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FONOAUDIOLOGIA EM
PSICOPEDAGOGIA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
414
C3311 Carvalho, Christiane Souza de
1. Fonologia.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
Christiane Regina Souza de Carvalho
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
Linguagem e Fonoaudiologia..................................................9
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento Normal de Linguagem.............................19
CAPÍTULO 3
Alterações de Linguagem.....................................................33
CAPÍTULO 4
Alterações de Fala e Voz......................................................65
CAPÍTULO 5
Alterações Auditivas.............................................................85
CAPÍTULO 6
Alterações das Funções Neurovegetativas
ou de Motricidade Oral.........................................................97
CAPÍTULO 7
Alterações de Aprendizagem..............................................113
APRESENTAÇÃO
Tenho certeza de que ela chamará sua atenção pela variedade de conteúdos.
Alguns até podem ser novidade para você, que talvez nunca tenha tido contato com
a Fonoaudiologia.
Você alguma vez já teve contato com um fonoaudiólogo? Ou talvez já tenha lido
um texto escrito por esse profissional? Ou até mesmo já precisou de acompanhamento
fonoaudiológico, para você, alguém da sua família ou um conhecido?
Espero que goste da disciplina e que possa aproveitá-la no seu dia a dia
profissional.
A autora.
C APÍTULO 1
Linguagem e Fonoaudiologia
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Capítulo 1 Linguagem e Fonoaudiologia
Contextualização
Neste primeiro capítulo, faremos um panorama breve da Fonoaudiologia e
discutiremos a sua relação com a Psicopedagogia.
Mas, quando nos perguntamos se uma criança surda que não fala tem lingua-
gem, nossa primeira resposta seria dizer que não, pois é óbvio, ela não fala, então
não tem linguagem.
Engano nosso, essa criança que não fala expressa sua linguagem das mais
diversas formas, através da linguagem de sinais (libras), através de seu olhar,
seus desenhos, da escrita, etc.
Fonoaudiologia e Psicopedagogia
A idealização da profissão de fonoaudiólogo no Brasil data da década de 30,
e teve origem na preocupação da Medicina e da Educação com a profilaxia, bem
como com a correção de erros de linguagem apresentados pelos escolares.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Talvez você não conheça alguns desses termos, então, aguce sua
curiosidade! Iremos falar de cada um deles nos capítulos seguintes.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
• domicílios;
• asilos e casas de saúde;
• creches e berçários;
• escolas regulares e especiais;
• instituições de ensino superior;
• empresas;
• meios de comunicação;
• associações;
• ONGs.
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Capítulo 1 Linguagem e Fonoaudiologia
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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Capítulo 1 Linguagem e Fonoaudiologia
Atividade de Estudos:
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Algumas Considerações
Podemos considerar que a linguagem é a base para a comunicação. Não
adianta falarmos ou termos voz, se não desenvolvemos a linguagem. A linguagem
expressa a forma como nos comunicamos com os outros e com o mundo.
Para a fala ter sentido, utilizamos a língua. Podemos falar sons combinados
que não significam nada, e esses sons não deixariam de ser fala, mas a outra
pessoa não nos entenderia.
E por fim, a voz é o som que fazemos quando usamos a fala e a linguagem.
Ela só é possível de ser produzida porque temos um aparato anatômico e
fisiológico preparado para isso no nosso corpo.
Podemos assim perceber que esses conceitos que parecem tão semelhantes
vão fazer diferença, principalmente quando estudamos as patologias.
Uma professora que está rouca porque forçou demais a voz não está com um
problema de fala ou de linguagem, mas sim de voz, porque suas pregas vocais
não estão cumprindo seu papel fisiológico para que essa professora possa falar.
E uma criança em idade escolar que não fala não tem um problema de voz,
e sim de linguagem, pois é a forma de ela se comunicar com os outros e com o
mundo que está com déficit e não apenas uma alteração das pregas vocais.
Referências
BRASIL. Lei no 6.965, de 9 de dezembro de 1981. Dispõe sobre a
regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, e determina outras providências.
Diário Oficial da União. Brasília: 1981.
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C APÍTULO 2
Desenvolvimento Normal de
Linguagem
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
Contextualização
Você sabe como a criança desenvolve a linguagem? Com certeza, você já estudou
isso como pedagogo(a), e já deve ter se perguntado, muitas vezes, se esta ou aquela
criança estaria com o desenvolvimento de linguagem adequado para a sua idade.
Quando nos deparamos com uma criança que troca ou omite sons na fala,
procuramos saber se ela já não deveria estar falando corretamente ou se aquele
tipo de troca ainda é normal para a sua idade.
Ou por que aquela criança que não consegue manter uma comunicação com
outra pessoa, nem mesmo para expressar suas necessidades, decora listas de
nomes de rua ou números de telefone.
Nós veremos, neste segundo capítulo, que cada criança é única, e vai
desenvolver a linguagem da sua maneira e no seu tempo, mas que existem
marcos nesse desenvolvimento que nos mostram se ele está ocorrendo dentro do
esperado ou não.
Linguagem
Conforme conversamos, você, como profissional da educação e saúde,
necessitará conhecer o desenvolvimento normal da linguagem.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
Desenvolvimento De Linguagem
É por meio da fala É por meio da fala do adulto que a criança começa a desenvolver
do adulto que a sua própria linguagem.
criança começa a
desenvolver sua
própria linguagem. Silveira (1998) descreve as fases de desenvolvimento da linguagem,
e também da sua organização frente ao mundo, como dependente da
mediação da fala do adulto, baseada em Vygostsky, sendo que não determina
idades para cumprir determinadas funções, e sim marcos de desenvolvimento:
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
com que a criança tenha necessidade de mais palavras para diferentes objetos,
provocando um aumento quantitativo no seu vocabulário.
