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Athos Aramis
capítulo 1
Cena 1.a
A
cre, 24 de dezembro de 1999. 05h50min.
Milena: — Brandão, se acalma pelo amor de Deus não faz isso homem, eu
estou grávida. Não precisa você me matar, por que eu não vou agüentar,
não faz besteira Brandão, não faz besteira!!
Brandão: — Eu não vou machucar sua barriga, você acha que eu sou burro
como você? Não Milena, eu tirei você da rua e te dei uma vida que com
tua família você nunca teria, por que você não tem ninguém.
Milena: — Não Brandão, não faça nada. Por favor! — falou chorando e
soluçando muito.
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E os olhos dele, demonstraram um nível de maldade que não lhe deixava
escapar nem uma sombra de humanidade. Seus olhos malvados enchiam-se
de veias e avermelhavam-se, como o demônio. Foi com esse olhar que ele
encarou Milena ao falar. O que ele ouviu foi o silencio da noite, e o
canto dos grilos. Naquele instante tudo fez sentido. Milena voltou a
um par de anos atrás, quando conheceu outra faceta dele.
Um homem caridoso que a tirou da rua no ano em que sua mãe havia morrido. Ele a
acalentou e não se conformou com estado em que a encontrou. Estendeu sua mão branca,
grande, bonita e perguntou.
Brandão: — Você não tem pra onde ir menina? Como é seu nome?
Ela o olhou por um instante, e o vento soprou seu cabelo em meio o castanho dos seus
olhos.
Milena: — Milena senhor. Minha mãe faleceu, e eu não tenho mais parentes por aqui.
Nós somos do interior, mas não temos mais parentes por lá pela minha terra.
Ele se compadeceu daquela dor e seu coração o pressionou, não hesitou nem um momento
em pensar para falar.
Brandão: — Venha comigo, tenho como cuidar de você, te dar comida, e um emprego,
você aceita?
Milena viu seus olhos tão sofridos, pensou o que poderia levar uma
pessoa ter reações como aquelas, que vivenciou nos últimos minutos.
Queria saber qual a procedência de tanto ódio, mas antes que pudesse
terminar seu pensamento, ele gritou estrondeante, assustando-a desta
vez por completo.
Brandão: — Responda sua galinha, você sabe por que vai morrer?
Milena: — Brandão, eu não fiz nada, você ta enganado, seja lá quem for
que disse isso pra você, está mentindo.
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Brandão: — Mentira Milena, mentira, sua puta, vagabunda!! É assim que
você gosta?
Ele começou a esbofetear com as duas mãos a cara de Milena que gritava
enlouquecida, não aguetava mais aquela situação.
Cena 2.a
06h13min.
Almeida: — Mãe, to ouvindo uns gritos, penso que algo está acontecendo
na mata, a senhora ta ouvindo também?
Dona Lora: — Meu filho eu to sim, mas achei que era coisa da minha
cabeça. Tá me dando uns arrepios, acredito que não seja boa coisa meu
filho, Deus nos defenda.
Dona Lora: — De jeito nenhum Almeida, você ta doido? Não tem que se
meter nesses tipos de coisa. Pode ser coisa séria e você não vai
gostar de saber o que aconteceu com quem está gritando dentro da mata!
Não vá Almeida, eu proíbo você, ta me escutando?
Mas quando dona Lora se virou para levar os copos que usavam para
tomar café, Almeida se aproveitou da oportunidade, pegou a estoupa e a
espingarda e saiu rápido, para que dona Lora não o visse. Ele saiu em
direção a entrada da trilha que levava ao interior da mata. Almeida
conhecia bem a parte da mata onde costumava caçar e então se sentia
seguro e habituado ao local. Ele continuou ouvindo os gritos e seu
instinto o levou até a direção do barulho.
Cena 1.b
Brandão: — Eu fiz de tudo por você Milena, você ficava com chatices,
não queria que eu olhasse pra mulher nenhuma, e era o que eu fazia por
você. Eu te amo Milena, você é o amor da minha vida. Naquele dia que
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eu te encontrei no velório da sua mãe, achei você tão linda, eu era
mais jovem, tinha 16 anos mas não tinha duvida que estava apaixonado,
você era a menina mais linda de todas na minha vista. Meu pai tinha
condições, eu sabia que ele não deixaria de fazer nada do que eu
pedisse. Por isso eu mudei tua vida, vivi pra você esses nove anos
achado que você sentia a mesma coisa que eu. Mas saiba você que as
pessoas têm dois lados, e o meu amor por você, não muda em nada,
apesar do que acontecer — ele falou tudo isso calmamente, como em uma
conversa de irmão, mas mexendo muito as mãos, apertando os dedos e
chorando lentamente, aquele era ele mesmo — sabe Milena, eu pensei que
era uma pessoa e confiei nessa tal pessoa por muito tempo, precisei
apenas de alguns segundos de realidade para cair na real e saber que
aquela pessoa não existia.
