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SECADORES MICRO-ONDAS
Lavras – MG
2019/2
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
2– FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................................... 1
3 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS ........................................... Erro! Indicador não definido.
4 – APLICAÇÕES DOS SECADORES MICRO-ONDAS .................................................................... 6
5 – CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS ..................................................................................................... 8
6 – VANTAGENS E DESVANTAGENS ............................................................................................ 10
7 – CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 10
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 11
1 – INTRODUÇÃO
No seu trabalho, intitulado A Dynamical Theory of the Electromagnetic Field, publicado em
1865, James Clerk Maxwell introduziu as teorias sobre o eletromagnetismo e possibilitou uma nova
linha de aprimoramento tecnológico. Hoje consolidado, a abrangência desse tema envolve o
desenvolvimento de novas tecnologias como dispositivos de quantificação analítica, com exemplo
dos espectrofotômetros, ou equipamentos de secagem, como os secadores por micro-ondas.
As ondas eletromagnéticas se manifestam de diferentes formas, como luz, infravermelho, ondas
ultravioletas, micro-ondas, entre outras. Estas ondas são compostas pela propagação conjunta de um
campo elétrico (E) e um campo magnético (H) perpendicular a este, assumindo um comportamento
senoidal (MAJUMDAR, 2006). A Figura 1 ilustra uma propagação típica de uma onda
eletromagnética.
Figura 1: Onda eletromagnética decomposta em seus campos magnético, de amplitude Ho, e elétrico,
de amplitude Eo.
As ondas se diferenciam pela frequência (f) de propagação ou, igualmente válido, pelo seu
comprimento de onda (λ). Estas grandezas assumem a relação da equação (1), sendo (v) a velocidade
de propagação.
𝑓 = 𝑣/𝜆 (1)
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A absorção de energia pelo material está relacionada com a sua permissividade elétrica (ɛ) e
pode-se defini-la como uma característica intrínseca que expressa a habilidade que o material tem de
absorver e dissipar energia quando exposto a uma fonte de micro-ondas (PETRI JÚNIOR et al, 2014).
Ainda, a permissividade é composta por dois termos distintos: a constante dielétrica (ɛ’) e o fator de
perda dielétrica (ɛ’’). O primeiro termo relaciona-se com a energia absorvida e o segundo com a
energia dissipada no material. Assim, a permissividade elétrica pode ser expressa na sua forma
complexa, conforme equação (2). Desta forma, as duas quantidades estão espaçadas por um ângulo
de 90º. Ainda, através da equação (3) pode-se definir o ângulo de perda dielétrica (δ), que expressa a
diferença de fase entre o campo elétrico e a polarização do material (PETRI JÚNIOR et al, 2014).
ɛ = ɛ’ − 𝑗ɛ’’ (2)
𝛿 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(ɛ’’/ɛ’) (3)
A intensidade de interação energética entre as micro-ondas e o material pode ser prevista então
pela permissividade elétrica, que por sua vez pode variar com parâmetros, tais como temperatura,
umidade e tipo de material. A Figura 4 expressa a variação do termo de perda dielétrica em função
do teor de umidade. Na mesma figura, é importante notar que ao se atingir o teor de umidade crítica
(mc), os valores para perda dielétrica assumem valores menores, aspecto demonstrado pela reta
pontilhada com menor inclinação. Esta característica está associada à umidade ligada do material,
que é menos propensa aos movimentos rotacionais induzidos pelas micro-ondas, sendo então mais
difíceis de serem removidas em comparação com a umidade livre. Em termos de tipo de material, a
facilidade de absorção energética os classifica, conforme Meredith (1998):
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O direcionamento de micro-ondas para o material pode ser realizado por dois tipos de
cavidades, sendo estas o single-mode ou multi-mode. O método single-mode realiza um
direcionamento preciso, gerando um ponto de aquecimento chamado de hot spot. Já as cavidades
multi-mode apresentam vários nodos que direcionam as micro-ondas ao material, criando um
ambiente de propagação homogêneo. As cavidades multi-mode são geralmente empregadas em escala
industrial, visto que são mais úteis para materiais de dimensões grandes e heterogêneas (PETRI
JÚNIOR et al, 2014).