Antes, um mesmo som podia significar várias coisas, tendo a criança que
estar realizando as suas ações para o entendimento de sua fala.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
Etapas do Desenvolvimento de
Linguagem
Além de estudar o desenvolvimento da linguagem como ocorrendo de forma
processual e ativa por parte da criança, também precisamos ter ideia das etapas
de desenvolvimento da linguagem de forma cronológica, para que tenhamos um
parâmetro, quando nos depararmos com uma criança em fase de aquisição de
linguagem.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
De 1 ano a 1 e 6 meses
1. Usa uma palavra com sentido, como “dá”, ou alguma produção verbal
referente a uma palavra, quando deseja algum objeto;
2. A criança bate palmas, manda beijo, dá tchau;
3. A criança compreende ordens simples;
4. A criança executa ordens simples;
5. Fala pelo menos uma palavra com sentido, parte do corpo, nome de um
animal, nome de um alimento;
6. A criança brinca simbolicamente;
7. A criança aceita a intervenção do outro na brincadeira;
8. A criança apresenta intenção comunicativa.
De 1 e 6 meses a 2 anos
De 2 a 3 anos
1. Usa frases com mais de três palavras sobre situações do dia a dia ou
situações presentes;
2. Compreende ordens gramaticais;
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
3 a 4 anos e meio
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Claro que não é tão simples assim observar a fala de uma criança e dizer se ela
está no processo normal de desenvolvimento de fala ou não, já que são muitas as
variações e condições dependentes para que este processo aconteça.
Algumas Considerações
Como vimos, segundo Vygotsky (1896-1934) e Luria (1902-1977), a
linguagem tem dois grandes papéis: o de organizadora da cultura e o de
organizadora dos processos mentais superiores.
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Capítulo 2 Desenvolvimento Normal de Linguagem
Referências
CASTRO, M. M. Distúrbio Fonológico. In: Cadernos do Fonoaudiólogo:
Linguagem. São Paulo: Lovise, 2006.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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C APÍTULO 3
Alterações de Linguagem
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
Contextualização
Podemos considerar que o trabalho, a linguagem e a vida humana estão
intimamente relacionados, não podendo ser concebidos de forma independente
das vivências humanas e de um processo constante de reelaboração e
transformação do estabelecido (VARGENS, 2006).
Para Bakhtin (1979, 1929), apud Vargens, 2006, a língua não é vista
como mera estrutura, concebendo-a a partir do seu uso concreto. Para o autor,
a linguagem está diretamente relacionada à ação sobre o outro e se tem no
enunciado uma constante resposta aos enunciados do outro e aos seus próprios
enunciados. O sujeito, para expressar-se, considera a reação de seu co-
enunciador ao que lhe está sendo dito e isso influencia sua fala.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atraso no Desenvolvimento de
Linguagem
Para falarmos de atraso no desenvolvimento de linguagem, teremos que
considerar que a linguagem não pode se desenvolver separadamente dos
aspectos orgânicos, emocionais, cognitivos e sociais, e que ela só tem significado
em relação ao contexto em que se manifesta (CERVONE; FERNANDES, 2005).
Estudos mostram que até o 15º mês de vida as crianças usam principalmente
os gestos e que estes, por volta dessa idade, são substituídos pela fala.
Dos dois aos três anos, as crianças demonstram maior significação linguística
através de revisões do discurso, e ocorrem então trocas rápidas no tópico do
mesmo.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
• quando quer pedir algo, aponta ou leva o adulto até o objeto desejado;
Uma criança com uma patologia associada que irá interferir no desenvolvimento
de linguagem, como surdez, paralisia cerebral, autismo, etc., também pode apresentar,
e é bem provável que apresente, um atraso no desenvolvimento de linguagem, mas
nesse caso não diremos que é um atraso simples no desenvolvimento de linguagem,
e sim associado à patologia causadora.
Vejamos o seguinte: por que uma criança irá pedir algo falando se, quando
ela aponta, ganha de imediato o objeto de seu desejo? Você falaria?
“Por que eu vou falar? Se eu chorar todos vão me dar atenção e vão fazer o
que eu quero”.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
Atividade de Estudos:
Para que a pessoa que estamos orientando entenda o que deve ser feito,
precisamos primeiro dar uma breve noção do desenvolvimento de linguagem,
como acontece e a melhor forma de estimulá-la.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
O adulto deve falar corretamente com a criança, para que o modelo adequado
de fala seja dado a ela, evitando usar diminutivos, pois repetir casa é mais fácil do
que repetir casinha e pé do que pezinho.
A aquisição dos A aquisição dos fonemas segue padrões universais, e cada criança
fonemas segue apresenta suas características individuais. A criança é ativa durante todo
padrões universais, o processo, e é comum ocorrerem vários processos fonológicos (erros
e cada criança que acontecem durante a aquisição, que são normais) simultaneamente,
apresenta suas sendo a fase de maior uso produtivo até os 4 anos.
características
individuais. Sendo O processo de aquisição e desenvolvimento do
a fase de maior uso conhecimento fonológico ocorre de modo gradual até que
produtivo até os 4 haja o estabelecimento do sistema fonológico de acordo com
anos. a comunidade linguística em que a criança está inserida. A
idade esperada para o término deste aprendizado ocorre
por volta dos cinco anos, podendo estender-se dos quatro
até, no máximo, os seis anos de idade (GRINDI-VIEIRA et
al., 2004, p. 144).
