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ROTEIRO 3 – MACROECONOMIA

1. Segundo a explanação do fluxo monetário por Brown, qual é a condição geral para a “manutenção
de um fluxo constante de produtos e serviços a preços fixos”? Apresente essa condição para os
três casos abaixo:

a. Uma economia simplificada sem governo e sem setor externo, em que as famílias poupam
parte da sua renda (destinando ao mercado de capital);
Brown nos apresenta uma segunda economia onde se têm as empresas e famílias como
os principais agentes econômicos e o mercado de capital como intermediador de acumulação
e empréstimos. Vejamos:

FATORES DE PRODUÇÃO
FLUXO
SALÁRIOS
MONETÁRIO
“S” DAS “S” DAS
EMPRESAS MERCADO FAMÍLIAS
EMPRESAS DE FAMÍLIAS
EMPRÉST. CAPITAL
P/”I”
FLUXO
FÍSICO RENDA DESPENDIDA
BENS E SERVIÇOS FINAIS

Sabe-se que em qualquer economia, tanto as empresas quanto as famílias podem


poupar parte de suas rendas e essas economias são direcionadas diretamente para o mercado
de capital, do qual serão novamente retiradas tanto pelas famílias quanto pelas empresas –
sendo as empresas as principais responsáveis por essas retiradas, tomando como empréstimos
para realização de investimentos.
É importante destacar que, nesse cenário econômico qualquer excesso de renda, tanto
de famílias quanto de empresas, deverá ser direcionado ao mercado de capital. Desse modo, é
nesse mercado, e somente nele, que se pode considerar a acumulação de capital, para que haja
um fluxo monetário contínuo, sendo possível o financiamento da produção e decorrente
compra de um constante fluxo de mercadorias a preços fixos.
Portanto, temos que, a condição geral para a manutenção do fluxo constante de
produtos e serviços a preços fixos, nesta economia simplificada onde as famílias e empresas
poupam parte de suas rendas e não existe governo e nem o exterior, está ligada à equivalência
entre a poupança e o investimento: S = I.
b. Uma economia como a anterior, mas incluindo também a existência do governo;
Em um terceiro cenário, temos todos os agentes econômicos anteriores e a adição de
outro, sendo esse o governo. Vejamos:

DESP. PUBL. EM DESP. PUBL. EM


PROD. | SUBSÍ. SERV. | TRANSF.
GOVERNO

“S” DO GOVERNO
IMPOSTOS PJ
IMPOSTOS PF
SALÁRIOS
“S” DAS “S” DAS
EMPRESAS MERCADO FAMÍLIAS
EMPRESAS DE FAMÍLIAS
EMPRÉST. CAPITAL
P/”I”
RENDA DESPENDIDA

Se incluirmos o governo a igualdade entre a poupança e investimento se torna um


pouco mais complexa. Nesse cenário, com a entrada do governo começam a surgir outras
operações como os gastos do governo (compras de bens e serviços, subsídios, transferências,
entre outros) e a arrecadação de famílias e empresas por meio de impostos.
Portanto, para garantir a manutenção de um fluxo constante de produtos e serviços a
preços fixos e a igualdade permaneça, nesse cenário, é preciso que a poupança das famílias + a
poupança das empresas + poupança do governo – chegamos à poupança do governo da
seguinte forma: receitas do governo – despesas do governo = poupança do governo – seja igual
ao investimento. Com isso, temos: Sf + Se + Sg = I.
c. Uma economia como do item anterior, mas incluindo o setor externo.

Em último caso, temos todos os agentes econômicos anteriores e a adição do setor


externo. Vejamos:

DESP. PUBL. EM DESP. PUBL. EM


PROD. | SUBSÍ. GOVERNO SERV. | TRANSF.
“S” DO GOVERNO
IMPOSTOS PJ IMPOSTOS PF
SALÁRIOS

“S” DAS “S” DAS


EMPRESAS MERCADO FAMÍLIAS
EMPRESAS DE FAMÍLIAS
EMPRÉST. CAPITAL
P/”I”
PGTOS “X” PGTOS “M”
RENDA DESPENDIDA
EXTERIOR
Chegamos ao último fluxo apresentado por Brown, onde o mesmo retrata uma forma
mais realista e utilizada nas economias existentes. Trata-se da inclusão de mais um agente
econômico, o exterior. Com isso, o fluxo monetário se encontra completo com todos os agentes
econômicos contribuindo para essa economia.

