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O BULLYING, CYBERBULLYING:

a perspectiva semiótica
ÉRICO RICARD L C MOTA
BULLYING...
Considera-se intimidação sistemática
(bullying) É todo ato de violência física ou
psicológica, intencional e repetitivo que
ocorre sem motivação evidente, praticado
por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais
pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou
agredi-la, causando dor e angústia à vítima,
em uma relação de desequilíbrio de poder
entre as partes envolvidas. (BRASIL, 2015)
• Bully + ing = brutamontes, valentão + gerúndio
• Anglo-saxônica sem tradução
• Bullying compreende as diversas formas de
violência, de caráter repetitivo, sem motivação
evidente, no contexto escolar, entre estudantes
(iguais).
A BREVE E RECENTE HISTÓRIA

•Tão antiga quanto a escola.


•Tom Brown´s School Days, de Thomas
Hughes - Século XIX.
•Suicídios ( décadas de 1970)
•Casos na Dinamarca (Dan Olweus)
TIPOS DE BULLYING
• VERBAL – PALAVRAS DE BAIXO CALÃO, APELIDOS, INSULTOS
• MORAL –BOATOS, DIFAMAÇÕES, CALÚNIAS
• FÍSICO- AGRESSÕES FÍSICAS (EMPURRÃO, BATER, CHUTAR)
• PSICOLÓGICO – CHANTAGEM , MANIPULAÇÃO, EXCLUSÃO,
PERSEGUIÇÃO
• MATERIAL –ROUBO, FURTOS, DESTRUIÇÃO DE OBJETOS
• SEXUAL –ABUSOS E ASSÉDIOS SEXUAIS
• CYBERBULLYING-OCORRE POR MEIO DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO/INTERNET -REDES SOCIAIS, E-MAILS
TIPOS E FORMAS DE CYBERBULLYING
• Provocar - uso de linguagem vulgar e ofensiva;
• Perseguir - envio repetido de mensagens desagradáveis;
• Difamar- divulgação de mexericos ou mentiras sobre a vítima;
• Personificar – fazer-se passar pela vítima no ciberespaço;
• Violar a intimidade - partilhar online com terceiros imagens embaraçosas
da vítima,
• Excluir a vítima de um grupo online de forma deliberada e cruel;
• Intimidar - enviar mensagens insultuosas, desagradáveis que pretendem
incutir medo ou intimidação na vítima. Willard (2006)
BULLYING – COM QUEM
ACONTECE?
LEI Nº 13.185/2015
•Violência – Essência
•Repetitivo – Revela a motivação
•Motivação não evidente – não declarada
•Escolar – delimitação (erro epistemológico)
•Entre iguais - interclasse
BULLYING, ANÁLISE MARXISTA

• Bullying está associado à competitividade e ao


individualismo, mas não passam disso, ficam na
aparência.
• bullying se intensifica no contexto das relações sociais
capitalistas, de forma que todos os valores burgueses
como o individualismo e a competitividade estão
sendo cada vez mais acentuados e internalizados desde
muito cedo na vida dos indivíduos. Portanto as
relações no âmbito escolar, como em todos os outros
dessa forma de sociabilidade são atravessadas pelos
princípios da sociedade de classes, que possui
interesses antagônicos.
A POBREZA É CONDIÇÃO
GERADORA DE VIOLÊNCIA.
•Os atos de homicídio e de violência armada
ocorrem com maior freqüência nas regiões
urbanas atingidas pela pobreza, que se
caracterizam pela falta de emprego, condições
de habitação deficientes, lotação excessiva e
baixos níveis de escolaridade e de infra-
estruturas sociais. (Relatório de
Desenvolvimento Humano, 2014)
O BULLYING NA PERSPECTIVA
SEMIÓTICA
• MUNDO DIGITAL OU LOCUS DIGITALIS?

• De acordo com o dicionário Aurélio, VIRTUAL É o que:


• 1. “existe como potência, mas não realmente”;
• 2. “com possibilidade de realizar-se” ou ainda, vinculado ao jargão da
informática,
• 3.“diz-se daquilo que, por meios eletrônicos, constitui representação ou
simulação de algo real”.

• As pessoas que se conectam e se relacionam na internet são reais.


NO PLANO TEXTUAL, BULLYING
ENVOLVE:
• a disputa entre destinador e destinatário, na
qual o destinador usa manipulação por
provocação para que o destinador aceite o
quadro de valores segundo o qual a violência
é uma forma legítima de competição, e a
disputa entre sujeito e antissujeito, em que o
objeto seria essa integração social da qual
falamos (MATTE, 2012)
O QUE CARACTERIZA O
BULLYING?
• é um percurso de provocação no qual o
sujeito responsável pelo bullying sente
satisfação em submeter a vítima a seu
próprio quadro de valores. A vitória no
bullying, portanto, é antes de mais nada
cognitiva. (MATTE, 2012)
A VÍTIMA E OS FATORES QUE
FAVORECEM
• A vítima é refém porque não decidiu entrar no “percurso de provocação”,
mas foi provocada e sujeita da situação. Ela não escolheu participar, foi
escolhida. Ela não tem interesse neste percurso, mas foi submetida a ele.