Como exemplo, citamos uma criança de 2 anos de idade que fala /alala/ ao invés
de /arara/. Ela está substituindo o /r/ pelo /l/. Outro exemplo de substituição seria /
xícara/ por /sícala/. Aqui a criança substituiu o /x/ pelo /s/ e o /r/ pelo /l/.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
a) Desvio Fonético
Quando a criança
tem uma dificuldade
Quando uma criança tem uma dificuldade de articulação de comunicação
envolvendo a produção da fala, manifestado por inabilidade em articular envolvendo a
os sons, esta dificuldade é considerada fonética. Por exemplo, a criança produção da fala,
que distorce o som, mas mesmo assim ele continua a ser entendido, manifestado por
como o “s” falado com a língua para fora dos dentes, ou jogando o ar da inabilidade em articular
os sons da fala,
cavidade oral para as bochechas e não para os lábios.
esta dificuldade é
considerada fonética.
As manifestações fonéticas manifestam-se principalmente por meio
de distorções, ou seja, dificuldades na produção do som. A regra fonológica As manifestações
encontra-se respeitada. fonéticas manifestam-
se principalmente por
meio de distorções,
Em resumo, a criança não troca os sons da fala por outros. Utiliza
ou seja, dificuldades
os corretos, mas com a articulação imprecisa ou distorcida. na produção do som.
A regra fonológica
b) Desvio Fonológico encontra-se
respeitada.
Já as dificuldades de comunicação de ordem linguística,
envolvendo a distinção dos sons usados para diferenciar o significado entre as
palavras, são consideradas de ordem fonológica.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
Velleman (2002) apud Castro (2006) alertou que as palavras derivam sua
estrutura não somente dos sons que as incluem, mas também da organização desses
sons dentro da palavra. A criança pode produzir consoantes e vogais adequadas à
idade, mas nem sempre é hábil para produzí-las nas configurações requeridas pela
língua, como consoante final, encontros consonantais, palavras multissilábicas.
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Algumas crianças ficam irritadas quando pedimos que elas repitam a palavra
correta. Se este for o caso da sua criança, basta repeti-la corretamente que,
aos poucos, juntamente com o trabalho terapêutico do fonoaudiólogo, ela vai
adequando sua fala ao modelo dado pelo adulto.
Gagueira
Na fluência, há uma transição articulatória de um fonema a outro, com
regularidade e facilidade.
a) Fluência
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
ela quer contar algo, pois o pensamento ainda é mais rápido que a capacidade
articulatória, e a organização do discurso está se desenvolvendo. Na maioria das
vezes, a criança não percebe que está gaguejando.
Tendo em vista que 80 por cento das crianças Hoje, a maioria dos
com gagueira conseguem se recuperar
especialistas em
espontaneamente, a recomendação usual para
um pai preocupado costumava ser, até pouco
fluência recomenda
tempo atrás, ter calma e esperar. O problema é que que os pais
esperar pode ser muito desvantajoso para crianças procurem tratamento
que se beneficiariam da intervenção precoce. Hoje, especializado caso
a maioria dos especialistas em fluência recomenda a criança esteja
que os pais procurem tratamento especializado gaguejando por
caso a criança esteja gaguejando por mais de 6 mais de 6 meses,
meses, principalmente se for algo que a incomode. principalmente se for
(CHANG, 2008, p. 1333-1344) algo que a incomode.
b) Gagueira
Algumas características:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
CARACTERIZAÇÃO DA GAGUEIRA
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
– Até que ela se ajuste a turma, faça perguntas que possam ser
respondidas com poucas palavras.
– Se cada criança tiver que responder uma pergunta, chame a
criança que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem
aumentar a medida que ela espera sua vez.
– Informe a classe que eles terão o tempo que precisarem para
responder às questões e que você quer que raciocinem antes de
responder e não apenas que respondam rapidamente.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
Afasia
Para você entender o que é a afasia, vamos começar estudando a afasia no
adulto, que não é uma doença rara ou nova, mas é ainda pouco conhecida pela
população e até mesmo no meio acadêmico.
a) Afasia no adulto
Joanette et al., 1995, 8, também diz que: “A afasia não afeta o indivíduo
em sua própria essência, quer dizer, no nível de seu pensamento. A afasia afeta
principalmente o instrumento de comunicação a serviço deste pensamento.”
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
As afasias têm diversas classificações, não nos cabe aqui discuti-las, basta
saber que, sempre que ouvir falar em afasia, haverá um comprometimento
neurológico e uma alteração de linguagem, seja ela da fala, da leitura e da escrita,
ou de compreensão.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
• O escafandro e a borboleta.
• Uma segunda chance.
b) Afasia congênita
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
“A paisagem é uma orla que onde seve pem existe faz frio. A
paisagem está curfada e é muito bonita felá desde esta paisagem.
A paisagem tem muita casas e muitos vizinhos. Na paisagem a
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO
[...]