Ainda, nesse cenário, Brown não leva em consideração a possibilidade das famílias e
autoridades púbicas de realizarem, de forma direta, transações com o exterior e nem a
possibilidade do exterior tomar empréstimos com o mercado do capital. Com isso, ele
“restringe” essa troca com o exterior para as empresas.

Assim, para que a condição para a manutenção de um fluxo constante de produtos e


serviços a preços fixos se mantenha, é preciso que a poupança das famílias, empresas e do
governo seja igual aos dispêndios feitos pelas empresas nos investimentos fixos e que não haja
nenhum excesso de importações sobre exportações – nesse caso, as condições do fluxo
monetário constante estarão satisfeitas quando X – M = 0. Com isso, temos: Sf + Se + Sg + X
- M = I.

2. Sobre a Contabilidade Nacional e a definição dos agregados macroeconômicos:

a. Defina o conceito de “produto” enquanto conceito da macroeconomia e das contas


nacionais.

Segundo Gremaud, o primeiro passo para avaliar o desempenho de certo país é


medindo seu produto (PIB). Com isso, temos que, o produto é a soma de tudo aquilo que foi
produzido em um país durante um determinado período de tempo – em geral, um ano.
Entretanto, não é tão simples assim para calcular o produto e a produção de determinado
país.

Nem todo produto atenderá diretamente à necessidade dos indivíduos, isto é, haverá
produtos que serão utilizados como insumos na produção de outros produtos, ou seja, trata-se
de uma mercadoria intermediária que irá compor um bem final. Por exemplo, o têxtil por si só
não agrega valor ao consumidor final, mas quando utilizado na produção de camisas, entra
compondo o valor destes que, servirá para atender as necessidades humanas. Desse modo, não
se leva em conta, na medição do produto, todas as etapas do processo produtivo, mas apenas
ao valor total da produção de bens e serviços finais, ou seja, aqueles que, de forma direta,
sirvam para satisfação das necessidades humanas.

Essa forma de contagem foi elaborada a fim de evitar o problema da dupla contagem.
Vejamos no exemplo que utilizamos, se for incluído no produto tanto o valor do têxtil quanto o
valor das camisas estaremos caindo no problema da dupla contagem, pois o têxtil já está
incorporado no valor da camisa, portanto, quando esta é contabilizada automaticamente o seu
intermediário também o é.

Portanto, sabemos com isso que, o produto é a manifestação monetária da produção de


certa sociedade em um determinado período de tempo, sendo esse, no geral, contabilizado
anualmente. E também que, é contabilizado apenas os bens finais, isto é, os bens que são
diretamente destinados à satisfação das necessidades humanas, onde nesses já se incluem os
valores dos bens intermediários, ou seja, os bens que são utilizados para a produção de outros
bens a fim de desviarmos do problema de dupla contagem.

b. Explique por que o “produto” deve ser entendido como um fluxo, e não como um estoque.

Sabemos que o produto é essencial para calcularmos o crescimento econômico de um


determinado país, entretanto, para calcularmos esse crescimento o produto precisa estar
combinado com um determinado período de tempo. Assim, o crescimento econômico de um
país é calculado de acordo com o aumento do produto naquele período desejado.

Dessa forma, o produto combinado com uma variável de fluxo se obtém o crescimento
econômico de certo país (PIB), pois, trata-se de uma grandeza que é medida em termos de
quantidades por unidades de tempo, ou seja, retrata a taxa de variação de certa quantidade
ao longo de um determinado período de tempo. Com isso, é possível medir a atividade
econômica de certo país, analisar ciclos econômicos identificando momentos de expansão ou
contração e torna-se possível comparar a produção de diferentes períodos.

Por fim, e em contrapartida, tratar o produto como estoque é o mesmo que eliminar o
fluxo de tempo e olhar para um único ponto em certo período, ou seja, ele reflete a
quantidade acumulada em um determinado ponto no tempo, sem levar em consideração o
fluxo do tempo.

c. Apresente as três óticas de mensuração do “produto” utilizadas pela Contabilidade


Nacional, mostrando seus elementos constitutivos.

