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Agradecimentos especiais à Professora Doutora Guiomar Namo de Mello

pela contribuição na consultoria e na produção de conteúdo para este glossário.

Curadoria: Gerência de Currículo e Avaliação

SOMOS Educação l Kroton Educacional


Sumário
1. Sobre este glossário ..................................................................................................................... 6
2. Sobre a BNCC................................................................................................................................. 7
3. Igualdade e equidade (BNCC – dois princípios) ................................................................... 8
3.1 Regime de colaboração........................................................................................................... 9
3.1.1 Estrutura e gestão ................................................................................................................ 9
3.1.1.1 Autonomia dos sistemas de ensino e das instituições escolares ......................... 10
3.1.1.2 Governo federal (União) .................................................................................................. 11
3.1.1.3 Governo estadual ............................................................................................................... 11
3.1.1.4 Governo municipal ............................................................................................................ 12
3.1.1.5 Organização do sistema educacional ........................................................................... 12
3.1.1.6 Rede privada........................................................................................................................ 13
3.1.2 Etapas da Educação Básica.............................................................................................. 13
3.1.2.1 Educação Infantil................................................................................................................ 14
3.1.2.2 Ensino Fundamental – Anos Iniciais ............................................................................. 14
3.1.2.3 Ensino Fundamental – Anos Finais ............................................................................... 14
3.1.2.4 Ensino Médio ....................................................................................................................... 14
3.1.3 Formas de organização da escola .................................................................................. 14
3.1.4 Legislação ............................................................................................................................. 15
3.1.4.1 Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ................................................................. 15
3.1.4.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) .................................................................. 15
3.1.4.3 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI) ........................ 15
3.1.4.4 Educação de Jovens e Adultos (EJA) ............................................................................ 15
3.1.4.5 Educação Indígena ............................................................................................................. 16
3.1.4.6 Educação Quilombola ....................................................................................................... 16
3.1.4.7 Educação Rural ................................................................................................................... 16
3.1.4.8 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ............................................................. 16
3.1.4.9 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) ............................................................. 16
3.1.4.10 Lei nº 13.415/2017 – Novo Médio ............................................................................ 17
3.1.4.11 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1997 e 1998 .............................. 17
3.1.4.12 Plano Nacional de Educação (PNE) .......................................................................... 17
3.1.5 Modalidades ........................................................................................................................ 18
3.1.5.1 Educação a Distância (EAD) ............................................................................................ 18
3.1.5.2 Educação de Jovens e Adultos (EJA) ............................................................................ 19
3.1.5.3 Educação Escolar Indígena .............................................................................................. 19
3.1.5.4 Educação Especial .............................................................................................................. 19
3.1.5.5 Educação Quilombola ....................................................................................................... 20
3.1.5.6 Educação Rural/do Campo .............................................................................................. 20
3.1.5.7 Presencial ............................................................................................................................. 20
4. Educação integral ....................................................................................................................... 21
4.1 Direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento ........................................ 22
4.1.1 Desenvolvimento cognitivo e socioemocional ......................................................... 23
4.1.1.1 Dez competências gerais ................................................................................................. 24
4.1.1.1.1 Conhecimento ................................................................................................................ 25
4.1.1.1.2 Pensamento científico, crítico e criativo ................................................................ 25
4.1.1.1.3 Repertório cultural........................................................................................................ 25
4.1.1.1.4 Comunicação................................................................................................................... 26
4.1.1.1.5 Cultura digital ................................................................................................................. 26
4.1.1.1.6 Trabalho e projeto de vida .......................................................................................... 26
4.1.1.1.7 Argumentação ................................................................................................................ 27
4.1.1.1.8 Autoconhecimento e autocuidado ........................................................................... 27
4.1.1.1.9 Empatia e colaboração ................................................................................................. 27
4.1.1.1.10 Responsabilidade e cidadania ............................................................................... 28
5. Currículo........................................................................................................................................ 29
5.1 Organização curricular ......................................................................................................... 30
5.1.1 Organização por temas e objetos de conhecimento ............................................... 30
5.1.2 Organização por eixos ...................................................................................................... 31
5.2 Componente ............................................................................................................................ 31
5.3 Conteúdos ................................................................................................................................ 31
5.4 Conceito .................................................................................................................................... 32
5.4.1 Conceitos básicos, fundamentais ou estruturantes ................................................ 32
5.4.2 Conceitos e fazeres científicos, conceitos e procedimentos................................. 33
5.5 Conhecimento ......................................................................................................................... 33
5.5.1 Mobilização de conhecimento ....................................................................................... 34
5.5.2 Organização do conhecimento ...................................................................................... 34
5.5.3 Fontes balizadas de informação e conhecimento .................................................... 35
5.5.4 Construção do conhecimento ........................................................................................ 35
5.5.5 Progressão do conhecimento ......................................................................................... 36
5.6 Aprendizagem significativa ................................................................................................. 37
5.6.1 Contextualização ............................................................................................................... 37
5.6.2 Experiências significativas e contextualizadas ......................................................... 38
5.7 Projeto de vida ........................................................................................................................ 38
5.8 Itinerários formativos ........................................................................................................... 39
5.8.1 Itinerários integrados ....................................................................................................... 39
6. Estrutura da BNCC ..................................................................................................................... 40
6.1 Direitos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil ...................... 40
6.2 Progressão ................................................................................................................................ 40
6.3 Campos de experiência......................................................................................................... 41
6.4 Áreas do conhecimento ........................................................................................................ 42
6.5 Competência ............................................................................................................................ 43
6.5.1 Competências específicas de área ................................................................................ 44
6.5.2 Competências específicas de componentes .............................................................. 44
6.5.3 Competências gerais ......................................................................................................... 46
6.6 Eixos ........................................................................................................................................... 46
6.7 Unidades temáticas ............................................................................................................... 47
6.8 Objetos de conhecimento .................................................................................................... 48
6.9 Habilidades............................................................................................................................... 49
7 Referências ................................................................................................................................... 50
1. Sobre este glossário

Este glossário foi desenvolvido pela SOMOS Educação/Kroton Educacional em


parceria com a Professora Doutora Guiomar Namo de Mello e apresenta
definições dos conceitos presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
a fim de fomentar o debate sobre essa política educacional.

