Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O idioma Yorubá pertence à família de línguas do Sudão, tendo sido escrito pela
primeira vez no século 19, por missionários cristãos e falado nas diferentes regiões da
atual Nigéria. Era um idioma estritamente oral, tendo sido utilizado os fonemas latinos
para dar uma forma escrita aos sons das palavras ouvidas. Chegou até nós no periodo da
escravatura, tendo se tornado a língua geral falada nas comunidades negras. Seu ultimo
refúgio foi nas comunidades de candomblé, nas modalidades Kétu, Èfòn, Ìjèsà e demais
que se utilizam de elementos culturais Nagôs. Tem sido mantida através de cântigos,
rezas e expressões diversas, estando aí um dos fortes motivos para a manutenção de
tradições seculares. O seu conhecimento deveria estar no mesmo nível de interesse do
conhecimento de atos religiosos, o que não vem ocorrendo. Por esse motivo é utilizado
mais pelo hábito de ouvir e repetir palavras, sem o conhecimento necessário de sua
articulação e aprendizado de suas regras básicas de conservação.
Como os demais idiomas, é um instrumento para a comunicação entre as pessoas numa
sociedade em que, tudo o que se faz têm o apoio de rezas, cântigos, e declamações neste
idioma. Dependendo do grau de instrução que se tenha ou do cuidado com que se fale,
pode-se usar a língua correta ou incorretamente. Quando usado corretamente,
consagram as normas do culto. Mas se usada incorretamente, dá origem aos “vícios de
linguagem” que, em longo prazo, desfiguram o idioma e, sem que se dêem conta,
acabam contribuindo para difundir os erros e até mesmo incorporá-los ao idioma. Para
confirmar, basta verificar como são diferentes a forma de expressar as palavras de
muitos cântigos, rezas e conversações simples, de terreiro para terreiro. Esta é uma das
razões da dificuldade encontarada na tradução para se saber o que se canta e o que se
reza.
A perda do som original de muitas palavras, e os vícios já creditados como corretos,
impedem a interpretação de certas palavras que ao serem traduzidas, não conferem com
o desejo do momento. Esta situação vem dando margem a que pessoas, no afã de
traduzir, substituam essas palavras por outras que mais lhe convém, provocando
mudança total no sentido daquilo que se deseja naquele momento. Em outros casos, a
tradução fica destituída de significados, passando a não ter nenhuma relação com o ato
que está sendo feito naquele momento. São pessoas predispostas a exibir conhecimentos
para os quais não foram qualificadas por falta de seriedade científica, pelo fato do que
for apresentado poder vir a ser aceito como autêntico, criando novos vícios para uma
religião plena de problemas a serem solucionados.
A linguagem é a chave cultural de um povo. Sem rever seus aspectos, origem e formas,
não podemos nos construir na religião, pois na maioria das vezes não se sabe o que se
canta e o que se reza.
O seu aprendizado será a resposta para muitas dúvidas que existem na religião. Mas não
somente em saber interpretar os cântigos e rezas como forma de curiosidade, mas sim
pelo fato de poder sentir mais intimamente, através do seu conhecimento, o alto grau de
religiosidade que existe nas mensagens. E a sua utilização terá uma extensão maior ao
ser empregado também na literatura humana e de uso corrente.
O alfabeto Yorubá é muito similar ao português, exceto para algumas letras que são
pronunciadas de forma diferente. Compôe-se de 18 consoantes e 7 vogais:
A B D E E F G GB H I J K L M N O O P R S S T W Y.
Como pode ser observado não são utilizadas as letras C,Q,X,Z e V.
..
Vogais Orais: A E E I O O U . .
O Yorubá como língua Tonal, utiliza-se de três sons: alto, médio e baixo ou grave,
representados por acentos superiores nas vogais: acento agudo, som alto, acento grave,
som baixo e sem acento, indicando o som médio ou a voz normal. Isto quer dizer que
eles não devem ser confundidos com nossos acentos. Um ponto colocado embaixo das
vogais E e O, lhes dá o som aberto, caso não o tenham terão o om fechado. As vogais
quando seguidas da letra N, terão um som nasal. A letra S com um ponto embaixo tem
som de X ou CH, caso não tenha, terá o som natural da letra S.
W: tem o som de u.
Y: tem o som de i.
S: tem o som normal, sendo que, caso tenha um ponto ou tracinho embaixo, terá o som
da letra x.
Os pronomes pessoais antecedem todos os verbos Yorubá. isto quer dizer que devemos
especificar o sujeito de todo verbo Yorubá para que se saiba quem fala, com quem se
fala e de quem se fala.
O vocabulário Yorubá tem sido ampliado por meio de disversos procedimentos. Dentre
as palavras criadas, muitas foram resultantes da utilização das partes do corpo humano,
é utilizado para definir as coisas altas e destacadas; as mãos, as coisas que dão
segurança, os pés, para uma firmeza, os olhos como a parte principal de alguma coisa,
as nádegas, como a base do corpo. Deste modo, podemos relacionar algumas palavras:
Orí: cabeça
Òkè: montanha
Orí òkè: topo da montanha
Orí igi: topo da árvore
Ojú: olhos
Orùn: sol
Ojúorùn: disco solar
Bajé: estragado
Inú: estômago
Inúbàjé: aborrecido
Aprender um idioma é o mesmo que aprender qualquer outra habilidade: exige prática.
Há uma diferença entre compreender o significado de uma palavra e falar um idioma. É
isso que vem acontecendo nos candomblés. Não é de hoje que se canta o que se ouve
sem a menor preocupação de se entender o que canta, as variações dessas mesmas
cantigas de uma casa para outra e muitas vezes sendo da mesma nação. A facilidade de
como as pessoas criam e inventam palavras, aglutinando-as, colocando acentos e
aportuguesando o Yorubá, como que quisessem reinventar o idioma que já sofreu com
seus dialetos, fora a luta para manter o idioma Yorubá, pode ser corrigido através dos
bons cursos de língua Yorubá, basta ter humildade e vontade de aprender o correto
independente da idade de iniciação que tenha.
Fernando D’Osogiyan