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SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO MTE

As normas de segurança do trabalho, também conhecidas como Normas


Regulamentadoras (NRs), são medidas determinadas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) que têm como objetivo zelar pela segurança e medicina do trabalho no
ambiente laboral. A aplicação das NRs é obrigatória para quaisquer empresas que
possuam empregados contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
públicas, privadas ou órgãos públicos de administração. Pela lei nº 6.514 de 22 de
dezembro de 1977, que definiu a redação dos artigos 154 a 201 da CLT, cabe ao MTE
definir as medidas relativas à segurança e medicina do trabalho. Assim, o Ministério
do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.214 em 08 de junho de 1978, que instituiu as
Normas Regulamentadoras pertinentes à Segurança e Medicina do Trabalho.

Atualmente, a legislação brasileira conta com 36 NRs aprovadas pelo MTE, que visam
manter a integridade física e psicológica dos funcionários, combatendo riscos e
acidentes laborais.

Como as NRs são aplicadas?


Apesar do grande número de Normas Regulamentadoras, elas são construídas de
forma genérica. Assim, elas podem ser aplicadas conforme as especificidades de cada
segmento de negócio. Por isso, o trabalho do técnico de segurança do trabalho é
indispensável em uma empresa. Ele é o responsável por avaliar e levar em conta todas
as particularidades de cada empresa para definir como as normas se aplicam de forma
adequada a elas. Além disso, ele também assegura a manutenção e a constante
avaliação das NRs. Para capacitar esses profissionais, existem treinamentos
específicos destinados não apenas à segurança, mas também a entender as
especificidades de segmentos diversos de trabalho. Mesmo genéricas, todas as
normas são interligadas e não se contrapõem. Ao contrário, todas se complementam
quando aplicadas corretamente a uma empresa. Conheça agora algumas NRs e entenda
como elas funcionam:

Norma Regulamentadora Nº 01: Disposições Gerais


Essa norma se refere à disposição geral das NRs. Nela, determina-se que seja de
observância obrigatória por quaisquer empresas que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), privadas ou públicas — como órgãos públicos
da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário.

Caso as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho


não sejam cumpridas, o empregador fica sujeito à aplicação das penalidades previstas
na legislação brasileira.
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Norma Regulamentadora Nº 06: Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


Essa norma estabelece que toda empresa é obrigada a fornecer gratuitamente aos
trabalhadores o Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo e aprovado pelo
órgão nacional competente, de acordo com o risco que ele se submete.

O equipamento deve estar em perfeito estado de conservação e funcionamento, a fim


de resguardar a saúde, a integridade física e a segurança do trabalhador.

O uso do EPI é obrigatório e fica a cargo do empregador orientar e treinar o


funcionário para a conservação, armazenamento e uso correto do equipamento.

Além disso, qualquer EPI, de fabricação nacional ou internacional, só pode ser


utilizado ou colocado à venda sob a indicação do CA — Certificado de Aprovação —,
expedido apenas pelo órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho, o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Norma Regulamentadora Nº 10: Segurança em Instalações e Serviços em


Eletricidade
O objetivo da NR 10 é estabelecer um conjunto de procedimentos e requisitos de
segurança em instalações elétricas e serviços com eletricidade para garantir a
proteção e a saúde dos trabalhadores envolvidos nessas atividades, direta ou
indiretamente.

Associada à NR 06, esta norma exige o uso do EPI específico. Segundo a norma, o
uniforme ideal para eletricista deve protegê-lo de todos os fatores de risco
envolvidos na rotina de trabalho desse profissional, que são: inflamabilidade,
influências eletromagnéticas e condutibilidade.

Além da vestimenta, o profissional que lida com eletricidade deve usar,


obrigatoriamente:

 luvas revestidas em borracha;


 sapatos com solado de borracha;
 viseira protetora;

 capacete especial;
 ferramentas com cabo de borracha.
Também é obrigatório que o eletricista tenha treinamento específico sobre os riscos
decorrentes da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em
instalações elétricas.
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Norma Regulamentadora Nº 33: Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços


Confinados
Por espaço confinado entende-se qualquer espaço ou ambiente não projetado para o
trabalho contínuo. Isto é, com meios de acesso reduzidos, ventilação insuficiente para
remover contaminantes ou que possa ter deficiência ou enriquecimento do oxigênio.