6
2. Sobre a BNCC

A BNCC é uma política educacional que visa orientar: a formulação dos currículos
escolares e das propostas pedagógicas; a avaliação; a formação de professores; e
a produção de material didático. Tendo como fundamento pedagógico o
desenvolvimento de competências, essa política deve ser seguida por todas as
escolas públicas e privadas de Educação Básica do país.

A seguir, confira os conceitos que fundamentaram a redação da BNCC.

VALORES
Da República: supremacia do bem comum.
Da democracia: direito de expressão e respeito às diferenças.
Da justiça social: direitos da pessoa humana.

Princípios norteadores da educação escolar brasileira:


Estético/político/ético

Qualidade, equidade e igualdade

BNCC e os currículos

Desenvolvimento de
Educação integral competências cognitivas e
socioemocionais

7
3. Igualdade e equidade (BNCC – dois princípios)

Igualdade

 O que faz?
Garante o direito de aprender de todos e define as aprendizagens
essenciais que os estudantes devem desenvolver.
 Para que serve?
Para promover o ingresso e a permanência de todos em uma escola de
Educação Básica de qualidade.

Equidade

 O que faz?
Reconhece que as necessidades dos estudantes são diferentes.
 Para que serve?
Para reverter a situação de exclusão histórica.

Igualdade: consiste em tratar as pessoas Equidade: consiste em tratar de forma


como iguais, independentemente de diferente aqueles que não se

quão diferentes elas sejam. encontram em situação de igualdade.

8
3.1 Regime de colaboração

 O que faz?
Determina a colaboração entre as três esferas do governo: a União; os
estados e o Distrito Federal; e os municípios.
 Para que serve?
Para superar a fragmentação das políticas educacionais, alinhar políticas e
ações (como a formação de professores, a avaliação, a elaboração de
conteúdos educacionais, os critérios de oferta de infraestrutura) e garantir
um patamar comum de aprendizagem a todos os estudantes.

3.1.1 Estrutura e gestão

Dizem respeito à forma como se estruturam os sistemas de ensino da Educação


Básica e a quem cabe a gestão.

9
3.1.1.1 Autonomia dos sistemas de ensino e das
instituições escolares

 O que é?
A LDB define que a organização da educação nacional se dá em regime de
colaboração entre os entes federados, cabendo à União coordenar a
política nacional e exercer função normativa, redistributiva e supletiva.
Já aos estados, municípios e Distrito Federal e seus respectivos sistemas
de ensino, cabe a liberdade de organização.
 Para que serve?
Para garantir igualdade e equidade educacional a todos os brasileiros, com
uma política educacional nacional; e dar autonomia aos sistemas, para que
construam seus currículos, e às escolas, para que construam suas
propostas pedagógicas, que devem vir de encontro às necessidades, às
possibilidades e aos interesses de seus estudantes.

10
3.1.1.2 Governo federal (União)

Coordena a política nacional, exerce função normativa (cria as normas),


redistributiva (distribui as verbas de forma equitativa) e supletiva (complementa)
na educação, devendo prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios.

União
Assistência técnica e financeira

Estados Distrito Federal Municípios

3.1.1.3 Governo estadual

Os estados e o Distrito Federal são responsáveis pelo Ensinos Fundamental e


Médio.

Estados Distrito Federal

Ensino Fundamental e
Ensino Médio

11
3.1.1.4 Governo municipal

Os municípios têm a função educacional de atuar na Educação Infantil e no Ensino


Fundamental.

Municípios

Educação Infantil e Ensino


Fundamental

3.1.1.5 Organização do sistema educacional

A organização do sistema educacional brasileiro ocorre por meio dos sistemas de


ensino da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

União
Assistência técnica e financeira

Estados Distrito Federal Municípios

Ensino Fundamental e Educação Infantil e Educação


Ensino Médio Ensino Fundamental Superior

12
3.1.1.6 Rede privada

As instituições de Educação Infantil, Ensino Fundamental e/ou Médio, criadas e


mantidas pela iniciativa privada, integram os sistemas estadual e/ou municipal.

Rede privada

Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio

Sistemas estadual
e/ou municipal

3.1.2 Etapas da Educação Básica

A Educação Básica é composta pelas seguintes etapas: Educação Infantil, Ensino


Fundamental (Anos Iniciais e Finais) e Ensino Médio.

13
3.1.2.1 Educação Infantil

A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. A LDB considera que a


creche contempla crianças de até 3 anos, já a pré-escola é direcionada às crianças
de 4 a 5 anos. Na BNCC, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
divididos nos seguintes grupos de idade:

 Bebês (zero a 1 ano e 6 meses).


 Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses).
 Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).

3.1.2.2 Ensino Fundamental – Anos Iniciais

Compreende a primeira fase do Ensino Fundamental: 1º, 2º, 3º, 4º e 5º anos.

3.1.2.3 Ensino Fundamental – Anos Finais

Compreende a segunda fase do Ensino Fundamental: 6º, 7º, 8º e 9º anos.

3.1.2.4 Ensino Médio

Etapa final da Educação Básica, tem duração mínima de três anos.

