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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Thalia da Silva Pupa (2015206468)

Ruan Lino (2016201163)

Questões para apresentação à matéria de História do pensamento econômico


(HPE)

VITÓRIA - ES, 2019.


Bloco II. Economia clássica II. Os dissidentes

2. Em seus Princípios de Economia Política (1820), Thomas R. Malthus


apresentou diversas críticas à Lei de Say. Explicite os termos dessas críticas,
centradas no paradoxo da acumulação, elencando ainda medidas sugeridas
por Malthus voltadas à evitar as crises de saturação geral.

Malthus, como forma de responder Ricardo, com quem ele teve um longo
debate sobre riqueza e lucros mais precisamente. Criticou não apenas Say,
mas também os defensores da lei de Say, que outros autores assim como
Ricardo apoiavam. Segundo a lei de Say, toda oferta, teria sua demanda, ou
seja tudo que fosse colocado para ser produzido teria quem comprasse tal
mercadoria ofertada, devido que para esses autores a moeda só tem como
função o meio de troca, e não serviria para desviar poder de compra. Malthus
apontou para o fato de que poderia sim faltar mercado ou faltar demanda para
toda oferta realizada.

“Em primeiro lugar, o debate envolvendo a “lei de Say”, defendida


por Ricardo, e o princípio da demanda efetiva, defendi do por
Malthus. Ricardo era partidário da “lei de Say”, segundo qual toda
produção gera um poder de compra equivalente, o qual é sempre
usado para o consumo dos bens e serviços produzidos. Assim, não
poderia haver falta de mercados para os produtos. Já Malthus, mais
realista e observador da realidade, afirmava que o equilíbrio entre
oferta e demanda não podia ser garantido priori” (CORAZZA, 2005,
P. 17)

E também enxergou o fato que uma mercadoria pode cair o valor devido a sua
saturação, por causa do excesso de oferta, se comparado com o trabalho
realizado ou até mesmo o dinheiro (trabalho e dinheiro como valor),
diferentemente de Malthus, os autores que concordam com lei de Say, não
acreditam que uma mercadoria no geral possa saturar:

“Alguns autores muito competentes pensam que, embora seja muito


fácil haver saturação de determinadas mercadorias, não é possível
haver uma saturação de mercadorias em geral porque, segundo seu
modo de ver a questão, como as mercadorias sempre são trocadas
por mercadorias, uma das metades fornece o mercado para a outra
metade, e como a produção seria assim a fonte exclusiva da
demanda, um excesso na oferta de um artigo prova simplesmente
uma insuficiência na oferta de algum outro, e um excesso geral é
impossível” (MALTHUS, 1996, P.169)

Em relação ao seu longo debate com D, Ricardo, sobre o tema acima. Estava
estruturado a partir de dois componentes: ao equilíbrio entre produção e
consumo e entre poupança e investimento. Para Malthus a falta de demanda
efetiva estava atrelada a estrutura de rendimentos e nos hábitos das classes
sócias ao consumir. Pois na casse dos trabalhadores, seus rendimentos
sempre no limite da subsistência, fazia com que não só apenas não tivessem
como poupar, também fazia com que não tivesse renda para consumo de
mercadorias ou bens de natureza acima do nível de subsistência, segundo que
a classe dos capitalistas, apesar de ter poder de consumo, preocupados com
poupar, devido a sua necessidade de acumulação, acabavam não consumido,
com a visão de poder ter maiores lucros através do investimento. Logo sobraria
a nobreza que arrendava a terra, que gastava sua grande renda em bens de
luxo.

Malthus diferente de Ricardo que se preocupava com a queda da taxa de lucro,


pois acreditava que isso levaria a uma queda nos novos investimentos. Malthus
se preocupava com o excesso de lucro pois se o capitalista so quer saber de
poupar para investir e o trabalhador não tem renda para ser gasta com
consumo, a tendência é que a elevação dos lucros levasse a uma maior falta
de consumo e queda da demanda efetiva

