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RESUMO
Esse artigo relata por meio de um estudo de caso a implementação do Total Productive
Maintenance (TPM) em uma indústria de autopeças da região de Campinas/SP focando na
estrutura, responsabilidades e atividades do pilar de educação e treinamento como elemento
base para capacitação dos funcionários para o estabelecimento com sucesso dos sete passos da
manutenção autônoma (MA). Assim, por meio dos resultados obtidos com o estudo de caso,
esse artigo destaca a importância e necessidade de uma estrutura devidamente estabele cida
para capacitação pessoal como fator crítico para suportar as iniciativas do TPM para
estabelecimento e consolidação da manutenção autônoma.
1. INTRODUÇÃO
É fato que a manutenção de fábrica tem sido progressivamente considerada como fator
estratégico dentro das empresas e que contribui diretamente com a posição competitiva das
mesmas bem como para sua lucratividade (BLANCHARD, 1997; SHERWIN, 2000; AHUJA
& KHAMBA, 2008).
Dentre as abordagens mais exploradas na academia e na indústria para a gestão da
função manutenção, destaca-se o Total Productive Maintenance (TPM), manutenção
produtiva total, com objetivo primário de maximizar a eficiência operacional dos sistemas
produtivos reduzindo de forma sistêmica as perdas associadas a indisponibilidade de
máquinas e equipamentos através da melhoria contínua com envolvimento de todos os
funcionários da organização (SUZUKI, 1994; NAKAJIMA, 1998).
As atividades do TPM são estruturadas e conhecidas na literatura e nas organizações
através do termo “pilares do TPM” (SUZUKI, 1994; NAKAJIMA, 1998; POMORSKI,
2004). Dentre os pilares mais explorados e implementados da metodologia, destaca-se o pilar
de manutenção autônoma, ou simplesmente pilar de MA, sendo esse reconhecido por
McKone & Weiss (1998) e Ahuja & Khamba (2008) como uma das principais atividades para
alcance dos objetivos propostos pela abordagem focada no chão de fábrica. Cigolini & Turco
(1997) e McKone et. al. (1999) afirmam que a implementação da MA é um dos pilares
iniciais que as empresas utilizam para início do programa de TPM dado os benefícios que essa
abordagem pode prover no curto prazo.
Esse pilar tem como objetivo principal envolver e capacitar os operadores de máquinas
e equipamentos nas atividades especificas de manutenção preventiva, através do
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desenvolvimento do “senso de propriedade” dos componentes do sistema produtivo (TSANG
& CHAN, 2000; WILLMOTT & MCCARTHY, 2001). De fato, a proposta do pilar de MA
traz consigo uma mudança na forma de pensar sobre a divisão de funções enfatizada até a
primeira metade do século passado, onde os operadores eram responsáveis por operar e os
manutentores por consertar, podendo ser resumido através da frase “Eu (operador) opero,
você (manutentor) conserta” (SUZUKI, 1994); e convergindo no momento atual para um
modo de pensar em equipe, onde produção e manutenção unem-se como parceiros internos e
externos assumindo o mesmo grau de importância para organização (WAYENBERGH &
PINTELON, 2002).
Uma série de artigos tem explorado e relatado os benefícios e resultados da
implementação do pilar de MA em diversos segmentos industriais como, por exemplo, podem
ser citados os trabalhos de: Tsang & Chan (2000), Kmita (2003), Tondato & Fogliatto (2005),
etc., onde os autores destacam uma série de passos considerados como fatores críticos para
implementação com sucesso das atividades autônomas.
Dentre esses aspectos mais importantes destaca-se a necessidade de uma estrutura
adequada para a provisão de treinamento e capacitação necessária aos envolvidos diretamente
com a MA (KMITA, 2003; LAZIM, et. al., 2008; AHUJA & KHAMBA, 2008). Alinhado
com essa consideração, Suzuki (1994) chama a atenção ao afirmar e reconhecer a necessidade
de uma sinergia entre o pilar de MA e o pilar de educação e treinamento (E&T), responsável
pelo programa de desenvolvimento profissional dos funcionários, e o pilar de melhoria
específica (ME) onde são analisados e definidos projetos específicos para desenvo lvimento
através da estrutura de pequenos grupos de melhoria focados.