Gremaud nos apresenta três óticas de mensuração do produto, sendo elas (i) ótica do
produto, (ii) ótica do dispêndio e (iii) ótica da renda. Vejamos um exemplo para melhor
compreensão:
Valor do produto Insumos Valor adicionado
Madeira 15 0 15
Tábua 20 15 5
Cadeira 25 20 5
De início, temos (i) a ótica do produto que possui duas formas para se calcular, sendo a
primeira conhecida como (a) valor dos bens finais e (b) valor adicionado. Dessa forma, temos
que, (a) o valor do produto de bens finais é 25 que corresponde à produção de cadeiras.
Porém, também foi produzido 15 em termos de madeira e 20 em termos de tábua. Assim, se
somarmos toda a produção de cada um dos bens chegaremos a 60, valor esse que corresponde
ao Valor Bruto da Produção (VBP) – sabemos que nesse cálculo ocorre a dupla contagem,
pois, estamos contando a tábua duas vezes (pela participação no valor da cadeira e por ela
mesma) e a madeira três vezes (pela participação no valor da cadeira, da tábua e por ela
mesma); também temos a segunda forma de contagem, conhecida como (b) valor adicionado,
onde, o bem final é a cadeira que possui valor de 25, sendo que esse mesmo valor pode ser
destrinchado em 15 decorrentes da produção de madeira, 5 decorrente da produção de tábua
e 5 decorrentes da própria produção da cadeira em si. Com isso, temos que o valor do produto
medido pela produção de bens finais deve igualar o valor adicionado em cada etapa necessária
à sua elaboração, esse método de contagem traz consigo uma vantagem que permite estipular
quanto cada ramo de atividade ou setor contribuiu para a geração do produto, por meio do
cálculo do valor adicionado. Por fim, chegamos ao PIBpm (Produto Interno Bruto a preços de
mercado), trata-se do valor monetário de venda dos produtos finais produzidos em
determinado país dado um período de tempo.

Em seguida, temos a (ii) ótica do dispêndio que diz respeito aos possíveis destinos do
produto, ou seja, quem adquiriu e qual a finalidade da aquisição – existem duas finalidades
que são: consumo (consumo pessoal [famílias] e consumo público [governo]) e investimento
(expansão da capacidade de produção [maquinários, edifícios etc.] e à variação dos estoques
[insumos, bens finais etc.]). Desse modo, faz-se com a soma dos consumos (públicos e privados)
e os investimentos o conceito de absorção interna e esta não necessariamente será igual ao
produto por dois motivos que são: exportações – quando uma parcela do produto que foi
produzido não é adquirida pelas famílias para consumo privado, empresas para investimentos
e nem pelo governo para consumo público, mas é vendida para outros países – e importações –
quando alguns bens consumidos aqui não foram produzidos no país, mas sim aquiridos do
exterior. Assim, para calcular o produto usando a ótica do dispêndio, é necessário a soma de
todos os elementos de dispêndio (consumo, investimento e exportações) e subtrair da parcela
do dispêndio realizada com produtos vindos do exterior (importações). Daí surge a igualdade
entre produto e dispêndio, vindo do próprio conceito de dispêndio que engloba todos os
destinos possíveis do produto.
Por fim, a (iii) ótica da renda diz respeito à remuneração dos fatores de produção
envolvidos no processo produtivo, sendo eles: salários que remuneram o fator trabalho, juros
que remuneram o capital de empréstimo, aluguéis pagos aos donos dos bens de capital
(maquinários, edifícios etc.), lucros que remuneram o capital produtivo (capital de risco) e
impostos (renda do governo). Com isso, tem se a igualdade entre produto e renda que deriva
do fato que cada valor adicionado a etapa produtiva diz respeito à remuneração dos fatores
envolvidos naquela etapa, ou seja, o produto condiz à soma do valor adicionado, logo,
corresponde à soma das remunerações.

d. Explique a relação entre os conceitos “produto”, “valor adicionado” e “valor bruto da


produção”.

Na contabilidade social, o produto (PIB) é a manifestação monetária da produção de


certa sociedade em um determinado período de tempo, sendo esse, no geral, contabilizado
anualmente. Sabendo disso, os conceitos de valor adicionado e valor bruto da produção são as
duas formas de se medir o produto.

Dessa forma, calculando o produto pelo valor adicionado você tem a subtração do custo
dos insumos do valor total da produção. O valor adicional é o valor que foi, a cada etapa do
processo produtivo (ou cada empresa), adicionado ao valor dos insumos usados. Por fim, o VA
evita o problema de dupla contagem dos bens e serviços ao longo do processo produtivo.

Com isso, temos o VBP que retrata todo o valor dos bens e serviços de uma economia
antes de subtrair os custos dos insumos durante a cadeia produtiva, ou seja, é o valor
monetário de todos os bens finais (sem o desconto dos insumos) e serviços finais produzidos
em uma economia durante um determinado período de tempo.

3. Sobre a identidade contábil entre poupança e investimento:

a. Apresente os conceitos de poupança e Investimento.

