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ACADEMIA TEOLÓGICA

SATANALOGIA - DOUTRINA SOBRE SATANÁS

I. Introdução
A ação de Satanás é bastante visível nas Escrituras Sagradas, quer no Antigo Testamento,
quer no Novo Testamento, embora neste a evidência é maior devido ao aumento da Luz sobre
o mundo pela presença do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

É de suma importância perceber que Deus não perdeu o controle da Sua criação. Caso
quisesse, Deus poderia acabar com o diabo num instante.

Os primeiros capítulos de Jó, o livro mais antigo da Bíblia, deixam bem claro que Satanás está
sujeito a Deus, e que possui apenas um poder limitado sobre o ser humano.

Nestes primeiros capítulos do livro de Jó, descobrimos 4 grandes lições:

1. Satanás tem que prestar contas a Deus (Jó 1:6)


2. Ele atua na Terra e conhece seus habitantes (Jó 1:7-8)
3. Deus tem posto uma cerca de segurança ao redor dos homens fiéis (Jó 1:10)
4. Satanás pode atuar na vida dos fiéis apenas mediante a permissão expressa de Deus e
para Seu bom propósito (Jó 1:10-12; 2:6).

II. A existência de Satanás


1. Sua existência é ensinada em sete livros do Antigo Testamento, e reconhecida por todos os
escritores do Novo Testamento.

2. Cristo reconheceu e ensinou sobre a existência de Satanás (Mt. 13:39; Lc. 10:18; 11:18).

O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. (Mt. 13:39)
E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. (Lc. 10:18)
E, se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os
demônios por Belzebu. (Lc.11:18)

III. A personalidade de Satanás


Satanás é uma pessoa, porque possui:

1. Intelecto (II Co. 11:3; Mt. 4) – Satanás conhece e cita as Escrituras.


2. Emoções (Ap. 12:7, 12, 17) – possui ira.
3. Vontade (2 Tm. 2:26) – ou arbítrio, que é uma resolução dependente da vontade.
4. É tratado nas Escrituras como uma pessoa moralmente responsável (Is. 14; Mt. 25:41)

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E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. ...
6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens
a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. ... 9 E disse-lhe: Tudo isto
te darei se, prostrado, me adorares. ... (Mateus 4:3-11)
Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também ... (2 Coríntios 11:3)
... 7 E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, ... 12 ... Ai dos que habitam
na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo. ... 17 E o
dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente ... (Apocalipse 12:7-17)
E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos. (2 Timóteo
2:26)
... 13 E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no
monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. 14 Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei
semelhante ao Altíssimo ... (Isaías 14:12-15)
... Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:41)

A Personalidade de Satanás é claramente demonstrada devido a:

- Uso de pronomes pessoais (Jó 1:8);


- Ações pessoais que somente podem ser realizadas por uma pessoa (I Cr. 21:1; Sl. 109:6; Zc.
3:1; Jo 8:44; I Jo. 3:8; Hb. 2:14)

IV. A Natureza de Satanás


1. Seu Caráter

1.1 - Um ser criado (Ez. 28:14,15)

1.2. Um ser espiritual (Ef. 6:11,12).

1.3. Foi um querubim (Ez. 28:14).

1.4. Foi o ser angelical mais elevado (Ez. 28:12).

... 15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. (Ez.
28:14-15)
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras
afogueadas andavas. (Ez. 28:14)
Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o
selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. (Ez. 28:12)

2. Sua astúcia

2.1. Sua estratégias (2 Co. 2:11);


2.2. Suas ciladas (Ef. 6:1-12; Ef. 4:14)
2.3. Seus enganos (2 Co. 11:14; 2 Ts. 2:9-10)

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O poder enganador de Satanás é tão grande que ilude todos aqueles que não teem o amor pela
Verdade. Através da personalidade e caráter, Satanás é a materialização do mal.

3. Seu poder miraculoso

Satanás exibe tal poder, com sinais de maravilhas falsas, que o identificam como um ser
sobrehumano (2 Ts. 2:9; Ap. 13:11; Mt. 24:24)

4. Traços de sua personalidade

4.1. É homicida (Jo. 8:44a).

4.2. É mentiroso (Jo. 8:44b).

4.3. É um pecador obstinado (I Jo. 3:8).

4.4. É um acusador (Ap.12:10).

4.5. É um adversário (I Pe 5:8).

Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e
não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio,
porque é mentiroso, e pai da mentira. (João 8:44)
Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para desfazer as obras do diabo. (1 João 3:8)
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o
poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os
acusava de dia e de noite. (Ap.12:10)
Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a
quem possa tragar; (1 Pedro 5:8)
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (Ef.
6:11)

5. Suas limitações

5.1. Ele é uma criatura, e consequentemente tem que responder perante seu criador. Sendo
criatura, não é nem onipotente, nem onipresente, nem onisciente.

5.2. Pode ser resistido pelos salvos (Tg. 4:7).

5.3. Deus colocou-lhe certas limitações (Jó. 1:12).

5.4 Sua presente habitação

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De acordo com as Escrituras, Satanás parece não estar restringido a qualquer lugar particular.
Ele tem acesso à presença de Deus na qualidade de “o acusador dos nossos irmãos” (Jó 1:6;
Ap. 12:10), daí a necessidade da obra intercessória de Cristo.

Ele habita as regiões celestes (Ef. 6:11-12).

Essa região infestada por Satanás será a futura herança e o lugar de habitação da Igreja. A
expulsão de Satanás provavelmente será coincidente com o Arrebatamento da Igreja (Ap.
12:7-9; I Ts. 4:16-17).

Ele é ativo na face da terra (Jó 1:7).

A Terra parecer ser o campo de atuação especial de Satanás; rodeia-a e passeia por ela,
procurando a quem possa devorar.

Satanás, embora não seja onipresente, tem acesso a todos os lugares, fazendo dos lugares
celestiais sua habitação, ainda que a terra seja palco especial de suas atividades.

Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. (Tiago 4:7)
E disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a
tua mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR. (Jó 1:12)

V. As designações de Satanás

5.1. Nomes

5.1.1. Satanás = adversário (Zc 3:1; II Co. 11:14; I Ts 2:18). Transliteração ao grego da
palavra hebraica satan.

5.1.2. Diabo = caluniador ou difamador (Mt. 4:1). Gr. Diabolos; no grego leva uma
conotação maligna que não tem no hebraico.