Portanto, esse trabalho tem como objetivo compreender e discutir a estrutura e
atividades do pilar de E&T como elemento crítico que contribui diretamente na
implementação dos passos do pilar de MA descritos na literatura, por meio de um estudo caso
em uma indústria de autopeças da região de Campinas/SP, onde os conceitos do TPM têm
sido aplicados há mais de 7 anos. Assim esse trabalho tem sua contribuição considerada sob
dois pontos de vistas distintos, porém igualmente importantes e complementares sendo: relato
das experiências e aprendizados de um caso prático da integração do pilar de MA e E&T,
através da análise da estrutura organizacional, responsabilidades e atividades do pilar de E&T,
destacando a importância de uma estrutura para treinamento e desenvolvimento dos
funcionários como elemento base para a implementação com sucesso de cada um dos passos
do pilar de MA; fornecer uma referência prática que pode ser ampliada e adaptada a outras
empresas (segmento de mercado, tamanho de empresa, número de funcionários, etc.) que tem
efetivamente trabalhado na implementação do TPM.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa, esse trabalho utilizou a seguinte estrutura:
introdução, fundamentação teórica onde brevemente é tratado o conceito do TPM, focando
com mais detalhes os pilares de manutenção autônoma e educação e treinamento, objetos de
estudo desse trabalho. Na sequência são apresentados os procedimentos de pesquisa, e
resultados obtidos com o caso, finalizando com as considerações finais e recomendações para
futuros trabalhos de pesquisa dentro da temática do TPM.
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Nakajima (1998), autor reconhecido em nível mundial como um dos pioneiros no
estudo do TPM, afirma que o centro dessa abordagem reside na realização da manutenção
produtiva por todos os empregados através de pequenos grupos, onde o conceito de
manutenção produtiva trata-se de uma gestão da manutenção que reconhece a importância da
confiabilidade, manutenção e eficiência econômica das operações de manufatura. Os
objetivos do TPM foram definidos pelo JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance),
Instituto Japonês de Manutenção Industrial, considerando 5 dimensões: a) criar uma
organização que maximize a eficiência dos sistemas produtivos, b) gerenciar a planta como
uma organização que minimize as perdas, através do estabelecimento de metas orientadas a
zero acidentes e zero defeitos, ao longo do ciclo de vida dos elementos produtivos, c)
envolver todos os departamentos na implantação do TPM, incluindo o desenvolvimento de
novos produtos, vendas e administração, d) envolver todos os funcionários desde a alta
gerência até os operadores de chão de fábrica, e) orientar as ações visando atingir a meta de
“zero perdas” utilizando-se das atividades de pequenos grupos de trabalho (SUZUKI, 1994).
A operacionalização dos conceitos e práticas do TPM são organizadas em um modelo
de aplicação composto de pilares que formam uma estrutura de toda a abordagem. JIPM
(1997) propõe a implementação através da aplicação de 8 pilares representados pela figura
abaixo. Nesse trabalho especificamente, o escopo é limitado aos pilares de MA e E&T, com
foco no segundo pilar conforme descrito no início. Assim, mais detalhes sobre o restante da
estrutura no podem ser encontradas em Suzuki (1994) e Nakajima (1998).
5S
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os para se tornarem parceiros ativos da manutenção e engenharia para melhoria do
desempenho e confiabilidade dos equipamentos.
Para Shirose (1996) o conceito chave da MA baseia-se no desenvolvimento da
expertise dos operadores de produção. Para esse propósito, o mesmo autor definiu níveis de
habilidade requerido para os operadores para MA, sumarizando-os em 4 níveis conforme
descritos pelo quadro 1, onde o nível 1 representa uma maturidade menor e o nível 4
representa um nível mais avançado de maturidade:
Portanto, o pilar de MA é de fato uma das ferramentas para o alcance dos objetivos do
TPM conforme proposto pelo JIPM, focando o operador do chão de fábrica, através do
desenvolvimento de habilidades que os permitam atuarem de forma efetiva para melhoria do
desempenho dos sistemas produtivos, compartilhando as tarefas críticas de manutenção com o
pessoal especializado, de forma que a identificação de problemas possa ser antecipada e que
os mesmos tenham autonomia para atuar na redução de quaisquer indícios de redução de
desempenho no dia a dia da operação.
