e incidência de acidentes, além de desen-
cadear inúmeras doenças reumáticas e respiratórias.

Limites de tolerância
Pouco se conhece sobre a quantificação do frio, embora os mesmos fatores ambientais analisa-
dos no estudo do calor influam na intensidade da exposição ao frio. Tem-se construído modelos en-
genhosos que procuram simular o processo que envolve a perda de calor, realizando-se experiências
no interior de câmaras frias.
No entanto, até o presente momento, todos os índices de stress por frio têm limitações, mas em
condições adequadas proporcionam informações úteis, como veremos no item seguinte.
Embora a legislação brasileira não fixe limites de tolerância para exposição ao frio, a American
Conference of Industrial Hygienists - ACGIH estabelece limites para exposição a este agente em função
da velocidade do ar, temperatura de bulbo seco, obtendo-se índice de temperatura equivalente de
resfriamento, valor este que determina o grau de risco da exposição. Além disso, a ACGIH estabelece
alternância trabalho/descanso, num período de 4 (quatro) horas, em função de velocidade do ar, tem-
peratura e tipo de atividades.
Além dos limites estabelecidos pela ACGIH, poderá ser utilizado como parâmetro o quadro abai-
xo, que leva em consideração a temperatura de bulbo seco, zona climática onde atua o trabalhador e
fornece a máxima exposição diária permissível, de acordo com o estabelecido no art. 253 da Consoli-
dação das Leis do Trabalho.

“Art. 253” - Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os
que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de uma
hora e quarenta minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de vinte minutos de re-
pouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Parágrafo único - Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for
inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho e
Emprego, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas
a 10º (dez graus).

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

175
Higiene do Trabalho

 Vestimentas de trabalho
É necessário que o isolamento do corpo pela vestimenta de trabalho seja satisfatório e que a
camada de ar compreendida entre a pele e a roupa elimine parcialmente a transpiração para que haja
uma troca regular de temperatura.

 Regime de trabalho
Quando a exposição ao frio é intensa, o trabalhador deve ter em mente que será necessário in-
tercalar períodos de descanso em local termicamente superior ao local frio, de forma que mantenha
uma resposta termorreguladora satisfatória do corpo humano.

 Exames médicos
Na seleção de pessoal para execução de trabalhos em locais de frio intenso, devem-se realizar
exames médicos pré-admissionais para se conhecer o histórico ocupacional do indivíduo e souber se
este é portador de diabetes, epilepsia, se é fumante, alcoólatra, se já sofreu lesões por exposição ao
frio, se apresenta problema no sistema circulatório, etc. Tais trabalhadores, em hipótese alguma, de-
verão expor-se a trabalhos sob frio intenso.
Rotineiramente, deverão ser realizados exames médicos periódicos para controle e verificação,
com antecedência, de problemas da exposição ao frio.

 Educação e treinamento
Todo trabalhador que for executar atividades sob frio intenso deverá ser instruído sobre os ris-
cos nesta condição, bem como ser treinados quanto ao uso de proteções adequadas (vestimentas,
luvas, etc.) e rotinas de trabalho (tempo/local de trabalho x tempo/local de descanso).

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176
Higiene do Trabalho
UMIDADE

Conceitos Básicos
A umidade está presente em ambientes que possuem áreas alagadiças, águas represadas, águas
correntes, etc. Perto ou no local das atividades. Antes da terminação do perigo que um ambiente pode
apresentar é preciso efetuar as devidas medições para a comprovação do ambiente úmido.

 Efeitos no organismo
A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas,
doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras. A temperatura do corpo pode baixar quando um
indivíduo se encontra em condições de umidade e provocar também a hipotermia e o amolecimento
da pele.

 Medidas de Controle
Para o controle da exposição do trabalhador à umidade podem ser tomadas medidas de prote-
ção coletiva (como o estudo de modificações no processo do trabalho, colocação de estrados de ma-
deira, ralos para escoamento) e medidas de proteção individual (como o fornecimento do EPI - luvas
de borracha, botas de borracha cano longo, avental).

Limite de tolerância
As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcadas, com umidades ex-
cessivas, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em
decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho NR-15 (Atividades e Operações Insa-
lubres), Anexo n°10.

RISCOS QUÍMICOS

Conceitos Básicos
As substâncias químicas fazem parte da natureza, tendo sido extraídas e utilizadas desde os
primórdios da civilização. A convivência com as substâncias químicas nos dias atuais é obrigatória e
permanente sendo importante para os trabalhadores envolvidos em processos produtivos que direta
ou indiretamente utilizem estas substâncias em razão dos danos à saúde e ao ambiente que podem
resultar de sua utilização.
O uso incorreto das substancias químicas pode causar acidentes, doenças e até a morte, pode
ainda causar incêndios e explosões. A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho - FUNDACENTRO ressalta que acidentes envolvendo produtos químicos podem representar
danos à saúde do trabalhador, custos adicionais para as empresas em termos de perda material, equi-
pamentos e instalações danificadas.
O risco que esta relacionada às substancias químicas deve ser trabalhados nas suas várias di-
mensões entre as quais destacamos: o potencial de dano do produto, as condições ambientais e do

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

177
Higiene do Trabalho
trabalho e o histórico a partir de estudos epidemiológicos e/ou científicos. Os riscos existentes são
complexos e requerem aprofundamento devido às dificuldades de se correlacionar as dimensões re-
feridas, em particular:
 As medições atmosféricas de concentrações de produtos em volume apenas expressam
potencialidades de contato e de contaminação, não sendo retrato da realidade.
 Há interação entre os agentes químicos e o corpo humano onde as reações adversas ou de
homeostase ocorrem de acordo com padrões em que a variabilidade é dada, como regra,
pela suscetibilidade individual.
 É possível estabelecer padrões de reação em relação ao tipo de efeito e órgão-alvo e, quan-
to maior a exposição, maiores os efeitos em termos epidemiológicos.
 Entretanto, em termos individuais, a reação é medida por variáveis cíclicas e constantes
relativas ao histórico de vida e patrimônio genético dos indivíduos, e a regra, também aqui,
é sempre a variabilidade.
 Os limites de tolerância não são capazes de dar conta destas variações e têm uma margem
de falhas que comprometem seu uso como instrumento para a prevenção de danos à saú-
de.
Estudiosos colocam o reconhecimento e a análise dos riscos químicos como uma atividade prio-
ritária para garantir e qualificar a intervenção na defesa da saúde do trabalhador, afirma que quem
não reconhece não pode avaliar e prevenir o risco. Os trabalhadores são quem melhor conhecem o
ambiente e os riscos a que está submetido, sua participação é fundamental em todas as ações que
envolvam sua saúde.

Classificação dos Riscos Químicos


São agentes químicos de interesse para Saúde e Segurança do Trabalho os gases e vapores e os
aerodispersóides na forma de poeiras, fumos, nevoas, neblinas e de fibras. Os ricos químicos podem
ser divididos em dois tipos:

Fonte: Google.com

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

178
Higiene do Trabalho
 Gases
Gases é a denominação dada às substâncias que, em condições normais de temperatura e pres-
são (25 °C e 760 mmHg), estão no estado gasoso. Exemplo: hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
Como característica os gases tendem a ocupar o ambiente. Os gases são substancia cujas molé-
culas se encontram dispersos pelo ar, tem como característica mobilidade, ou seja, se difundem e tem
como tendência ocupar todo o espaço disponível.
Quando armazenados em cilindros ou reservatórios especiais submetidas a altas pressões e
baixas temperaturas serão liquefeito. Podemos encontrar gases em diversas atividades de trabalho,
como exemplo em processo de solda por acetileno, tubulações de gases existentes nas mais variadas
indústrias.

 Vapores
É a fase gasosa de uma substância que em condições normais de temperatura e pressão (25 °C
e 760 mmhg), é líquida ou sólida, ex: vapores de água, vapores de gasolina.
É importante salientar que a concentração de vapores de uma substância, a uma determinada
temperatura, não pode aumentar indefinidamente. Existe um ponto máximo denominado saturação,
a partir do qual qualquer aumento na concentração transformará o vapor em líquido ou sólido.
Existe diferença entre gases e vapores, em relação ao espaço que podem ocupar. Os gases po-
dem ocupar o volume total do ambiente, e chegar à concentração de 100%, os vapores têm sua con-
centração limitada e sua ocupação ocorre em função da pressão de vapor e da temperatura.
Para Higiene do Trabalho as concentrações que interessam são pequenas, situando-se normal-
mente abaixo da concentração de saturação, não se torna necessário distinguir os gases dos vapores,
sendo os dois estudados de uma só vez.

 Classificação Dos Gases e Vapores


A principal diferença entre gases e vapores é a concentração de cada qual deve existir no am-
biente. Como para Higiene do Trabalho as concentrações que interessam são pequenas, situando-se
normalmente abaixo da concentração de saturação, não se torna necessário distinguir os gases dos
vapores, sendo os dois estudados de uma só vez.
Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo humano,
são divididos em três grupos: irritantes, anestésicos e asfixiantes. Quando uma substancia é classifica-
da em um dos grupos, não implica que não tenha características de outro grupo.

I. Irritantes
São gases e vapores que produzem irritação nos tecidos com os quais entram em contato dire-
to, tais como pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias.
A irritabilidade das vias respiratórias esta ligada à solubilidade dos gases e vapores, pois elas
são extremamente úmidas. Esse grupo de gases e vapores irritantes divide-se em:

A. Irritantes Primários
 Provocam somente irritação local;
 Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores;
 Irritantes de ação sobre os brônquios;
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

179
Higiene do Trabalho
 Irritantes de ação sobre os pulmões;
 Irritantes atípicos;

B. Irritantes Secundários
 Provocam além da irritação, ação toxica generalizada;

II. Asfixiantes
A principal característica desse tipo de substancias é impedir de alguma forma que o oxigênio
atinja os tecidos. O teor de oxigênio no ar dos ambientes de trabalho deve estar entre os valores de
19,5% e 23,5%. Quando a concentração de oxigênio esta acima de 23,5% apresenta problemas de
inflamação e risco de explosão, ambientes abaixo de 19,5% causam risco à saúde do trabalhador.

A. Asfixiantes Simples
Não são tóxicos, deslocam o oxigênio do ambiente, diminui a concentração.

B. Asfixiantes Químicos
Interferem no mecanismo de troca gasosa, impedindo o aproveitamento de oxigênio, au-
menta a concentração.

III. Anestésicos
O efeito anestésico se deve a ação depressiva sobre o sistema nervoso central. Os gases e vapo-
res anestésicos podem ser divididos pelo seu efeito no organismo humano.

A. Anestésicos Primários de efeito anestésico;


B. Anestésicos de efeitos sobre as vísceras;
C. Anestésicos de ação sobre o sistema formador sanguíneo;
D. Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso central;
E. Anestésico de ação sobre o sistema circulatório;

 Aerodispersóides
Os aerodispersóides são partículas ou gotículas extremamente pequenas em suspensão na
atmosfera (ambiente de trabalho) e são transportados pela corrente de ar. Quanto maior o tempo que
estas permanecem no ar, maior a possibilidade de serem inaladas pelos trabalhadores. Esse tempo de
permanecia depende do tamanho; peso e velocidade de movimentação do ar.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

180
outras substâncias voláteis.
Fazem parte desse grupo, as fibras que podem ser naturais ou artificiais, e a
fumaça, que é uma mistura de gases de combustão e material proveniente de
Higiene do Trabalho
combustão incompleta.
São caracterizados como poluentes devido as suas características físicas e químicas, que os
fazem nocivos à saúde e bem estar dos seres vivos e ecossistemas. Estas partículas ou gotículas são
geradas pelaoruptura
Poeiramecânica de sólidos ou pelos vapores, decorrentes da evaporação de água, com-
bustíveis e outras substâncias voláteis.
São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, pelo
Fazem parte desse grupo, as fibras que podem ser naturais ou artificiais, e a fumaça, que é uma
mistura de gases
simples de combustão
manuseio e material
(limpeza proveniente de
de bancadas) oucombustão incompleta. de uma operação
em consequência
(trituração,
o Poeira perfuração, polimento).
Nosso
São sistema
partículas sólidas respiratório
produzidas por possui proteçãode contra
ruptura mecânica um sólido,aspelo
poeiras naturais,
simples manu-
seioque
maiores (limpeza de bancadas)
10 µm, mas nãooupossui
em consequência de uma operação
proteção contra menores.(trituração, perfuração,uma
Existe, portanto,
polimento).
faixa de poeiras respiráveis que vai de 0,5 a 10 µm.
Nosso sistema respiratório possui proteção contra as poeiras naturais, maiores que 10 µm,
mas
O não
pó possui
está proteção contrapor
constituído menores. Existe, portanto,
partículas geradasuma faixa de poeiras respiráveis
mecanicamente, ou seja, a
que vai de 0,5 a 10 µm.
poeira e formada quando um material sólido e quebrado, moído ou triturado;
O pó está constituído por partículas geradas mecanicamente, ou seja, a poeira e formada
resultantes de material
quando um operações
sólido etais comomoído
quebrado, moenda, perfuração,
ou triturado; explosões,
resultantes de operaçõeslimpeza
tais
como moenda, perfuração, explosões, limpeza abrasiva, impacto rápido, serviço de lixar,
abrasiva, impacto rápido, serviço de lixar, processos de corte e etc. As poeiras são
processos de corte e etc. As poeiras são provenientes de diversas matérias tais como miné-
provenientes de poeiras
rio, madeira, diversas matérias
de grãos, amiantotais como minério, madeira, poeiras de grãos,
e etc.
amianto e etc.

Fonte: Google.com

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3


Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

181
menores que 0,5 µm e gerados em operações de soldagem, fusão de metais e
outras com aquecimento.
Higiene do Trabalho
A liberação dos fumos ocorre quando um metal ou plástico é fundido
(aquecido), vaporizado e resfriado rapidamente, formando partículas muito finas que
o Fumos
São partículas
ficam suspensas no ar,sólidas resultantes
exemplo da condensação
solda, de vaporesde
fundição, extrusão ou plásticos
reações químicas,
e etc.geral-
mente após a volatilização de metais fundidos. Os fumos são menores que 0,5 µm e gerados
Para
emaoperações
higienedeindustrial, os fumos
soldagem, fusão de metaisde maiorcom
e outras interesse são os metálicos. A
aquecimento.

maioria dos
A liberação
metaisdos
e fumos
seus ocorre quando um
compostos metal ou plástico
utilizados é fundido processo
em qualquer (aquecido), vapori-
industrial
zado e resfriado rapidamente, formando partículas muito finas que ficam suspensas no ar,
apresentam risco.solda,
exemplo Os fundição,
mais importantes são oe etc.
extrusão de plásticos chumbo, mercúrio, arsênio, cromo,
Para
manganês e aseus
higienecompostos.
industrial, os fumos de maior
Entre interessemetálicos
os fumos são os metálicos.
de Amaior
maioria toxicidade,
dos me-
tais e seus compostos utilizados em qualquer processo industrial apresentam risco. Os mais
destaca-seimportantes
o chumbo, sãoque causamercúrio,
o chumbo, a doença ocupacional
arsênio, conhecida
cromo, manganês como saturnismo
e seus compostos. Entre
os fumos metálicos de maior toxicidade, destaca-se o chumbo, que causa a doença ocupa-
ou plumbismo.
cional conhecida como saturnismo ou plumbismo.


Fonte: google.com
o Névoas
São partículas líquidas geradas por ruptura mecânica, maiores que 0,5 µm.
o Névoas
em
Ocorrem São operações
partículas líquidas geradas por ruptura
de pulverização mecânica, maiores que 0,5 µm. Ocorrem em
de líquidos.
operações de pulverização de líquidos.
Como exemplo a pintura a spray (névoa de tinta), processos que utilizem óleo
Como exemplo a pintura a spray (névoa de tinta), processos que utilizem óleo de corte
(névoa dede
de corte (névoa óleo), na aplicação
óleo), de agrotóxicos
na aplicação por nebulizaçãopor
de agrotóxicos e etc. As partículas líquidas
nebulização e etc. As
contêm o agente ativo que normalmente e pouco volátil acompanhado do liquido utilizado
partículas como
líquidas
veículo contêm o normalmente
de dispersão, agente ativo quepodendo
água, mas, normalmente e pouco
ser outro, como querosene.volátil
Processo de pintura a revolver gera uma névoa de tinta.
acompanhado do liquido utilizado como veículo de dispersão, normalmente água,
mas, podendo ser outro, como querosene. Processo de pintura a revolver gera uma
névoa de tinta.
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182

“Fundação de Educação para


Higiene do Trabalho

o Neblinas 
Fonte: google.com

TRABALHO
Sãoo partículas
Neblinaslíquidas geradas por condensação de vapores de substancias

TRABALHO
liquidas a São
temperaturas
partículasnormais, sendo menores
líquidas geradas que 0,5. de vapores de substancias
por condensação
o Neblinas
Na indústria,
liquidas a ocorrência
a temperaturas dasendo
normais, neblina de um que
menores agente
0,5.químico é muito rara, pois
a condensação
São partículasdolíquidas
vapor geradas
no ar sópor condensação
pode acontecer de vapores de fica
substancias liquidas a tem-
Na indústria, a ocorrência da neblina de umquando este
agente químico é muito
muito saturado
rara, pois
peraturas normais, sendo menores que 0,5.

DODO
peloa condensação
vapor de umdolíquido,
vapor noseguindo-se de diminuição
ar só pode acontecer quandoda temperatura
este do ar,
fica muito saturado
Na indústria, a ocorrência da neblina de um agente químico é muito rara, pois a condensa-

HIGIENE
provocando
ção a condensação
pelodovapor
vapor de
no um do excesso
ar sólíquido,
pode dequando
acontecer vapor
seguindo-se de presente.
diminuição
este da saturado
fica muito temperatura
pelo do ar, de um
vapor

HIGIENE
líquido, seguindo-se
provocando de diminuição
a condensação da temperatura
do excesso do ar, provocando a condensação do
de vapor presente.
excesso de vapor presente.



Fonte: google.com

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

183

215
215
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3
Higiene do Trabalho
o Fibras
São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólido, que se diferenciam das
poeiras por terem forma alongada, com um comprimento de 3 a 5 vezes superior ao seu
diâmetro.
Para melhor entendimento classifica as fibras em:
• Animal: lã, seda, pelo;
• Vegetal: algodão, linho, cânhamo;
• Mineral: asbestos, vidros e cerâmica.

Deve-se salientar que essa classificação é apenas para facilitara compreensão, pois, do ponto
de vista da Higiene, não é muito significativa à maneira como as partículas são originadas para fins de
avaliação e controle.

 Classificação quanto ao efeito no organismo
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química – ABIQUIM existem mais de 23 milhões de
substâncias químicas conhecidas, das quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente. Estas substân-
cias são principalmente encontradas como misturas em produtos comerciais.
As substâncias químicas podem ser classificadas de acordo com o efeito causado no organismo
humano são eles:

o Corrosivas: substâncias que destroem os tecidos com os quais entram em contato;


o Irritantes: substâncias que podem provocar inflamação na pele, olhos e membranas;
o Causadoras de Efeitos Dermatológicos: substâncias que provocam dermatites na pele;
o Asfixiantes: substâncias que impedem o aproveitamento do oxigênio pelas células dos or-
ganismos vivos;
o Anestésicas: substâncias que atuam no sistema nervoso central, fundamentalmente no cé-
rebro;
o Tóxicas: substâncias que atuam em órgãos e tecidos do corpo: hepatotóxica – fígado, nefro-
tóxica – rins, neurotóxica – sistema nervoso, hematóxicas – sangue e ototóxicas – audição;
o Causadoras de Danos Pulmonares: substâncias pneumoconióticas;
o Genotóxicas: substâncias que provocam danos ao material genético;
o Mutagênicas: substâncias que provocam alterações no material genético;
o Cancerígenas: substâncias capazes de produzir câncer;
o Alergizantes: substâncias capazes de produzir reações alérgicas;
o Disruptores Endócrinos: substâncias capazes de alterar os hormônios femininos;

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184
Higiene do Trabalho
Os riscos apresentados pelos produtos químicos dependem de sua reatividade. Não é possível
estabelecer uma regra geral que garanta a segurança no manuseio de todas as substâncias químicas.
É necessária uma avaliação considerando não só as características físicas e químicas, a reativi-
dade e a toxicidade, como também as condições de manipulação, as possibilidades de exposição do
trabalhador e as vias de penetração no organismo. Além da disposição final do produto químico, sob
a forma de resíduo, e os impactos que pode causar no meio ambiente.
Os produtos químicos podem reagir de forma violenta com outra substância química, produzin-
do fenômenos físicos tais como calor, combustão e/ou explosão, ou então, produzindo uma substân-
cia tóxica.
Na avaliação dos riscos devidos à natureza física, devemos considerar os parâmetros de difusão
(pressão saturada de vapor e densidade de vapor) e os parâmetros de inflamabilidade (limites de
explosividade, ponto de fulgor e ponto de autoignição). Para prevenir os riscos devido à natureza quí-
mica dos produtos, devemos conhecer a lista de substâncias químicas incompatíveis de uso corrente
em laboratórios a fim de observar cuidados na estocagem, manipulação e descarte, esta informação
deverá estar na Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico – FISPQ do produto ou for-
necida pelo fabricante.
A toxicidade é a capacidade inerente de uma substância em produzir efeitos nocivos num orga-
nismo vivo ou ecossistema. O risco tóxico é a probabilidade que o efeito tóxico, ocorra em função das
condições de utilização da substância.
Estes riscos tóxicos dependem de algumas variáveis: propriedades físico-químicas, via de pe-
netração no organismo, dose, alvos biológicos, capacidade metabólica de eliminação e efeitos com
outros agressores de natureza diversa física, química ou psíquica. As substâncias químicas podem
provocar: danos à saúde; risco de incêndio e explosão; danos ao meio ambiente.

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185
Higiene do Trabalho

¾ Danos que as substâncias químicas provocam.


DANOS À SAÚDE
Tipo de agente Exemplos de situações de
Condições de exposição Danos à saúde
químico exposição

Todas as substâncias Derrames; Diversos, dependendo dos outros Derramamento de produto


químicas apresentam Vazamentos; fatores de riscos presentes no químico em transporte;
algum grau de Acidentes de transporte; ambiente podem ocorrer: Entrada em bueiros, poços,
toxicidade Locais com gases devido Doença especifica: silos de grãos, ambientes
decomposição; Saturnismo; fechados;
Ambientes confinados; Asbestose; Ambientes onde pode ter
Manuseio inadequado e/ou Silicose; havido queima de material
armazenagem inadequada; Bissinose; ou alimentos;
Descarte não apropriado; Hidrargirismo; Trabalho com substâncias
Emissões fugitivas; Benzenismo; voláteis em ambiente sem
Coleta de amostras. Cânceres; ventilação apropriada;
Dermatoses; Inúmeras atividades
Irritações; ocupacionais onde ocorre
Sensibilizações; etc. manuseio de produto
químico: pintor, soldador,
Doença inespecífica: fundidor, mecânico, químico,
Aumento de cânceres em gráfico, agricultor etc.
trabalhadores químicos.
INCÊNDIOS / EXPLOSÕES
Exemplos de situações de
Tipo de agente químico Condições Danos à saúde
exposição

Inflamáveis; Quatro condições são necessárias para Lesões; Explosões em silos de farinhas;
Explosivos; que ocorra aparecimento do fogo: calor, Queimaduras; Incêndio em material combustível
Combustíveis; combustível, comburente e condições Intoxicações devido tipo plástico com liberação de
Peroxidáveis (podem se apropriadas; aos produtos de HCN, HCl, CO;
transformar em peróxido Fontes de calor: decomposição; Queima de material com liberação
e explodir); Faísca; Tonturas; de HCl, fosgêio.
Produto químico em pó Chama; Desmaios; Manuseio de substancias
finamente dividido; Ponta de cigarro; Morte. peroxidáveis, armazenadas
Produto químico Sobrecarga elétrica; durante longo tempo;
nebulizado (spray) Carga eletrostática, etc. Manutenção com soldagem, feita
Material combustível: em tanque de combustível
Inflamáveis e/ou explosivos; contendo resíduo de produto;
Combustíveis; Produção de fogos de artifício, de
Substâncias peroxidáveis; forma não apropriada.
Comburente:
Oxigênio.
Condições favoráveis: fonte de calor na
presença de substância inflamável, no
ar, dentro de sua faixa de
inflamabilidade.
DANOS AO MEIO AMBIENTE
Exemplos de situações de
Tipo de agente químico Condições Danos
exposição

Praticamente todas as Descarte não apropriado; Os danos podem ocorrer Derramamento de petróleo
substâncias químicas podem vir Acidente de transporte; tanto na população no mar;
a provocar danos ao meio Derramamentos acidentais; humana, quanto em Descarte de resíduos
ambiente, quando presentes em Acidentes ampliados, que animais, plantas e inclusive industriais em rios que
concentrações acima dos níveis extrapolam os muros da ao patrimônio. Estes danos abastecem reservatórios de
aceitáveis, que alias, estão se empresa; podem ser lesões leves até água;
tornando mais baixos, para um Vazamentos, muitas vezes não mortes e extinção de Emissão de efluentes
grande numero de substâncias. percebidos; espécies animais e gasosas através de
Atenção especial deve ser dada Armazenamento fora das vegetais. chaminés ou outros sistemas
aos poluentes orgânicos condições de segurança, tanto Os danos causados por de escape de resíduos
persistentes que além de serem em relação à quantidade acidentes que ultrapassam gasosos ou particulados em
persistentes, isto é, demoram a armazenada quanto em os muros da empresa são indústrias;
se decompor, são voláteis e por relação às condições físicas do chamados de acidentes Escapamento de veículos.
isso se distribuem por todo o armazém. ampliados.
planeta.

