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1- INTRODUÇÃO

Desde o início do século XX, a humanidade tem passado por um processo de


transformações sem precedentes na História. A produção industrial e agrícola cresce
continuamente, as cidades tornam-se cada vez maiores e esse processo tem uma
conseqüência: precisa-se cada vez mais de energia.
Apesar de sua enorme presença na vida de todos e de sua importância como conceito
científico nas explicações dos fenômenos naturais, é muito difícil expressar por meio
de uma definição o que é energia. Assim, a compreensão do conceito de energia não
vem do conhecimento de sua definição, mas sim da percepção de sua presença em
todos os processos de transformação que ocorrem em nosso organismo, no ambiente
terrestre ou no espaço sideral.
A principal característica da energia é sua conservação. Ela não pode ser criada, não
pode ser destruída, só pode ser transformada. Sempre que uma quantidade de
energia é necessária para alguma atividade, essa energia deve ser obtida por meio de
transformações, a partir de outra forma já existente.

A energia pode assumir diferentes formas: elétrica, química, nuclear, térmica,


luminosa, cinética. Quando ocorrem fenômenos no universo, seja a fissão de um
núcleo atômico, a emissão de luz por uma estrela, a queda de uma pedra na
gravidade terrestre, ou o funcionamento de um motor de carro, alguma transformação
de energia também acontece.
Fontes de energia são os materiais ou fenômenos a partir dos quais podemos obter
alguma forma de energia. Com o desenvolvimento tecnológico, os seres humanos
descobriram várias dessas fontes. Atualmente, as mais utilizadas são:

 Petróleo e seus derivados;


 Carvão vegetal;
 Carvão mineral;
 Lenha;
 Álcool;
 Cursos d'água;
 Átomos de alguns elementos químicos como o Urânio e o Tório.

Existem ainda outras fontes de energia que começaram a ser utilizadas há poucas
décadas e representam uma pequena parcela das fontes atuais: o Sol (pelo uso direto
da energia que ele emite), os ventos, o gás natural (metano, CH4).
Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em
movimento (vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia
cinética de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas
eólicas, para a geração de eletricidade, ou cata-ventos (e moinhos), para trabalhos
mecânicos como bombeamento d’água. Um barco á vela usa a energia dos ventos
para se deslocar na água. Esta é uma forma de produzir força através do vento.
Durante muitos anos, os agricultores serviram-se da energia eólica para
bombear água dos furos usando moinhos de vento. O vento também é usado para
girar a mó dos moinhos transformando o milho em farinha.

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2- HISTÓRIA DA ENERGIA EÓLICA

Já há quatro milênios as pessoas usavam a energia


eólica na forma de barcos à vela no Egito. As velas
capturavam a energia no vento para empurrar um
barco ao longo da água. Os primeiros moinhos de
vento, usados para moer grãos, surgiram entre 2 mil
a.C., na antiga Babilônia, e 200 a.C. na antiga Pérsia, Foto cedida por GNU.org / Michael
dependendo de para quem se pergunta. Estes Reeve
primeiros dispositivos consistiam em uma ou mais Moinho de vento Pitstone, que se
vigas de madeira montadas verticalmente, e em cuja acredita ser o mais antigo moinho
base havia uma pedra de rebolo fixada ao eixo rotativo de vento das Ilhas Britânicas
que girava com o vento. O conceito de se usar a
energia do vento para moer grãos se espalhou rapidamente ao longo do Oriente Médio
e foi largamente utilizado antes que o primeiro moinho de vento aparecesse na
Europa. No início do século XI d.C., os cruzados europeus levaram o conceito para
casa e surgiu o moinho de vento do tipo holandês com o qual estamos familiarizados.

O desenvolvimento da tecnologia da energia eólica moderna e suas aplicações


estavam bem encaminhados por volta de 1930, quando estimados 600 mil moinhos de
vento abasteciam áreas rurais com eletricidade e serviços de bombeamento de água.
Assim que a distribuição de eletricidade em larga escala se espalhou para as fazendas
e cidades do interior, o uso de energia eólica nos Estados Unidos começou a
decrescer, mas reviveu depois da escassez de petróleo no início dos anos 70. Nos
últimos 30 anos, a pesquisa e o desenvolvimento variaram com o interesse e
incentivos fiscais do governo federal. Em meados dos anos 80, as turbinas eólicas
tinham uma capacidade nominal máxima de 150 kW. Em 2006, as turbinas em escala
de geração pública comercial têm potência nominal comumente acima de 1 MW e
estão disponíveis em capacidades de até 4 MW.

