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TÍTULO VI

Dos Crimes Contra a


Dignidade Sexual
Prof.º Edigardo Neto
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Dos crimes
Disposições contra a
Gerais Liberdade
Sexual

Da
exposição
Do Ultraje da
ao Pudor
Intimidade
Público Sexual

Do lenocínio e do
tráfico de pessoas Dos Crimes
para fins de Sexuais contra
prostituição ou outra Vulneráveis
forma de exploração
sexual

Disposições
Gerais
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa humana.
• Dignidade - É um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais
mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos
destinos da própria existência e da vida em comunidade com os demais seres humanos (Ingo Wolfgang
Sarlet).
• CPMI 02/2003 – Projeto de lei nº 253/2004 – Lei 12.015/2009.
• Cap I – Dos crimes contra a liberdade sexual
• Cap I – A – Da exposição da Intimidade Sexual
• Cap II – Dos crimes sexuais contra vulneráveis
• Cap III – Revogado
• Cap IV – Disposições gerais
• Cap V – Do lenocínio e do tráfico de pessoas para fins de prostituição ou outra forma
de exploração sexual
• Cap VI – Do ultraje ao pudor público
• Cap VII – Disposições gerais
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Principais alterações
• Art. 215-A (importunação sexual)
• Art. 218-C (divulgação de cena de estupro e de estupro de vulnerável, e de
sexo ou pornografia sem autorização dos envolvidos)
• §5º no art. 217-A (o consentimento e a experiência sexual do vulnerável
são irrelevantes para a caracterização do crime de estupro)
• Art. 225 (a ação penal nos crimes contra a dignidade sexual passa a ser
pública incondicionada)
• Inciso IV, do art. 226 (aumento de um a dois terços a pena das formas de
estupro coletiva e corretiva).
• Art. 234-A (causas de aumento de pena reajustadas e ampliadas)
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual

CAPÍTULO I – Dos crimes contra a Liberdade


Sexual
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Unificou, no Art. 213, as figuras do estupro e do
Estupro  atentado violento ao pudor.
Art. 213.  Constranger alguém, mediante • Violência – vis absoluta;
violência ou grave ameaça, a ter conjunção • Grave ameaça – vis compulsiva.
carnal ou a praticar ou permitir que com • O mal prometido não deve ser, necessariamente,
ele se pratique outro ato libidinoso:  injusto, como no caso do Art. 147 (ameaça).
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.  • Na expressão outro ato libidinoso estão contidos todos
os atos de natureza sexual, que não a conjunção carnal,
que tenham por finalidade satisfazer a libido do
agente.
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de
• O constrangimento feito pelo agente pode ser:
natureza grave ou se a vítima é menor de
• Ativo – Obriga a própria vítima a praticar um ato
18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:  libidinoso diverso da conjunção carnal;
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. • Passivo – A vítima permite que com ela seja
praticado o ato libidinoso diverso da conjunção
§ 2o  Se da conduta resulta morte:  carnal.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) • O marco prescricional, se o crime for realizado contra
anos criança ou adolescente, começa a correr quando a
vítima completar 18 anos – Lei nº. 12.650/12.
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Estupro  • Crime de mão própria – conduta dirigida a conjunção
carnal;
Art. 213.  Constranger alguém, mediante • Crime comum – outro ato libidinoso;
violência ou grave ameaça, a ter conjunção
• A consumação esta relacionada, no delito com
carnal ou a praticar ou permitir que com ele conjunção carnal, com a efetiva penetração do pênis
se pratique outro ato libidinoso:  na vagina, não importando se total ou parcial, não
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.  havendo, necessidade de ejaculação.
• Na segunda parte, referente a outro ato libidinoso
diverso da conjunção, a consumação se dá com o
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de próprio ato.
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 • Nas duas situações, é imprescindível a resistência
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:  séria, efetiva e sincera da mulher.