3.1.3 Formas de organização da escola

A BNCC não define as formas como a escola deve se organizar. Conforme o art.
23 da LDB, a escola tem liberdade para a organização escolar, atendendo ao
interesse do processo de aprendizagem.

14
3.1.4 Legislação

A BNCC está pautada em diversas leis e normas nacionais, além de se


fundamentar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

3.1.4.1 Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, institui e orienta a


implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada
obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da
Educação Básica.

3.1.4.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)

A Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, define as Diretrizes Curriculares


Nacionais Gerais para a Educação Básica.

3.1.4.3 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação


Infantil (DCNEI)

A Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, fixa as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Infantil.

3.1.4.4 Educação de Jovens e Adultos (EJA)

A Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000, estabelece as Diretrizes


Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.

15
3.1.4.5 Educação Indígena

A Resolução nº 5, de 22 de junho de 2012, define as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.

3.1.4.6 Educação Quilombola

A Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012, define as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica.

3.1.4.7 Educação Rural

A Resolução CNE/CEB 1, de 3 de abril de 2002, institui as diretrizes operacionais


para a Educação Básica nas escolas do campo.

3.1.4.8 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente e dá outras providências.

3.1.4.9 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)

A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. É a lei maior da educação brasileira.

16
3.1.4.10 Lei nº 13.415/2017 – Novo Médio

A Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, institui a política de fomento à


implementação de escolas de Ensino Médio em tempo integral.

3.1.4.11 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de


1997 e 1998

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade


para a educação no Ensino Fundamental em todo o país.

3.1.4.12 Plano Nacional de Educação (PNE)

A Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, aprova o Plano Nacional de Educação


(PNE) e dá outras providências.

17
3.1.5 Modalidades

A BNCC descreve que os currículos dos sistemas de ensino devem contemplar


todas as modalidades de ensino previstas na LDB e demais diretrizes da Educação
Básica. O documento enfatiza a necessidade de adequar as proposições da BNCC
(aprendizagens essenciais) à realidade local, considerando a autonomia dos
sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o
contexto e as características dos alunos.

Destaca, ainda, que a equidade pressupõe que se reverta os quadros históricos de


exclusão de determinados grupos, como: os povos indígenas originários, as
populações das comunidades remanescentes de quilombos e demais
afrodescendentes, as pessoas que não puderam estudar ou completar sua
escolaridade na idade própria e os alunos com deficiência.

3.1.5.1 Educação a Distância (EAD)

É o ensino no qual o aluno pode assistir às aulas de forma remota (gravada) ou em


tempo real, mediado por tecnologias diversas, como computadores, tablets e
smartphones.

A LDB define que o Ensino Fundamental será presencial, podendo o Ensino a


Distância ser utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais.

Quanto ao Ensino Médio, a EAD fica a critério dos sistemas de ensino (estadual,
distrital e municipal), podendo estes firmar convênios com instituições de
Educação a Distância para a oferta de formação com ênfase técnica e profissional.

18
3.1.5.2 Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Destina-se àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos


Ensinos Fundamental e Médio na idade própria. Além dos cursos, os sistemas de
ensino devem oferecer exames para o Ensino Fundamental aos maiores de 15
anos e de Ensino Médio aos maiores de 18 anos.

3.1.5.3 Educação Escolar Indígena

Destina-se à população indígena e, de acordo com a BNCC, deve:

[...] assegurar competências específicas com base nos princípios da coletividade,


reciprocidade, integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem
desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais reconhecidas nos currículos
dos sistemas de ensino e propostas pedagógicas das instituições escolares.
Significa também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus projetos
educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus valores e princípios
pedagógicos próprios (em consonância com a Constituição Federal, com as
Diretrizes Internacionais da OIT – Convenção 169 e com documentos da ONU e
Unesco sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais como:
construir currículos interculturais, diferenciados e bilíngues, seus sistemas
próprios de ensino e aprendizagem, tanto dos conteúdos universais quanto dos
conhecimentos indígenas, bem como o ensino da língua indígena como primeira
língua. (BRASIL, 2018, p. 17-18)

3.1.5.4 Educação Especial

Destina-se aos educandos com deficiências e deve ser oferecida


preferencialmente na rede regular de ensino. Tem os mesmos objetivos da
Educação Básica, porém, prevê atendimento diferenciado conforme as
necessidades individuais dos estudantes. (Lei Brasileira de Inclusão – LBI, também
chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146/2015.)

19
3.1.5.5 Educação Quilombola

Destina-se às populações quilombolas rurais e urbanas em suas mais variadas


formas de produção cultural, social, política e econômica. Deve ser ofertada por
estabelecimentos de ensino localizados em comunidades reconhecidas pelos
órgãos públicos responsáveis.

Para entender mais sobre o que é quilombola, acesse o Portal da Fundação


Joaquim Nabuco.

3.1.5.6 Educação Rural/do Campo

Destina-se à população rural. Cabe aos sistemas de ensino promover as


adaptações necessárias para a sua adequação às peculiaridades da vida rural e de
cada região.

3.1.5.7 Presencial

É o ensino convencional, no qual estão presentes o aluno e o professor.

20
4. Educação integral

Em seu texto, a BNCC compreende a educação integral como o direito da


formação e desenvolvimento global do estudante. Esse desenvolvimento pleno é
complexo, não linear e compreende tanto o desenvolvimento cognitivo como o
socioemocional (que são inseparáveis).

A Base reforça, ainda, a necessidade de atender aos diversos interesses dos


estudantes, superando a fragmentação disciplinar dos conteúdos, favorecendo a
conexão entre eles e adequando-os ao contexto real do estudante.

É importante frisar que a BNCC não trata de “escola em tempo integral”, ela trata
de “educação integral”.