06h18min.
Brandão a olhou com desconfiança. Mas o tom da voz. Ele conhecia o tom
da voz dela, e aquele era de quem falava a verdade. Olhou-a atônito e
com os olhos marejados. Por um segundo, ele teve a impressão de que
ela realmente falava a verdade. Mas será?
Cena 2.b
Nesse momento, Almeida chegou com sua espingarda por trás dos arbustos
da mata e avistou o movimento dentro da cabana. Resolveu que iria
ficar vendo o que tava acontecendo, dependendo do caso ele apareceria
e colocaria um fim na situação, mas por precaução, agachou-se por trás
das folhas e ficou vendo o que acontecia, só não poderia escutar bem,
por que estava a uma distancia que não favorecia a escuta.
Cena 1.c
Brandão: — Eu sou esperto Milena, tu me fode com um cara feio, menos
rico do que eu, e pequeno, o que ele tem que eu não tenho? Um pauzão?
Meu pau não é grande do jeito que tu gosta?
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tempo e arremessou contra cabeça de Brandão que imediatamente se
enfureceu e pegou seu machado em um piscar de olhos, golpeando-a de
forma avassaladora com um machado afiado que dilacerou o lado esquerdo
de sua cabeça, espirrando seu sangue por todas as direções.
06h58min.
E ele a atingiu várias vezes como seu machado, e gritava como louco,
estava com sua roupa branca toda vermelha de sangue, inteiro coberto
de sangue, uma visão macabra e infernal, como se não fosse humano,
como se não houvesse sentimentos por dentro, desfigurando-a por
completo e decepando sua cabeça de seu tronco, de forma que só se
podia saber que aquela era Milena, por conta da roupa que usava e da
barriga de grávida. Milena já estava no mês de ganhar. Ele soltou o
machado, ajoelhou-se e chorou como uma criança, seu coração também
morreu, junto de sua amada. Milena.
Cena 2.c
Almeida: — Meu Deus do céu acode minha nossa senhora!
Cena 1.d
Quando Brandão ouviu o barulho do tiro, sentiu uma ardência repentina
no braço, passou a mão e quando olhou, estava sangrando. Olhou para
trás, com cara de demônio, sabendo que agora alguém tinha visto o que
tinha feito, seus olhos de fúria voltaram, e ele pegou seu machado e
saiu na direção de trás, por onde sentiu o tiro que pegou de raspão.
Quem será que tinha bisbilhotado sua vida? Pois certamente irá morrer
também. Saiu furioso, entrou na mata no rumo de trás da cabana pra ver
quem estava lá, encontrou só uma bainha de terçado de madeira, que ele
colocou na cintura.
Cena 2.d
Almeida pegou suas coisas e todo atrapalhado levantou-se e começou a
correr, cortando as plantas com seu terçado para abrir caminho. Mas
que medo ele estava sentindo, nunca havia visto algo como aquilo. Quem
era aquele cara? A mulher ele já tinha visto, mas será de onde?
Cena 3.a
10h00min.
Marcos: — Moço, a bolsa dela estourou, meu carro melou inteirou, mas
isso não importa, ela ta aqui na beira do meio fio deitada no chão se
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contorcendo de dor, eu não tenho muito tempo de falar, vocês têm que
chegar logo, por favor!
Atendente: — Tudo bem senhor, estamos enviando uma vitura do samu para
socorrê-los. Aguarde alguns minutos e mantenha a calma, tente deixar
sua esposa tranqüila também, pronto a viatura já foi encaminhada, eles
chegarão o mais breve possível.
Marcos realmente parecia ser de outra dimensão, não sabia o que fazer,
como deveria agir. Só Deus na causa. Quando ele ouviu um barulho de
sirene, e pensou que era o socorro, mas era a policia, que parou no
local e imediatamente começaram os primeiros socorros a Marisa.
Marcos: — Meu amor, eu vou com você pra maternidade, vou ficar com
você.