Para Malthus, os entusiastas da lei de Say, enxergam as mercadorias apenas


como cifras, sinais aritméticos, cuja relações entre essas cifras matemáticas
tivessem que ser comparadas ao invés de serem vistas como artigos para
consumo e as necessidades de quem as consomem (MALTHUS, P. 170).
Outro erro citado por Malthus é a suposição da lei de Say de que a acumulação
assegura a demanda, ou pensar que o consumo dos trabalhadores
empregados por uma classe cujo objetivo é poupar, vai criar uma demanda que
estimularia o aumento necessário na produção. Os salários e renda se
transformam em demanda efetiva, porem os lucros não pois são ou poupados
ou acumulados. Assim Malthus defendia que as rendas da terra fossem
suficientemente altas para equilibrar o fator que os lucros não são consumidos,
assim ele era a favor de medidas de redistribuição de rendimentos a favor dos
proprietários de terras.
Outro aspecto problemático na visão de Malthus sobre a demanda efetiva, era
o do porquê, que o capitalista investe, como ele chega nessa conclusão de
querer investir. Para Smith e Ricardo, apenas a poupança era o determinante
de investimento, Mas para Malthus, apenas a poupança não faz com que o
capitalista tome decisões de investimento. Apesar de sim ele achar que a
poupança é importante, porém há outras variáveis, ninguém arriscaria investir
mais, contratar mais trabalhadores apenas com a condição de ter poupado.
Assim para Malthus há uma necessidade de ter uma demanda efetiva prévia
para que haja investimento, pois a produção não cria procura no passe de
mágica

“Além disso, sugeria que o empresário só tomaria a decisão de


investir ou aumentar sua produção a partir de uma previsão de
demanda efetiva para os produtos que iria produzir”. (CORAZZA,
2005, P, 17)

Para resolver o problema de demanda, Malthus além de ser a favor da


elevação da renda dos nobres, também, era favor do aumento dos gastos
públicos:

“Além de defender a elevação dos rendimentos da nobreza


proprietária de terra, como uma solução para garantir uma demanda
efetiva, ele também defendeu a elevação dos gastos públicos pois
eles geravam novas rendas, mas não novos produtos”. (CORAZZA,
2005, P .11)

. Voltando para a questão da acumulação, para Malthus o que faz uma


pessoa pensar em acumular é o prazer futuro.

“A motivação habitual para acumular é, creio eu, a riqueza e o prazer


futuros do indivíduo que acumula, ou daqueles para quem pretende
deixar seus bens. Com essa motivação, nunca conviria ao dono da
terra empregar na agricultura quase todo o trabalho que pode
sustentar, pois ao fazer isso ele necessariamente destrói sua renda
líquida e torna impossível para ele, sem que despeça posteriormente
a maior parte de seus trabalhadores, ocasionando a mais terrível
miséria, obter os meios de maior prazer num futuro distante, ou de
transmiti-los à sua descendência”. (MALTHUS, 1996, P. 174)
Malthus, defendendo a classe nobre, arrendatária de terra. Diz que se os
nobres, continuassem dispostos a consumir mercadorias de luxo dos
capitalistas, e vice e versa, a economia ia andar bem, porem se um dos dois se
propuserem a poupar, a economia pode não andar tão bem assim. Ou seja
Malthus defende o consumo luxuoso dos nobres, diferente do que outros
autores que enxergam, esse lado consumidor e não produtivo, como uma
espécie de parasitismo dos arrendatários. Pois se não fosse esse tipo de
consumo, esse tipo de mercado iria cair. (Malthus, P .174)

Apenas os bens consumidos pelos trabalhadores não são capazes de manter a


demanda:

”(...)é um erro grave considerar que a demanda de alimentos e


roupas por parte do trabalhador a ser empregado produtivamente
assegura tamanha demanda geral de mercadorias e tamanha taxa
de lucros para o capital empregado em sua produção que mobilize
de maneira adequada a capacidade da terra e o talento do homem
para obter maior quantidade possível, tanto de produtos agrícolas
como de produtos manufaturado” (MALTHUS, 1996, P. 175)

Bloco III. Economia marxista

3. Para Rosa Luxemburgo, o estudo teórico da acumulação de capital deveria


estar ligado ao desenvolvimento histórico do capitalismo. Como os ditos
terceiros mercados integram a sua formulação analítica do imperialismo?