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. • Comissivo e omissivo, este através da omissão
imprópria. (Art. 13, §2º, CP).
§ 2o  Se da conduta resulta morte:  • Os resultados qualificados devem ser imputados a
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) seus agente a título de preterdolo.
anos
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Curiosidades:
Estupro 
• Consentimento da(o) ofendida(a);
Art. 213.  Constranger alguém, mediante • Resistência da vítima;
violência ou grave ameaça, a ter conjunção • Marido como sujeito ativo do estupro;
carnal ou a praticar ou permitir que com • Coação irresistível praticada por mulher;
ele se pratique outro ato libidinoso:  • Estupro por vários agentes;
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.  • Estupro de transexuais;
• Desistência voluntária;
• Médico que realiza exame de toque na vítima com intenção
§ 1   Se da conduta resulta lesão corporal de
o
libidinosa;
natureza grave ou se a vítima é menor de • Síndrome da mulher de Potifar;
18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:  • Crime impossível e impotência coeundi;
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. • Conjunção carnal e prática conjunta de outros atos libidinosos;
• Exame de corpo de delito;
§ 2o  Se da conduta resulta morte: 
• Lei dos crimes hediondos;
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) • Necessidade de contato físico;
anos • Beijo lascivo.
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A nova redação típica é uma fusão dos já não
mais existentes delitos de Posse sexual
mediante fraude e Atentado ao pudor mediante
Violação sexual mediante fraude  fraude, com a inclusão de novos elementos.
Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar • O Sujeito ativo é que pratica os atos libidinosos
outro ato libidinoso com alguém, na vítima. Se esta em virtude da fraude é
mediante fraude ou outro meio que ludibriada a praticar, em si mesma, atos sexuais,
impeça ou dificulte a livre manifestação configura-se a Atipicidade. Comportamento
de vontade da vítima:  passivo da vítima.
• É o chamado Estelionato Sexual, pois o meio
utilizado pelo sujeito ativo será a fraude ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.  outro meio que impeça ou dificulte a vontade
da vítima.
• Fraude – Maliciosa provocação ou
Parágrafo único.  Se o crime é cometido aproveitamento do erro ou engano de outrem.
com o fim de obter vantagem econômica, Contudo, a fraude não pode anular a resistência,
aplica-se também multa. sob pena de acontecer o estupro de vulnerável.
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• Dificultar – A ideia da vítima, embora
viciada, não pode ser anulada pela fraude ou
outro meio utilizado pelo sujeito ativo.
Violação sexual mediante fraude 
• Consuma-se mediante, na primeira parte,
Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar com a efetiva penetração do homem na
outro ato libidinoso com alguém, mediante mulher. Na segunda parte, há a consumação
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte quando o sujeito ativo pratica qualquer ato
a livre manifestação de vontade da vítima:  libidinoso com o sujeito passivo.
• Somente os atos capazes de atentar
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.  gravemente com a liberdade sexual é que
poderão ser reconhecidos para o tipo em
análise.
Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o
fim de obter vantagem econômica, aplica-se • Pode ser realizado pela omissão imprópria
também multa. do Art. 13, § 2º, CP.
• Se tiver o objetivo a obtenção de vantagem
econômica, aplica-se a multa.
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•Considerando a pena cominada, a infração pode ser
considerada de médio potencial ofensivo, admitindo a
possibilidade de suspensão condicional do processo.
Importunação sexual  •Em virtude da inserção deste tipo penal, a Lei
13.718/18 revoga a contravenção penal do art. 61 do
Art. 215-A. Praticar contra alguém e Decreto-lei 3.688/41 (importunação ofensiva ao
sem a sua anuência ato libidinoso com pudor).
o objetivo de satisfazer a própria •Não se pode falar, no entanto, em abolitio criminis
relativa à contravenção, pois estamos, na verdade,
lascívia ou a de terceiro:              diante do princípio da continuidade normativo-típica.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). O tipo do art. 61 da LCP é formalmente revogado, mas
seu conteúdo migra para outra figura para que a
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) importunação seja punida com nova roupagem.
anos, se o ato não constitui crime •Note-se apenas que praticar, na presença de alguém
mais grave.             menor de quatorze anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). satisfazer lascívia própria ou de outrem, caracteriza o
crime do art. 218-A do CP, punido com reclusão de
dois a quatro anos
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
•Consiste em praticar (levar a efeito, fazer, realizar)
ato libidinoso, isto é, ação atentatória ao pudor,
praticada com propósito lascivo ou luxurioso.
Importunação sexual  •O tipo exige que o ato libidinoso seja praticado
contra alguém, ou seja, pressupõe uma pessoa
Art. 215-A. Praticar contra alguém e específica a quem deve se dirigir o ato de
sem a sua anuência ato libidinoso com autossatisfação. Assim é não só porque o crime está
no capítulo relativo à liberdade sexual, da qual
o objetivo de satisfazer a própria apenas indivíduos podem ser titulares, mas também
lascívia ou a de terceiro:              porque somente desta forma se evita confusão com o
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). crime de ato obsceno.
•Com efeito, responde por importunação sexual
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) quem, por exemplo, se masturba em frente a alguém
anos, se o ato não constitui crime porque aquela pessoa lhe desperta um impulso
sexual; mas responde por ato obsceno quem se
mais grave.             masturba em uma praça pública sem visar a alguém
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). específico, apenas para ultrajar ou chocar os
frequentadores do local.
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•O preceito secundário do art. 215-A contém
subsidiariedade expressa: aplicam-se as penas da
importunação sexual se a conduta não caracteriza
Importunação sexual  crime mais grave. Por isso, a falta de anuência da
vítima não pode consistir em nenhuma forma de
Art. 215-A. Praticar contra alguém e constrangimento, que aqui deve ser compreendido
no sentido próprio que lhe confere o tipo do estupro
sem a sua anuência ato libidinoso com – obrigar alguém à prática de ato de libidinagem –,
o objetivo de satisfazer a própria não no sentido usual, de mal-estar, de situação
lascívia ou a de terceiro:              embaraçosa, ínsita ao próprio tipo do art. 215-A e um
de seus fundamentos.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). •Consuma-se o crime com a prática do ato libidinoso.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) Apesar de teoricamente possível, na prática nos
parece improvável a caracterização do conatus, pois,
anos, se o ato não constitui crime se o agente inicia a execução de qualquer ato
mais grave.             libidinoso, há de se reconhecer a consumação. Antes
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). disso, ocorrem apenas atos preparatórios.
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•O constranger (perseguir, insistir,
importunar) deste tipo tem outra
Assédio sexual conotação que não a utilização do emprego
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
de violência ou grave ameaça dos outros
obter vantagem ou favorecimento sexual, crimes. Aqui, esta ligada ao exercício de
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior emprego, cargo ou função, seja rebaixando
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de a vítima de posto, colocando-a em lugar
emprego, cargo ou função. pior de trabalho, etc.
• A finalidade é a vantagem sexual.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
• Superior hierárquico – Relação de direito
público, vale dizer, de direito
Parágrafo único. (VETADO) administrativo, não se incluindo nela as
relações de direito privado.
§ 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima • Emprego – É a relação trabalhista entre
é menor de 18 (dezoito) anos. quem emprega e quem presta serviços de
natureza não eventual, mediante salário.
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• Cargo – É o público, que significa o posto
criado por lei na estrutura hierárquica da
Assédio sexual Administração Pública, com denominação e
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
padrão de vencimento próprios.
obter vantagem ou favorecimento sexual, • Função – É a pública, significando o
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior conjunto de atribuições inerentes ao
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função.
serviço público, não correspondentes a um
cargo ou emprego.
• É crime próprio e exige que o sujeito ativo
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
se encontre na condição de superior da
vítima ou com ela tenha ascendência.
Parágrafo único. (VETADO)
• Consuma-se no momento em que ocorrem
os atos que importem em constrangimento
§ 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima para a vítima.
é menor de 18 (dezoito) anos. (o mínimo de aumento
deve ser de 1/3).
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CAPÍTULO I – A Da exposição da Intimidade