O formalismo matemático do aquecimento por micro-ondas está representado pela equação (4)
e pode ser derivado das equações de Maxwell, conforme Meredith (1998). Segue que:
Onde (p) é a densidade de potência, (E) é intensidade do campo elétrico, (f) é a frequência, (ɛ0)
é permissividade do corpo livre e (ɛ’’) é o fator de perda dielétrica.
Para fins de custos e projeto é interessante definir a energia específica (EE) cuja unidade é
kWh/Kg e refere-se à energia fornecida via micro-ondas por unidade de material processado na
secagem. Este parâmetro pode ser obtido pela equação (5), sendo que (P) é a potência aplicada em
kW, (t) é o tempo de aquecimento em horas e (m) é a massa de material alimentada em Kg.
𝐸𝐸 = 𝑃𝑡/𝑚 (5)
𝐷 = 𝜆√ɛ’⁄2𝜋ɛ’′ (6)
3 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTRUAIS
Os secadores micro-ondas funcionam com uma radiação eletromagnética não ionizante. Essa
radiação é do tipo micro-ondas e suas frequências variam entre 300 MHz a 300 GHz. Sendo que estas,
podem ser de ultra alta frequência, que variam de 300 MHz a 3 GHz, super alta frequência que variam
de 3 GHz a 30 GHz e de extrema alta frequência que variam de 30 GHz a 300 GHz.
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Eles funcionam de modo que as micro-ondas são refletidas por uma parede espelhada por sua
superfície dielétrica. Os fornos micro-ondas normalmente trabalham em frequências de 2450 MHz, e
quando se deseja obter grande profundidade de penetração, utilizam-se frequências de 915 MHz.
As aletas funcionam como capacitores e as paredes como uma série de bobinas, gerando campos
elétricos variáveis, fazendo com que o conjunto se comporte como um circuito ressonante.
As micro-ondas são levadas ao forno através de um guia de ondas. Para isso, é necessário um
dimensionamento correto das paredes, para que não ocorra a absorção das micro-ondas nas paredes.
As paredes devem coincidir com os nós das micro-ondas.
Fonte: http://microwavetech.tk/
Neles, o produto a ser secado percorre uma esteira que passa por diversas câmeras que geram
ondas micro-ondas no seu interior. Cada câmara conta com um sistema de exaustão que retira o
excesso líquido a ser secado do produto. Após percorrerem as câmaras, o produto sai, na forma seca
conforme preferenciado.
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Figura 6: Esquema de um secador micro-ondas industrial.
Fonte: https://www.alibaba.com/product-detail/Automatic-Continuous-Industrial-Microwave-Vacuum-
Dryer_60521376404.html
Fonte: https://portuguese.alibaba.com/product-detail/industrial-microwave-tunnel-dryer-60437267828.html
A secagem por micro-ondas pode ser utilizada em vários aspectos e oportunidades. Existem
inúmeras linhas de pesquisas sobre a utilização das micro-ondas para alguma utilidade física ou
química. Isto, pois se demonstra uma secagem rápida e seletiva. É empregada desde a área alimentícia
até a farmacêutica por exemplo, demonstrando ampla gama de aplicações. Na indústria alimentícia,
apesar de ser um método novo, diferente do método padrão normalmente utilizando estufas, a
secagem a micro-ondas se demonstra rápida e simples. O calor na amostra é distribuído
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uniformemente tanto na superfície como internamente no alimento, facilitando a evaporação da água
e evitando a formação de crosta na superfície, como é característico na secagem em estufa.
Normalmente, a amostra é misturada com cloreto de sódio (que evita que seja espirrada fora do
cadinho) e óxido de ferro (que absorve fortemente radiação de micro-ondas, acelerando a secagem).