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186

218
Higiene do Trabalho
 Parâmetros dos Aerodispersóides
Particulados é a fração de partículas do ar inspirado que é retida no trato respiratório. O local de
deposição depende de vários fatores: propriedades aerodinâmicas das partículas; tamanho e forma
do canal respiratório; padrão respiratório e quantidade de ar inspirado.

o Tamanho das partículas


O tamanho das partículas é de fundamental importância na avaliação de poeiras, vez que,
dele depende os efeitos na saúde, o tempo em que as partículas ficam em suspensão, entre outros. A
American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH há muitos anos, tem recomen-
dado o limite de tolerância por seleção de partículas (respiráveis) para sílica cristalizada, pois há uma
associação bem estabelecida entre a silicose e as concentrações de poeira respirável. A intenção da
ACGIH é de estabelecer todos os seus limites para fração respirável, inalável e torácica.
Quanto ao tamanho das partículas, podem ser classificadas conforme o quadro a seguir:

o Partícula respirável

São as partículas que conseguem penetrar na região de troca de gases do pulmão. Esse tipo de
particulado é o de maior risco, pois pode alcançar os alvéolos pulmonares.

o Partícula inalável
São as partículas que ficam depositadas em qualquer lugar do trato respiratório. A ACGIH reco-
menda o limite de tolerância de 10mg/m3 de partículas inaláveis.

Particulado torácico
São partículas que oferecem risco quando depositadas em qualquer lugar no interior das vias
aéreas dos pulmões e da região de troca de gases.

o Particulado total
É todo o material em suspensão no ar, independente do tamanho das partículas. A NR-15 (Ativi-
dades e Operações Insalubres) estabelece o limite para sílica livre cristalizada e para particulados total
e respirável. A ACGIH recomenda o limite de tolerância de poeira total, para vários tipos de poeira,
embora haja uma tendência de fixar todos os limites para fração respirável, inalável ou torácica.

 Efeitos sobre o organismo


As substâncias químicas podem provocar vários tipos de danos à saúde, mas a primeira condi-
ção para que elas provoquem algum dano é que entrem em contato ou penetrem no nosso corpo.
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187
Higiene do Trabalho
No trabalho, a forma com que mais frequente da substância penetra no corpo é pela respiração.
O ar entra pelo nosso nariz e junto com ele podem vir às várias substâncias químicas. Algumas pode-
rão provocar irritação logo no nariz e na garganta, outras provocam dor e pressão no peito e outras
podem ir até o pulmão.
As substâncias que chegam ao pulmão podem causar problemas no local onde elas ficam como
é o caso da sílica e do amianto que provocam a silicose e a asbestose que são doenças pulmonares gra-
ves. Outras substâncias que vão até o pulmão, podem ou não provocar algum problema, mas também
podem passam para o sangue e são levadas para outras partes do corpo. É o caso do benzeno, por
exemplo. Quando nós respiramos benzeno, ele chega até o pulmão, passa para o sangue que carrega
este produto químico até a nossa medula óssea, que é o lugar onde nosso sangue é produzido. Aí pode
provocar vários tipos de danos.
Os gases e vapores são facilmente inalados, porém, a inalação de partículas depende de seu
tamanho e forma. Quanto menor a partícula mais profundamente penetra no trato respiratório. Con-
tudo, os danos que as substâncias poderão causar vão depender do tipo de substância que estamos
respirando.
Outro meio de absorção é pela pele. A pele forma uma camada protetora contra agentes tó-
xicos e é relativamente impermeável a vários compostos. Entretanto muitos agentes químicos são
prontamente absorvidos. Neste caso, o dano vai depender do tipo de substância.
Na pele, o produto pode agir de duas formas: direto na pele ou penetrando nela. Se a substân-
cia for corrosiva ela pode provocar queimadura direto na pele. Algumas substâncias também podem
provocar reação alérgica e a pele fica com vários ferimento podendo inchar. Outras substâncias têm
a capacidade de penetrar na pele, neste caso ela entra na corrente sanguínea e o sangue a leva para
outras partes do corpo do mesmo jeito que na respiração.
A substância química também pode penetrar no nosso corpo pela forma digestiva. Em geral isto
ocorre acidentalmente, por contaminação quando se tem o hábito de se alimentar e fumar no am-
biente de trabalho ou devido a formas inadequadas de trabalho.
Algumas substâncias vão ser levadas, pelo sangue, para outras partes do corpo. Por isso que
depois que tomamos alguma bebida alcoólica, depois de algum tempo, ela é absorvida, o sangue car-
rega o álcool até o nosso sistema nervoso e ficamos com os sintomas de bebedeira: tontura, euforia,
mudança de personalidade e muitas vezes uma grande dor de cabeça.
A ingestão de substâncias químicas pela boca pode provocar queimadura ou irritação já na boca,
ou no caminho entre a boca e o estômago.

 Danos ao trabalhador
A ação da substância no corpo vai depender muito das suas características físico-químicas.
Se a substância for, por exemplo, um ácido forte, como o ácido muriático usado para limpar
restos de cimento quando se faz uma aplicação de cerâmica, podem ocorrer queimaduras na pele, se
tiver contato do ácido com a mão ou outra parte do corpo, ou até queimaduras no nariz e na garganta,
se respirarmos o gás que sai do frasco.
Outro exemplo da exposição a substâncias químicas. Quando nós usamos uma tinta com solven-
te, se nós respirarmos este vapor que sai da tinta, nós poderemos ter dor de cabeça, tontura, enjoo,
poderemos sentir dificuldade para dormir, fraqueza, e com o tempo poderemos ter perda de memória
e outros sintomas que podem ser devido ao solvente.
Existem algumas doenças que devido ao trabalho sem cuidado com produto químico, que às ve-
zes só aparecem depois de muitos anos de trabalho. Nestes casos podem aparecer problemas na pele,
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

188
Higiene do Trabalho
no estômago, rins, fígado, no sangue. Alguns destes problemas, quando descobertos pelos médicos
em tempo, podem ser curados, às vezes, com medicamentos, e outras com simples afastamento do
trabalhador do contato com a substância.
Já é sabido que mesmo no caso das doenças que podem ser curadas com medicamentos,
torna-se necessário a retirada do trabalhador para que não fique mais exposto ou em ambiente con-
taminado, podendo adquirir novamente a doença, normalmente mais rápido e grave que a anterior.
O diagnóstico nem sempre é fácil, descobrir que uma doença esta relacionada a um deter-
minado produto químico. Isto porque o que o trabalhador sente são dores e queixas que podem ter
outras causas e que podem atrapalhar no ato do diagnóstico.
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, entre as atividades que, sem serem propriamen-
te químicas, registraram nos últimos anos um aumento mais significativo da utilização de agentes
químicos, destacarão:

o Construção civil e as suas atividades complementares (carpintaria, pintura, instalações de


água, gás e eletricidade, etc.);
o Limpeza profissional, especialmente em meios industriais e em certos serviços onde a qua-
lidade da limpeza é crucial, como os hospitais;
o Hospitais, onde se utiliza uma grande variedade de agentes químicos como anestésicos,
esterilizantes, citostáticos, etc.
o Indústria de tratamento de resíduos, onde muito frequentemente os próprios resíduos são
ou podem conter agentes químicos e onde, além do mais, estes são utilizados e incorpora-
dos voluntariamente no processo a fim de obter os resultados pretendidos;
o Agricultura, especialmente a intensiva, onde é muito frequente a combinação do uso de
espaços de cultivo fechados parcialmente ou totalmente (estufas) e a utilização em grande
escala de diversos tipos de agentes químicos, especialmente pesticidas.

 Unidades de Medida
Os limites de tolerância para exposição à poeira, exceto asbestos, são expressos em mg/m3, isto
é, a massa retirada do filtro dividida pelo volume amostrado. Assim sendo, na avaliação quantitativa,
temos de determinar esses parâmetros.

o Concentração
A concentração de agente químico em mg/m3 é obtida pela seguinte fórmula:
C=M/V

Onde: C = Concentração de poeira; M = Massa de amostra em mg; V = Volume amostrado em m3.

o Vazão
É o volume de ar, em litros, que passa através do dispositivo de coleta por minuto. A vazão de
coleta de um determinado agente químico e dado pela fórmula:
Q=V/T

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189
Higiene do Trabalho
Onde: V = volume de ar e contaminante coletado; T = Tempo de coleta em minutos.

o Volume amostrado (m3)


O volume amostrado é determinado pela seguinte fórmula:
V=QxT

Onde: V = Volume amostrado; Q = Vazão média durante a amostragem; T = Tempo de amostra-


gem em minutos.
Sendo a vazão da bomba em L/min e tempo de amostragem (T) em minutos, o volume obtido
na fórmula será expresso em litros. Para transformar esse volume em m3, divide-se o resultado obtido
por 1000.
Assim, temos:
V = (Q x T) / 1000

o Conversão das fórmulas


Podem ser expressas em termos volumétricos e massas, sendo:
PartePor
•• Parte PorMilhão
Milhão(ppm);
(ppm);
• Miligrama por Metro Cúbico (Mg/M3);
Porcentagem(%).
•• Porcentagem (%).
• Parte Por Milhão (ppm);
Dependendo do
Dependendo do meio
meio adotado
adotado para
para amostragem
amostragem ee análise,
análise, da
da forma
forma como
como
• Porcentagem (%).
são expressos
são expressos os
os resultados
resultados ee da
da unidade
unidade de
de medida
medida adotada
adotada como
como padrão
padrão para
para
Dependendo do meio adotado para amostragem e análise, da forma como são expressos os
comparação
comparação
resultados comdeos
com
e da unidade os limitesadotada
limites
medida de exposição,
de exposição, eventualmente,
eventualmente,
como padrão éé necessário
para comparaçãonecessário fazer aade exposi-
fazer
com os limites
ção, eventualmente,
conversãopara
conversão é necessário
para aaunidade
unidadede fazer a conversão para a unidade de referência.
dereferência.
referência.
Assim,Assim,
para conversão
Assim, para de ppmde
paraconversão
conversão para
de ppm
ppm %,para
ou vice-versa,
para %,ou
%, adota-se
ouvice-versa,
vice-versa, as fórmulas:
adota-se
adota-se asfórmulas:
as fórmulas:

‫ͳݔ‬ǤͲͲͲǤͲͲͲ
‫ͳݔ‬ǤͲͲͲǤͲͲͲ ‫ͲͲͳݔ݉݌݌‬
‫ͲͲͳݔ݉݌݌‬
‫݉݌݌‬ൌൌ
‫݉݌݌‬ ݁݁ൌൌ 
ͳͲͲ
ͳͲͲ ͳǤͲͲͲǤͲͲͲ
ͳǤͲͲͲǤͲͲͲ

Já paraJáconversão
Jápara de PPM
paraconversão
conversão deou
de % para
PPM
PPM ou%
ou %mg/m3, ou 3vice
paramg/m
para mg/m 3
ouversa,
, ,ou comocomo
viceversa,
vice versa, a relação
como é deéémassa por
aarelação
relação
volume,deadota-se:
de massapor
massa porvolume,
volume,adota-se:
adota-se:

ʹͶǡͶͷ‫ݔ‬ ݉݃ΤΤ݉͵
ʹͶǡͶͷ‫݃݉ݔ‬ ݉͵ ‫ܯܲݔ݉݌݌‬
‫ܯܲݔ݉݌݌‬
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‫݉݌݌‬ ݉݃ΤΤ݉͵
݁݁݉݃ ݉͵ൌൌ 
ܲ‫ܯ‬
ܲ‫ܯ‬ ʹͶǡͶͷ
ʹͶǡͶͷ

Onde: PM==peso
Onde:PM pesomolecular
molecular
Onde: PM = peso molecular

¾¾Brief
Brief
Brief&&&Scala
Scala
Scala
A adoçãoAAdos limites
adoção
adoção de tolerância
dos
dos deda
limites de
limites Americanda
tolerância
tolerância Conference
da AmericanofConference
American Industrial Hygienists
Conference - ACGIH deve
of Industrial
of Industrial
ser corrigida através da fórmula Brief & Scala, uma vez que a jornada de trabalho no Brasil é de oito
Hygienists--ACGIH
Hygienists ACGIHdeve
deveser
sercorrigida
corrigidaatravés
atravésda
dafórmula
fórmulaBrief
Brief&&Scala,
Scala,uma
umavezvezque
que
horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, enquanto os limites da ACGIH são para jornada de
aa jornada
jornada de
de trabalho
trabalho no
no Brasil
Brasil éé de
de oito
oito horas
horas diárias
diárias ee quarenta
quarenta ee quatro
quatro horas
horas
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semanais, enquanto
semanais, enquanto os
os limites
limites da
da ACGIH
ACGIH são
são para
para jornada
jornada de
de oito
oito horas
horas por
por dia
dia ee
190
quarentahoras
quarenta horassemanais.
semanais.OOfator
fatorde
deredução
reduçãodo
dolimite
limitede
detolerância
tolerânciaBrief
Brief&&Scala
Scalaéé
ooseguinte:
seguinte:
FR==(40
FR (40/ /h)
h)xx[(168
[(168––h)
h)/128]
/128]
Higiene do Trabalho
oito horas por dia e quarenta horas semanais. O fator de redução do limite de tolerância Brief & Scala
é o seguinte:
FR = (40 / h) x [(168 – h) /128]

Onde: FR = Fator de Redução; h = Jornada de trabalho em horas.

 Principais Instrumentos de Medição


Para amostragem de particulados (Poeira mineral, algodão, fumos, gases e vapores), podem ser
necessários os seguintes instrumentos:

o Bomba gravimétrica de poeira;


o Sistema filtrante (filtros, porta-filtro e suportes);
o Sistema separador de tamanho de partícula (ciclone);
o Elutriador vertical para poeira de algodão;
o Calibradores tipo bolha de sabão;
o Calibrador eletrônico;
o Tubos colorimétricos;
o Tubos de carvão ativado.
Os meios de coleta são: Filtros; Tubo de sílica gel; Tubo de carvão ativado; Impinger, entre outros.

Limites de tolerância
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) Anexo n°11 estabelece critérios para a caracte-
rização de insalubridade e fixa limites de tolerância para alguns tipos de particulados. Outros tipos,
também prejudiciais à saúde, foram relacionados no Anexo n°13 da referida norma como avaliação
qualitativa, ou seja, a possível insalubridade deverá ser verificada através de inspeção no local. Além
disso, vários particulados importantes do ponto de vista ocupacional foram omitidos, tanto na fixação
de limite como na avaliação qualitativa.
Convém ressaltar que, os limites adotados pela NR-15, foram baseados naqueles recomendados
pela ACGIH. Conforme comentado anteriormente, a NR-15 não estabelece limites de tolerância para
vários tipos de agentes químicos, omitindo importantes substancias do ponto de vista ocupacional,
como por exemplo, algodão e madeira.
De forma que preencha essa lacuna, a NR-9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais) dis-
põe: “quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem
os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição ocupa-
cional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles
que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que
os critérios técnico-legais estabelecidos;
Convém ressaltar, no entanto, que os limites da ACGIH deverão sofrer correção em função da
jornada de trabalho, conforme comentado anteriormente (Brif & Scala). Assim, por exemplo, o ácido
nítrico não possui limite estabelecido no Anexo n°11 da NR-15, podendo-se utilizar o limite da ACGIH

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191
Higiene do Trabalho
que é de 2,0 ppm, multiplicado por 0,88 (fator de correção), obtendo-se, então, o valor de 1,76 ppm
limite de tolerância para as 44 horas semanais.

 Valor Maximo
É obtido através da equação:
VM = LT x FD

Onde FD = fator de desvio (tabelado), de acordo com o limite de tolerância (LT).


O valor máximo é calculado para as substâncias que não possuam valor teto. O valor máximo
de concentração não poderá ser excedido em momento algum da jornada de trabalho; caso ocorra a
situação será considerada de risco grave e iminente.

 Medidas de Controle
As medidas de controle da exposição aos particulados são: medidas relativas ao ambiente; me-
didas relativas ao homem.

o Medidas relativas ao ambiente


• Substituição do produto tóxico ou nocivo
Este procedimento técnico nem sempre é possível, em se tratando do pouco avanço tecnológico
e científico em que se encontra o parque industrial brasileiro, mas, quando possível, é a maneira mais
segura de se eliminar ou minimizar o risco da exposição.
Podemos exemplificar citando, por exemplo, a substituição do chumbo por óxidos menos tóxi-
cos, tais como óxido de titânio e zircônio. Na fabricação e manipulação de camadas vitrificadas e tin-
tas, podemos substituir o chumbo pelos sais de zinco. Outro exemplo importante é o da substituição
da areia contendo sílica livre por granalha de aço, nas operações de jateamento de peças, visto que se
reduz sensivelmente o risco de silicose (quando não se tratar de peças fundidas).

• Mudanças ou alteração do processo ou operação


Consiste na alteração do processo produtivo, como, por exemplo: utilização de pintura por imer-
são ao invés de pintura utilizando pistola; mecanização e automatização de processos; ensacamento
de pós.

• Encerramento ou enclausuramento da operação


Consiste no confinamento da operação, objetivando-se, assim, a impedir a dispersão do conta-
minante para todo o ambiente de trabalho. O confinamento pode ou não incluir o trabalhador. Quan-
do houver processos produtivos que gerem grandes quantidades de contaminantes, e o trabalhador
estiver inserido no enclausuramento, a ele deverá ser obrigatoriamente fornecido equipamento ade-
quado de proteção pessoal, independentemente de haver ou não sistema de exaustão.

• Segregação da operação ou processo


Consiste, basicamente, no isolamento da operação, limitando seu espaço físico fora da área de
produção. Normalmente se utiliza este controle quando não se pode mudar o processo produtivo,
e o agente agressivo atinge a outros trabalhadores, contaminando-os, sem que estes participem da
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

192
Higiene do Trabalho
operação.
A adoção desse processo implica em diminuir o número de trabalhadores expostos aos riscos,
sem, contudo, deixar de levar-se em conta que os trabalhadores expostos ao risco deverão necessa-
riamente fazer uso de medidas de proteção individual.
A segregação pode ser feita no ESPAÇO ou no TEMPO: segregação no espaço consiste em isolar
o processo a distância; enquanto segregação no tempo significa executar uma tarefa fora do horário
normal, reduzindo igualmente o número de trabalhadores expostos.
Como exemplos têm: jateamento de areia fora da área produtiva (segregação no espaço de
serviços de manutenção); e reparo de alto risco realizado fora da jornada de trabalho convencional
(segregação no tempo).

• Umidificação
É a medida mais antiga utilizada no controle da poeira. A eficiência da umidificação de poeira de-
pende de dois fatores: do umedecimento da poeira e de sua adequada disposição depois de molhada.
Como aplicações clássicas desse método, podemos citar a utilização de água nas operações de
perfuração em minas e a aspersão de água sobre as mandíbulas de britadores, etc.

• Ventilação geral diluidora


A ventilação geral diluidora consiste na insuflação e exaustão de ar em um ambiente de traba-
lho, de forma que promovam a redução de concentrações de poluentes nocivos. Tal redução ocorre,
uma vez que, ao se introduzir grandes volumes de ar puro em um ambiente contendo certa massa de
determinado poluente, haverá dispersão ou diluição desta massa, reduzindo-se, assim, a concentra-
ção dos poluentes.

• Ventilação local exaustora


A ventilação local exaustora consiste na captação dos poluentes de uma fonte antes que estes se
dispersem no ar do ambiente de trabalho e atinjam a zona de respiração do trabalhador.
No que se refere ao controle da poluição do ar da comunidade, a ventilação local exaustora
também tem papel importante.
Tal tipo de ventilação possui várias vantagens em relação à geral diluidora, dentre elas: captura e
controle completo do contaminante: vazões requeridas mais baixas; os contaminantes são recolhidos
em um menor volume de ar capturado, reduzindo-se também os custos.

• Ordem e limpeza
A ordem e a limpeza constituem medidas eficazes no controle da exposição à poeira, pois os
restos de materiais acumulados em máquina, bancada ou piso podem espalhar a poeira no ar.
Uma boa ordem e limpeza significam limpeza dos pisos, das máquinas e de quaisquer superfícies
horizontais; previsão de depósitos para materiais nocivos e de métodos adequados a seu transporte e
emprego; disposição das operações de modo que limite o número de operários expostos ao risco, etc.
Os métodos de limpeza também podem gerar poeira. Assim sendo, deve-se evitar o uso de
vassoura, escova ou ar comprimido, pois estes processos provocam a emanação de poeira e, muitas
vezes, são responsáveis exclusivos pela exposição do trabalhador a esse agente. Portanto, a limpeza
por meio de umidificação ou por aspiração são os métodos recomendados.

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193
Higiene do Trabalho
o Medidas relativas ao homem
• Limitação do tempo de exposição
A redução dos períodos de trabalho é uma importante medida de controle, quando todas as
outras medidas possíveis forem impraticáveis ou insuficientes no controle de um agente. Assim, a
limitação da exposição ao risco, dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se a solução
mais efetiva e econômica.

• Educação e treinamento
A conscientização do trabalhador quanto aos riscos inerentes às operações, riscos ambientais e
formas operacionais adequadas que garantam a efetividade das medidas de controle adotadas, além
do treinamento em procedimentos de emergência e noções de primeiros socorros, deverão ter lugar
sempre, independentemente da utilização de outras medidas de controle, servindo-lhes como impor-
tante complemento.

• Equipamentos de proteção individual


Os equipamentos de proteção individual devem ser sempre considerados como segunda linha
de defesa, após criteriosas considerações sobre todas as possíveis medidas de controle relativas ao
ambiente que possam ser tomadas e aplicadas prioritariamente.
Entretanto, há situações especiais nas quais as medidas de controle ambientais são inaplicáveis
parcial ou totalmente. Nestes casos, a única forma de proteger o trabalhador será dotá-lo de equipa-
mentos de proteção individual.
Nas operações em que as concentrações de poluentes são superiores ao limite de tolerância,
devem ser usados respiradores de filtro químico (gases e vapores) e mecânico (fumos, poeira, etc.).
Nos locais onde há presença de gases e poeira, devem ser usados respiradores de filtro combi-
nado.
É importante esclarecer que os respiradores devem ser usados, obrigatoriamente, durante todo
o tempo de exposição. A não utilização do protetor em curto espaço de tempo diminui significativa-
mente o seu fator de proteção.

• Controle médico
Os exames médicos pré-admissionais e periódicos devem ser feitos como forma de controle da
saúde geral dos trabalhadores, de detecção de fatores predisponentes às doenças profissionais, assim
como para avaliação da efetividade dos métodos de controle empregados.

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194
Higiene do Trabalho

AGENTES BIOLÓGICOS

Conceitos Básicos
Agentes Biológicos são microrganismos que, em contato com o homem podem provocar inúme-
ras doenças. De acordo com a NR-9 são considerados como agentes biológicos as bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Entram nesta classificação também os animais
peçonhentos tais como os escorpiões, as aranhas, insetos e ofídios.
As três principais categorias de agentes biológicos das quais vamos cobrir exemplos são bacté-
rias, vírus e fungos.

 Bactérias
Organismos microscópicos unicelulares que vivem no solo, água e ar. Há muitos milhares de ti-
pos diferentes de bactérias, muitos são inofensivos, ou até mesmo benéficos, mas algumas bactérias
são patogênica, isto é, causam doenças. Exemplos de doenças causadas por bactérias incluem doença
dos legionários, vários tipos de intoxicação alimentar (salmonela, por exemplo) e antraz. Os antibióti-
cos são usados para tratar infecções bacterianas.

 Fungos
Plantas simples sem clorofila e estruturas da planta normal (por exemplo, as folhas, caules,
etc.). Fungos incluem leveduras, mofos e cogumelos.

 Vírus
Minúsculos organismos parasitas que só podem se reproduzir dentro de células vivas. Eles con-
sistem de ácidos nucléicos (RNA ou DNA) com um revestimento de proteína. Os maiores vírus conhe-
cidos são aproximadamente 1000 vezes menores do que uma bactéria média. Os vírus causam muitas
doenças, incluindo o resfriado comum, gripe, sarampo, raiva, hepatite e AIDS. Os antibióticos são
ineficazes contra os vírus, mas muitas doenças virais são controladas por vacinas.
Os agentes biológicos sejam bactérias, vírus ou fungos têm a capacidade de se reproduzir rapi-
damente nas condições adequadas. Isto significa que o foco no controle não é apenas evitar o contato
com o agente, mas também garantir que as condições favoráveis para o crescimento do organismo
sejam evitadas.

 Efeitos no organismo
Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais agentes. É o caso das indústrias de
alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios etc.
Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por microrganismos incluem se: TUBERCU-
LOSE, BRUCELOSE, MALÁRIA, FEBRE AMARELA etc.
Para que estas doenças possam ser consideradas DOENÇAS PROFISSIONAIS são necessárias que
haja exposição do funcionário a estes microrganismos.
A resposta de cada indivíduo à exposição a micro-organismos depende de seu estado de imuni-
dade, ou seja, o poder do indivíduo para resistir à doença. Há muitos fatores envolvidos na imunida-
de, incluindo: se o indivíduo já passou por uma determinada doença; níveis de imunização; resistência

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195
Higiene do Trabalho
individual; fadiga; idade.