5.1.3. Lúcifer = filho da alva, "transportador da luz", (Is. 14:12) *

5.1.4. Belzebu = príncipe dos demônios (Mt. 12:24).

5.1.5. Belial (II Co. 6:15).

* "Estrela da manhã" não é a melhor tradução do original hebraico para Lúcifer, pois este título (Estrela da manhã)
pertence ao nosso Senhor Jesus Cristo em Ap. 2:28; 22:16.
Deve ser adotada como melhor tradução do original a palavra transliterada "Lúcifer" tal como está, por exemplo, nas
Bíblias da Reforma tais como a KJV (1611) e a SEV (1596). Vide **

... e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. (Zc. 3:1)

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E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.** (II Co. 11:14)

... mas Satanás no-lo impediu. (1 Tessalonicenses 2:18)

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. (Mt. 4:1)

Como caíste desde o céu, ó Lúcifer**, filho da manhã! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as
nações! (Is. 14:12, tradução KJV)

** "Lúcifer" significa "portador da luz" ou "transportador da luz", e expressa melhor o sentido do original "llyh helel", e
não “estrela da manhã”.
Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
(Mt. 12:24)

E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? (II Co. 6:15)

5.2. Títulos

5.2.1. Maligno (I Jo. 5:19).

5.2.2. Tentador (I Ts. 3:5)

5.2.3. Príncipe deste mundo (Jo. 14:30; 12:31).

5.2.4. Deus deste século, objeto de adoração deste mundo (II Co. 4:4).

5.2.5. Príncipe da potestade do ar (Ef. 2:2)

5.2.6. Acusador dos irmãos (Ap. 12:10).

Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. (I Jo. 5:19)
Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo
que o tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor. (I Ts. 3:5)
Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. (Jo. 12:31)
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. (II Co. 4:4)
nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência. (Ef. 2:2)
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o
poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os
acusava de dia e de noite. (Ap. 12:10)

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5.3. Representações

5.3.1. Serpente = enganador (Ap. 12:9).

5.3.2. Dragão (Ap. 12:17).

5.3.3. Anjo de Luz (II Co. 11:14)

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo;
ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Ap. 12:9)
E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os
mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo. (Ap. 12:17)
E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. (II Co. 11:14)

5.4. Sua Obra

5.4.1. Originou o pecado


- No universo (Ez. 28:15)
- Na raça humana (Gn. 3:1-13)

5.4.2. Causa sofrimentos (At. 10:38; Lc. 13:16)

Satanás é a fonte primária de todo sofrimento, visto que ele é a causa primária de todo pecado.
Ele também é o responsável imediato de muitos casos de enfermidades e doenças, a respeito
das quais o Novo Testamento nos fornece inúmeros exemplos.

5.4.3. Causa a morte (Hb. 2:14)

Satanás possuía o direito de usar a arma da morte mediante permissão especial. É verdade,
entretanto, que Jesus Cristo, na cruz, arrebatou essa arma mortal das mãos de Satanás, e com
ela conquistou uma vitória gloriosa.

5.4.4. Atrai ao mal (I Ts. 3:5)

Satanás incita o homem ao pecado. Ele de tal modo arranja os tempos e controla os
acontecimentos e as circunstâncias que tornem o mais intenso possível o apelo às tendências
pecaminosas do homem. Ele é o tentador.

5.4.5. Ilude os homens (II Tm. 2:26)

Satanás arma laços para prender os homens, tornando-os seus escravos.

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5.4.6. Inspira pensamentos e propósitos iníquos (Jo. 13:2)

Satanás parece possuir o poder de sugestão mental, o que na pessoa tentada, torna-se auto-
sugestão. Isto se não for impedido pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo, e se expressará
por palavras e ações.

5.4.7. Apossa-se dos homens (Jo. 13:27)

Essa forma de operação satânica só se verifica em raras ocasiões, com o consentimento das
vítimas, ou quando lhes deixam a porta aberta.

5.4.8. Cega as mentes dos homens (II Co. 4:4)

Manter-se incrédulo para com a verdade parece equivaler a um convite especial a Satanás
para que ele traga as trevas do erro e da mentira. Ele cega as mentes dos homens incrédulos a
fim de impedi-los de receber a luz do Evangelho.

5.4.9. Dissipa a verdade (Mc. 4:15)

Satanás é o arquiladrão do universo, em relação tanto a Deus como ao homem.

5.4.10. Produz os obreiros da iniquidade (Mt. 13:25,38,39)

Satanás semeia o joio no campo de Deus. Introduz seus filhos entre os filhos de Deus, tanto
no campo do mundo como na igreja visível.

5.4.11. Fornece energia a seus ministros (II Co. 11:13-15)

Satanás conta com seus ministros e igrejas autorizadas, para levar avante os seus propósitos.

5.4.12. Opõe-se aos servos de Deus

a) Impede-os (I Ts. 2:18)


b) Resiste-lhes (Zc. 3:1; Dn. 10:13)
c) Esbofeteia-os (II Co. 12:7)

Essa oposição resulta em bem para os servos de Deus. Manteem-nos humildes e impele-os à
oração (II Co. 12:8-9). Os obstáculos postos por Satanás a Paulo para que não fosse para
Tessalônica, deu aos crentes e a todas as demais gerações de crentes esta preciosa epístola
(Ap. 2:10). Satanás bofeteia, resiste e impede os servos de Deus, mas a graça de Deus é
suficiente para proporcionar-lhes a vitória.

5.4.13. Põe à prova os crentes (Lc. 22:31)

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No final, resulta somente o bem destas provas. Da impiedosa peneira de Satanás, Simão saiu
um trigo mais puro do que era antes. Satanás conseguiu apenas retirar a palha (Rm. 8:28).

5.4.14. Acusa os crentes (Jó 1:6-11; Ap. 12:9-10)

5.4.15. Dará energia ao Anticristo (II Ts. 2:9-10)

Satanás outorgará poder ao Iníquo para que possa enganar completamente aos que perecem,
àqueles que não recebem o amor à verdade, e para que faça guerra contra o povo de Deus.

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VI. O Estado Original e a Queda de Satanás


Certa vez alguém perguntou ao teólogo batista A. H. Strong: “quem criou o diabo?” Ele
respondeu: “Deus criou um anjo bom; o diabo criou o diabo.”

Os demônios foram criados como anjos bons. Apesar de não nos dar os detalhes, a Bíblia fala
a respeito da rebelião do anjo mais poderoso, que assim veio a ser Satanás (literalmente “o
adversário”).

Ele é o inimigo de Deus e do seu povo, como é manifestado por sua ação de tentar o homem
(Gn. 3), infligir ferimentos físicos como no caso de Jó, e tentar destruir o ungido do Senhor, o
Messias (Lc. 22:3). Em Ap. 12 ele lidera um exército de demônios contra Deus.

6.1. Seu Estado Original


Parece ser ensinado nas Escrituras que o diabo foi criado perfeito em seus caminhos, como
pessoa de grande beleza e brilho, exaltado em posição e que, em resultado do orgulho pela sua
própria superioridade, procurou desviar para si a adoração devida exclusivamente a Deus; e
que, em conseqüência desse seu pecado, ele foi rebaixado em sua pessoa, posição e poder,
tornando-se o grande adversário de Deus e o inimigo do homem.

Uma interessante questão diz respeito a Ez. 28.1-19: Tratar-se-ia de uma criação do estado
original de Satanás? Dois personagens estão em foco: primeiro o príncipe de Tiro, versículos
1-10. Parece que o príncipe de Tiro refere-se primariamente a Etbaal lI, e os versículos 1-10
foram cumpridos no cerco por Nabucodonosor, que se prolongou por treze anos (598-585
A.C.); parece que o rei de Tiro, nos versículos 11-19 refere-se, em parte, a um monarca ilustre
e parcialmente a um personagem sobrenatural. É geralmente aceito, por estudiosos bíblicos
conservadores, que o rei de Tiro deve ser reputado como representante ou encarnação de
Satanás, e que os versículos 11-19 são uma descrição do caráter da posição e da apostasia
originais de Satanás.
"Apesar de que essas palavras tenham sido dirigidas ao rei de Tiro, sem dúvida elas visavam
Satanás, o instigador do pecado do rei de Tiro. O rei de Tiro nunca esteve no Éden, nem
qualquer outro homem desde que Adão foi dali expulso. Também pode-se notar que o Éden
referido aqui já existia antes do Éden de Adão, sendo notório por sua beleza mineral, ao passo
que o Éden de Adão era notável por sua beleza vegetal, onde Deus criou toda árvore que era
bela para os olhos e boa para produzir fruto.
Satanás não apenas esteve no Éden, mas esteve ali na qualidade de querubim ungido, o
querubim investido de autoridade, e isso por nomeação divina – “te estabeleci”. O versículo
15 não poderia ser aplicado a homem algum e estar, ao mesmo tempo, em harmonia com o
resto das Escrituras. “Pois, desde a queda, todos os homens têm sido concebidos em pecado e
formados em iniquidade.” - Pratt.

