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6.

Discussão

Com relação a forma de evocação de expressões faciais em pessoas videntes e


não-videntes, foi possível confirmar o que outros estudos pesquisaram como Ferreira
(2012), ou seja, que a forma de expressão facial das emoções possui características inatas,
independente da cultura e aprendizado, pois uma pessoa que nunca viu na vida, não
poderia aprender a expressão facial de emoções, se essas não fossem inatas (FERREIRA,
2017).
Abordando sobre as bases filogenéticas das expressões faciais, foi possível
verificar dentre os estudos o fator inato dos seres humanos na identificação das emoções,
mostrando que uma pessoa com instruções sobre expressões faciais apresenta correlações
pouco superiores aos que não tem esse estudo prévio (EKMAN, 2003).
No estudo de Miguel et al. (2016) sobre a percepção de emoções em surdos, foi
possível reforçar a ideia de que surdos apresentam certa facilidade em reconhecer
expressões faciais. Essa facilidade poderia resultar da sua forma de comunicação
alternativa como o LIBRAS, que para passar ou reter as informações necessárias, o
usuário entrar em contato com mais expressões faciais do que uma pessoa sem a perda
auditiva. Entretanto, foi verificado que os surdos apresentam também uma maior
dificuldade na percepção de emoções verídicas e falseadas, o que pode ser ocasionado
novamente pela sua forma de comunicação que necessita de imitar as emoções para se
comunicar (MIGUEL et al., 2016).
Sobre o uso de instrumentos de autorrelato na avaliação da percepção de emoções,
foi verificado que tais instrumentos não apresentaram escores significativos, sugerindo-
se novos itens e fatores nos testes de autorrelato. Além do mais, propõe-se efetuar
juntamente os testes de autorrelato os testes de desempenho para avaliar mais amplamente
possíveis prejuízos na percepção das emoções (ZUANAZZI; RICCI; MIGUEL, 2015).
Referente a integração de diversos modelos de conceituação de emoção, foi
possível observar a necessidade de investigação mais especifica da teoria, por meio de
pesquisas que apresentassem estímulos afetivos e comprovassem a relação entre
interpretação individual, expressão facial emitida e sentimentos sentidos. Além disto,
integrações entre teorias e novas informações a respeito da temática são de grande valor
para profissionais de saúde, pois podem auxiliar em novas propostas de intervenção com
uma maior objetividade e efetividade, a partir de que se teve novos conhecimentos de
como o indivíduo se interage no mundo (MIGUEL, 2015).
Sobre o estudo de reconhecimento sobre alta restrição temporal, foi possível
verificar que as cenas desagradáveis apresentaram uma maior latência no julgamento das
respostas. Esses dados trazem a importância de investigar possíveis lesões na amigdala
por meio de teste de expressões faciais, pelo fato de ser umas das principais regiões
celebrais responsável pela percepção e produção de afeto negativo. Lesões nessa área
podem trazer uma deficiência sobre o reconhecimento de expressões faciais como medo
(JÚNIOR et al., 2014).
Além disso o estudo apresentou que as faces agradáveis apresentam uma
correlação maior em sua verificação do que as de faces neutras, trazendo resultados
semelhantes a de outros estudos como os de Ekman (2011) e assim auxiliando na
compreensão da relação entre emoção e processo cerebral (JÚNIOR et al., 2014).
Abordando a diferença dos gêneros na percepção de emoções, foi possível
constatar novamente o que outras pesquisas apresentaram, sobre a eficácia maior do sexo
feminino na percepção de expressões faciais da emoção. Essa diferença segundo
estudiosos como Ribas Junior et al. (2013), pode ser devido o processo de socialização
diferenciado que as mulheres são expostas, como uma maior disposição a relações
interpessoais, os sentimentos, aos feedbacks dos outros, atitudes e valores do que os
homens (RIBAS JUNIOR et al., 2013).
Outro ponto de vista que colaboram com os achados, são as teorias evolucionistas,
que explicam que devido a vulnerabilidade física que as mulheres foram expostas no
decorrer dos tempos, foi desenvolvida uma necessidade de ser tomar decisões rápidas
para sua sobrevivência, uns desse meios foi a rapidez em avaliar expressões de ameaça
ou perigo. Além disso, a capacidade em selecionar futuros parceiros, pode ter evoluído a
capacidade em reconhecer expressões emocionais em indivíduos, como também o fato do
papel feminino como cuidadora dos filhos exigir maior sensibilidade e necessidade em
identificar emoções. Estudos dessa temática podem auxiliar no entendimento de
patologias relacionadas à distorção de humor e depressão, que tem sua estática distinta
entre o sexo (DARWIN, 2009).
Referente a utilização de teste sobre reconhecimento de expressões faciais, foi
abordado sua a eficácia na utilização em culturas distintas, e foi inserido novamente nos
resultados a universalidade das expressões faciais, colaborando com as hipóteses iniciais
de Ekman (2011). Entre tanto, distinções entre a intensidade da expressão, foram
verificadas, assim sinalizando a importância de novas pesquisas sobre a expressão facial
e a diferença entre sua intensidade diante as culturas.
FERREIA, Barbara Carvalho. Programa de Expressividade Facial de Emoções e
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