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INTRODUÇÃO
Sabe-se que a mineração provoca tanto impactos positivos, fornecendo matéria-prima, gerando
empregos, contribuindo com a economia do país, além de modernizar cada vez mais a vida do homem,
quanto impactos negativos, provocando ruídos, vibrações, poeira, áreas degradadas e danos ambientais
irreversíveis.
“A produção mineral do Brasil tem como origem mais de 3.300 minas distribuídas pelo país, sendo
os modos de lavra: a céu aberto, subterrânea e misto” (DIAS; COELHO; SILVA, 2016, p.372).
Por séculos, o fechamento de mina acontecia de maneira inadequada, uma vez que, após a
exaustão da mina, a mesma era simplesmente abandonada sem que as empresas se preocupassem com
seus efeitos sobre a sociedade e o meio ambiente.
Comumente se a cava final e as barragens de rejeitos eram cercadas, e as aberturas subterrâneas
eram bloqueadas, as empresas eram isentas de qualquer responsabilidade futuras sobre a área e as
circunvizinhanças, ocasionando passivos ambientais, impactos ambientais, sociais e econômicos.
Em meados da década de 70, surgiu alguns movimentos ambientalistas, com o objetivo de traçar
exigências para empresa mineradora, após o encerramento de suas atividades de mineração.
Com as reservas minerais exaurida, ou inviáveis economicamente, é necessário executar o plano
de fechamento de mina, onde visa desativar os trabalhos de mineração numa determinada jazida, de
maneira a recuperar ou minimizar os danos causados na área. Leis tem sido criadas no Brasil e no mundo
inteiro para que ao fim das atividade minerárias haja restauração das áreas afetadas. Órgãos e diretrizes
vem sido aperfeiçoadas e movimentação de ideias avançam para uma maior sintetização dos fins de projeto
de uma mina. O projeto de uma mina inclui desde a fase dos estudos de viabilidade econômica até o
fechamento de mina.
“O gerenciamento desses passivos ambientais e de alguns impactos que se tornaram perpétuos,
representam sérios problemas e um desafio para diversas esferas de governo, empresas e comunidades
locais” (DIAS, 2013, p.16).
A fim de que a mineração seja praticada de maneira responsável e sustentável, é necessário um
estudo específico do fechamento de mina, que compreende desde a construção da mina até o
encerramento das atividades produtivas, visando contribuir para a estabilidade e auto sustentabilidade
ambiental, econômica, social e cultural das comunidades próximas (FLORES, 2006).
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LEGISLAÇÃO MINERAL
Contexto Nacional
Em 1981 o Brasil estabeleceu uma Política Nacional para o Meio Ambiente por meio da Lei nº 6.938
relacionando desenvolvidos econômico-social com preservação da qualidade do meio ambiente. A
Constituição Federal de 1988 determina o estudo prévio de impacto ambiental o que esse licenciamento
ambiental é obrigatório para operação de qualquer atividade de mineração (CARVALHO, 2013).
O Decreto n° 97.632, de 10 de abril de 1989, em vigor, estabeleceu em seu Art. 1º que “os
empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais devem, na apresentação do Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório do Impacto Ambiental (RIMA), submeter um plano de
recuperação de área degradada (PRAD) para aprovação do órgão ambiental competente”
Diante disso, a Constituição de 1988 ainda estabeleceu sanções penais a administrativas a pessoas
físicas e jurídicas que cometerem infrações. O artigo 55 da Lei nº 9.605 prevê pena de detenção de seis
meses a um ano, além de multa para aquele que executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais
sem autorização. Na mesma pena incorre quem deixar de recuperar a área pesquisada ou minerada na
determinação do órgão competente (CARVALHO, 2013).
No Brasil a questão do fechamento de mina ainda que algo novo apesar disso os discussões sobre
o assunto tem ganhado destaque e espaço perante os acontecimentos de desastres ambientais,
sociais e econômicos no país. O país apresenta poucos exemplos de áreas degradas pela mineração que
houve novos usos empregando benefícios a sociedade ou até mesmo propostas sustentáveis.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu no item XI do artigo 23 a competência da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para “registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios”.
Contexto Internacional
Devido o grau de investimento e o envolvimento em grandes projetos de mineração, além
de representar uma parcela significativa da produção mineral mundial os países Peru, Colômbia, Austrália,
Estados Unidos e Canadá serem utilizados nesse presente artigo como modelos comparativos da legislação
de fechamento de mina em relação a vigente no Brasil o qual tem por objetivo verificar os pontos positivos e
os que precisam ser melhoradas ou até mesmo implementadas visando maior ganho a sociedade e,
principalmente, ao meio ambiente já que este é o primeiro impactado pela atividade de mineração.