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Ele foi:
1) Criado perfeito em sabedoria e beleza (Ez. 28:12);
2) Estabelecido no monte como querubim da guarda ou diretor da adoração (Ez. 28:14);
3) Impecável em sua conduta até um certo momento (Ex. 28:15);
4) Elevado em seu coração de vaidade e falsa ambição (Ez. 28:17; Is. 14:12-17; I Tm. 3:6);
5) Rebaixado em seu caráter moral e deposto de sua exaltada posição (Ex.28:16-17;Is. 14:12);
O versículo 16 fala do pecado de Satanás, e o versículo 17 fala da causa do pecado que foi a
vaidade, pois ele se ensoberbeceu devido a sua própria beleza. Paulo atribuía a condenação
de Satanás a essa causa (I Tm. 3:6): “... a fim de não cair em opróbrio e no laço do diabo”

Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu és o
sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras
preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a
esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles
preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no
brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou
iniqüidade em ti. (Ez. 28:11-15)

6.2. O pecado de Satanás


(Is.14:13-14)  "EU, EU, EU,. . ."

6.2.1. Eu subirei ao céu. (Eu tirarei o lugar de Deus)

6.2.2. Eu exaltarei meu trono acima das estrelas de Deus. (acima dos anjos).

6.2.3. Eu me assentarei no monte da congregação na banda dos lados do norte. (regerei a


assembléia dos anjos)

6.2.4. Eu subirei acima. . . das nuvens (usurparei a glória de Deus).

6.2.5. Eu serei semelhante ao Altíssimo. (Satanás queria ser o possuidor do céu e da Terra)

O seu pecado foi o orgulho ou soberba (I Tm. 3:6). Pode ser caracterizado como tentativa de
querer ser semelhante ao Altíssimo. Através do engano, tenta simular e imitar o poder de
Deus, para assim receber a adoração devida a Deus. Tenta tomar-Lhe o lugar, e ser igual a
Deus.

Scoffield diz que quando Lúcifer disse: “Eu subirei”, o pecado teve início.

11 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 12 Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de
Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. 13 Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica,
topázio, diamante, turquesa, ónix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. 14 Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te
estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. 15 Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. 16 Na multiplicação do teu

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comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te
fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. 17 Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus,
para que olhem para ti. (Ez. 28:11-17)
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, aos lados do norte. (Is. 14:13)
Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. (Is.14:14)
E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. (Is. 14:15)
Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. (I Tm. 3:6)

6.3. Visão calvinista da queda de Satanás

Na visão calvinista da queda de Satanás temos uma hermenêutica diferente de textos


utilizados pela hermenêutica pentecostal para explicação de conceitos sobre o assunto e, que
resultam, consequentemente, em uma cosmovisão bíblica diferente, conforme segue:

Afirmam que é comum tratar de todo um histórico referente à origem de Satanás e de sua
expulsão do céu antes do evento do Jardim Paraíso descrito em Gênesis 3. Na visão calvinista,
tais conceitos, porém, partem mais de fontes externas à Bíblia do que da Bíblia por si. Havia
relatos da expulsão de Satanás do céu entre os judeus, mas não em textos que foram incluídos
na Bíblia.

Afirmam ainda que:

Muito mais coerente com tais posições comuns são as obras de Dante Alighieri (Comédia
Divina: O Inferno c. 1300 - 1265-1321) e do inglês John Milton (O Paraíso Perdido c. 1667 –
1608-1674). A primeira parte da Comédia de Dante descreve uma visita ao inferno guiado
pelo poeta romano Virgílio, inferno no estilo grego do Hades no centro da terra. A obra de
Virgílio, (Aeneida, Livro VI) forma a base descritiva do inferno na obra de Dante. Virgílio
remete a tradições romanas e gregas sobre o mundo subterrâneo dos mortos, especialmente às
obras de Homero.

Nas obras de Homero, o mundo subterrâneo dos mortos é desprovido de distinção entre bons
e maus, e muito mais parecido com o Sheol do conceito hebraico. Milton escreveu o seu épico
com base no seu estudo bíblico em conjunto com os pressupostos teológicos vigentes no seu
dia, o que incluía certo embasamento na obra de Dante.

Tal obra é a base de grande parte das gravuras religiosas existentes referentes ao inferno,
purgatório e céu de tais mestres como Botticelli, Vellutello, Doré e Dali. Infelizmente, são
estas obras artísticas (literárias e pitorescas) que mais teem fornecido a base popular de
conceitos referente a Satanás, inferno, e céu do que o próprio texto bíblico.

Milton procurou apoio, conforme costume do dia, em certos textos bíblicos lidos por lentes de
interpretação alegórica, com os quais, conforme se verificará, desrespeita completamente o
contexto das passagens.
Os dois textos principais utilizados são Isaías 14 e Ezequiel 28.

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Deve-se lembrar que o intérprete que usa de alegoria para interpretar um texto coloca-se
acima do autor bíblico, pois está colocando a sua própria perspectiva em supremacia,
negligenciando o que o autor ou narrador inspirado intencionou. Usar de alegoria é, portanto,
ísegese, não sendo uma interpretação devida do texto, mas uma imposição que contraria a
intenção inspirada do texto.

Isaías 14:

Ao tratar o texto à mão é de proveito olhar primeiramente ao contexto geral da porção do livro
de Isaías no qual a passagem está inserida. Olhando para os subtítulos das seções do texto, vê-
se rapidamente que o capítulo 13 de Isaías trata da ruína de Babilônia e o livramento
subsequente de Israel.

O capítulo 14 começa com a restauração de Israel, e logo uma parábola contra o rei da
Babilônia. Nos seguintes capítulos, encontram-se profecias contra os assírios (14.24-27), os
filisteus (14.28-32), Moabe (15.1-16.14), Damasco e Efraim (17.1-11), os assírios (17.12-14),
Etiópia (18.1-7) e Egito (19.1-25) entre ainda outros subsequentes. O contexto geral, então,
delimita a passagem a tratar de uma parábola ou profecia contra a Babilônia, uma entre muitas
nações que estavam na mira do juízo de Jeovah.

Ao olhar mais especificamente o texto à mão, nota-se que o versículo 3 encerra o contexto
temporal da profecia para uma época ainda no futuro do profeta, visando a libertação da
influência de Israel do rei Merodach-Baladem, que enviou uma delegação a Ezequias em 703
a. C.

O próximo versículo enfoca a atenção da parábola na pessoa do rei da Babilônia. O profeta


utiliza de linguagem figurada e simbólica para demonstrar a importância da queda de
Babilônia, em contraste à opressão que exercia sobre os povos do seu império.

