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C entro Universitário Unipê

Direito Processual Civil I


Prof Josivaldo Félix
Ciências Jurídicas

Matrícula: 1620016823
Manhã
Turma C

Adriana Almeida Estrela Bernardo de Oliveira

A compreensão dos artigos


180,183 e 186 dentro do princípio
da isonomia

Fevereiro
Um dos pilares centrais da mecânica da vida é o tempo. Tudo o que
fazemos pressupõe o tempo, as atividades humanas têm a necessidade de
serem demarcadas em limites temporais estritos para uma melhor forma de
organização da vida em si. Não acontece diferente com o Direito.
A jurisdição, que atua para solucionar os conflitos de interesse entre as
partes, utiliza-se do processo como um instrumento, e este é um ato que se
perdura no tempo; logo, é um dever se fixar prazos processuais, pois não é
conveniente a ninguém ficar de mãos vazias em relação a expectativa de
fazer valer um direito; de maneira igual, o direito tem prazos: “quem se
atrasa, perde o trem”.
Um dos princípios de peso do processo civil e que denota bem a noção de
tempo é o da Isonomia. A Constituição fala que todos são iguais perante a
lei e sem nenhuma distinção, isso é reconhecido como a igualdade formal,
aquela que prega o tratamento igualitário para todos, inclusive para os
diferentes; mas isso acarreta profundas injustiças. Então, para suplementar
esse fato, existi a igualdade real que é melhor expressa na seguinte máxima:
“tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua
desigualdade”. É a igualdade que analisa o fato real.
A isonomia real justifica plenamente o privilégio do prazo em dobro dado
a alguns entes que figuram no artigo 180,183 e 186, já que, como já dito, os
desiguais precisam ser tratados desigualmente para manter o equilíbrio entre
as partes. Apesar de aparentemente ser um privilégio da lei, a questão de
maiores prazos para alguns entes (MP, Fazenda e Defensoria) serve apenas
para deixa-los em pé de igualdade, tendo em vista que os supracitados entes
têm um número muito maior de processos.
Segundo a versão da isonomia formal, esse benefício processual viola o
princípio da isonomia, uma vez que é formalmente injusto equilibrar a
balança do favorecimento para um lado só, apenas, sem levar em conta o
outro, fato que fere o tratamento igualitário postulado pela Constituição.
Mas, tomando o princípio da Isonomia real, o qual tem prevalência, nem
sempre se deve tratar igualmente, em especial quando um lado é forte e o
outro é fraco, isso é, na verdade, quando ocorre, causa de profundas
injustiças criadas pela própria lei que deseja a igualdade. Na verdade, a
situação real é a visão certa a ser levada em conta, e não o formalismo
abstrato do preceito da “igualdade sem limites” que não consegue atingir a
dinâmica de algumas exceções presentes na realidade.
Donde se concluí que, analisando fatidicamente a situação dos entes, é
claramente constatado que a Fazenda, a Defensoria e o Ministério Público
estão bem mais sobrecarregados de processo em relação aos litigantes
comuns. Logo, estão em desequilíbrio na relação, sendo mais fracos; e
levando isso em consideração, não se pode dar tratamento igual ao mais forte
e ao mais fraco, devendo o tratamento ser desigual. Daí que se justifica o
benefício dos prazos, não se falando em violação ao princípio da isonomia,
mas em isonomia real.

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