Marisa: — Amor, acho que vai acontecer uma coisa ruim, meu Deus do céu
Marcos, eu não to bem.
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Marisa não deixou marcos terminar de falar, deu uma profunda fungada
de choro e exaltou a voz.
Marcos: — Marisa, para com isso meu amor, a gente vai ficar juntos por
muito tempo ainda, isso é coisa da sua cabeça. Para com isso.
Cena 4.a
Marlenilda: — Menino sai de casa, fica só na frente dessa televisão.
Vai brincar lá fora, fazer algo que faça você movimentar esse seu
corpinho, sua mente, de forma saudável!
Alison fez que nem escutou sua mãe e se acomodou no sofá de forma
esparramada. Sua mãe que limpava os moveis, pegou o controle da
televisão e desligou.
Alison: — Mãe não, eu estava assistindo Dragon Balls, você não fez
isso.
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harmônico. Só por isso ela pensou no caso de poder ficar sozinha na
sala para organizar as coisas.
Marlenilda: — Vai Alison, pode brincar, mas não vai pra muito longe,
ta bom?
Alison, saiu correndo porta a fora e passou direto pelo corredor das
plantinhas do papai, mas ops, ele voltou em macha ré por que algo o
havia chamado atenção. E sua expressão era de suspense, por que está
tão triste?
Alison: — plantinha, eu não sei o seu nome, mas meu pai vai chegar
feliz e você não pode ficar assim hoje. Eu vou dar água pra você. Me
espera, eu volto já!!
Mas ele correu e não deu a mínima para ela. Marlenilda, voltou a
limpar um elefante abajur que tinha sido de sua avó, e lustrava o
bibelô como um tesouro, mas quanto valor sentimental ele desperta
nela.
seus olhos inundam-se em lágrimas que não caem, quando lembra de sua vózinha linda,
dona de casa, mãe de 10 filhos, sete homens e três mulheres, esposa de seu Abílio de
Lemos, professora alfabetizadora que formou muitos profissionais, senhora dos
temperos que sabia cozinhar tão bem e tinha a melhor galinha caipira de todas. Mulher
integra e religiosa, tinha muitos precei... e alison, voltou correndo com o
regador transbordando, molhando todo o chão, Marlenilda voltou do seu
devaneio.
Mas alison, mais uma vez a ignorou e seguiu correndo. Chegando perto
da porta de entrada, que dava para o corredor das plantinhas do papai,
tinha um vaso inglês, em cima da estante. Cheio de coléus coloridos e
robustos. Aquele vaso sortudo, ficou em choque quando Alison esbarrou
na estante. O vaso, coitado, balançou de um lado para o outro,
Marlenilda, abriu a boca em total surpresa e Alison, ficou olhando
tudo acontecer com um ar de inocência. O vaso, balançou para esquerda,
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para direita e em câmera lenta, caiu lindamente naquele chão
brilhante, ficando todo espatifadinho, terra para todo lado e os
coléus, coitados. Marlenilda, não teve palavras, depois daquele
barulho que fez ela fechar os olhos e os cães latirem, seus olhos
pegaram fogo e quando ela abriu a boca para dizer a, Alison saiu
correndo e a deixou sozinha. Saiu correndo como um pé de vento e
encontrou novamente uma vidinha triste. Mas do que depressa, ele aguou
a plantinha com muita ambulância, viu que aquilo era bom e se sentiu
bem, seus olhos ficaram felizes, pois sabia que aquela água era
especial, e seu coração se encheu de alegria, mas
Cena 5.a
13h30min.
Foi correndo por ali com o pulguinha, que quando Nina ia chegando na
parte da frente de casa, viu um homem falando com sua mãe, e ela
colocou as mãos no rosto e balançou a cabeça, nina no mesmo instante
se escondeu encostando-se na parede, para que ninguém notasse sua
presença e segurou pulguinha para que ele não aparecesse também.
