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Grupo I
Compreensão do oral
Para responderes aos itens que se seguem, vais assistir a um documento vídeo onde as
crianças são convidadas a ter um papel ativo. (https://www.youtube.com/watch?v=YbZppsw5pjw)
1. Para cada item (1.1. a 1.3.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação adequada
ao sentido do texto.
Grupo II
Leitura
Texto A
Lê o texto.
Gisela João: O fado é música de intervenção romântica
O fado é música de intervenção romântica. Quem o diz é Gisela João, que gosta de se ver como
uma espécie de “doutora do coração”. Porque quando canta intervém nos assuntos do
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coração, do nosso coração, que todos somos capazes de sentir e que todos sentimos de
maneira diferente. Como ela que, garante, nunca canta um fado da mesma maneira. O que
levou a menina de Barcelos a apaixonar-se pelo fado foi a forma como este “dá toda a força à
palavra” e como textos simples conseguem dizer tanta coisa. A conversa decorreu numa
amena tarde de inverno, no Lux, em Lisboa, onde Gisela João falou que se desunhou.
O que sobra hoje da menina de Barcelos que gostava de cantar sozinha no duche?
Independentemente de sermos cantores ou não, vamos sempre tornando-nos pessoas
diferentes, vamos crescendo e amadurecendo. Continuo a mesma pessoa, mas com uma
tensão maior nas costas, de responsabilidade. Por causa da expectativa que as pessoas têm
quando ouvem o meu nome.
E do facto de teres perdido anonimato?
Sim. Aflige-me muito quando vejo aqueles programas, estilo “Ídolos”, e oiço os miúdos
dizerem que querem ser famosos. Não querem ser cantores, querem ser famosos. Isso é
muito vago. E é vazio porque o ser conhecido é vazio. Mas sim, esse lado da privacidade é o
que se perde. Mas a pessoa em si, falando de mim, é que tem de controlar essa parte da
privacidade, perceber o que é que dá, até que ponto.
Vendo a história de tantos cantores, parece contar muito mais a perseverança e o trabalho
do que o talento. Mas, quando olho para ti, tenho a sensação de que não tiveste de
contrariar nada e que as coisas aconteceram naturalmente.
Eu tive de batalhar muito, filhote [responde quase zangada]. Muito. Eu venho de Barcelos.
Canto desde pequenina. E cantando fado, eu não era da cidade do fado. Quando cheguei a
Lisboa, não sabia como eram as dinâmicas das casas de fado, como era o meio, há toda uma
linguagem que eu desconhecia. Quando cheguei, fui cantar para o Sr. Vinho e quando gravei o
disco, aí sim, é que as coisas aconteceram naturalmente. As pessoas gostaram, e ainda bem...
Porquê o fado? As meninas e adolescentes de Barcelos não andavam com certeza a cantar,
nem sequer a ouvir, fado…
Divirto-me sempre a contar essa história. Eu era miúda e sou a mais velha de sete. E tomava
conta dos meus irmãos. Lembro-me de que éramos ainda só quatro e eu andava na segunda
ou terceira classe quando ouvi o “Que Deus me perdoe” e achei que aquele poema era sobre
mim. Era um poema [de Silva Tavares, que fez também a letra da “Casa da Mariquinhas”] cantado pela
Amália. Sim. Achava que aquela senhora estava a cantar sobre mim: se a minha
alma fechada/se pudesse mostrar/o que eu sofro calada/se pudesse contar/toda a gente
veria/quanto sou desgraçada/quanto finjo alegrias/quanto choro a cantar. Foi o poder da
poesia que me fez prender ao fado. Um texto muito simples pode dizer tanta coisa e falar de
tantas vidas ao mesmo tempo! Naquele momento, quando ouvi aquele poema, ouvi a minha
vida. Eu que era pequenina e queria brincar e fazer as minhas birras de criança, não podia
porque tinha de ser o exemplo para os mais novos. Se as pessoas soubessem o quanto está cá
dentro, o quanto choro a cantar, quando eu cantava havia qualquer coisa que se libertava cá
dentro. Sabes quando estamos a desabafar com alguém? Quando canto, sinto que estou a
desabafar. Já sentia isso quando era miúda. E então apaixonei-me por aquilo! Comecei a
cantar nas festas de escola, de fim de período, de Natal, e numa espécie de minichuva de
estrelas que uma senhora dos círculos católicos barcelenses organizava na cidade.
Para responderes a cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
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3. Quando afirma ser “doutora do coração” (l. 2), Gisela João pretende afirmar que
(A) a sua música age sobre sentimentos.
(B) diagnostica problemas.
(C) incentiva os cuidados cardíacos.
(D) a sua música é sempre diferente.
III
Leitura
O Kazukuta
Para o tio Joaquim
Nós estávamos sempre atentos à queda das nêsperas, das pitangas 1 e das
goiabas1, e era mesmo por gritarmos ou por corrermos que o Kazukuta acordava assim
no modo lento de vir nos espreitar, saía da casota dele a ver se alguma fruta ia sobrar
5 para a fome dele.
Normalmente ele comia as nêsperas meio cansadas ou de pele já escura
que ninguém apanhava. Mexia-se sempre devagarinho, bocejava, e era capaz de ir
procurar um bocadinho de sol pra lhe acudir as feridas, ou então mesmo buscar regresso
10 na casota dele. Às vezes, mesmo no meio das brincadeiras, meio distraído, e antes de
me gritarem com força para eu não estar assim tipo estátua, eu pensava que, se calhar, o
Kazukuta naquele olhar dele de ramelas e moscas, às vezes, ele podia estar a pensar.