A partir do versículo 12, onde o texto é geralmente tomado para referenciar a Satanás, ao
tratar de “como caíste do céu”, o profeta refere-se à posição elevada do rei sobre todas as
nações, mesmo como a parte final do versículo demonstra, “tu que prostravas as nações”. Ao
mesmo tempo, é interessante lembrar que os povos acreditavam que os seus reis eram
intermediários dos seus referentes deuses, os quais eram às vezes vistos como representados
nas estrelas.

Já o rei da Babilônia tinha entre os reis da terra a posição da “estrela da manhã”, a que
chamamos de Venus, a primeira luz a ser vista à tarde e a última a desaparecer pela manhã, a
mais vislumbrante de todas.

O orgulho do rei é tratado pelo profeta como querendo usurpar a posição do próprio Jeovah.
porém continua dizendo que ele será levado não para as alturas, mas ao Sheol, o submundo, o
lugar mais inferior de toda a terra, onde todos são igualados e os bichos o cobrem.

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No versículo 16, vem à tona ainda mais claramente que se trata de um homem: “É este o
varão que fazia estremecer a terra”? Em todo o contexto da passagem, trata-se aqui não de um
personagem supra-humano, mas de um simples homem que queria subjugar a Israel.

O Sheol aqui na passagem se apresenta como um lugar de sonolência, onde os habitantes são
despertados para recepcionar o tirano caído da Babilônia. “Teem sido feito como nós”, os que
acordaram para injuriar o recém chegado.

A ênfase da passagem é de mostrar a pouca durabilidade da arrogância do tirano. Funciona


como uma símile de sua deposição. A linguagem não reflete os conceitos neotestamentários
do personagem de Satanás. Pergunta-se a respeito da possibilidade da passagem ter uma
segunda mensagem além da profecia histórica referente ao rei da Babilônia. Seria uma
consideração se houvesse outra passagem na qual fundamentar tal interpretação secundária.
Far-se-ia, então análise dos outros textos para verificar a possibilidade. Note-se, porém, que
Apocalipse 12, que retrata muitas alusões ao AT, não faz referência a Isaías 14.

Ezequiel 28:

O contexto geral de Ezequiel 28 é bem parecido ao de Isaías 14. A partir do capítulo 24 e


extendendo ao capítulo 32, encontram-se profecias contra Jerusalém, Amom, Moabe, Edom,
Filístia, Tiro, o rei de Tiro, Sidom, Egito, e o Faraó do Egito. Inseridas há, também,
lamentações sobre Egito e Tiro, bem como Jerusalém. O contexto, então, delimita a profecia a
estar dirigida a um rei específico, Etbaal II, rei de Tiro. Ao olhar os detalhes da passagem,
este posicionamento será reforçado.

No versículo 2, o rei é demonstrado ter o mesmo conceito orgulhoso do rei da Babilônia na


referência de Isaías 14. Ele eleva-se a si mesmo à posição de um deus (elohim), porém a
resposta de Jeovah é de que ele é apenas um homem, não apenas uma vez, mas duas vezes de
forma direta e outras duas vezes indiretamente (28.2,6,8,9). Mesmo assim, esta parte da
passagem é apenas contexto da parte que é citada referente a Satanás. Segue na passagem de
11-19 uma segunda profecia contra esse rei, no mesmo contexto do já visto, no qual é dito ao
rei que ele há de morrer.

A partir do versículo 12, o profeta começa a tratar do rei em termos da sua formosura e da sua
posição privilegiada entre as nações. É salutar lembrar que o termo “perfeito” na Bíblia
geralmente não tem as conotações de perfeição moral que se adere ao termo em nosso meio.

O sentido básico na Bíblia é de estar completo ou terminado. Assim uma casa pode estar
perfeita na hora de fazer mudança, não porque não existem retoques ou melhorias que podem
ser feitas, mas pela obra haver sido terminada. Nestes termos, o rei encontrava-se numa
posição já bastante elevada na qual não deveria faltar nada.

O texto segue na descrição de sua formosura, riqueza e poder, num jardim paraíso com pedras
preciosas, ouro, em lugar enaltecido, na posição mais elevada da criação. Tudo estava em
ordem até que ultrapassou o limite estabelecido, “até que em ti se achou iniquidade”.

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A linguagem do profeta aqui lembra não a serpente no Éden, mas o homem na origem da
criação. Além do mais, a Bíblia não retrata a criação de um opositor a Deus, mas retrata
claramente a criação do ser humano. Na primeira narrativa da criação, a humanidade é
descrita como “muito bom”, e na narrativa do jardim aqui referenciada foi o ser humano que
foi expelido do jardim por causa de seu pecado, não a serpente!

Logo no versículo 16, é dada uma explicação dessa iniquidade: violência interna a partir do
seu comércio poderoso, e o resultado do seu pecado: ser lançado de sua posição privilegiada.
Mais explicação segue no versículo 17 referente ao orgulho de sua formosura, qual deve ser
considerada não apenas aparência física, mas todo o esplendor de sua posição e riqueza. Com
o versículo 18, expande-se mais a questão de sua injustiça em termos outra vez do seu
comércio, qual fora descrito em 27.12-36.

Logo no final, existe a declaração de um fim completo vir sobre o rei, possivelmente
incluindo a nação, do qual o rei é o representante máximo. Esta passagem, mesmo que se
utilize de termos como Éden (que no hebraico quer simplesmente dizer paraíso) e querubim
(os anjos que adornavam a arca da aliança, designando os mais próximos a Jeovah, não se
refere a qualquer supra-humano, pois o contexto e o texto por si mesmo delimitam o sentido
em referência ao rei de Tiro. Interessantemente, a esse rei e seu povo Jesus se refere em
Mateus 11.21-22, em nada fazendo referência a qualquer ser supra-humano, mas a homens
que não se arrependeram.

Lucas 10.17-20:

Esta passagem encontra-se no contexto da volta de setenta discípulos enviados por Jesus
numa experiência missionária. Eles voltam admirados por haverem tido autoridade para
expulsar demônios, entre outros fatos extraordinários de seus ministérios. Jesus responde ao
seu exclamar, tratando da queda de autoridade e poder experimentado por Satanás, utilizando
a figura de um raio que cai desde a altura das nuvens até tocar na terra.

De forma tão drástica, o poder e senhorio de Satanás foram atingidos pelo ministério dos
discípulos. Em seguida, porém, Jesus adverte os discípulos de que a questão de Satanás e seu
poder e senhorio não são questão essencial no qual se ocuparem. O essencial está vinculado
ao propósito do ministério de Jesus, e no aspecto desse ministério entregue aos seus
discípulos: reconciliar o mundo com Deus. Toda autoridade pertence a Deus, e Deus entregou
grande autoridade aos discípulos.

Muitos teem procurado ver aqui uma alusão à queda de Satanás no início do tempo, mas tal
interpretação fere o contexto da passagem, sendo mais apropriada a compreensão exposta por
Godet: “enquanto vocês estavam expulsando os demônios, nós viamos cair o senhor deles”.
Até hoje o discípulo participa da autoridade de Cristo sobre agência contrária a Deus. Ao
atuar como servos dignos de Deus, o discípulo participa da limitação do poder e senhorio de
toda agência maligna, desde o menor até o maior.

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As palavras de Jesus aplicam-se e referem-se ao tempo presente, não ao tempo antes da


criação do ser humano. A palavra valia para o contexto vivido pelos discípulos (ao qual Jesus
respondia com estas palavras) e vale também para o discípulo fiel de hoje.