Olhava de canto de olho pela quina da parede e viu o homem falando
baixinho, e sua mãe parecia que estava chorando, colocando as mãos no
rosto e dizendo coisas que ela não podia escutar por conta da
distancia e seu coração começou a apertar, duvidas surgiram em sua
cabecinha. Mas o que poderia estar acontecendo para que a mamãe
começasse a chorar naquele dia, com aquele cheiro de bolo, era pra ela
ta feliz. E esse homem grande, quem será quem que é? O que será que
eles estão conversando? Nesse momento, pulguinha latiu e começou a
lamber nina, que imediatamente o segurou, ela viu quando o homem e sua
mãe olharam para o lado, querendo saber quem estava lá, viu que o
homem veio em direção aonde ela estava e depressa, correu. O homem
andou um pouco e quando chegou no corredor viu apenas o cachorro na
grama, se lambendo, e então deu as costas, saiu andando em direção a
sua mãe. Ele não viu nina por que a menina subiu no pé de manga e se
escondeu atrás dos arbustos bem quietinha, deixando pulguinha no chão
que começou a se lamber. Ficou ali em cima da arvore, em um lugar
estratégico, onde ela podia ver o homem e sua mãe até de um ângulo
melhor, e eles não podiam a ver.
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O homem voltou pra perto de Rosimeire e continuou a falar, balançava
os braços e ria, ao contrario de sua mãe que continuava de cabeça
baixa, e falando quase nada. De repente o homem pegou no braço de sua
mãe e a balançou pra lá e pra cá, assustando-a muito, mas por que esse
homem está judiando da mamãe? A mãe dela parecia chorar ainda mais e
com as mãos no rosto mais uma vez balançou a cabeça em sinal de não. O
homem passou a mão no terno, balbuciou algo que pelo gesto parecia um
boa tarde e saiu pelo portão, lá de cima da árvore, nina viu o carro e
quando o homem entrou nele. Quando ele começou a andar, nina esperou
virar a esquina para descer da arvore. Imediatamente, ela desceu e
saiu correndo em direção a sua mãe, que ainda estava parada chorando,
diminuiu o passo para não ser notada por Rosimeire.
Cena 4.b
Marlenilda: — Alison, mas o que foi aquilo? Eu nem preciso dizer que
você ta de castigo, não é?
Marlenilda: — Me fala, me fala o que foi que aconteceu que você passou
correndo molhando tudo, derrubou o vaso do seu pai, você está
encrencado rapazinho. Mas me fala, pra que essa água?
Alison: — Mãe eu só queria molhar essa plantinha, por que ela estava
tão tristinha, eu achei que se o papai chegar feliz hoje, e visse a
plantinha assim, não iria mais ficar tão feliz assim.
Alison: — Mas mãe, você disse que eu podia. E o vaso quebrado não é
pior que a plantinha murcha.
Marlenilda: — É sim Alison. A plantinha você deu água pra ela, mas e o
vaso, como é que você vai grudar?
Alison, viu que não tinha como vencer aquela e abaixou o olhar mais
uma vez, já chorando de novo.
Marlenilda: — Bora Alison vai pro teu quarto, pensar um pouco. Você
tem que me obedecer!
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E Alison, começou a chorar bem alto e saiu correndo, tropeçando no
regador e molhando o chão todo. Saiu correndo aos prantos, como se
alguém o tivesse batido. Sem dúvidas era um menino de muita
personalidade. Sua mãe ficou só olhando o jeito daquele menino. Meu
Deus.
Cena 2.e
09h14min.
Aquele homem de branco, por que de branco? Todo ensangüentado, aquela moça que
morreu, ele pode ver bem o rosto dela, a mulher branca, mulher do dentista. E os
olhos dele se abriram de espanto, ao pensar que aquele homem, poderia
ser o Brandão. Dr. Atônio Brandão, o dentista de fora que morava na
cidade, mas o que? Não, não poderia ser possível. Almeida ainda
tremendo, levantou-se, e desembarcou de seus pensamentos, afim de ir
embora para casa. Ele iria pensar muito em como contar o acontecido
para a mãe, mas aquele susto não passava. Por mais que ele tentasse
tudo o que ele via era o dentista matando a própria mulher grávida.
Nunca tinha visto nada daquele jeito acontecer antes. Almeida pegou
suas coisas, e começou a andar, queria chegar logo em casa e se
deitar, tudo aquilo havia acabado em uma grande dor de cabeça. E foi
andando devagar, como se nada tivesse acontecido. Por um segundo,
andando com sua espingarda pendurada nas costas, o facão na mão
direita e um semblante abatido, Almeida pareceu ter esquecido tudo por
um momento, mas a todo segundo, seu pensamento só lembrava que não
tinha como contar o que viu nem para sua mãe, nem para o pessoal. Como
ele ia contar pros caras que deu tudo errado?
