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DO SETOR DE
AGROPECUÁRIA 2018
Documento
de Análise
Coordenação Técnica
Imaflora
Equipe Técnica
Marina Piatto, Ciniro Costa Junior, Luis Fernando Guedes Pinto,
Marcelo de Medeiros e Natali Vilas Boas Silveira
Revisão
André Ramalho
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
Jean Ometto
Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST/INPE)
R
RESUMO
EXECUTIVO
2
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
RESUMO
EXECUTIVO
3
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
ÍNDICE
1. Introdução 9
1.1 As emissões de GEE na agropecuária brasileira entre 1970 e 2016 12
1.2 A contribuição dos Estados brasileiros nas emissões
de GEE no setor agropecuário 17
1.3 O rebanho bovino e as emissões: de Mato Grosso para a Amazônia 21
1.4 Fertilização nitrogenada, emissão de GEE e produtividade: como conciliar? 25
1.5 Cana-de-Açúcar: a proibição da queima reduziu as
emissões de GEE em São Paulo 30
1.6 Tratamento dos dejetos animais podem reduzir as emissões
do Sul e Sudeste do Brasil 32
1.7 A produção de arroz irrigado no Rio Grande do Sul
e as estratégias de mitigação 37
1.8 Variação nos estoques de carbono dos solos utilizados
pelo setor de Agropecuária 40
2. Trajetória, metas e compromissos de redução de emissões 44
2.1 Plano Nacional sobre Mudança do Clima (Plano Clima) 44
2.2 Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) 45
2.3 Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) 46
2.4 O Acordo de Paris e as metas de redução de emissões para
Agropecuária na NDC Brasileira 49
2.4.1 O Setor Agropecuário atingirá suas metas climáticas de 2020? 52
2.4.2 Lições do ABC para a implementação da NDC
no setor de Agropecuária 57
2.4.3 O real potencial da NDC brasileira para o setor de Agropecuária 58
3. O Financiamento agrícola no Brasil e seu impacto no aquecimento global 64
3.1 O Plano Safra e o volume de crédito destinado ao Programa ABC 64
3.2 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF 66
3.3 Plano Mais Pecuária 68
3.4 Pagamentos por serviços ambientais 68
3.5 Plano Nacional de Defesa Agropecuária (PDA) 2015-2020 72
4
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
ÍNDICE
4. Recomendações 74
4.1 Recomendações para que os planos e as políticas se tornem mais
efetivos na redução das emissões pela agropecuária brasileira 74
5. Considerações finais 76
6. Limitações e futuras melhorias para as estimativas do SEEG 79
7. Referências 81
8. Anexos 90
Anexo 1. Emissões de GEE no setor de Agropecuária 1970-2016 (MtCO2e) 90
Anexo 2. Dados de atividade agropecuária e seus respetivos fatores
de emissão e remoção de GEE, utilizados para o exercício de
reproduzir a meta de emissões da NDC brasileira para o setor
em 2005, 2025 e 2030. 91
Anexo 3. Dados de atividade agropecuária e seus respetivos fatores de
emissão e remoção de GEE, utilizados para a construção da
proposta de NDC do Observatório do Clima para o setor em 2030 92
5
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Evolução das emissões brutas de CO2e pela Agropecuária no Brasil 12
Figura 2
Emissões diretas e indiretas provenientes da Agropecuária brasileira em 2016 13
Figura 3
Emissões de CO2e por subsetor da agropecuária brasileira 14
Figura 4
Emissões da agropecuária brasileira (499 MtCO2e) por subsetores e
fontes emissoras em 2016 15
Figura 5
Ranking das emissões de GEE mundiais pela agropecuária em 2013 15
Figura 6
Emissões totais na agropecuária (MtCO2e) e a evolução do rebanho bovino
(Mil cabeças) e das principais culturas agrícolas (Mil t) entre 1970 e 2016 16
Figura 7
Emissões históricas estaduais pela agropecuária brasileira (1970-2016)
e a participação da pecuária de corte 17
Figura 8
Ranking estadual das emissões de GEE pela agropecuária brasileira em
2016 (499 MtCO2e) 18
Figura 9
Participação dos Estados nas emissões diretas de GEE pela agropecuária
no Brasil em 2016 19
Figura 10
Participação Histórica Estadual na Emissão de GEE Total Brasileira 20
Figura 11
Participação Histórica das Emissões de GEE da Pecuária de Corte por Estado no Brasil 22
Figura 12
Crescimento do rebanho de bovino de corte nacional nos Estados do
Mato Grosso e da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão,
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) de 1970 a 2016 23
6
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
ÍNDICE
Figura 13
Consumo e emissão de N2O de fertilizantes nitrogenados na
agricultura brasileira entre 1970 e 2016 25
Figura 14
Produção de milho, algodão e cana-de-açúcar e as emissões de GEE
históricas pela aplicação de fertilizantes nitrogenados nos principais
Estados produtores brasileiros. 28
Figura 15
Nódulos formados nas raízes das leguminosas 29
Figura 16
Emissões de GEE provenientes da queima de cana-de-açúcar e a produção
dessa cultura no Brasil e no Estado de São Paulo entre 1990 e 2016 31
Figura 17
Emissões de GEE (MtCO2e) provenientes de dejetos animais em 2016 33
Figura 18
Participação dos principais Estados produtores de suínos e aves nas emissões
totais de GEE (centro) pelo manejo de dejetos desses animais no Brasil em 2016 33
Figura 19
Sistema de manejo de dejetos das principais categorias animais no Brasil e
o número de animais com potencial de inclusão em projetos de mitigação de
GEE via manejo de dejetos 34
Figura 20
Emissões de GEE (Mt) do cultivo de arroz irrigado nas cindo regiões
brasileiras e no Estado do Rio Grande do Sul (RS) em 2016 37
Figura 21
Tipos de preparo do solo para cultivo do arroz irrigado e seus respectivos
fatores de emissão de CH4 para o Estado do Rio Grande do Sul 39
Figura 22
Emissões de remoções de gases de efeito estufa em sistemas agropecuários 43
Figura 23
Disponibilidade e desembolso acumulado do Programa ABC entre
as safras 2010/2011 e 2016/2017 55
Figura 24
Participação do Programa ABC no total dos recursos destinados ao
financiamento da agropecuária brasileira (Plano Safra – 188,3 R$ bilhões) 66
7
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estimativa da variação dos estoques de carbono do solo utilizado
pela agropecuária no Brasil 41
BOXES
• O que é um tier? 10
• Emissões e sequestro: o balaço de carbono no sistema produtivo 11
• O potencial da pecuária de corte na redução de emissões 24
• É possível manter a produção agrícola e reduzir as emissões? 27
• A fixação biológica do nitrogênio e o potencial de mitigação das emissões 29
• Potencial de mitigação no uso de dejetos
animais – biodigestores e composteiras 35
• Cultivo de arroz irrigado: convencional ou antecipado? 39
• O Inventário Nacional e as estratégias de mitigação: o desafio da agropecuária 42
• A implementação da Contribuição Nacionalemnte Determinada do Brasil 51
• Potencial de aquecimento global (GWP) 61
• Desenvolvimento do mercado de carbono 62
• Energia, agricultura e emissões: sinergias e oportunidades 63
• O Pronaf não inclui redução de emissões em suas metas 67
• Código Florestal, incentivos econômicos e emissões de GEE 70
• Produzindo água e reduzindo carbono 71
• O caminho para a agropecuária brasileira:
maior produção com menos emissões 78
8
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Ainda de acordo com esse relatório, os efeitos do aquecimento global são um proble-
ma de agenda de desenvolvimento comum em decisões de investimento público e re-
querem uma estratégia de alocação de recursos em diferentes ações e compatível com
as necessidades do momento.