Gremaud apresenta um primeiro fluxo circular onde não havia poupança nem
investimento, ou seja, toda produção das empresas era consumida pelas famílias. Em seguida,
o mesmo argumenta que qualquer sociedade nos dias de hoje possui o direito de poupar uma
parcela de sua renda, advindo disso, temos o investimento que resulta no empréstimo,
geralmente pelas empresas, dessa parcela da renda que fica reunida no mercado de capitais.

Dito isso, entende-se como investimento a compra de bens de produção (matérias


primas), intermediários (bens que são utilizados na produção de outros bens) ou bens de
capital (maquinários, aluguéis etc.), onde visam o aumento da oferta de bens finais (produtos)
no período seguinte. Além do mais, é válido destacar que, considerando a existência do
investimento é importante apresentar a depreciação. Trata-se da diminuição da vida útil ou
capacidade plena dos bens de capital a cada período produtivo, com isso, conforme o passar
do tempo, é preciso repor aquilo que foi depreciado.

Por fim, a poupança trata da parcela da renda da população que não é gasta com
consumo. Essa parcela deve ser encaminhada para o mercado de capitais, onde quando
emprestadas às empresas por meio de empréstimos essas usam para investimento, ou também
podem ser emprestadas ao governo para fins públicos. Ainda, a poupança pode variar de
acordo com as expectativas dos cidadãos, ou seja, se há uma expectativa de crescimento
econômico as pessoas consumirão mais, do contrário, se há riscos de recessão a população
ficará mais propensa a poupar.

b. Como a identidade entre S e I é obtida numa economia simples (sem governo e sem setor
externo), na mensuração da atividade econômica (cálculo do Produto)?

Usando a economia fechada e sem governo, sabe-se que as famílias detêm dos fatores de
produção e que consomem os bens e serviços produzidos pelas empresas, essas responsáveis
por adquirirem os fatores de produção das famílias para combiná-los e gerar uma oferta de
bens e serviços, que novamente, serão consumidos pelas famílias. Com isso, percebe-se a
existência de dois mercados nessa economia, sendo eles: mercado de bens finais e mercado de
fatores de produção, logo: Y = C = Remuneração dos Fatores (Renda [salários, juros, aluguéis
e lucros]); onde: Y é o produto nacional e C é o consumo agregado.¹

Agora, incluindo o investimento e a poupança teremos a existência de dois ramos de


empresas, uma produtora de bens de consumo e outra que produz bens de capital. Sendo
assim, as famílias passam a vender seus fatores de produção para ambas as empresas e
obtendo assim renda das duas, porém, consumindo apenas da empresa que produz bens de
consumo. Para que seja possível o investimento, é necessário que as famílias não utilizem de
toda sua renda, caso contrário, não haveria recursos para tomar empréstimos. Assim, as
famílias passam a poupar uma parcela de sua renda, logo: S = Y – C; onde: S é a poupança.²

Por fim, compreendemos que as famílias agora possuem duas opções para sua renda:
consumir ou poupar, com isso, substituísse a primeira equação por: Y = C + S³. No entanto,
existem dois tipos de gastos na economia: C e I, ou seja, DA = C + I4 – conforme incluem-se o
governo e o exterior ela se torna DA = C + I + G + (X – M). Como visto, a renda é igual à
demanda (Y = DA), logo:

C+S=C+I

eliminando o C dos dois lados, teremos Investimento = Poupança:

I=S

4. Sobre o mercado de trabalho, responda:

a. É possível dizer que toda a população contribui efetivamente para o “produto” gerado no
país? Responda utilizando obrigatoriamente os conceitos de PEA, PIA, inativos, ocupados,
desocupados.

Gremaud nos apresenta o, talvez, mais grave problema macroeconômico que as


principais economias vêm enfrentando, o desemprego do fator trabalho (entre os fatores de
produção, o mais importante). Este fator é decorrente do tamanho da população, entretanto,
entre a população total do país e a que corresponde efetivamente à força de trabalho, há
algumas diferenças que precisam de um estudo para que assim se chegue ao conceito de
desemprego, e definir quais grupos contribuem efetivamente para o “produto” gerado em um
país. Vejamos um desenho para melhor compreensão:

População total
População com menos
de 10 anos
PIA
População não
População com mais de economicamente ativa PEA
10 anos (PIA) População Desempregados
economicamente ativa População com mais de
Ocupados
(PEA) 10 anos (PIA)