Mesmo se a vida dele era só estar ali na casota meio triste, sair e entrar, tomar banho de
mangueira com água fraca, apanhar nêsperas podres e voltar a entrar na casota dele,
15 talvez ele estivesse a pensar nas tristezas da vida dele.
Acho que o Kazukuta era um cão triste porque é assim que me lembro dele. Nós
não lhe ligávamos nenhuma. Ninguém brincava com ele, nem já os mais velhos lhe
faziam só uma festinha de vez em quando. Mesmo nós só queríamos que ele saísse do
20 caminho e não nos viesse lamber com a baba dele bem grossa de pingar devagarinho e
as feridas quase a nunca sararem. Acho que o Kazukuta nunca apanhou nenhuma
vacina, se calhar ele tinha alergia ou medo, não sei, devia perguntar ao tio Joaquim.
Também o Kazukuta não passeava na rua e cada vez andava só a dormir mais.
Um dia era de tarde e vi o tio Joaquim dar banho ao Kazukuta. Um banho de
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demorar. Fiquei espantado: o tio Joaquim que ficava até tarde
30 a ler na sala, o tio Joaquim que nos puxava as orelhas, o tio Joaquim silencioso,
como é que ele podia ficar meia hora a dar banho ao Kazukuta?
Lembro o Kazukuta a adorar aquele banho, deve ser porque era um banho
sincero, deve ser porque o tio punha devagarinho frases ao Kazukuta, e ele depois ia
adormecer.
35 Kazukuta: lembro bem os teus olhos doces a brilhar tipo um mar de sonho só
porque o tio Joaquim – o tio Joaquim silencioso – veio te dar banho de mangueira e te
falou palavras tranquilas num kimbundu2 assim com cheiros da infância dele.
E demorou. Nós já estávamos quase a parar a nossa brincadeira.
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40 Porque afinal a água caía nos pelos do Kazukuta, e os pelos ficavam assim
coladinhos ao corpo, e virados para baixo como se já fossem muito pesados, e a água
acabou, não tinha mais, e mesmo sem fechar a torneira o tio Joaquim, com a mangueira
ainda a pingar as últimas gotas dela, e no regresso do Kazukuta à casota, depois
45 daquele abano tipo chuvisco de nós rirmos, o Tio Joaquim deu a notícia que tinha
demorado aquele tempo todo para falar:
Meninos, a tia Maria morreu.
Até tive medo, não daquela notícia assim muito séria, mas do que alguém
perguntou:
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– Mas podemos continuar a brincar só mais um bocadinho? O tio largou a
mangueira, veio nos fazer festinhas.
Sim, podem.
Vi um sorriso pequenino na boca dele. Às vezes ele aparecia no quintal sem fazer
55 ruído e espreitava a nossa brincadeira sem corrigir nada. Olhavade longe como se fosse
uma criança quieta com inveja de vir brincar connosco também.
O tio Joaquim era muito calado e sorria devagarinho como se nunca soubesse
nada das horas e das pressas dos outros adultos. O tio Joaquim gostava muito de dar
banho ao Kazukuta.
Ondjaki, Os da Minha Rua, LeYa
VOCABULÁRIO
1 pitangas, goiabas – frutos.
2 Kimbundu – língua da região de Luanda.
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1.2Normalmente, o Kazukuta
a. comia a melhor fruta que caía da árvore.
b. comia os restos da fruta que ninguém queria.
c. devorava a fruta que as crianças lhe davam.
d. não comia fruta.
1.3De uma forma geral, o sentimento que as crianças e os adultos nutriam por Kazukuta
era de
a. indiferença.
b. admiração.
c. preocupação.
d. carinho
1.4 «… eu pensava que, se calhar, o Kazukuta naquele olhar dele de ramelas e moscas,
às vezes, ele podia estar a pensar.» (linhas 10-12)
Na frase transcrita está presente um recurso expressivo intitulado
a. anáfora.
b. antítese.
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c. personificação.
d. eufemismo.
IV
Gramática
COLUNA A COLUNA B
1. copulativa
a) O André fez o trabalho e teve boa nota. 2. adversativa
b) Estive doente, mas não faltei às aulas. 3. explicativa
c) Vens ou ficas? 4. disjuntiva
5. conclusiva
a) “Lourença não compreendia como os adultos tratavam a gente pequena daquela maneira: como
se fossem só números de circo e mais nada.” (ll. 4-5)
__________________________________________________________________________________
b) “Algumas eram mesmo capazes de tornar uma pessoa triste e infeliz só com distribuir e recusar
amor” (ll. 69-70).
4. Associa a palavra sublinhada nas frases da coluna A à classe e subclasse que lhe correspondem
na coluna B.
5. Para responderes a cada item (5.1. a 5.2.), seleciona a opção que completa cada
afirmação.
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4. Completa cada uma das frases seguintes, conjugando o verbo nos tempos e modos
indicados entre parênteses.
4.1. O ladrão ____________ (gostar, condicional simples) que Deus o ajudasse a mudar de
vida.
4.2. Se o Ermitão ____________ (ficar, imperfeito do conjuntivo) com medo do ladrão, não
lhe daria uma lição.
4.3. Quando ele ____________ (poder, futuro do conjuntivo), mudará de vida.
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