A quinta versão da Plataforma SEEG mostra que o Brasil emitiu cerca de 2,3 bilhões
de toneladas de CO2 equivalente (GtCO2e) em 2016. Apenas a agropecuária contribuiu
diretamente com cerca de 30% desse total (499 MtCO2e) (SEEG, 2017). As emissões cau-
sadas diretamente pela agropecuária se referem à produção animal e vegetal, ao uso
de fertilizantes nitrogenados na agricultura, à disposição de dejetos animais, à decom-
posição de resíduos culturais e ao cultivo de organossolos.
9
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Entretanto, o setor de Agropecuária chega a ser responsável por quase 70% das emis-
sões brasileiras quando as emissões de outros setores relacionados com a produção
agropecuária são contabilizadas. São elas: emissões provenientes do desmatamento
para expansão agrícola e pecuária (setor Mudança de Uso da Terra), do uso de com-
bustíveis fósseis na agropecuária (setor de Energia) e do tratamento de efluentes da
agroindústria (setor de Resíduos) (SEEG, 2017).
Por outro lado, a agropecuária brasileira apresenta grande potencial em reduzir suas
emissões através de inúmeras opções de práticas de mitigação, principalmente aquelas
relacionadas ao aumento da eficiência de uso das pastagens no Brasil. Contudo, para
que as tecnologias de mitigação e aumento do sequestro de carbono cheguem ao produ-
tor, é necessário que políticas públicas promovam a implementação de boas práticas em
larga escala, conciliando a conservação dos recursos naturais e o aumento da eficiência
da produção agrícola, dentro de uma lógica de sustentabilidade socioambiental do siste-
ma, e contribuindo para suprir a crescente demanda global por alimentos.
O que é um tier?
10
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
11
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
525
450
375
300
225
150
75
0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
1
Ver Anexo 1 para valores detalhados por fonte de emissão.
12
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
13
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
525
450
375
300
225
150
75
0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
Solos Queima de Manejo de Fermentação Cultivo
Agrícolas Resíduos Agrícolas Dejetos Animais Entérica do Arroz
14
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
1o China
13,5%
5o EUA
6,8%
2o Índia
12,1%
3o Brasil
8,4%
15
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
550000
400000
250000
100000
1000
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
Emissões Totais (Mil t CO2e) Bovino Total (Mil Cabeças) Soja (Mil t) Milho (Mil t)
16
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
A agropecuária brasileira emitiu entre 1970 e 2016 cerca de 16.677 bilhões de tonela-
das de CO2e (emissão acumulada). Somente os Estados de Minas Gerais, Rio Grande
do Sul, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso respondem por cerca de
60% destas emissões durante o período. As emissões foram e são predominantemente
derivadas da pecuária de corte (Figura 7).
Assim, nota-se que a região Sudeste, uma das primeiras regiões agrícolas brasileiras, é
o local do país que possui a maior emissão acumulada de gases de efeito estufa (soma
das emissões anuais de 1970 a 2016). Entretanto, é no Centro-Oeste que as emissões
desses gases vêm aumentando. Atualmente, o Mato Grosso lidera o ranking nacional
devido ao extenso rebanho e produção de grãos, seguido por Minas Gerais, com seu
rebanho leiteiro, e pelo Rio Grande do Sul, com o arroz irrigado; segundo e terceiro
lugares no ranking, respectivamente (Figura 8).
17
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Em 2016, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Pará e São Paulo foram os Estados brasileiros que mais emitiram GEE pela produção
agropecuária de forma direta, somando quase 70% das emissões nacionais desse se-
tor. As principais fontes de emissão em quase todos os Estados são a pecuária de corte
e o uso de fertilizantes nitrogenados sintéticos. No entanto, a produção de soja em
Mato Grosso, o cultivo de arroz irrigado no Rio Grande do Sul, a pecuária de leite em
Minas Gerais e a produção de cana-de-açúcar em São Paulo também contribuem signi-
ficativamente em regiões específicas (Figura 9).
18
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
61 Mt CO2e 54 Mt CO2e
Mais recentemente, a pressão por novas áreas agrícolas, além do Centro-Oeste, levou
a uma drástica mudança nos padrões de emissão nos Estados do Norte, principal-
mente Pará, Acre e Rondônia. Nas décadas de 1970, os Estados da Amazônia contri-
buíam com menos de 2% das emissões nacionais e atualmente participam com cerca
de 9% (Figura 10).
19
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
As culturas agrícolas, por sua vez, deram suporte ao aumento da criação de suínos e
aves, principalmente no Sul do país, o que elevou as emissões pelo manejo de dejetos
desses animais em aproximadamente 90% desde 1970. Atualmente, essa fonte repre-
senta cerca de 4% das emissões nacionais. Nesse sentido, destaca-se o impacto o cultivo
do arroz irrigado no Rio Grande do Sul, que gera 80% das emissões por essa atividade.
20
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Os bovinos são ruminantes que, ao fazer a digestão, liberam CH4 na atmosfera por um
processo chamado fermentação entérica (MCTI, 2014). Esse processo, somado à eleva-
da população de animais ruminantes no país, especialmente bovinos de corte, respon-
de por 68,5% das emissões totais de GEE (CO2e) da agropecuária brasileira.
O rebanho de corte no Brasil cresceu de 69 milhões cabeças de 1970 para 198 milhões
em 2016 (IBGE, 2016), tornando o país o segundo maior produtor de carne bovina do
mundo e o maior exportador. Em 2016 o Valor Bruto da Produção (VBP) de carne foi de
R$ 74 bilhões (preços médios de novembro de 2015 e janeiro de 2016), atrás apenas da
soja (MAPA, 2015c). Adicionalmente, estimou-se que a cadeia produtiva da carne bovi-
na tenha movimentado cerca de R$ 480 bilhões em 2015, gerando aproximadamente
7 milhões de empregos (Neves, 2012; Agroconsult – reproduzido de Beef Point, 2015).
Com a crise econômica iniciada em 2015 caracterizada por uma queda no PIB brasilei-
ro de 3,8% naquele ano e de 3,6% em 2016 (IBGE, 2017a), a produção e o consumo de
carne no Brasil diminuíram. Essa crise, atrelada à não compensação da exportação, é
uma explicação para o aumento das emissões no setor da agropecuária: os abates de
bovinos recuaram pelo segundo ano consecutivo, devido principalmente a uma queda
na demanda por carne em função da crise e competitividade das demais carnes, como
a de porco (que tem tido abates recordes). Ou seja, menos gado bovino sendo abatido
significa mais bois no pasto e nos currais e, consequentemente, mais emissões.
Nos anos 1970, o rebanho era concentrado predominantemente nos Estados do Sul
e Sudeste, os quais compreendiam cerca de 60% das emissões de GEE por essa fonte
nesse período. Entretanto, a expansão da fronteira agrícola rumo aos Estados no bio-
ma amazônico deslocou completamente as emissões de GEE brasileiras (Figura 11).
21
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Nos anos 1990, o rebanho bovino começou a se deslocar predominantemente para Mato
Grosso (acompanhado de elevadas taxas de desmatamento) e, consequentemente, as
emissões diretas de GEE por essa fonte atingiram 7% do total emitido pelo Brasil. Nos
anos 2000 a expansão da atividade atingiu outros Estados da Amazônia Legal, como:
Rondônia, Tocantins e, mais intensamente, o Pará, levando ao drástico aumento das
emissões de gases de efeito estufa na região (Figura 11). As regiões Norte e Nordeste
responderam juntas por 35% das emissões da pecuária de corte no Brasil em 2016.
