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Carlos do Carmo

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Carlos do Carmo

Carlos do Carmo (Novembro de 2007)

Informação geral

Nome Carlos do Carmo de Ascensão Almeida


completo

Nascimento 21 de dezembro de 1939 (79 anos)

Local de
nascimento Portugal

Origem Lisboa

Gênero(s) Fado, música popular portuguesa

Ocupação(ões) Cantor
Instrumento(s) Voz

Período em 1964-actualmente
atividade

Gravadora(s) Universal Music

Afiliação(ões) Lucília do Carmo, Alfredo


Marceneiro, Armandinho, Amália Rodrigues, Joaquim
Luís Gomes, José Carlos Ary dos Santos, Fernando
Tordo, José Luís Tinoco, António Victorino de
Almeida, Paulo de Carvalho, Raúl Nery, Martinho
d'Assunção, António Chainho, José Maria
Nóbrega, Camané, Mariza, Bernardo Sassetti

Carlos do Carmo, nome artístico de Carlos do Carmo de Ascensão


Almeida [1] ComIH • GOM (Lisboa, 21 de dezembro de 1939), é um cantor e intérprete
de fado português.

Índice

 1Biografia
o 1.1Infância e juventude
o 1.2Anos 60 — a carreira artística
o 1.3Anos 70 — Ary dos Santos, Festival RTP da Canção e Um Homem na Cidade
o 1.4Anos 80 — atuações ao vivo e carreira internacional
o 1.5Anos 90 até à atualidade — novos originais e ligação às novas gerações do Fado
o 1.6Prémios e distinções
 1.6.1Prémio Goya
 1.6.2Grammy Latino
 2Discografia
o 2.1Singles e EPs
o 2.2Álbuns
o 2.3Álbuns ao vivo
o 2.4Antologias
o 2.5Bandas sonoras
o 2.6Colaborações
o 2.7Tributos
 3Referências
 4Ver também
 5Ligações externas

Biografia[editar | editar código-fonte]


Infância e juventude[editar | editar código-fonte]
Filho de Alfredo de Almeida, comerciante de livros e, posteriormente, proprietário da casa
de fados O Faia, e de sua mulher, a fadista Lucília do Carmo, Carlos do Carmo nasceu
na Maternidade Magalhães Coutinho, e passou a infância no bairro da Bica.[2]
Estudou no Liceu Passos Manuel, antes de partir, com 15 anos de idade, para a Suíça.
Neste país frequentou o Institut auf dem Rosenberg, um colégio alemão situado em São
Galo[2], durante três anos,[2] tendo oportunidade de estudar línguas estrangeiras, tornando-
se fluente em francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Depois, já em Genebra, obteve
um diploma em Gestão Hoteleira.[3]
Anos 60 — a carreira artística[editar | editar código-fonte]
Empregado na Companhia Nacional de Navegação, a morte do pai, em 1962, levou Carlos
do Carmo a assumir a gerência d'O Faia, que, com o passar dos anos, se tornara numa
concorrida casa de Fados da capital. N' O Faia começou a atuar para os amigos e clientes
mais frequentes da casa, até que em 1964 abraçou definitivamente a carreira artística.[4]
O surgimento de Carlos do Carmo como fadista dá-se após gravar com Mário Simões uma
versão de Loucura, fado de Júlio de Sousa, interpretado também por Lucília do Carmo.[5] O
fadista afirma que escolheu o Loucura porque era o único fado de que sabia a letra.[6] Se
bem que habituado a ouvir o Fado desde criança, quer na voz de sua mãe, quer na voz de
outros intérpretes, como os fadistas populares que ouvia nas verbenas de Lisboa ou dos
artistas que passavam pel'O Faia — Alfredo Marceneiro, Maria Teresa de
Noronha ou Carlos Ramos, para citar os que mais admirava[2] — o fadista viria a confessar
que, nessa época, andava afastado da canção tradicional de Lisboa. Ganhara gosto, no
limiar da adolescência, pela música de Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi, até se deixar
fascinar, pouco mais tarde, por Frank Sinatra e Jacques Brel.[2] De resto, também o facto
de passar vários anos no estrangeiro, contribuíra para que Carlos do Carmo se afastasse
do Fado.
A interpretação gravada com o quarteto de Mário Simões é um desafio à forma tradicional
de interpretação do Fado. Carlos do Carmo canta este tema acompanhado de piano,
baixo, guitarra elétrica e um coro de vozes femininas.[2] A faixa começa a passar
regularmente na rádio e, em consequência do sucesso que tem, o fadista estreante lança,
logo no ano seguinte, um EP em nome próprio: Carlos do Carmo com Orquestra de
Joaquim Luiz Gomes.
Em 1967, a Casa da Imprensa distingue-o com o prémio Melhor Intérprete e, em 1970,
atribui-lhe o prémio Pozal Domingues de Melhor Disco do Ano, para o seu primeiro álbum,
intitulado O Fado de Carlos do Carmo, editado pela Alvorada em 1969.
Seria o início de uma das mais exemplares carreiras do panorama musical português, em
geral, e do Fado, em particular.[7]
Ainda em 1964, casou com Maria Judite de Sousa Leal, com quem teve três filhos, Cila do
Carmo, Becas do Carmo e Gil do Carmo.