Sexual
(incluído pela Lei nº. 13.772 de 19 de dezembro
de 2018)
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL • Trata-se da análise do art. 3º da Lei Federal no 13.772 de
19 de dezembro de 2018, que se propôs a criar o delito de
exposição da intimidade sexual.
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, • O registro não autorizado, bem como a montagem
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou multimídia eram, até dezembro de 2018, condutas sem
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado tipo penal específico para retratar sua gravidade e,
sem autorização dos participantes: (incluído pela Lei portanto, exigia esforço de adaptação aos tipos penais
nº. 13.772 de 19 de dezembro de 2018) clássicos (como o constrangimento ilegal e a injúria).

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e • E se a criação originária de um tipo traz a baila a
importância do tema, por outro lado a criação de tipos
multa. (incluído pela Lei nº. 13.772 de 19 de penais confusos e inadequadamente desenhados - no
dezembro de 2018) sentido de Princípio da Taxatividade - faz com que o
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza Direito Penal não consiga aplicá-lo em sua inteireza
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer projetada e, portanto, isso enfraqueça a legitimidade
estatal em seu dever de punir.
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. • Originalmente, tratava-se de projeto de lei com a
(incluído pela Lei nº. 13.772 de 19 de dezembro de finalidade de criminalizar a pornografia de vingança ou
2018) vingança pornográfica. Tanto é assim que tanto a
justificativa do projeto de Lei quanto o Parecer SF no. 146
de 2017 apresentavam claramente a temática do PL
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CAPÍTULO II - Dos Crimes Sexuais contra