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
Também segundo a ASA (2002), indivíduos com autismo exibem pelo menos
metade das características a seguir:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
ÁS VEZES É E COMPORTAMENTO
AGRESSIVO E INDIFERENTE E
DESTRUTIVO MODO ARREDIO
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
a) Tratamentos e prognóstico
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
O tratamento da criança com TEA, deve ter, ainda segundo Brentani, Paula e
Bordini (2013) algumas características essenciais como:
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
Atividade de Estudos:
Algumas Considerações
Estudamos sobre as patologias fonoaudiológicas, em especial neste capítulo,
as patologias de linguagem, que irão interferir diretamente no seu trabalho como
psicopedagogo. Em alguns casos, você fará parte da equipe multiprofissional que
estará atendendo as crianças.
Então vamos relembrar, a criança com atraso de linguagem é aquela que está
demorando para falar, ou que se apresenta em uma fase de desenvolvimento de
linguagem não condizente com sua faixa etária. Já a criança que fala tudo, forma
frases e narra fatos, mas troca os sons da fala, provavelmente apresenta desvio
fonológico. E temos ainda, aquela que fala tudo, mas na hora de produzir alguns
sons, estes saem distorcidos (desvio fonético). O fonoaudiólgo fará o diagnóstico
diferencial, que muitas vezes confunde-se quando ouvimos a criança conversar, e
poderá orientar a família e a escola sobre como estimular a linguagem desta criança.
A gagueira já é mais perceptível e quase não nos traz dúvidas de que algo
não está indo bem. Pode trazer desconforto ao ouvinte e a própria criança que
está falando, sendo muito importante a avaliação de um fonoaudiólogo e sua
orientação da conduta mais adequada.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Referências
BRITO, M.C.; MISQUIATTI, A. R. Transtornos do espectro do autismo e
fonoaudiologia: atualização multiprofissional em saúde e educação. Curitiba:
CRV, 2013.
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Capítulo 3 Alterações de Linguagem
SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.
TRAUTMAN, Lisa. Notes to the teacher: The child who stutters at school. In:
Stuttering Foundation of America. Tradução e adaptação Hugo Silva. Revisão
Sandra Merlo. Disponível em: <www.gagueira.org.br>. Acesso em: 15 fev. 2016.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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C APÍTULO 4
Alterações de Fala e Voz
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
Contextualização
Neste capítulo conheceremos as patologias de fala e voz. Se tiver dúvidas,
volte ao primeiro capítulo, onde apresentamos as definições.
A fala e a voz são produzidas pela ação conjunta dos pulmões, da traquéia,
laringe, cavidades nasais e cavidade oral.
Perceba que o que, para nós, parece muito simples e fácil, para quem tem
uma patologia de fala e/ou voz torna-se muito difícil, pois para falar, utilizamos
diversas estruturas e sistemas do nosso organismo.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Disartria
O Sistema Nervoso evolui por um período extenso que se prolonga desde
a vida pré-uterina até a vida adulta, o que contribui para uma maior perfeição
funcional, mas torna-o também mais vulnerável aos agentes agressores, como os
acidentes vasculares encefálicos, traumatismos cranioencefálicos, etc. Dentre as
sequelas dessas alterações neurológicas estão as disartrias, que correspondem a
alterações fonoarticulatórias de origem neurológica que influem consideravelmente
nas habilidades comunicativas do indivíduo, uma vez que interferem tanto nos
mecanismos de controle da voz, como nos da fala (SIQUEIRA, 2002).
Vamos então tentar entender esse conceito, que vem sendo aceito pela
comunidade científica desde a década de 70.
Você lembra quando falávamos de afasia, e vimos que, para ser afasia,
necessariamente o sujeito deveria ter um comprometimento neurológico e de
linguagem?
Para ser disartria, Pois bem, agora, para ser disartria, necessariamente o sujeito
necessariamente o deve ter um comprometimento neurológico e de fala.
sujeito deve ter um
comprometimento
neurológico e de fala.
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
Mas então, qual a diferença entre os dois conceitos? Eles são muito
parecidos: nos dois, o sujeito deve ter um comprometimento neurológico e os dois
envolvem a comunicação.
Perceba que esse moço não bateu a boca no meio-fio, e sim a cabeça. Não há
nenhum problema com sua boca, e antes do acidente, ele falava muito bem. Mas a
lesão aconteceu onde? No cérebro, na área que controla os músculos da fala.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Só para você ter uma ideia, segue uma classificação: Disartria flácida,
Disartria espástica, Disartria atáxica, Disartria hipocinética, Disartria hipercinética,
e Disartria Mista (MURDOCH, 2005).
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
a) Disartria infantil
Exemplos clássicos:
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
Fissura Lábiopalatina
Segundo o Centro de Pesquisa e Reabilitação Lábio-palatais da USP,
conhecido como Centrinho, a fissura lábiopalatal é uma abertura no lábio ou
palato (céu da boca), ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas, que
normalmente ocorre entre a 4ª e a 12ª semana de gestação.
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
Se essa família não for bem orientada desde o início, ela não vai saber nem
como alimentar a criança e suprir suas necessidades básicas de sobrevivência
e afeto.Quanto mais cedo a família entender o que aconteceu e como será a
adaptação da criança, maiores as chances de que esta tenha um desenvolvimento
normal, como qualquer criança.
A criança com fissura labiopalatina vai precisar fazer cirurgias para corrigir a fissura
no lábio e/ou no palato em idades específicas e fazer tratamento fonoaudiológico,
principalmente para corrigir alterações de fala e ressonância (nasalidade).
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Sua fala pode ser um pouco anasalada e alguns fonemas podem ser
produzidos com distorção em virtude da fissura, e nesse caso a criança precisará
de acompanhamento fonoaudiológico.