Existem fornos de micro-ondas analíticos com balanças, escala digital e computadores para calcular
a umidade. A grande vantagem da secagem por micro-ondas em relação a outros tipos de secagem é
que o poder da energia radiante e o tempo de secagem podem ser calibrados para os diferentes tipos
e quantidades de amostras, enquanto isto não é possível no método por secagem em estufa, por
exemplo.
M.L. CUNHA, M.W. CANTO, A. MARSAIOLI Jr. mostraram em “Secagem de café cereja
descascado por ar quente e micro-ondas” que a energia micro-ondas traz vantagens se usada em
conjunto com as tecnologias de aquecimento convencionais na secagem de café em grão. Visto que
esta energia acelera os processos de secagem convencionais a ar quente, diminuindo o tempo de
secagem e promovendo um melhor controle dos parâmetros do processo, levando uma maior
uniformidade dos grãos e melhorando a qualidade em questão.
Na área farmacêutica, as características dos materiais geralmente usados, faz com que, a energia
de micro-ondas seja muito adequada para a secagem destas formulações. Os líquidos usados mais
frequentes na granulação úmida (água e álcool) têm fatores de perda maiores que os outros
ingredientes padrão de granulação úmida (lactose, amido de milho, por exemplo), levando a uma
maior absorção de energia micro-ondas e ao aquecimento preferencial desses líquidos. Sendo assim,
sua seletividade, se torna eficiente para este tipo de secagem.
Outro exemplo de utilização dos secadores a micro-ondas pode ser demonstrado na dissertação
de mestrado estudada por Dr. Irineu Petri Junior na “Secagem por micro-ondas na descontaminação
de cascalhos de perfuração” (2014). Neste caso, foi evidente a grande eficiência da secagem a micro-
ondas de cascalhos contendo alto teores de óxidos de ferro, alumínio, magnésio e sulfatos. Sendo que
esses se mostraram bons absorvedores das micro-ondas, aquecendo assim, mais rapidamente e
facilitando a remoção de n-parafina, que era o objetivo em questão.
Esses, são apenas alguns exemplos dos diversos testes e aplicações eficientes na utilização dos
secadores a micro-ondas em diversas modalidades industriais.
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Podem ser utilizados também para a secagem de madeira, indústria têxtil, papel, pneus para
automóveis, análises laboratoriais, revestimentos industriais, cerâmica, moldes de fundição, entre
outros usos.
Fonte: http://szovendryer.com/1-7-microwave-pharmaceutical-dryer/161802/
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Porém, no geral, os custos normais planejados ao possuir um secador a micro-ondas são custos
do equipamento de capital, custos de substituição de tubos, custos de energia e alguns outros custos.
Nos custos do equipamento capital, como dito acima, é muito difícil de ser definido. Por
exemplo, um sistema de secagem por micro-ondas pode aumentar a produção de um produto de forma
dramática e assim, requerer a compra de embalagens adicionais, equipamentos, transportadores,
sistemas de alimentação e similares. Neste caso, o desembolso total de capital seria muito superior ao
secador de micro-ondas sozinho.
Se olharmos apenas para o sistema de secagem básico, constituído por gerador, tubo, aplicador,
sistema de controle e transportador, podemos estimar de forma grosseira um custo. Os sistemas a
micro-ondas costumam variar entre 7000 e 10000 quilowatts. Os custos mais altos estão também
relacionados ao maior grau de sofisticação desses sistemas.
Conforme Figura 9, em relação aos custos dos tubos, estes irão variar dependendo
principalmente da potência da saída. Tubos com potência de saída baixa, que é da ordem de 1000W
são muito mais baratos se comparados aos tubos de alta potência de saída.
Nela, é possível fazer uma comparação dos materiais, em relação a sua frequência, vida útil,
custo atual (para 2006) e o custo por hora de operação.