Vulneráveis
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Capítulo II • Classificação – Crime de mão própria , comum e
Estupro de vulnerável 
próprio; doloso; comissivo e omissiva (omissão
imprópria); material; de dano; instantâneo; de forma
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato vinculada e de forma livre; plurissubsistente.
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
• Determinação legal e não mais uma presunção
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.  (relativa ou absoluta).
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
• Conhecimento do sujeito ativo. Erro de tipo.
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do • Consuma-se com a penetração, no caso da conjunção
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer carnal, e com o ato, no caso de atos libidinosos.
resistência. 
• Nas formas qualificadas, o agente responde por
§ 2o  (VETADO)  preterdolo, ou seja, a qualificadora só existirá por
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:  culpa.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.  • No caso da possível aplicação de majorantes dos Arts.
§ 4o  Se da conduta resulta morte:  226 e 234-A do CP, aplica-se o Art. 68, § único do CP.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. • Segredo de justiça.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste • Pedofilia.
artigo aplicam-se independentemente do consentimento da • Erro de proibição e vítima já prostituta.
vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
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Estupro de vulnerável  • No art. 217-A pune-se o agente que tem
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato conjunção carnal ou pratica outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:  libidinoso com vítima menor de quatorze anos
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.  (caput) ou portadora de enfermidade ou
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
deficiência mental incapaz de discernimento
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência para a prática do ato, ou que, por qualquer
mental, não tem o necessário discernimento para a prática outra causa, não tenha condições de oferecer
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência (§ 1º) – pouco importando, neste
resistência. 
último caso, se a incapacidade foi ou não
§ 2o  (VETADO)  provocada pelo autor.
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
• Súmula 593-STJ: O crime de estupro de
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.  vulnerável se configura com a conjunção
§ 4o  Se da conduta resulta morte:  carnal ou prática de ato libidinoso com menor
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. de 14 anos, sendo irrelevante eventual
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste consentimento da vítima para a prática do ato,
artigo aplicam-se independentemente do consentimento da sua experiência sexual anterior ou existência
vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais de relacionamento amoroso com o agente.
anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Trata-se de uma modalidade de LENOCÍNIO,
onde o agente presta assistência à libidinagem
de outrem, tendo ou não finalidade de
Corrupção de menores  obtenção de vantagem econômica.
• Aquele que pratica o LENOCÍNIO é chamado de
Art. 218.  Induzir alguém PROXENETA. Tal prática abrange as cinco figuras
menor de 14 (catorze) anos a constantes nos Arts. 218, 218-A, 227, 228 e 229
do CP.
satisfazer a lascívia de • O núcleo INDUZIR é utilizado no sentido não
outrem:  somente de incutir a ideia na vítima, como
também de convencê-la à prática do
comportamento previsto no tipo. Esta
satisfação não impõe à vítima a prática de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 conjunção ou outro ato libidinoso, sob pena de
aplicar o tipo anterior.
(cinco) anos.  • Voyeurismo.
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• Classificação – Crime comum; próprio
quanto ao sujeito passivo; doloso;
material; de forma livre; comissivo;
Corrupção de menores  instantâneo e plurissubsistente
(possibilitando a tentativa).
Art. 218.  Induzir alguém
• Para a consumação é necessária a
menor de 14 (catorze) anos a realização, por parte da vítima, de pelo
satisfazer a lascívia de menos algum ato tendente à satisfazer a
lascívia de outrem, pois trata-se de delito
outrem:  de natureza material.
• Não requer habitualidade. Caso haja,
aplica-se o concurso de crimes, a depender
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 do caso concreto.
(cinco) anos.  • É necessário o conhecimento da idade da
vítima, caso contrário aplica-se o Art. 227,
CP.
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• Para se configurar tal tipo é preciso que o
agente esteja praticando a conjunção carnal ou
outro ato libidinoso na presença de menor de
Satisfação de lascívia mediante 14 (catorze) anos.
presença de criança ou adolescente  • O núcleo nos da a ideia de que houve o
Art. 218-A.  Praticar, na presença de convencimento do menor a presenciar os atos
sexuais.
alguém menor de 14 (catorze) anos,
• A prática dos atos sexuais pode ser tanto
ou induzi-lo a presenciar, conjunção dirigida a satisfação da sua própria lascívia,
carnal ou outro ato libidinoso, a fim como a de terceiros.
de satisfazer lascívia própria ou de • Classificação – Crime comum; próprio com
outrem:  relação ao sujeito passivo; doloso; comissivo;
de mera conduta; de perigo; de forma
vinculada e plurissubsistente (admite a
tentativa).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 • Consuma-se com a presença do menor na cena
(quatro) anos. do ato sexual.
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Favorecimento da prostituição ou outra forma de • O tipo fornece um conceito mais amplo de pessoa
exploração sexual de vulnerável  vulnerável, uma vez que inclui, na sua definição, o
Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou menor de 18 anos.
