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ATIVIDADE LABORATORIAL 1.1.

Movimento num plano inclinado: variação da energia


cinética e distância percorrida

OBJETIVO GERAL
Estabelecer a relação entre variação de energia cinética e distância percorrida num plano inclinado e utilizar
processos de medição e de tratamento estatístico de dados.

METAS ESPECÍFICAS
1. Identificar medições diretas e indiretas.
2. Realizar medições diretas usando balanças, escalas métricas e cronómetros digitais.
3. Indicar valores de medições diretas para uma única medição (massa, comprimento) e para um conjunto
de medições efetuadas nas mesmas condições (intervalos de tempo).
4. Determinar o desvio percentual (incerteza relativa em percentagem) associado à medição de um intervalo
de tempo.
5. Medir velocidades e energias cinéticas.
6. Construir o gráfico da variação da energia cinética em função da distância percorrida sobre uma rampa e
concluir que a variação da energia cinética é tanto maior quanto maior for a distância percorrida.

METAS TRANSVERSAIS
Aprendizagem do tipo processual: 1; 6; 8; 9; 10; 11; 12
Aprendizagem do tipo conceptual: 1; 2; 3; 5; 7; 9; 11; 12; 13; 14; 15; 18; 19; 20; 21; 22; 23

SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Sugere-se que o professor faça uma abordagem prévia ao documento “Laboratório de Física” na pág. 192
do manual de forma a abordar os assuntos “Medição em física” e “Utilização da calculadora gráfica” que
serão necessários para a análise de resultados obtidos na atividade laboratorial.
Sugere-se que o carrinho seja largado pelo menos três vezes do mesmo nível na rampa, de modo a
possibilitar um tratamento estatístico dos intervalos de tempos de passagem pela fotocélula; o seu valor
médio servirá para determinar a velocidade naquela posição (quociente da medida da largura da tira por
esse valor médio).
O professor deverá discutir previamente com os alunos quais as grandezas a medir diretamente, os erros
que as afetam e o modo de os minimizar.
Deve fazer-se a distinção entre incerteza associada a uma só medição (incerteza de leitura) e a um conjunto
de medições efetuadas nas mesmas condições (incerteza de observação).
Recomenda-se a utilização de um carrinho com reduzido atrito nos eixos e rodas muito leves, para minimizar
a energia cinética associada à rotação.
Deve dar-se a indicação de que a velocidade medida a partir da tira opaca estreita é uma velocidade média
num intervalo de tempo muito curto e que se aproxima da velocidade num dado instante. Não é, no entanto,
o momento de explicitar a diferença entre a velocidade instantânea e média.

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EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE LABORATORIAL
QUESTÕES PRÉ-LABORATORIAIS

1. Considere um carrinho que desce um plano inclinado, com força de atrito desprezável. Identifique as
forças que atuam sobre o carrinho.
As forças que atuam no carrinho são o peso e a reação normal.
No entanto, ele move-se apenas sob a ação do seu peso. A reação normal é anulada pela
componente F gy (a componente do peso na direção do eixo OY). A força responsável pelo
movimento do carrinho é Fgx (a componente do peso na direção do eixo OX).
2. Indique o tipo de energia que carrinho tem quando se move ao longo de um plano inclinado.
Um corpo que se move ao longo de um plano inclinado tem energia cinética e energia potencial
gravítica. A energia cinética de translação está associada ao movimento de translação do corpo e
a energia potencial gravítica associada à posição do corpo relativamente à Terra.

3. Pretendendo-se determinar a energia cinética do carrinho, quais as grandezas que devem ser medidas?
Classifique cada uma das medições a realizar como medições diretas ou indiretas.
Como:
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𝐸𝑐 = 𝑚 𝑣 2
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Será necessário determinar-se:
- a massa (m) do corpo – recorrendo a uma balança.
- a velocidade (v) atingida pelo corpo num dado instante – recorrendo a uma régua ou craveira,
célula fotoelétrica e digitímetro.
A medição da massa, do comprimento e do intervalo de tempo serão medições diretas enquanto a
medição da velocidade será indireta.

