Você está na página 1de 4

APLICAÇÃO DA LEI PENAL | CPB, art. 1 ao art. 12.

Via de regra a lei rege os fatos ocorridos durante a sua vigência. Não alcançando os
fatos anteriores e posteriores a sua vigência. Na CF/88 são os princípios da
irretroatividade ou da retroatividade benéfica.
Ultratividade da lei penal: a lei mais benéfica continua sendo aplicada para os casos já
transitados, mesmo sendo revogada. Até mesmo se houver conflito quanto ao tempo, a
lei mais benéfica será a aplicada.
Quando surge uma nova lei, é esta que tipificará o fato anteriormente que não era
crime. No entanto, apenas serão crimes ou contravenções os fatos a partir do momento
da vigência da lei.
A abolição do crime ocorre com a extinção da lei. Pois a lei nova não considera mais
crime, atos que anteriormente era crime. Ocorre a extinção do delito. E esta lei nova
aplicar-se-á a todos os casos, alcançando, inclusive, os já julgados com sentença
condenatória definitiva.
Leis temporárias e excepcionais, ambas possuem auto-revogarão perdendo sua eficácia.
No entanto, são aplicadas aos fatos ocorridos durante a sua vigência.
Quando a nova lei é mais severa que a anterior, a mais severa (nova) será aplicada.
São 3 as teorias do tempo do crime, porém o CPB adota a teoria da atividade que
leva em consideração como crime o momento da conduta. As outras duas teorias: teoria
do resultado (leva-se em conta o momento em que se deu o resultado) e a teoria
mista (leva-se em consideração tanto o momento da conduta como o momento do
resultado).
Se sobrevier lei nova mais severa, esta será aplicada nos casos de crimes permanentes
(que se prolongam no tempo com a vontade do agente).
A lei penal é uma lei nacional que será aplicada em todo o território nacional
brasileiro (princípio da soberania).
O que é considerado território brasileiro? Resposta: solo e subsolo, águas interiores, mar
territorial(leito e subsolo com a largura de 12 milhas marítimas), espaço aéreo (a altura
paralela de todo espaço do território físico descrito anteriormente).
Os territórios por extensão: embarcações ou aeronaves. Públicas ou a serviço do
governo brasileiro, onde quer que se encontre. De propriedade privada ou mercante,
leva-se em consideração a bandeira do seu interior.
Lugar do crime, também precisa-se definir, assim como o tempo do crime. São 3 teorias,
porém, o CPB adotou a teoria da ubiqüidade ou mista (leva-se em consideração
tanto o local da prática como a do resultado). As outras duas são a teoria da
atividade (local onde se deu a conduta do crime) e a teoria do resultado (onde ocorreu a
consumação, o resultado).
Ficou confuso? Vamos lá… sempre vejo uma questãozinha desta nas provas. De acordo
com o Código Penal Brasileiro são adotadas as seguintes formas:
• TEMPO DO CRIME: TEORIA DA ATIVIDADE (momento da conduta);
• LUGAR DO CRIME: TEORIA MISTA OU UBIQUIDADE (tanto o local da prática
quando o do resultado)
• PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE: não existe crime sem lei anterior que o defina.
• PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA: nova lei mais branda retroage para
beneficiar o réu.
• ULTRATIVIDADE PENAL: mesmo revogada, a lei mais antiga sendo mais benéfica
será plicada ao casos ocorridos na sua vigência.
• CRIME PROLONGADO ou CONTINUADO: surgiu uma nova lei durante o
acontecimento do crime, será aplicada a lei mais nova, severa.
Continuando o assunto sobre a aplicação da lei penal:
Extraterritorialidade: crimes praticados fora dos limites do território brasileiro. Ler o CP,
art.7.
Art. 7º – “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a
fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de
genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II – os crimes: a) que,
por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c)
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.”
Extraterritorialidade incondicionada: o agente é punido, mesmo que absolvido ou
condenado o estrangeiro-se lá foi julgado, será punido segundo a lei brasileira. Ainda o
art.7 º “§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.”
Extraterritorialidade condicionada: tem de haver o cumprimento dos requisitos,
conforme descrito no CP, art. 7 º (é necessário ocorrer todas as condições previstas para
que a lei penal brasileira possa ser aplicada)“§ 2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da
lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no
território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o
crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter
sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o
agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
§ 3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a)
não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
INFRAÇÕES PENAIS
CRIME E CONTRAVENÇÕES