A priori, separa-se, neste exemplo, toda população acima de 10 anos – em alguns países
pode haver diferenças nesse conceito – dos demais, obtendo assim a População em Idade Ativa
(PIA). Após, divide-se a PIA em dois grupos: população não economicamente ativa – pessoas
incapacitadas para trabalhar como aposentados e pensionistas, estudantes, detentos, donas de
casas ou “do lar” e inativos (aqueles que não procuram e nem desejam trabalhar) – e
População Economicamente Ativa (PEA). Com isso, tem-se a PEA que se divide em dois
grupos: os Desempregados (ou desocupados) – pessoas temporariamente sem trabalho, mas
que estão em busca de um – e os Ocupados – aqueles que foram empregados por alguém, ou
seja, estão cumprindo uma jornada de trabalho e sendo remuneradas por isso.

Portanto, segundo essa análise, pode-se dizer que nem toda população contribui
efetivamente para o “produto” gerado em um país. Essa contribuição advém, principalmente,
por meio da PEA que inclui os ocupados – aqueles ao qual estão diretamente envolvidos na
produção de bens e serviços – e os desempregados – aqueles que estão à procura de uma
oportunidade de trabalho. Os demais (parcela da PIA não economicamente ativa) não
contribuem diretamente para o “produto” da economia de um país, por não estarem
envolvidos na produção de bens e serviços.

b. Apresente os conceitos de taxa de participação e taxa de desocupação.

A taxa de participação da força de trabalho é a relação entre a população


economicamente ativa e a população em idade ativa, e se obtém da seguinte maneira:

𝑷𝑬𝑨
𝑻𝑷𝑭𝑻 = 𝒙 𝟏𝟎𝟎
𝑷𝑰𝑨
Dessa forma, se obtém a porcentagem da população adulta que está empregada. Em
seguida, temos a taxa de desemprego (ou desocupação) que se obtém da seguinte forma:

𝑫
𝑻𝑫 = 𝒙 𝟏𝟎𝟎
𝑷𝑬𝑨
Desse modo, chegamos à porcentagem da força de trabalho que está desempregada.

c. Como o “efeito desalento” tende a afetar essas duas taxas?

Na macroeconomia, o efeito desalento consiste na desistência da procura de emprego


por parte dos desempregados. Essa desistência se dá por diversos fatores, mas os mais comuns
ocorrem em períodos de recessão, onde se cria uma percepção que não haverá oportunidades
disponíveis, onde há altas taxas de desemprego, quando começam a crescer a precarização do
trabalho e quando há excesso de oferta de trabalho fazendo com que os salários diminuem.

Com isso, vemos que o efeito desalento afeta ambas as taxas. Na taxa de participação
da força de trabalho ocorre que, os desempregados ao desistirem de procurar empregos se
tornam inativos, ou seja, passam para a parcela da população não economicamente ativa.
Logo, a TPFT tende a diminuir, uma vez que a PEA – onde se encontram os desempregados –
diminui.
Por fim, o efeito desalento na TD provoca uma diminuição, mesmo que o cenário seja
negativo. Isso se dá, tanto pela diminuição dos desempregados e consequente diminuição da
PEA, entretanto, os desempregados (numerador) diminuem de forma mais expressiva. Esse
efeito explica o cenário conturbado do mercado de trabalho, uma vez que a economia passa
por recessão e a falta de oportunidades e desmotivação insistem.

d. Explique os diferentes tipos de desemprego: conjuntural, friccional e estrutural.

A priori, o desemprego conjuntural (ou cíclico) consiste na redução do nível da oferta


de emprego em função de condições desfavoráveis, periódicas e recorrentes no nível de
atividade econômica. Um exemplo, são as diminuições das atividades econômicas dos países
onde, em alguns casos, as empresas se veem obrigadas a dispensar funcionários para cortes de
despesas. Com isso, temos como exemplo de enfrentamento ações dos governos que adotam
políticas para estimular o crescimento econômico, como desonerações de folhas de pagamento
e/ou prorrogação ou até isenção de impostos para estímulo do crescimento da produção e do
emprego.

Ademais, temos o desemprego friccional que corresponde o período de ajuste no


mercado de trabalho devido às realocações. Como exemplo temos os cidadãos desempregados
temporiamente, ou porque estão mudando de emprego, ou porque foram demitidos, ou
porque estão à procura de emprego. Dessa forma, sempre haverá, mesmo com a atividade
econômica em crescimento, uma porcentagem de desemprego, pois nem sempre o tempo entre
ser despedido e conseguir ser realocado para outro é curto. Assim, temos como exemplo para
enfrentamento políticas que contribuem para a circulação de informações sobre vagas de
emprego como agencias de empregos ou os meios de comunicação como jornal, tv, entre
outros.