Classificação dos Riscos Biológicos


Para simplificar a forma como os riscos de diferentes organismos devem ser gerenciados, eles
são classificados em diferentes grupos de risco segundo a NR-32. Medidas de controle exigidas deve-
rão ser compatíveis com o grupo de risco:

 Grupo 1: Os que apresentam baixa probabilidade de causar doenças ao homem;


 Grupo 2: Os que podem causar doenças ao homem e constituir perigo aos trabalhadores,
sendo diminuta a probabilidade de se propagar na coletividade e para as quais existem,
geralmente, meios eficazes de profilaxia ou tratamento;
 Grupo 3: Os que podem causar doenças graves ao homem e constituir um sério perigo aos
trabalhadores, com risco de se propagarem na coletividade e existindo, geralmente, profila-
xia e tratamento eficaz;
 Grupo 4: Os que causam doenças graves ao homem e que constituem um sério perigo aos
trabalhadores, com elevadas possibilidades de propagação na coletividade e, para as quais,
não existem geralmente meios eficazes de profilaxia ou de tratamento.

LIMITE DE TOLERÂNCIA
A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) Anexo nº14 – Agentes Biológicos relaciona as ativi-
dades que envolvem agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa.

 Insalubridade de grau máximo


Trabalho ou operações, em contato permanente com:
o Pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu
uso, não previamente esterilizadas;
o Carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais porta-
dores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose);
o Esgotos (galerias e tanques); e.
o Lixo urbano (coleta e industrialização).

 Insalubridade de grau médio


Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infec-
to-contagiante, em:
o Hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros
estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pes-
soal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso
desses pacientes, não previamente esterilizados);

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196
Higiene do Trabalho
o Hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao
atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com
tais animais);
o Contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros pro-
dutos;
o Laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico);
o Gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pes-
soal técnico);
o Cemitérios (exumação de corpos);
o Estábulos e cavalariças; e
o Resíduos de animais deteriorados.

 Medidas preventivas:
São necessários que sejam tomadas medidas preventivas para que as condições de higiene e
segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas.

o Controle médico permanente;


o Uso do E. P. I. (Equipamento de Proteção Individual);
o Higiene rigorosa nos locais de trabalho;
o Hábitos de higiene pessoal; uso de roupas adequadas;
o Vacinação;
o Treinamento.
o Adotar procedimentos de biossegurança e recomendações constantes na NR-32.

• Nível de biossegurança 1: Pouca contenção ou segregação da instalação, mas com pre-


cauções, tais como separação e rotulagem dos resíduos.
• Nível de biossegurança 2: O pessoal tem formação específica na manipulação de agen-
tes patogênicos, o acesso ao laboratório é limitado quando o trabalho está sendo realiza-
das, precauções extremas são tomadas com itens cortantes contaminados, e certos proce-
dimentos em que aerossóis infecciosos ou respingos podem ser criados são realizados em
câmaras de segurança biológica.
• Nível de biossegurança 3: Todos os procedimentos envolvendo a manipulação de ma-
teriais infecciosos são realizados dentro de cabines de segurança biológica ou outros dispo-
sitivos de contenção física, ou por pessoal vestindo roupas de proteção individual e equipa-
mentos adequados. O laboratório tem características especiais de engenharia e design, tais
como zonas de porta de acesso duplas.
• Nível de biossegurança 4: A instalação fica em um prédio separado ou em uma área

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197
Higiene do Trabalho
controlada dentro de um edifício. O estabelecimento tem ventilação controlada mantendo-
-a sob pressão negativa. Todas as atividades são realizadas em cabines de segurança bioló-
gica classe III, ou cabines de segurança biológica classe II usadas com uma veste pessoal de
pressão positivas de peça única ventilada por um sistema de suporte da vida.
Para que uma substância seja nociva ao homem é necessário que ela entre em contato com seu
corpo. Existem diferentes vias de penetração no organismo humano com relação à ação dos agentes
biológicos: cutânea (através da pele), digestiva (ingestão de alimentos) e respiratória (aspiração de ar
contaminado).

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198
Higiene do Trabalho

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

199
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

SEGURANÇA DO
TRABALHO
Segurança do Trabalho

SUMÁRIO

Conceitos de acidente do trabalho ............................................................................204


Classifi cação do Acidente de Trabalho ......................................................................206
CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho ............................................................207
Comunicação de Reabertura ......................................................................................209
Estatística de Acidentes.............................................................................................. 211
Cálculos: Preenchendo o Quadros da NR 4 ............................................................... 215
Como calcular e preencher os mapas dos anexos III, IV, V e VI da NR-4 ....................216
Comentários da NBR 14280 ...................................................................................... 218
Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação ........................... 218
Definições ................................................................................................................. 218
Consequências do Acidente ...................................................................................... 219
Análise e Estatísticas de Acidentes, Causas e Conseqüências ....................................220
Medidas de Avaliação de Frequência e Gravidade .................................................... 222
Medidas Optativas de Avaliação da Gravidade...........................................................223
Registro e Estatísticas de Acidentes ........................................................................... 224
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP ............................................................... 225
NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração ............................................ 226
A NR 22 se aplica a qual tipo de trabalho de mineração? ..........................................226
O que se entende por empreendedor do setor de mineração? .................................226
Quais os aspectos que determinam os riscos no setor de mineração? ......................227
O que diferencia, em termos de riscos, o trabalho a céu aberto e o subterrâneo? ...227
Quais as responsabilidades do permissionário de lavra garimpeira em relação a
segurança e saúde ocupacional? ................................................................................227
Qual o conteúdo mínimo do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)? ............228
Quais são as etapas para organizar um PGR? .............................................................229
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

202
Segurança do Trabalho
Existem similaridades entre o PPRA e o PGR? ............................................................229
Qual a similaridade possível de ser apontada entre o PGR e o PPRA? .......................229
Quem é o profissional que deve assinar o PGR? ........................................................230
Qual o prazo de reavaliação e guarda do PGR? ..........................................................230
Quais os riscos de acidentes no trabalho de mineração?............................................230
Quais são os riscos ambientais no trabalho de mineração? .......................................231
Quais os fatores potenciais de risco envolvendo a organização do trabalho? ...........232
Quais são os direitos dos trabalhadores? ...................................................................232
Quais os cuidados a serem tomados no transporte em minas a céu aberto? ............232
Quais são os cuidados com as vias de circulação em ferrovias? ................................233
Quais são os cuidados com transportadores rotativos? .............................................233
O que significa profissional habilitado segundo o item 22.11.1 da NR22? ................233
Comentários ...............................................................................................................235
Programa de Proteção Respiratória (PPR) ................................................................. 237
Instrução Normativa SSST/MTB Nº 1, de 11 de abril de 1994 ....................................237
Programa de Conservação Auditiva – PCA. ............................................................... 241
PORTARIA N.º 19, DE 9 DE ABRIL DE 1998 (D.O.U. de 22/04/98 –
Seção 1 – págs. 64 a 66) ...........................................................................................242
Referencias bibliográficas ...........................................................................................251

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

203
Segurança do Trabalho

CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO

O acidente é, por definição, um evento negativo e indesejado do qual resulta uma lesão pessoal
ou dano material. Essa lesão pode ser imediata (lesão traumática) ou mediata (doença profissional).
Assim, caracteriza-se a lesão quando a integridade física ou a saúde são atingidas. O acidente, entre-
tanto, caracteriza-se pela existência do risco.
Acidente do trabalho é aquele que ocorre durante o exercício do trabalho, no trajeto para o
mesmo ou na volta para o lar, provocando lesão física, perturbação emocional ou redução da capaci-
dade de trabalho temporária ou permanente.
Para evitar acidentes é necessário que todos os colaboradores estejam atentos a Segurança do
Trabalho.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT apresenta a seguinte definição para o aciden-
te do trabalho: “ACIDENTE DO TRABALHO (ou, simplesmente, ACIDENTE) é a ocorrência imprevista e
indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal
ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão” (NBR 14280/99, Cadastro de Acidentes do
Trabalho - Procedimento e Classificação.).
Muitas vezes o acidente parece ocorrer sem ocasionar lesão ou danos, o que, a princípio poderia
contradizer a definição acima apresentada. Alguns autores chamam esses acidentes de incidentes ou
de “quase acidentes”. Outros autores, preservando a definição, os chamam de “acidentes sem lesão
ou danos visíveis”. Nesse caso o prejuízo (dano) material pode ser até mesmo a perda de tempo asso-
ciada ao acidente.
Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercí-
cio do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

- 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção
e segurança da saúde do trabalhador.
- 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas
de segurança e higiene do trabalho.
- 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a
executar e do produto a manipular.
- 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades
representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos
anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes enti-
dades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do tra-
balho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério
do Trabalho e da Previdência Social;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

204
Segurança do Trabalho
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condi-
ções especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
- 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se de
senvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
deter minado pela natureza do trabalho.
- 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se
relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou
produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:


a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro
de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada
ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro
de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força
maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua ati-
vidade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou pro-
porcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta den-
tro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio
de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

205
Segurança do Trabalho
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
- 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exer-
cício do trabalho.
- 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resul-
tante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

CLASSIFICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO

Consideram-se acidente do trabalho a doença profissional e a doença do trabalho. Equiparam-


-se também ao acidente do trabalho: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a
causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência da lesão; certos acidentes sofridos pelo
segurado no local e no horário de trabalho; a doença proveniente de contaminação acidental do em-
pregado no exercício de sua atividade; e o acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a
residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

Os principais conceitos para acidente de trabalho são apresentados a seguir:


Acidentes com CAT Registrada – Corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de
Acidentes do Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados o reinício de tratamento
ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comu-
nicados anteriormente ao INSS.
Acidentes Sem CAT Registrada – Corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de
Acidentes Trabalho – CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos
possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário –
NTEP ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita pela
nova forma de concessão de benefícios acidentários.
Acidentes Típicos – São os acidentes decorrentes da característica da atividade profissional de-
sempenhada pelo acidentado.
Acidentes de Trajeto – São os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de tra-
balho do segurado e vice-versa.
Acidentes Devidos à Doença do Trabalho – São os acidentes ocasionados por qualquer tipo de
doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência
Social.
Acidentes Liquidados – Corresponde ao número de acidentes cujos processos foram encerrados
administrativamente pelo INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas às sequelas.
Assistência Médica – Corresponde aos segurados que receberam apenas atendimentos médi-
cos para sua recuperação para o exercício da atividade laborativa.
Incapacidade Temporária – Compreende os segurados que ficaram temporariamente incapa-
citados para o exercício de sua atividade laborativa. Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao
do afastamento da atividade, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

206
Segurança do Trabalho
pós este período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da Previdência Social
para requerimento do auxílio-doença acidentário – espécie 91. No caso de trabalhador avulso e segu-
rado especial, o auxílio-doença acidentário é pago a partir da data do acidente.
Incapacidade Permanente – Refere-se aos segurados que ficaram permanentemente incapa-
citados para o exercício laboral. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: parcial e total.
Entende-se por incapacidade permanente parcial o fato do acidentado em exercício laboral, após o
devido tratamento psicofísico-social, apresentar sequela definitiva que implique em redução da ca-
pacidade. Esta informação é captada a partir da concessão do benefício auxílio-acidente por acidente
do trabalho, espécie 94. O outro tipo ocorre quando o acidentado em exercício laboral apresentar
incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer atividade laborativa. Esta informação
é captada a partir da concessão do benefício aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho,
espécie 92.
Óbitos – Corresponde a quantidade de segurados que faleceram em função do acidente do
trabalho.

CAT – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO

A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho ou doença profis-
sional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão.
Para serem caracterizados na forma de Lei, os acidentes de trabalho devem ser comunicados
pelos acidentados e registrados pelas instituições empregadoras.
Cada Instituição deverá preencher a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), adotada de
acordo com o vínculo empregatício pré-estabelecido no ato do contrato de trabalho.
É obrigação da empresa emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), sempre que ocor-
rer acidente de trabalho ou doença ocupacional, haja ou não afastamento do trabalho (Art. 139 da Lei
8213 – Consolidação das Leis do Trabalho - CLT).
Para o profissional contratado pelo Regime Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT segue o
preconizado pelas Consolidações Trabalhistas que atualmente é feita via Internet pelo empregador
diretamente para o INSS.
Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) e doenças ocupacionais para profissionais da Se-
cretaria Municipal da Saúde.

Como deverá ser comunicado o acidente do trabalho


A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou
não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte,
de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o teto má-
ximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na
forma do artigo 109 do Decreto nº 2.173/97.
Deverão ser comunicadas ao INSS, mediante formulário “Comunicação de Acidente do Trabalho
– CAT”, as seguintes ocorrências:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

207
Segurança do Trabalho
Deverão ser comunicadas ao INSS, mediante formulário “Comunicação de
Acidente do Trabalho – CAT”, as seguintes ocorrências:

Ocorrências: Tipos de CAT:

a) acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença CAT inicial;


profissional ou do trabalho;

b) reinicio de tratamento ou afastamento por agravamento de CAT reabertura;


lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do
trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS;

c) falecimento decorrente de acidente ou doença profissional CAT comunicação de


ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial. óbito.

A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT, preenchido em seis vias,
A comunicação
com a seguinte destinação: será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT, preenchido
em seis vias, com a seguinte destinação:
1ª via – ao INSS;
1ª via – ao INSS;
2ª via – à empresa;
2ª via – à empresa;
3ª via – ao segurado ou dependente;
3ª via – ao segurado ou dependente;
4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador;
4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador;
5ª via – ao Sistema Único de Saúde – SUS;
5ª via – ao Sistema Único de Saúde – SUS;
6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho.
6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho.
A entrega das vias da CAT compete ao emitente da mesma, cabendo a este comunicar ao segu-
rado ou seusAdependentes
entrega dasem qual
vias daAgência da Previdência
CAT compete Socialda
ao emitente foi mesma,
registradacabendo
a CAT. a este
Tratando-se
comunicar de ao
trabalhador
segurado temporário, a comunicação
ou seus dependentes será feita
em qual pelada
Agência empresa de trabalho
Previdência
temporário.
Social foi registrada a CAT.
No caso do trabalhador avulso, a responsabilidade pelo preenchimento e encaminhamento da
CAT é do Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO e, na falta deste, do sindicato da categoria. Compete
Tratando-se de trabalhador temporário, a comunicação será feita pela empresa de
ao OGMO ou seu sindicato preencher e assinar a CAT.
trabalho
No caso temporário.
do segurado especial, a CAT poderá ser formalizada pelo próprio acidentado ou depen-
dente, pelo médico responsável pelo atendimento, pelo sindicato da categoria ou autoridade pública.
No caso públicas
São autoridades do trabalhador avulso,
reconhecidas paraa esta
responsabilidade pelo preenchimento
finalidade: os magistrados e mem-
em geral, os
bros do Ministério Público edados
encaminhamento CATServiços Jurídicos
é do Órgão da União
Gestor e dos Estados,
de Mão-de-Obra os Comandantes
- OGMO e, na faltade Uni-
dades Militares
deste, do
do Exercito,
sindicatoMarinha, Aeronáutica
da categoria. Compete e Forças
ao OGMO Auxiliares
ou seu(Corpo de Bombeiros
sindicato preencher e e Polícia
Militar).
assinar a CAT.
Quando se tratar de marítimo, aeroviário, ferroviário, motorista ou outro trabalhador aciden-
tado fora da sede da empresa, caberá ao representante desta comunicar o acidente. Tratando-se de
246acidente envolvendo trabalhadores a serviços de empresas prestadoras de serviços, a CAT deverá ser
emitida pela empresa empregadora, informando, no campo próprio, o nome e o CGC ou CNPJ da em-
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

208
Segurança do Trabalho
presa onde ocorreu o acidente.
É obrigatória a emissão da CAT relativa ao acidente ou doença profissional ou do trabalho ocor-
rido com o aposentado por tempo de serviço ou idade que permaneça ou retorne a atividade após a
aposentadoria, embora não tenha direito a benefícios pelo INSS em razão do acidente, salvo a reabili-
tação profissional. Neste caso, a CAT também será obrigatoriamente cadastrada pelo INSS.
A CAT poderá ser apresentada na Agência da Previdência Social - APS mais conveniente ao se-
gurado, jurisdicionante da sede da empresa, do local do acidente, do atendimento médico ou da
residência do acidentado.
Deve ser considerada como sede da empresa a dependência, tanto a matriz quanto a filial, que
possua matrícula no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, bem como a obra de construção civil
registrada por pessoa física.

COMUNICAÇÃO DE REABERTURA

As reaberturas deverão ser comunicadas ao INSS pela empresa ou beneficiário, quando houver
reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença
ocupacional comunicado anteriormente ao INSS.
Na CAT de reabertura deverão constar as mesmas informações da época do acidente exceto
quanto ao afastamento, último dia trabalhado, atestado médico e data da emissão, que serão relati-
vos à data da reabertura.

Preenchimento do formulário CAT

Quadro I – EMITENTE
1 – Informações relativas ao EMPREGADOR

Campo 1. Emitente – informar no campo demarcado o dígito que especifica o responsável


pela emissão da CAT, sendo:
(1) empregador;
(2) sindicato;
(3) médico assistente;
(4) segurado ou seus dependentes;
(5) autoridade pública (subitem 1.6.1 da Parte III).

Campo 2. Tipo de CAT – informar no campo demarcado o dígito que especifica o tipo de
CAT, sendo:
(1) inicial – refere-se à primeira comunicação do acidente ou doença do trabalho;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

209
Segurança do Trabalho
(2) reabertura – quando houver reinicio de tratamento ou afastamento por agravamento da
lesão (acidente ou doença comunicado anteriormente ao INSS);
(3) comunicação de óbito – refere-se à comunicação do óbito, em decorrência de acidente do
trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial. Deverá ser anexada a cópia da certidão de
óbito e quando houver, do laudo de necropsia.

Obs.: Os acidentes com morte imediata deverão ser comunicados por CAT inicial.

Campo 3. Razão Social/Nome – informar a denominação da empresa empregadora.


Considera-se empresa na forma prevista no artigo 14 do Decreto 2.173/97:

a) a firma individual ou a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou ru-
ral, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e as entidades da administração direta,
indireta e fundacional;
b) o trabalhador autônomo e equiparado, em relação ao segurado que lhe presta serviço;
c) a cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão
diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras;
d) o operador portuário e o órgão gestor de mão de obra - de que trata a Lei 8.630 de 25 de
fevereiro de 1993.

Obs.: Informar o nome do acidentado, quando segurado especial.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

210
Segurança do Trabalho

Estatística de Acidentes
ESTATÍSTICA DE ACIDENTES
A partir de 1968 que os acidentes do trabalho passaram a ser conhecidos
Aquantitativamente
partir de 1968 queeosservindo
acidentesdedo indicadores das condições
trabalho passaram de trabalho
a ser conhecidos com a
quantitativamente
e servindo de indicadores
criação das condições
do INPS (Instituto de trabalho
Nacional com a criação
de Previdência dosegundo
Social) INPS (Instituto Nacional de
a previdência
Previdência Social) segundo a previdência Social, entre 2010 e 2011 houve um aumento de 4,7% no
número Social, entre de
de registros 2010 e 2011fatais
acidentes houve um aumento
relacionados de 4,7%deno
ao ambiente número de registros de
trabalho.
acidentes fatais relacionados ao ambiente de trabalho.
A informação foi divulgada pelo Ministério da Previdência Social, por meio de seu Anuário Es-
tatístico, Apublicado no dia
informação foi24 de outubro.
divulgada peloSegundo o AEPS,
Ministério no úl¬timo ano
da Previdência 2.884
Social, trabalhadores
por meio de seuper-
deram suas vidas durante o exercício de suas atividades profissionais, enquanto que em 2010 foram
Anuário Estatístico, publicado no dia 24 de outubro. Segundo o AEPS, no último ano
registrados 2.753 mortes no trabalho. O relatório do MPS também a¬ponta um leve aumento no nú-
2.884 trabalhadores perderam suas vidas durante o exercício de suas atividades
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
profissionais, enquanto que em 2010 foram registrados 2.753 mortes no trabalho. O
211

250
“Fundação de Educação para
Segurança do Trabalho
mero de acidentes de trabalho. No último ano foram notificados 711.164 acidentes laborais, enquan-
to que em 2010 foram con¬ta¬bilizados 709.474 registros no ambiente de trabalho, o que representa
uma elevação de 0,2% no percentual de acidentes de trabalho.

Os acidentes de trajeto foram responsáveis por grande parte deste crescimento da acidentalida-
de no trabalho, tendo respondido por 14% dos acidentes notificados no último ano. Os agravos ocor-
ridos durante o deslocamento dos trabalhadores, que pode ser tanto de casa para o serviço, quanto
do local de refeição para o trabalho, e vice-versa, independentemente do meio de locomoção, apre-
sentaram um aumento de 5,1% em comparação às ocorrências registradas em 2010 (foram 100.230
acidentes de trajeto em 2011 contra 95.321 em 2010), que, por sua vez, tiveram um crescimento
semelhante em relação a 2009 (90.180), quando houve um acréscimo de 5,7%.

Por outro lado, a exemplo do que já havia ocorrido em 2010, as notificações sem CAT (Comuni-
cação de Acidente de Trabalho) diminuíram em 2011. O número de registros pela sistemática do NTEP
(Nexo Técnico Epidemiológico Previden¬ciá¬rio) no último ano foi 3,9% menor do que o contabilizado
em 2010. Passou de 179.681 registros para 172.684 em 2011.
Ao todo, a identificação de acidentes e doenças do trabalho por relação entre a lesão ou agravo
e a atividade desenvolvida pelo trabalhador (sem CAT) corres¬pon¬de a 24,3% da acidentalidade no
País.
O número de registros de doenças do trabalho também apresentou significativa redução de
2010 para 2011. O percentual de adoecimento ocupacional diminuiu 12,1% entre os dois últimos
anos, passando de 17.177 para 15.083. Já as ocorrências típicas tiveram uma elevação de 1,4% (de
417.295 registros em 2010, passou para 423.167 no último ano).

QUEDA
A Região Sul foi a única a apresentar queda em sua taxa de aci¬den¬talidade em 2011. De 158.486
acidentes registrados em 2010, teve 153.329 no último ano. O número representa uma queda de 3,2%
no per¬centual de acidentes na Região. O resultado também se repetiu nos agravos sem CAT registra-
da, quando a redução foi ainda mais significativa: 6,3% (de 48.240 para 45.195). O Norte, por sua vez,
atende pela região brasileira que obteve a maior elevação na incidência de acidentes laborais (4,4%)
em 2011, passando de 29.765 (2010) para 31.084, sendo que uma parcela significativa deste aumento
está atrelada ao resultado de três unidades federativas da Região no quadro de acidentali¬da¬de:
Roraima, Amapá e Amazonas. Enquanto que o Estado do Amapá elevou seu percentual de acidentes
para 21,2%, Roraima e Amazonas tiveram um acréscimo de 21% e 9%, respectivamente.

Já o Sudeste ocupou o posto de Região com a segunda maior elevação de acidentes laborais em
2011 (1,3%), passando de 382.216, contabilizado em 2010, para 387.142 no último ano. No entanto,
teve redução de 3,9% em seu percentual de registros sem CAT (de 78.233, em 2010, passou para
75.194, em 2011).

A Região Norte também apresentou o maior percentual de mortalidade relacio-nada ao traba-


lho nos últimos dois anos. Isto porque ela teve um aumento, em comparação com 2010, de 15,8% no
número de mortes no trabalho (de 177, subiu para 205). O Centro-Oeste e o Sul também a¬pre¬sen-
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

212
Segurança do Trabalho
taram elevação nos seus dados de fatalidades no trabalho. O primeiro registrou crescimento de 11,5%
na ocorrência de óbitos (de 313 para 349) e o segundo 10,9% (de 505 para 560). A única Região que
contabilizou uma diminuição no número de acidentes fatais foi o Nordeste, que apresentou uma re-
dução de 7,5% em suas ocorrências, reduzindo de 452 mortes relacionadas ao trabalho na Região em
2010, para 418 no último ano.

Segundo dados do AEPS, trabalhadores entre 25 e 29 anos foram os que mais se a¬cidentaram
no último ano. No entanto, o grupo desta faixa etária apresentou uma diminuição no número de agra-
vos em relação ao ano anterior. Enquanto que em 2010 este grupo de trabalhadores con¬tabilizou
127.614 acidentes laborais, em 2011 tiveram 125.359 ocorrências, apontando uma redução de 1,8%
nos infortúnios. Já o grupo de trabalhadores que engloba a faixa etária entre 30 e 34 anos teve um
acréscimo de 1,8% no percentual de acidentali¬dade. Passou de 114.856, em 2010, para 116.949 re-
gistros de acidentes no último ano. Além disto, o grupo contabiliza o maior número de registros de do-
enças ocupacionais. Foram 2.512 registros com CAT e 24.934 notificações sem CAT, que contemplam,
em grande parte, os adoe¬cimentos decorrentes do ambiente de trabalho. Em 2011, o INSS gastou
R$ 2.627.518 com auxílio-doença acidentário, custo 9,1% superior ao gasto em 2010 (R$ 2.408.490).