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 • Prostituição – Atividade na qual atos sexuais são
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência negociados em troca de pag., não apenas monetário,
mental, não tem o necessário discernimento para a prática mas podendo incluir a satisfação de necessidades
do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
básicas.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
• Neste tipo não há a necessidade que exista o
§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem comércio do corpo, mas que tão somente a vítima
econômica, aplica-se também multa.  seja explorada sexualmente (turismo sexual).
§ 2o  Incorre nas mesmas penas:  • No verbo facilitar temos a chamado lenocínio
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso acessório.
com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) • O erro sobre a idade da vítima poderá importar na
anos na situação descrita no caput deste artigo;  desclassificação do fato para a figura prevista no Art.
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em 228, CP.
que se verifiquem as práticas referidas no caput deste • A consumação se da com as condutas descritas.
artigo. 
• Ainda que o proprietário do local somente será
§ 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito punido se tiver conhecimento da prática desses atos
obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.
no seu estabelecimento.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Divulgação de cena de estupro ou de cena de • Têm sido comuns, já há alguns anos,
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de situações em que pessoas são
pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). surpreendidas pela divulgação de imagens
de sua intimidade na rede mundial de
Art. 218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar, computadores.
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, • Seja em decorrência de colaboração
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive involuntária da própria pessoa, que se deixa
por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou
fotografar ou filmar, ou ainda envia imagens
outro registro audiovisual que contenha cena de íntimas a alguém próximo, em caráter
estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça confidencial, e acaba surpreendida pela
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o deslealdade, seja por violação da intimidade
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou sem o conhecimento do interessado, são
pornografia:             muitos os casos envolvendo anônimos e
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). famosos que, repentinamente, veem-se
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o envolvidos na constrangedora situação de
fato não constitui crime mais grave.              ter sua intimidade exposta virtualmente a
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). bilhões de pessoas.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Divulgação de cena de estupro ou de cena de • Há ainda os casos de estupros registrados
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pelos próprios autores e depois
pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018).
divulgados, o que certamente acentua a
já gravíssima ofensa à dignidade sexual
Art. 218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar, da vítima.
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive • Um dos casos compreendendo uma
por meio de comunicação de massa ou sistema de personalidade de destaque inspirou a
informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou aprovação da Lei 12.737/12, que inseriu
outro registro audiovisual que contenha cena de no Código Penal o art. 154-A para punir a
estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça invasão de dispositivo informático.
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou Denominado informalmente “Lei Carolina
pornografia:             Dieckmann”, o diploma veio na esteira de
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). uma conduta que vitimara a conhecida
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o atriz, que teve seu computador pessoal
fato não constitui crime mais grave.              violado para a subtração e posterior
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). divulgação de fotos íntimas.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Aumento de pena • O dispositivo contém dois parágrafos.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). • No primeiro, a pena é aumentada de um a dois
§ 1º  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a terços se o crime é praticado por agente que
2/3 (dois terços) se o crime é praticado por mantém ou tenha mantido relação íntima de
agente que mantém ou tenha mantido relação afeto com a vítima, ou com o fim de vingança ou
íntima de afeto com a vítima ou com o fim de humilhação.
vingança ou humilhação.             • O segundo, traz causa excludente da ilicitude em
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). determinadas circunstâncias em que as condutas
Exclusão de ilicitude são praticadas.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). • Também não se exige qualidade especial do
§ 2º  Não há crime quando o agente pratica as sujeito passivo, mas, se a vítima mantém ou
condutas descritas no caput deste artigo em manteve relação íntima de afeto com o autor,
publicação de natureza jornalística, científica, aumenta-se a pena de um a dois terços (§1o.).
cultural ou acadêmica com a adoção de recurso • Além disso, tratando-se de vítima menor de
que impossibilite a identificação da vítima, dezoito anos, o comportamento do agente pode
ressalvada sua prévia autorização, caso seja subsumir-se ao disposto nos arts. 241 ou 241-A,
maior de 18 (dezoito) anos.             ambos do ECA, a depender das circunstâncias do
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). caso concreto.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual

CAPÍTULO IV – Disposições
Gerias
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Com a reforma de 2009, a regra passou a ser ação
penal pública condicionada, transformando-se em
pública incondicionada quando a vítima fosse:
Ação penal
• I – menor de 18 anos; ou
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Título, procede-se mediante ação penal pública • II – pessoa vulnerável.
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) • A Lei 13.718/18 altera novamente a sistemática da
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº ação penal, que passa a ser sempre pública
13.718, de 2018) incondicionada.
• Ora, a regra geral determina que os crimes são de
Aumento de pena ação penal pública incondicionada a não ser que a lei
disponha em sentido contrário. Dessa forma, teria
Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela sido de melhor técnica a simples revogação do art.
Lei nº 11.106, de 2005)
225, que se tornou absolutamente desnecessário.
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso No mais, a mudança, a nosso ver, é mais negativa do
de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei que positiva.
nº 11.106, de 2005)
• Como ponto positivo, tem-se, em primeiro lugar,
que se encerra a discussão sobre o tipo de ação
penal nos crimes agravados pelo resultado.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto • O art. 226 do Código Penal contém majorantes
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, relativas aos crimes contra a dignidade sexual.
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima • O inciso I aumenta a pena de quarta parte se o crime
ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre é cometido com o concurso de duas ou mais
ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) pessoas, ao passo que o inciso II majora de metade a
pena se o agente é ascendente, padrasto ou
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de • A Lei 13.718/18 inseriu no dispositivo o inciso IV (o
2018) III já havia sido revogado pela Lei 11.106/05), que
aumenta de um a dois terços a pena nas formas
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; coletiva e corretiva do estupro.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
• A forma coletiva se caracteriza pelo concurso de
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de dois ou mais agentes; a corretiva é cometida com o
2018) propósito de controlar o comportamento social ou
b) para controlar o comportamento social ou sexual sexual da vítima.
da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
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CAPÍTULO V – Do Lenocínio e do Tráfico de