O conceito de educação em tempo integral difere do de educação integral. O


primeiro refere-se a um modelo no qual o estudante permanece na escola o dia
inteiro e não apenas um período. A educação integral, por sua vez, corresponde à
formação global do estudante: cabeça, coração e mente.

21
4.1 Direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento

Conforme a legislação educacional, trata-se do que os estudantes devem


aprender na Educação Básica, em cada ano, garantindo um conjunto de
conhecimentos comuns (essencial) e um conjunto de competências, para que
tenham a capacidade de mobilizar e aplicar o conhecimento dentro de seu
contexto. O objetivo é nortear os currículos dos sistemas estaduais, distrital e
municipais.

A Constituição de 1988 prevê a formulação de conteúdos mínimos para o Ensino


Fundamental. Isso foi reforçado pela LDB em 1996, que estabelece as
competências e as diretrizes para a Educação Básica. Além disso, o Plano Nacional
de Educação (PNE) de 2014 afirma que há a necessidade de “diretrizes
pedagógicas para a Educação Básica e a base nacional comum dos currículos, com
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para
cada ano do Ensino Fundamental e Médio” (BRASIL, 2014, [s.p.]), sempre em
regime de colaboração entre os estados, Distrito Federal e municípios.

22
4.1.1 Desenvolvimento cognitivo e socioemocional

O desenvolvimento cognitivo contempla os processos mentais pelos quais o


indivíduo adquire conhecimento. Envolve, por exemplo, linguagem, memória,
atenção, criatividade, abstração e resolução de problemas. A partir da
aprendizagem, esses processos se ampliam e se adaptam a novos contextos. Por
exemplo: um estudante que aprendeu a ordenar na Educação Infantil ampliará
essa habilidade quando aprender as ordens numéricas nas séries iniciais,
compreendendo melhor as dezenas, centenas, etc.

No desenvolvimento socioemocional também estão incluídos os processos


mentais que o indivíduo desenvolve ao longo da vida. Envolve processos que vão
desde o conhecimento de si mesmo e de seus sentimentos até o reconhecimento e
o relacionamento com o outro e a coletividade. Pressupõe o desenvolvimento de
habilidades que o estudante necessita para criar relações, tomar decisões
pessoais e coletivas de maneira positiva. Está presente, por exemplo, em
habilidades de autoconhecimento, consciência social, tomada de decisões
responsáveis, persistência e foco. E, assim como as cognitivas, vão se ampliando
ao longo da vida

23
Embora tratados aqui de forma distinta, é importante ressaltar que o
desenvolvimento do estudante é global/integral. Os desenvolvimentos cognitivo
e socioemocional não ocorrem separadamente. A cognição está intrinsecamente
ligada à emoção. Sem emoção não é plausível que um estudante resolva, por
exemplo, um problema em seu grupo ou que posteriormente dê uma resposta a
um problema social. Da mesma forma, sem um conjunto de processos cognitivos,
é pouco provável que o sujeito tome decisões assertivas sobre sua própria vida ou
consiga emitir um juízo de valor sobre determinada questão. Por isso, a BNCC
enfatiza a importância da educação integral.

Na Base, os processos cognitivos estão descritos nas habilidades. Cada habilidade


traz em si um processo cognitivo (uma intenção) a ser desenvolvida pelo
estudante (ver “Habilidades, p. 49”).

Por fim, destaca-se que a BNCC e os currículos “reconhecem que a educação tem
um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas
dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica” (BRASIL,
2018, BNCC, p. 16).

4.1.1.1 Dez competências gerais

Na base, as 10 competências gerais reúnem tanto os processos cognitivos quanto


os processos socioemocionais, expressos em habilidades . Assista ao vídeo BNCC
– As 10 competências gerais, publicado no canal Undime SC, no YouTube,
em 6 março de 2018.

24
4.1.1.1.1 Conhecimento

 O que: valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos


sobre o mundo físico, social, cultural e digital.
 Para: entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar
para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

4.1.1.1.2 Pensamento científico, crítico e criativo

 O que: exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria


das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade.
 Para: investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

4.1.1.1.3 Repertório cultural

 O que: valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das


locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
 Para: fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-
cultural.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

25
4.1.1.1.4 Comunicação

 O que: utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como


Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como
conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica.
 Para: expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

4.1.1.1.5 Cultura digital

 O que: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e


comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
práticas sociais (incluindo as escolares).
 Para: comunicar-se, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

4.1.1.1.6 Trabalho e projeto de vida

 O que: valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-


se de conhecimentos e experiências.
 Para: entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade,
autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

26
4.1.1.1.7 Argumentação

 O que: argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.


 Para: formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões
comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9).

4.1.1.1.8 Autoconhecimento e autocuidado

 O que: conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional.


 Para: compreender-se na diversidade humana e reconhecer suas emoções
e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 10).

4.1.1.1.9 Empatia e colaboração

 O que: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação.
 Para: fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 10).

27
4.1.1.1.10 Responsabilidade e cidadania

 O que: agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,


flexibilidade, resiliência e determinação.
 Para: tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 10).

28
5. Currículo

Currículo é entendido como todas as atividades e experiências das crianças e


jovens que resultam nas aprendizagens estabelecidas para uma etapa da
escolaridade. Mais do que a definição das aprendizagens essenciais, o currículo,
tomando a BNCC como referência, inclui todas as decisões sobre:

 A organização e o tratamento dos conteúdos para atender às necessidades


e às características dos alunos e às demandas da realidade social e cultural
na qual eles estão vivendo.
 As metodologias para ensinar os conteúdos e as estratégias para colocar
em ação o ensino e a aprendizagem em sala de aula.
 Os recursos didático-pedagógicos para orientar alunos e professores
(equipamentos, materiais impressos, recursos virtuais, entre outros).
 As necessidades de educação continuada dos professores e as
providências para torná-la acessível aos que dela precisarem.
 O sistema de avaliação do processo de ensino e de aprendizagem no nível
da escola, bem como os usos dos resultados da avaliação.