Suzuki (1994), Robinson & Ginder (1995), Nakajima (1998) e Willmott & McCarthy
(2001) consideram que a implementação com sucesso da MA consiste na execução de 7
passos seqüenciais de forma que uma estrutura adequada para a consolidação e sustentação
dos resultados e iniciativas da MA possa ser estabelecida. A adoção de uma abordagem passo
a passo que pode ser compreendida por cada um dos envolvidos facilmente, permite que as
atividades avancem com menor velocidade, porém consistentemente, além de habilitar
auditagens regulares que asseguram os ganhos alcançados em cada passo e motivam os
operadores através do senso de “conquista” a medida que estes evoluem no programa de
implementação (SUZUKI, 1994). O quadro 2 sumariza cada um dos passos propostos na
literatura, relacionando os objetivos principais, bem como as expectativas em torno dos
operadores.
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Quadro 2. 7 Passos da MA e metas para o passo e mão de obra
Passo Metas do Passo Metas para Mão-de-Obra
1) Trazer os operadores de forma que eles tenham contato com os equipamentos, desenvolvendo
1) Prevenir deterioração acelerada, eliminando o pó e sujeira do
1) Limpeza um senso de propriedade e preocupação, e estimular a curiosidade sobre o mesmo , 2 ) Habilitar
ambiente de trabalho, 2) Estabelecer as condições básicas dos
Inicial grupo de lideres para aprender sobre liderança e implementar isso através de pequenos grupos,
equipamentos, 3) Expor defeitos escondidos
3) Habilitar pessoas para reconhecer pequenos defeitos e outras irregularidades
2) Eliminar
fontes de 1) Aumentar confiabilidade intrínseca, prevenindo a adesão de pó 1) Ensinar a filosofia e prática da melhoria de equipamento, iniciando em uma pequena escala,
contaminação e sujeira e controlá -los nas suas origens, 2) Aumentar com projetos de fácil alcance, 2) Germinar as sementes das idéias através de pequenos grupos,
e locais de manutenibilidade, melhorando, limpeza, inspeção e lubrificação. 3) Deixar as pessoas provarem e trilharem o caminho da satisfação e sucesso
difícil acesso
3) Estabelecer 1) Sustentar as três condições básicas para manter o equipamento
1) Assegurar que operadores obedecem aos padrões e aprendem sobre sua importância, 2)
os padrões de e prevenir deterioração, 2) Executar verificação acurada em
Deixar as pessoas aprenderem sobre a importância do trabalho em time, deixando-os avisados de
limpeza e termos de controles visuais, tais como, identificação dos
suas responsabilidades individuais .
inspeção equipamentos, e determinação dos limites de operação.
4) Conduzir 1) Aprender a estrutura do equipamento, funções, e critério de verificação e habilidade de
1) Melhorar confiabilidade, executando inspeção geral e
inspeção geral inspeção, 2) Aprender a resolver anormalidades através de prática, 3) Usar o ensino através do
revertendo deterioração para cada categoria de equipamento, 2)
no revezamento para habilitar lideres para aprender sobre liderança e membros para desenvolver o
Habilitar inspeção de confiabilidade, introduzindo controles.
equipamento espírito de equipe.
1) Habilitar operadores para operarem o processo e agir com as anormalidades de forma correta,
1) Melhorar a estabilidade geral e segurança do processo através
5) Realizar 2) Habilitar os operadores para compreenderem o re lacionamento entre o equipamento e o que
de uma operação adequada, 2) Refinar a precisão do processo de
inspeção geral está sendo processado e a realização do ajuste de forma correta, 3) Avisar os operadores sobre
inspeção, estendendo e melhorando os controles visuais, 3)
no processo suas responsabilidades na manutenção planejada e nutrir a auto-gestão através de inspeções e
Modificar o equipamento para fazê -lo mais fácil de operar.
trocas periódicas.