ATIVIDADES
No que se refere aos setores econômicos que registraram o maior índice de aci-dentalidade no
último ano, o AEPS mostra que o setor de Serviços, com 341 mil notificações de acidentes de traba-
lho, e a Indústria, com 313.131 ocorrências, lideram o quadro. As três atividades que registraram o
maior número de a¬cidentes integram o segmento de Serviços (Atendimento Hospitalar, Administra-
ção Pública e o Comércio Varejista de Mer¬cadorias em Geral) que, juntas, representaram 13,5% da
acidentalidade registrada no País. Somente as atividades de Atendimento Hospitalar, grupo que inte-
gra a seção Saúde e Serviços Sociais, geraram 51.417 acidentes laborais, o que equivale a 81,9% dos
acidentes registrados neste segmento econômico (62.772).
O Serviço em Administração Pública, classe que integra a seção de atividades na Administração
Pública, Defesa e Seguridade, con-tabilizou 22.517 agravos. O número representa 99,7% dos registros
nesta seção. Já o Comércio Varejista de Mercadorias em Geral (supermercado, mercearias, armazéns,
entre outros) teve 21.846 acidentes, sendo este número 22,3% das ocorrên¬cias geradas dentro do
grupo Comércio Varejista Não-Especializado, da divisão Comércio Varejista, que integra a seção de
Comércio e Reparação de Veículos Automotores (97.839), recordista de agravos dentro de Serviços.

A Construção, por sua vez, computou 59.808 acidentes de trabalho em 2011. Em virtude disto,
o setor apresentou o au¬mento mais significativo de registros de acidentalidade, em comparação aos
dados de 2010. Houve um crescimento de 6,9% nas ocorrências registradas na área, visto que no ano
anterior o setor ge¬rou 55.920 acidentes. Apenas a Construção de Edifícios, classe que integra a seção
Construção, respondeu por 36,3% das ocorrências, visto que foram registrados 21.700 acidentes no
exercício desta atividade em 2011.

Além destas atividades, também apresentaram dados significativos de aciden¬ta-lidade o Servi-


ço de Fabricação de Açúcar em Bruto (que gerou 16.824 acidentes, sendo 29,5% do total de registros
da divisão de Produtos Alimentícios e Bebidas que integra a Indústria da Transformação); de Transpor-
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

213
Segurança do Trabalho
te Rodoviário de Carga (15.211 agravos, o que representa 29% dos registros da seção de Transporte,
Armazenagem e Correios do setor de Serviços). A lista ainda conta com o trabalho de Abate de Suínos,
Aves e Outros (que teve 11.292 acidentes registrados em 2011, o que representa 19,8% da divisão de
Produtos Alimentícios e Bebidas), de Correios (10.706 agravos, sendo 20,4% dos registros da seção
de Transporte, Armazenagem e Correios) e de Restaurantes e Ou¬tros Estabelecimentos (que con-
ta¬bi¬lizou 9.961, número que representa 51% dos registros originados na seção de Aloja¬mento e
Alimentação do setor de Serviços).

Segundo dados divulgados pela Inspeção em Segurança do Trabalho do Ministério do Trabalho,


a Indústria da Construção foi o maior alvo de autuações da Auditoria Fiscal do Trabalho neste ano. De
janeiro a setembro, o setor foi autuado 27.483 vezes, tendo sido embar¬gado/interditado em 2.339
destas ocasiões. Já o Comércio obteve o maior índice de ações fiscais do MTE. Ao todo, foram realiza-
das 31.255 ações fiscais no se¬tor, sendo emitidas 26.161 notificações.

A mulheres conquistam espaço no mercado de trabalho, mas não recebem atenção adequada
da SST A presença predominantemente masculina no ambiente de trabalho vem perdendo lugar com
a constante entrada das mulheres em atividades que até então vinham sendo executadas quase que
exclusivamente por homens. Elas deixaram de atuar somente naquelas áreas estereotipadas como
femininas, para ocupar espaço em profissões com pré-requisitos tidos co¬mo masculinos (força, re-
sistência). Mesmo enfrentando preconceito e salários mais baixos do que o conferido a homens em
mesma posição hierárquica, elas conseguiram se inserir num mercado de trabalho competitivo, pro-
piciando uma transformação social que, aliada às mudanças nos sistemas produtivos, levou à constru-
ção de novos espaços de trabalho, permitindo que ambos passassem a ocupar setores de atividades
de forma igualitária.

A mudança deste cenário profissional vem sendo remodelado há décadas, é possível perceber o
crescimento da participação feminina no mundo do trabalho ao longo dos últimos 14 a¬nos. Enquanto
que em 1998 elas eram 9.406.839, representando 38,41% dos trabalhadores inseridos no mercado
profissio¬nal, em 2011 passaram a ser 19.402.272, respondendo por 41,90% dos trabalhadores cele-
tistas. O incremento do público feminino no mercado de trabalho nos últimos 14 anos foi de 106,2%.
Os homens, por sua vez, ¬neste mesmo período, elevaram sua participação em 78,4%, mostrando que
a presença feminina vem se fortalecendo ano a ano.

No entanto, a inserção da mulher no mercado de trabalho exige atenção diferenciada de quem


atua na área de Saúde e Segurança do Trabalho. Isto porque, por mais que a igualdade de direitos
deva ser respeitada, homens e mulheres têm necessidades distintas no ambiente laboral, seja nas
diferenças de exposição aos riscos, nas condições de traba¬lho, no uso e na especi¬fi¬¬cação do EPI, e
também na operação de máquinas e equipamentos. Cabe à ¬direção e à equipe de SST das empresas
pensarem e colocarem em prática medidas preventi¬vas para atender ambos os gêneros, pois, ca¬so
contrário, as mulheres continuarão mais vulneráveis aos acidentes do ¬trabalho.

Nos últimos 14 anos, as mulheres tiveram que enfrentar um aumento de 199,1% no número de
registros de acidentes la¬bo¬rais. Os homens, por sua vez, registraram um aumento menor: 75,1%.
A desa¬ten¬ção com a segurança da mulher pode ser observada nos últimos dois anos. Enquanto
que elas sofreram 3% mais acidentes em 2011 do que em 2010 (de 201.086 registros, passaram para
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

214
Segurança do Trabalho
207.194), eles tiveram uma queda de 0,9% (de 508.386, para 503.963) em seus registros de acidentali-
dade. Atualmente, as mulheres respondem por 29,13% dos acidentes de trabalho registrados no país,
sendo que 13 anos atrás, a representatividade no quadro de acidentalidade delas era menor: 19,40%.

Apesar de aparentemente estarem apresentando uma redução nos registros de doenças do


trabalho nos últimos 6 anos (em 2011, elas contabilizaram 5.886 regis-tros de doenças do trabalho,
número 63% menor do que o que fora computado em 2005), elas respondem por 35,1% das notifi-
cações sem CAT registrada, mostrando que o adoecimento ocupacional vem sendo absorvido pela
sistemática do NTEP, que caracteriza como doença decorrente do trabalho casos de assédio moral e
sexual (ao quais as mulheres são as maiores vítimas), estresse, LER/DORT, entre outras.

No entanto, o dado que mais chama a atenção é o de incidência de acidentes para cada 100 mil
trabalhadores. Mes¬mo sofrendo menos acidentes do que os homens (em 1998, elas se acidentaram
quase três vezes menos do que os homens e, a¬tualmente, registram 805 acidentes a me¬nos do que
eles), a provável inserção em ativida¬des mais bruscas e pesadas tem feito com que as mulheres se
acidentem mais. Isto porque nos últimos 13 anos, elas ti¬veram um salto na acidentalidade de 45,1%,
ao passo que os homens ¬recuaram 1,8% sua incidência de infortúnios laborais.

CÁLCULOS: PREENCHENDO O QUADROS DA NR 4

Entre as principais responsabilidades do técnico em segurança do trabalho (TST) está o preen-


chimento dos quadros III, IV, V e VI anexos da NR4, que devem estar disponíveis a fiscalização até 31
de janeiro do ano seguinte.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

215
Segurança do Trabalho
COMO CALCULAR E PREENCHER OS MAPAS DOS ANEXOS III, IV, V E VI DA NR-4.

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216
Segurança do Trabalho

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

217
Segurança do Trabalho

COMENTÁRIOS DA NBR 14280

Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação


Fixar critérios para o registro, comunicação, estatística e análise de acidentes do trabalho, suas
causas e consequências, aplicando-se a quaisquer atividades laborativas. A finalidade desta Norma
é identificar e registrar fatos fundamentais relacionados com os acidentes do trabalho, de modo a
proporcionar meios de orientação aos esforços prevencionistas, sem, entretanto indicar medidas cor-
retivas específicas, ou fazer referência a falhas ou a meios de correção das condições ou circunstâncias
que culminaram no acidente. O seu emprego não dispensa métodos mais completos de investigação
e comunicação.

DEFINIÇÕES

Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições:

• Acidente do Trabalho: Ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relaciona-


da com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo
ou remoto dessa lesão;·.
• Acidente Sem Lesão: É o acidente que não causa lesão pessoal;
• Acidente de Trajeto: Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o
local de trabalho ou desta para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do empregado;·.
• Acidente Impessoal: Acidente cuja caracterização independe de existir acidentado, não po-
dendo ser considerado como causador direto da lesão pessoal;
• Acidente Sem Lesão: Acidente que não causa lesão pessoal.
• Acidente de trajeto: Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o
local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do empregado, desde que não haja interrupção ou alteração de
percurso por motivo alheio ao trabalho.
• Acidente Impessoal: Acidente cuja caracterização independe de existir acidentado, não po-
dendo ser considerado como causador direto da lesão pessoal.
• Acidente Inicial: Acidente impessoal desencadeador de um ou mais acidentes.
• Acidente Pessoal: Acidente cuja caracterização depende de existir acidentado.

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218
Segurança do Trabalho
• Agente do Acidente: Coisa, substância ou ambiente que, sendo inerente à condição am-
biente de insegurança, tenha provocado o acidente.
• Fonte da Lesão: Coisa, substância, energia ou movimento do corpo que diretamente provo-
cou a lesão.

CONSEQUÊNCIAS DO ACIDENTE

• Lesão Pessoal: Qualquer dano sofrido pelo organismo humano, como consequência do
acidente do trabalho;
• Natureza da Lesão: Expressão que identifica a lesão, segundo suas características princi-
pais;
• Localização da Lesão: Indicação da sede da lesão;
• Lesão Imediata: Lesão que se manifesta no momento do acidente;
• Lesão Mediata: Lesão que se manifesta após a circunstância acidental da qual resultou;
• Doença do Trabalho: Doença decorrente do exercício continuado ou intermitente de ativi-
dade laborativa, capaz de provocar lesão por ação imediata;
• Doença Profissional: Doença do trabalho causada pelo exercício de atividade específica,
constante em relação oficial;
• Morte: Cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independentemente do
tempo decorrido desde a lesão;·.
• Lesão Com Afastamento: Lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no
dia imediato ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente;
• Lesão Sem Afastamento: Lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho
no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente;
• Acidentado: Vítima de acidente;
• Incapacidade Permanente Total: Perda total da capacidade de trabalho, em caráter perma-
nente, sem morte;
• Incapacidade Permanente Parcial: Redução parcial da capacidade de trabalho, em caráter
permanente que, não provocando morte ou incapacidade permanente total, é a causa de
perda de qualquer membro ou parte do corpo, ou qualquer redução permanente de função
orgânica;
• Incapacidade Temporária Total: Perda total da capacidade de trabalho de que resulte um
ou mais dias perdidos, excetuados a morte, a incapacidade permanente parcial e a incapa-
cidade permanente total;
• Dias Perdidos: Dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal, ex-
ceto o dia do acidente e o dia de volta ao trabalho;
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219
Segurança do Trabalho
• Dias Debitados: Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o cál-
culo do tempo computado;
• Tempo Computado: Tempo contado em “dias perdidos, pelos acidentados, com incapa-
cidade temporária total” mais os “dias debitados pelos acidentados vítimas de morte ou
incapacidade permanente, total ou parcial”;
• Prejuízo Material: Prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus
resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente;
• Horas-Homem De Exposição Ao Risco: Somatório das horas durante as quais os emprega-
dos ficam à disposição do empregador, em determinado período;·.
• Taxa De Frequência De Acidentes: Número de Acidentes por milhão de horas-homem
de exposição ao risco, em determinado período;
• Taxa de Frequência de Acidentados com Lesão com Afastamento: Número de acidentados
com lesão com afastamento por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em deter-
minado período;
• Taxa de Frequência de Acidentados com Lesão sem Afastamento: Número de acidentados
com lesão sem afastamento por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em deter-
minado período;
• Taxa de Gravidade: Tempo computado por milhão de horas-homem de exposição ao risco,
em determinado período;
• Empregado: Qualquer pessoa com compromisso de prestação de na área de trabalho con-
siderada, incluídos de estagiários a dirigentes, inclusive autônomos;

ANÁLISE E ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES,


CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS.

• Análise do Acidente: Estudo do acidente para a pesquisa de causas, circunstâncias e con-


sequências;
• Estatísticas de Acidentes, Causas e Consequências: Números relativos à ocorrência de aci-
dentes, causas e consequências devidamente classificados;
• Comunicações de Acidente: Informar aos órgãos interno e externo do acidente.
• Custo De Acidentes: Valor de prejuízo material decorrente de acidentes;
• Custo Segurado: Total das despesas cobertas pelo seguro de acidente do trabalho;
• Custo Não Segurado: Total das despesas não cobertas pelo seguro de acidente do traba-
lho e, em geral, não facilmente computáveis, tais como as resultantes da interrupção do
trabalho, do afastamento do empregado de sua ocupação habitual, de danos causadas a

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

220
Segurança do Trabalho
equipamentos e materiais, da perturbação do trabalho normal e de atividades assistências
não seguradas.
• Cálculo de Horas-Homem de Exposição ao Risco: As horas-homem são calculadas pelo so-
matório das horas de trabalho de cada empregado;
• Horas de Exposição ao Risco: As horas de exposição devem ser extraídas das folhas de
pagamento ou quaisquer outros registros de ponto, consideradas apenas as horas traba-
lhadas, inclusive as extraordinárias;
• Horas Estimadas De Exposição Ao Risco: Quando não se puder determinar o total de horas
realmente trabalhadas, elas deverão ser estimadas multiplicando-se o total de dias de tra-
balho pela média do número de horas trabalhadas por dia.
• Horas Não-Trabalhadas: As horas pagas, porém não realmente trabalhadas, sejam reais ou
estimadas, tais como as relativas a férias, licença para tratamento de saúde, feriados, dias
de folga, gala, luto, convocações oficiais, não devem ser incluídas no total de horas traba-
lhadas, isto é, horas de exposição ao risco;
• Horas de Trabalho de Empregado Residente em Propriedade da Empresa: Só devem ser
computadas as horas durante as quais o empregado estiver realmente a serviço do empre-
gador;
• Horas de Trabalho de Empregado com Horário de Trabalho não Definido: Para dirigente,
viajante ou qualquer outro empregado sujeito a horário de trabalho não definido, deve ser
considerado no computo das horas de exposição, a média diária de 8 horas;

Dias Perdidos
• Dias Perdidos Por Incapacidade Temporária Total: São considerados como dias perdidos
por incapacidade temporária total os seguintes:
• Dias A Debitar: Devem ser debitados por morte ou incapacidade permanente, total ou
parcial.

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221
Segurança do Trabalho
Medidas de avaliação de frequência e gravidade
MEDIDAS DE AVALIAÇÃO
• Taxa de Frequência DEDeve
de Acidentes: FREQUÊNCIA E aproximação
ser expressa com GRAVIDADE de
centésimos e calculada pela seguinte expressão:

• Taxa de Frequência de Acidentes: Deve ser expressa com aproximação de centésimos e


calculada
FA pela
= seguinte expressão:
N x 1.000.000

FA = N x 1.000.000
FA → taxa de frequência de acidentes
Onde:
H
N → número de acidentes
Onde: FA → taxa de frequência de acidentes
N → número de acidentes
H → horas-homem de exposição ao risco
H → horas-homem de exposição ao risco
• Taxa de Frequência de Acidentados Com Lesão Com Afastamento Ÿ
• Taxa de Frequência de Acidentados Com Lesão Com Afastamento Deve ser expressa
Deve ser
comexpressa com aproximação
aproximação deecentésimos
de centésimos e calculada
calculada pela seguintepela seguinte
expressão:
expressão:

FL = N x 1.000.000
H
FL = N x 1.000.000

Onde: FL → taxa de frequência


H de acidentados com lesão com afastamento
N → número de acidentados com lesão com afastamento
FL →Htaxa
Onde: → horas-homem deacidentados
de frequência de exposição aocom
risco
lesão com afastamento

N → número de acidentados com lesão com afastamento

• HTaxa
→ de Frequência de
horas-homem de exposição
Acidentados
ao Com
risco Lesão Sem Afastamento: Deve-se fazer o levanta-
mento do número de acidentes vítimas de lesão, sem afastamento, calculando a respectiva
• Taxa taxa
de de frequência;de Acidentados Com Lesão Sem Afastamento:
Frequência
• Taxa
Deve-se deoGravidade:
fazer Deve
levantamento doser expressa
número em números
de acidentes inteiros
vítimas e calculados
de lesão, sem pela seguinte ex-
pressão:
afastamento, calculando a respectiva taxa de frequência;
• Taxa de Gravidade: Deve ser expressa em números inteiros e calculados

pela seguinte expressão:
G = T x 1.000.000
H

Onde: G →
G =taxa
T dexgravidade
1.000.000
T → tempo computado
H → horas-homem H de exposição ao risco

4
Fundação de Educação para o Trabalho
“Fundação de Minaspara
de Educação Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3
o Trabalho de Minas Gerais”
222
Segurança do Trabalho

MEDIDAS OPTATIVAS DE AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE

Número médio de dias perdidos em consequência de incapacidade temporária total: Resul-


tado da divisão do número de dias perdidos em consequência da incapacidade temporária total pelo
número de acidentados correspondente.

Mo = D
N

Onde: Mo → Número médio de dias perdidos em consequência de Incapacidade


temporária total
D → Número de dias perdidos em consequência de incapacidade Temporária total
N → Número de acidentados correspondente

Número médio de dias debitados em consequência de incapacidade permanente: Resultado


da divisão do número de dias debitados em consequência da incapacidade permanente (total e par-
cial) pelo número de acidentados correspondente.

Md = d
N

Onde:
Md →Número médio de dias debitados em consequência de Incapacidade permanente
d → Número de dias debitados em consequência de incapacidade permanente
N → Número de acidentados correspondente

Tempo Computado Médio: Resultado da divisão do tempo computado pelo número de aciden-
tados correspondente.

Tm = T
N

Onde: Tm → Tempo computado médio


T → tempo computado
N → Número de acidentados correspondente

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223
Segurança do Trabalho
Pode também ser calculado dividindo-se a taxa de gravidade pela Taxa de frequência de aciden-
tados:

Tm = G
FL

REGISTRO E ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES

• Estatísticas por setor de atividade: Além das estatísticas globais da empresa, entidade ou
estabelecimento, é de toda conveniência que sejam elaboradas estatísticas por setor de atividade, o
que permite evitar que a baixa incidência de acidentes em áreas de menor risco venha a influir nos
resultados de qualquer das demais, excluindo, também, das áreas de atividade específica os acidentes
não diretamente a elas relacionados;

• Elementos essenciais: Para estatísticas e análise de acidentes, consideram-se elementos es-


senciais:

a) espécie de acidente impessoal (espécie);


b) tipo de acidente pessoal (tipo);
c) agente do acidente;
d) fonte da lesão;
e) fator pessoal de insegurança;
f) ato inseguro;
g) condição ambiente de insegurança;
h) natureza da lesão;
i) localização da lesão;
j) prejuízo material.

• Levantamento do Custo Não Segurado:

Para levantamento do custo não segurado, devem ser levados em consideração, entre outros,
os seguintes elementos:

a) Despesas com reparo ou substituição de máquina, equipamento ou material avariado;


b) Despesas com serviços assistenciais não segurados;·.
c) Pagamento de horas extras em decorrência do acidente;·.

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224
Segurança do Trabalho
d) Despesas jurídicas;
e) Complementação salarial ao empregado acidentado;·.
f) Prejuízo decorrente da queda de produção pela interrupção do funcionamento da máquina
ou da operação de que estava incumbido o acidentado, ou da impressão que o acidentado
causa aos companheiros de trabalho;
g) Desperdício de material ou produção fora de especificação, em virtude da emoção causada
pelo acidente;
h) Redução da produção pela baixa do rendimento do acidentado, durante certo tempo, após
o regresso ao trabalho;

• Horas de trabalho dispendidas pelos supervisores e por outras pessoas:

a) Na ajuda do acidentado;
b) Na investigação das causas do acidente;
c) Em providências para que o trabalho do acidentado continue a ser executado;
d) Na seleção e preparo de novo empregado;
e) Na assistência jurídica;
f) Na assistência médica para os socorros de urgência;
g) No transporte do acidentado.

PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – PPP

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é um formulário com campos a serem preenchidos


com todas as informações relativas ao empregado, como por exemplo, a atividade que exerce, o agen-
te nocivo ao qual está exposto, a intensidade e a concentração do agente, exames médicos clínicos,
além de dados referentes à empresa.
O formulário deve ser preenchido pelas empresas que exercem atividades que exponham seus
empregados a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à
saúde ou à integridade física (origem da concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos
de contribuição). Além disso, todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e do Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional, de acordo com Norma Regulamentadora nº 9 da Portaria nº 3.214/78 do MTE,
também devem preencher o PPP.
O PPP deve ser preenchido para a comprovação da efetiva exposição dos empregados a agentes
nocivos, para o conhecimento de todos os ambientes e para o controle da saúde ocupacional de todos
os trabalhadores.
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225
Segurança do Trabalho
PPP Eletrônico
Estamos transformando o formulário do Perfil Profissiográfico Profissional – PPP em um sis-
tema: as empresas terão acesso ao programa, farão as atualizações necessárias e enviarão para a
Previdência Social, a exemplo do funcionamento do programa de declaração de imposto de renda. O
PPP Eletrônico deverá, a princípio, estar disponibilizado na Internet, possibilitando que o trabalhador
possa acessá-lo por meio de senha individual, permitindo assim o acompanhamento do preenchimen-
to e das atualizações; a solicitação de retificação de possíveis erros; a emissão e impressão imediata
quando necessitar para qualquer comprovação; entre outros.

A partir da disponibilização do PPP Eletrônico pela Previdência Social as empresas serão obri-
gadas a informar o perfil profissiográfico de todos os trabalhadores, inclusive dos que não exerçam
atividades baixo agentes nocivos físicos, químicos, biológicos ou combinação destes.

Os parâmetros para elaboração e as regras de negócio do Sistema PPP Eletrônico já foram defi-
nidos pelo DPSO.

• Legislação específica:
- Instrução Normativa INSS/PRES nº 45, de 06 de agosto de 2010
- Anexo XV: Formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP
- Anexo XII: Declaração de exercício de Atividade Rural

NR 22 - SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

A NR 22, cujo título é Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração, determina métodos e


procedimentos, nos locais de trabalho, que proporcionem aos empregados satisfatórias condições de
segurança e saúde no trabalho de mineração.

A NR 22 se aplica a qual tipo de trabalho de mineração?


A NR 22 englobou os trabalhos de mineração a céu aberto e subterrâneo, incluindo também os
garimpos, no que couberem, beneficiamentos de minerais e pesquisa mineral.

O que se entende por empreendedor do setor de mineração?


Segundo a Portaria no 237/2001 do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), para
efeito de atendimento da NR 22, entende-se por empreendedor todo detentor de registro de licença;
detentor de permissão de lavra garimpeira; detentor de alvará de pesquisa; detentor de concessão
de lavra; detentor de manifesto de mina; detentor de registro de extração; aquele que distribui bens

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226
Segurança do Trabalho
minerais; aquele que comercializa bens minerais e aquele que beneficia bens minerais.

Quais os aspectos que determinam os riscos no setor de mineração?


Os riscos das atividades do setor mineral dependem de algumas condições, entre as quais po-
demos destacar:

• Tipo de mineral ou lavrado: Ferro, ouro, bauxita, manganês, mármore, granito, asbestos,
talco etc.;
• Formação geológica do mineral e da rocha encaixante (hospedeira). Tal conhecimento é im-
portante, pois, dependendo da formação geológica, o mineral lavrado poderá conter outros
minerais “contaminantes”, como, por exemplo, a conhecida possibilidade de contaminação
do talco com amianto;
• Porcentagem de sílica livre no minério lavrado. Também guarda relação com o tipo de mi-
neral lavrado e com a rocha encaixante.

Existem minérios e rochas encaixantes que têm uma maior ou menor porcentagem de sílica livre
que varia de região para região. Por exemplo, o mármore possui menor quantidade de sílica livre do
que o granito;

• Presença de gases. A ocorrência de gases, principalmente metano, é mais comum em ro-


chas sedimentares do tipo carvão mineral e potássio, sendo importante atentar para sua
presença especialmente em minas subterrâneas. É importante destacar também que gases
podem se acumular em áreas abandonadas de minas subterrâneas, que apresentam riscos
quando da sua retomada;
• Presença de água. Importante em minas subterrâneas, mas também em minas a céu aberto
pelo risco de inundações;
• Métodos de lavra. Implicam em diversos riscos, pois alteram o maciço rochoso, possibilitan-
do desabamento, se não forem executados adequadamente.

O que diferencia, em termos de riscos, o trabalho a céu aberto e o subterrâneo?


As minas a céu aberto apresentam menores riscos do que as minas de subsolo, não só no que se
refere aos riscos de desabamento, mas quanto à exposição a poeiras minerais.

Quais as responsabilidades do permissionário de lavra garimpeira em relação à se-


gurança e saúde ocupacional?
As responsabilidades básicas do empregador, também denominado nesta NR de permissionário
de lavra garimpeira, são as mesmas previstas no Art. 158 da CLT como qualquer outro empregador.