Por fim, temos o desemprego estrutural que representa as mudanças estruturais na


economia que não resultam na criação de novos empregos. Como exemplo temos as melhorias
tecnológicas que permitem ganhos de produtividade, aumento na automação e informatização
do processo produtivo ou até mesmo nos padrões de demanda dos consumidores, tendo em
vista que, mudanças de gostos podem tornar certos produtos obsoletos, levando ao fim postos
de trabalho. Com isso, temos como políticas de enfrentamento ações que estimulem a
requalificação, como cursos de capacitações, contribuindo para a redução do desemprego em
setores que usem tecnologia trabalho-intensivo.

5. Sobre o fenômeno da inflação:


a. Defina os dois tipos de inflação.

Tem-se como inflação, o aumento generalizado e contínuo dos preços. Na ocasião em


que ocorre o contrário, ou seja, uma baixa generalizada e contínua dos preços, tem-se o
conceito de deflação. É importante destacar que o aumento ou diminuição do preço de algum
bem ou serviço em particular não determina inflação ou deflação. Trata do aumento ou
diminuição de um conglomerado de bens e serviços, e esses aumentos ou diminuições não
precisam ocorrer de forma sincronizada, ou seja, os preços dos bens e serviços não aumentam
ou diminuem de forma igual.

Ademais, entre as causas da inflação encontraremos dois tipos básicos, são eles:
inflação de demanda e inflação de custos. Na inflação de demanda se tem um excesso de
demanda agregada em relação à oferta agregada disponível, ou seja, a oferta agregada, sendo
quase fixa no curto prazo, não consegue acompanhar a crescente demanda agregada, o que
causa um aumento dos preços. Atribui-se esse aumento dos preços a qualquer fator que
aumente a demanda agregada, tal como o aumento da oferta de moeda (expansão monetária)
ou gastos do governo (déficit público). Com isso, essa inflação se torna cada vez maior
conforme for se aproximando do pleno emprego e/ou maior for o déficit público.

Por fim, a inflação de custo que pode ser considerada como inflação de oferta, advém
do aumento de custos da produção que serão passados ao consumidor final. Trata-se de
aumento nos insumos, problemas nas safras agrícolas, desvalorização cambial que faz com
encareça os insumos importados, aumentos salariais, entre outras causas. Com isso, as
empresas tentando enfrentar esses aumentos repassam para o consumidor final bens e
serviços com valores elevados.

b. Explique por que existem diferentes “índices de preços” para medir tal fenômeno.

Caso houvesse um único bem na economia, não seria difícil conhecer a variação do
preço desse bem. Todavia, há uma necessidade de diferentes índices de preço, pois, a inflação é
algo que pode afetar diversos bens e serviços, mas de maneira diferente. Para isso são criados
índices específicos para a indústria, agricultura, consumidor, produtor etc. Podemos citar
alguns exemplos como: (i) Índice de Preços por Atacado (IPA), (ii) Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) e (iii) Índice Geral de Preços (IGP).

Dessa forma, temos o (i) Índice de Preços por Atacado (IPA) cuja finalidade está em
medir a variação de preços do atacado, ou seja, a variação dos preços negociados entre as
empresas. Com isso, o IPA exclui os consumidores finais pois essas negociações ocorrem
durante o processo de produção, ou seja, antes de chegar à população na forma de bem ou
serviço final. Em seguida, temos o (ii) Índices de Preços ao Consumidor (IPC) cuja finalidade
está em medir a variação dos preços de um conjunto (ou cesta) fixo de bens e serviços que
compõe as despesas habituais de famílias com certo nível de renda. Esse índice pode variar
bastante de acordo com cada país, também sua cesta de bens e serviços que podem, ou não,
incluir alimentação, habitação, vestuário, entre outros.

Por fim, temos o (iii) Índice Geral de Preços (IGP) que tem por finalidade medir a
variação da atividade econômica do país. Esse índice é usado no país e contém três outros
índices, dos quais são: IPA (que mede a variação nos preços das negociações do processo
produtivo), IPC (o qual mede a variação nos preços de bens e servidos consumidos pelas
famílias de determinada renda) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção [este é
voltado para a construção civil e inclui custos como mão de obra, materiais de construção,
entre outros]). Com isso, este índice foi construído dessa maneira para noção da pressão
inflacionária e a evolução dos preços de bens e serviços mais relevantes ao consumidor, por
isso contém essa composição de outros índices relevantes.