1) Identificar as relações entre equipamento e qualidade e 1) Expandir a esfera da auto-gestão através da sistematização e padronização dos itens de
6) estabelecer uma sis tema de manutenção da qualidade, 2) Revisar controle, 2) Ajudar as pessoas a compreenderem a relação entre equipamento e qualidade e
Sis tematizar a e melhorar o layout da planta de equipamentos, 3) Padronizar apreciarem a importância da manutenção da qualidade, 3) Ajudar as pessoas a compreenderem a
MA manutenção e controle do equipamento de transporte, peças de necessidade de melhoria auxiliado pelos padrões, 4) Gerentes e supervisores alinhados com sua
reposição, ferramentas, estoques e produtos acabados. verdadeira responsabilidade (melhorar os padrões e assegurar que eles estão sendo seguidos).
1) Analisar dados em vários caminhos para melhorar equipamento 1) Diluir a gestão por objetivos e despertar a consciência sobre custos, incluindo custo de
7) Praticar a e aumentar confiabilidade do processo, segurança, manutenção, 2) Habilitar operadores para realizarem simples reparos e restauração do
auto-gestão mantenabilidade, qualidade e operabilidade, 2) Priorizar melhoria equipamento através do treinamento em técnicas de reparo, 3) Aumentar a habilidade dos
em equipamentos e estender o tempo de vida dos mesmos. operadores para armazenar e analisar dados e deixá -los hábeis em técnicas de melhoria.
Fonte: Adaptado de Suzuki (1994), Robinson & Ginder (1995), Nakajima (1998) e Willmott & McCarthy (2001)
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Em síntese pode-se considerar que os passos de 1 a 3 tem como prioridade abolir
ambientes que promovam deterioração acelerada, revertendo a deterioração e estabelecendo
as condições básicas do equipamento, com objetivo de tornar os operadores interessados em
seus equipamentos; os passos 4 e 5 tem como prioridade a difusão de técnicas de inspeção
com objetivo de desenvolver operadores que compreendam seus equipamentos e processos;
por fim os passos 6 e 7 tem como prioridade a padronização e sistematização da manutenção e
métodos, com objetivo de formar uma organização onde cada local de trabalho é auto-
gerenciável.
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equipamentos, por outro lado, Willmott & McCarthy (2001) afirmam que o programa de E&T
deve capacitar os operadores a efetuarem reparos em seus equipamentos, auxiliando e em
alguns casos assumindo o papel de manutentor, uma vez que essa visão permite que os
manutentores possam ter sua responsabilidade orientada as atividades de melhoria continua
dos equipamentos e não restrito aos problemas de quebra, o que pode ser compreendido como
manutentores realizando o trabalho de engenheiros.
Assim, pode-se considerar que uma empresa que objetiva a implementação do TPM,
deve iniciar com a implementação do pilar de MA, seguindo os passos propostos pela
literatura, entretanto apoiado pelo pilar de E&T necessariamente, uma vez que cada passo da
MA exige uma capacitação especifica que deve ser fornecida através de um sistema de
educação e treinamento desenvolvido pelo pilar de E&T, para que haja consolidação das
propostas do programa de TPM. Para a discussão sobre a capacitação operacional para
realização de atividade do pessoal de manutenção, esta deve ser avaliada de acordo com a
política da empresa e com seus objetivos organizacionais, uma vez que não é possível
estabelecer um consenso através da literatura.