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227
Segurança do Trabalho
Para o setor da mineração, a NR 22 estabelece as seguintes responsabilidades:

• Estabelecer, em contrato, nome do responsável pelo cumprimento da presente Norma Re-


gulamentadora;
• Interromper todo e qualquer tipo de atividade que exponha os trabalhadores a condições
de risco grave e iminente para sua saúde e segurança;
• Garantir a interrupção das tarefas, quando proposta pelos trabalhadores, em função da
existência de risco grave e iminente, desde que confirmado o fato pelo superior hierárquico,
que diligenciará as medidas cabíveis;
• Fornecer às empresas contratadas as informações sobre os riscos potenciais nas áreas em
que desenvolverão suas atividades;
• Coordenar a implementação das medidas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores
das empresas contratadas e prover os meios e condições para que estas atuem em confor-
midade com esta norma;
• Elaborar e implementar o PCMSO (NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
nal);
• Elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), contemplando os
aspectos da NR 22.

QUAL O CONTEÚDO MÍNIMO DO PROGRAMA DE


GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR)?

O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) previsto na NR 22 contempla, no mínimo, os


itens relacionados abaixo:

• Riscos físicos, químicos e biológicos;


• Atmosferas explosivas;
• Deficiências de oxigênio;
• Ventilação;
• Proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa MTb/SSMT no 01, de 11/04/94;
• Investigação e análise de acidentes do trabalho;
• Ergonomia e organização do trabalho;
• Riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados;
• Riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos e
trabalhos manuais;
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228
Segurança do Trabalho
• Equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo o cons-
tante na NR 6 - Equipamento de Proteção Individual;
• Estabilidade do maciço;
• Plano de emergência;
• Outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias.

Quais são as etapas para organizar um PGR?


O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve incluir as seguintes etapas:

• Antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as infor-


mações do Mapa de Risco elaborado pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na
Mineração (CIPAMIN), quando houver;
• Avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores;
• Estabelecimento de prioridades, metas e cronograma;
• Acompanhamento das medidas de controle implementadas;
• Monitoramento da exposição aos fatores de riscos;
• Registro e manutenção dos dados por, no mínimo, 20 anos;
• Avaliação periódica do programa.

Existem similaridades entre o PPRA e o PGR?


Sim, na verdade o PGR inclui todas as etapas do PPRA (NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos
de Acidentes), por isso a Instrução Normativa INSS/PRES no 20 estabelece que o PGR pode substituir
o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) para fins de comprovação da atividade
especial.
O subitem 22.3.7.1.3 da NR 22 desobriga as empresas de mineração da exigência do PPRA em
função da obrigatoriedade de implementar o PGR.

Qual a similaridade possível de ser apontada entre o PGR e o PPRA?


Além da sua estrutura, ele deve ser apresentado e discutido na CIPAMIN, para acompanhamen-
to das medidas de controle sob pena de multa. Da mesma forma que o PPRA, o PGR deve complemen-
tar a realização do levantamento ambiental quantitativo dos agentes ambientais (físicos ou químicos).
A identificação dos níveis de exposição servirá de base para a elaboração do PCMSO. Caso isto
não ocorra, haverá a possibilidade de serem efetuados exames médicos periódicos que nada tenham
a ver com os riscos a que o funcionário se encontra exposto.

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229
Segurança do Trabalho
Quem é o profissional que deve assinar o PGR?
A NR 22 não determina a qualificação do profissional que irá elaborar o PGR.
Entretanto, para atender ao nível de complexidade exigido, não há dúvida que somente um pro-
fissional dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
será capaz de elaborar este programa com consistência e qualidade.
A existência do Art. 195 da CLT nos leva a acreditar que somente laudos ambientais assinados
por engenheiros de segurança e/ou médicos do trabalho terão validade legal em caso de litígios tra-
balhistas no campo da insalubridade e da periculosidade.

Qual o prazo de reavaliação e guarda do PGR?


Embora não esteja definido explicitamente, entendemos que o PGR deva ser atualizado anual-
mente ou quando ocorrerem modificações no processo de trabalho.
Tal qual o PPRA, o PCMSO e os levantamentos ambientais, o PGR deverá ser guardado por 20
(vinte) anos.

Quais os riscos de acidentes no trabalho de mineração?

O trabalho nas atividades potencializa a ocorrência de acidentes do tipo:

• Queda de “chocos” em minas subterrâneas: depende das condições de estabilidade do ma-


ciço rochoso, do sistema de contenção adotado e sua manutenção, pressão por produtivi-
dade e existência, ou não, de iluminação suficiente para identificação da sua existência;
• Desmoronamentos e quedas de blocos: podem ocorrer não só em minas de subsolo, mas
em minas a céu aberto;
• Máquinas e equipamentos sem proteção, tais como correias transportadoras, polias, guin-
chos etc.;
• Eletricidade: fiação elétrica desprotegida, disjuntores e transformadores sem proteção, su-
pervisão e manutenção insuficiente e falta de sinalização são alguns dos fatores de risco
elétrico;
• Falta de proteção de aberturas dos locais de transferência e tombamento de minério, es-
cadas com degraus inadequados, escorregadios e sem corrimãos, passarelas improvisadas
sem guarda-corpo e corrimão;
• Iluminação deficiente: propicia quedas e dificulta a identificação de chocos em minas sub-
terrâneas;
• Pisos irregulares;
• Trânsito de equipamentos pesados.

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230
Segurança do Trabalho
Quais são os riscos ambientais no trabalho de mineração?
• Físicos:
1. Radiações ionizantes: presentes em minerações de urânio, podendo ainda ocorrer na pre-
sença de radônio, principalmente em minas subterrâneas. Em usinas de beneficiamento,
também podem ser utilizados medidores radioativos em espessadores e silos de minério;
2. Radiações não ionizantes: ocorrem em atividades de solda e corte e são decorrentes da
exposição à radiação solar, que é de grande importância em minas a céu aberto;
3. Frio: ocorre em minas a céu aberto em regiões montanhosas e frias em níveis superiores de
minas de subsolo, cujo sistema de ventilação exige o resfriamento do ar utilizado;
4. Calor: ocorre exposição em trabalhos a céu aberto e em níveis inferiores de minas subterrâ-
neas, sendo neste caso dependente do grau geotérmico da região e do sistema de ventila-
ção utilizado;
5. Umidade: ocorrem em trabalhos a céu aberto, em operações de perfuração a úmido, usinas
de beneficiamento e em casos de percolação de água em trabalhos subterrâneos;
6. Ruído: é um dos maiores fatores de risco presentes no setor mineral e decorre da utilização
de grandes equipamentos, britagem ou moagem, atividades de perfuração (manual ou me-
canizada), utilização de ar comprimido e atividades de manutenção em geral;
7. Vibrações: também presentes na operação de grandes equipamentos como tratores, car-
regadeiras, caminhões e no uso de ferramentas manuais como marteletes pneumáticos e
lixadeiras.
• Químicos:
1. Poeiras minerais: a de maior importância é a sílica livre, cuja ocorrência vai depender das
condições geológicas locais. Outras poeiras também são importantes, como poeiras de as-
bestos, manganês, minério de chumbo e de cromo;
2. Fumos metálicos: presentes nas atividades de beneficiamento, (moagem, britagem e fundi-
ção) e nas atividades de solda e corte;
3. Névoas: geradas, por exemplo, nos processos de perfuração decorrentes do óleo de lubrifica-
ção do equipamento, sendo mais importantes na perfuração manual;
4. Gases: o de maior importância é o metano, em virtude do risco de explosão e incêndio, prin-
cipalmente em minas de carvão e potássio.
Outros produtos químicos podem estar presentes, tais comocianetos (nos processos de bene-
ficiamento de minério de ouro), uso de graxas, óleos e solventes nas operações de manutenção em geral.

• Biológicos:
1. Exposição a fungos, bactérias e outros parasitas: decorrentes de precárias condições de hi-
giene, tais como falta de limpeza dos locais de trabalho e de sanitários e vestiários, sendo
clássica a maior incidência de tuberculose em trabalhadores silicóticos (silicotuberculose).
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231
Segurança do Trabalho
Quais os fatores potenciais de risco envolvendo a organização do trabalho?
Os fatores potenciais de risco, decorrentes da organização e processos de trabalho, envolvem:

• Esforço físico excessivo: decorrentes de grandes percursos a pé (minas a céu aberto ou em


subsolo), uso de escadas de grande extensão, quebra manual de rochas e abatimento ma-
nual de “chocos”;
• Levantamento e transporte de pesos;
• Uso e transporte de ferramentas pesadas (marteletes, brocas integrais, hastes de abatimen-
to de “chocos”), manuseio de pás e movimentação manual de vagonetas;
• Posturas inadequadas: percurso de galerias muito baixas e abatimento manual de chocos
em minas subterrâneas, trabalhos sobre minério desmontado, trabalhos sobre máquinas e
assentos inadequados de equipamentos;
• Controle de produtividade, ritmos de trabalho excessivos, monotonia e repetitividade, tra-
balhos em turnos e prorrogação de jornada de trabalho.

Quais são os direitos dos trabalhadores?


Quanto ao direito dos trabalhadores, o princípio básico mais importante diz respeito ao fato que
o trabalhador não é obrigado a executar uma tarefa que o coloque em uma situação de risco grave e
iminente - é o chamado Direito de Recusa.

Da mesma forma, o trabalhador tem o direito de ter acesso a todas as informações sobre os ris-
cos dos processos e atividades executadas em suas áreas de responsabilidades - é o chamado Direito
de Saber. Este item está alinhado com a NR 1 - Disposições Gerais. Em complemento, segundo a NR
22, são direitos dos trabalhadores de mineração:

• Interromper suas tarefas sempre que constatar evidências que representem riscos graves e
iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros, comunicando imediatamente o fato
a seu superior hierárquico que diligenciará as medidas cabíveis;
• Ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam afetar sua segu-
rança e saúde.

Quais os cuidados a serem tomados no transporte em minas a céu aberto?


O transporte em minas a céu aberto deve obedecer aos seguintes requisitos mínimos:

• Os limites externos das bancadas utilizadas como estradas devem estar demarcados e sina-
lizados, de forma visível, durante o dia e a noite;
• A largura mínima das vias de trânsito deve ser duas vezes maior que a largura do maior ve-
ículo utilizado, no caso de pista simples, e três vezes, para pistas;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

232
Segurança do Trabalho
• Nas laterais das bancadas ou estradas onde houver riscos de quedas de veículos, devem ser
construídas leiras com altura mínima correspondente à metade do diâmetro do maior pneu
de veículo que por elas trafegue.

Quando o plano de lavra e a natureza das atividades realizadas não permitirem a observância
do constante como descrito no segundo tópico acima, deverão ser adotados procedimentos e sinali-
zações adicionais para garantir o tráfego com segurança.

Quais são os cuidados com as vias de circulação em ferrovias?


O trabalho de manutenção das vias onde circulam locomotivas deve ser, preferencialmente,
diurno com emissão de permissão para trabalho. Os controles de segurança devem incluir aviso prévio
à central de operação, sinalização, isolamento da área e pessoa de vigilância de tráfego no local.

Quais são os cuidados com transportadores rotativos?


Transportadores possuem elementos rotativos tracionados por correias, correntes e engrena-
gem que devem ser protegidos por anteparo físico de modo a evitar contato acidental.
É proibida a manutenção do equipamento de transporte em movimento. Nestas atividades de
manutenção, deve ser emitida permissão para trabalho.

O QUE SIGNIFICA PROFISSIONAL HABILITADO


SEGUNDO O ITEM 22.11.1 DA NR22?

O profissional habilitado é aquele previamente qualificado e que tenha registro em um conselho


de classe; é o caso dos técnicos e engenheiros que têm como competências exclusivas a assinatura dos
documentos técnicos previstos na norma, projetos e procedimentos.

Destacamos que a NR estabelece claramente os deveres dos empregadores e trabalhadores,


ficando claro o direito de recusa dos trabalhadores em exercer atividades em condições de risco grave
e iminente para sua vida e saúde (incluindo terceiros), cabendo aos empregadores interromper as
tarefas nestas condições.

Tal direito está consagrado há vários anos na legislação de vários países e consta da Convenção
OIT 176 - Segurança e Saúde nas Minas.

A NR fornece uma diretriz consolidada e unificada de todas as ações de prevenção que deverão

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

233
Segurança do Trabalho
ser implementadas nas mais diversas atividades da mineração, com reflexos positivos na melhoria das
condições de trabalho, contribuindo para a redução dos acidentes incapacitantes, das doenças e das
mortes no setor mineral.

A NR 22 determina a elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) pelas empre-


sas. Tal programa abrange todos os riscos presentes no setor mineral e deve contemplar as ações para
controlar ou eliminar tais riscos.
Este programa (PGR) foi uma forma simples de agrupar e organizar em um único documento
uma série de ações e ferramentas obrigatórias para o gerenciamento de segurança, saúde e meio am-
biente no setor de mineração. Muitas destas ações encontram-se detalhadas em outras NRs.
Para organizar o PGR, o profissional dos SESMT deverá aprofundar seus conhecimentos sobre:
• Programa de Proteção Respiratória (PPR) - (Instrução NormativaMTb/SSMT no 01, de
11/04/94 - NR 6);
• Programa de Conservação Auditiva (PCA) - (Ordem de Serviço INSS/DSS no 608/98, NR 6 e
NR 7);
• PCMSO (NR 7);
• PPRA (NR 9 e NR 15 - Atividades e Operações Insalubres);
• Estudos de Classificação de Áreas e Inspeção de Riscos com Eletricidade (NR 10 - Segurança
em Instalações e Serviços em Eletricidade);
• Laudos ergonômicos (NR 17 - Ergonomia);
• Inspeção de riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços con-
finados (deficiência de oxigênio) (NR 18 - Condições em Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção);
• Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com explosivos (NR 19 - Explosivos);
• Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com líquidos inflamáveis e combustíveis (NR 20
- Líquidos Combustíveis e Inflamáveis);
• O item 22.3.7.1.3 desobriga a elaboração do PPRA para aquelas empresas que implementa-
rem o PGR. Este aspecto não deve ser considerado como um retrocesso para a implemen-
tação da Higiene

Ocupacional, pois sua estrutura é a mesma do PPRA, conforme prevê o item 22.7.1 listado abaixo:

1. Antecipação e reconhecimento dos riscos;


2. Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
3. Avaliação dos riscos e da exposição;
4. Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
5. Monitoramento da exposição;
6. Registro e divulgação dos dados.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

234
Segurança do Trabalho
Ao contrário do PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho) (NR 18), o subi-
tem 22.3.7.1.3 desobriga a existência do PPRA quando existir o PGR.
Entretanto, o profissional está obrigado a considerar as mesmas referências bibliográficas para
consulta dos limites de tolerância (NR 15 e ACGIH – American Conference of Industrial Hygienists) e
definição dos métodos de avaliação ambiental (NHO e NIOSH).
Do ponto de vista de organização do trabalho e das condições de trabalho, o setor mineral está
em um processo permanente de transformação.
Enquanto algumas empresas realizam investimentos e melhorias constantes em Segurança e
Saúde Ocupacional (SSO), outras ainda estão atrasadas neste processo.
Daí, a necessidade de se estabelecer uma abordagem planejada e diferenciada para a inspeção
do trabalho em diferentes empresas ou setores da atividade econômica.

COMENTÁRIOS

• Destacamos que a NR estabelece claramente os deveres dos empregadores e trabalhado-


res, ficando claro o direito de recusa dos trabalhadores em exercer atividades em condições
de risco grave e iminente para sua vida e saúde (incluindo terceiros), cabendo aos emprega-
dores interromper as tarefas nestas condições. Tal direito está consagrado há vários anos na
legislação de vários países e constam da Convenção OIT 176 - Segurança e Saúde nas Minas.

• A NR fornece uma diretriz consolidada e unificada de todas as ações de prevenção que de-
verão ser implementadas nas mais diversas atividades da mineração, com reflexos positivos
na melhoria das condições de trabalho, contribuindo para a redução dos acidentes incapa-
citantes, doenças e mortes no setor mineral.

• A NR 22 determina a elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) pelas em-


presas. Tal programa abrange todos os riscos presentes no setor mineral e deve contemplar
as ações para controlar ou eliminar tais riscos.

• Este programa (PGR) foi uma forma simples de agrupar e organizar em um único docu-
mento uma série de ações e ferramentas obrigatórias para o gerenciamento de segurança,
saúde e meio ambiente no setor de mineração.

Muitas destas ações encontram-se detalhadas em outras NRs.


Para organizar o PGR, o profissional dos SESMT deverá aprofundar seus conhecimentos sobre:

1. PPR - Programa de Proteção Respiratória (Instrução Normativa MTb/SSMT no 01, de

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

235
Segurança do Trabalho
11/04/1994 - NR 6);
2. PCA - Programa de Conservação Auditiva (Ordem deServiço INSS/DSS nº 608/98, NR 6 e NR 7);
3. PCMSO (NR 7);
4. PPRA (NR 9 e NR 15);
5. Estudos de Classificação de Áreas e Inspeção de Riscos com Eletricidade (NR 10);
6. Laudos ergonômicos (NR 17);
7. Inspeção de riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços
confnados (deficiência de oxigênio) (NR 18);
8. Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com explosivos (NR 19);
9. Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com líquidos inflamáveis e combustíveis (NR 20).
• O item 22.3.7.1.3 desobriga a elaboração do PPRA para aquelas empresas que implementa-
rem o PGR. Este aspecto não deve ser considerado como um retrocesso para a implementa-
ção da Higiene Ocupacional, pois sua estrutura é a mesma do PPRA, conforme prevê o item
22.7.1 listado abaixo:
1. Antecipação e reconhecimento dos riscos;
2. Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
3. Avaliação dos riscos e da exposição;
4. Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
5. Monitoramento da exposição;
6. Registro e divulgação dos dados.

• Ao contrário do PCMAT (NR 18), o subitem 22.3.7.1.3 desobriga a existência do PPRA quan-
do existir o PGR. Entretanto, o profissional está obrigado a considerar as mesmas referên-
cias bibliográficas para consulta dos limites de tolerância (NR 15 e ACGIH) e definição dos
métodos de avaliação ambiental (NHO e NIOSH).

• Do ponto de vista de organização do trabalho e das condições de trabalho, o setor mineral


está em um processo permanente de transformação.

• Enquanto algumas empresas realizam investimentos e melhorias constantes em Segurança


e Saúde Ocupacional (SSO), outras ainda estão atrasadas neste processo. Daí, a necessidade
de se estabelecer uma abordagem planejada e 25 diferenciada para a inspeção do trabalho
em diferentes empresas ou setores da atividade econômica.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

236
Segurança do Trabalho

PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (PPR)

O propósito do Programa de Proteção Respiratória é proporcionar o controle de doenças ocupa-


cionais provocadas pela inalação de poeiras, fumos, névoas, fumaças, gases e vapores.
O Programa de Proteção Respiratória é um conjunto de medidas práticas e administrativas que
devem ser adotadas por toda empresa onde for necessário o uso de respirador.
Além disso, faz se necessárias recomendações para elaboração, implantação e administração
de um programa de como selecionar e usar corretamente os equipamentos de proteção respiratória.
A Instrução normativas nº 1/1994, emitida pelo Ministério do Trabalho, cujo conteúdo estabe-
lece um regulamento técnico sobre uso de equipamentos de proteção respiratória, determina que
todo empregador deverá adotar um conjunto de medidas com a finalidade de adequar a utilização de
equipamentos de proteção respiratória, quando necessário, para complementar as medidas de prote-
ção eletivas implementadas, ou com a finalidade de garantir uma completa proteção ao trabalhador
contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho.

INSTRUÇÃO NORMATIVA SSST/MTB Nº 1, DE 11 DE ABRIL DE 1994.

(DOU de 15/04/1994)
Estabelece o Regulamento Técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória.

A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, no uso de suas atribuições e, CONSIDERANDO a ne-


cessidade de um controle eficaz dos ambientes de trabalho por parte das empresas, como condição a uma
adequada política de segurança e saúde para os trabalhadores;
CONSIDERANDO que, quando as medidas de proteção coletiva adotadas no ambiente de trabalho
não forem suficientes para controlar os riscos existentes, ou estiverem sendo implantadas, ou ainda em
caráter emergencial, o empregador deverá adotar, dentre outras, aquelas referentes à proteção individual
que garantam condições adequadas de trabalho.
CONSIDERANDO as dúvidas suscitadas em relação à adequada proteção dada aos trabalhadores
quando da adoção de equipamentos de proteção respiratória por parte das empresas;
CONSIDERANDO a necessidade de disciplinar a utilização desses equipamentos, dentro de critérios e
procedimentos adequados, quando adotados pelas empresas;
CONSIDERANDO os artigos 166 e 167 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;
CONSIDERANDO a Norma Regulamentadora n.º 06 da Portaria n.º 3.214, de 08/06/78, e alterações
posteriores, resolve: Baixar a presente Instrução Normativa - I.N. estabelecendo Regulamento Técnico so-
bre o uso de equipamentos para proteção respiratória.

Art. 1º - O empregador deverá adotar um conjunto de medidas com a finalidade de adequar a utiliza-
ção dos equipamentos de proteção respiratória-EPR, quando necessário para complementar as medidas de

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

237
Segurança do Trabalho
proteção coletiva implementadas, ou enquanto as mesmas estiverem sendo implantadas, com a finalidade
de garantir uma completa proteção ao trabalhador contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho.

1º - As medidas previstas neste artigo deverão observar os seguintes princípios:


I - o estabelecimento de procedimentos escritos abordando, no mínimo:
a) os critérios para a seleção dos equipamentos;
b) o uso adequado dos mesmos levando em conta o tipo de atividade e as características indivi-
duais do trabalhador;
c) a orientação ao trabalhador para deixar a área de risco por motivos relacionados ao equipamento;
II - a indicação do equipamento de acordo com os riscos aos quais o trabalhador está exposto;
III - a instrução e o treinamento do usuário sobre o uso e as limitações do EPR;
IV - o uso individual dos equipamentos, salvo em situações específicas, de acordo com a finalidade
dos mesmos;
V - a guarda, a conservação e a higienização adequada;
VI - o monitoramento apropriado e periódico das áreas de trabalho e dos riscos ambientais a que
estão expostos os trabalhadores;
VII - o fornecimento somente a pessoas fisicamente capacitadas a realizar suas tarefas utilizando os
equipamentos;
VIII - o uso somente de respiradores aprovados e indicados para as condições em que os mesmos
forem utilizados;
IX - a adoção da proteção respiratória individual após a avaliação prévia dos seguintes parâmetros:
a) características físicas do ambiente de trabalho;
b) necessidade de utilização de outros EPI;
c) demandas físicas específicas das atividades de que o usuário está encarregado;
d) tempo de uso em relação à jornada de trabalho;
e) características específicas de trabalho tendo em vista possibilidade da existência de atmosfe-
ras imediatamente perigosas à vida ou à saúde;
X - a realização de exame médico no candidato ao uso do EPR, quando por recomendação médica,
levando em conta, dentre outras, as disposições do inciso anterior, sem prejuízo dos exames
previstos na NR 07;
2º - Para a adequada observância dos princípios previstos neste artigo, o empregador deverá seguir,
além do disposto nas Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, no que couberem, as
recomendações da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACEN-
TRO contidas na publicação intitulada “PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA -.
RECOMENDAÇÕES, SELEÇÃO E USO DE RESPIRADORES” e também as Normas Brasileiras, quando
houver, expedidas no âmbito do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus-
trial - CONMETRO.
Art. 2º - A seleção dos EPR deverá observar, dentre outros, os valores dos fatores de proteção –
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

238
Segurança do Trabalho
FP atribuídos contidos no Quadro I anexo o presente I.N.
Parágrafo único - Em atmosferas contendo sílica e asbestos, além dos requisitos estabelecidos
neste artigo, o empregador deverá observar, na seleção do respirador adequado, as indicações dos
Quadros II e III anexo a presente I.N.

Art. 3º - Os EPR somente poderão ser comercializados acompanhados de instruções impressas


contendo, no mínimo, as seguintes informações:

I - a finalidade a que se destina;


II - a proteção oferecida ao usuário;
III - as restrições ao seu uso;
IV - a sua vida útil;
V - orientações sobre guarda, conservação e higienização.
Art. 4º - Esta I.N. entra em vigor 120 dias após a data de sua publicação, ficando
Parágraforevogada
único -aAs instruçõesn.º
I.N.SSST/MTb referidas
01, de 13neste artigo
de julho deverão acompanhar a menor unidade
de 1993.
comercializada de equipamentos.

Art. 4º - Esta I.N. entra em vigor 120 dias após a data de sua publicação, ficando revogada a
RAQUEL MARIA RIGOTTO
I.N.SSST/MTb n.º 01, de 13 de julho de 1993.

RAQUEL MARIA RIGOTTO

ANEXO - QUADRO I
ANEXO - QUADRO I
FATORES
FATORES DE PROTEÇÃOATRIBUÍDOS
DE PROTEÇÃO PARAEPR
ATRIBUÍDOS PARA EPR

NOTAS
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

239
1 - Inclui a peça quarto facial, a peça semi-facial filtrante e as peças semi-faciais de
elastómeros.