Até os anos de 1980 a principal preocupação dos Códigos de Mineração era estabelecer
procedimentos administrativos, regularização da exploração dos recursos e os direitos e deveres dos
mineradores e consequentemente não havia enfoque para a desativação de minas e na recuperação de
áreas degradadas ( ÁVILA, 2012).
Diante disso, apenas na década de 80 surgiram as discussões sobre a preservação ambiental e
regularização legal do setor mineral nos países desenvolvidos o qual promovem o fortalecimento, melhorias
das práticas de fechamento de minas junto a construção do pensamento e necessidade de preservação do
meio ambiente ( ÁVILA, 2012).
3 Fechamento de Mina: Aspectos Gerais e Legislação Mundial
Canadá
No Canadá o controle da mineração é de responsabilidade de cada província, exceto para o Urânio.
Cada Província regulamenta e forma as diretrizes que ditam como as áreas devem ser reabilitadas. Embora
no noroeste do país e nos territórios de Yukon e Nunavut, o Governo Federal assume esse papel reguladora
do fechamento e recuperação ambiental (CARVALHO, 2013).
Todas as províncias obrigatoriamente exige a apresentação do plano de fechamento de mina esse
plano submetido à análise pelas autoridades competentes para aprovação. O plano deve conter descrição
detalhada do projeto, objetivos do fechamento, medidas de reabilitada ambiental, plano de monitoramento,
garantias financeiras, etc. Caso ocorra a falência da empresa a maioria das províncias dispõe de um
sistema de prioridade para alocação dos recursos do fundo de recuperação ambiental (CARVALHO, 2013).
Na província de Queber o Mining Act que regulamenta a obrigatoriedade de o empreendedor ou
empresa submeter o Plano de Reabilitação e Restauração que deverá conter os seguintes itens:
“Caso haja a possibilidade do trabalho de reabilitação e restauração ser progressivo, deverão ser
apresentadas as condições e fases para sua conclusão e as condições e fases de conclusão do
trabalho em caso de cessação definitiva das atividades de mineração” (ÁVILA, 2012).
Estados Unidos
Os instrumentos legais Americanos são National Environmental Policy Act of 1969 (NEPA), o Clean
Air Act of 1970, o Clean Water Act of 1972 (CWA), Federal Land Use Policy and Management Act of 1976, o
Surface Mining Control and Reclamation Act of 1977 (SMCRA), o Comprehensive Environmental Response,
Compesation and Liability Act of 1980 (CERCLA ou Superfund) e o Superfund Amendments and
Reauthorisation Act of 1986 (SARA) (CARVALHO,2013).
A gestão e regulamentação ambiental é feita pelos Estados assim, cada Estado apresenta
legislação própria e específicas para o fechamento de minas. Embora possua legislação decentralizada
todos partilham de conceitos básicos, e obrigatórios de submissão do plano e aprovação pelas agências
estaduais. Em 1971 foi criado o Surface Mining Control and Reclamation Act que define diretrizes nacional
para recuperação de áreas de mineração de carão a céu aberto o qual elaborou o programa The
Abandoned Mine Land para restauração ambiental de áreas degradadas e abandonadas ademais, esse
programa é financiado por recursos pagos pelos mineradores e arrecadados em cada tonelada de carão
produzida (CARVALHO, 2013).
O estado do Arizona possui duas agências reguladoras que fiscalizam o plano de fechamento e
consequentemente as atividades de fechamento são elas: “Arizona Department of Environmental Quality”
(ADEQ), e o “State Mine Inspector ś Office” . Sendo a ADEQ responsável pelo impacto ao meio ambiente e
o segundo pela inspeção da segurança, como a estabilidade das barragens de rejeito. Diante no estado os
planos de fechamento requerem a aprovação da operação, estimativa de custo e garantias financeiras
(ÁVILA,2012).