Suzuki (1994) propõe um modelo básico dividido em 4 estágios para
operacionalização das atividades do pilar de E&T ao longo do tempo. Percebe-se que a
proposta do autor tem uma forte relação com os objetivos do pilar de MA, destacando que a
conexão entre os estágios é validada pelo treinamento on the job (OJT), treinamento no local
de trabalho. A figura 2 representa o modelo de operação do pilar de E&T sumarizado,
utilizado para essa pesquisa.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Do ponto de vista de objetivos da pesquisa, essa pode ser caracterizada como uma
pesquisa exploratória, pois envolve pessoas que tiveram experiências práticas com o objeto
em estudo para estimular a compreensão sobre um determinado fenômeno (GIL, 2002). Essa
pesquisa foi realizada utilizando-se de uma abordagem qualitativa, uma vez que essa provou
ser mais adequada, devido seu caráter exploratório e também pela necessidade da presença do
pesquisador para captar e entender a interpretação das pessoas em relação ao fenômeno
analisado. O procedimento da pesquisa foi selecionado tendo por referência as características
da pesquisa e a adequação dos métodos. Considerando os métodos: pesquisa experimental,
pesquisa de avaliação, estudo de caso e pesquisa-ação (GIL, 2002), verificou-se que o mais
adequado às características da pesquisa desenvolvida foi o método de estudo de caso
(necessidade da presença do pesquisador, construção de teoria, variáveis difíceis de
quantificar, responder à pergunta de pesquisa “como? ou qual?” e dificuldade de manipulação
das variáveis).
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Utilizou-se a entrevista semi-estruturada como técnica com base em um modelo
teórico elaborado a partir da revisão da literatura, para coleta de evidências além da pesquisa
em alguns documentos que a organização permitiu serem acessados pelo pesquisador. A
unidade de análise selecionada foi uma empresa de autopeças da região de Campinas/SP que
tem sido reconhecida na implementação do TPM, inclusive alcançando o primeiro lugar na
Convenção Brasileira de TPM em 2007 realizada em Minas Gerais. Entretanto, em um nível
micro, a unidade de análise foram as pessoas que participam diretamente da gestão dos pilares
de MA e E&T (líderes e membros dos times).
Realizar inspeção
Intermediário 3
geral no processo
(4-6 Anos)
3/ 4 Sistematizar a MA
Avançado Praticar a auto-
4
(> 6 Anos) gestão
4. ESTUDO DE CASO
A empresa estudada é uma multinacional norte-americana. No Brasil, atualmente a
empresa possui 11 fábricas e 2 centros de desenvolvimento de tecnologia. No portfólio de
produtos constam: sistemas para gerenciamento de motores, sistemas de arrefecimento,
sistemas de transmissão, entre outros. A unidade de negócios estudada está localizada no
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interior de São Paulo na região de Campinas. Os principais clientes da empresa são as maiores
montadoras ins taladas no Brasil, tais como: General Motors, Fiat e Ford.
O programa de TPM iniciou-se formalmente no final de 2002, incentivado pela matriz
que fortaleceu a iniciativas para adoção do modelo de operação enxuto. Em 2009, a empresa
contava com 7 pilares em estágios avançados de implementação, sendo estes: manutenção
autônoma, manutenção planejada, educação e treinamento, manutenção focada, gestão do
desenvolvimento e manutenção da qualidade. A força de trabalho dos grupos considerados
nesse estudo (envolvidos diretamente com MA) compreende aproximadamente 53% de todo o
efetivo da empresa. Esse grupo é composto por operadores de produção e líderes de times de
produção, cuja formação escolar é ensino médio completo. Ambos os grupos reportam-se
diretamente a um coordenador de produção.
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dos resultados do trabalho, princípios operativos, métodos de regulagem, identificação de
anomalias, etc.
Portanto, essa etapa consiste na identificação dos níveis de habilidade desejados para
cada um dos envolvidos com a MA, de forma que seja possível estabelecer um planejamento
bem como uma sistemática para o desenvolvimento das atividades de treinamento, que
permitam um maior controle dos níveis alcançado por cada um dos funcionários e facilitar a
identificação de habilitadas que precisam ser enfatizadas.
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Planejar o desenvolvimento das habilidades
Essa etapa é desenvolvida em paralelo a etapa anterior, uma vez que é nessa etapa que
são definidos os planejamentos de longo prazo que irão compor a matriz de habilidades. O
pilar de E&T apóia diretamente os coordenadores de produção para o estabelecimento de um
plano de habilidades baseados nos requisitos para MA (passo a passo), que podem fazer parte
do plano de carreira dos líderes de produção e operadores.