2 - A máscara autônoma de demanda não deve ser usada para situações de


Segurança do Trabalho
NOTAS
1 - Inclui a peça quarto facial, a peça semi-facial filtrante e as peças semi-faciais de elastómeros.
2 - A máscara autônoma de demanda não deve ser usada para situações de emergência como
3incêndios.
- Os fatores de proteção apresentados são de respiradores com filtros P3 ou
3 - Os fatores de
sorbentes proteção químicos
(cartuchos, apresentados são deou
pequenos respiradores com filtros
grandes). Com filtros classe
P3 ou sorbentes
P2, deve- (cartu-
chos,
se químicos
usar Fator depequenos
Proteção ou grandes).
atribuindo Com
100 filtros
devido àsclasse P2, deve-se
limitações do filtro.usar Fator de Proteção
atribuindo 100 devido às limitações do filtro.
4 - situações
4 - Em Em situações de emergência,
de emergência, ondeonde as concentrações
as concentrações dos contaminantes
dos contaminantes possam
possam ser estima-
das,estimadas,
ser deve-se usar um fator
deve-se usarde
umproteção
fator de atribuído
proteção não maiornão
atribuído quemaior
10.000.
que 10.000.
5 - O fator de proteção atribuído, não é aplicável para respiradores de fuga.
5 - O fator de proteção atribuído, não é aplicável para respiradores de fuga.

QUADRO
QUADROII II
RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA SÍLICA CRISTALINA
RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA SÍLICA CRISTALINA

SEGURANÇA DO TRABALHO
NOTAS
NOTAS
1 – Para diâmetro aerodinâmico médio mássico maior ou igual a 2 micra pode-se
1 – Para diâmetro aerodinâmico médio mássico maior ou igual a 2 micra pode-se
usar filtros classe P, P2 ou P3. Para diâmetro menos que 2 micra deve-se usar o de
usarclasse
filtros P3.
classe P, P2 ou P3. Para diâmetro menos que 2 micra deve-se usar o de
classe P3.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

240

289
Segurança do Trabalho
QUADRO III
QUADRO III
RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA ASBESTOS
RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA ASBESTOS

PROGRAMA
Programa DE CONSERVAÇÃO
de Conservação Auditiva – AUDITIVA
PCA. – PCA

A conservação auditiva implica na prevenção da audição do indivíduo, sendo ele


A conservação auditiva implica na prevenção da audição do indivíduo, sendo ele portador ou
não da portador ou não da perda auditiva. Este programa tem como objetivo prevenir ou
perda auditiva. Este programa tem como objetivo prevenir ou estabilizar as perdas auditivas
estabilizar as perdas
ocupacionais em decorrência de auditivas ocupacionais
um processo contínuo em decorrência
e dinâmico de um processo
de implantação de rotina nas em-
presas.contínuo e dinâmico de implantação de rotina nas empresas.
O PCA (Programa de Conservação Auditiva) é um conjunto de medidas técnicas simplificadas ou
administrativas,
O PCAdistribuídas
(Programa de e mantidas ao longo
Conservação do tempo,
Auditiva) que agindo
é um conjunto de formatécnicas
de medidas integrada e com-
plementar entre si, pode servir de substituto temporário a modernização tecnológica e melhoria das
simplificadas ou administrativas, distribuídas e mantidas ao longo do tempo, que
condições de trabalho como um todo. É um programa previsto na NR - 9 buscando “a preservação da
saúde eagindo de formados
da integridade integrada e complementar
trabalhadores, entre si, pode
através da antecipação, servir de substituto
reconhecimento, avaliação e con-
sequente controle adamodernização
temporário ocorrência detecnológica
riscos ambientais existentes
e melhoria ou que venha
das condições a existir
de trabalho no ambiente
como
do trabalho”. O instrumento de gestão transparente e participativa que pressupõe
um todo. É um programa previsto na NR - 9 buscando “a preservação da saúde e da
ações a serem de-
senvolvidas no âmbito da empresa sob a responsabilidade do empregador.
Ointegridade
PCA envolve dos trabalhadores,
a atuação de umaatravés
equipeda antecipação, reconhecimento,
multiprofissional, avaliação
pois são necessárias e
medidas de en-
genharia, medicina, fonoaudiologia,
consequente treinamento
controle da ocorrência e administração.
de riscos ambientais existentes ou que venha a
Aexistir
NR-9 énoa norma regulamentadora
ambiente do trabalho”.que O estabelece
instrumentoe obriga a elaboração
de gestão e implementação
transparente e
por parte das empresas e instituições que admitam trabalhadores como empregados. O PPRA visa
participativa que pressupõe ações a serem desenvolvidas no âmbito da empresa
à prevenção da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e oresponsabilidade
sob a do empregador.
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no am-
biente de trabalho.
O PCA envolve a atuação de uma equipe multiprofissional, pois são necessárias
medidas de engenharia, medicina, fonoaudiologia, treinamento e administração.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3
290
“Fundação de241
Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Segurança do Trabalho
Os objetivos específicos do PCA são:
• Melhorar a qualidade de vida do trabalhador
• Identificar funcionários com problemas na audição
• Diagnosticar precocemente as perdas auditivas
• Adequar as empresas às exigências legais
• Reduzir custo de insalubridade

PORTARIA N.º 19, DE 9 DE ABRIL DE 1998


(D.O.U. de 22/04/98 – Seção 1 – págs. 64 a 66)

O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais e con-


siderando o disposto no artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho, o disposto na NR 7. Progra-
ma de Controle Médico de Saúde Ocupacional, a necessidade de estabelecer diretrizes e parâmetros
mínimos para a avaliação e o acompanhamento da audição dos trabalhadores, expostos a níveis de
pressão sonora elevados e o texto técnico apresentado pelo Grupo de Trabalho Tripartite constituído
através da Portaria SSST/MTb n.º 5, de 25 de fevereiro de 1997, resolve:

Art.1º - Alterar o Quadro II - Parâmetros para Monitoração da Exposição Ocupacional a Alguns


Riscos à Saúde, da Portaria n.º 24, de 29 de dezembro de 1994 - NR 7 - Programa de Contro-
le Médico de Saúde Ocupacional, publicada no DOU do dia 30 de dezembro de 1994, seção
I, página 21.278.
Art. 2º - Incluir o anexo I - Quadro II - diretrizes e Parâmetros Mínimos para Avaliação e Acom-
panhamento da audição em Trabalhadores Expostos a Níveis de Pressão Sonora Elevados,
da NR 7.
- Programa de controle Médico de Saúde Ocupacional.
Art. 3º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.

ZUHER HANDAR

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

242
ZUHER HANDAR

Segurança do Trabalho
QUADRO IV
QUADRO IV
PARÂMETROS PARA MONITORIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A ALGUNS
RISCOS ÀDA
PARÂMETROS PARA MONITORIZAÇÃO SAÚDE
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A
ALGUNS RISCOS À SAÚDE

ANEXO I
292
Diretrizes e parâmetros mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhado-
“Fundação de Educação para
res expostos a níveis de pressão sonora elevados
o Trabalho de Minas Gerais”

1. Objetivos
1.1. Estabelecer diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e o acompanhamento da
audição do trabalhador através da realização de exames audiológicos de referência e se-
quenciais.
1.2. Fornecer subsídios para a adoção de programas que visem a prevenção da perda auditiva

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

243
Segurança do Trabalho
induzida por níveis de pressão sonora elevados e a conservação da saúde auditiva dos tra-
balhadores.

2. Definições e Caracterização
2.1. Entende-se por perda auditiva por níveis de pressão sonora elevada as alterações dos li-
miares auditivos, do tipo sensorioneural, decorrente da exposição ocupacional sistemática
a níveis de pressão sonora elevada. Tem como características principais a irreversibilidade
e a progressão gradual com o tempo de exposição ao risco. A sua história natural mostra,
inicialmente, o acometimento dos limiares auditivos em uma ou mais frequências da faixa
de 3.000 a 6.000 Hz. As frequências mais altas e mais baixas poderão levar mais tempo para
serem afetadas. Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva.
2.2. Entende-se por exames audiológicos de referência e sequenciais o conjunto de procedi-
mentos necessários para avaliação da audição do trabalhador ao longo do tempo de expo-
sição ao risco, incluindo:
a) anamnese clínico-ocupacional;
b) exame otológico;
c) exame audiométrico realizado segundo os termos previstos nesta norma técnica.
d) outros exames audiológicos complementares solicitados a critério médico.

3. Princípios e procedimentos básicos para a realização do exame audiométrico


3.1. Devem ser submetidos a exames audiométricos de referência e sequenciais, no mínimo, to-
dos os trabalhadores que exerçam ou exercerão suas atividades em ambientes cujos níveis
de pressão sonora ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos nos anexos 1 e 2 da
NR 15 da Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho, independentemente do uso de protetor
auditivo.
3.2. O audiômetro será submetido a procedimentos de verificação e controle periódico do seu
funcionamento.
3.2.1. Aferição acústica anual.
3.2.2. Calibração acústica, sempre que a aferição acústica indicar alteração, e, obrigatoria-
mente, a cada 5 anos.
3.2.3. Aferição biológica é recomendada precedendo a realização dos exames audiométri-
cos. Em caso de alteração, submeter o equipamento à aferição acústica.
3.2.4. Os procedimentos constantes dos itens 3.2.1 e 3.2.2 devem seguir o preconizado na
norma ISO 8253-1, e os resultados devem ser incluídos em um certificado de aferição e/ou
calibração que acompanhará o equipamento.
3.3. O exame audiométrico será executado por profissional habilitado, ou seja, médico ou fono-
audiólogo, conforme resoluções dos respectivos conselhos federais profissionais.
3.4. Periodicidade dos exames audiométricos.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

244
Segurança do Trabalho
3.4.1. O exame audiométrico será realizado, no mínimo, no momento da admissão, no 6º
(sexto) mês após a mesma, anualmente a partir de então, e na demissão.
3.4.1.1. No momento da demissão, do mesmo modo como previsto para a avaliação clínica
no item 7.4.3.5 da NR -7 poderá ser aceito o resultado de um exame audiométrico realizado
até:
a) 135 (cento e trinta e cinco) dias retroativos em relação à data do exame médico de
missional de trabalhador de empresa classificada em grau de risco 1 ou 2;
b) 90 (noventa) dias retroativos em relação à data do exame médico demissional de
trabalhador de empresa classificada em grau de risco 3 ou 4.
3.4.2. O intervalo entre os exames audiométricos poderá se reduzido a critério do médico
coordenador do PCMSO, ou por notificação do médico agente de inspeção do trabalho, ou
mediante negociação coletiva de trabalho.
3.5. O resultado do exame audiométrico deve ser registrado em uma ficha que contenha, no
mínimo:
a) nome, idade e número de registro de identidade do trabalhador;
b) nome da empresa e a função do trabalhador;
c) tempo de repouso auditivo cumprido para a realização do exame audiométrico;
d) nome do fabricante, modelo e data da última aferição acústica do audiômetro;
e) traçado audiométrico e símbolos conforme o modelo constante do Anexo 1;
f) nome, número de registro no conselho regional e assinatura do profissional responsável
pelo exame audiométrico.
3.6. Tipos de exames audiométricos
O trabalhador deverá ser submetido a exame audiométrico de referência e a exame audiomé
trico sequencial na forma abaixo descrita:

3.6.1. Exame audiométrico de referência, aquele com o qual os sequenciais serão compara-
dos e cujas diretrizes constam dos subitens abaixo, deve ser realizado:
a) quando não se possua um exame audiométrico de referência prévio:
b) quando algum exame audiométrico sequencial apresentar alteração significativa em re-
lação ao de referência, conforme descrito nos itens 4.2.1, 4.2.2 e 4.2.3 desta norma técnica.
3.6.1.1. O exame audiométrico será realizado em cabina audométrica, cujos níveis de pres-
são sonora não ultrapassem os níveis máximos permitidos, de acordo com a norma ISO
8253.1.
3.6.1.1.1. Nas empresas em que existir ambiente acusticamente tratado, que atenda à
norma ISO 8253.1, a cabina audiométrica poderá ser dispensada.
3.6.1.2. O trabalhador permanecerá em repouso auditivo por um período mínimo de
14 horas até o momento de realização do exame audiométrico.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

245
Segurança do Trabalho
3.6.1.3. O responsável pela execução do exame audiométrico inspecionará o meato
acústico externo de ambas as orelhas e anotará os achados na ficha de registro. Se
identificada alguma anormalidade, encaminhar ao médico responsável.
3.6.1.4. Vias, frequências e outros testes complementares.
3.6.1.4.1. O exame audiométrico será realizado, sempre, pela via aérea nas frequên
cias de 500, 1.000, 2.000. 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz.
3.6.1.4.2. No caso de alteração detectada no teste pela via aérea ou segundo a ava
liação do profissional responsável pela execução do exame, o mesmo será feito, tam
bém, pela via óssea nas frequências de 500, 1.000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz.
3.6.1.4.3. Segundo a avaliação do profissional responsável, no momento da execução
do exame, poderão ser determinados os limiares de reconhecimento de fala (LRF).
3.6.2. Exame audiométrico sequencial, aquele que será comparado com o de referência, apli
ca-se a todo trabalhador que já possua um exame audiométrico de referência prévio, nos mol
des previstos no item.
3.6.1. As seguintes diretrizes mínimas devem ser obedecidas:
3.6.2.1. Na impossibilidade da realização do exame audiométrico nas condições pre
vistas no item 3.6.1.1, o responsável pela execução do exame avaliará a viabilidade
de sua realização em um ambiente silencioso, através do exame audiométrico em 2
(dois) indivíduos, cujos limiares auditivos, detectados em exames audiométricos de
referência atuais, sejam conhecidos. Diferença de limiar auditivo, em qualquer frequ
ência e em qualquer um dos 2 (dois) indivíduos examinados, acima de 5 dB (NA) (ní
vel de audição em decibel) inviabiliza a realização do exame no local escolhido.
3.6.2.2. O responsável pela execução do exame audiométrico inspecionará o meato
acústico externo de ambas as orelhas e anotará os achados na ficha de registro.
3.6.2.3. O exame audiométrico será feito pela via aérea nas frequências de 500,
1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz.

4. Interpretação dos resultados do exame audiométrico com finalidade de prevenção


4.1. A interpretação dos resultados do exame audiométrico de referência deve seguir os seguin-
tes parâmetros:
4.1.1. São considerados dentro dos limites aceitáveis, para efeito desta norma técnica de
caráter preventivo, os casos cujos audiogramas mostram limiares auditivos menores ou
iguais a 25 dB (NA), em todas as frequências examinadas.
4.1.2. São considerados sugestivos de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevada os casos cujos audiogramas, nas frequências de 3.000 e/ou 4.000 e/ou 6.000 Hz,
apresentam limiares auditivos acima de 25 dB (NA) e mais elevados do que nas outras fre-
quências testadas, estando estas comprometidas ou não, tanto no teste da via aérea quan-
to da via óssea, em um ou em ambos os lados.
4.1.3. São considerados não sugestivos de perda auditiva induzida por níveis de pressão
sonora elevada os casos cujos audiogramas não se enquadram nas descrições contidas nos

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

246
Segurança do Trabalho
itens 4.1.1 e 4.1.2 acima.
4.2. A interpretação dos resultados do exame audiométrico sequencial deve seguir os seguintes
parâmetros:
4.2.1. São considerados sugestivos de desencadeamento de perda auditiva induzida por
níveis de pressão sonora elevados, os casos em que os limiares auditivos em todas as frequ-
ências testadas no exame audiométrico de referência e no sequencial permanecem meno-
res ou iguais a 25 dB (NA), mas a comparação do audiograma sequencial com o de referên-
cia mostra uma evolução dentro dos moldes definidos no item 2.1 desta norma, e preenche
um dos critérios abaixo:
a) a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de frequên
cias de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
b) a piora em pelo menos uma das frequências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou
ultrapassa 15dB(NA).
4.2.2. São considerados, também sugestivos de desencadeamento de perda auditiva
induzida por níveis de pressão sonora elevados, os casos em que apenas o exame
audiométrico de referência apresenta limiares auditivos em todas as frequências tes
tadas menores ou iguais a 25 dB (NA), e a comparação do audiograma sequencial com
o de referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos no item 2.1 desta
norma, e preenche um dos critérios abaixo:
a) a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de frequên
cia de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB(NA);
b) a piora em pelo menos uma das frequências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou
ultrapassa 15 dB (NA).
4.2.3. São considerados sugestivos de agravamento da perda auditiva induzida por níveis de
pressão sonora elevados, os casos já confirmados em exame audiométrico de referência,
conforme item 4.1.2., e nos quais a comparação de exame audiométrico sequencial com o
de referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos no item 2.1 desta norma,
e preenche um dos critérios abaixo:
a. a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de frequên
cia de 500, 1.000 e 2.000 Hz, ou no grupo de frequências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz
iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
b. a piora em uma frequência isolada iguala ou ultrapassa 15 dB(NA).
4.2.4. Para fins desta norma técnica, o exame audiométrico de referência permanece o mes-
mo até o momento em que algum dos exames audiométricos sequenciais for preenchido
algum dos critérios apresentados em 4.2.1, 4.2.2 ou 4.2.3. Uma vez preenchido algum des-
tes critérios, deve-se realizar um novo exame audiométrico, dentro dos moldes previstos
no item 3.6.1 desta norma técnica, que será, a partir de então, o novo exame audiométrico
de referência. Os exames anteriores passam a constituir o histórico evolutivo da audição do
trabalhador.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

247
Segurança do Trabalho
5. Diagnóstico da perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevada e
definição da aptidão para o trabalho.
5.1. O diagnóstico conclusivo, o diagnóstico diferencial e a definição da aptidão para o trabalho,
na suspeita de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados, estão a cargo
do médico coordenador do PCMSO de cada empresa, ou do médico encarregado pelo mes-
mo para realizar o exame médico, dentro dos moldes previstos na NR - 7, ou, na ausência
destes, do médico que assiste ao trabalhador.
5.2. A perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados, por si só, não é indicativa
de inaptidão para o trabalho, devendo-se levar em consideração na análise de cada caso,
além do traçado audiométrico ou da evolução sequencial de exames audiométricos, os se-
guintes fatores:
a) a história clínica e ocupacional do trabalhador;
b) o resultado da otoscopia e de outros testes audiológicos complementares;
c) a idade do trabalhador;
d) o tempo de exposição pregressa e atual a níveis de pressão sonora elevada;
e) os níveis de pressão sonora a que o trabalhador estará, está ou esteve exposto no
exercício do trabalho;
f) a demanda auditiva do trabalho ou da função;
g) a exposição não ocupacional a níveis de pressão sonoros elevados;
h) a exposição ocupacional a outro (s) agente (s) de risco ao sistema auditivo;
i) a exposição não ocupacional a outro (s) agentes de risco ao sistema auditivo;
j) a capacitação profissional do trabalhador examinado;
k) os programas de conservação auditiva aos quais tem ou terá acesso o trabalhador.

6. Condutas Preventivas
6.1. Em presença de trabalhador cujo exame audiométrico de referência se enquadre no item
4.1.2, ou algum dos exames audiométricos sequenciais se enquadre no item 4.2.1 ou 4.2.2
ou 4.2.3, o médico coordenador do PCMSO, ou o encarregado pelo mesmo do exame mé-
dico, deverá:
a) definir a aptidão do trabalhador para a função, com base nos fatores ressaltados no item
5.2 desta norma técnica;
b) incluir o caso no relatório anual do PCMSO;
c) participar da implantação, aprimoramento e controle de programas que visem à preven-
ção da progressão da perda auditiva do trabalhador acometido e de outros expostos ao
risco, levando-se em consideração o disposto no item 9.3.6 da NR-9;
d) disponibilizar cópias dos exames audiométricos aos trabalhadores.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

248
6.2. Em presença de trabalhador cujo exame audiométrico de referência se
enquadre no item 4.1.3, ou que algum dos exames audiométricos sequenciais se
Segurança do Trabalho
enquadre nos itens 4.2.1.a., 4.2.1.b, 4.2.2.a, 4.2.2.b,

6.2. Em4.2.3.a ou 4.2.3.b,


presença mas cujacujo
de trabalhador evolução
examefoge dos moldes
audiométrico dedefinidos nose
referência item 2.1 desta
enquadre no item
4.1.3,
normaou que algum
técnica, dos exames
o médico audiométricos
coordenador do PCMSO,sequenciais se enquadre
ou o encarregado pelonos itensdo
mesmo 4.2.1.a.,
4.2.1.b, 4.2.2.a, 4.2.2.b,
exame médico, deverá:
4.2.3.a ou 4.2.3.b, mas cuja evolução foge dos moldes definidos no item 2.1 desta norma
técnica,
a) o médicoacoordenador
verificar possibilidadedodaPCMSO, ou oconcomitante
presença encarregadode
pelo mesmo
mais do tipo
de um exame
de médi-
co, deverá:
agressão ao sistema auditivo;
a) verificar a possibilidade da presença concomitante de mais de um tipo de agressão
b)sistema
ao orientar auditivo;
e encaminhar o trabalhador para avaliação especializada;

b)c)orientar e encaminhar
definir sobre a aptidãoodo
trabalhador
trabalhadorpara
paraavaliação
função; especializada;
c) definir sobre a aptidão do trabalhador para função;

SEGURANÇA DO TRABALHO
d) participar da implantação, aprimoramento, e controle de programas que
d) participar da implantação, aprimoramento, e controle de programas que visem à
visem à prevenção
prevenção da progressão
da progressão da perda
da perda auditiva doauditiva do trabalhador
trabalhador acometidoacometido
e de outros ex
postos ao risco,
e de outros levando-se
expostos em consideração
ao risco, levando-se emo disposto no item
consideração 9.3.6 da no
o disposto NR-9.
item
e)9.3.6
disponibilizar
da NR-9. cópias dos exames audiométricos aos trabalhadores.

e) disponibilizar cópias dos exames audiométricos aos trabalhadores.

301

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO � ETAPA 3

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

249
Segurança do Trabalho

1. Os símbolos
1. Os símbolos referentes
referentes à via deà condução
via de condução aérea devem
aérea devem ser ligados
ser ligados através através
de linhasdecontínuas
para a orelha
linhas direita
contínuas e linha
para interrompidas
a orelha parainterrompidas
direita e linha a orelha esquerda.
para a orelha esquerda.
2. Os símbolos de condução óssea não devem ser interligados.
2. Os símbolos de condução óssea não devem ser interligados.
3. No caso do uso de cores:
3. No caso do uso de cores:
a) a cor vermelha deve ser usada para os símbolos referentes à orelha direita;
a) a cor vermelha deve ser usada para os símbolos referentes à orelha direita;
b) a cor azul deve ser usada para os símbolos referentes à orelha esquerda.
b) a cor azul deve ser usada para os símbolos referentes à orelha esquerda.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3
302 250
“Fundação de Educação para
o Trabalho de Minas Gerais”
Segurança do Trabalho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei Nº 8.213. 199. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências.. Disponível em: <Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências.>. Acesso em: 20 nov. 2013.

INSS. Anuário Estatístico da Previdência Social: Acidentes do Trabalho. Disponível em: <http://www.
previdencia.gov.br/estatisticas/menu-de-apoio-estatisticas-anuario-estatistico-da-previdencia-social-
-2007-acidentes-do-trabalho/>. Acesso em: 15 dez. 2013.

INSS. Manual Para Preenchimento de Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT, maio de 1999.
ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO 2013: Estatísticas de Acidentes Brasil. Novo Hamburgo - Rs: Re-
vista Proteção, 2013.

NR4, NBR14280, José da Cunha Tavares. Noções de Prevenção e Controle de Perdas em Segurança do
Trabalho. 8ª edição, editora SENAC.

MANUAL PRÁTICO: Como calcular e preencher os mapas dos anexos III, IV, V e VI da NR-4. Novo Ham-
burgo - Rs: Novo Hamburgo – Rs: Revista Proteção, jan. 1999.

BRASIL; Ministério da Previdência Social, Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/informaes-2/perfil-profissiogrfico-previdencirio-ppp/>. Acesso em:
15 nov. 2013.

NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração/ Serviço Social da Indústria -

SESI. Departamento Regional da Bahia. _ Salvador, 2008.

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO. Instrução Normativa nº 1, de 11 de janeiro de 1994. Estabelece


o Regulamento Técnico Sobre o Uso de Equipamentos Para Proteção Respiratória.. Brasilia.

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO. Portaria nº 19, de 09 de janeiro de 1998. - Programa de Controle


Médico de Saúde Ocupacional, A Necessidade de Estabelecer Diretrizes e Parâmetros Mínimos Para A
Avaliação e O Acompanhamento da Audição dos Trabalhadores. Brasil.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

251
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

SEGURANÇA
INDUSTRIAL
Segurança Industrial

SUMÁRIO

NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade..................................255


1.1 Alguns documentos complementares .................................................................255
Cursos .........................................................................................................................261
Referências ................................................................................................................ 262

NR 26 - Sinalização de segurança................................................................................267
2.1 Alguns documentos complementares...................................................................267

NBR 7195 - Cores para Segurança do Trabalho .........................................................272


Referências .................................................................................................................273

NR 34 - Condições e Meio Ambiente de trabalho na indústria da Construção e


Reparação Naval.........................................................................................................276
Responsabilidades ......................................................................................................276
Medidas de Ordem Geral ...........................................................................................278
Conteúdo programático e carga horária mínima para o Programa de Treinamento ..278
Referências Bibliográficas ...........................................................................................283

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

254
Segurança Industrial

1 - NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS


EM ELETRICIDADE

A Norma Regulamentadora 10, cujo título é Segurança em Instalações e Serviços em Eletricida-


de, estabelece os requisitos e condições mínimas exigíveis para garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que interajam direta ou indiretamente em instalações elétricas. A aplicação da NR
10 abrange as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, em suas
diversas etapas, incluindo elaboração de projetos, construção, montagem, operação, manutenção das
instalações elétricas, bem como quaisquer trabalhos realizados em suas proximidades. A NR 10 tem
sua existência jurídica assegurada pelos artigos 179 a 181 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

1.1 ALGUNS DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

· ABNT NBR 5410


- Instalações elétricas de baixa tensão.