3- FUNCIONAMENTO

Toda a energia eólica começa com o sol. Quando o sol aquece uma determinada área
de terra, o ar ao redor dessa massa de terra absorve parte desse calor. A certa
temperatura, esse ar mais quente começa a se elevar muito rapidamente, pois um
determinado volume de ar quente é mais leve do que um volume igual de ar mais frio.
As partículas de ar que se movem mais rápido (mais quentes) exercem uma pressão
maior do que as partículas que se movem mais devagar, de modo que são
necessárias menos delas para manter a pressão normal do ar em uma determinada
elevação. Quando este ar quente mais leve se eleva subitamente, o ar mais frio flui
rapidamente para preencher o espaço vazio deixado. Este ar que velozmente
preenche o espaço vazio é o vento.
Se você colocar um objeto - como uma pá de rotor - no caminho desse vento, o vento
irá empurrá-la, transferindo parte de sua própria energia de movimento para a pá. É
assim que uma turbina eólica captura a energia do vento. A mesma coisa acontece
com um barco à vela. Quando o ar se move empurrando a barreira da vela, faz o
barco se mover. O vento transferiu sua própria energia de movimento para o barco à
vela.

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A turbina de energia eólica mais simples possível consiste em três partes
fundamentais:

 Pás do rotor: as pás são, basicamente, as velas do sistema. Em sua forma


mais simples, atuam como barreiras para o vento (projetos de pás mais
modernas vão além do método de barreira). Quando o vento força as pás a se
mover, transfere parte de sua energia para o rotor;

 Eixo: o eixo da turbina eólica é conectado ao cubo do rotor. Quando o rotor


gira, o eixo gira junto. Desse modo, o rotor transfere sua energia mecânica
rotacional para o eixo, que está conectado a um gerador elétrico na outra
extremidade;

 Gerador: na essência, um gerador é um dispositivo bastante simples, que usa


as propriedades da indução eletromagnética para produzir tensão elétrica -
uma diferença de potencial elétrico. A tensão é, essencialmente, "pressão"
elétrica: ela é a força que move a eletricidade ou corrente elétrica de um ponto
para outro. Assim, a geração de tensão é, de fato, geração de corrente. Um
gerador simples consiste em ímãs e um condutor. O condutor é um fio enrolado
na forma de bobina. Dentro do gerador, o eixo se conecta a um conjunto de
imãs permanentes que circunda a bobina. Na indução eletromagnética, se você
tem um condutor circundado por imãs e uma dessas partes estiver girando em
relação à outra, estará induzindo tensão no condutor. Quando o rotor gira o
eixo, este gira o conjunto de imãs que, por sua vez, gera tensão na bobina.
Essa tensão induz a circulação de corrente elétrica (geralmente corrente
alternada) através das linhas de energia elétrica para distribuição.

Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário


que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que
requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização
Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta
velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m. Essa proporção
varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental.

4- POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO

O potencial eólico brasileiro é de 143,5 GW (Gigawatts), segundo um estudo da


Centro de Pesquisa em Energia Elétrica (Cepel) do Ministério de Minas e Energia feito
em 2005. O estudo levou em conta geradores de energia eólica de até 50 metros.
Com o avanço tecnológico no setor, que permite geradores de até 80 metros
atualmente no Brasil, o potencial cresceria mais ou menos 50%. Esse potencial de
143,5 GW representaria a geração de energia de 146 milhões de residência. Essa
conta, no entanto, é só ilustrativa. A energia eólica não é energia firme, ou seja, com
fornecimento constante. Assim, sua energia é armazenada em baterias ou trabalha em

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conjunto com as hidrelétricas, ajudando, por exemplo, no abastecimento dos
reservatórios dessas usinas. O potencial instalado no Brasil é atualmente de 247,5
MW (Megawatts), ou seja, 0,25% dos 99,7 GW gerados no país, segundo dados de
dezembro de 2007.

5- POTENCIAL EÓLICO NO MUNDO

Em 1990, a capacidade instalada no mundo era inferior a 2.000 MW. Em 1994, ela
subiu para 3.734 MW, divididos entre Europa (45,1%), América (48,4%), Ásia (6,4%) e
outros países (1,1%). Quatro anos mais tarde, chegou a 10.000 MW e no final de 2002
a capacidade total instalada no mundo ultrapassou 32.000 MW. O mercado tem
crescido substancialmente nos últimos anos, principalmente na Alemanha, EUA,
Dinamarca e Espanha, onde a potência adicionada anualmente supera 3.000 MW
(BTM, 2000; EWEA; GREENPEACE, 2003). Esse crescimento de mercado fez com
que a Associação Européia de Energia Eólica estabelecesse novas metas, indicando
que, até 2020, a energia eólica poderá suprir 10% de toda a energia elétrica requerida
no mundo. De fato, em alguns países e regiões, a energia eólica já representa uma
parcela considerável da eletricidade produzida. Na Dinamarca, por exemplo, a energia
eólica representa 18% de toda a eletricidade gerada e a meta é aumentar essa parcela
para 50% até 2030. Na região de Schleswig-Holstein, na Alemanha, cerca de 25% do
parque de energia elétrica instalado é de origem eólica. Na região de Navarra, na
Espanha, essa parcela é de 23%. Em termos de capacidade instalada, estima-se que,
até 2020, a Europa já terá 100.000 MW (WIND FORCE, 2003).