De fato, são estabelecidas metas que são utilizadas para avaliação junto aos
coordenadores, servindo também como um mecanismo para determinação de promoções ou
aumentos salariais. Uma das questões tratadas com afinco nessa etapa consiste no
balanceamento adequado de atividades OJT e o auto-desenvolvimento. Foi verificado que a
empresa busca um balanceamento que representa aproximadamente 70% (OJT) e 30% (auto-
desenvolvimento) definido no plano estratégico da organização.
Esse balanceamento em termos porcentuais não é devidamente discutido na literatura,
entretanto, verifica-se a discussão é orientada de forma que seja considerado um tempo maior
de treinamento no local de trabalho (OJT) do que o auto-desenvolvimento, estando, portanto,
a prática da empresa alinhada as proposições da literatura.
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Todos os funcionários recém contratados na empresa seguem um programa de
treinamentos de forma a capacitá-los aos passos básicos da MA. Os treinamentos para os
passos 0 a 3 são realizados da seguinte forma:
• Passo 0 (introdução ao TPM e a MA): as atividades desenvolvidas consistem no
treinamento teórico em local preparado, denominado pela empresa de “sala de
capacitação” para introdução a abordagem do TPM, entretanto focando
especificamente as contribuições das atividades autônomas para o melhor desempenho
dos processos produtivos. São apresentados exemplos da própria fábrica de como as
atividades autônomas proveram resultados importantes para a operação, e destacando
as oportunidades que as atividades autônomas podem trazer para o crescimento
profissional dos operadores dentro da organização. É basicamente durante essa
atividade que a avaliação inicial juntamente com o superior imediato é realizada de
forma que seja verificado se o operador está habilitado para iniciar efetivamente o
programa de MA.
• Passo 1: foco do passo 1 consiste no desenvolvimento do ‘senso propriedade’ dos
operadores, de forma que estes assumam a responsabilidade em manter as condições
adequadas de operação. Nesse estágio, a empresa inicia com o treinamento teórico de
5S, passando pela definição dos responsáveis por áreas e equipamentos. Cada operário
torna-se responsável pelas condições de seu local de trabalho conforme definido,
baseado nos conceitos do 5s. Periodicamente o pilar de E&T programa auditorias, para
avaliação dos locais de trabalho, juntamente com uma abordagem próxima ao
operador para nível de conhecimento teórico e prático dos mesmos, e assim
posteriormente a atualização da matriz de habilidades.
• Passo 2: nessa etapa, o pilar de E&T planeja o desenvolvimento de treinamentos
teóricos orientados aos objetivos do passo 2, focando exemplos desenvolvidos na
própria fábrica. Alguns desses exemplos são descritos por líderes ou operadores, que
participaram efetivamente dessas atividades, sendo justificado pela empresa, como um
fator motivador para o desenvolvimento da mão de obra. Nessa etapa, o pilar de E&T
utiliza-se da ferramenta “eventos Kaizen”, ou eventos de melhoria contínua, para
aplicação prática dos conceitos adquiridos em sala. São planejados eventos onde os
operadores treinados trabalham em time com líderes e ou coordenadores de produção
para a aplicação desses conceitos em equipamentos chave definidos previamente pelo
coordenador. A medida que o operador participa desse evento, o mesmo é inserido em
um programa de gestão por objetivos, onde o coordenador de produção seleciona um
projeto a ser desenvolvido e atribui uma meta. Esse projeto é acompanhado pelo pilar
de E&T como forma de avaliar o nível de conhecimento e habilidade adquirida por
cada um dos envolvidos, bem como identificar áreas que precisam de reforço.
• Passo 3: o pilar de E&T desenvolve um planejamento de treinamentos orientados, a
padronização das atividades realizadas e identificadas nos passos 1 e 2. O foco dos
treinamentos teóricos consiste em enfatizar a importância dos padrões de MA e na
importância da participação dos envolvidos na elaboração dos padrões. Nesse passo, o
pilar de E&T e a coordenação de produção, selecionam operadores através de uma
avaliação pré-estabelecida, buscando identificar pessoas com boa escrita e redação e
que tenham familiaridade no uso de computadores. A medida que os treinamentos e a
identificação das pessoas com certa habilidade com computadores são concluídos, são
reunidos grupos de trabalho envolvendo operadores e líderes de produção para a
elaboração desses padrões conforme responsabilidades (dividida por áreas ou
equipamentos) definidas no passo 1.