Pessoas para fins de Prostituição ou outra
forma de Exploração Sexual
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Mediação para servir a lascívia de outrem • Também é alcançado pelo crime chamado de
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: LENOCÍNIO.
Pena - reclusão, de um a três anos. • Por satisfazer a lascívia de outrem, tem-se que
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 entender qualquer comportamento, de
(dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, natureza sexual, que tenha por finalidade
descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou realizar os desejos libidinosos de alguém, seja
curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
educação, de tratamento ou de guarda:
com ele praticando atos sexuais, seja tão
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) somente permitindo que o sujeito pratique com
a vítima, ou mesmo que esta os realize, nela
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
própria, ou no agente que a induziu, a fim de
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, serem vistos por terceira pessoa que se satisfaz
grave ameaça ou fraude:
com vouyer.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
correspondente à violência. • Para a sua consumação é necessária a
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
realização de algum ato tendente a satisfazer a
também multa. lascívia alheia .
• O delito em questão não se encontra dentre
aqueles tipos que requerem a habitualidade
para a sua realização.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Favorecimento da prostituição ou outra forma de • Embora seja atípico o comportamento de se
exploração sexual  prostituir, a lei reprime aqueles que, de alguma
Art. 228.  Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma contribuem para a sua existência,
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar punindo os proxenetas, cafetões, rufiões, ou
que alguém a abandone:  seja, todos os que lucram com o comércio
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  sexual.
§ 1o  Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, • Tem-se por consumado este tipo, quando
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ocorrem as condutas descritas e a vítima
ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:  efetivamente, dá início ao comércio carnal.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. • Neste tipo exige-se o contato físico para a
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, realização da descrição em abstrato.
grave ameaça ou fraude: • O termo “outra forma de exploração sexual”,
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena nos dá a ideia de que para a aplicação deste
correspondente à violência. crime requer-se a habitualidade.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Se, porventura, o terceiro desconhecer a
finalidade ilícita do local para o qual
contribui para a sua manutenção, o fato,
para ele, será atípico, por ausência de dolo.
Casa de prostituição
• A moralidade pública sexual ó o bem
Art. 229.  Manter, por conta própria ou jurídico protegido por este artigo.
de terceiro, estabelecimento em que • Embora seja considerado um crime
ocorra exploração sexual, haja, ou não, habitual, a consumação ocorre com a
intuito de lucro ou mediação direta do inauguração do lugar em que ocorre a
proprietário ou gerente: exploração sexual. Além de ser habitual, é
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2 também permanente, com toda a
009) construção característica da permanência.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e • Em virtude de ser um crime habitual, a
maior parte da doutrina não acredita na
multa. prisão em flagrante.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• A expressão TIRAR PROVEITO possui natureza econômica,
e não sexual e pode ocorrer mediante duas situações
Rufianismo distintas.
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando • Na primeira o agente participa diretamente dos lucros da
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo prostituição alheia (da proteção, organiza atividades
ou em parte, por quem a exerça: daquele que se prostitui),
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.        • Na segunda, conhecida como rufianismo passivo, ele não
§ 1o  Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 participa diretamente, mas somente se faz sustentar por
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, quem a exerce, é o famoso gigolô, normalmente amante
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, da prostituta.
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou • A consumação se dá com o efetivo aproveitamento, desde
por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de que seja com uma característica duradoura, vale dizer, não
cuidado, proteção ou vigilância:  eventual.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.  • Na primeira qualificadora, deve se provar que a idade era
§ 2o  Se o crime é cometido mediante violência, grave de conhecimento do agente. Na segunda, deverá ser
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a aplicada a regra do concurso material de crimes, ou seja,
livre manifestação da vontade da vítima:  deverá ser o agente responsabilizado pelo delito bem
como pela violência utilizada, por exemplo.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da
pena correspondente à violência. • Aqui o Cafetão atua de forma habitual, já o Proxeneta atua
de forma a intermediar os interesses sexuais de terceiro.
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Art. 231. (Revogado pela Lei Art. 231. (Revogado pela Lei
nº 13.344, de 2016) (Vigência) nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 231-A. (Revogado pela Art. 231-A. (Revogado pela
Lei nº 13.344, de 2016) Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência) (Vigência)
Art. 232 - (Revogado pela Art. 232 - (Revogado pela
Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 12.015, de 2009)
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Promoção de migração ilegal • A Lei nº 13.445/17, com vigência
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter programada para o dia 20 de novembro de
vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em
território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: 2017, revoga o Estatuto do Estrangeiro para
Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência instituir a Lei de Migração. Dentre suas
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. disposições, o art. 115 acrescenta ao Código
Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência Penal o art. 232-A, tipificando como crime a
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer promoção de migração ilegal.
meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de
estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em • o crime de promoção de migração ilegal não
país estrangeiro. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 tem conotação sexual e não se confunde, de
Vigência
forma alguma, com o tráfico de pessoas
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço)
se: Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência para exploração sexual, que antes da Lei nº
I - o crime é cometido com violência; ou Incluído pela Lei nº
13.344/16 fazia parte do mesmo Capítulo.
13.445, de 2017 Vigência • Trata-se, simplesmente, de viabilizar a
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. entrada no território brasileiro de
Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
estrangeiro que não cumpre os requisitos
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo legais estabelecidos na própria Lei de
das correspondentes às infrações conexas. Incluído pela Lei
nº 13.445, de 2017 Vigência Migração.
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CAPÍTULO VI
Do Ultraje ao Pudor Público
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• Esse ato pode ser levado a efeito de diversas
Ato obsceno formas, sempre legadas à expressão
corporal do agente. São portanto, as
Art. 233 - Praticar ato obsceno em expressões corporais do agente, com
lugar público (todos têm acesso), ou conotação sexual, que podem se configurar
aberto (embora com alguma restrição, no delito de ato obsceno.
o acesso é permitido) ou exposto • Conceito normativo – Depende,
(embora podendo ser considerado obrigatoriamente, de um juízo de valor para
privado, é devassado a ponto de que possa ser compreendido.
permitir que as pessoas presenciem o • O princípio da adequação social poderá
que nele se passa) ao público: auxiliar o intérprete, servindo como
termômetro que identifica o pudor médio.
• São regras e princípios consuetudinários
Pena - detenção, de três meses a um que darão conteúdo ao pudor.
ano, ou multa. • A consumação se dá no momento da prática
do ato em público (formal).
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
• O bem jurídico protegido é o pudor
Escrito ou objeto obsceno
público.
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de • Pode-se entender no sentido de a
exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
qualquer objeto obsceno: moralidade pública com conotação
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. sexual.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: • O delito se consuma com a prática de
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer qualquer dos comportamentos
dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
previstos no artigo.
representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter
obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo
• Admiti-se a forma tentada.
caráter;
• O princípio da adequação social não
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. pode ser usado como neutralizador.
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual

CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
CAPÍTULO VII • Com relação à gravidez, pelo de ter
DISPOSIÇÕES GERAIS acontecido em virtude de ato
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
violento, o juízo de censura sobre a
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
conduta do autor do estupro deverá
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:
ser maior, aumentando-se a pena no
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) terceiro momento do critério trifásico
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de aplicação da pena.
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; • No caso do § seguinte, para que
(Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) ocorra a majorante, há necessidade
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à
vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria de que a doença tenha sido,
saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
efetivamente, transmitida à vítima
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste
que, para efeitos de comprovação,
Título correrão em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº deverá ser submetida a exame
12.015, de 2009)
Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de
pericial.
2009)
01. (Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) Marque a alternativa
correta do ponto de vista legal.
a) No crime de estupro, aumenta-se a pena de metade se resultar a gravidez da
vítima.
b) Luiz, delegado de polícia civil, lotado em uma determinada delegacia de polícia,
deixou, por indulgência, de responsabilizar o inspetor Amâncio após tomar
conhecimento de que este teria praticado uma determinada infração. Nesse
contexto, pode-se afirmar que o delegado praticou, em tese, o crime de
condescendência criminosa.
c) No crime de incêndio, aumenta-se a pena em dois terços se o delito for
praticado em galeria de mineração.
d) Aquele que dolosamente retém documento de identidade de terceira pessoa
responde pelo delito de supressão de documento.
e) No crime de Falsa Identidade, o agente não apresenta nenhum documento de
identidade para se identificar.
02. ( Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) A profissional do sexo Gumercinda
atende a seus clientes no local onde reside juntamente com seu filho Joaquim de dez anos. O
local é bastante exíguo, tendo pouco mais de quinze metros quadrados, onde existem apenas
um quarto e um banheiro, ficando a cama onde Joaquim dorme ao lado da cama da mãe. Em
uma determinada madrugada, Gumercinda acerta um “programa sexual” com Caio e o leva
até sua casa. Durante o ato sexual, Joaquim acorda e presencia tudo, sem que Gumercinda ou
Caio percebam que ele está assistindo à cena. No dia seguinte, Joaquim vai para a escola e
conta o fato a um amigo, o qual, por sua vez, relata a história para Joana, sua mãe. Esta,
abismada com a história, procura a delegacia do bairro e narra os fatos acima descritos.
Diante desta situação hipotética, assinale a alternativa correta do ponto de vista legal.
a) Gumercinda e Caio responderão pelo delito de satisfação de lascívia mediante a presença de
criança ou adolescente.
b) Gumercinda e Caio não cometeram nenhum crime.
c) Gumercinda e Caio praticaram exploração sexual de criança ou adolescente.
d) Gumercinda e Caio praticaram crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
e) Apenas Gumercinda responderá pelo delito de satisfação de lascívia mediante a presença de
criança ou adolescente.
03. ( UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia) Sobre os crimes contra a
liberdade sexual e os crimes sexuais contra vulnerável, previstos no Código
Penal, verifica-se que
a) a corrupção de menores (artigo 218 do Código Penal) é crime hediondo.
b) em regra, o estupro (artigo 213) se processa mediante ação penal privada.
c) no estupro (art. 213), a qualificadora do § 2º só incide se o resultado morte for
doloso.
d) a ação penal é pública incondicionada para os crimes sexuais contra vulnerável
(Capítulo II do Título VI).
e) segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a existência de
relacionamento amoroso entre agente e vítima pode descaracterizar o crime de
estupro de vulnerável (artigo 217-A).

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