O plano de Fechamento de Mina deve conter:
- Topografia, estruturas e instalações;
- Descrição de procedimentos de fechamento, incluindo análise de medidas alternativas;
- Características específicas do site e hidrologia e geologia regional;
- Método de fechamento detalhado para cada instalação;
- Modelo de águas subterrâneas demonstrando que futuros impactos à qualidade da água proveniente das
instalações não ultrapassarão os limites permitidos;
- Garantia financeira que a empresa está fiscalmente apta a completar o fechamento e demonstração que a
empresa (ou subcontratados) tem a habilidade técnica de executar o fechamento completo.
paralisação das operações da mina. Outros fatores também podem interferir como: “a concorrência entre
materiais e o surgimento no mercado de um produto concorrente com preço e qualidade diferenciados e
favoráveis ao consumidor, podem levar ao fechamento da mina” (CARVALHO,2013).
No que tangem as razões geológicas, a diminuição do teor de corte das áreas lavráveis pode
acarretar o fechamento prematuro da mina oriundo da superestimação dos valores nos cálculos das
reservas além disso, uma baixa recuperação do minério pode ser outro fator significativo no qual pode
resultar no fechamento da mina.
As motivos geotécnicos que podem resultar em um fechamento estão relacionadas às condições
adversas do maciço rochoso como; rompimento de taludes, ambiente que impossibilite a segurança das
operações, falhas geológicas comprometendo a estabilidade das escavações etc. (CARVALHO, 2013).
Já os motivos governamentais são:
Mudanças políticas
Restrições ambientais
Impedimentos legais e Oposição da sociedade civil.
A responsabilidade pelo fechamento deve ser equitativamente partilhada entre todos os envolvidos:
as normas reguladoras guiam o processo e estabelecem os limites; a comunidade e as organizações
formadoras de opinião que a integram participam na definição dos objetos para o uso do sítio após o
fechamento, e a empresa de mineração concilia as visões e necessidades dos outros envolvidos, dentro da
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autoestima e os problemas econômicos causados pela perda do emprego têm um forte impacto não só
sobre o indivíduo, mas também sobre a família.
Quando implantada de forma desorganizada e clandestina, em vez de tornar-se agente do
desenvolvimento social e econômico, a mineração transforma-se em agente de empobrecimento da
comunidade, conduzindo à gradativa e contínua deterioração das condições econômicas, sociais e
ambientais do meio onde se instala. Esses impactos negativos persistem e tendem a se agravar, quando as
antigas áreas mineradas são abandonadas, sem nenhuma preocupação com os danos ambientais
causados por anos de atividades ambiciosas (Flores e Lima, 2012).
Conforme demonstram os estudos de Flores e Lima (2012), evidencia-se que embora seja um
processo traumático, o fechamento de uma mina pode ser planejado com antecedência e ser
adequadamente gerenciado – inclusive nos seus aspectos sociais –, através da prática de ações técnicas e
administrativas eficientes e específicas, e da adoção de estruturas legais e fiscais apropriadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que o fechamento de mina é uma das atividades mais importantes em um ciclo minerário,
pois, além de lucro, que este ainda pode trazer, se cumpre um dever com o meio ambiente, e garante a
utilização de recursos das gerações futuras.
Ainda, a legislação, tida como “jovem” e em principal foco de abordagem se mostra frágil perante as
demais diretrizes que apoiam a extração e abrem brechas para abandono de empreendimentos sem
restauração de áreas degradadas.
Em enfoque, o cumprimento das vigências estabelecidas, assim como os seguimentos do plano de
fechamento de mina, garantem, além dos impactos ambientais que serão amenizados e compensados, que
outras categorias em que a exploração mineral impacta também possam sair sem fortes dores das
atividades exploratórias existentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, E. R.; Fechamento de Minas no Brasil não tem legislação federal específica e coloca em
risco saúde ambiental e de população locais. CETEM (CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL), MCTI
(MINISTÉRIO DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO), 2º Simpósio brasileiro de saúde e ambiente,
2014.
ÁVILA. L. I. “Fechamento de Mina”. Minas Gerais, 2012. Disponível em:<
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS9CAHXE/1/monografia_iara_31agosto.pdf >. Acesso em:
Out de 2019.
CARMO. F. José Cruz. “Fechamento de Mina: Aspectos Técnicos, Jurídicos e Socioambientais”. Campinas,
2006. Disponível em: <
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/286759/1/Flores_JoseCruzdoCarmo_D.pdf> Acesso em
Outubro de 2019.
CARVALHO. D. Jardel. “Avaliação do Fechamento de Mina a parti dos Processos Minerários da
Superintendência do DNPM de Minas Gerais”. Minas Gerais, 2013 Disponível em: <
9 Fechamento de Mina: Aspectos Gerais e Legislação Mundial
https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/3008/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_Avalia%C3%A
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