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Resumo:
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Introdução
O ensino de filosofia
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A discussão sobre o ensino de filosofia tem alternado entre momentos de
maior ou menor efervescência nessas últimas quatro décadas. No início dos
anos dois mil, por exemplo, com a expansão dos cursos de pós-graduação no
país, os cursos de filosofia de nível superior, mesmo as licenciaturas, foram
pensados e organizados, em grande medida, para atender a nova demanda das
pós-graduações, relegando o aspecto didático-pedagógico da formação do
professor a um ano de curso em que se cumpria alguns créditos nos cursos de
pedagogia e realizava-se o estágio de forma nem sempre satisfatória e muitas
vezes sem o devido acompanhamento. Esta estrutura, expressada pelo desenho
3 + 1, muitas vezes tinha o propósito de oferecer uma via profissional alternativa
por meio da licenciatura para aqueles que eventualmente não ingressassem nos
cursos stricto sensu.
Nesse contexto, a discussão sobre o ensino de filosofia não era vista
como temática que merecesse a atenção dos ‘filósofos puros’, aqueles que na
formação inicial buscavam se especializar em algum autor, problema ou escola
filosófica. O ensino de filosofia era tido como temática de pesquisa para aqueles
que, na área da pesquisa em educação, tinham algum apreço e interesse pela
filosofia enquanto fundamentação de certas teorias e práticas educativas.
Essa postura, ainda que presente na estruturação de alguns cursos e na
mentalidade de alguns professores de filosofia das Instituições de Ensino
Superior (IES), foi confrontada, em boa medida, pela necessidade imposta pela
obrigatoriedade do ensino de filosofia no ensino médio no ano de 2008. Em tal
contexto, o ensino de filosofia recebeu maior atenção pois precisava, de alguma
forma, justificar-se enquanto componente curricular obrigatório. Como
consequência, duas posturas que procuraram justificar a obrigatoriedade da
filosofia merecem destaque: a postura que via na filosofia um conhecimento
inacessível para a grande massa que frequenta a escola pública; e a postura que
via na filosofia a tábua de salvação da educação, pois por meio dela se poderia
fomentar a criticidade dos alunos e promover a consciência cidadã.
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A primeira postura enaltece a filosofia de forma enviesada, pois ao mesmo
tempo em que a coloca como um saber de elevado valor porque é a origem das
ciências e porque aborda as questões humanas de forma crítica e profunda,
entende-a como um saber reservado a poucos, pois a grande massa não teria
condições intelectuais de compreendê-la, restando, portanto, de pouco ou quase
nenhum proveito na escola pública de ensino médio. Assim, aqueles que
defendem tal postura, mantiveram-se, em grande medida, nas suas atividades
de ensino na pós-graduação pouco contribuindo para o avanço da discussão do
ensino de filosofia no ensino médio.
A segunda postura, enaltecendo em demasia a importância da filosofia,
acaba por torná-la unicamente responsável por conduzir o processo de
emancipação do estudante por meio da consciência cidadã, ignorando a
complexidade dos saberes e das práticas presentes na escola e a realidade
social que impõe uma realidade na qual os saberes e as práticas devem ser
abordados de modo interdisciplinar.
A especificidade da filosofia
A interdisciplinaridade da filosofia
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ou seja, no trabalho de ensino que faz com que duas ou mais disciplinas
interajam entre si.
O epistemólogo Hilton Japiassu desde a década de 1970 aponta em seus
estudos para a necessidade de se avançar na interdisciplinaridade em
detrimento da especialização. Para Japiassu (1976) a proliferação dos experts,
ou seja, dos especialistas, é um dos principais sintomas da patologia do saber:
situação em que o conhecimento científico produzido apresenta-se fragmentado,
com linguagem hermética e, não raro, distante da realidade do cidadão comum.
Assim, Japiassu entende que se faz necessária uma nova epistemologia:
[...] que não seria mais somente uma reflexão sobre cada ciência
em particular, separada do resto, e comprazendo-se com uma
deleitação morosa sobre seu próprio discurso. Invertendo a
marcha do pensamento, os sábios de nossa época devem
renunciar a se confinarem em sua especialidade, para
procurarem, em comum, a restauração das significações
humanas do conhecimento. Esquecemo-nos demais de que o
saber representa uma das formas da presença do homem em
seu mundo, um aspecto privilegiado da habitação do homem no
universo. (JAPIASSU, 1976, p. 15-16).
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implica, necessariamente, retomar a interdisciplinaridade como uma nova
epistemologia. Hilton Japiassu assim define a interdisciplinaridade:
Considerações Finais
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Referências
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