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
Atividade de Estudos:
Disfonia
As modificações vocais maiores e mais rápidas ocorrem na puberdade, até
quando não há diferença significativa entre as vozes de meninos e meninas. A
laringe dos meninos cresce rapidamente na puberdade, as pregas vocais chegam
a alongar-se 1 cm, enquanto que nas meninas alongam-se de 3 a 4 mm. Isso
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
O que prejudica a
Já vimos como e onde a voz é produzida, e que uma boa emissão
emissão vocal?
O uso incorreto da depende de uma quantidade de ar para colocar as pregas vocais
voz, inadaptações em vibração, laringe com tensão adequada e lubrificada para poder
fônicas (anatômicas, produzir a vibração e de cavidades de ressonância (cavidade oral e
funcionais e nasal) abertas para amplificar o som.
miodinâmicas),
fatores
E o que pode interferir nessa emissão? O uso incorreto da voz,
psicoemocionais,
e também, claro, inadaptações fônicas (anatômicas, funcionais e miodinâmicas), fatores
tumores e doenças psicoemocionais, e também, claro, tumores e doenças que atinjam a
que atinjam a laringe. laringe (CASTRO, 1994).
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
a) A voz do professor
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Grande parte dos Hermes e Nakao (2003) colocam que a literatura atribui grande
problemas de voz, parte dos problemas de voz ao desconhecimento de técnicas e cuidados
estão relacionados especiais com a saúde vocal.
ao desconhecimento
de técnicas e
A higiene vocal deveria ser um hábito para qualquer profissional da
cuidados especiais
com a saúde vocal. voz, como exercícios pré e pós jornada de trabalho, adequações vocais
(impostação, projeção, intensidade, ataque vocal, etc.) e fonatórios
(articulação, dicção, pausa, prosódia, etc.), hidratação, postura, respiração,
alimentação, vestimenta, entre outros, que trazem resultados diretos à produção
vocal, e que, além de auxiliar o locutor no momento do seu discurso, promovem a
prevenção de disfonias (HERMES; NAKAO, 2003).
b) Higiene vocal
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
Atividades de Estudos:
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
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c) Disfonia infantil
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
o que leva a um uso mais intenso do aparelho fonador. A partir dos 12 anos de
idade, as alterações predominam em pacientes do sexo feminino, com maior
prevalência de nódulos vocais em pessoas desse sexo. (FREITAS, et al., 2000).
Algumas Considerações
Neste capítulo estudamos as principais patologias de fala. Você conseguiu
perceber como são diferentes das alterações de linguagem? Nas patologias de
fala há um componente orgânico bem definido causando as alterações.
Referências
ALTMANN, E. Tratamento Precoce. In: ALTMANN, E. B. Fissuras
Labiopalatinas. São Paulo: Lovise, 1993. BEHLAU, M.; PONTES, P. Higiene
Vocal. Informações Básicas. São Paulo: Lovise, 1993.
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Capítulo 4 Alterações de Fala e Voz
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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C APÍTULO 5
Alterações Auditivas
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Capítulo 5 Alterações Auditivas
Contextualização
A audição é um dos cinco sentidos básicos, cuja função é captar os sons existentes
no meio em que vivemos e enviá-los ao cérebro. A orelha é um órgão sensível que
capta as ondas sonoras para que nosso organismo inicie o processo de percepção
e interpretação do som. Infelizmente nesse caminho podem acontecer distúrbios,
causando alterações auditivas que podem se caracterizar por um rebaixamento na
acuidade auditiva, ou seja, a pessoa ouve menos ou não ouve, ou apresenta ainda
outro tipo de perda, quando ela ouve o som, mas tem dificuldade em interpretá-lo.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
A crença de que o surdo era uma pessoa primitiva fez com que a ideia de
que ele não poderia ser educado persistisse até o século XV. A partir do século
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
XVI tem-se notícia dos primeiros educadores de surdos. Esses criaram diferentes
metodologias, alguns baseando-se apenas na língua oral, ou seja, na língua auditiva
oral utilizada em seu país, como o português no Brasil. Outros pesquisadores
defenderam a língua de sinais, que é uma língua espaçovisual criada através das
gerações pelas comunidades de surdos. Foram ainda criados códigos visuais que
não se configuraram como uma língua. Até hoje existem diferentes correntes em
relação à educação de surdos (GOLDFELD, 1997).
90
Capítulo 5 Alterações Auditivas
91
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
da maioria dos países é que as crianças surdas não têm contato com a língua
de sinais desde pequenas, e como não podem adquirir a língua oral num ritmo
semelhante ao das crianças ouvintes, elas, na maioria esmagadora das vezes,
sofrem atraso de linguagem.
Não pretendi, com esse breve relato da história, defender uma ou outra
concepção de educação da criança surda, mas deixar em aberto uma reflexão sobre
o papel da linguagem no desenvolvimento da criança, de qualquer criança, e não só
da criança surda, como primordial para suas funções cognitivas, organizacionais,
de planejamento, abstração, etc., para que possamos questionar o que é melhor
para a criança que estamos atendendo, o que lhe trará mais benefícios.
Atividade de Estudos:
92
Capítulo 5 Alterações Auditivas
A leitura é algo externo ao indivíduo surdo. Ela se dá, em geral, por meio de
textos elaborados pelos professores, com estrutura e vocabulário simplificados.
Assim, ela é treinada, exercitada e memorizada, mas não necessariamente
compreendida. Sua ênfase se dá na decodificação, ou decifração, perdendo-se
no sentido e ganhando-se mecanicidade (PATATAS; CHIARI, 2006).