· ABNT NBR 5413


- Iluminância de interiores.

· ABNT NBR 5418


- Instalações elétricas em atmosferas explosivas.

· ABNT NBR 5419


- Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.

· ABNT NBR 5460


- Sistemas elétricos de potência.

· ABNT NBR 9.518


- Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas.

· ABNT NBR 13534


- Instalações elétricas de baixa tensão: requisitos para instalação em estabelecimentos assisten-
ciais de saúde.

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255
Segurança Industrial
· ABNT NBR 13570
- Instalações elétricas em locais de afluência de público.

· ABNT NBR 14039


- Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2kV.

· ABNT NBR IEC 60050 (826)


- Vocabulário Eletrotécnico Internacional: Capítulo 826: instalações elétricas em edificações.

· ABNT NBR IEC 60079-10


- Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas: parte 10: classificação de áreas.

· API RP 500
- Recommended practice for classification of locations for electrical installations at petroleum-
facilities classified as class I, division 1 and division 2.

· Lei nº 6.514/77
- Altera a redação do Capítulo V do Título II da CLT - Segurança e Medicina do Trabalho.

· Lei nº 11.337/06
- Estabelece a obrigatoriedade de as edificações possuírem sistemas de aterramento e instala
ções elétricas compatíveis com a utilização do condutor de proteção (fio-terra).

· NFPA 497
- Recommended practice for the classification of flammable liquids, gases, or vapors and of
zardous (classified) locations for electrical installation in chemical process areas.

· Portaria Inmetro nº 83/06


- Regulamenta a certificação compulsória de equipamento elétrico para atmosfera potencial-
mente explosiva.

· Portaria MTE/GM nº 598, de 07/12/2004


- Dá nova redação a NR 10 e institui a Comissão Permanente Nacional de Segurança em Eletri
cidade (CPNSE)

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

256
Segurança Industrial
· Portaria MTE/SIT nº 108, de 30/12/04
- Inclui a “vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo o corpo contra choques
elétricos” na lista de Equipamentos de Proteção Individual, do Anexo I da NR 6 - Equipamen-
to de Proteção Individual (EPI).

· Resolução CNEN nº 04, de 19/04/89


- Diretrizes para suspensão de comercialização e instalação de pára-raios radioativos.

A NR-10 estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medi-


das de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.
Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas
de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer tra-
balhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas
pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

A expressão Sistema Elétrico de Potência ainda causa bastante polêmica, mas a norma apre-
senta uma definição em seu glossário que não deixa dúvidas sobre a correta interpretação de sua
utilização dentro do texto regulamentador. Segundo esse glossário, sistema elétrico de potência é o
“conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica até a medição, inclusive”. Sendo assim, para a NR 10, o sistema elétrico de potência se encerra
no ponto de entrega de energia ao consumidor. Por outro lado, o trabalho realizado em proximidade
também é objeto do glossário, que o define como aquele durante o qual o trabalhador pode entrar na
zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, represen-
tadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

A NR-10 não estabelece critérios para o pagamento do adicional de periculosidade. As atividades


desenvolvidas em condições de periculosidade, bem como as suas respectivas áreas de risco, estão
regulamentadas pelo Decreto nº 93.412/86, com base no que foi estabelecido pela Lei no 7.369/85.
Sendo assim, existe uma legislação específica e exclusivamente voltada à periculosidade em eletrici-
dade (esse assunto não é tratado pela NR 10), cujo objetivo exclusivo é a prevenção de acidentes e não
a sua reparação ou compensação.

A NR-10 estabelece medidas de controle básicas, como, por exemplo, o item 10.2, em que todas
as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco
elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segu-
rança e a saúde no trabalho. Essas medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais inicia-
tivas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho.
As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas
dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos
e dispositivos de proteção.
Os esquemas unifilares (também chamados de diagramas unifilares) são desenhos técnicos que
representam de forma simplificada o sistema elétrico da empresa, desde a origem da instalação até os

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

257
Segurança Industrial
quadros de distribuição de circuitos. Nesses esquemas, estão identificadas as características elétricas
(tensão, corrente nominal, potência etc.) de transformadores, cabos, dispositivos de manobra e
proteção de circuitos. Trata-se de um documento técnico especializado e, portanto, deve ser elabo-
rado por um profissional habilitado, assim considerando aquele que atende ao estabelecido no item
10.8 desta NR, isto é, um técnico de nível médio ou engenheiro eletricista.

Outra medida é prevista no item 10.2.4, onde os estabelecimentos devem constituir e manter o
Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:

· Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, im-


plantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;
· Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféri-
cas e aterramentos elétricos;
· Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis
conforme determina esta NR;
·Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos traba-
lhadores e dos treinamentos realizados;
· Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual
e coletiva;
· Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;
· Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequa-
ções, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

As empresas devem acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados:

· Descrição dos procedimentos para emergências;


· Certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

NOTA: As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de


Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item
10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5 da NR 10.

Prioritariamente devem ser observadas as medidas de proteção coletiva que compreendem a


desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão
de segurança. Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem
ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos,
barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamen-
to automático.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

258
Segurança Industrial
O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabe-
lecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais
vigentes. A execução do aterramento deve considerar as prescrições específicas das normas técnicas
da ABNT NBR 5410 (baixa tensão) e NBR 14039 (média tensão). Em ambos os casos, devem ser obser-
vadas também as prescrições da NBR 5419, que estabelece os critérios para os sistemas de proteção
contra descargas atmosféricas, incluindo o detalhamento da malha de aterramento.
Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnica-
mente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de pro-
teção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na
NR 6.
As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condu-
tibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. É vedado o uso de adornos pessoais nos
trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.
Entre os equipamentos previstos para proteção contra os efeitos da eletricidade, estão: o capa-
cete classe B, óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta A (UVA) e Raios Ultravioleta
B (UVB), as luvas e mangas isolantes de borracha, os calçados de segurança com solado de borracha
isolante e a vestimenta condutiva de segurança (para trabalhos em linha viva) e vestimenta resistente
ao arco elétrico.
Outros equipamentos podem ser aplicáveis, dependendo do tipo de atividade a ser desenvolvi-
da, como é o caso de cintos de segurança, luvas de cobertura (a serem usadas sobre a luva de borra-
cha), respiradores (máscaras) para trabalhos em espaços confinados etc. Os calçados de segurança in-
dicados para uso em serviços com eletricidade têm essa característica registrada no Certificado de
Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Caso seja necessário conciliar
proteção mecânica (contra quedas de objetos sobre os dedos do pé) e proteção elétrica, é importante
escolher opções específicas.
Existem calçados que atendem a essas duas características, isto é, possuem biqueiras de aço e
mesmo assim são resistentes à passagem de corrente elétrica. Entretanto, ainda são poucas as opções
no mercado para essa dupla proteção. Assim sendo, recomenda-se verificar com atenção o que está
descrito no CA. Em caso de dúvida, o fabricante (ou até mesmo o laboratório credenciado e responsá-
vel pelos ensaios) deve ser consultado.
Os profissionais considerados qualificados para fins de aplicação da NR 10 são aqueles que te-
nham realizado um curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino, o que
pode ocorrer, segundo a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
em três níveis: cursos de formação inicial (eletricistas, por exemplo), de nível médio (eletrotécnicos
ou eletromecânicos) e superior (engenheiros eletricistas). Os treinamentos na empresa, previstos no
texto anterior da norma, não bastam para qualificar o trabalhador, é necessária a apresentação de um
diploma ou certificado de qualificação profissional.
A exigência de qualificação de pessoas para trabalhar em serviços de eletricidade encon-
tra-se amparada na própria CLT, em seu artigo 180 (Decreto - Lei no 5.452 de 01/05/1943): “Somente
profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas”. Neste
sentido (item 10.8.1), a qualificação deve ocorrer através de cursos regulares, reconhecidos e autori-
zados pelo Ministério da Educação e Cultura, com currículo aprovado e mediante comprovação
de aproveitamento em exames de avaliação, estabelecidos no Sistema Oficial de Ensino (portadores
de certificados ou diplomas).

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259
Segurança Industrial
Essa qualificação acontece em três níveis, com responsabilidades e atribuições distintas a serem
observadas pelas empresas.

· Através de cursos de preparação de mão-de-obra, ministrados por centros de treinamentos


reconhecidos pelo sistema oficial de ensino, que requerem pessoas com escolaridade mínima de en-
sino fundamental (formal ou supletiva), além de qualificação profissional de 100 a 150 horas. São
exemplos destas ocupações, eletricistas de instalação e manutenção de linhas elétricas, telefônicas e
de comunicação de dados, instaladores de linhas elétricas de alta-tensão e baixa tensão, eletricistas
de redes elétricas, eletricistas de iluminação pública, instalador de linhas subterrâneas, entre outras
(ver Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) 7321). O desempenho completo do exercício profis-
sional é atingido após três ou quatro anos, sob orientação e acompanhamento permanente
de supervisores, técnicos, tecnólogos e engenheiros. Além destes profissionais, temos os eletricistas
de instalações (comerciais, residenciais, prediais, industriais, de minas, de antenas de televisão, de
instalação de semáforos e de planejamento), com cursos de qualificação entre 200 e 400 horas, que
requerem pessoas com escolaridade mínima de ensino médio do primeiro grau - formal ou supletivo
(ver CBO 7156).

· Através de cursos técnicos ou técnicos profissionalizantes, que requerem pessoas com esco-
laridade mínima de ensino médio completo e qualificação profissional específica em torno de 1.200
horas. São exemplos os técnicos, em eletricidade, eletrotécnica, eletrônica, eletromecânica, mecatrô-
nica, telecomunicações, projetistas técnicos, encarregados de manutenção e montagem, supervisores
de montagem e manutenção de máquinas (ver CBO 3131 e 3303).

· Através de cursos superiores plenos ou não. São exemplos os tecnólogos de nível superior, os
engenheiros operacionais e engenheiros plenos nas modalidades de eletricistas, eletrotécnicos, ele-
tro-eletrônicos, mecatrônicos e de telecomunicações (ver CBOs 2021, 2032 e 2143).
Entre os três níveis mencionados, a norma prevê uma distinção, chamando de habilitados aque-
les previamente qualificados e que tenham registro em um conselho de classe. É o caso dos técnicos
e engenheiros. Para os habilitados, há competências exclusivas, como, por exemplo, a assinatura
dos documentos técnicos previstos na norma, projetos e procedimentos.
Para que os profissionais qualificados sejam considerados legalmente habilitados (item 10.8.2),
é necessário preencher as formalidades de registro nos respectivos conselhos regionais de fiscalização
do exercício profissional. Estes conselhos profissionais é que estabelecem as atribuições e responsa-
bilidades de cada qualificação em função dos cursos, cargas horárias e matérias ministradas. São os
conselhos regionais que habilitam os profissionais com nível médio e superior (técnicos, tecnólogos e
engenheiros). A regularidade do registro junto ao conselho competente é que resulta na habilitação
profissional.
Trabalhadores capacitados (item 10.8.3) aqueles que, embora não tenham frequentado cursos
regulares ou reconhecidos pelo Sistema Oficial de Ensino, se tornaram aptos ao exercício de atividades
específicas mediante a aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de habilidades e experiências
práticas, realizados sob a orientação e responsabilidade de um profissional habilitado e autoriza-
do (item 10.8.3.a).

Além dos trabalhadores qualificados, está prevista pela NR 10 a atuação de trabalhadores


capacitados, isto é, aqueles que, embora não possuam uma qualificação formal, possam atuar em
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

260
Segurança Industrial
situações específicas, para as quais tenham sido formalmente treinados e sob a responsabilidade de
um profissional habilitado. Seria o caso dos ajudantes e auxiliares que não dispõem de autonomia de
atuação. Mesmo assim, esta capacitação só é válida para a empresa que o capacitou (10.8.3.1). O pro-
cesso de capacitação só tem validade na empresa em que o mesmo ocorreu (item 10.8.3.1). Para que
o empregado capacitado seja aproveitado na mesma função em outra empresa, este deverá ter seus
conhecimentos e experiências reavaliadas e ratificadas por um profissional habilitado e autorizado da
nova empresa.
O profissional autorizado (item 10.8.4) é aquele formalmente autorizado pela empresa median-
te um processo administrativo, para operar suas instalações elétricas. Este processo abrange todo
o conjunto de trabalhadores capacitados, qualificados e habilitados envolvidos nestas atividades. A
obrigatoriedade da empresa em autorizar seus empregados implica em responsabilidade para com
este ato. Portanto, é de fundamental importância que as mesmas adotem critérios bem claros para
assumir tais responsabilidades.
Para fins de aplicação do item 10.8.5, a autorização não é um ato genérico que permite a todos
os autorizados ampla intervenção nos sistemas elétricos. Ela deve ser segmentada em níveis de co-
nhecimento e funções das profissões envolvidas, de modo que a empresa possa identificar, docu-
mentar e registrar as atribuições de cada trabalhador por um sistema de gerenciamento.
Comprovada a qualificação ou capacitação, todos deverão realizar um curso básico de segu-
rança em instalações e serviços em eletricidade, com carga horária de 40 horas e ementa que inclui,
além dos riscos inerentes à eletricidade, noções de prevenção e de combate a incêndio e primeiros
socorros. Aqueles que atuam em sistemas elétricos de potência, depois de aprovados no curso básico,
deverão passar por um curso complementar, também com 40 horas, porém dirigido aos riscos especí-
ficos da área ou setor onde irão atuar.

Cursos:
O curso básico de 40 horas prevê um currículo mínimo com os assuntos de natureza multipro-
fissional (efeitos fisiológicos da eletricidade sobre o organismo humano, medidas de proteção dispo-
níveis, análise e antecipação de riscos, metodologias seguras, normas técnicas, noções de respon-
sabilidade civil, penal, técnica e trabalhista) que deverão ser abordados de maneira a preparar os
trabalhadores em geral para as atividades envolvendo o risco elétrico.
O segundo módulo (complementar, também de 40 horas), de currículo mais abrangente, per-
mite que alguns assuntos sejam focados para atividades de natureza específica do Sistema Elétrico de
Potência (SEP) e tem como pré-requisito o primeiro. Destina-se aos trabalhadores envolvidos nestas
atividades, bem como aqueles que atuam nas suas proximidades.
O trabalho em proximidade é aquele durante o qual o trabalhador possa entrar na zona contro-
lada, ainda que seja com uma das partes de seu corpo, ou com extensões condutoras, representadas
por ferramentas, equipamentos ou materiais que manipule.
O item 10.8.8.2 estabelece uma periodicidade máxima (a cada dois anos), independentemente
dos casos citados abaixo, para que as empresas promovam a reciclagem de seus empregados. No en-
tanto, ele não define especificamente conteúdo programático, carga horária ou recursos a serem
utilizados. Estes cursos devem obedecer, porém, à mesma temática servindo para nivelar, aprofun-
dar e atualizar conhecimentos de modo a maximizar os efeitos na prevenção de acidentes elétricos.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

261
Segurança Industrial
A reciclagem pode ocorrer a qualquer tempo anterior a dois anos sempre que ocorrer os seguin-
tes casos:

· Troca de função ou mudança de empresa: a troca de função ou mudança de empresa pres-


supõe alterações de atribuições ou de ambientes e condições de trabalho que implicam
em alterações de riscos do trabalho e consequentemente em treinamento de adequação
(reciclagem);
· Afastamento ou inatividade: o afastamento por período igual ou superior a três meses de
trabalho é entendido como suficiente para que o trabalhador receba um novo treinamento
de reciclagem, de forma a fazer aflorar os conhecimentos e práticas preventivas de suas
atividades;
· Modificações significativas nas instalações: todas as alterações significativas oriundas de
trocas, reformas ou instalações de novos equipamentos ou máquinas, bem como de mé-
todos e processos que impliquem em mudanças ou alterações na organização do trabalho,
deverão fazer parte dos treinamentos, de maneira a manter atualizados os conhecimentos
e as competências nos novos cenários de trabalho.

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para empregados do setor de energia elétrica, em condições de periculosidade, e dá outras pro-
vidências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 out. 1986.

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de energia elétrica, em condições de periculosidade. Diário Oficial [da] República Federativa do
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BRASIL. Lei nº 11.337, de 26 de julho de 2006. Determina a obrigatoriedade de as edificações possu-


írem sistema de aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização de condutor-
-terra de proteção, bem como torna obrigatória a existência de condutor-terra de proteção nos
aparelhos elétricos que especifica.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 jul. 2006. Disponível em:
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de, a partir da vigência desta resolução, a concessão de autorização para utilização de material
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1989. Disponível em: <http://www.ipef.br/legislacao/bdlegislacao/arquivos/4137.rtf>.
Acesso em: 10 set. 2007.

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Segurança Industrial
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de 03 de abril de 2006. Aprova o Regulamento de Avaliação da Conformidade de Equipamentos
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Acesso em: 10 set. 2007.

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tions in chemical process areas. Quincy, Massachusetts, 2004.

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Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

266
Segurança Industrial

2- NR 26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

A NR 26, cujo título é Sinalização de Segurança, estabelece a padronização das cores a serem
utilizadas como sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, visando à prevenção da saúde e
da integridade física dos trabalhadores.

2.1 ALGUNS DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

· ABNT NBR 5311


- Código em cores para resistores fixos.

· ABNT NBR 6493


- Emprego das cores para identificação de tubulações.

· ABNT NBR 6503


- Cores.

· ABNT NBR 7195


- Cores para segurança.

· ABNT NBR 7485


- Emprego de cores para identificação de tubulações em usinas e refinarias de açúcar e destila
rias de álcool.

· ABNT NBR 7500


- Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de pro
dutos.

· ABNT NBR 7998


- Perfis de aço - Identificação das especificações de aços por cor.

· ABNT NBR 8421


- Identificação por cores das tubulações em embarcações.

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Segurança Industrial
· ABNT NBR 9072
- Emprego de cores para sinalização de segurança em instalação fixa e em veículo ferroviário.

· ABNT NBR 12176


- Cilindros para gases - Identificação do conteúdo.

· ABNT NBR 12964


- Tecnologia de informação – Técnicas criptográficas de dados - Modos de operação de um algo
ritmo de cifração de blocos padrão.

· ABNT NBR 13193


- Emprego de cores para identificação de tubulações de gases industriais.

· ABNT NBR 13434 - 2


- Sinalização de segurança contra incêndio e pânico - Parte 2 - Símbolos e suas formas, dimen-
sões e cores.

· ABNT NBR 14725


- Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).

· Capítulo V do Título II da CLT


- Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho.

· Convenção OIT 170


- Produtos Químicos.

· Decreto 2.657, de 03/07/98


- Promulga a Convenção no 170 da OIT, relativa à segurança na utilização de produtos químicos
no trabalho.

· Decreto 96.044, de 18/05/88


- Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos.

· NFPA 704
- Standard for the identification of the fire hazards of materials for emergency response.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

268
Segurança Industrial
A NR 26 tem por objetivo fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para pre-
venção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando
as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases, e advertindo contra
riscos. O objetivo fim é promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.

O uso de cores permite uma reação automática do observador, evitando que a pessoa tenha que
se deter diante do sinal, ler, analisar e, só então, atuar de acordo com sua finalidade. Entretanto, na
comunicação básica de segurança e saúde ocupacional requer a necessidade de utilização de diversas
formas de comunicação para que as pessoas entendam a mensagem que se quer passar. Para ques-
tões de segurança e saúde ocupacional, destacam-se três formas de comunicação: escrita, números e
cores.

A indicação em cor, sempre que necessária, especialmente quando em área de trânsito para
pessoas estranhas ao trabalho, será acompanhada dos sinais convencionais ou da identificação por
palavras.

As cores servem para identificar e chamar a atenção para diversos aspectos relacionados à se-
gurança. Como referência documental, deve ser consultada a Resolução ANTT no 420/04 e a NBR
7500 (Símbolo de Risco para Manuseio e 12 Transporte de Materiais) que utiliza as cores para
diferenciar os rótulos de riscos referentes às classes de produtos perigosos, além de identificar o
painel de segurança.

A NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração (item 22.19.10) trouxe grande contri-


buição ao tornar obrigatório o uso da NBR 6493 - Emprego das Cores para Identificação de Tubulações,
para o reconhecimento das tubulações industriais. Ficou estabelecido também que as tubulações
devem ser identificadas a cada 100 (cem) metros, informando a natureza do seu conteúdo, direção
do fluxo e pressão de trabalho.

As cores também são utilizadas para identificar o potencial de risco das substâncias químicas
através do Diamante de Hommel, segundo a NFPA 704 - Standard for the identification of the fire ha-
zards of materials for emergency response. Uma simbologia bastante aplicada em vários países, no
entanto sem obrigatoriedade, o método do Diamante de Hommel, diferentemente das placas de
identificação, não informa qual é a substância química, mas indica todos os riscos envolvendo o pro-
duto químico em questão. O Diamante de Hommel quantifica e qualifica em uma mesma identificação
as propriedades do produto químico com relação à saúde, inflamabilidade e reatividade. O quadro
possui quatro cores básicas (azul, vermelha, amarela e branca) sendo preenchido por números de 0 a
4 para determinar a gradação do risco. As cores indicam:

· Vermelha: inflamabilidade;
· Azul: riscos à saúde;
· Amarela: reatividade;
· Branca: riscos especiais.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

269
Segurança Industrial
VERMELHA (INFLAMABILIDADE) - Riscos:
· 4 - Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos;
· 3 - Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente;
· 2 - Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente;
· 1 - Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição;
· 0 - Produtos que não queimam.

AZUL (RISCOS À SAÚDE) - Riscos:


· 4 - Produto letal;
· 3 - Produto severamente perigoso;
· 2 - Produto moderadamente perigoso;
· 1 - Produto levemente perigoso;
· 0 - Produto não-perigoso ou de risco mínimo.

AMARELA (REATIVIDADE) - Riscos:


· 4 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão a temperatura ambiente;
· 3 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão quando exposto a fonte de energia
severa;
· 2 - Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas;
· 1 - Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido;
· 0 - Normalmente estável.

BRANCA (RISCOS ESPECIAIS) - Riscos:


· OXY Oxidante forte
· ACID Ácido forte
· ALK Alcalino forte
· Evite o uso de água -
· Radioativo

Uma observação muito importante a ser colocada quanto à utilização do Diamante de Hom-
mel é que o mesmo não indica qual é a substância química em questão, mas apenas os riscos envolvi-
dos; ou seja, quando considerado apenas o Diamante de Hommel sem outras formas de identificação
este método de classificação não é completo.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou diversas normas técnicas sobre a
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

270
Segurança Industrial
padronização das cores no ambiente de trabalho. Algumas delas estão listadas nos documentos com-
plementares desta NR. Sugerimos sempre a consulta à ABNT antes de adquirir uma norma técnica no
endereço eletrônico (http://www.abnt.org.br), pois estes tipos de documentos são dinâmicos, podem
ser alterados e até mesmo cancelados.
Além de ser um elemento imprescindível na composição de um ambiente, a cor é, também,
um auxiliar valioso para a obtenção de uma boa sinalização, seja delimitando áreas, fornecendo
indicações ou advertindo condições inseguras. A sinalização cromática encontra largo emprego nos
diferentes locais de trabalho.
O uso da cor, na sinalização, permite uma reação automática do observador, evitando que a pes-
soa tenha que se deter diante do sinal, ler, analisar e, só então, atuar de acordo com sua finalidade. Em
função desta necessidade, através dessa NR, padronizou-se a aplicação das cores, de modo que seu
significado fosse sempre o mesmo, na área de segurança do trabalho, permitindo, assim, uma
identificação imediata do risco existente.
A rotulagem preventiva, de que trata a NR 26, visa orientar os trabalhadores sobre os riscos dos
produtos manuseados. Muitas vezes, devido ao tamanho das embalagens, a rotulagem preventiva
fica comprometida, impedindo que todas as informações importantes sejam disponibilizadas para o
trabalhador nas empresas e, até mesmo, para o consumidor.
É preciso esclarecer uma questão de terminologia entre Rotulagem
Preventiva, prevista na NR 26, e Rótulo de Risco, citado na Resolução ANTT no 420/04 e Norma
ABNT NBR 7500. A Rotulagem Preventiva inclui uma série de informações no item 26.6.5, enquanto o
Rótulo de Risco trata apenas dos losangos coloridos, informando sobre características das nove clas-
ses de risco.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

271
Segurança Industrial
NBR 7195 – CORES PARA SEGURANÇA DO TRABALHO

328 Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3
“Fundação de Educação para
272 de Minas Gerais”
o Trabalho
Segurança Industrial

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_______NBR 7998: perfis de aço: identificação das especificações de aços por cor. Rio de Janeiro,
1983. 2 p.
_______NBR 8421: identificação por cores das tubulações em embarcações. Rio de Janeiro, 1993. 3 p.

_______NBR 8663: ascaréis para aplicações elétricas: ensaios. Rio de Janeiro, 1984. 24 p.

_______NBR 9072: emprego de cores para sinalização de segurança em instalação fixa e em veículo
ferroviário. Rio de Janeiro, 1985. 7 p. 18.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

273
Segurança Industrial
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12176: cilindros para gases: identificação
do conteúdo. Rio de Janeiro, 1999. 9 p.

_______NBR 12964: tecnologia de informação: técnicas criptográficas de dados: modos de operação


de um algoritmo de cifração de blocos padrão. Rio de Janeiro, 1993. 11 p.