22
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
nho até 2023. Assim, caso não ocorra um aumento na eficiência e a intensificação da
produção em áreas já ocupadas pela pecuária, à tendência é que o rebanho adicional
seja alocado nos Estados do bioma Amazônia (Figura 12), o que pode acentuar o des-
matamento nessa região, agravando ainda mais a desestabilização do ecossistema
amazônico, o risco de escassez hídrica e o aumento na contribuição do setor para as
emissões brasileiras.
45
% do Rebanho Bovino de Corte Nacional
40
35
30
25
20
15
10
0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
* Queda nas emissões devido à divisão do Estado do Mato Grosso em dois Estados (Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul) – a criação do Estado do Mato Grosso do Sul ocorreu em 1977, mas dados de produção
começaram a ser reportados pelo IBGE em 1979.)
23
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Segundo relatórios do Observatório ABC (Observatório do Plano ABC, 2017c), para au-
mentar o rebanho brasileiro com uma perspectiva de baixas emissões de carbono é
fundamental buscar maior eficiência na produção, com boas práticas como genética,
eficiência digestiva e manejo adequado, entre outras. A pecuária atualmente praticada
no Brasil se dá de forma extensiva e com baixa adoção de tecnologias, o que leva em
muitos casos a sistemas ineficientes, que favorecem a degradação das pastagens e
conduzem ao abate dos animais tardiamente (cerca de quatro anos). Da mesma forma,
à medida que a produtividade da pastagem se reduz, há estímulo ao desmatamento
para abertura de novas áreas em busca de solos mais férteis e capazes de suportar o
rebanho e seu crescimento.
Estima-se que atualmente seja explorada apenas 33% da capacidade produtiva das
pastagens brasileiras, mas se essa taxa subisse para 50% haveria um aumento da pro-
dução de carne associado à liberação de áreas capazes de suportar a demanda de
crescimento de outros sistemas produtivos agrícolas previstos até 2040 e, ainda, a ma-
nutenção das atuais áreas de vegetação nativa (Strassburg et al., 2014).
24
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Responsável por 6,2% das emissões de GEE na agropecuária em 2016, a contribuição dos
fertilizantes nitrogenados sintéticos (como a ureia e o sulfato de amônio) para as mudan-
ças climáticas vem crescendo rapidamente. A figura 13 mostra o consumo desses ferti-
lizantes e as emissões resultantes de sua aplicação ao solo entre 1970 e 2016 no Brasil.
40
35
Milhões de toneladas
30
25
20
15
10
0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
25
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Os relatórios da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA, 1991; 2001; 2016)
indicam que o consumo em 1990 era de 780 mil toneladas de adubo nitrogenado, pas-
sando para quase 1,7 milhões em 2000 e chegando ao volume de 4,4 milhões de tone-
ladas em 2016, um salto inédito de aproximadamente 23% comparado a 2015, o que
levou a um aumento proporcional das emissões dessa fonte. Isto significa que a cada
dez anos a quantidade de nitrogênio utilizada na agricultura brasileira chega a dobrar,
assim como as emissões provocadas pela aplicação desse insumo. Entretanto, esse
consumo cai em tempos de crise, como em 2008 e 2015, com uma queda significativa
de cerca de 11% nesses anos, afetando negativamente a quantidade de uso pelo setor
devido à queda nos investimentos, incentivos financeiros, aumento de dívidas e baixa
na demanda do mercado consumidor.
As culturas que mais consomem adubo nitrogenado no Brasil são milho, cana, café,
arroz e trigo, sendo que a produtividade por hectare e as áreas de produção dessas
culturas não param de crescer. Em 1990, por exemplo, eram produzidas 21 milhões de
toneladas de milho, passando para 32 milhões em 2000 e para 64 milhões em 2016,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016 - Produção
Agrícola Municipal). O estudo do MAPA mostra que a produção de milho projetada
para a safra de 2024/25 será de 93,6 milhões de toneladas, aumentando ainda mais a
demanda por fertilizantes sintéticos.
A figura 14 ilustra a estreita relação entre a produção de algumas das principais cultu-
ras agrícolas brasileiras e as emissões totais por fertilizantes nitrogenados tanto nos
Estados tradicionalmente produtores, como o Paraná, quanto em Estados localizados
em fronteiras agrícolas, como Mato Grosso, onde a cultura do milho, por exemplo, vem
sendo amplamente introduzida em sucessão com a soja.
26
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Apesar de grande parte das culturas agrícolas exigirem adubação nitrogenada, esta
análise não pode ser resumida apenas na produção agrícola versus o total de adubo
utilizado, pois o incremento em produtividade depende de tecnologias complementa-
res ao fertilizante nitrogenado. Práticas como o melhoramento genético dos cultivares,
preparo de solo, adubação com macro e micronutrientes, manejo integrado de pragas
e doenças entre outras técnicas agronômicas são amplamente utilizadas para aumen-
tar a produtividade agrícola no Brasil. No caso do milho, por exemplo, este conjunto
de tecnologias possibilitou passar de uma produtividade de 1.873 kg/ha em 1990 para
3.961 Kg/ ha em 2016, o que representa um aumento de aproximadamente 200%, se-
gundo dados do IBGE.
27
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
25 4
Emissões de GEE estadual via fertilizantes N (milhões de t CO2e)
20
Produção Agrícola
(milhões de CO2e)
Emissão de GEE
3
(milhões de t)
15
2
10
1
5
0 0
25 5
Emissões de GEE estadual via fertilizantes N (milhões de t CO2e)
20 4
Produção Agrícola
(milhões de CO2e)
Produção de milho (milhões de t)
Emissão de GEE
(milhões de t)
15
Produção de algodão (milhões de t) 3
10 2
5 1
0 0
500 6
Emissões de GEE estadual via fertilizantes N (milhões de t CO2e)
Produção de cana de açúcar (milhões de t) 5
(milhões de CO2e)
400
Produção Agrícola
Emissão de GEE
(milhões de t)
4
300
3
200
2
100 1
0 0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
28
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Figura 15: Nódulos formados nas raízes das leguminosas onde os rizóbios
produzem a enzima nitrogenase que incorpora o nitrogênio atmosférico em
compostos orgânicos que são utilizados pelas plantas
29
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Em 2016, essa prática contribuiu somente com 1% das emissões nacionais. Contudo, a
emissão de GEE para produzir uma tonelada de cana-de-açúcar era 80% maior 20 anos
atrás (Figura 16). Essa redução nas emissões se deve a proibição da prática de queima,
definida no Decreto Federal nº 2.661 de 08 de julho de 1998, que determina que a prá-
tica da queima da cana-de-açúcar seja eliminada em todo o Brasil até 2021 de forma
gradativa em áreas passíveis de mecanização da colheita (cuja declividade seja inferior
a 12%) e 2031 para áreas não mecanizáveis.
Entretanto, essa tendência tem sido liderada pelo Estado de São Paulo que, em 2007
firmou o Protocolo Agroambiental do Estado de São Paulo. Esse acordo antecipou os
prazos legais para a eliminação da prática da queima de 2021 para 2014 e de 2031 para
2017. O acordo é voluntário e mais de 170 unidades agroindustriais e 29 associações
de fornecedores (que juntos representam mais de 90% da produção paulista) aderiram
ao fim da queima.
30
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
1200 16
1000
12
de cana-de-açúcar)
800
10
(milhões de t)
600 8
6
400
4
200
2
0 -
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
Produção de Produção de cana-de-açúcar Emissão de GEE - Queima da
cana-de-açúcar - Brasil - Estado de São Paulo Palhada - Estado de São Paulo
Segundo dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, com base
em estudo liderado pela Agrosatélite, mais de 80% da colheita de cana na safra de
2013/2014 no Estado foi feita sem queima. Essa mesma porcentagem foi aplicada a
safra 2014/2015. Como consequência, as emissões de GEE foram de aproximadamente
5.800 toneladas de CO2e por milhão de toneladas de cana-de-açúcar produzida, 62%
menor que a média nacional (Figura 16).