Apocalipse 12:

Este capítulo é a próxima e última passagem usada para defender a queda de Satanás e sua
expulsão do céu. O contexto do capítulo deve levar o intérprete a considerar o capítulo inteiro,
primeiramente em termos temporais.

Os versículos de 1-6 mais claramente lembram ao leitor uma exposição figurativa da tentativa
de Herodes (certamente agindo como agente maligno) para matar o menino Jesus, quando da
visita dos magos (Mt. 2.1-23). O texto trata da fuga para o Egito e da proteção divina sobre a
vida de Jesus.

Os versículos finais (13-18) retomam a temática após um intervalo referente à vitória do


Cordeiro no evento da crucificação e ressurreição. A luta é caracterizada como tal quando se
comparam os versículos 7-9 com a explicação litúrgica dos versículos 10-12. A mensagem
essencial da passagem não tem preocupação nenhuma em explicar a origem dos agentes
malignos, mas demonstrar sua derrota completa.

A precipitação do agente maligno é traçada no contexto da vida e ministério de Jesus, e mais


especificamente no evento de sua morte e ressurreição, ao qual o cristão tem vínculo por meio
do seu próprio testemunho de Cristo. Nada indica uma necessidade de voltar no tempo para
uma época anterior à criação do homem para tratar aqui da queda descrita. A queda refere-se à
derrota de Satanás conforme o tratamento semelhante do texto de Lucas 10.17-20, mesmo que
o contexto seja transposto agora à derrota sumária do inimigo.

Este outro texto, portanto, não trata especificamente de uma queda primordial de Satanás e
sua expulsão do céu. As quatro passagens tratadas são as citadas para defender tal tese,
porém, os textos não pretendem ensinar tal coisa. A única forma de compreender tal coisa a
partir destas passagens é através de interpretação alegórica, mas esta prática fere o sentido
próprio do texto.

Se houvesse outro texto que visasse ensinar sobre uma referente queda, poder-se-ia concluir
que estas passagens poderiam ter um significado secundário referente ao ensino do outro
texto. O problema é que tal texto não existe.

A Bíblia simplesmente não considera explicar a origem de Satanás como algo de importância
a ser tratado.

Da mesma forma, Jesus ignora o questionamento dos discípulos em Atos 1.6-7 referente à
restauração de Israel por não ser algo importante a tratar. Como também se vê em Lucas
10.17-20, para Jesus a questão de indagar sobre o poder e autoridade de agência maligna
(demônios ou Satanás) não deve ser preocupação do discípulo. O importante é conhecer a
Deus, não o inimigo.

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Conceito de Satanás e o Antigo Testamento:

Tratados os textos acima, a Bíblia não propriamente ensina sobre a suposta rebelião e queda
de
Satanás e os demônios a seu serviço. A temática em si não é tratada na Bíblia, mesmo que a
existência de Satanás seja descrita, bem como a existência de demônios.

Deve-se, no entanto, respeitar o silêncio bíblico sobre os detalhes, já que a Bíblia clarifica o
que importa e nega-se a esclarecer fatos de menos importância.

Tratar-se-á agora de textos bíblicos que se referem ao personagem chamado de Satanás. O


Antigo Testamento não conhece este personagem, sendo uma figura que entrou no
pensamento teológico do povo judeu na época do exilo babilônico. No entanto, emprega-se o
termo hebraico ha satán que tem o significado de “oponente” ou “adversário” como nome
para o personagem (satanás, transliterado para o grego, é empregado como nome próprio).

O termo tem sido visto muito no contexto legal, sendo compreendido como “aquele que acusa
no tribunal”, mas o seu sentido vai além do contexto do tribunal, incluindo qualquer classe de
oponente, em especial o oponente militar.

O conceito que se tem de um personagem celestial que se opõe a Deus e chefia um grupo de
demônios não procede de nenhuma das passagens do Antigo Testamento que usam o termo
satan. O conceito foi emprestado do Zoroastrismo, e logo incluído em certos ramos do
judaísmo entre o exilo babilônico e o primeiro século.

Existe discussão de que o Novo Testamento possa referir-se à personificação do mal em lugar
de referir-se expressamente a um personagem específico. Em algumas passagens é plausível
fazer tal distinção, mas não em todas. O Antigo Testamento conhece muitos personagens
“celestiais” ou “supra-humanos”, mas não conhece ainda um chefe dos demônios. Não há um
Satán celestial no AT, mas existe ao mesmo tempo o potencial para haver muitos tais.

No Antigo Testamento, há cinco contextos nos quais o termo ha satán é usado em referência a
seres humanos (I Sm. 29.4; II Sm. 19.17-24; I Rs. 5.16-20; I Rs. 11.14,23; Sl. 109.6) e quatro
contextos nos quais o referente é celestial (Nm.22.22-35; Zc. 3.1-7; Jó 1-2; e I Cr. 21.1-22.1).

Análise também será feita da passagem de Êxodo 12.23, mesmo que não se use o termo satan,
pois o termo usado pode ser visto como sinônimo de hamashiyt (“mensageiro incumbido de
vingança divina”), no sentido de oponente ou adversário.

Estas passagens serão:

I Sm. 29:4

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O termo aqui é le satán e leva o sentido de “adversário” num contexto de oposição militar. A
preposição junta aqui serve para refletir o direcionamento da oposição esperada de Davi. O
antecedente para o termo é o próprio Davi. Não há o menor indício na passagem de que se
trata de qualquer ser não humano, aparte da questão da presença e atuação de Jeovah para
com Davi.

II Sm. 19:17-24
O termo ha satán aqui leva o sentido de “acusador legal”. Qualquer membro da corte celestial
podia servir no papel de acusador legal, qual seja “Promotor de Justiça”. Nas cortes imperiais
da época até o exilo babilônico, não havia o cargo oficial de promotor ou acusador legal, mas
o papel era exercido por todo e qualquer oficial da corte.

I Rs. 5:2-6

O termo satán aqui é usado no contexto militar de “adversário”. Na ausência de qualquer


satán à sua volta, Salomão tem paz em todas as fronteiras do reino. O termo reflete aqui a
ausência de oponentes políticos, o que se pode observar nas conotações do contraste das
guerras de Davi e a paz no reinado inicial de Salomão.

I Rs. 11:14, 23-24:


O termo satán aqui vem a ser usado sem o artigo definido, mas indicando um ser específico.
Novamente usa-se o termo no contexto militar com sentido de “adversário”. Existe um
aspecto de acusação legal no contexto geral, mas tal não é o enfoque do emprego do termo.

“E Jeovah sucitou um adversário (satán ) contra Salomão, Hadade o Edomita”. “E sucitou


elohim contra ele um adversário (satán), Rezom, filho de Eliada…”. “E ele foi um adversário
(satán) contra Israel todos os dias de Salomão”.

Estes adversários são agentes humanos, oponentes políticos de Salomão, suscitados para
oposição pela mão de Deus.

Aqui o termo satán tem conotação forense de acusação, “acusação legal” na corte. O termo é
colocado em paralelo com o termo “um iníqüo” (raah), determinando que a aplicação é
devida a um ser humano, já que nos versículos anteriores fala-se de bocas iníquas com esta
mesma conotação de seres humanos.

Nm. 22:22-35
O mal’ak Jeovah vem para se opor a Balaão. Este não é rebelde, mas cumpre a vontade de
Jeovah que o envia. O mal’ak Jeovah vem para se opor por causa da perversidade do intento
de Balaão.