Processamento Auditivo
Processamento Auditivo é o processo e mecanismo do sistema auditivo
responsável pelos fenômenos comportamentais de localização e lateralização
sonora, discriminação auditiva, reconhecimento de padrão auditivo, aspectos
temporais da audição, performance auditiva com sinais acústicos competitivos e
performance auditiva com sinais acústicos distorcidos. Quando ocorre um déficit
em um ou mais dos processos citados, denomina-se distúrbio de processamento
auditivo central (DPAC) (MINARDI et al., 2004).
93
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Algumas Considerações
Muitas são as causas da perda auditiva, algumas podem ser evitadas com
medidas simples como vacinação das gestantes, não utilização de medicamentos
sem orientação médica e os cuidados com a saúde geral e tratamento das otites.
Referências
BARRETO, M. et al. Desempenho da habilidade de resolução temporal em
crianças de 07 a 13 anos. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia,
São Paulo, v. 9, n. 4, p. 220-228, 2004.
94
Capítulo 5 Alterações Auditivas
SACKS, O. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro:
Imago, 1989.
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
96
C APÍTULO 6
Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade
Oral
98
Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
Contextualização
O nome deste capítulo pode parecer bem estranho para você, mas não se
preocupe, esses nomes são esquisitos mesmo, e eu vou explicar do que se trata...
Você verá como é simples!
Função neurovegetativa é toda função que nos mantém vivos, como respirar,
circular o sangue, transpirar, sentir medo, sugar o leite quando nascemos, engolir, etc.
Funções que o nosso organismo realiza sem que nós precisemos pensar, ordenar, ou
coordenar. Que é inerente ao ser vivo. Funções essenciais para nossa sobrevivência.
Já a motricidade oral tem relação com os movimentos realizados pela boca para que
possamos sugar, mastigar, engolir e até falar.
Neste capítulo, então, você conhecerá algumas patologias que são mais
específicas do trabalho do fonoaudiólogo, do dentista e do médico, mas para cuja
prevenção podem contribuir também todos os profissionais da saúde e da educação.
Função Neurovegetativa e
Motricidade Oral
A participação do sistema nervoso neurovegetativo no controle do organismo
se faz presente em todas e quaisquer funções, proporcionando reações
adequadas e coordenadas com o sistema nervoso da vida de relação, através de
suas íntimas conexões com os centros corticais, com os núcleos da base, com o
diencéfalo e formação reticular. Essas conexões são recíprocas, agindo os centros
neurovegetativos sobre os centros de vida de relação e vice-versa, modulando-se
reciprocamente, tantas são suas interconexões anatômicas e funcionais com o
sistema nervoso de vida de relação, com os núcleos do hipotálamo que controlam
o sistema endócrino e com o sistema imunitário (SOBRINHO, 2003).
99
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Alterações Oclusais
O desenvolvimento das dentições (decídua, mista e permanente) está
diretamente relacionado com o crescimento da face.
100
Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
101
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
b) Hábitos deletérios
• Hábito de sucção
O hábito de
sucção de polegar
e de outros O hábito de sucção de polegar e de outros dedos, chupeta
dedos, chupeta e e mamadeira, é causa de alterações no equilíbrio do aparelho
mamadeira, é causa estomatognático.
de alterações no
equilíbrio do aparelho
estomatognático.
102
Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
O osso, por ser um tecido plástico, reage a todo tipo de pressão exercida
sobre ele. Na posição em repouso, há um equilíbrio entre os músculos e todos
os tecidos peribucais. A quebra desse equilíbrio pode gerar pressões anormais,
podendo fazer com que haja alterações de estímulo de crescimento anormal dos
maxilares, alterando as funções bucofaríngeas que exercem papel importante no
crescimento craniofacial.
• Onicofagia
Atividade de Estudos:
103
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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Teste da Linguinha
Com o objetivo de prevenir dificuldades para mamar, estresse tanto para o
bebê e para a mãe; crianças, jovens e adultos com dificuldades na mastigação/
deglutição e alterações na fala, em virtude da alteração de freio lingual, em
2014 foi sancionado pela presidência da república e publicado no Diário Oficial
da União, em edição especial de 23 de junho/2014 a lei que torna obrigatório a
realização do Teste da Linguinha em recém-nascidos – Lei nº13.002/14.
Língua presa é uma alteração comum, mas muitas vezes ignorada. Ela está
presente desde o nascimento, e ocorre quando uma pequena porção de tecido,
que deveria ter desaparecido durante o desenvolvimento do bebê na gravidez,
permanece na parte de baixo da língua, limitando seus movimentos.
Respiração oral,
como o próprio Respiração Oral
nome sugere, ocorre
quando a respiração, Respiração oral, como o próprio nome sugere, ocorre quando a
que deveria ser respiração, que deveria ser realizada pelo nariz, é realizada pela boca.
realizada pelo nariz, é
realizada pela boca.
104
Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
A respiração oral não deve ser considerada uma alternativa fisiológica e sim
uma situação patológica. A respiração nasal é essencial para o crescimento e o
desenvolvimento craniofacial harmoniosos.