Definição de Hans Welzel: “é toda ação típica e antijurídica”. Típica: conduta humana
prevista como infração penal. Antijurídica: também deve ser contrária ao ordenamento
vigente.
Direito Penal Brasileiro: Dicotômico – diferença entre crime e delito.
Crime (delito): detenção ou reclusão mais intensa em tipo e qualidade.
Contravenções: prisão simples (considerado pela doutrina como crimes-anões).
Lei 10259/01 – “menor potencial ofensivo”.
Lei 8069/90 – Estatuto da criança e adolescente, “ato infracional”.
ECA – art 103: “considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal”.
Lei 9099/95 – “consideram-se infrações penais de menos potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes que a lei comine pena máxima
não superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento
especial”.
Relação jurídica criminosa: todo crime possui dois pólos, ativo e passivo; estes são os
sujeito da Infração Penal.
Sujeito ativo: CPB – Art 29. “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.” Logo deduzimos que o
sujeito ativo é aquele que realiza a ação ou omissão tipificada no código. Autores,
coautores e partícipes são considerados sujeitos ativos do crime.
CF/88 – art. 173 (parágrafo quinto) e art. 225 (parágrafo terceiro) trata da possibilidade
de haver responsabilidade criminal à pessoa jurídica pela prática delituosa.
Incapacidade penal: mortos, animais e entes inanimados que poderão, somente, ser
objeto ou instrumento do crime.
Crimes próprios: condição especial, como exemplo o Peculato que exige a condição de
ser funcionário público, ao sujeito ativo.
Sujeito passivo: o que é lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. Poderá haver mais
de um sujeito passivo pela mesma conduta criminosa.
Duas espécies de Sujeito Passivo: formal (ou constante) – Estado. Material (ou eventual)
– o titular do direito.
Crimes vagos: crimes que atingem direitos de uma coletividade indeterminada (sem um
sujeito passivo certo).
Fato Típico: para um fato ser considerado crime é necessário estar descrito,
previamente, como tal em uma norma incriminadora de forma exata.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO (ADEQUAÇÃO): CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO),
RESULTADO, RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E TIPICIDADE.
Conduta: ação ou omissão. É a manifestação da vontade humana dirigida a um fim
determinado com valor relevante. A caracterização da conduta pelo Direito Penal
Brasileiro é a da ação finalista.
Resultado: modificação do mundo exterior pela conduta do ser humano. CPB – arts. 159
e 330.
Relação de causalidade: nexo causal entre a conduta e o resultado. CPB – art. 13.
Causa superveniente: segunda causa que determine o resultado. Totalmente
independente (responde pelos fatos ocorridos até a causa superveniente) e
relativamente independente (responde pelos fatos praticados até o momento
naturalístico). No entanto, se a causa superveniente estiver no mesmo nexo causal
(desdobramento físico), o primeiro agente responderá pelo resultado.
Tipicidade: perfeita adequação do acontecimento a descrição contida da norma jurídica.
CRIME DOLOSO
O Direito Penal Brasileiro considera a teoria da vontade. O autor tem a vontade de
cometer o crime e o faz com consciência e vontade. CPB, art. 18.
Elementos do dolo: A consciência (simples conhecimento do fato típico) e a vontade.
Espécies do dolo: o dolo direto (agente tem a vontade de produzir o resultado) e o dolo
eventual (o agente assumi a POSSIBILIDADE do resultado. Ex.: roleta russa).
CRIME CULPOSO
uma conduta que produz um resultado não “intencional”. E pune-se o seu autor
conforme a norma.
Elementos do Crime culposo: conduta, dever de cuidado, resultado, previsibilidade e
tipicidade.
Modalidades de culpa: imprudência (age sem cautela), negligência (deixa de agir) e
imperícia (falta de conhecimento técnico).
Espécie de culpa: inconsciente (não há previsibilidade do resultado) e consciente
(previsão do resultado lesivo).
CONCURSO DE PESSOAS
Com a participação de pessoas na prática de um crime (fato típico): autoria, coautoria e
participação.
Autoria: quem realiza a ação diretamente, auxilia na execução e quem “manda”
cometer o crime. Autoria direta (sua força) ou indireta (outrem).
Coautoria: os envolvidos no resultado do fato típico.
Participação: quem colaborou secundariamente. Instigação e cumplicidade.
A coautoria em crime culposo se distingue do crime doloso, pois aquele causa o
resultado involuntariamente, sem a vontade do agente. Já este tem a vontade.
Todos os autores, coautores e participantes incidem nas penas cominadas ao crime
executado, exceto quando a participação for “menos grave”.
Circunstâncias incomunicáveis: CPB – Art. 30. “Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.

Você também pode gostar