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O contexto reflete que este agente não é humano, pois de início está invisível para Balaão,
mesmo que o seu animal consiga enxergá-lo. Temos aqui um ser celestial (mal’ak Jeovah)
que atua conforme a ordem divina para ser oponente a Balaão.

O termo le satán é usado na forma nominal sem o artigo definido nos dois casos. O
mensageiro é um satán, oponente ou adversário de Balaão, este último agindo como um
inimigo do povo de Deus.

Zc. 3:1-7

O termo ha satán é usado agora em referência a um ser celestial. O papel desempenhado aqui
é de acusador ou opositor legal, o termo sendo empregado como um título do opositor perante
Jeovah, não como nome pessoal. Este traz oposição legal à consagração de Josué como sumo
sacerdote, refletindo que objeções referentes a sua consagração foram ouvidas na corte
celestial e descartadas.

Entre outros, Meyer aponta para o ha satán aqui como sendo referência ao personagem de
Satanás. Há vários problemas com tal indicação, como a presença do artigo definido (não se
emprega o artigo definido com um nome próprio no hebraico). Também se pergunta por quê
um ser que supostamente fora lançado do céu estaria na presença de Jeovah trazendo acusação
contra outrem. Pela descrição normalmente dada da expulsão de Satanás do céu, não seria
cogitável a sua volta para trazer acusação qualquer perante Deus.

Nesta passagem tem sido proferida a idéia de que Josué é um símbolo da nação de Israel, mas
a idéia não convence. Ao mesmo tempo, a aceitação ou rejeição do sumo sacerdote na corte
celestial traz implícita a aceitação ou rejeição do povo, já que o papel do sumo sacerdote é de
mediar ou pleitear a causa do povo perante Jeovah.

Em Isaías 6, Jó 33:23 e Zacarias 3, o mal’ak Jeovah purifica o indivíduo.

O ha satán aqui é apresentado como sendo moralmente indiferente, apenas exercendo a sua
função descrita. O papel do ha satán neste quadro contextual é de apresentar a convicção de
que as objeções contra o sumo sacerdote foram pronunciadas na corte celestial. Foram
também descartadas.

Mais de 4.000 sacerdotes voltaram do exilo com Josué, todos vistos como vergonhosos em
sua integridade e serviço. Dentro desses, Josué é descrito como nobre e zeloso.

Jó 1-2

O livro de Jó procura incentivar discussão e reação na parte do ouvinte, e não oferecer


soluções nítidas. Encontra-se um Jó paciente e também um Jó cuja paciência esgotara. Em sua
paciência, Jó é um exemplo de confiança em Deus, porém no findar da nossa paciência,
devemos ver Jó também como exemplo. Devemos deixar que “a angústia e a raiva de Jó, o

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impaciente, dirijam-se a nós e a Deus, pois somente no encontro com Ele será resolvida a
tensão do sofrimento”.

Em certas tradições judaicas foi preservada a idéia de que o livro de Jó é um relato a-


histórico, referindo-se ao livro como um provérbio. Pode-se chamar o livro como “ficção
dramática”, pois não pretende ser história, mas um convite a uma reavaliação teológica.

Na cena da corte celestial, ha satán encontra-se “entre” os benei haelohim. Esta frase, “estar
entre” comumente expressa ser membro do grupo. O ha satán é um dos benei haelohim, não
um estranho perante a corte celestial. Como se pode ver em passagens como I Rs. 22:19, Is.
6:2-3 e Zc. 3:4-7, a cena de Jeovah na corte celestial, com seus ministros celestiais à sua volta
é típica. Aqui o ha satán apresenta-se como membro desta corte, oficial a serviço de Jeovah.

Este é um dos servos, subordinados a Jeovah, respondendo às iniciativas divinas e agindo


apenas conforme lhe é autorizado. A designação ha satán é uma descrição funcional do
personagem, não um nome próprio.

Em Jó 9.33, há um paralelo irônico de referência ao ha satán como sendo este um mokiah,


“contador da verdade”.

As perguntas de Deus a ha satán são perguntas que poderiam ter sido dirigidas a qualquer um
dos benei haelohim apresentando-se perante o trono. Não existe aqui nenhum questionamento
sobre a qualidade moral do ha satán, pois este serve como instrumento divino, sendo que tudo
que ele opera se conforma à vontade de Deus.

I Cr. 21:1-22.1

O termo usado aqui é satán, a única vez que o substantivo é encontrado no Antigo Testamento
sem o artigo definido e sem uma preposição. Esta seria, portanto, a única passagem do Antigo
Testamento no qual se poderia pensar que o termo se tratasse de um nome próprio, pois no
hebraico nunca se emprega o artigo definido junto com um nome próprio.

Conclusão sobre o Antigo Testamento e Satanás na visão calvinista

O Antigo Testamento desconhece o personagem de Satanás. Interpretar um texto por meio de


alegoria para afirmar a sua existência no texto ou para gerar ensino sobre este personagem é
ferir o texto bíblico, impondo a idéia do intérprete acima da intenção do autor.

Ao mesmo tempo, o A.T. reconhece a existência de muitos deuses, elohim ou elim, que atuam
como inimigos de Jeovah. Encontramos Baal, Dagom, Astarote, Moloque, Lilite, Bel, os
sedim e outros personagens supra-humanos que agem contra a vontade de Deus.

O que não se tem no A.T. é um agente que exerça a função de “chefe dos demônios”,
liderando as hostes hostis em peleja contra Jeovah. Em muitas passagens, esses personagens
são meros objetos materiais, enquanto em outros são seres insignificantes, pois não exercem
nenhuma autoridade real em oposição a Jeovah.

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Em outras passagens, são todos ministros de Jeovah, mesmo que nem todos são fiéis. Na
literatura judaica não inclusa na Bíblia existem relatos da queda de Satanás e outros relatos do
teor, mas não encontraram lugar no cânone sagrado.

Aparecem em cena no Novo Testamento. O que deve ser decidido agora é se no Novo
Testamento o personagem de Satanás é realmente “chefão dos demônios”, ou se é uma figura
da personificação de agência maligna.

De qualquer forma, o N.T. é claro que o que quer que seja já está derrotado. Não há o que
temer para aquele que está em Cristo.

6.4 - Visão arminiana da Queda de Satanás


Os textos de Isaías 14.1-20 e Ezequiel 28.11-19 são textos apresentados pelos arminianos (a
maioria dos pentecostais) como provas cabais das origens de Lúcifer.

Pregadores e ensinadores arminianos tem em mente estas passagens quando perguntam:


“Sabem dizer qual foi o pecado que derrubou Lúcifer?”

Vale lembrar, que mesmo dogmáticos convictos, como os editores da Bíblia de Estudo
Pentecostal da CPAD, admitem apenas uma “possibilidade” de que estes textos refiram-se a
Queda de Lúcifer. Leiam os comentários de rodapé em cada passagem e confiram.

Essa “possibilidade” alegada pela Bíblia de Estudo Pentecostal já nos fornece uma primeira
pista: o texto, tomado em seu sentido imediato, não diz nada sobre a Queda de Lúcifer.

No entanto, no rodapé da BEP, alguns consideram que diversos elementos encontrados no


texto não parecem possíveis a um homem, de carne e osso, como você e eu; daí surge a tese
de que, “possivelmente”, o texto se refira também, em algum sentido, a algo maior que um
homem. Portanto, já temos um ponto de partida muito valioso.

Começaremos pela profecia de Isaías.