105
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
No caso da respiração oral, vimos que esta tem relação direta com a
aprendizagem, e por vezes, podemos imaginar que aquela criança que é
dispersa, desligada e tem baixo rendimento escolar tem uma patologia como
por exemplo, déficit de atenção, e esquecemos de levar em consideração as
noites mal dormidas, a dificuldade em manter-se acordado e atento em sala de
aula, a dificuldade em alimentar-se em decorrência da boca aberta, as infecções
frequentes de garganta e/ou ouvido (ocasionando faltas às aulas), etc., tudo em
virtude da respiração oral, que poderia ser, em grande parte das vezes, facilmente
resolvida. Os prejuízos poderão se estender a adolescência e a vida adulta se a
importância devida não for dada.
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Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
• Doenças sistêmicas.
107
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
Disfagia
Disfagia é Disfagia é caracterizada por uma alteração no processo de
caracterizada por deglutição, ou seja, qualquer modificação, desde o momento em que o
uma alteração
alimento entra na boca até sua chegada ao estômago.
no processo de
deglutição, ou
seja, qualquer A disfagia não é uma doença, e sim um sintoma de alguma
modificação, desde patologia que já está instalada ou que está iniciando.
o momento em
que o alimento A deglutição acontece em fases: Antecipatória, Preparatória Oral,
entra na boca até
Oral, Faríngea e Esofageana.
sua chegada ao
estômago.
A fase preparatória oral é responsável pela manipulação,
mastigação e pelo posicionamento final do bolo na cavidade oral
para o transporte pela faringe.
108
Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
109
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
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Capítulo 6 Alterações das Funções
Neurovegetativas ou de Motricidade Oral
Algumas Considerações
Neste capítulo pudemos perceber o quanto é importante o adequado
funcionamento de todas as estruturas orofaciais e cervicais e das funções
neurovegetativas.
No caso da respiração oral, vimos que esta tem relação direta com a
aprendizagem, e por vezes, podemos imaginar que aquela criança que é
dispersa, desligada e tem baixo rendimento escolar tem uma patologia como
por exemplo, déficit de atenção, e esquecemos de levar em consideração as
noites mal dormidas, a dificuldade em manter-se acordado e atento em sala de
aula, a dificuldade em alimentar-se em decorrência da boca aberta, as infecções
frequentes de garganta e/ou ouvido (ocasionando faltas às aulas), etc., tudo em
virtude da respiração oral, que poderia ser, em grande parte das vezes, facilmente
resolvida. Os prejuízos poderão se estender a adolescência e a vida adulta se a
importância devida não for dada.
111
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Referências
ASSENCIO-FERREIRA, V. Alterações dos pares cranianos devido à respiração
oral. In: Respiração Oral. São José dos Campos: Pulso, 2003.
112
C APÍTULO 7
Alterações de Aprendizagem
114
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
Contextualização
Para finalizar este caderno de estudo falaremos brevemente sobre
as alterações de aprendizagem. A aprendizagem é o objeto de estudo do
psicopedagogo e do fonoaudiólogo, visto que os dois profissionais dedicam-se,
com olhares específicos, a estudar a linguagem escrita.
Mas, parece que isto não tem sido tarefa fácil. Segundo o INEP, estima-
se que 40% da população ou mais dos estudantes estão tendo dificuldades no
processo de aprendizagem, principalmente envolvendo o domínio da leitura e
escrita. (ZORZI, 2003).
115
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
A Linguagem e as Dificuldades de
Aprendizagem
As dificuldades de aprendizagem são bastante discutidas e ainda hoje
polêmicas. O que as causa? Como tratá-las? Quem é o profissional que deve
responsabilizar-se?
Começo dizendo que todos nós somos responsáveis. Nós quem? Pedagogos,
professores, auxiliares de classe, gestores públicos, pais, formadores de opinião, etc.
Por que não podemos considerar que a criança está lendo o rótulo da coca-
cola, e dizemos “impossível, ela ainda não aprendeu as letras na escola”?.
Quando a criança inicia a fase escolar, ela não deixa tudo que viveu e
aprendeu do lado de fora do portão, para, a partir daquele momento, realmente
aprender a ler e escrever.
116
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
ficar quatro horas diárias, quando não mais, na escola, aprendendo algo que
dizem que precisa aprender para ser “alguém na vida”.
Por essas razões, a autora citada complementa que a criança precisa ser
vista de forma particular, porém o problema tem que ser visto de modo global,
abrangendo todos os aspectos que possam estar envolvidos.
A dificuldade de
Até os anos 50, as dificuldades escolares eram vistas como aprendizagem vai
incapacidade de aprender, sendo que este aprender referia-se a captar muito além de ler e
ideias, fixar seus conteúdos, retê-los e evocá-los. A partir daí, várias escrever, ou decifrar
pesquisas vêm sendo realizadas, percebendo-se que a dificuldade de um código, mas
aprendizagem vai muito além de ler e escrever, ou decifrar um código, está diretamente
relacionada com a
mas está diretamente relacionada com a linguagem.
linguagem.
Atividade de Estudos:
117
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Dificuldades de Aprendizagem /
Distúrbios de Aprendizagem
Dificuldade e distúrbio de aprendizagem muitas vezes são confundidos, mas
não devem ser vistos como sinônimos.
Dislexia
A dislexia do desenvolvimento é uma desordem definida como uma
dificuldade de realizar a leitura, mesmo com a inteligência dentro dos padrões
de normalidade, motivação e educação adequadas. (TEMPLE et al, 2000 apud
CAPELLINI; GERMANO; PADULA, 2010).
118
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
Além disso, colocam que umas das maiores contribuições dos estudos
sobre a dislexia foi o entendimento de que sua origem se dá durante o período
embrionário, significando que não se trata de consequência de um problema
ambiental ou social, mas decorrente de um dano neurológico que ocorre no
período de desenvolvimento fetal.