Assim, enquanto a BNCC é a definição das aprendizagens essenciais que todo


aluno deve desenvolver, ou seja, estabelece os pontos de chegada, o currículo é
tudo o que deve ser mobilizado e realizado pela escola para que essas
aprendizagens sejam efetivamente alcançadas. Assim, ele estabelece o que deve
feito ao longo do percurso escolar1 para alcançar os pontos de chegada com
sucesso.

1
“Currículo” vem do latim curriculus, de scurriere – caminho a percorrer, corrida, lugar onde se corre.
(Fonte: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_curriculo.htm. Acesso em: 30
abr. 2019.)

29
5.1 Organização curricular

A organização curricular consiste em formas de organização que imprimam um


determinado sentido ao ensino e à aprendizagem, de acordo com a concepção
filosófica e curricular adotada. A BNCC propõe dois tipos de organização
curricular: organização por temas e objetos de conhecimento; e organização por
eixos.

5.1.1 Organização por temas e objetos de conhecimento

É a forma adotada pela BNCC que organiza o conteúdo por unidade temática, ou
seja, adota como critério organizador o conteúdo a ser aprendido para promover
competências e habilidades. Cada unidade temática inclui dois ou mais objetos de
conhecimento. As unidades temáticas de um componente, Ciências, por exemplo,
são as mesmas ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental.

Os objetos de conhecimento mudam em progressão de ano para ano. Isso fica


claro a partir da observação da manutenção de três unidades temáticas em
Ciências durante o Ensino Fundamental. (Confira esse exemplo nas páginas de
332 a 341 e de 344 a 351 da BNCC.)

30
5.1.2 Organização por eixos

O termo eixo é empregado como critério organizador do currículo, que quase


sempre se refere a conteúdos agrupados de acordo com tipos de atividades e
situações de aprendizagem ou uma finalidade específica. Veja mais em Estrutura
da BNCC, neste Glossário.

Eixos

Eixo estruturante Eixo organizador


(Educação Infantil e (Linguagens)
Ensino Médio)

5.2 Componente

A BNCC adota o termo componente, e não disciplina, para dar mais flexibilidade
aos desenvolvedores de currículos nos estados, municípios ou escolas
particulares e para favorecer o desenvolvimento de projetos ou atividades
interdisciplinares.

A flexibilidade do termo componente facilita a interdisciplinaridade e a criação de


estudos ou práticas que envolvem conteúdos não convencionais.

5.3 Conteúdos

Os conteúdos formam parte dos currículos. É para enfatizar essa missão


formativa da escola que a BNCC prefere utilizar o termo conteúdos curriculares em
lugar de conhecimentos curriculares, para que se possam abranger valores, crenças
e concepções.

31
5.4 Conceito

É dado o nome de conceito à abstração que se forma a partir da experiência com


um objeto. Isto é, no processo de aprendizagem, que envolve sempre um sujeito e
um objeto, o sujeito se apropria do objeto com objetivos ligados à sua
sobrevivência ou aos seus interesses e curiosidades; essa apropriação se dá no
momento em que o pensamento do sujeito representa esse objeto e a essa
representação se dá o nome de conceito. Enquanto o objeto é concreto, o
conceito, por ser uma criação do pensamento, é abstrato e, por isso, aplicável a
todos os outros objetos com as mesmas características. O aluno pode ter um
conceito simples de paisagem; mas a experiência que o estudo de geografia
proporciona pode levá-lo a uma compreensão muito mais rica de paisagem, por
exemplo, paisagem de litoral e paisagem urbana; paisagem natural e paisagem
modificada pela ação humana.

5.4.1 Conceitos básicos, fundamentais ou estruturantes

Na BNCC, o termo conceito refere-se às abstrações ou unidades de pensamento


que constituem os conhecimentos e valores previstos nos conteúdos curriculares.
Em cada área curricular existem conceitos básicos ou fundamentais: são aquelas
abstrações que de certa maneira definem a identidade de uma área de
conhecimento ou de um conteúdo curricular transversal. Esses conceitos são
também chamados de estruturantes, porque, além de definirem a identidade de
uma área, também são indispensáveis para organizar ou estruturar todo o seu
conteúdo.

Um mesmo conceito é entendido de modo singular em cada área: identidade tem


sentidos diferentes na biologia e nas ciências humanas; energia, na psicologia,
refere-se a um tipo de fenômeno diferente daquele que é estudado na física. Os
conceitos fundamentais de uma área ou disciplina recortam as prioridades do
ensino e da aprendizagem na escola e por essa razão estão presentes na BNCC.

32
5.4.2 Conceitos e fazeres científicos, conceitos e
procedimentos

Para o ensino e a aprendizagem dos conteúdos curriculares é relevante que se


considere, junto à aprendizagem do conceito, aquilo que o aluno precisa aprender
a fazer no processo de construção do conceito. Na BNCC, os termos conceitos e
procedimentos são empregados para identificar o que o aluno deve fazer para
construir uma abstração, para produzir um conhecimento ou resolver um
problema. Em todas essas situações, não basta saber o conceito; é preciso saber
como chegar a ele, qual o caminho metodológico pelo qual o objeto é abstraído
para criar uma representação (conceito) que tenha validade para todos os demais
objetos com as mesmas características.