31
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
zação da colheita de cana verde na maioria dos Estados do Brasil. O decreto que deter-
mina o fim da queima e as legislações e acordos estaduais, como o Protocolo Agroam-
biental, são exemplos de iniciativas que podem colaborar diretamente com a redução
de emissões na agricultura sem afetar o crescimento do agronegócio brasileiro.
A produção animal gera grande quantidade de dejetos. Um bovino de leite, por exem-
plo, produz aproximadamente 3,5 kg de dejetos (matéria seca de estrume) por dia, ao
passo que um suíno, cerca de 1 kg diariamente. O Imaflora estima que no Brasil haja
geração de cerca de 850 kg de dejetos de animais por segundo, que podem ser recolhi-
dos para tratamento.
Animais criados de forma confinada têm seus dejetos acumulados em lagoas, charcos
e tanques de tratamento. Quando são decompostos por bactérias metanogênicas sob
condições anaeróbicas, esses dejetos produzem grandes quantidades de CH4. Adicio-
nalmente, por conter nitrogênio, os dejetos, ao ser depositados diretamente no solo,
liberam N2O para a atmosfera, também contribuindo para as mudanças climáticas.
32
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Figura 18. Participação dos principais Estados produtores de suínos e aves nas emissões
totais de GEE (centro) pelo manejo de dejetos desses animais no Brasil em 2016
33
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Apenas uma pequena parcela dos dejetos de animais no Brasil são manejados sob
sistemas capazes de mitigar essas emissões, como a compostagem, a separação de
sólidos e/ou a biodigestão anaeróbia (Figura 19). Estudos mostram que esses sistemas
emitem cerca de 40% a menos GEE que sistemas que apenas estocam os dejetos em
montes ou esterqueiras antes de serem adicionados ao campo (Amon et al., 2006; Hou
et al., 2014; Costa Junior et al., 2015).
Fonte: Costa Junior et al., 2013; Costa Junior, 2015; MCTI, 2015
34
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Além disso, vale lembrar que essas técnicas ainda agregam valor agronômico e eco-
nômico aos dejetos por torná-los materiais capazes de aumentar a disponibilidade de
nutrientes no solo para cultivos agrícolas e, ainda, gerar energia elétrica através do
biogás quando adotados biodigestores, colaborando assim com a minimização dos
efeitos da crise hídrica.
De acordo com dados do MCTI (2016a), é possível notar que pouco esforço tem sido
feito na adoção desses sistemas ao longo dos últimos anos. Estima-se que pelo me-
nos 40% dos animais confinados no Brasil poderiam ser incluídos em projetos de
manejos de dejetos que levem à mitigação das emissões de GEE (Figura 19), os quais
teriam potencial de reduzir pela metade as emissões atuais por esse subsetor da
agropecuária.
35
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Nesse sentido, o Plano ABC (MAPA, 2010) possui um subprograma que se re-
fere ao tratamento de dejetos animais, que estimula a adoção dessas tecno-
logias interligadas à produção animal. Entretanto, o crédito para este fim é o
mais baixo dentre as linhas contempladas pelo Programa ABC (Observatório
do ABC, 2013). Assim, com o atraso na implementação de tais tecnologias, o
Brasil tem perdido a chance de reduzir as emissões de GEE pelo uso dos deje-
tos de animais nos biodigestores, na substituição da adubação sintética pela
orgânica e na produção de energia através do biogás.
36
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Figura 20: Emissões de GEE (Mt) do cultivo de arroz irrigado nas cindo regiões
brasileiras e no Estado do Rio Grande do Sul (RS) em 2016
37
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Apesar de ser o maior emissor, o Rio Grande do Sul tem mostrado esforços em en-
tender melhor o impacto de seus sistemas nessas emissões e já conta com fatores de
emissão (FE) específicos (MCTI, 2014). Os demais Estados ainda precisam utilizar fato-
res de emissão fornecidos pelo IPCC, obtidos a partir de pesquisas desenvolvidas em
outros países e que possivelmente não são adequados às condições nacionais.
Os FE desenvolvidos para o cultivo de arroz irrigado no Rio Grande do Sul dizem respei-
to aos sistemas de preparo do solo convencional e antecipado. Os FE para esses prepa-
ros do solo são 39% e 6% maiores que os fornecidos pelo IPCC (2006), respectivamente.
Com isso, tem-se maior precisão na definição das mudanças necessárias nos sistemas
de manejo para reduzir as emissões. Esses dados sugerem que os FE fornecidos pelo
IPCC (2006) podem estimar equivocadamente as emissões de CH4 por esse cultivo em
outros Estados no Brasil.
O preparo do solo convencional, que emite cerca de 30% mais CH4 por metro quadrado
de várzea que o preparo antecipado, compreendia mais da metade das áreas de pro-
dução entre as décadas de 1970 e 2016 (Figura 21). Entretanto, o sistema de preparo
antecipado vem sendo mais amplamente adotado e atualmente representa cerca de
70% das áreas de produção do Rio Grande do Sul.
Apesar da substituição gradativa, o Estado do Rio Grande do Sul ainda tem potencial
para reduzir as emissões nacionais por essa fonte em cerca de 20% caso venha a ado-
tar o sistema de preparo antecipado na área que ainda está sob preparo convencional
(Figura 21). Portanto, o estímulo à adoção de tal sistema deve favorecer não só os pro-
dutores no Rio Grande do Sul, mas todo o país.
38
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Figura 21: Tipos de preparo do solo para cultivo do arroz irrigado e seus respectivos
fatores de emissão de CH4 para o Estado do Rio Grande do Sul
Preparo
Convencional
Preparo
Antecipado
Outros
39
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Nessa versão do SEEG, o Imaflora fez o exercício de calcular a variação dos estoques de
carbono dos solos utilizados pela agropecuária. Nesse exercício, foi considerado que
há sequestro (acúmulo) de carbono (CO2) no solo em áreas florestas plantadas, cultivos
agrícolas manejados sob a técnica de plantio direto (sem revolvimento do solo) e solos
de pastagens bem manejadas. As emissões de CO2 ocorrem em solos de pastagens
degradadas e em cultivos agrícolas manejados sob sistemas convencionais (com revol-
vimento periódico do solo) (Tabela 1).
Ao fazer esse cálculo, o Imaflora estima que aproximadamente 235 MtCO2e foram emi-
tidos e 223 MtCO2e foram sequestrados pelos solos utilizados pela agropecuária na-
cional em 2016. Isso resulta em um balanço de emissão de 12 MtCO2e, implicando que
as emissões pelo agropecuária são na verdade cerca de 3% maiores que as reportadas
atualmente – o que torna a agropecuária a segunda maior fonte de emissão no Brasil e
eleva as emissões de GEE nacionais em quase 1%.
Isso se deve, principalmente, à extensa área coberta com pastagens degradadas, es-
timada em aproximadamente 53 milhões de hectares – cerca de 45% da área agrope-
cuária brasileira, ou uma área equivalente à da Espanha – somada às emissões do solo
de aproximadamente 17 milhões de hectares de cultivos agrícolas anuais ainda mane-
jados de forma convencional. Essas emissões não são compensadas pelo sequestro
de carbono que potencialmente ocorre nos quase 8 milhões de hectares de florestas
plantadas, nos 44 milhões de hectares de cultivos anuais sob plantio direto e nos 23
milhões de hectares de pastagens em ótimas condições.