Disgrafia A disgrafia
caracteriza-se
pela dificuldade
A disgrafia caracteriza-se pela dificuldade motora, letra ilegível motora, letra ilegível
(irregular), má organização da escrita na página, distorções na forma (irregular), má
de letras ou letras com traçados irregulares. organização da
escrita na página,
Os fatores ligados ao desenvolvimento da criança incidem distorções na forma
de letras ou letras
diretamente no grafismo e manifestam-se nesta ordem, segundo
com traçados
Moraes (1998): irregulares.
Um bom traçado na escrita (grafia) exige, entre outras coisas, controle motor
fino, integração viso-motora, planejamento motor, propriocepção, percepção
visual, atenção sustentada e consciência sensorial dos dedos. (FEDER;
MAJNEMER, 2007; ROSEEMBLUM; ALONI; JOSMANN, 2009; RODRIGUES;
CASTRO; CIASCA, 2009 apud FUKUDA; OKUDA, 2010).
119
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Para que o ato motor adequado ocorra, há um processo natural que se inicia
no sistema nervoso central para coordenar e integrar a função motora. Assim,
é na região anterior do cérebro que acontece o planejamento, organização e
execução do movimento. Outras áreas também participam da ação motora,
enviando mensagens, dosando a força, a agilidade, fornecendo feedback visual,
tátil e auditivo, permitindo dessa forma, o ajuste constante do movimento. Na
região frontal, o movimento acontece da seguinte forma: primeiramente, há uma
intenção de movimento, um planejamento elaborado no córtex pré-frontal, em
seguida, essa informação passa para a área pré-motora (que fica entre o lobo
frontal e a área motora), que é responsável por organizar a sequência motora,
posteriormente, esta é projetada na área motora primária (que fica no giro pré-
central) que enviará os impulsos (via medula) para a musculatura a fim de executar
o movimento planejado. Este processo é controlado por muitas outras estruturas
que dosam a força, a velocidade, e dão feedback constante ao movimento (KOLB;
WHISHAW, 2002; FUKUDA; OKUDA, 2010).
120
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
Disortografia
A codificação da palavra em um sistema de escrita alfabético pode ser
explicada pelo processo Dupla-Rota, isto é, a escrita pode ser produzida por meio
de um processo envolvendo a mediação fonológica direta – rota fonológica – ou
por meio de um processo visual direto envolvendo a representação das palavras
conhecidas, armazenadas no léxico de input visual – rota lexical. A escrita pela rota
fonológica depende da utilização do conhecimento das regras de conversão entre
grafema e fonema para que a construção da grafia da palavra possa ser efetuada.
É criado, então, um código fonológico com o objetivo de este ser identificado pelo
sistema de reconhecimento auditivo de palavras, liberando o significado da palavra.
Já a escrita pela rota lexical depende do acesso ao léxico pelo input visual, formado
mediante o reconhecimento de uma palavra e memorização desta, da recuperação
do significado e da pronúncia dessa palavra por meio de endereçamento direto ao
léxico. (ELLIS; YOUNG, 1988; ELLIS, 1995; PINHEIRO; ROTHE-NEVES, 2001;
PINHEIRO, 2006; BATISTA; GONÇALVES; NOBRE, 2010).
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Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos:
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Algumas Considerações
Vimos, no decorrer deste capítulo, que não é possível dissociar a
aprendizagem da linguagem.
122
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
Estamos inseridos, querendo ou não, num mundo onde a linguagem, seja ela
da forma que for, nos é imprescindível, pois somos seres sociais.
Freud, em um de seus escritos, afirmou que não nos tornamos homens, seres
racionais, porque pensamos, e sim porque estamos inseridos na linguagem.
123
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Por esses motivos, não é tão simples ser educador ou terapeuta, porque ao
mesmo tempo em que estamos inseridos na linguagem, estamos nos utilizando
dela para realizar nosso trabalho.
Por isso me preocupei tanto, durante esta disciplina, em passar conteúdos referentes
também à normalidade e não só às situações patológicas, para que você possa, além
de “apagar incêndio”, construir uma trajetória profissional preocupando-se não só com a
reabilitação, mas também com a promoção da saúde.
124
Capítulo 7 Alterações de Aprendizagem
E, para isto, não basta saber técnicas, mas antes de tudo, ter sensibilidade
de escutar e entender as entrelinhas da queixa que nos é trazida. Entretanto,
a sensibilidade, sozinha, não faz nada. Temos de ter conhecimento para dar
resolubilidade às situações que nos aparecem, mesmo que não seja da nossa
formação e tivermos que encaminhar as pessoas a outro profissional.
Por fim, termino este caderno, consciente de que todos os dias novas
informações surgirão e que o assunto não se esgota aqui. Procurei plantar uma
sementinha para sensibilizá-lo com relação a alguns assuntos. Desejo que essa
semente germine, e que você possa buscar sempre novas formas de ser um
profissional melhor, como a que você buscou fazendo este curso.
Atividade de Estudos:
Referências
CAPELLINI, S. A.; GERMANO, G. D.; PADULA, N. A. M. R. Dislexia e distúrbio
de aprendizagem: critérios diagnósticos. In: CAPELLINI, S. A.; GERMANO, G. D.;
CUNHA, V. L. O. (Orgs.). Transtornos de aprendizagem e transtornos da atenção:
da avaliação à intervenção. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2010. p. 9-20.
125
Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
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