6. Sobre a Lei de Say:

a. Explique o raciocínio segundo o qual “a produção cria sua própria demanda”. Isso implica
que as famílias necessariamente gastam toda sua renda?

Quando um produto é criado, no mesmo instante cria-se um mercado para outros


produtos de acordo com seu próprio valor (valor esse que deve ser, no mínimo, igual ao custo
de produção). Assim, quando finalizado, o produtor está ansioso para vendê-lo pois sabe do
risco de perecibilidade (desvalorização) que aquele produto corre em suas mãos, entretanto, o
mesmo não está ansioso para o ganho e acumulação do dinheiro que receberá na troca, pois
sabe que também o dinheiro sofrerá desvalorização se guardado, portanto, tem pressa em
adquirir outra mercadoria (com isso, tem-se o dinheiro como intermediador [meio de troca]
na troca de produtos). Dessa forma, tem-se a definição da lei de Say, onde a mesma é válida
para uma economia de produtores simples (embora Say e Ricardo vivessem em uma sociedade
capitalista), isto é, quando cada família é possuinte de seus meios de produção e troca o seu
excedente pelo excedente de outra família. Com isso, consideramos que as mercadorias são
trocadas entre si, ou seja, o fluxo econômico é entendido como sendo formado pela troca de
produtos por produtos e o dinheiro sendo apenas um meio de troca.
Portanto, na “essência” da lei de Say (onde é válida para uma economia de produtores
simples), tanto para Say quanto para Ricardo o dinheiro é visto como um meio de troca e por
isso necessita ser gasto para obtenção de um produto. Para Say, isto se explica pelo fato de o
dinheiro sofrer desvalorização, sendo assim, o produtor, agora como consumidor, não deseja
retê-lo em mãos, sabendo que se o fizer perderá poder de compra, logo, quanto mais cedo
gastar melhor. Já para Ricardo, o dinheiro possui apenas a função de intermediador para a
compra de bens, não possuindo motivos maiores para retenção do dinheiro por mais tempo
que o necessário. Sendo assim, o dinheiro necessariamente será integralmente gasto, pois, na
visão de Ricardo não há um motivo para a acumulação do dinheiro maior que a compra de
mercadorias e caso o indivíduo retenha o dinheiro na poupança as empresas tomarão em
forma de empréstimos para ampliação da produção; ou para Say, que entende que quanto
mais tempo o dinheiro for retido menos poder de compra ele terá.

b. Escambo, circulação monetária, sociedade de produtores independentes ou capitalismo


interferem sobre o funcionamento da lei?

A priori, podemos dizer que a lei de Say não pode ser válida para o escambo. Vejamos,
no escambo as famílias produzem e realizam trocas diretas com outras famílias sem nenhum
intermediador entre as trocas, ou seja, sem moeda. Entretanto, na lei de Say existe a moeda
que intermedia as trocas e serve também como unidade de conta. Com isso sem a moeda para
intermediar as trocas pode-se encontrar alguns desafios como a precificação dos produtos e a
dificuldade de encontrar alguém que queira exatamente o que você tem em troca do que você
exatamente deseja.

Em seguida, temos a circulação monetária, que do contrário do escambo, tem o poder


de facilitar as trocas servindo como unidade de conta e meio de troca. Com isso, na essência da
lei de Say, a moeda é utilizada como intermediadora de trocas e não há utilidade em sua
acumulação, pelo contrário, de acordo com Say o produtor se vê quase obrigado a gastá-la
para não perder poder de compra uma vez que a moeda é perecível.

Ademais, na sociedade de produtores independentes encontramos o cenário que muitos


economistas acreditam que tenha sido concebida a lei – embora Say e Ricardo vivessem em
uma sociedade capitalista, a lei de Say retrata um cenário do funcionamento da economia de
produtores simples –, portanto, a essência da lei permanece e o fluxo econômico gira em torno
de trocas de produtos por produtos e a moeda funcionando como intermediadora.
Por fim, temos a sociedade capitalista que interfere em alguns pontos no funcionamento
da lei. A priori temos o preço do produto dividido em três partes: (i) custo dos meios de
produção (aluguéis, matérias primas etc.), (ii) salários (renda dos trabalhadores envolvidos na
produção) e (iii) o lucro do capitalista. Ao vender essa mercadoria o capitalista obtém o valor e
com esse valor ele adquire de outros capitalistas os meios de produção necessários para
continuidade (isso inclui maquinário, matérias primas, bens intermediários, mão de obra etc.),
bens e serviços do qual necessita e paga os salários dos trabalhadores (renda essa ao qual será
utilizada para a compra dos bens e serviços finais). Entretanto, pode acontecer da renda e/ou
lucro não serem totalmente utilizados e serem deslocados para o mercado de capitais, nesse
caso Ricardo diz que se um indivíduo não gastar seu dinheiro, outro fará por meio de
empréstimos, e esse pode ser tanto um capitalista ampliando sua capacidade de produção
quanto o governo por meio de tributos.