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Em relação ao custo energético do secador a micro-ondas não é prático tentar comparar preços
de gás, petróleo e eletricidade, visto que estes são variáveis. No entanto, podemos olhar nas
eficiências de conversão dos vários sistemas. Em geral, a eficiência de conversão de eletricidade,
estima-se que a energia de microondas seja da ordem de 45, 50%, o que inclui perdas na conversão e
perdas de guia de onda. Então, o custo de energia por hora pode ser calculado como:
Em relação a outros tipos de custos podem ser considerados, como o custo de espaço para o
sistema e o custo de manutenção. Sendo assim, estes podem variar de maneiras individuais. Podemos
considerar também, os custos de água de resfriamento. Os requisitos de água são diretamente
proporcionais a potência da saída dos tubos. Com isso, é necessário fazer uma análise de custo
benefício para cada qual circunstância do equipamento que será instalado.
6 – VANTAGENS E DESVANTAGENS
Diante de tudo que foi dito até então, o secador a micro-ondas possui vantagens e desvantagens
que influenciam no processo de secagem.
Em relação a secagem em si, podemos citar que o secador a micro-ondas em muitos casos
apresenta grande melhoria se comparado a outros tipos de sacagem, isso se deve principalmente pois
no aquecimento por micro-ondas, as ondas penetram diretamente na amostra, aquecendo-as mais
rapidamente que o método convencional. Com isso, a taxa de reação aumenta, fazendo uma secagem
melhor. Um exemplo seria o estudo de Gadye et al. 1991, que constataram que em um aquecimento
convencional de metanol que duraria cerca de 8 horas para ocorrer, ocorreu apenas em 5 minutos. Em
contrapartida, a secagem por micro-ondas é bastante seletiva, de maneira que, nem todos os produtos
a serem secados por esse tipo de secador absorvem bem as micro-ondas, não aquecendo rapidamente,
ou talvez ainda, os produtos a serem secados nem podem ser utilizados. Podemos citar neste caso, a
tese de mestrado de Irineu Petri Júnior, em que foi constatado que apenas cascalhos contendo alto
teores de óxidos de ferro, alumínio, magnésio e sulfato absorveram bem as ondas micro-ondas, já os
cascalhos com altos teores de óxidos de cálcio, silício, titânio, bário e cloreto, não absorveram bem
as ondas, sendo assim, menos eficientes que os métodos convencionais.
7 – CONCLUSÕES
O secador do tipo micro-ondas demonstra-se eficaz para processos específicos de secagem.
Dependendo do material a ser secado, esse tipo de secador se torna muito mais eficiente que o secador
convencional, isso porque, no aquecimento por micro-ondas, as ondas penetram diretamente na
amostra, aquecendo-as mais rapidamente e homogeneamente que o método convencional e assim,
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aumentando a taxa de secagem. Porém, para alguns materiais, isso não ocorre. Sendo assim,
necessário um estudo prévio do material a ser secado.
Em relação aos custos, o secador a pequena escala acaba sendo mais eficiente. Principalmente
quando o material a ser secado apresenta grandes taxas de remoção de umidade quando comparados
a outros tipos de secagem. Em grande escala, é necessário também um estudo de custos para estimar
a quantidade energética gasta se comparado a outros tipos de métodos. Entretanto, a ocupação
reduzida do espaço físico dese secador frente a outros tipos, também é uma vantagem. Ainda, é
importante ressaltar que o secador micro-ondas traz benefícios em termos de controle do processo,
visto que o procedimento de ativação e desativação do aquecimento pode ser manipulado com
significativa rapidez e eficiência, além disso, apresenta um sistema seletivo de indução de calor,
oferecendo, então, maior acurácia no sistema de controle.
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MUJUMDAR, Arun S. Handbook of industrial drying. CRC press, 2006.
PETRI JÚNIOR, Irineu et al. Secagem por micro-ondas na descontaminação de cascalhos de
perfuração. 2014.
MEREDITH, Roger J. Engineers' handbook of industrial microwave heating. Iet, 1998.
PEREIRA, Marina Seixas et al. Aplicação de secagem por microondas no tratamento de cascalho de
perfuração. 2013.
BOGDAL, D.; PROCIAK, A. Microwave-Enhanced Polymer Chemistry and Tecnology. USA:
Blackwell, 2007.
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