Assim, é de grande relevância que o processo de construção do conceito seja


acompanhado de um exercício sobre o procedimento envolvido, porque essa
aprendizagem é essencial para transferir o conhecimento para uma situação nova,
para aplicar o conhecimento e para refletir sobre o próprio processo mental da
aprendizagem.

5.5 Conhecimento

O termo conhecimento é, em grande medida, utilizado pela BNCC na expressão


objeto de conhecimento, ver p. 48. Ao currículo, porém, cabem algumas outras
definições, a saber: mobilização de conhecimento; organização do
conhecimento; fontes balizadas de informação e conhecimento; construção do
conhecimento; e progressão do conhecimento.

33
5.5.1 Mobilização de conhecimento

Essa expressão refere-se ao processo central pelo qual o pensamento opera para
dar ao sujeito condições de resolver problemas, transferir o que aprendeu para
situações novas, ouvir e argumentar de modo eficaz e eficiente, propor soluções,
fazer escolhas, entre as incontáveis ações do repertório da experiência humana.

Por essa razão é um grande equívoco afirmar que tomar a competência como
referência do processo de ensino e de aprendizagem é diminuir a importância do
conteúdo, porque a competência só pode se apresentar se houver conhecimento
para mobilizar e motivação para fazer isso acontecer.

5.5.2 Organização do conhecimento

A atividade intelectual procura organizar o conhecimento do modo como melhor


ele explica a realidade. Esse esforço ao longo de séculos resultou na organização
das áreas de conhecimento hoje existentes, as mesmas que organizam a BNCC e
outros currículos escolares pelo mundo. Todo currículo é um recorte dessa
cultura artística, científica, cultural e espiritual acumulada ao longo da história.

As áreas de conhecimento contemplam:

 Saberes que permitem a expressão e a comunicação não apenas dos


conhecimentos, mas também dos sentimentos, dos sentidos, das sensações
(Linguagens).
 Saberes que abrem as portas do funcionamento do universo, da natureza e
da vida (Ciências da Natureza).
 Saberes que lidam com as quantidades (Matemática).
 Saberes que buscam entender as coisas humanas (Ciências Humanas e
Sociais).

34
5.5.3 Fontes balizadas de informação e conhecimento

À organização do conhecimento estão associadas incontáveis atividades de


observação e investigação; coleta, organização, análise e interpretação de dados;
levantamento e verificação de hipóteses; confirmação ou revisão do que se sabe a
respeito de um assunto; enfim, toda atividade para ampliar, aprofundar e validar o
conhecimento. São essas atividades que distinguem o conhecimento dito vulgar,
baseado apenas na experiência e na vivência, do conhecimento científico,
considerado uma fonte balizada. Um conhecimento pode partir de uma
experiência isolada e levar, ao longo do tempo, a um saber fundamentado na
observação e confirmado por meio de evidências objetivas.

A evidência é a principal forma de imprimir ao conhecimento um caráter de


confiabilidade para servir como guia de ação, de indicador de direção ou decisão a
seguir, isto é, pode servir como uma fonte balizadora para o conhecimento. Mas,
para ser plenamente confiável, um conhecimento deve poder sempre ser negado
ou desconfirmado. Quando uma previsão econômica não acerta, o conhecimento
ou a teoria na qual ela se baseou é falseada e dependerá de novas confirmações.
Da mesma forma, é preciso testar muitas vezes até afirmar que um remédio é
eficiente na cura de determinada enfermidade. Quando isso dá errado, a teoria
fica abalada e deverá ser novamente testada.

5.5.4 Construção do conhecimento

Esse processo de construção do conhecimento parte de um problema, de uma


situação a ser explicada. Logo, o sujeito busca essa explicação em sua experiência
anterior e, quando não encontra, inicia um processo de observação, reflexão e
confrontação com o problema. Processos cognitivos de observação, indução,
dedução, generalização, confirmação ou não confirmação vão sendo praticados
até que um conhecimento se consolide.

35
A construção do conhecimento é importante para o currículo porque o ensino, na
perspectiva da BNCC, é também uma maneira de incentivar os alunos a passarem
por um processo equivalente àquele praticado por estudiosos que se dedicam à
construção de um conteúdo curricular. Isso deveria ser um dos objetivos da
prática curricular nas Ciências, nas Linguagens, na Arte, na Matemática: fazer o
aluno refletir sobre as afirmações, questioná-las e buscar suas próprias
confirmações, além de repousar esse processo em um trabalho que seja coletivo,
no qual as reflexões se completem ou se questionem.

5.5.5 Progressão do conhecimento

Na área do currículo, a progressão do conhecimento indica uma maneira de


organizá-lo para ser aprendido de acordo com o desenvolvimento de quem vai
aprender. Conhecer a psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem é
importante por esta razão: é preciso que os conteúdos curriculares se apresentem
numa progressão que seja compatível com o nível de desenvolvimento cognitivo,
social e emocional dos alunos e, além disso, que levem em conta as diferenças
individuais que existem no grau de maturidade de cada um deles.

É indispensável que as atividades associadas às situações de aprendizagem, às


sequências didáticas e outras estratégias didático-pedagógicas sejam também
adequadas para a faixa etária a que se destinam. Assim, não devem ser nem tão
difíceis a ponto de serem quase inacessíveis nem tão fáceis que provoquem tédio
ou desmotivação.

36
5.6 Aprendizagem significativa

Para que as aprendizagens conduzam às competências e habilidades, como


propõe a BNCC, é fundamental que os conteúdos do currículo façam sentido para
os alunos, que sejam entendidos, assumidos, internalizados e armazenados para
serem aplicados na compreensão e solução de novos problemas. O resultado
desse processo é a aprendizagem significativa.