Mas quando foi se levantar, juntou seu facão que caiu ao lado dele,
mas uma vertigem escureceu seus olhos e Almeida pos as mãos nos olhos,
e sentou no chão da trilha. Ele chorou como uma criança com medo,
esfregando as mãos nos olhos. Quando fez que ia se levantar novamente,
um homem veio correndo, e esbarrou em Almeida, que quase sentou de
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novo, mas se equilibrou e continuou em pé, quando levantou o rosto, o
maior susto do dia, que fez Almeida levatar todo o seu corpo e
encarar, e olhar o assassino. Brandão apareceu correndo da trilha e
esbarrou em Almeida, que tentava o esquecer. Agora estavam armados
como pavões. Brandão, todo de branco, sujo de sangue até nos olhos,
segurando seu machado na mão esquerda e na sua frente, Almeida, de
espingarda nas costas e facão na mão direita. E os dois se olharam
assustados, estavam no pior presente juntos, cara a cara.
Cena 3.b
10h20min.
E eles se olharam, por que seria uma grande tragédia se aquela mulher
morresse ali. Toda a cidade ficaria sabendo, por que os repórteres já
estavam no local fazendo a cobertura, seria uma grande fraude para
todos. Marisa se espremia de dor, mas seu bebe queria nascer, e estava
com pressa. As pessoas tetavam a todo custo olhar mais de perto, mas
eram barradas pela polícia que também estava lá auxiliando. Marisa,
estava dando a luz na frente de todos e Marcos, estava sentado no meio
fio, algumas pessoas ao seu redor, e ele sem dizer uma palavra se
quer. Alguém perguntava se ele queria água, outro se ele estava bem,
mas marcos estava mergulhado no medo, se seu grande amor da faculdade
morrer, como ele cuidaria só daquela criança, ele pensava, mas um som
peculiar o trouxe de volta a si. A criança chorou. Marcos levantou a
cabeça repentinamente, e uma gota de suor escorreu na sua têmpora,
seus lábios mudaram de cor e sua mente voltou a realidade.
Marcos: — Marisa?
Marisa, levantou o olhar, olhando para trás, para Marcos. Seu olhar
estava desfalecido, como se fosse cega. Eles se olharam e ficaram em
silencio.
Cena 4.c
08h45min.
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Alison colocou o quadro de volta na parede e abaixou a cabeça. Estava
com muita raiva, e não podia controlar o choro.
Do lado de fora Alison sentiu que ainda estava com raiva, mas já podia
se acalmar, ele saiu andando de cara emburrada com sua mochila nas
costas e a mágoa de ter ficado de castigo apenas por querer ajudar.
Quando chegou perto do corredor das plantinhas, Alison, espionou para
ver se sua mãe estava lá ainda, e elas estava. Estava enxugando o chão
com o rodo, mas juntou o balde e saiu andando para dentro de casa.
Alison esperou ela entrar, e correu para ver a plaantinha murcha, mas
ela estava em pé, vivinha como as outras, cheia de força e feliz. Os
olhos de Alison brilharam e ele ficou feliz pela maranta ter se
recuperado tão rápido.
Alison: — Plantinha, que bom que você está bem!!! Papai vai ficar
feliz por você não está doente.
Marlenilda procurou ao redor, mas nada demais havia mudado, será mesmo
que foi coisa daquele menino abençoado? Ela resolveu olhar para
mureta, soltou a escova e caminhou até o lugar, mas quando foi olhar,
abaixou-se um pouco e...
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Marlenilda ficou confusa, algo não estava certo. Mas como tinha muitas
coisas para fazer, juntou novamente a escova do chão, olhou para trás
desconfiada e voltou para dentro de casa.
Alisson: — Quem a mamãe pensa que ela é? Fica brigando comigo por tudo
e eu não fiz nada demais, só quebrei um vaso velho. Mas que droga.
11h22min.
Aline: — Oi Alison!
Alison? Quem? Eu? Ah, é, um, oi, oi Aline, eu estou bem, como vou eu?
É, quer dizer, como vai você?
Alison: — Mas que plantas era que são aquelas, nunca vi um vaso tão
bonito — e os olhos do garoto de apaixonados, tornaram-se perigosos
novamente, arqueando a sobrancelha — Ele precisa ser meu. Eu vou pegar
aquele vaso pra mim.
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com as duas mãos e colocou-o na sua frente, e saiu. Saiu correndo de
volta para rua, deixando o portão da casa da senhorinha aberto e um
vazio no lugar onde ela havia deixado sua planta. Imagina quando ela
perceber.