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Portanto, com base no modelo teórico verifica-se que a empresa tem aprofundado os
objetivos dos passos de MA baseados no modelo teórico (tabela 1), atentando para uma
conscientização da importância do TPM na fase inicial de introdução do programa, por meio
de casos de sucesso na própria empresa, o que pode efetivamente contribuir para a motivação
pessoal para a execução dos próximos passos da MA. Além disso, verifica-se o uso de
técnicas para fortalecer o trabalho em equipe e tornar mais visível as oportunidades de
melhoria por meio das atividades autônomas, no caso por meio de eventos Kaizen.
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treinamento de análise e solução de problemas. A avaliação desse treinamento consiste
no desenvolvimento de projetos específicos, voltados a redução de refugo, quebras,
etc. com base em uma meta estabelecida pela coordenação. Dessa forma, segundo
relatado, é possível avaliar o nível de desenvolvimento de cada envolvido e aplicação
de técnicas estruturadas para a solução de problemas, o que favorecem a disseminação
do conhecimento entre o chão de fabrica dado a padronização da forma de comunicar
as atividades de melhoria realizadas. Além disso, a medida que os envolvidos atingem
níveis mais elevados dentro desse passo, os times de operação são motivados a
procurarem alternativas de otimizarem as atividades de MA com base na reavaliação
dos padrões estabelecidos nos passos anteriores, no sentido de reduzir o tempo
necessário para realização, reduzir o consumo de itens utilizados nas atividades, etc.
• Passo 6: segundo observado durante a pesquisa, o objetivo desse passo consiste na
ampliação das responsabilidades dos operadores, expandindo para além do
equipamento ou processo produtivo para as áreas ao seu redor. Assim de acordo com o
desempenho dos funcionários envolvidos com a MA, o coordenador responsável
seleciona dentre os membros, pessoas que integrarão outros comitês dentro da
empresa como, por exemplo : segurança e meio ambiente e atividades de proteção ao
cliente. No caso verificou-se que a maior parte dos grupos de produção envolvidos no
passo 6 são os líderes de produção, uma vez que esses não seguem um rotina
específica diária, entretanto, a medida que as avaliações de desempenho são
realizadas, alguns operadores começam o passo 6 dado o potencial para atingir a
função de líder de produção em pouco tempo. Nesse passo o pilar de E&T planeja e
executa cursos relacionados as normas que a empresa segue relacionadas a segurança,
no caso OSHAS 18000 e ISO 14000. Além disso, os envolvidos no passo 6 são
capacitados e incentivados a atuarem em times focados na solução de problemas de
processo de produção, ampliando para além do equipamento.
Avaliando-se as atividades realizadas pela empresa estudada, verifica-se que essa além
de considerar as proposições teóricas, a empresa direciona o foco ao treinamento de futuros
líderes de produção como forma de caminhar para o passo de auto-gestão (passo 7). Dessa
forma, esses líderes em potencial são treinados de forma que tenham uma visão mais
ampliada do funcionamento da área de produção no qual o mesmo está inserido, em termos,
de fluxo de materiais, as questões pertinentes a saúde e segurança no trabalho, além dos
fatores técnicos de sua área, sendo esse, portanto um diferencial em relação as propostas na
literatura.
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Embora a literatura considere o passo 7 da MA, é possível verificar que de alguma
forma esse passo seja o estado ideal desejado pelo TPM para a MA, que exige portanto, o
rompimento com padrões de trabalho já estabelecidos e regulamentados. Assim, com base no
caso, percebe-se que a viabilização do passo 7 exige mudanças significativas na organização
do trabalho, não tratada até então nas pesquisas sobre o assunto.
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Gerencial, 1998.
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