• Fatores que influenciam,


• 1. idade
• 2. a identidade social está em formação
• 3. Necessidade de aprovação socialização/ integração
MATTE (2012, p. 4)
E O CYBERBULLYING ?
• Marcuschi (2001) trabalha com a ideia de gênero
segundo a qual o meio pode afetar a expressão do
gênero, mas não o que o define.

• O cyberbullying só existe quando os sujeitos em


questão não se relacionam pessoalmente.

• Se o bullying acontece por publicações no jornal da


escola, por cartazes publicados na rua, por imagens
divulgadas na internet ou por agressões físicas em
público ou não... variação nas estratégias para o
mesmo percurso(MATTE, 2012, p.4)
CONTRATO FIDUCIÁRIO
• Essa relação é baseada num contrato fiduciário: se a vítima
acredita que a divulgação daquele conteúdo naquele
meio pode afetar sua identidade social, o bully pode utilizar
com sucesso esse meio como recurso.

• E, como veremos, o sucesso da manipulação depende


dessa capacidade do manipulador/destinador em
conhecer os valores que, de fato, podem afetar o
destinatário. (MATTE, 2012, p.5)
BULLYING É PROVOCAÇÃO
• Relação entre sujeitos na qual um sujeito destinador procura induzir o destinatário a uma
ação a partir de uma valorização negativa do ser desse sujeito.

• O sujeito, para não ser identificado com tal valor negativo, reage aceitando o contrato
proposto .

• O bullying só acontecerá se houver o mesmo quadro valorativo.

• Aceitar o contrato proposto equivale a tentar provar o contrário.

• A relação lócus virtualis e mundo real é um agravante ou atenuante.

• Cyberbullying - há uma maior duratividade da informação?


CYBERBULLYING
O sujeito só se torna vítima de bullying se aceitar o quadro
de valores segundo do agressor .

O agressor precisa da validação social desse quadro de


valores;

O sujeito não é em si sua identidade, a moralização que


recai sobre seu comportamento (GREIMAS & FONTANILLE,
1993, p. 140-157 APUD MATTE, 2012, P.6 ).
O AGRESSOR
• Quanto mais visível for o sucesso da agressão, maior sua credibilidade
social.
• O agressor é um sujeito que baseia sua identidade exatamente no mesmo
lugar que a vítima: na moralização social

• ...um bom manipulador é alguém que sabe jogar com quadros de valores
independente de concordar ou não com eles. Ele escolhe o quadro de
valores a ser usado no processo de manipulação conforme percebe a
anuência do destinatário com tal quadro (IDEM, p.9)
O BULLYING PELA INTERNET

• O maior público;

• A maior duração;

• Possibilidade de anonimato pelo agressor;


CONCLUINDO...
• O bullying nas escolas é um problema real, com ou sem
internet. Procuramos mostrar que, dentre as duas saídas
para a vítima de bullying, aquela em que ele pacifica sua
relação com sua metade concha – em que ele faz as
pazes consigo mesmo, diminuindo a intensidade de sua
própria avaliação da imagem que considera negativa – é
a melhor de todas.

• Revidar ou desligar-se do quadro de valores?


CONCLUSÃO

• Há que se reavaliar a internet como problema: ela traz mais um


meio para disseminação da agressão, sem dúvida, mas
também traz para a vida das pessoas mais um espaço de
intimidade, espaço no qual é possível encontrar uma turma de
amigos independente da escola e, portanto, pode ser a saída
magistral para a vítima de bullying: ao encontrar uma
comunidade que a aceita, a tensão que pode recair na escola
sobre sua metade concha – a imagem negativa – diminui
sensivelmente já que o reconhecimento social é garantido
nesse espaço on-line, inexistente no passado. (MATTEM 2012, p.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BARROS, Diana Luz Pessoa de. Análise Semiótica do texto. 4.a edição. São Paulo: Editora
Ática, 2005.
• FERREIRA, Aurélio. B. H. Mini Aurélio. 7.a edição. Curitiba: Editora Positivo, 2008. p. 819.
• LARA, Gláucia M. P., MATTE, Ana C. F. Ensaios de semiótica: aprendendo com o texto.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
• GREIMAS, Algirdas; COURTÉS. Dicionário de Semiótica. Tradução Alceu D. Lima, Diana L.
P. Barros, Eduardo P. Cañizal, Edward Lopes, Ignácio A. Silva, Maria J. C. Sembra, tieko Y.
Miyazaki. São Paulo: Ed. Cultrix, s/d.
• GREIMAS, Algirdas; FONTNILLE, Jacques. Semiótica das paixões: dos estados de coisas
aos estados de alma. Ática: São Paulo, 1993.
• MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e Escrita: Uma ou duas Leituras do Mundo?. Linha
D'Água, v. 15, p. 41-62, 2001
• MATTE, Ana C. Fricke. A RESPEITO DA CONSTRUÇÃO SEMIÓTICA DO SENTIDO DO
BULLYING E DO CYBERBULLYING. Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 1. Disponível em
http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre. Acesso em 02/07/2018.

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