11h59min.
Cena 3.c
12h00min.
Marcos, já estava com as lágrimas escorrendo, sem ter uma palavra para
dizer. Apenas balançou a cabeça para sua esposa.
Marisa: — Cuida do nosso bebe Marcos, não vai ser possível eu ficar
perto dele como a gente queria, mas eu acredito que você será uma pai
maravilhoso! — Marcos fez como quem ia falar mas Marisa o interrompeu
— Eu não quero morrer marcos, mas eu vou. Promete pra mim que vai ser
o pai e a mãe desse bebe marcos, promete, como a última coisa que você
vai prometer pra mim.
Marcos chorava como o bebe, segurava a mão de Marisa com muita força,
já estava soluçando. Não vinha nenhuma palavra até sua boca, mas seus
pensamentos criaram vida, e se multiplicaram como bactérias.
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12h32min.
Cena 5.b
13h55min.
Rosimeire: — Não minha filha, não aconteceu nada você viu errado. Está
imaginando coisas.
Nina: — Não estou não mamãe, eu subi na árvore e fiquei vendo tudo
acontecer. Eu vi quando aquele homem foi até onde o pulguinha estava,
olhou e voltou pra balançar a senhora pelo braço, depois ele foi
embora e entrou num carro preto. Eu vi tudo mamãe. POR QUE? POR QUE
ELE TE MACHUCOU?
Rosimeire ficou sem saber o que dizer, nina era realmente uma
garotinha além do seu tempo, esperta mais do que precisava, chegava a
ser intrometida, mas e agora? O que ela poderia dizer a filha?
Rosimeire: — Minha filha, para com isso, você está muito alterada — e
agachou-se para abraçar a filha, que começou a chorar — não é nada meu
amor, são coisas de adulto você não tem que se preocupar com isso,
Rosimeire agarrou a filha, passou a mão na sua testa e fez uma cara de
quem queria mudar de assunto.
Nina: — Não mamãe você ta mentindo pra mim, eu vi tudo. Tudo mamãe, se
você não me falar eu vou contar pro papai.
Rosimeire, agarrou a filha e falou sério com ela: — Nina, você tem que
prometer pra mamãe que não vai falar nada pro eu pai, deixa que eu
falo com ele.
Nina: — Não! Você não vai me contar, então eu vou descobrir sozinha
mamãe — nina suspirou fundo — Vou contar mamãe!
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E saiu correndo. Pulguinha levatou as orehas e correu atrás da dona.
Rosineire, colocou as mãos no rosto, e voltou a chorar, vendo nina
correr.
Cena 1.e
09h46min.
Almeida: — PELO AMOR DE DEUS SEU BRANDÃO O QUE ACONTECEU COM O SENHOR
DOUTOR?
Brandão: — Nada que te interessa, só não vou te matar, por que você me
ajudar fugir! VOCÊ VAI ME AJUDAR A FUGIR OU EU VOU TE PIPINAR IGUAL
PEIXE!
Bandão: — EU NÃO SEI SEU VERME, VOCÊ TEM QUE ACHAR UM JEITO DE ME
TIRAR DA VISTA DE TODO MUNDO. EU NÃO POSSO SER PÊGO PELA POLICIA,
MATEI MINHA MULHER, MATEI MINHA MULHER!
Almeida: — O senhor precisa tirar essa roupa, não pode sair por aí
assim. Eu vou dar minha roupa pro senhor, e vou dizer que fui
assaltado, que os ladrões levaram minhas roupas. Vamos tire essa roupa
cheia de sangue seu Brandão.
Cena 6.a
24h00min.