40
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Fatores de Emissão
Uso do Solo e Remoção de GEE Referência
(tCO2e/ha/ano)*
Pastagens
Condição Estável 0
Degradada 4,00 Extração feita em Observatório ABC (2013)
Bem Manejado -5,51 Bustamante et al. (2006)
Integração Lavoura/Pecuária-Floresta -6,24 Carvalho et al. (2010)
Florestas Plantadas -0,81 Lima et al. (2006)
Lavouras (milhões de ha)
Sistema Plantio Convencional (SPC) 1,47 Costa Junior et al., 2013
Sistema Plantio Direto (SPD) -1,53 Corbeels, M. et al., 2016
41
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
Essas emissões pelos solos degradados são similares aos níveis emitidos pela fer-
mentação entérica dos animais ruminantes. Dessa forma, caso fossem contabiliza-
das, as emissões pelos solos seriam a segunda maior fonte de emissão de GEE do
setor de Agropecuária do Brasil. Assim, nota-se que o solo utilizado pela agricultura
e pecuária no Brasil tende a se comportar como fonte de emissão de GEE sob as con-
dições atuais de manejo.
Esse exercício feito pelo Imaflora destaca a importância de analisar o balanço de car-
bono da agropecuária brasileira para que as políticas climáticas sejam melhor formu-
ladas, tornem-se mais robustas e, em última análise, mitiguem as emissões de GEE.
Além disso, recuperar áreas degradadas traz outros benefícios socioambientais, como
torná-las mais produtivas e melhorar índices de qualidade da água devido à melhor
conservação de rios e nascentes.
O Plano ABC e a NDC brasileira propõem uma redução das emissões de quase
300 milhões de toneladas de CO2e até 2030. No entanto, a contabilização des-
sa redução ainda é desafiadora em função das ferramentas de não estarem
completamente desenvolvidas e o IPCC não obrigar os países a reportar essas
emissões totais. O Brasil, por exemplo, não reporta em seu inventário nacional
o balanço de emissões em solos na agricultura, mas ao mesmo tempo essa
quantificação das variações no estoque de carbono no solo é a base de suas
políticas climáticas agrícolas (Figura 22).
42
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
1. INTRODUÇÃO
43
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Para entender com maior precisão a trajetória das emissões brasileiras no setor agro-
pecuário, foram analisadas as principais políticas e planos agrícolas que impactam dire-
tamente no desenvolvimento do setor e consequentemente nas emissões, sendo elas:
• Plano Nacional sobre Mudança do Clima
• Política Nacional sobre Mudança do Clima
• Plano de Agricultura de Baixo Carbono
• Acordo de Paris e Contribuição Nacionalmente Determinada Brasileira (NDC)
O Plano Nacional sobre Mudança do Clima ou Plano Clima, foi adotado em 2008 e tem
por objetivo incentivar o desenvolvimento e aprimorar ações de mitigação no Brasil,
colaborando com o esforço mundial de redução das emissões de GEE, bem como pre-
parar o país para adaptar-se aos impactos das mudanças climáticas.
44
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Em 2009 foi instituída a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC, por meio
da Lei 12.187. Ela oficializa o compromisso voluntário assumido pelo Brasil na COP15,
a conferência do clima de Copenhague, de reduzir as emissões em 2020 em 36,1% a
38,9% em relação ao cenário tendencial. Em 2010 foi estabelecido o Decreto nº 7.390,
que a regulamenta. A tabela a seguir descreve as ações de mitigação relacionadas aos
setores da agropecuária e mudança de uso do solo e as metas de redução de emissões
definidas no decreto (Brasil, 2010).
45
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
46
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Integração Lavoura-pecuária-
floresta (ILPF)
- Adoção de sistemas pecuários 18 a 22 milhões
integrados com agricultura e/ou floresta, 2 milhões de ha 4 milhões de ha de t CO2 e
incluindo sistemas agroflorestais (SAFs).
- Base de cálculo foi de 3,79 Mg
de CO2e ha-1ano-1.
Florestas Plantadas
- Plantio comercial de árvores 10 milhões de
- Não está computado o compromisso 6 milhões de ha 3 milhões de ha t CO2 e (potencial de
brasileiro relativo ao setor da siderurgia; captura)
e, não foi contabilizado o potencial de
mitigação de emissão de GEE.
47
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Além dos subprogramas, o Plano ABC define uma série de estratégias de mitigação que
deverão ser realizadas para que as metas previstas sejam atingidas, são elas: assistên-
cia técnica; capacitação de produtores e técnicos; campanhas de divulgação, pesquisa
e desenvolvimento tecnológico; disponibilização de insumos básicos e inoculantes; fo-
mento a viveiros e redes de coletas de sementes; regularização fundiária e ambiental;
e ações junto aos segmentos de insumos, produtos e serviços. Além dessas estratégias,
o Plano ABC prevê ações de adaptação às mudanças climáticas que ainda estão em
aberto e deverão ser estabelecidas. Estão previstos também crédito agrícola específico
para essas tecnologias (Programa ABC), mecanismos para o monitoramento do plano,
ações transversais e fontes de financiamento.
Adicionalmente, o Plano ABC considera a interação com os demais planos setoriais para
otimizar os custos de implementação e evitar a dupla contabilização da redução das
emissões de GEE. Com relação à redução do desmatamento, o Plano ABC prevê ações
que contribuirão com a redução do desmatamento através da intensificação agropecuá-
ria, da recuperação de pastagens degradadas e da adoção de sistemas de ILPF e SAFs. O
aumento da produção agrícola proposto no Plano ABC não deverá comprometer o des-
matamento de ecossistemas naturais e, assim, se manter alinhado a Prevenção e Con-
trole do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e Plano de Ação para Prevenção e
Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
48
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Além disso, o Plano ABC também prevê a interface com outras ações do governo fe-
deral como, por exemplo, o Programa Mais Ambiente, a Operação Arco Verde (OAV), o
Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), o Pro-
grama Terra Legal Amazônia, entre outros. Por outro lado, existe uma falta de sinergia
com outros componentes da agropecuária brasileira com elevado potencial de redu-
ção das emissões de GEE nacionais, como produção energética e biocombustíveis.
Outro marco histórico relevante dos compromissos climáticos ocorreu na 21a Confe-
rência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP21),
realizada em dezembro de 2015 em Paris, que reuniu 196 países (incluindo União Eu-
ropeia) e culminou na elaboração do Acordo de Paris. O tratado tem como objetivo
conter o aumento da temperatura média global em menos do que 2°C acima dos níveis
pré-industriais e envidar esforços para limitar esse o aumento a 1,5°C.
Essa meta deverá ser atingida por meio da soma de esforços dos países signatários, in-
cluindo o Brasil, através de suas NDCs ou Contribuições Nacionalmente Determinadas
(termo em português). A NDC é o documento apresentado pelos países ao Secretaria-
do da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ele
contém as ações que cada governo adotará para que as metas de redução das suas
emissões de GEE sejam atingidas.
49
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
De acordo com o documento, essas ações permitirão que as emissões de GEE pela agro-
pecuária em 2030 cheguem ao mesmo patamar que as emissões desse setor em 2005
(Tabela 4), mesmo com um crescimento de produção estimado ao redor de 30% (MAPA,
2015). Novamente, a principal hipótese assumida é associada às remoções de carbono
pelo solo, que compensariam parte das emissões do aumento do rebanho e das áreas
agrícolas necessárias para suprir a demanda por produtos agropecuários em 2030.
50
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Longo prazo:
Curto prazo:
51
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Ou seja, tomando por base a projeção BAU do decreto de 2010, o Brasil atingiria a
meta, mas não é possível dizer, a partir dos dados disponíveis, se as metas especificas
em implementação de práticas de agricultura de baixo carbono foram cumpridas.
52
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Isso mostra que as projeções deveriam ser revistas e atualizadas. Entretanto, o próprio
Plano Clima de 2008 nunca foi revisado, sofrendo apenas um processo de atualização
em 2013 (MMA, 2013). No que se refere à atualização do Plano ABC, o Fórum Brasileiro
de Mudanças Climáticas avançou no último ano na revisão das metas, nas práticas de
mitigação e nas questões de monitoramento.