_______ NBR 13193: emprego de cores para identificação de tubulações de gases industriais. Rio de
Janeiro, 1994. 5 p.

_______NBR 13434-2: sinalização de segurança contra incêndio e pânico: parte 2: símbolos e suas
formas, dimensões e cores. Rio de Janeiro, 2004. 19 p.

_______NBR 14725: Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos: FISPQ. Rio de Janeiro,
2001. 14 p.

BRASIL. Decreto nº 2.657, de 03 de julho de 1998. Promulga a Convenção nº 170 da OIT, relativa à Se-
gurança na Utilização de Produtos Químicos no Trabalho, assinada em Genebra, em 25 de junho
de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jul. 1998. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2657.htm>.
Acesso em: 20 set. 2007.
_______Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento para o Transporte Rodo-
viário de Produtos Perigosos e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 19 maio 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/Antigos/D96044.htm>.
Acesso em: 17 set. 2007.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. 2007. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso


em: 17 set. 2007.

_______NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração (122.000-4). Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_22.pdf >. Acesso em: 10 set.
2007.

_______ NR 26 - Sinalização de Segurança (126.000-6). Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_26.pdf>. Acesso em: 21 set. 2007.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho (2ª. Região). CLT Dinâmica: Consolidação das Leis do Trabalho.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

274
Segurança Industrial
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Desenvolvimento e atualização realizados pelo Ser-
viço de Jurisprudência e Divulgação do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Disponível em:
<http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/legis/CLT/INDICE.html>.
Acesso em: 10 set. 2007.

CONFERÊNCIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 77. 6 jun. 1990, Genebra.


Convenção 170: produtos químicos. Genebra: OIT, 1990. Disponível em:
<http://www.mte.gov.br/legislacao/convencoes/cv_170.asp>.
Acesso em: 26 set. 2007.
NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. NFPA 704: standard for the identification of the fire ha-
zards of materials for emergency response. Quincy, Massachusetts, 2007.

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - SESI. Legislação comentada: NR-26 Sinalização de Segurança. Depar-
tamento Regional da Bahia, Salvador, 2008. 28p

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

275
Segurança Industrial

3 - NR 34 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO


NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL

Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer os requisitos mínimos e as


medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria
de construção e reparação naval.
Consideram-se atividades da indústria da construção e reparação naval todas aquelas desenvol-
vidas no âmbito das instalações empregadas para este fim ou nas próprias embarcações e estruturas,
tais como navios, barcos, lanchas, plataformas fixas ou flutuantes, dentre outros.

RESPONSABILIDADES

Cabe ao empregador
I. indicar formalmente um responsável pela implementação desta Norma.
II. garantir a efetiva implementação das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma.
III. adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de pro-
teção estabelecidas nesta Norma, pelas empresas contratadas.
IV. garantir que qualquer trabalho só inicie depois de adotadas as medidas de proteção defini-
das nesta Norma.
V. assegurar a interrupção imediata de todo e qualquer trabalho em caso de mudança nas
condições ambientais que o torne potencialmente perigoso à integridade física e psíquica
dos trabalhadores.
VI. assegurar a realização da Análise Preliminar de Risco - APR e quando aplicável a emissão da
Permissão de Trabalho - PT.
VII. realizar, antes do início das atividades operacionais, Diálogo Diário de Segurança - DDS,
contemplando as atividades que serão desenvolvidas, o processo de trabalho, os riscos e
as medidas de proteção. O tema do DDS deve ser consignado num documento, rubricado
pelos participantes e arquivado, juntamente com a lista de presença.
VIII. garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os riscos e as medidas de contro-
le.

Cabe aos trabalhadores


I. colaborar com o empregador na implementação das disposições contidas nesta Norma.
II. interromper imediatamente o trabalho, informando ao superior hierárquico, qualquer mu-
dança nas condições ambientais, que o torne potencialmente perigoso à integridade física

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

276
Segurança Industrial
e psíquica dos trabalhadores.

Capacitação e Treinamento
É considerado trabalhador qualificado, aquele que comprovar conclusão de curso específico
para a sua atividade em instituição reconhecida pelo sistema oficial de ensino.

É considerado profissional legalmente habilitado, o trabalhador previamente qualificado e com


registro no competente conselho de classe.

É considerado trabalhador capacitado, aquele que receba capacitação sob orientação e respon-
sabilidade de profissional legalmente habilitado.

O empregador deve desenvolver e implantar programa de capacitação sempre que ocorrer


qualquer das seguintes situações:

I. mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;


II. algum evento que indique a necessidade de novo treinamento.

A capacitação deve ser realizada durante o expediente normal de trabalho.



Ao término da capacitação, deve ser emitido certificado contendo o nome do trabalhador, con-
teúdo programático, carga horária, data e local de realização do treinamento, com as assinaturas dos
instrutores e do responsável técnico.

O certificado deve ser entregue ao trabalhador, sendo que, uma cópia deve ser arquivada na
empresa.

A capacitação será consignada no registro do empregado.

O trabalhador deve receber cópia do material didático utilizado na capacitação.

O empregador deve desenvolver e implantar programa de capacitação, compreendendo treina-


mento admissional, periódico e sempre que ocorrer qualquer das seguintes situações:

a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;


b) evento que indique a necessidade de novo treinamento;
c) acidente grave ou fatal.

O treinamento admissional deve ter carga horária mínima de seis horas, constando de informa-
ções sobre:

a) os riscos inerentes à atividade;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

277
Segurança Industrial
b) as condições e meio ambiente de trabalho;
c) os Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC existentes no estabelecimento;
d) o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI.

MEDIDAS DE ORDEM GERAL

Inspeção Preliminar
Nos locais onde se realizam trabalhos a quente deve ser efetuada inspeção preliminar, de modo
a assegurar que:

a) o local de trabalho e áreas adjacentes estejam limpos, secos e isentos de agentes combustí-
veis, inflamáveis, tóxicos e contaminantes;
b) a área somente seja liberada após constatação da ausência de atividades incompatíveis com
o trabalho a quente;
c) o trabalho a quente seja executado por trabalhador capacitado, conforme item 4 do Anexo I.
(alterada pela Portaria MTE n.º 1.897, de 09 de dezembro de 2013)

Proteção contra Incêndio


Cabe aos empregadores tomar as seguintes medidas de proteção contra incêndio nos locais
onde se realizam trabalhos a quente:

a) providenciar a eliminação ou manter sob controle possíveis riscos de incêndios;


b) instalar proteção física adequada contra fogo, respingos, calor, fagulhas ou borras, de modo
a evitar o contato com materiais combustíveis ou inflamáveis, bem como interferir em ati-
vidades paralelas ou na circulação de pessoas;
c) manter desimpedido e próximo à área de trabalho sistema de combate a incêndio, especifica-
do conforme tipo e quantidade de inflamáveis e/ou combustíveis presentes;
d) inspecionar o local e as áreas adjacentes ao término do trabalho, a fim de evitar princípios
de incêndio.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E CARGA HORÁRIA MÍNIMA PARA O PROGRAMA DE


TREINAMENTO

1. Curso básico para observador de Trabalhos a Quente


Carga horária mínima de oito horas.
Conteúdo programático:

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

278
Segurança Industrial
a) Classes de fogo;
b) Métodos de extinção;
c) Tipos de equipamentos de combate a incêndio;
d) Sistemas de alarme e comunicação;
e) Rotas de fuga;
f) Equipamento de proteção individual e coletiva;
g) Práticas de prevenção e combate a incêndio.

2. Curso básico de segurança em operações de Movimentação de Cargas


Carga horária mínima de vinte horas.
Conteúdo programático:
a) Conceitos básicos;
b) Considerações Gerais (amarrações, acessórios de içamento, cabos de aço etc.);
c) Tabela de capacidade de cargas e ângulos de içamento;
d) Operação (cargas perigosas, peças de pequeno porte, tubos, perfis, chapas e eixos etc.);
e) Sinais e comunicação durante a movimentação de cargas;
f) Segurança na movimentação de cargas;
g) Exercício prático;
h) Avaliação Final.

3. Curso complementar para operadores de Equipamento de Guindar


Carga horária mínima de vinte horas.
Conteúdo programático:
a) Acidente do Trabalho e sua prevenção;
b) Equipamentos de proteção coletiva e individual;
c) Dispositivos aplicáveis das Normas Regulamentadoras (NR-6, NR-10, NR-11 e NR-17);
d) Equipamento de Guindar (tipos de equipamento, inspeções dos equipamentos e acessórios);
e) Situações especiais de risco (movimentação de cargas nas proximidades de rede elétrica
energizada, condições climáticas adversas dentre outras);
f) Ergonomia do posto de trabalho;
g) Exercício prático;
h) Avaliação Final.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

279
Segurança Industrial
4. Curso Básico de Segurança para Trabalhos a Quente
(inserido pela Portaria MTE n.º 1.897, de 09 de dezembro de 2013)
Carga horária mínima: 08 (oito) horas

4.1 Módulo Geral: aplicável a todas as especialidades de trabalho a quente:


Carga horária mínima: 04 (quatro) horas;
Conteúdo programático:
a) Estudo da NR-34, Item 34.5;
b) Identificação de Perigos e Análise de Riscos
• Conceitos de Perigos e Riscos;
• Técnicas de Identificação de Perigos e Análise de Riscos;
• APP e APR - Análise Preliminar de Perigos e Análise Preliminar de Riscos.
c) Permissão para Trabalho – PT
d) Limite inferior e superior de explosividade;
e) Medidas de Controle no Local de Trabalho
• Inspeção Preliminar
• Controle de materiais combustíveis e inflamáveis
• Proteção Física
• Atividades no entorno
• Sinalização e Isolamento do Local de Trabalho;
• Inspeção Posterior para controle de fontes de ignição
f) Renovação de Ar no Local de Trabalho (Ventilação/Exaustão);
g) Rede de Gases (Válvulas e Engates);
h) Ergonomia;
i) Doenças ocupacionais;
j) FISPQ.

4.2 Módulo Específico: aplicável às diferentes modalidades de trabalho a quente:


Carga horária mínima: 04 (quatro) horas para cada uma das modalidades
Conteúdo programático:
4.2.1 Atividade com Solda - Riscos e Formas de Prevenção:
• Riscos da Solda Elétrica;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

280
Segurança Industrial
• Radiações Não Ionizantes;
• Gases e Fumos Metálicos;
• Máquinas de Solda;
• Cabos de Solda;
• Eletrodos;
• Circuito de Corrente de Solda;
• Riscos nas Soldas com Eletrodos Especiais;
• Riscos nas Soldas com Processos Especiais (Arco Submerso , Mig,
Mag, Tig)
• Riscos na Operação de Goivagem;
• EPI e EPC.
• Proteção Elétrica - Quadros, Disjuntores e Cabos de Alimentação

4.2.2 Atividade com maçarico - Riscos e Forma de Prevenção:


• Riscos no Corte e Solda a Gás;
• Cilindros de Gases;
• Sistemas de Alimentação de Gases;
• Características dos Gases Utilizados (Acetileno, Oxigênio, GLP);
• Mangueiras de Gases;
• Maçaricos.
• EPI e EPC.

4.2.3 Atividades com Máquinas Portáteis rotativas - Riscos e Forma de Prevenção:


• Equipamentos de Corte e Desbaste;
• Acessórios: Coifas, Disco de Corte, Disco de Desbaste, Escova, Retífica, Lixa e Outros;
• Sistema de Segurança;
• Proteção Física contra Faíscas;
• Proteção Elétrica - Quadros, Disjuntores e Cabos de Alimentação;
• EPI e EPC.

4.2.4 Outras atividades a quente - Riscos e Forma de Prevenção:


• Conteúdo definido de acordo com a atividade, identificados na APR.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

281
Segurança Industrial
5. Curso Básico de Segurança em Teste de Estanqueidade (inserido pela Portaria MTE n.º 1.897, de
09 de dezembro de 2013)
Carga horária mínima: 24 (vinte e quatro) horas.

5.1 Módulo Teórico


Carga horária mínima: 08 (oito) horas.
Conteúdo programático:
a) Estudo da NR-34, item 34.14;
b) Princípios básicos, finalidade e campo de aplicação dos Testes de Estanqueidade;
c) Grandezas físicas;
d) Normas Técnicas e Procedimentos de teste de estanqueidade;
e) Sistema de testes;
f) Características especiais dos sistemas a serem testados;
g) Identificação de Perigos e Análise de Riscos
• Conceitos de Perigos e Riscos;
• Técnicas de Identificação de Perigos e Análise de Riscos;
• APR - Análise Preliminar de Riscos.
h) Permissão de Trabalho - PT;
i) Sistemas de Proteção (coletiva e individual);
j) Determinação do isolamento.

5.2 Módulo Prático


Carga horária mínima: 16 (dezesseis) horas.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

282
Segurança Industrial

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 2007. Disponível em: <http://


www.abntnet.com.br>. Acesso em: 12 set. 2007.

BRASIL. Decreto nº 2.657, de 03 de julho de 1998. Promulga a Convenção nº 170 da OIT, relativa à
Segurança na Utilização de Produtos Químicos no Trabalho, assinada em Genebra, em 25 de junho de
1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jul. 1998. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2657.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Gabinete do Ministro. Portaria nº 200, de 20 de janeiro de


2011. Norma Regulamentadora nº 34 que trata - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria
da construção e Reparação naval, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 1978.

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

283
Curso Técnico em

Segurança do Trabalho
Etapa 3

ERGONOMIA
Ergonomia

SUMÁRIO

NR 17 - Ergonomia ..................................................................................................... 287


Alguns documentos complementares ........................................................................287
Transporte Manual de Carga ......................................................................................288
Processamento Eletrônico de Dados ......................................................................... 288
Solicitação intelectual ................................................................................................ 289
Iluminação ..................................................................................................................289
Sobrecarga Muscular ..................................................................................................289
Checkout ....................................................................................................................289
Telemarketing .............................................................................................................289
Legislação trabalhista de proteção à saúde do trabalhador de Tele atendimento .... 291
Referências .................................................................................................................293

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

286
Ergonomia

1 - NR 17 – ERGONOMIA

A Norma Regulamentadora 17, cujo título é Ergonomia, visa estabelecer parâmetros que per-
mitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. A NR 17 tem a sua
existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 198 e 199 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).

1.1 ALGUNS DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

· ABNT NBR 5413


- Iluminância de interiores.
· Capítulo V do Título II da CLT
- Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho.
· CLT Título III Normas Especiais do Trabalho.
Capítulo I – Disposições especiais sobre duração e condições de trabalho e
Capítulo III – Da Proteção do Trabalho da Mulher.
· Convenção OIT 127
- Peso máximo das cargas que podem ser transportadas por um só trabalhador.
· Instrução Normativa INSS/DC no 98, de 05 de dezembro de 2003
- Aprova Norma Técnica sobre Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomole
culares Relacionados ao Trabalho (DORT) em substituição da Ordem de Serviço INSS/DSS nº
606/98
· Nota Técnica MTE/SIT/DSST no 060, de 03/09/01 - Ergonomia - indicação de postura a ser ado-
tada na concepção de postos de trabalho.
· Portaria MPAS no 4.062, de 06/08/87
- Reconhece a Tenossinovite como doença do trabalho.

Ergonomia é a disciplina científica que diz respeito ao entendimento das interações entre os
homens e os outros elementos de um sistema e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e
métodos para projetar de modo a otimizar o bem-estar dos homens e a eficiência total do sistema.

A avaliação ergonômica dos postos e métodos de trabalho é um dos documentos.


Obrigatórios que podem ser exigidos pelos Auditores Fiscais do Trabalho. A análise ergonômica
do trabalho, também conhecida pela sigla AET, deve conter as seguintes etapas:

· Análise da demanda e do contexto;

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

287
Ergonomia
· Análise global da empresa no seu contexto das condições técnicas, econômicas e sociais;
· Análise da população de trabalho;
· Definição das situações de trabalho a serem estudadas;
· Descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades;
· Análise das atividades - elemento central do estudo;
· Diagnóstico;
· Validação do diagnóstico;
· Recomendações;
· Simulação do trabalho com as modificações propostas;
· Avaliação do trabalho na nova situação.

Transporte Manual de Carga


Segundo o item 17.2.1.1 da NR 17, transporte manual de cargas designa todo transporte no qual
o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e
a deposição da carga. De acordo com o item 17.2.1.2 da NR 17, transporte manual regular de cargas
designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o
transporte manual de cargas.

Segundo o item 17.2.5 da NR 17, quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados
para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior
àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou sua segurança.

Processamento Eletrônico de Dados


De acordo com o item 17.4.3, os seguintes cuidados devem ser tomados:

· Condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à ilumina-


ção do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibili-
dade ao trabalhador;
· O teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de
acordo com as tarefas a serem executadas;
· A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distân-
cias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais.

Conforme o item 17.4.3.1 da NR 17, quando os equipamentos de processamento eletrônico de


dados com terminais de vídeo forem utilizados eventualmente, poderão ser dispensadas as exigências
previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a
análise ergonômica do trabalho.
Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

288
Ergonomia
Solicitação intelectual

De uma forma geral, as condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às caracte-
rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Segundo o item
17.5.2 da NR 17, nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelec-
tual e atenção constante, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvi-
mento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto:

· Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na norma ABNT NBR 10152;


· Índice de temperatura efetiva entre 20 e 23ºC;
· Umidade relativa ao ar não inferior a 40%%.

Iluminação
De acordo com o item 17.5.3.3, os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos lo-
cais de trabalho são os valores de iluminância estabelecidos na norma ABNT NBR pela NBR ISO 8995-1
em 2013.

Sobrecarga Muscular
Segundo o item 17.6.3, nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do
pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do traba-
lho, deve ser observado o seguinte:

· Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vanta-


gens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos tra-
balhadores.
· Devem ser incluídas pausas para descanso.
·Quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15
dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção
vigentes na época anterior ao afastamento.

Checkout
A NR 17 possui o Anexo 1 disponibilizado no endereço eletrônico (http://www.mte.gov.br/le-
gislacao/normas_regulamentadoras/nr_17_anexo1.pdf) com os requisitos técnicos e legais a serem
seguidos pelos empregadores.

Em relação ao mobiliário do checkout e às suas dimensões, incluindo distâncias e alturas, no


posto de trabalho deve-se obedecer a parâmetros mínimos que garantam o conforto e a segurança

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Etapa 3

289
Ergonomia
do trabalhador.
Quanto aos equipamentos e às ferramentas utilizadas pelos operadores de checkout para o
cumprimento de seu trabalho, deve-se priorizar aqueles que diminuam as sobrecargas de trabalho.
O ambiente físico de trabalho e ao conjunto do posto de trabalho deve manter condições dentro
dos parâmetros de salubridade e de conforto conforme NR/NBR e ISO correspondentes.

O trabalhador deve receber treinamento com noções sobre prevenção dos fatores de risco para
a saúde, decorrentes da modalidade de seu trabalho – checkout, levando em consideração os aspec-
tos relacionados a características de sua atividade.
A elaboração do conteúdo técnico e avaliação dos resultados do treinamento devem contar
com a participação de integrantes do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho e
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, quando houver, e do coordenador do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional e dos responsáveis pela elaboração e implementação do Pro-
grama de Prevenção de Riscos Ambientais.

Telemarketing
A NR 17 possui o Anexo 2 disponibilizado no endereço eletrônico (http://www.mte.gov.br/le-
gislacao/normas_regulamentadoras/nr_17_anexo2.pdf) com os requisitos técnicos e legais a serem
seguidos pelos empregadores.
O anexo II da NR-17 do Ministério do Trabalho versa sobre “Tele atendimento/Telemarketing”.
Conhecer o anexo II da NR-17 é o primeiro passo para compreender melhor os aspectos ergonômi-
cos do trabalho de tele atendimento/telemarketing que podem afetar a nossa saúde. Este anexo foi
elaborado por estudiosos do trabalho de tele atendimento que identificaram os principais fatores de
risco à saúde dos trabalhadores. É conhecendo os riscos que podemos nos prevenir.
A prevenção sempre vai incluir: atitudes que cada trabalhador tem individualmente no cuidado
com sua saúde; atitudes que o conjunto dos trabalhadores tem em defesa da saúde de sua categoria.
Ele aponta uma referência mínima e obrigatória para as empresas que mantêm serviços de
tele atendimento/telemarketing proporcionarem aos trabalhadores: conforto, segurança, saúde e de-
sempenho eficiente. Assim vai indicar como devem ser o mobiliário, os equipamentos dos postos de
trabalho, as condições ambientais de trabalho, a organização do trabalho, as condições sanitárias de
conforto, além de indicar aspectos sobre a capacitação dos trabalhadores e os programas de saúde
ocupacional e de prevenção de riscos ambientais.

 As mesas de trabalho devem ter 75 cm de profundidade e 90 cm de largura, se usadas sem


material de consulta e 90 cm de profundidade e
100 cm de largura, quando usadas com material de consulta.

 As cadeiras devem ser estofadas, ter bordas arredondadas, cinco pés de apoio com rodízios,
regulagens para a posição do encosto e altura do assento permitindo o correto apoio dos
pés no chão.
 Os conjuntos de microfone e fone de ouvido devem ser individuais e permitir o controle de

Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – Curso Técnico em Segurança do Trabalho– Etapa 3

290
Ergonomia
volume e a alternância entre orelhas. Cada posição de atendimento pode ter um único head
set. desde que as partes que permitam qualquer espécie de contágio ou risco à saúde sejam
de uso individual.
 Nos ambientes de trabalho deve existir local para lanche, ambiente adequado para descan-
so durante as pausas e armários individuais com chave.

A organização dos processos de trabalho diz respeito à maneira pela qual o trabalho da pessoa
é gerido, pensado, organizado e ordenado. No trabalho de tele atendimento seus aspectos mais rele-
vantes quanto à saúde são:

 Intervalos entre as jornadas de trabalho e mesmo dentro da jornada (as pausas). Esses
intervalos passam a ser minimamente regulamentados para garantir o descanso neste tra-
balho que é especialmente fatigante fora de sua posição de atendimento.
 A temperatura no ambiente pode variar entre 20°C e 23°C e como prevenção à “Síndrome
do Edifício Doente” é obrigatório o controle dos sistemas de climatização, conforme normas
do Ministério da Saúde e da ANVISA.
 Os sistemas de monitoramento não podem ser usados para aceleração do trabalho e, quan-
do existirem, devem apenas estar disponíveis para consulta dos operadores.
 Mecanismos de controle utilizados pelas empresas para acelerar a produtividade: foram
definidas duas pausas remuneradas de 10 min para descanso e a ampliação do tempo de
intervalo para alimentação e repouso de 15 para 20 minutos em jornadas de 6h. Para jorna-
da de 4h deve ser concedida uma pausa de 10 min contínuos.
 Os operadores podem sair de seus postos a qualquer momento para satisfazer suas neces-
sidades fisiológicas, sem repercussão sobre avaliações e remunerações.
 As empresas devem implementar diálogos que favoreçam micro pausas e evitem carga vo-
cal intensa para os atendentes.
 Estimular a ingestão de água potável, que deve ser fornecida gratuitamente.
 Os mobiliários devem ser adaptados para atender as necessidades de portadores de ne-
cessidades especiais, assim como o acesso às instalações, aos sanitários e a outros equipa-
mentos.

Legislação trabalhista de proteção à saúde do trabalhador de Tele atendimento

9- Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de revezamento quin-
zenal, que favoreça o repouso dominical.
10- Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exercer do limite
legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender a
realização ou conclusão de serviços inadiáveis, ou seja, cuja inexecução possa acarretar
prejuízo manifesto.

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Ergonomia
- 1º O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo
ou contrato coletivo e deverá ser comunicado, dentro dez dias, à autoridade competente
em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no momento da fiscalização sem
prejuízo dessa comunicação.
- 2º Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração da hora
excedente não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso previsto neste
artigo, a remuneração será, pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora
normal, e o trabalho não poderá exceder de doze horas, desde que a lei não fixe expressa-
mente outro limite.
- 3º Sempre que ocorrer interrupção do trabalho resultante de causas acidentais, ou força
maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá
ser prorrogada pelo tempo necessário até o máximo de suas horas, durante o número de
dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de dez horas
diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias, por ano, sujeita essa recupe-
ração à prévia autorização da autoridade competente.
11- Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de 15
(quinze) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho.

1- O disposto neste item será implementado em um prazo para adaptação gradual de, no
máximo, 05 (cinco) anos, sendo de 10% (dez por cento) no primeiro ano, 25% (vinte e cinco
por cento) no segundo ano, 45% (quarenta e cinco) no terceiro ano, 75% (setenta e cinco
por cento) no quarto ano e 100% (cem por cento) no quinto ano.
2- Estes itens da NR17 são genéricos em relação à ergonomia, nos itens abaixo estão mais
bem caracterizados para o trabalho de tele atendimento.
3- Este item da NR 17 regulamenta níveis de ruído, níveis de temperatura, velocidade e
umidade relativa do ar para todos os ambientes de trabalho, mas os específicos para tele
atendimento são os descritos neste anexo.
4- Art. 68. O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do Art. 67, será sempre subor-
dinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho. Parágrafo
único. A permissão será concedida a título permanente nas atividades que, por sua natu-
reza ou pela conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos, cabendo ao Ministro
do Trabalho expedir instruções em que sejam especificadas tais atividades. Nos demais ca-
sos, ela será dada sob forma transitória, com discriminação do período autorizado, o qual,
de cada vez, não excederá de 60 (sessenta) dias.
5- Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) ho-
ras consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do
serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte.

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Ergonomia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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