Carlos do Carmo (1976)


Anos 70 — Ary dos Santos, Festival RTP da Canção e Um Homem na
Cidade[editar | editar código-fonte]
À entrada da década de 1970, Carlos do Carmo grava diversos EPs e LPs, como O Fado
em Duas Gerações, Carlos do Carmo e Lucília do Carmo, Por Morrer uma
Andorinha ou Carlos do Carmo.
Entretanto, depois de algumas aparições na televisão, surge em 1972 como produtor e
apresentador de um programa semanal na RTP: o Convívio Musical, por onde passam
alguns dos grandes nomes da canção portuguesa e internacional.[7]
Subsequentemente ao 25 de abril, no Festival RTP da Canção de 1976, em que esta
adotou um modelo diferente do habitual, foi o único intérprete. Cantou oito canções,
previamente selecionadas por um júri de dois elementos: Manuel da Fonseca e Pedro
Tamen. As canções foram No teu poema (José Luís Tinoco), Novo Fado alegre (José
Carlos Ary dos Santos/ Fernando Tordo), Os lobos e ninguém (José Luís Tinoco), Maria-
criada, Maria-senhora (Tozé Brito), Flor de verde pinho (Manuel Alegre/ José Niza), Onde
é que tu moras (Joaquim Pessoa/ Paulo de Carvalho) e Estrela da tarde (Ary dos
Santos/ Fernando Tordo) — de entre estas, seria Flor de Verde Pinho, poema de Manuel
Alegre e música de José Niza, a canção mais votada pelo público e, por consequência,
aquela que interpretou em representação de Portugal no XXI Festival Festival Eurovisão
da Canção.[7] A participação daria o mote para a gravação do disco Uma Canção Para a
Europa.[7]
Referência obrigatória na história do Fado e na carreira de Carlos do Carmo é o disco Um
Homem na Cidade, editado em 1977 pela Trova. Neste álbum, interpreta poemas de José
Carlos Ary dos Santos, aliados a um conjunto de composições musicais inovadoras, de
autorias tão diversas como José Luís Tinoco, Paulo de Carvalho, António Victorino de
Almeida, Frederico de Brito, Fernando Tordo, Joaquim Luís Gomes, Mário Moniz
Pereira ou Martinho d'Assunção.[7]
Com efeito, Carlos do Carmo deve grande parte dos seus êxitos a Ary dos Santos, entre
eles Um homem na cidade (letra de Ary dos Santos e música de José Luís
Tinoco[8]), Lisboa, menina e moça (letra de Ary dos Santos, Joaquim Pessoa e Fernando
Tordo, e música de Paulo de Carvalho[9]), Estrela da Tarde (Ary dos Santos/ Fernando
Tordo[10]), Novo Fado alegre (Ary dos Santos/ Fernando Tordo[11]), O homem das
castanhas (Ary dos Santos/ Paulo de Carvalho[12]), O amarelo da Carris (Ary dos
Santos/ José Luís Tinoco[13]), Sonata de Outono (Ary dos Santos/ Fernando Tordo[14]), Fado
varina (Ary dos Santos/ Mário Moniz Pereira[15]), Fado do Campo Grande (Ary dos
Santos/ António Victorino de Almeida[16]), Balada para uma velhinha (Ary dos
Santos/ Martinho d'Assunção[17]) ou Menor maior (Ary dos Santos/ Fado das Horas[18]).
Mas o fadista irá trazer, ao longo da sua carreira, diversos novos autores para o Fado,
como José Luís Tinoco (No teu poema, Os lobos e ninguém), António Lobo
Antunes (Canção da Tristeza Alegre), José Saramago (Aprendamos o rito), Manuela de
Freitas (Fado Penélope), Vasco Graça Moura (Nasceu assim, cresceu assim), Nuno
Júdice (Lisboa Oxalá), Maria do Rosário Pedreira (Pontas soltas, Vem, não te
atrases), Fernando Pinto do Amaral (Fado da Saudade) ou Júlio Pomar (Fado do 112).
Anos 80 — atuações ao vivo e carreira internacional[editar | editar código-
fonte]
Desde as suas atuações n'O Faia, inicialmente de forma informal para amigos, que se
sucedem as apresentações ao vivo de Carlos do Carmo. As suas primeiras digressões
foram realizadas ainda no início da década de 1970, com espectáculos
em Angola, EUA e Canadá e, em 1973, estreou-se no Brasil, cantando ao lado de Elis
Regina, no Copacabana Palace, Rio de Janeiro.[7]
A partir do ano de 1979, quando abandona a gerência d'O Faia, intensifica as suas
apresentações fora do país. As suas passagens no Olympia de Paris, na Ópera
de Frankfurt, na Ópera de Wiesbaden, no Canecão do Rio de Janeiro, no Hotel Savoy
de Helsínquia, no Teatro da Rainha em Haia, no Teatro de São Petersburgo, no Place des
Arts em Montreal, no Tivoli de Copenhaga ou no Memorial da América Latina em São
Paulo, são momentos muito altos na carreira do fadista. Em Portugal, salienta as suas
apresentações em locais como os coliseus de Lisboa e do Porto, o Casino Estoril, o Centro
Cultural de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos ou a Fundação Calouste Gulbenkian. Em
entrevista ao jornal A Capital, revela que: (...) cantar é um ato de prazer, mas sobretudo no
palco, que é um constante jogo de sedução, uma troca indescritível de sentimentos e
emoções (...).[19]