Nota-se que o Programa ABC, como uma linha de crédito específica para a implemen-
tação do Plano ABC, sendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) e o Banco do Brasil seus principais repassadores do recurso, nunca apresen-
tou 100% de desembolso. O balanço da safra 2015/16 para o Programa ABC mostrou
que os produtores rurais brasileiros usaram apenas 68% do volume total de crédito
disponibilizado pelo governo federal e 63% de todo o recurso disponibilizado até o mo-
mento (Observatório ABC, 2017b).
Essa falta de adesão foi analisada em estudo lançado em 2017 pelo Observatório: De-
safios e restrições dos produtores rurais na adoção de tecnologias de baixo carbono
ABC. Entrevistas com os produtores rurais da Alta Floresta (MT) levantaram 32 fatores
de impacto sobre o plano ABC. Dentre estes, os principais fatores são a taxa de juros
sem diferencial competitivo, a falta de acesso, conhecimento e capacitação do produ-
tor, o endividamento e a baixa lucratividade das propriedades, além do excesso de
burocracia e a falta de clareza do processo.
53
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Por outro lado, o Observatório ABC, que monitora as ações do plano e programa, pro-
pôs em 2015 uma revisão do plano para que esse cenário de lacunas mude, com pro-
postas para desenvolver metodologias e tecnologias para mensurar os resultados e a
redução comprovada da emissão de gases. Sem esse aprimoramento, não é possível
fazer a alocação total dos recursos do programa por linha de financiamento, como re-
gistrado pelo Observatório do ABC.
De acordo com a plataforma Sistema ABC (Observatório ABC, 2017c), 67% dos recursos
liberados pelo Programa ABC foram contratados (Tabela 5). Entretanto, não mais do
que 25% apresentam clara contratação para as seis principais linhas do programa (Fi-
gura 23). Ou seja, cerca de R$ 9 bilhões contratados não apresentam distinção da prá-
tica ABC de fato contratada – pois os bancos não fizeram essa comunicação ao Banco
Central. Entretanto, vale lembrar que esses números ainda não garantem que o crédito
foi realmente utilizado para a prática contratada e, muito menos, se houve a redução
de emissão de GEE estimada.
54
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Assim, esses fatos evidenciam a falta que um sistema de monitoramento faz para di-
recionar e regular o nível requerido para atingir as metas climáticas e dimensionar
futuros investimentos nessa área, assim como valorizar os produtores ABC e eventual-
mente abrir nossos mercados para esses produtos.
Além disso, nada impede que outras linhas de crédito possam promover práticas ABC,
ou seguir na direção contrária a essas práticas. Tais linhas, portanto, também devem
ser monitoradas e incluídas em uma estratégia nacional mais ampla com relação aos
compromissos climáticos nacionais. O Plano ABC estimou que as ações de monitora-
mento das reduções das emissões deveriam ser iniciadas a partir de 2013, o que não
ocorreu até o momento, prejudicando o monitoramento das emissões evitadas pelo
uso das técnicas do Plano ABC (Observatório ABC, 2015).
55
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Outro recente estudo lançado sobre esse tema foi a Avaliação do uso estratégico das
áreas prioritárias do Programa ABC (Observatório ABC, 2017a). Seus autores apontam
que não há restrição de oferta, mas sim de demanda, como resultado do risco atrelado
à recuperação da área degradada. Ademais, as áreas consideradas prioritárias pelo
programa (Norte e Nordeste) são as de maiores riscos climáticos e menor estrutura
logística, fatores considerados de risco no plano de recuperação e que não estão sendo
levados em conta na projeção do crédito. O risco ainda está atrelado às particularida-
des de cada propriedade, que devem ser estudadas para a projeção deste.
56
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
• Redução das taxas de juros, para fortalecer o apelo econômico do plano frente as
demais linhas de financiamento.
57
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
• Uma maior apropriação do tema pelo governo federal poderia melhorar aspec-
tos de governança no sentido de valorizar o desenvolvimento de uma agropecuária
ABC. A redução do valor disponibilizado para crédito ao longo dos anos e a falta
de monitoramento dos impactos são fortes indicativos de falta de interesse do go-
verno federal com relação aos temas climáticos. O maior interesse do governo por
esse tipo de agropecuária facilitaria o engajamento do sistema produtivo junto aos
bancos e a estruturação de mercados orientados a produtos e produtores ABC.
58
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Em 2016 a equipe do SEEG fez o exercício de avaliar se as ações propostas na NDC – re-
cuperação de 15 milhões de ha de pastagens degradadas e expansão de 5 milhões de
ha de sistemas de produção integrados – poderiam levar as emissões aos patamares
sugeridos em 2030 para o setor.
Assim, os resultados dessa proposta sugerem que a NDC brasileira pode ser mais ambi-
ciosa para o setor agropecuário. Com planejamento do uso do solo que vise à utilização
das áreas de pastagem degradadas para expansão agrícola e intensificação sustentável
da pecuária, pode-se atender à demanda por produtos agropecuários e, ao mesmo
tempo, reduzir aproximadamente 50% das emissões do setor em 2030 em relação a
2005, sem a necessidade de novos desmatamentos.
59
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
§Projeções para 2030 baseadas pela correlação entre os dados de produção e área agrícola publicadas
no SIDRA-IBGE com as projeções de produção agropecuária 2015/25 feitas pelo MAPA (2015) aplicadas
a década de 2020/30;
* Fatores de emissão de GEE deduzidos das emissões publicadas no 3o Inventário Nacional (MCTI, 2016a)
dividindo-se o dado de atividade pela emissão de GEE total correspondente e, ainda, convertidos para
GWP-AR5 (IPCC, 2014);
** Fatores de sequestro de carbono no solo de pastagens bem manejadas, sistemas integrados de pro-
dução, solos de florestas plantadas, sistemas de plantio convencional (baseados na aração e grada-
gem do solo) e sistema plantio direto foram baseados em Bustamante et al.(2006), Carvalho et al.
(2010), Lima et al. (2006), Costa Junior et al. (2013) e Bayer et al. (2006), respectivamente.§§Estimativas
feitas com consultas a especialistas.
60
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
61
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
Entretanto, desde 2017 a precificação vem sendo estudada no país, para que
possa ser implementada entre 2020 e 2025. Até lá muitas oportunidades de
vendas de créditos serão desperdiçadas pela falta de modelo de mercado. O
Banco Mundial, juntamente com o governo federal, em um projeto denomi-
nado PMR Brasil (Parternship for Market Readiness), tem como intuito por
meio de discussões implementar a Política Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC) no pós-2020, e encontrar mecanismo para esta precificação sobre a
economia, a sociedade e o meio ambiente, ainda em 2017.
62
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
2. TRAJETÓRIA, METAS E
COMPROMISSOS DE REDUÇÃO
DE EMISSÕES
63
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO
AGRÍCOLA NO BRASIL E SEU IMPACTO
NO AQUECIMENTO GLOBAL
Apesar de o Programa ABC ser uma importante linha de crédito para a promoção de
uma agricultura de baixo carbono, não podemos esquecer que o mesmo teve queda
de investimento em 30% em 2017/2018 em relação à safra anterior e tem representado
1,1% dos recursos investidos na agricultura (Observatório do Plano ABC, 2017c).