Grandes teólogos têm sustentado que Isaías 14.1-20 refira-se as origens de Lúcifer.

É o caso de A. Hode, um dos meus teólogos sistemáticos preferidos. Na página 203 do quarto
volume de sua Sistemática, ele pergunta: “Quais são os nomes pelos quais Satanás é
conhecido…?”. Dentre suas respostas ele cita o ‘nome’ Lúcifer e o texto de Isaías 14.12:

“Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu
que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás
ao inferno, ao mais profundo do abismo!” – Isaías 14.12-15.

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Como já estudamos, o texto na verdade não fala de anjo nenhum, mas apenas de um rei, ímpio
e cruel, transforma-se numa descrição da “Queda de Lúcifer” por causa dos seguintes
detalhes:

• Algumas traduções, seguindo a Vulgata, tradução oficial dos católicos romanos,


traduzem “estrela da manhã” como Lúcifer. E, como Lúcifer, significa na mente
popular a pessoa do arqui-inimigo de Deus, a confusão já começa a se instalar.

• Além disso, muitos imaginam que expressões como “subirei ao céu”, “acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono”, “subirei sobre as alturas”, “serei semelhante
ao Altíssimo”, não podem ter sido ditas por um homem, mas, apenas por um ser muito
poderoso.

O termo que a Vulgata, e diversas traduções errôneas, como a KJV (King James Version, ou
versão do Rei Tiago), vertem como Lúcifer é tradução do hebraico hêylêl (‫) הילל‬, palavra que,
impressionantemente, aparece uma única vez nas Escrituras, aqui em Isaías 14.12,
evidentemente.

Segundo os dicionários léxicos do hebraico o termo significa “luz da alva”; “luz da manhã”
ou “luzeiro da manhã”. Portanto, a princípio, o termo não é um nome próprio, mas uma
expressão simbólica, figurativa.

“luz da manhã” tornou-se “Lúcifer, devido a Vulgata Latina, a tradução oficial do papado.
Acontece que em latim, idioma da Vulgata, a expressão ”luz da manhã” é traduzida com uma
única palavra: Lúcifer.

Diferentemente do que se imagina hoje, originalmente, no sentido léxico, “lúcifer” não


significa “diabo”. Significa apenas “brilhante”, um “luzeiro”.

Num segundo momento, depois de a Vulgata ter transformado “luz da manhã” em “Lúcifer”
(luzeiro), a dogmática católica transformou o Luzeiro em nome próprio: Satanás. O
importante aqui é perceber que o termo “lúcifer” só se transforma em nome próprio, quando
algum leitor o interpreta como tal.

As expressões que supostamente não poderiam se referir a um mortal, o Rei da Babilônia,


constitui para muitos prova de que o texto se refira a Queda de Lúcifer. São expressões como
“subirei ao céu”, “acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”, “subirei sobre as
alturas”, “serei semelhante ao Altíssimo”.

Vemos que trata-se de uma objeção sofrível. Imagine alguém tendo dito: “Vou comer até
explodir”, “Estou morrendo de medo”, etc. Tais expressões podem ser interpretadas
literalmente? Pouco provável, ficando com o contexto a tarefa de responder a questão.

O contexto da profecia de Isaías não nos diz nada sobre uma Queda de Lúcifer.

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A profecia é enviada contra o Rei da Babilônia que havia capturado a nação de Israel, e que
também dominava boa parte do mundo de então.

Deus, assegurando a libertação futura, ordena que Isaías profira uma sentença contra o tirano:
“Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia, e dirás: Como já cessou o
opressor, como já cessou a cidade dourada! Já quebrantou o SENHOR o bastão dos ímpios e
o cetro dos dominadores. Aquele que feria aos povos com furor, com golpes incessantes, e
que com ira dominava sobre as nações agora é perseguido, sem que alguém o possa impedir”
(4-6). Como resultado a terra terá paz, disse o Senhor: “Já descansa, já está sossegada toda a
terra; rompem cantando” (v. 7).

“Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra,
tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados
do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo
levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo!” – vv. 12-15.

Leia novamente estes versículos e sinta a ironia na voz do profeta. Como ajuda lembre-se de
que os imperadores apresentavam-se diante do povo, e perante outras nações, como
verdadeiros deuses. O Culto ao Imperador era uma realidade muito constante na vida daquela
gente.

Analisemos Ezequiel 28.11-19:

“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação
sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de
sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra
preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ónix, jaspe, safira,
carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em
que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci;
no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos
teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. Na
multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te
lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das
pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua
sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que
olhem para ti. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste
os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em
cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. Todos os que te conhecem entre os
povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá”.

Como podemos ver este texto é muito mais rico em figuras do que o de Isaías 14. Tamanha
expressividade incentiva alguns a dizerem que o mesmo não pode estar se referindo apenas ao
Rei de Tiro, apesar de esta ser a única intenção apontada no próprio texto: “Filho do homem,
levanta uma lamentação contra o Rei de Tiro!” (v. 12).

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O dispensacionalista Lawrence Olson teoriza que “um estudo minucioso desta passagem
revela que o ‘rei de Tiro’ mencionado aqui não pode ser um mero homem mortal, mas sim um
ser angelical descrito como possuindo ‘a perfeição da sabedoria e da formosura’… A
descrição do versículo 14 indica que Satanás ocupava um lugar de destacada honra e que tinha
acesso à glória divina!” (O Plano Divino Através do Séculos; CPAD).

Tal interpretação ignora e violenta todo o contexto da passagem, além de chamar o profeta de
mentiroso. Isso mesmo. Toma-se o profeta por mentiroso, uma vez ter ele dirigido sua
profecia a um rei, humano, de carne e osso.

Deus ordena ao profeta: “Filho do homem, levanta uma lamentação contra o Rei de Tiro, e
dize-lhe:… tú eras o selo da medida; etc, etc.”. A quem Ezequiel proferiu estas ameaças?
Contra um homem, o rei de Tiro! Mas, se o profeta fala, na verdade, de Satanás, ele mentiu
ao rei, e se tornou num arauto não compreendido pelo mesmo. Imagine a reação do Rei:
“Eden? Pedras de Fogo? Nunca estive lá! Internem esse homem!”.

Retiremos da passagem sua intenção de ser simbólica e termos apenas uma teoria criativa,
mas absurda, criada por algum interprete atual, sem qualquer ligação natural com o texto e o
contexto. Onde está a narração da Queda de Lúcifer em qualquer destas figuras e
principalmente olhando o contexto mais abrangente com os textos abaixo? Novamente, em
lugar algum. Descrevem meros e finitos homens,

O que levou Ezequiel a se referir ao rei com tamanha riqueza de imagens?

Observe, primeiro, como no texto de Isaías, a mentalidade de vencedor imbatível que havia no
coração do Rei de Tiro. Depois de ler o que o próprio texto diz sobre o coração deste Rei,
nunca mais o leitor se deixará levar por interpretações ficcionais:

“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro:
Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre
a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus,
ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus!” – vv. 1-2.

“Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum que se possa esconder de ti.
Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti riquezas, e adquiriste ouro e
prata nos teus tesouros. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste as tuas
riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas” – vv. 3-5.

“Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu coração, como se fora o
coração de Deus, por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terríveis dentre as
nações, os quais desembainharão as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e
mancharão o teu resplendor. Eles te farão descer à cova e morrerás da morte dos traspassados
no meio dos mares” – vv. 6-8.