Os esquemas de reprodução de Marx apontam que as crises do capitalismo


são frutos de desproporções entre os ramos da produção. Essas
desproporções poderiam ser resolvidas automaticamente pela redistribuição do
investimento ou ação do estado, uma vez que o capitalismo, é um sistema
dialético no qual apresenta sua própria solução e destruição, se regenera.
Essa era a leitura clássica a qual o esquema de reprodução explicava.
(MARIUTTI, 2015, p.53)

Ainda, de acordo com Mariutti (2015, p. 53) essa visão está baseada em um
tipo de equilíbrio automático ou fornecido pelo estado. Rosa Luxemburgo,
busca evidenciar através da crítica ao esquema de reprodução elementos mais
profundos, que são explicitados na sua obra “A acumulação de capital
(1984[1917])”.

As críticas de Rosa Luxemburgo estão pautadas em duas questões. O primeiro


deles diz respeito a finalidade dos esquemas de reprodução. As críticas feitas à
Rosa vão de acordo com um discurso de que ela não entendeu que os
esquemas não podem ser aplicados diretamente a realidade. De acordo com
sua concepção, essa aplicabilidade é até possível, porém não suficiente para
explicar todas as contradições do sistema capitalista da maneira que se
manifestam na realidade, neste caso:

A tendência dominante é deduzir que a reprodução pode ocorrer


indefinidamente e que, portanto, o capitalismo é capaz de uma
expansão ilimitada e, portanto, não entraria em colapso por razões
econômicas; ii) nesta mesma linha, é comum argumentar que o
problema básico dos esquemas é que, embora possam constituir um
bom ponto de partida para análise, eles são muito incompletos. (
MARIUTTI, 2015, P. 53)

Uma segunda questão se levanta em torno das críticas feitas à Rosa, essa se
baseia na alegação da necessidade de distinguir a lógica da investigação da
lógica da exposição, os esquemas de reprodução estariam destinados a ilustrar
as condições que fazem a acumulação de capital existir para então depois
detectar a efetividade, extraindo disso as possibilidades de manifestação
concreta. ( MARIUTTI, 2015, P. 54)

Como mencionado, Rosa Luxemburgo escreve “A acumulação de capital”


baseada na análise crítica dos esquemas de reprodução. Para tanta
Luxemburgo relata que o fenômeno do imperialismo ocorre em função das
dificuldades da reprodução ampliada do capital:

“Fato que impele os capitalistas a se associarem ao seu Estado para,


mediante essa aliança, se defenderem de seus rivais e poderem
disputar militarmente o controle sobre as zonas onde ainda não
dominam as relações especificamente capitalistas de produção.” (
MARIUTTI, 2015, P. 58)

Nessa concepção, segundo Mariutti (2015, p. 58), o militarismo gera demanda


crescente por armamentos e soldados. O gasto militar também aumenta o peso
dos produtores chamados de produtores diretos, e quando conflitos são
causados em decorrência disso, há desequilíbrio na ordem econômica. Além
disso:

“(...) a incorporação pela violência das zonas externas, no longo


prazo, favorece o desenvolvimento de relações capitalistas de
produção em seu interior, fazendo retornar o problema inicial.”
(MARIUTTI, 2015, P.58)

A acumulação e reprodução ampliada do capital necessita de territórios não


capitalistas para se tornar efetivo. Dessa maneira o capitalismo se desenvolve
historicamente através da expansão territorial e busca por mercados externos
ou terceiros mercados conquistados inicialmente através da colonização.
(PIETRO, 2017, p. 816)

Não obstante, a busca por terceiros mercados para Rosa Luxemburgo é um


mecanismo para efetivação da reprodução ampliada do capitalismo. Nesse
sentido, o imperialismo se trata de nova fase do capitalismo no qual constitui
desenvolvimento histórico da acumulação de capital.

REFERÊNCIAS

PRIETO, Gustavo Francisco Teixeira. Rosa Luxemburgo e a expansão


imanente do capitalismo: destruição, resistência e recriação dos territórios e
das relações não capitalistas. GEOUSP: Espaço E Tempo (Online), v. 21, n.
3, p. 812-829, 2017.

MARIUTTI, EDUARDO BARROS. Rosa Luxemburgo: imperialismo, sobre


acumulação e crise do capitalismo.

MALTHUS, Thomas Robert. Princípios da economia política e considerações


sobre sua aplicação pratica: ensaio sobre a população. Editora Nova cultural
Ltda, 1996.

CORAZZA, Gentil. Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de


capitalismo. Cadernos IHU ideias ano 3 - nº 39 - 2005

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