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6- A MODERNA TECNOLOGIA DE GERAÇÃO EÓLICA

Quando se trata de turbinas eólicas modernas, há dois projetos principais: as de eixo


horizontal e as de eixo vertical. Turbinas eólicas de eixo vertical (TEEVs) são
bastante raras. A única em produção comercial atualmente é a turbina Darrieus, que
se parece um pouco com uma batedeira de ovos.

As TEEVs podem ser usadas para turbinas de pequena escala e para o bombeamento
de água em áreas rurais, mas todas as turbinas de escala de geração pública
produzidas comercialmente são turbinas eólicas de eixo horizontal (TEEHs).

7- ENERGIA EÓLICA E MEIO AMBIENTE

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

 O mais importante benefício ao meio ambiente da geração eólica é a não-


emissão de dióxido de carbono na atmosfera. O dióxido de carbono é o gás
com maior responsabilidade pelo agravamento do efeito estufa levando a
mudança climática global a conseqüências desastrosas. A moderna tecnologia
eólica apresenta um balanço energético extremamente favorável e as
emissões de CO2 relacionadas com a fabricação, instalação e serviços durante
todo ciclo de vida do aerogerador são “recuperados” depois dos três a seis
meses de fabricação. Além do mencionado anteriormente, estes fatores
também impulsionam a energia eólica:
 Reduz a dependência de combustíveis fósseis, sendo o vento um recurso
abundante e renovável.

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 As centrais eólicas ocupam um pequeno espaço físico e permitem a
continuidade de atividades entre os aerogeradores (pastagens e agricultura).
 Melhora a economia local e oferta de empregos. Estudos realizados na Escócia
calculam ser entre 500 a 1500 empregos associados a cada 0,3 a 1 GW de
potência instalada.
 A emissão de poluentes é mínima, não contribuindo para a mudança climática
global, chuva ácida, etc.
 É uma indústria em grande ascensão e com bom potencial no Brasil
(principalmente em algumas regiões do litoral nordestino).
 Contribui para a diversidade de suprimento de energia e pode ser conectada à
rede.
 A tecnologia está completamente dominada e ainda em grande
desenvolvimento, com redução constante de custos de construção e geração.

PROBLEMAS PARA O MEIO AMBIENTE

 Impactos sobre a fauna: A maior preocupação relativa à fauna é com os


pássaros, os quais podem vir a colidir com estruturas (torres de alta tensão,
mastros, janelas de edifícios) e com as turbinas eólicas, devido à dificuldade de
visualização. Outros motivos, como o tráfego de veículos em auto-estradas e a
caça, também são responsáveis pela morte dos pássaros. Porém o
comportamento dos pássaros e as taxas de mortalidade tendem a ser
específicos para cada espécie e também para cada lugar.
 Ruídos: impacto ambiental do ruído gerado pelo sistema eólico ao girar suas
pás foi um dos mais importantes temas de discussão e bloqueio da
disseminação da energia eólica durante a década de oitenta e início da década
de noventa. O desenvolvimento tecnológico nos últimos anos, juntamente com
as novas exigências de um mercado crescente e promissor, promoveram um
avanço significativo na diminuição dos níveis de ruído produzido pelas turbinas
eólicas.
 Interferência eletromagnética: Estudos realizados pela EWEA têm mostrado
que o projeto cuidadoso de uma fazenda eólica evita qualquer distúrbio em
sistemas de telecomunicações (ondas de rádio e microondas são utilizadas
para uma grande variedade de propósitos de comunicação). Isto, contudo, não
é suficiente para uma correta determinação das questões envolvidas uma vez
que qualquer grande estrutura em movimento pode produzir interferência
eletromagnética (IEM). Turbinas eólicas podem causar IEM por reflexão de
sinais das pás de modo que um receptor próximo recebe um sinal direto e um
refletido.

A energia eólica é uma das fontes renováveis que apresenta maiores vantagens na
geração de energia elétrica. Em todo o mundo, o uso dessa energia na geração
complementar de eletricidade tem sido constantemente difundido e se espera um
crescimento ainda mais significativo para os próximos anos.
A energia eólica tem um futuro ainda mais promissor com a conscientização pública
das suas vantagens como fonte renovável de energia e a progressiva competitividade
econômica. As questões ambientais estão cada vez mais difundidas e atitudes em
favor ao meio ambiente estão se tornando parte integrante dos processos.
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8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 "Aerodinâmica das turbinas eólicas: arrasto". Associação Dinamarquesa da


Indústria Eólica.
<http://www.windpower.org/en/tour/wtrb/drag.htm>.
 “Como funciona a energia eólica”. Julia Layton.
<http://ambiente.hsw.uol.com.br/energia-eolica4.htm>.
 “Energia eólica e Meio Ambiente”. Ricardo Terciote. UNICAMP – Faculdade de
Engenharia Mecânica – Departamento de Energia. <
http://www.feagri.unicamp.br/energia/agre2002/pdf/0085.pdf>.

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