c. Consulte suas respostas da Questão 1 (itens “a” e “b”). Seria possível dizer que a validade
da “lei de Say” garantiria as “condições para a manutenção do fluxo constante” naqueles
casos?

a) A princípio, temos que adaptar a lei de Say para uma economia simplificada sem o
governo e sem o exterior. Segundo a lei de Say, a produção cria sua própria demanda,
trazendo para essa economia: as empresas contratam os fatores de produção (mão de obra)
das famílias em troca de um salário. A renda das famílias gerada nesse processo é utilizada
para obter os bens e serviços das empresas e uma parcela é direcionada para a poupança
(mercado de capitais). Com isso, a lei de Say diz que, as empresas tomarão como empréstimos
essas rendas poupadas para ampliação de sua produção, comprando mais bens de produção e
contratando mais pessoas. Entretanto, na vida real a lei não funciona com toda essa
“perfeição”, acontece que o capitalista nem sempre utilizará de toda sua renda de forma
imediata como diz Say – para Say, tanto a mercadoria quanto o dinheiro eram perecíveis
(sofriam desvalorização) com isso o indivíduo tinha uma certa ansiedade em vender sua
produção e com o dinheiro adquirir os bens que necessitava –, mas segundo Ricardo, o
produtor que não utilizasse de sua renda iria emprestar a juros para outro que assim
utilizasse, pois de acordo com Ricardo não há nenhum motivo para o entesouramento e aquilo
que não fosse gasto seria transferido a juros para outro indivíduo que assim gastaria.
Portanto, nesse cenário econômico sem o governo e o setor externo a lei de Say deixa a
entender que toda oferta de trabalho está sendo absorvida pelo processo de produção, a
demanda sempre será exercida integralmente em relação ao poder de compra gerado, o
indivíduo que não gastar toda sua renda emprestará a juros para outro que assim gaste
fazendo com que a demanda agregada nunca fique acima ou abaixo que a oferta agregada já
que existe a possibilidade de empréstimos e a única coisa que limitará a demanda será o poder
de compra gerado pela oferta.

b) Em seguida, temos em uma economia com governo e sem o setor externo a lei de Say
sofrendo interferências governamentais. Sabe-se que as empresas contratam os fatores de
produção (mão de obra) das famílias em troca de um salário. A renda das famílias gerada
nesse processo é utilizada para obter os bens e serviços das empresas e uma parcela é
direcionada para a poupança (mercado de capitais). Com isso, a lei de Say diz que, as
empresas tomarão como empréstimos essas rendas poupadas para ampliação de sua
produção, comprando mais bens de produção e contratando mais pessoas. Entretanto, agora
com o governo o que ocorrerá é que uma parcela da renda das famílias e das empresas será
transferida através de impostos para o Estado, com isso, Ricardo pensava que o governo
quando tributa os capitalistas ele retira o poder de compra tanto dos capitalistas quanto dos
trabalhadores e mais, ele pensava nesses gastos do governo como gastos improdutivos. Para
Ricardo o Estado é necessário, mas de forma mínima distribuindo serviços indispensáveis
como infraestrutura (rodovias, iluminação pública etc.), segurança, educação etc. Ainda, na lei
de Say como a demanda é ilimitada não há motivo do capital ficar desempregado, e entende-se
que isso também aconteça com a mão de obra, toda via, em uma economia com governo o
desemprego pode ocorrer por conta de ações do governo como estipular um salário mínimo
acima do salário natural apresentado por Ricardo – o salário natural seria o salário necessário
para a sustentação do trabalhador e de sua família e somente, nada a mais para não haver um
crescimento da população agora que os salários estão maiores e a vida mais “folgada”; ou nem
abaixo fazendo com que aumente as mortes, a oferta de trabalho diminua e os preços
aumentem. Por fim, Ricardo pensava que o Estado ao levantar empréstimos por meio da
inserção de títulos da dívida pública no mercado, onde as pessoas ao comprarem passarão o
poder de compra delas para o Estado que gastará por essas pessoas, realizaria gastos
improdutivos, logo, o governo interfere no processo da lei de Say.

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