5.6.1 Contextualização

A contextualização é o movimento pedagógico pelo qual os conteúdos


curriculares são tratados de modo que o aluno, ao entender a conexão entre esses
conteúdos e a realidade ou o contexto em que ele está vivendo, aprenda-os de
maneira significativa, para que o aprendido faça sentido. O contexto é tudo aquilo
que está presente na vida dos alunos: suas experiências pessoais; a faixa etária e a
etapa de desenvolvimento em que se encontram; o meio imediato em que vivem e
com o qual partilham condutas, símbolos e valores; o universo de mensagens,
informações e códigos que diariamente os alcançam; as tendências e modismos do
tempo que eles habitam. O contexto não é necessariamente o aqui e agora; pode
ser próximo ou longínquo, pode ser o passado e o que se projeta para o futuro.
Contextualização e aprendizagem significativa, portanto, estão intimamente
associadas como dois lados de uma mesma moeda.

37
5.6.2 Experiências significativas e contextualizadas

Referem-se às atividades de alunos e professores com o objetivo de “chamar” o


contexto para a situação de aprendizagem dos conteúdos curriculares. Podem ser
um problema a ser resolvido, um acontecimento ou uma característica do meio
ambiente, um costume ou tradição local. O contexto em si não promove a
aprendizagem significativa. Esta dependerá do modo como o professor fertilizará
os elementos presentes no contexto com os conhecimentos e valores propostos
pelo currículo e como avaliará se as competências e habilidades foram
aprendidas.

5.7 Projeto de vida

A expressão “projeto de vida” é recorrentemente empregada pela BNCC do Ensino


Médio e representa a educação em que o estudante ocupa papel de protagonismo.
Neste sentido, a organização curricular deverá levar em consideração uma formação
em sintonia com o percurso e a história dos estudantes, tanto no que diz respeito ao
estudo e ao trabalho quanto no que diz respeito às escolhas de vida. Portanto, é
necessária uma formação contínua que prese pela autonomia do aluno, que o
proporcione as aprendizagens necessárias para a leitura da realidade, o
enfrentamento dos novos desafios da contemporaneidade (sociais, econômicos e
ambientais) e a tomada de decisões éticas e fundamentadas, ou seja, conduza-o ao
encontro de seu projeto de vida.

38
5.8 Itinerários formativos

Itinerário formativo é o nome recebido pela formação de arranjos curriculares


relevantes para o contexto local e a possibilidade do sistema de ensino. Os
itinerários formativos atuarão na composição do currículo do Ensino Médio,
unidos à BNCC (LDB, art. 36; ênfases adicionadas). A BNCC irá compor 1800h
curriculares máximas no Ensino Médio, configurando a formação básica que inclui
os estudos e práticas das novas DCNs. Os itinerários formativos serão
responsáveis por 1200h curriculares, no mínimo, de modo a complementar a
formação proposta pela Base. Saiba quais são os itinerários formativos, a seguir.

Essa estrutura adota a flexibilidade como princípio para a organização curricular. O


detalhamento dos itinerários é prerrogativa dos diferentes sistemas, redes e escolas.

5.8.1 Itinerários integrados

São aqueles que combinam mais de uma área do conhecimento, que podem ou
não ser completados por formação técnica e profissional.

39
6. Estrutura da BNCC

De acordo com o texto da própria BNCC, ela “está estruturada de modo a


explicitar as competências que os alunos devem desenvolver ao longo de toda a
Educação Básica e em cada etapa da escolaridade, como expressão dos direitos de
aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes” (BRASIL, 2018, p. 23).

6.1 Direitos de aprendizagem e desenvolvimento da


Educação Infantil

Na BNCC, são contemplados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento na


Educação Infantil:

 Conviver.
 Brincar.
 Participar.
 Explorar.
 Expressar.
 Conhecer-se.

6.2 Progressão

É a forma como os conteúdos e suas respectivas habilidades são apresentados na


BNCC, em uma sequência baseada no desenvolvimento cognitivo e
socioemocional desde a Educação Infantil até o final do Ensino Médio.

40
6.3 Campos de experiência

Para que as crianças possam aprender e se desenvolver no decorrer da Educação


Infantil, a BNCC propõe cinco campos de experiência:

 O eu, o outro e o nós.


 Corpo, gestos e movimentos.
 Traços, sons, cores e formas.
 Escuta, fala, pensamento e imaginação.
 Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Cada campo de experiência está organizado em um quadro com três colunas, uma
para cada grupo de idade. Os objetivos propostos para os três grupos abordam o
mesmo aspecto, porém vão sendo ampliados, conforme exemplo a seguir.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas Crianças pequenas (4
meses) (1 ano e 7 meses a 3 anos a 5 anos e 11
anos e 11 meses) meses)

Explorar sons Criar sons com Utilizar sons produzidos


produzidos com o materiais, objetos e por materiais, objetos e
próprio corpo e com instrumentos musicais, instrumentos musicais
objetos do ambiente. para acompanhar durante brincadeiras de
diversos ritmos de faz de conta,
música. encenações, criações
musicais, festas.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 26).

41
6.4 Áreas do conhecimento

Na BNCC, os componentes curriculares estão organizados em áreas do


conhecimento, que têm como objetivo integrar dois ou mais componentes do
currículo, fortalecendo as relações entre eles para que melhor se possa
compreender a complexa realidade e atuar nela.

No Ensino Fundamental, as áreas são:

 Linguagens.
 Matemática.
 Ciências da Natureza.
 Ciências Humanas.
 Ensino Religioso.

No Ensino Médio, as áreas apresentam maior complexidade, segundo as


demandas dessas etapa de escolarização. São elas:

 Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes e


Educação Física).
 Matemática e suas Tecnologias (Matemática).
 Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia).
 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Sociologia e
Filosofia).