Carlos do Carmo (1976)

Com efeito, a carreira internacional de Carlos do Carmo deve muito à sua passagem
pelo Olympia de Paris, onde se apresentou pela primeira vez a 11 e 12 de
outubro de 1980. A estreia foi bem sucedida e o fadista recorda o momento em que
interpretou a canção La Valse A Mille Temps, de Jacques Brel: «A sala veio abaixo!»
(cf. Carlos do Carmo: Um Homem no Mundo, in RTP Play). Seguiu-se a primeira atuação
na Alte Oper de Frankfurt, em 1982, palco onde teve tal sucesso que a gravação do
espetáculo foi editada em disco e regressou para atuar nos dois anos seguintes.[7]
Outro facto assinalável nesta década e que marca a obra discográfica de Carlos do Carmo
é o lançamento de Um Homem no País, em 1984, novamente um projeto em torno de
poemas de Ary dos Santos, que se destaca como a primeira edição em formato CD de um
artista português.[7]
Anos 90 até à atualidade — novos originais e ligação às novas gerações
do Fado[editar | editar código-fonte]
No início de 1990, sofre um acidente durante um espetáculo em Bordéus, caindo do palco
para a primeira fila da plateia, uma queda de uma altura equivalente a um andar, que o
obrigará a uma longa recuperação. Em março de 1991, faz o seu regresso no Casino
Estoril, apresentando um espectáculo intitulado Vim Para o Fado e Fiquei.[7]
Regressa à televisão,com um programa como o seu próprio nome — Carlos do Carmo —
transmitido em mais de 30 emissões entre 1997 e 1998, onde conversa com diversos
convidados, sobre temas que vão desde o Fado, à música em geral, mas também a outras
vertentes artísticas.[7]
Em 2007, Carlos do Carmo apresentou, no Museu do Fado, um álbum intitulado À Noite,
que reúne textos inéditos de Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Maria do Rosário
Pedreira, Júlio Pomar, Luís Represas, José Luís Tinoco e José Manuel Mendes, para as
músicas de fados tradicionais da autoria de Armandinho, Joaquim Campos e Alfredo
Marceneiro.[7]
Em 2010, junta-se ao pianista e compositor Bernardo Sassetti para fazer o álbum Carlos
do Carmo & Bernardo Sassetti, onde recria canções marcantes de outros intérpretes, entre
elas Cantigas do Maio (Zeca Afonso), Lisboa que amanhece (Sérgio Godinho), Porto
sentido (Rui Veloso), Foi por ela (Fausto Bordalo Dias), Quand On N'a Que
L'Amour (Jacques Brel) ou Gracias a la vida (Violeta Parra).[20]
Desde o início da década de 2000, numa relação próxima com as novas gerações
do Fado, promove atuações conjuntas com novos fadistas. É o caso de Mariza; — Gala de
Fado do Casino Estoril, a 8 de junho de 2004, por exemplo — ou Camané; concerto de
encerramento das Festas de Lisboa, nos jardins da Torre de Belém, em 2006, por
exemplo.[7]
Essas ligações seriam reforçadas com a edição, em 2014, do álbum Fado é amor,
apresentado nesse ano no Coliseu dos Recreios,[21] onde o fadista apresenta temas
gravados com Camané, Mariza, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco, Mafalda
Arnauth, Ricardo Ribeiro, Marco Rodrigues, Raquel Tavares e Carminho.