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“Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus? mas tu és homem, e não
Deus, na mão do que te traspassa. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de
estrangeiros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS” – vv. 9-10.

Depois de proferir sua sentença contra o Rei, o profeta passa, a partir do verso 11, a descrever
sua saga numa linguagem simbólica, figurada, contudo, é a mesma saga, e não a saga de um
outro ser! O leitor atento, leitor mesmo, daqueles que vão ao texto, rapidamente percebe que
esse é o estilo de Ezequiel. Um outro exemplo:

“E sucedeu, no ano undécimo, no terceiro mês, ao primeiro do mês, que veio a mim a palavra
do SENHOR, dizendo: Filho do homem, dize a Faraó, rei do Egito, e à sua multidão: A quem
és semelhante na tua grandeza? Eis que a Assíria era um cedro no Líbano, de ramos
formosos, de sombrosa ramagem e de alta estatura, e a sua copa estava entre os ramos
espessos… Os cedros, no jardim de Deus, não o podiam obscurecer; as faias não igualavam
os seus ramos, e os castanheiros não eram como os seus renovos; nenhuma árvore no jardim
de Deus se assemelhou a ele na sua formosura… Portanto assim diz o Senhor DEUS:
Porquanto te elevaste na tua estatura, e se levantou a sua copa no meio dos espessos ramos,
e o seu coração se exaltou na sua altura, Eu o entregarei na mão do mais poderoso dos
gentios…” (Ezequiel 31).

6.5. Os juízos contra Satanás


(Ez. 28:16-19)

6.5.1. Expulso da sua posição original do Céu (Ez. 28:16).

6.5.2. Julgamento pronunciado no jardim do Éden (Gn. 3:14-15).

6.5.3. Julgado na cruz (Jo. 12:31).

6.5.4. Banido totalmente do Céu a partir da metade da Tribulação (Ap. 12:7-13).

6.5.5. Preso no abismo no início do Milênio (Ap. 20:2).

6.5.6. Lançado no Lago de Fogo no final do Milênio (Ap. 20:10).

Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado,
do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. (Ez. 28:16)
Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que
todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar. (Gn. 3:14,15)
Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. (Jo.12:31)
E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus
anjos, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a
antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os
seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a
força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o
qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte. Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que

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neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar. Porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo
que já tem pouco tempo. E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o
filho homem. (Ap.12:7-13).
Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. (Ap.20:2)
E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia
e de noite serão atormentados para todo o sempre. (Ap. 20:10)

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VII. A atuação de Satanás


7.1. Em relação à obra redentora de Cristo

7.1.1. Tenta opor-se ao plano de Deus predito (Gn. 3:15), em todas as áreas e por todos os
meios possíveis.

7.1.2. Tentou Cristo (Mt. 4:3-11).

7.1.3. Tenta boicotar a obra de Cristo usando várias pessoas (Mt. 2:16; Jo. 8:44; Mt. 16:23).

7.1.4. Possuiu o corpo de Judas para que traísse a Cristo (Jo.13:27).


E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus. Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, E disse-lhe:
Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu
respeito, E tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-
lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então
disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o
diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviram. (Mat 4:3-11)

E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa. (Joã 13:27)

7.2. Em relação às nações

7.2.1. Ele agora as engana. (Ap. 20:3)

7.2.2. Ele as reunirá para a batalha de Armagedom. (Ap. 16:13-16)


E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os
mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. (Apo 20:3)

E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes
a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de
todo o mundo, para congregá-los para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho
como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam
as suas vergonhas. E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom. (Apo 16:13-16)

7.2. Em relação aos descrentes


7.2.1. Ele cega seus entendimentos. (II Co. 4:4)

7.2.2. Ele rouba-lhes a Palavra dos seus corações. (Lc. 8:12)

7.2.3. Ele usa descrentes para oporem-se ao trabalho de Deus. (Ap. 2:13)

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Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. (II Co 4:4)
E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra,
para que não se salvem, crendo; (Lc. 8:12)

Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste
a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
(Ap. 2:13)

7.3. Em relação aos crentes

7.3.1. Tenta os crentes para mentirem (At. 5:3).

7.3.2. Acusa e calunia os crentes (Ap. 12:10).

7.3.3. Dificulta o trabalho de um salvo (I Ts. 2:18).

7.3.4. Tenta derrotar-nos através de demônios (Ef. 6:12).

7.3.5. Tenta-nos para a imoralidade (I Co. 7:5).

7.3.6. Semeia falsificadores (joio) entre os crentes (Mt. 13:38,39).

7.3.7. Incita perseguição contra os crentes (Ap. 2:10).

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e
retivesses parte do preço da herdade? (Ato 5:3)
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o
poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os
acusava de dia e de noite. (Apo 12:10)
Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu. (1Te
2:18)
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. (Ef.
6:12)
Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à
oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. (1Co 7:5)
O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o
semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. (Mat 13:39)
Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais
tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap. 2:10)

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VIII. O destino de Satanás


8.1. Será perpetuamente amaldiçoado (Gn. 3:14-15; Is. 65:25)

8.2. Será tratado como inimigo derrotado que é (Cl. 2:15; Jo. 12:31; 16:8-11; I Jo. 3:8;
5:18)

8.3. Será expulso dos lugares celestiais (Ap. 12:9

8.4. Será aprisionado por mil anos (Ap. 20:1-3)

8.5. Será solto pouco tempo, após o Milênio (Ap. 20:3b, 7-9)

8.6. Será lançado no lago de fogo (Ap. 20:10)

A carreira de Satanás, desde a sua rebelião, tem sido de constante declínio. Sua descida
começou no ponto em que ele tentou subir. Quando ele disse: “Subirei”, então começou a
descer.

Quando começou a exaltar-se, então Deus começou a rebaixá-lo. E esse rebaixamento


prosseguirá até que ele seja privado do último vestígio de autoridade e poder, quando for
lançado nas chamas eternas, em plena impotência, na qualidade de arqui-criminoso do
universo.

Satanás está debaixo de maldição perpétua; sua derrota foi decretada na cruz; ele está
destinado a ser expulso dos lugares celestiais, aprisionado no abismo, e finalmente, lançado
no lago de fogo.

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expressa do autor Pr. Anor Afonso Serio [2009]…Pág. 28 de 29
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IX. A Defesa do crente contra Satanás


9.1. Intercessão de Cristo (Jo. 17:15; Hb. 7:25).

9.2. O Plano de Deus pode incluir usar Satanás para propósitos benéficos na vida do crente (II
Co. 12:7)

9.3. Ter a atitude correta para com Satanás. Não o despreze. (Jd. 8-9).

9.4. Estar vigilante contra Satanás (I Pe. 5:8).

9.5. Adotar uma atitude de resistência contra Satanás, mas por vezes devemos fugir de desejos
malignos (Tg. 4:7 e II Tm. 2:22).

9.6. Usar sua armadura espiritual (Ef. 6:11-18).

Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. (Jo. 17:15)
Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles. (Hb. 7:25)
E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne,
mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. (II Co. 12:)
Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como também rejeitam
governo e difamam autoridades superiores. Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e
disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário,
disse: O Senhor te repreenda!
Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a
quem possa tragar; (1Pe 5:8)
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar
firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e
calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis
apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito,
que é a palavra de Deus, orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto
com toda a perseverança e súplica por todos os santos, (Ef. 6:11-18)

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