42
6.5 Competência

No texto da BNCC, competência é descrita como “a mobilização de


conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL,
2018, p. 8).

43
6.5.1 Competências específicas de área

No Ensino Fundamental, a BNCC trata de cinco áreas do conhecimento:


Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino
Religioso.

No Ensino Médio, conforme previsto na LDB, as áreas de conhecimento são


quatro: Linguagem e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências
da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Para cada área, foram estabelecidas competências específicas, que devem ser
desenvolvidas ao longo da escolaridade. Essas competências específicas explicitam
como as competências gerais podem ser desenvolvidas/exploradas em cada área.

6.5.2 Competências específicas de componentes

Algumas áreas são compostas de mais de um componente. No Ensino


Fundamental, Linguagens contempla Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e
Língua Inglesa; e Ciências Humanas contempla Geografia e História. Por essa
razão, além das competências específicas das áreas, foram definidas as
competências dos componentes. Essas competências específicas garantem a
articulação horizontal (ou seja, entre os componentes da mesma área) e vertical
(progressão entre todos os segmentos, ao longo da escolaridade do estudante).

44
Articulação horizontal do currículo no mesmo ano de escolaridade
(Os componentes se articulam na mesma área/componente)

Articulação vertical do currículo na mesma área ou componente curricular


(Os segmentos/séries se articulam de forma progressiva)

No Ensino Médio, a organização por áreas não exclui os componentes, mas


considera, sim, sua integração. Os componentes de Língua Portuguesa e
Matemática, pela Lei nº 13.415/2017, são obrigatórios nos três anos do Ensino
Médio. Por essa razão, esses componentes têm um conjunto de habilidades
detalhadas, mas não seriadas.
45
6.5.3 Competências gerais

São as dez competências gerais previstas na BNCC, que estão presentes nos três
segmentos da Educação Básica e estão relacionadas a uma série de habilidades e
conteúdos, que vão se ampliando ao longo das séries.

6.6 Eixos

O termo eixos aparece na BNCC segundo duas acepções, a saber: eixo


estruturante e eixo organizador.

Eixos

Eixo estruturante Eixo organizador

46
6.7 Unidades temáticas

No Ensino Fundamental, os conteúdos estão organizados em unidades temáticas,


que, por sua vez, incluem dois ou mais objetos de conhecimento. Estes
desdobram-se em um conjunto de habilidades. Observe o exemplo no quadro a
seguir.

CIÊNCIAS – 1º ANO
UNIDADES OBJETOS DE HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Vida e evolução Corpo humano (EF01CI02) Localizar,
Respeito à diversidade nomear e representar
graficamente (por meio de
desenhos) partes do corpo
humano e explicar suas
funções.
(EF01CI03) Discutir as
razões pelas quais os
hábitos de higiene do corpo
(lavar as mãos antes de
comer, escovar os dentes,
limpar os olhos, o nariz e as
orelhas etc.) são
necessários para a
manutenção da saúde.
(EF01CI04) Comparar
características físicas entre
os colegas, reconhecendo a
diversidade e a importância
da valorização, do
acolhimento e do respeito
às diferenças.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 29).

47
6.8 Objetos de conhecimento

No Ensino Fundamental e no Ensino Médio, os quadros de organização das


habilidades trazem para cada componente um conjunto de objetos de
conhecimento. Esses objetos são compreendidos como conteúdos, conceitos e
processos, que, por sua vez, são organizados em unidades temáticas. Observe um
exemplo no quadro a seguir.

MATEMÁTICA – 1º ANO
UNIDADES OBJETOS DE HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Álgebra Padrões figurais e (EF01MA09) Organizar e
numéricos: investigação ordenar objetos familiares ou
de regularidades ou representações por figuras,
padrões em sequências. por meio de atributos, tais
como cor, forma e medida.
Sequências recursivas: (EF01MA10) Descrever, após
observação de regras o reconhecimento e a
utilizadas em seriações explicitação de um padrão (ou
numéricas (mais 1, mais regularidade), os elementos
2, menos 1, menos 2, por ausentes em sequências
exemplo). recursivas de números
naturais, objetos ou figuras.

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 278-279.)

Respeitando as muitas possibilidades de organização do conhecimento escolar, as


unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do
Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes
curriculares.

No Ensino Médio, o objeto do conhecimento considera as características do


alunado, as aprendizagens promovidas no Ensino Fundamental e as
especificidades e demandas dessa etapa da escolarização.

48
6.9 Habilidades

Segundo a BNCC, “as habilidades expressam as aprendizagens essenciais que


devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL,
2018, p. 29).

As habilidades envolvem a associação entre as operações mentais, os conteúdos e


o contexto em que devem ser trabalhados. Portanto, todas as habilidades estão
redigidas na BNCC conforme esta estrutura:

Fonte: adaptado da BNCC (BRASIL, 2018, p. 29).

49
7 Referências

BNCC – As 10 competências gerais. [S.l.: s.n.], 2018. 1 vídeo (6 min 4 s). Publicado
pelo canal Undime SC, em 6 março de 2018. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=pq0ieMDrHr8. Acesso em: 14 maio 2019.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de


Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União: Seção 1,
Brasília, DF, edição extra, p. 1, 26 de junho de 2014. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm.
Acesso em: 14 maio 2019.

BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394, de 20


de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de
1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de
Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Diário
Oficial da União: Brasília, DF, p. 1, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm.
Acesso em: 14 maio 2019.

BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria Executiva; Secretaria de Educação


Básica; Conselho Nacional de Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília, DF: MEC; Secretaria Executiva; Secretaria de Educação Básica; Conselho
Nacional de Educação, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a


base. Brasília, DF, [entre 2017 e 2019]. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 16 maio 2019.

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