Anunciou em 7 de fevereiro de 2019 o fim de atuação em palcos. Os seus últimos
concertos foram a 12 de outubro no Theatro Circo, a 2 de novembro no Coliseu do Porto e
a 9 de novembro no Coliseu dos Recreios[22].
Prémios e distinções[editar | editar código-fonte]
Foi, por duas vezes, agraciado pela Presidência da República com graus honoríficos — no
final da década de 90, mais precisamente, a 4 de setembro de 1997, o Presidente Jorge
Sampaio atribuiu-lhe o grau de Comendador da Ordem do Infante D.
Henrique.[1] Posteriormente, a 28 de novembro de 2016, o Presidente Marcelo Rebelo de
Sousa fê-lo Grande-Oficial da Ordem do Mérito, distinção que lhe foi entregue em
cerimónia realizada a 3 de dezembro de 2016.[1]
Recebeu diversos outros prémios, atribuídos pelos seus álbuns ou pela sua carreira —
em 1991, a Casa da Imprensa, entrega-lhe o prémio Prestígio, no âmbito da Grande Noite
do Fado. Em 1998, a SIC e a revista Caras atribui-lhe o Globo de Ouro de Excelência e
Mérito; uma distinção que antes tinha sido atribuída a Mário Soares, David Mourão-
Ferreira ou Ruy de Carvalho.[23] Já em 2002, o álbum Nove Fados e Uma Canção de Amor,
valeu-lhe um Globo na categoria de Melhor Disco do Ano.
Em 2003, recebeu o Prémio José Afonso, atribuído pela Câmara Municipal da Amadora,
na sequência do qual foi publicado o livro Carlos do Carmo, do Fado e do Mundo, uma
entrevista biográfica realizada por Viriato Teles.
Em 2004, o então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes,
atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Municipal, de grau ouro, o mais elevado.[24]
Prémio Goya[editar | editar código-fonte]
Em 2008, recebeu em Espanha, em conjunto com o poeta Fernando Pinto do Amaral, o
prestigiado Prémio Goya, na categoria de Melhor Canção Original, com o Fado da
Saudade. A canção faz parte da banda sonora do filme Fados, que concorria à edição
de 2008 daqueles que são considerados os óscares espanhóis. No entanto, foram
levantadas dúvidas sobre a verdadeira autoria deste fado.[25]
Grammy Latino[editar | editar código-fonte]
Em 2014, torna-se, a par da soprano Elisabete Matos,[26] no segundo artista português a
ganhar um Grammy, obtido na categoria Lifetime Achievement, entregue apenas aos
artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao
êxito que lograram com determinada canção ou álbum. No mesmo ano, a 19 de novembro,
o fadista recebe o Grammy Latino de Carreira, no Hollywood MGM de Las Vegas.
Na sequência do prémio volta a ser homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa, que
lhe outorga, pela mão de António Costa, uma nova Medalha de Mérito Municipal.
Também a Rádio Comercial lhe prestou uma singular homenagem, ao produzir um vídeo
onde 35 cantores portugueses de diferentes gerações cantam Lisboa Menina e Moça,
entre eles Paulo de Carvalho, Jorge Palma, Rui Reininho, Camané, Mariza, Ana
Moura, Tiago Bettencourt ou David Fonseca.[27]

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