O Plano Safra (Plano Agrícola e Pecuário) é desenvolvido pelo MAPA e é composto por
políticas de apoio financeiro e técnico ao setor agropecuário brasileiro. É um instru-
mento que assegura recursos para o custeio da produção, comercialização e investi-
mento agropecuário. Todos os anos, por volta dos meses de abril/junho é lançado o
Plano do ano agrícola seguinte.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
Custeio
Pronamp 18,0 1,5 2 Não tem 7,5
Estocagem de álcool 2,0 Não tem 270 dias Não tem TJLP + 3,7
Outros 130,25
Investimento
Moderfrota 9,2 90% 7 Não tem 7,5 e 10,5
ABC 2,13 2,2 12 8 7,5
Moderagro 0,64 0,880 10 3 7,5
Moderinfra 0,6 2,2 10 3 7,5
PCA 1,6 Livre 15 3 6,5
Inovagro 1,26 1,1 10 3 6,5
Pronamp 3,71 0,430 8 3 7,5
Prodecoop 1,0 150 10 3 8,5
Prodecoop Aquis.Ativos 0,7 150 10 3 TJLP+3,7%
Procap-Agro 2,2 65 2 6 meses TJLP+3,7%
Fundos Constitucionais 5,884 Não tem 12 3 Taxas por porte
Bancos Coop. 0,6 0,43 12 3 8,5
(Bancoob e Sicred)
Prorenova Rural 1,5 Não tem 6 18 meses TJLP+3,7%
BNDES - Agro 2,0 Não tem Não tem Não tem TJLP+3,7%
Outros juros livres 5,125 Não tem Não tem Não tem Não tem
Demais recursos* 11,85
Total 200,25
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
Assim como outras linhas de crédito contempladas no Plano Safra, é evidente que as
ações do Pronaf poderiam ser somadas aos esforços de redução das emissões de GEE
ou de sequestro de carbono. Contudo, não há menção nesses planos de assessora-
mento da agricultura familiar à implementação de tais práticas, principalmente no que
se refere à utilização de fertilizantes nitrogenados, recuperação de pastagens e manejo
conservacionista do solo.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
O MAPA lançou em fevereiro de 2014 o Plano Mais Pecuária com o objetivo de aumen-
tar de forma sustentável a produtividade e a competitividade da pecuária bovina de
leite e de corte (MAPA, 2014). O plano está sendo executado por meio de dois progra-
mas: o Mais Leite e o Mais Carne, sendo que cada programa está organizado em quatro
eixos: melhoramento genético, ampliação de mercados, incorporação de tecnologias e
segurança e qualidade dos produtos. A proposta tem prazo de até dez anos, portanto,
suas metas deverão ser atingidas até 2024. A principal delas é aumentar a produção
brasileira de leite em 40% nos próximos dez anos e a produção e a produtividade de
carne em 40% e 100% respectivamente. De acordo com a proposta, a taxa de lotação
passaria dos atuais 1,3 animais por hectare para 2,6 animais por hectare sem a neces-
sidade de expansão da fronteira agrícola. intensificação poderá liberar 46,2 milhões de
hectares para outras atividades, segundo o MAPA.
Outra política que pode estimular práticas de mitigação das emissões de GEE pelo se-
tor agropecuário são os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Os PSA são meca-
nismos voluntários que atribuem valor e remuneram quem gera benefícios ambientais
adicionais. Esses benefícios podem estar relacionados, por exemplo, a sistemas que,
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
As políticas de PSA desenvolvidas por esses Estados tem focado, de maneira geral, na
conservação e recuperação da cobertura florestal e dos recursos hídricos, principal-
mente em Áreas de Preservação Permanente (APPs). Essa preferência é explicada pelo
fato de a recomposição da APP ser exigência legal ao mesmo tempo em que promo-
ve inúmeros benefícios para a sociedade, dentre os quais destacam-se: a preservação
dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica e da biodiversidade, a
reconstituição de habitat para a vida selvagem, a facilitação do fluxo gênico de fauna e
flora, a proteção do solo e o sequestro de carbono.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
ciais e a implantação de PSAs em todo o país. Até 2015, 38 projetos foram aprova-
dos pelo programa e veem sendo executados desde então, abrangendo uma área de
400 mil hectares, dos quais mais de 45 mil hectares já foram recuperados. Estima-se
que 1,2 mil produtores são remunerados financeiramente pela geração de serviços
ambientais pelo Programa Produtor de Águas, impactando positivamente a vida de 35
milhões de pessoas (ANA, 2015).
O novo Código Florestal, publicado em maio de 2012 (Lei Federal 12.651), trata
explicitamente de incentivos para o balanço de carbono na agropecuária. O
Artigo 41 define que o Poder Executivo Federal deveria instituir um “programa
de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção
de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e
florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção
do desenvolvimento ecologicamente sustentável [...]”. O Inciso I desse Artigo
especifica o “pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição,
monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas
e que gerem serviços ambientais”; incluindo o “sequestro, a conservação, a
manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono”;
entre outros serviços ambientais possíveis de reconhecimento pela Lei.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
Somente após a implementação dos PRAs é que o Código Florestal irá de fato
promover o sequestro de carbono por ações de restauração florestal, apre-
sentando consequências diretas para o balanço de emissões de uso da terra
e da agropecuária. Adicionalmente, a proteção da vegetação nativa existente
em áreas legalmente protegidas pelo Código Florestal (APPs, Reservas Legais,
Unidades de Conservação, Terras Indígenas etc.) também possui consequên-
cias importantes para a redução das emissões nacionais. Portanto, o cumpri-
mento do Código Florestal pode ser considerado uma ação fundamental para
o atendimento das metas brasileiras de redução das emissões de GEE, sendo
que o desenvolvimento e a regulamentação de incentivos econômicos consti-
tuem-se em peças-chave nesse processo.
Contudo, pouco enfoque ainda tem sido dado à redução das emissões na produção
agropecuária especificamente. Assim, devido ao enorme potencial de redução de GEE
pela agropecuária brasileira (Tabela 2), o PSA pode ser um importante mecanismo de
estímulo à adoção de práticas que reduzam as emissões desse setor, conjuntamente
a conservação do solo, da água e de áreas de vegetação nativa. Para isso, é evidente
que projetos de PSA ligados à produção agropecuária deveriam ter maior inserção nas
pautas de gestão estaduais e ser conectados aos programas federais de financiamento
agropecuário, como o ABC.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
Entretanto, caso toda a área abrangida por esse programa fosse recuperada
(400.000 ha), o sequestro de carbono seria de aproximadamente 30 milhões
de toneladas de CO2e até 2020, ou seja, aproximadamente 3% da atual meta
brasileira de redução das emissões de GEE pela PNMC ( cerca de 1,2 bilhão
de toneladas de CO2e até 2020). Dessa forma, fica evidente que esse projeto
tem gerado uma significativa situação de ganha-ganha entre sociedade e meio
ambiente, produzindo água e removendo carbono da atmosfera e, portanto,
deve não somente ser apoiado, mas replicado e expandido nacionalmente.
O PDA é o plano que define as estratégias para evitar e combater pragas e doenças nas
lavouras e nos rebanhos brasileiros e tem por objetivo promover o desenvolvimento
sustentável do agronegócio, no sentido de garantir a preservação da vida e da saúde
da população, além de promover a segurança alimentar e o acesso a novos mercados.
De acordo com o MAPA, o PDA fortalecerá ações conjuntas em nível federal, estadual e
municipal, focando na atualização de normas sanitárias, adaptação de procedimentos
e capacitação de técnicos para tomarem decisões na área sanitária.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
3. O FINANCIAMENTO AGRÍCOLA
NO BRASIL E SEU IMPACTO NO
AQUECIMENTO GLOBAL
2. Marco regulatório: atualizar a legislação vigente e padronizar diretrizes que atual-
mente estão contrapostas nas diversas esferas federativas. Criar condições neces-
sárias para a instituição de um Código de Defesa Agropecuário.
3. Suporte estratégico: com apoio das universidades, desenvolver uma técnica de
análise de risco para pragas e doenças. Assim, reduzir em 30% os custos da defesa
agropecuária.