Entretanto, o espaço confinado não se resume apenas a um lugar inapropriado para o


trabalho humano. Dentro do conceito, existem categorias e determinações diferentes
para fatores variáveis, como os níveis de atmosfera e as dimensões.

Para operar sob essas circunstâncias, segundo a NR 33, é preciso tomar algumas
medidas básicas:

 avaliação contínua da atmosfera do espaço confinado, principalmente antes


de entrar e, em seguida, dentro do espaço;
 listagem prévia de todos os equipamentos utilizados na Permissão de Entrada
e Trabalho (PET) — documento obrigatório para quem opera em espaços
confinados. É fundamental que a PET contenha uma descrição detalhada de
equipamentos necessários para que as devidas manutenções sejam
realizadas de acordo com as recomendações do fabricante;
 plano de resgate, adequado às especificidades do espaço confinado em
atividade. Este, de acordo com a PET, varia segundo o tipo de emergência que
pode causar, tais como incêndios ou contaminações.
Quaisquer resgates ou processos de emergência devem ser avaliados por meio do
documento de Análise Preliminar de Risco (APR). Nele, é feita uma análise prévia dos
possíveis riscos envolvidos na realização de qualquer trabalho.

Norma Regulamentadora Nº 35: Trabalho em altura


A NR 35 determina os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho
em altura. Apenas profissionais capacitados podem exercer esse tipo de atividade.

De acordo com o MTE, configura-se como trabalho em altura qualquer atividade


executada em um desnível de dois metros acima do piso e com risco de queda.
Contudo, essa é uma informação muito simplista, pois, existem várias modalidades do
trabalho em altura.

O técnico de segurança do trabalho é o profissional responsável por definir quando a


norma se aplica e quais equipamentos extras devem ser utilizados, além dos EPIs
obrigatórios.
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Como as normas são genéricas, elas devem ser analisadas e aplicadas pelo
profissional de acordo com cada segmento de negócio.

Para qualquer trabalho em altura, deve haver uma Análise de Risco (AR) prévia, se
necessário com autorização por meio de uma Permissão de Trabalho, que contenha
todos os detalhes e informações sobre a atividade a ser realizada.

Quais as consequências de operar sem as normas de segurança do trabalho?


Muitos acidentes de trabalho são causados pela falsa sensação de segurança, ou seja,
quando o trabalhador pensa que está seguro, mas as medidas não foram tomadas de
forma adequada ou os equipamentos não estão em pleno funcionamento.

Segundo a Previdência Social, as consequências dos acidentes de trabalho podem ser


categorizadas por níveis de gravidade, em:

 assistência médica: o trabalhador recebe atendimento médico e retorna às


atividades;
 incapacidade temporária: o trabalhador é afastado temporariamente de suas
atividades. Nesses casos, a previdência considera um prazo de 30 dias e o
acidentado tem direito ao auxílio-acidente ou auxílio-doente;
 incapacidade permanente: o trabalhador fica incapacitado para a atividade
que exercia antes do acidente. Pode ser classificada como parcial ou total.
No primeiro caso, o trabalhador pode se aposentar por invalidez. Já no
segundo, ele poderá receber indenização pela incapacidade sofrida;
 óbito: quando o acidente laboral leva ao falecimento do trabalhador. Caso
haja dependentes, a pensão é concedida a eles.

Em caso de qualquer acidente, o Ministério do Trabalho realiza uma auditoria para


verificar as causas do ocorrido. A partir disso, são tomadas as medidas aludidas na
CLT, bem como penalidades ou multas para a empresa.

Em qualquer circunstância, um acidente de trabalho significa prejuízo para o


empresário. Seja pela indenização financeira, seja pela perda de mão de obra.

Portanto, é importante ressaltar que é dever do empregador adotar todas as normas


de segurança do trabalho cabíveis à empresa, e instruir os empregados sobre os riscos
e as medidas preventivas necessárias.

Assim, ele se reserva ao direito de punir os trabalhadores que, sem justificativa,


venham a faltar com as ordens de serviço e proteções exigidas para as atividades.

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