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ter filho há dois anos, mas os médicos diziam que era impossível, que
ela era estérea. Ela passou por um vale sombrio, mas não deixou de
acreditar. Há mais ou menos um ano ela fez um voto com Deus, e disse
que se ele desse a ela um filho homem, ela daria um nome bíblico a ele
e cuidaria para que ele nunca se desviasse dos caminhos do Senhor. Ela
fez isso e não disse nada a ninguém. Nove meses atrás, ela descobriu
que estava grávida, esperando um bebe e como ninguém acreditava, Deus
acreditou e Elisa realizou seu sonho. Quando os médicos terminaram o
balanço de exames e coprovaram que ela estava mesmo gestante, Elisa
pulou de alegria e abraçou todos que estavam naquela sala, ela gritava
de felicidade e agradecia ao Senhor. Todos ficaram maravilhados com a
descoberta, Deus havia feito um milagre, nos dias de hoje, quase 2019
anos d.c. Hoje, é o grande dia da vida de Elisa. No dia do nascimento
do Filho de Deus, para a maioria das culturas, era também o dia do
nascimento do seu filho amado, tão desejado e esperado. Feita a
promessa de dar um nome bíblico para o bebe, ela não conseguia nem
pensar de tanta dor. Mas era uma dor que ela desejou sentir, e a
parteira estava fazendo seu trabalho, a cabeça do bebe já havia
passado, faltava somente o corpo, e Elisa fazia força, e chorava e
também sorria, todas as emoções juntas para o grande final daquele
espetáculo. E o som que ela tanto desejou ouvir, soou.
O bebe estava nas mãos da parteira, brilhante como uma jóia, chorando
lindamente, para anunciar ao mundo sua chegada. Os olhos de Elisa
cintilaram e ela suspirou de alivio, por que com todo aquele tempo se
tratando e os médicos a desenganando, o milagre aconteceu, e Deus
providenciou o melhor, nada de ruim aconteceu durante seu período de
gestação e ela foi mimada por todos ao seu redor, uma gestante
saudável. Agora, com o choro do bebe nos seus ouvidos, ela poderia
quase ver o final da história, mas não, era apenas o começo.
Elisa: — Dona Mundica, meu filho lindo nos meus braços, depois de toda
dificuldade, no dia do natal nasceu como um presente. Por esse motivo,
vou dar o nome mais bendito de todos. Emanuel.
Cena Final
04h08min.
19
No final da madrugada, uma pessoa com o rosto coberto chegou na casa
onde o cadáver de Milena estava e viu o tamanho de sua barriga,
parecia se remexer, como se estivesse acontecendo uma luta nas
entranhas da morta. Aquela era a cena macabra, um cadáver de uma
grávida, esfolado pelo avesso e que os bebe ainda estava vivo brigando
na sua barriga, louco para nascer. Dento do útero sem vida de uma
pessoa, havia um bebe pronto ainda dentro da bolsa, naquele lugar
escuro e vazio, com aspecto de sepulcro, sem batimentos de um coração.
Aquele que um dia foi um ovócito, passou por uma meiose e se formou
vida. A mulher se abaixou colocando o lenço ainda mais no rosto para
não ver tão de perto como estava aquele corpo. Ela puxou de debaixo da
saia um canivete. Ela disse: — meu senhor me ajude! — começou a cortar
a roupa da morta, tirou a parte debaixo das roupas de Milena. Quando
terminou de cortar as roupas, cobriu o rosto com seu lenço, fechou os
olhos e começou a apertar a barriga da morta, aquela foi a coisa mais
horrível que ela já teria feito na vida, mas continuava a pressionar a
barriga om as duas mãos, parecia que a criança estava anseiando sair
logo dali, e então a bolsa estourou, inacreditável, aquilo era uma
obra de vida e de morte, Deus existe, não é brincadeira. Logo, sua
cabeça já estava aparecendo, e os olhos da mulher com o rosto coberto
se abriram de espanto, ela apertou mais um pouco, e o mais
inacreditável ainda, aconteceu.
04h30min.
05h49min.
20
Deus nada era impossível, e milagres existiam. Eram dois bebes,
gêmeos, e um estava nascendo segurando no pé do outro, como se
estivessem em uma luta antes do parto normal. Os pássaros ao redor
ficaram mais ferozes e voavam cada vez mais forte, parecia que
esperavam o segundo bebe, era ele que eles queriam, a mulher tirou o
primeiro bebe, colocou em cima das folhas e imediatamente tentou puxar
o outro bebe, que vinha de um milagre impossível de acontecer, dois
bebes que decidiram de verdade que queriam vir ao mundo, e o segundo
corpinho começou a aparecer na vista da mulher de rosto coberto que já
havia esquecido o espasmo que o corpo sofreu, por que o parto estava
realmente acontecendo, não tinha tempo de pensar, quem não esqueceu
fora eles, os pássaros, que circulavam ao redor do parto de forma
sobrenatural e assombrosa, sombras de pássaros negros rodopiando ao
redor do parto, se movendo no mundo espiritual, a mulher não podia
ver, — só você — mas podia sentir.
05h50min.
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