O PDA sem dúvida apresentará grande capilaridade nacional, uma vez que estrutura os
eixos federal, estadual e municipal. Contudo, nenhum enfoque tem sido dado à mitiga-
ção das emissões de GEE na produção agropecuária, principalmente no que se refere
à produção pecuária.
Esta estrutura que está sendo desenvolvida no PDA para ampliar as práticas sanitárias
e treinar os técnicos extensionistas poderia ser aproveitada para disseminar práticas
agropecuárias de baixas emissões e alto sequestro de carbono e assim ajudar nos es-
forços para o cumprimento das metas climáticas e no combate ao aquecimento global.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
4. RECOMENDAÇÕES
Sem monitoramento do recurso investido, pouco se pode fazer para fortalecer e pro-
mover a agropecuária, produtores e produtos ABC, abrir novos mercados e reportar e
tirar proveito de compromissos globais.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
Tabela 8. Resumo e dos principais planos e políticas para a agropecuária nacional, suas
relações e recomendações frente a iniciativas ligadas as mudanças climáticas.
4. RECOMENDAÇÕES
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5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Pela análise dos resultados do SEEG é possível verificar que o Brasil é atualmente um
dos principais emissores de GEE do mundo, ocupando a terceira posição quando se
trata das emissões pelo setor da agropecuária.
Entre 2008 e 2010 o governo brasileiro estabeleceu políticas nacionais relevantes para
tratar a questão climática nacional, como o Plano Clima e a Política Nacional de Mudan-
ças Climáticas. Essas ações políticas culminaram na elaboração de metas de redução a
serem cumpridas até 2020 e de planos setoriais como meios para atingir esse objetivo.
No caso da agropecuária foi elaborado o Plano ABC, que conta com práticas de mane-
jo que vão desde a recuperação de pastagem, passando pelo uso de inoculantes em
culturas agrícolas para fixar nitrogênio no solo, integração lavoura, pecuária e floresta,
florestas plantadas e a adoção de sistema de plantio direto para cultivo do solo e de
tecnologias para tratamento de dejetos animais.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O Plano ABC é apoiado pelo Programa ABC como meio de financiamento de suas prá-
ticas. Contudo, cerca de 1,1% do orçamento do Plano Safra 2017/2018 foi destinado ao
Programa ABC, dificultando o cumprimento das metas brasileiras de redução de emis-
sões. O programa também sofre com baixo conhecimento dos agentes bancários, alta
burocracia para obtenção do crédito e juros pouco atrativos. Estes fatores têm com-
prometido a aderência desse plano entre os produtores e sua adoção em larga escala.
Além disso, com o Acordo de Paris, o Brasil indicou que reduzirá suas emissões em 43%
em 2030, pelo fortalecimento do Plano ABC, dobrando a área de pastagens degradadas
a recuperar e expandindo as áreas de integração lavoura-pecuária-floresta.
Contudo, poucos esforços têm sido feitos para monitorar o efeito dos recursos inves-
tidos na redução das emissões nacionais de GEE, com lançamento do laboratório de
monitoramento apenas em abril de 2016, seis anos após o lançamento do plano.
77
EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
6. LIMITAÇÕES E FUTURAS
MELHORIAS PARA AS
ESTIMATIVAS DO SEEG
O cálculo das emissões pela agropecuária, desenvolvido pelo SEEG, tem como base o
3º Inventário Nacional de Emissões e Remoções de GEE, o qual, por sua vez, é baseado
na metodologia do IPCC (IPCC, 1996;2000;2006). Para efetuar esse cálculo, necessita-se
basicamente de dois tipos de informação: dados de atividade (ex. área produzida e
número de cabeças de animais) e fatores de emissão (quantidade de GEE emitida pela
atividade agropecuária). Entretanto, como o SEEG utiliza apenas dados públicos para
efetuar sua estimativa, a ausência de algumas informações detalhadas no Inventário
Brasileiro e de alguns dados de atividade, certas estimativas foram relativamente difí-
ceis de serem replicadas. São elas:
• Emissões por solos sob cultivo orgânico ainda não levam em conta a área efetiva-
mente cultivada desses solos, assumindo-se um percentual fixo, não importando a
Unidade da Federação ou região onde esses solos estão localizados. Esses aspectos
podem estar levando superestimativas das emissões desse subsetor.
• Pesquisas deverão ser ampliadas para elaborar metodologias mais robustas para
que as práticas de baixo carbono possam ser consideradas na estimativa, como é o
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
6. LIMITAÇÕES E FUTURAS
MELHORIAS PARA AS
ESTIMATIVAS DO SEEG
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
7. REFERÊNCIAS
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www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/itaipunamidia/itaipu-transformara-poluicao-em-
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
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Costa, Jr., C., Corbeels, M., Bernoux, M., Piccolo, M.C., Neto, M.S., Feigl, B.J., Cerri, C.E.P.,
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
7. REFERÊNCIAS
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Physical Science Basis. Contribution of Work- ing Group I to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) [Solomon, S., D.
Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K. B. Averyt, M. Tignor and H. L. Miller (eds.)].
Cambridge University Press, 996 pp.
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EMISSÕES DO SETOR
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7. REFERÊNCIAS
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Lima, A.M.N., Silva, I.R., Neves, J.C.L., Novais, R.F.,Barros, N.F., Mendonça, E.S., Smyth,
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Management, 235, 219-231, 2006.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
7. REFERÊNCIAS
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sirene.mcti.gov.br/. Acesso em: março de 2018.
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
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Observatório do Plano ABC, 2015. Análise dos Recursos do Programa ABC - Visão
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
7. REFERÊNCIAS
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
7. REFERÊNCIAS
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
8. ANEXOS
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
8. ANEXOS
§ Projeções para 2030 baseadas pela correlação entre os dados de produção e área agrícola publicadas
no SIDRA-IBGE com as projeções de produção agropecuária 2015/25 feitas pelo MAPA (2015) aplicadas
a década de 2020/30;
*Fatores de emissão de GEE deduzidos das emissões publicadas no 3o Inventário Nacional (MCTI, 2016b)
dividindo-se o dado de atividade pela emissão de GEE total correspondente e, ainda, convertidos para
GWP-AR5 (IPCC, 2014);
**Fatores de sequestro de carbono no solo de pastagens bem manejadas e sistemas integrados de pro-
dução baseados em Bustamante et al.(2006) e Carvalho et al. (2010), respectivamente. Considerou-se
que a recuperação de 15 mi ha de pastagens e a adoção de 5 mi ha de sistemas integrados ILPF são
linearmente adotados de 2017 a 2030 (ver anexo).
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EMISSÕES DO SETOR
DE AGROPECUÁRIA
8. ANEXOS
§ Projeções para 2030 baseadas pela correlação entre os dados de produção e área agrícola publicadas
no SIDRA-IBGE com as projeções de produção agropecuária 2015/25 feitas pelo MAPA (2015) aplicadas
a década de 2020/30 e consulta a especialistas;
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8. ANEXOS
*Fatores de emissão de GEE deduzidos das emissões publicadas no 3o Inventário Nacional (MCTI, 2016b)
dividindo-se o dado de atividade pela emissão de GEE total correspondente e, ainda, convertidos para
GWP-AR5 (IPCC, 2014);
** Fatores de sequestro de carbono no solo de pastagens bem manejadas, sistemas integrados de pro-
dução (ILPF), solos de florestas plantadas, sistemas de plantio convencional (baseados na aração e
gradagem do solo) e sistema plantio direto foram baseados em Bustamante et al.(2006), Carvalho et
al. (2010), Lima et al. (2006), Costa Junior et al. (2013) e Bayer et al. (2006), respectivamente.
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