4. Explique o modo de funcionamento da célula fotoelétrica e qual a grandeza que esta permite medir.
Através da célula fotoelétrica e digitímetro pode-se determinar o intervalo de tempo durante o qual
a "bandeira" do carrinho interrompe o feixe da célula.
Quando o feixe de luz é interrompido, pelo início da passagem da “bandeira” do carrinho, o
digitímetro inicia a contagem do tempo e, logo que a “bandeira” passa o digitímetro para a
contagem.
É assim possível determinar o intervalo de tempo ∆t que o carrinho leva a completar um percurso
de comprimento xi (comprimento da “bandeira”).
5. Como se pode determinar experimentalmente o valor da velocidade do carrinho no instante em que
atravessa a célula fotoelétrica?
O valor da velocidade ao atravessar a célula fotoelétrica é determinado indiretamente, através da
expressão:
∆𝑥𝑖
𝑣𝑚 = ∆𝑡𝑖
Onde:
xi, corresponde ao comprimento do objeto que interrompe o feixe da célula fotoelétrica;
xi, o tempo registado pelo digitímetro correspondente a essa interrupção.
A velocidade assim medida corresponde a uma velocidade média que, sendo determinada num
intervalo de tempo muito curto, é próxima da velocidade num dado instante.
Para que o intervalo de tempo seja reduzido poder-se-á colocar no carrinho uma espécie de
"bandeira" com um comprimento muito reduzido que poderá ser feita com cartolina opaca (no caso
de não existir essa peça anexa ao carrinho).

REGISTO E TRATAMENTO DE RESULTADOS


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1. Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.

Tabela I – Incertezas de leitura


Instrumento de medida Grandeza medida Incerteza de leitura
Digitímetro Intervalo de tempo ± 0,0001 s
Balança Massa ± 0,01 × 10−3 kg
Régua Distância ± 0,05 × 10−2 m

Como a massa do carrinho e o intervalo de tempo são medidos em aparelhos digitais (a medida é
indicada por um número), considera-se a incerteza absoluta igual a uma unidade do último dígito
de leitura.
Como o comprimento da cartolina e a distância percorrida no plano são medidos com uma régua,
que é um aparelho analógico, considera-se a incerteza absoluta igual a metade do valor da divisão
menor da escala.
Supondo uma fita métrica com menor divisão da escala igual a 0,1 cm, a incerteza de leitura será
0,05 cm.

Tabela II – Variação da energia cinética em função da distância percorrida


Massa do carrinho: 201,12 × 10−3 kg ± 0,01 × 10−3 kg
Inclinação (): 19,5º
xi: 5,50 × 10−2 m ± 0,05 × 10−2 m
Posição d/m ti / s ti / s v / m s- 1 Ec / J
0,0590
0,0590
A 22,00 × 102 0,0589 0,932 0,174
± 0,2%
0,0591
0,0429
0,0428
B 42,00 × 102 0,0427 1,28 0,328
± 0,2%
0,0427
0,0355
0,0359
C 62,00 × 102 0,0356 1,53 0,469
±2%
0,0366
0,0314
0,0312
D 82,00 × 102 0,0311 1,76 0,621
±0,6%
0,0311
0,0282
0,0283
E 102,00 × 102 0,0278 1,94 0,755
±2%
0,0288

2. Determine a incerteza relativa, em percentagem, associada ao valor mais provável dos intervalos de
tempo para cada posição.
Exemplo para os intervalos de tempo medidos na posição A
d1 = | 0,0590 – 0,0590 | = 0,0000 s
d2 = | 0,0589 – 0,0590 | = 0,0001 s
d3 = |0,0591– 0,0590 | = 0,0001 s

A incerteza absoluta será, 0,0001 s, pois é o maior dos desvios calculados e neste exemplo é
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ainda igual à incerteza de leitura.
incerteza absoluta 0,0001
Incerteza relativa = ⇒ Incerteza relativa = = 0,002 ⇒
valor médio de ∆𝑡 0,0590
⇒ Incerteza relativa (%) = 0,2%

3. Calcule os valores da velocidade do carrinho, ao atravessar a célula fotoelétrica, e da energia cinética do


carrinho em cada posição.

4. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de


cálculo, trace o gráfico da variação da energia
cinética do carrinho em função da distância
percorrida na rampa e determine a equação da reta
que melhor se ajusta ao conjunto de pontos
experimentais.

5. Compare o gráfico obtido com o de outros


grupos de trabalho.

QUESTÕES PRÉ-LABORATORIAIS

1. Deduza a expressão que permite


determinar teoricamente o declive da reta
que se obtém ao traçar o gráfico da variação
da energia cinética do carrinho em função
da distância percorrida.
𝑊𝐹⃗𝑅 = 𝑊𝐹⃗𝑔
𝑊𝐹⃗𝑔 = 𝐹𝑔 cos 𝛼 ∆𝑟

Pelo teorema da energia cinética: 𝑊𝐹⃗𝑅 = Δ𝐸𝑐


logo, 𝐹𝑔 cos 𝛼 ∆𝑟 = Δ𝐸𝑐
Sendo o deslocamento, Δr, igual à distância percorrida, d, e considerando o gráfico de Δ Ec = f(d)
então:
declive = Fg cos 𝛼
Em que: 𝛼 = 90° − inclinação (𝜃)
Sabendo que: cos 𝛼 = sen 𝜃
Pode-se também obter: declive = 𝐹𝑔 sen 𝜃
Note-se que, como o carrinho é largado na rampa, E c,i = 0 J, logo o gráfico da energia cinética final
do carrinho em função da distância percorrida seria igual ao gráfico da variação da energia cinética
em função da distância percorrida: 𝐹𝑔 cos 𝜃 𝑑 = 𝐸𝑐,𝑓

2. Compare o declive da reta obtida (experimentalmente) com o valor previsto teoricamente, determinando o
erro relativo em percentagem.
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inclinação () = 19,5º, logo 𝛼 = 90° − 19,5° = 70,5°

declive = 𝐹𝑔 cos 𝛼 = 201,12 × 10−3 × 10 × cos (70,5°) = 0,671


|valor experimental − valor teórico|
𝑒𝑟 = ⇒
valor teórico
|0,728 − 0,671|
⇒ 𝑒𝑟 = = 0,085 = 𝑒𝑟 = 8,5%
0,671

3. Pela análise do gráfico, qual a relação entre a variação da energia cinética de translação do carrinho e a
distância percorrida ao longo do plano inclinado?
O gráfico obtido é uma linha reta que passa na origem pelo que a variação da energia cinética do
carrinho é diretamente proporcional à distância percorrida. Se a energia cinética inicial for nula,
a energia cinética final também será diretamente proporcional à distância percorrida. Caso haja
energia cinética inicial, diz-se apenas que a energia cinética final é proporcional à distância
percorrida.

4. Aplicando uma velocidade inicial ao carrinho, o valor da energia cinética no final da rampa será diferente
do encontrado? Justifique a sua resposta.
Sim.
𝐹𝑔 cos 𝑑 = 𝐸𝑐,𝑓 − 𝐸𝑐,𝑖
Utilizando o mesmo plano inclinado e o mesmo corpo, a força gravítica, a distância percorrida e
o ângulo mantêm-se. Logo passando a existir velocidade inicial, temos energia cinética inicial e
a energia cinética final será diferente, será acrescida da energia cinética inicial.

5. Preveja como será o gráfico da variação da energia cinética em função da distância percorrida se
aumentarmos a massa do carrinho para o dobro.
A análise da expressão: 𝑚 𝑔 cos 𝛼 𝑑 = Δ𝐸𝑐 permite-nos concluir que o declive da reta
corresponde a 𝑚𝑔 cos . Assim, se a massa do carrinho aumentar para o dobro também o declive
passa para o dobro, logo teremos uma reta com maior inclinação. Como a energia cinética passa
para o dobro, para a mesma posição teremos valores maiores de energia cinética, por isso maior
declive.

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