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Este trabalho discute a interface empresa - universidade e a gestão da tecnologia em pequenas e médias empresas tradicionais do
setor de manufaturados, com base e m modelo conceitual simplificado e em pesquisa de campo, dentro do contexto atual de
globalização do mercado. Constatou-se a importância da existência de um modelo de relação interorganizacional, qu e colabore
na otimização dos resultados das pesquisas apli cadas na universidade e disponha de mecan ismos de colaboração com aqu e las
empresas, visando à prática e difusão da gestão da tecnologia e parceria no desenvolvimento de produtos. Com base no modelo
proposto em Silva(1999), através do COD - Centro Operacional de Desenvolvimento, o trabalho analisa vários aspectos da
interface empresa - universidade e da gestão da tecnologia em empresas.
Palavras-chave: cooperação empresa-universidade; gestão da tecnologia; PMEs.
This paper discusses the interface enterprise-university and the manufacturing traditional smal/ and medium enterprises. It attempts
to analyze, through a simplified conceptual model and field research, the research in the university and the technology management in
those industries, at the context of globalization. It was detected the importance to improve a inter-organizational model to optimize
the researches in the university and the mechanisms of col/aboration to those enterprises, with respect to the diffusion of practices in
technology management and partnerships in integrated product development. It was proposed, based in Silva(1999), the DOC-
Development Operational Center as an adequate management model to that industry-university interface.
Keywords: industry-universitycooperation, technology management, SMEs.
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mecanismos que as auxiliem nesse campo, como fator de A otimização dos investimentos em P&D tem sido um
sobrevivência no mercado. paradigma tanto para as universidades como para as
empresas. A competitividade da indústria japonesa a
o presente trabalho analisa aspectos da interação empresa- partir dos anos 70, e mais recentemente de outros países
universidade correlacionados à gestão da tecnologia em
asiáticos, a dissolução do bloco soviético, e outms
pequenas e médias empresas, através de alguns conceitos e
aspectos, contribuiu para aquilo que se convencionou
pesquisa de campo em empresas e universidades, chamar de "globalização", abrindo o mercado para as
utilizando o modelo proposto em Silva (1999). grandes empresas dos países centrais. As empresas que se
adaptaram a essa nova configuração, cognominadas de
_ 2. Revisão Bibliográfica "empreendimento ou empresas de classe mundial",
segundo a classificação de Merli (1994), expandiram a
A interface empresa-universidade vem sendo pesquisada gestão da qualidade com a abordagem cliente-
com maior intensidade nas últimas duas décadas, fomecedol; no contexto de "comakership". Na década de
visando aplicabilidade dos conhecimentos gerados na 90, como abordam Silva; Plonski (1999), "com o
comunidade. Segundo Zagottis (1996), "os contratos de nivelamento dessas empresas em aspectos de qualidade e
pesquisa e desenvolvimento são importantes nesse produtividade, começa a despontar outra dimensão de
contexto", onde, de acordo com Silva(1999) "essa competitividade relacionada à gestão da tecnologia". As
interface tem perspectivas importantes na gestão da conseqüências dessa conjuntura se refletem nas
tecnologia de produtos/processos e na geração de novos pequenas e médias empresas de todos os países, onde
produtos e processos, sobretudo no setor de essa nova forma de gestão tem se tomado um verdadeim
manufaturados em pequenas e médias empresas". paradigma. Segundo Kruglianskas (1996), em sua
análise de pequenas e médias empresas, "pOl' detrás
Em sua análise da universidade européia, projetada para
dessas dimensões estão as tecnologias de gestão da
as universidades brasileiras, Durham (1990) indica
empresa, interna e externamente, e as tecnologias dos
alteração das demandas com "a diminuição dos recursos produtos e processos". Com a dimensão tecnologia se
orçamentários para as universidades, o estímulo às
agregando como fator de competitividade, a
relações com o setor produtivo e a ampliação de processos universidade tem a oportunidade de desempenhar
de avaliação". Apesar dos esforços nessa direção, a parceria importante junto ao sistema produtivo,
complexidade dessa interface ainda prevalece nos dias principalmente em países em desenvolvimento. Por
atuais, pelas dificuldades nas relações
outm lado, como relatam Moraes; Stal (1994) o meio
interorganizacionais. A maioria das pesquisas aplicadas, universitário deve compreender que "a capacitação
nas universidades, de acordo com Silva(1996), é
tecnológica e a inovação tecnológica são fundamentais
desenvolvida sem a participação de empresas,
para a competitividade, e que as empresas são os
caracterizando-se mais como "atividade fim" do que
principais agentes de P&D, em função de que sua
como "atividade meio". Segundo Meneghel; Gomes motivação primordial é o lucro".
(1996), os projetos com recursos públicos desenvolvidos
pela Unicamp-Universidade Estadual de Campinas-SP Na interação empresa - universidade a dimensão
no período 1982 a 1995, "ainda representavam 92,7 % do informação é relevante, envolvendo dados de
total investido naquele período". Nos Estados Unidos, a mercado, empresas, tecnologias, produtos, recursos
situação é similar, embora em outra ordem de grandeza. humanos e materiais, fornecedores, consumidores,
Apesar dos esforços da National Science Fundation - agências de financiamento , além dos resultados das
NSF, os problemas das relações interorganizacionais pesquisas na universidade. Todavia, a informação
ainda persistem, além de aspectos éticos, de legislação, de tecnológica não é facilmente acessada nesses sistemas
direitos autorais, de gestão etc., como assinalam Bowers de informação, pois exige decodIficação. Um trabalho
(1991) e Streharsky (1993) . Na realidade, como assinalou que vem sendo conduzido com relativo sucesso nesse
Silva (1999), "a maioria dos investimentos em projetos de campo é aquele desenvolvido no lnstitute for
pesquisa aplicada, conduzidos em universidades, muitas lnnovation and Transfer da University Karlsruhe,
vezes bem sucedidos internamente, não têm se Alemanha, fazendo uso de rede ("netwol'k")
materializado em benefício do sistema produtivo e da interdisciplinar através do "Software Laboratory
comunidade, quer seja no Brasil ou Exterior". Karlsruhe", de acordo com Link(J997).
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Silva, }. C. T.; Rodrigues, }. S, - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
--~----~--~~----------~-------------------------------------------------- r GDUCAO
Centro
Operacional
de
Desenvolvimento
COD
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PRODUÇAO --------------------------------------------------------------------------
A dimensão industria da Figura 2 incorpora aspectos da universidade, além das atividades de ensino
gestão da tecnologia em empresas e de interação empresa - relacionadas, e atividades de extensão. Nessa dimensão
universidade, dentro do campo de tecnologia aplicada, ou foram incluídos também os órgãos de cooperação
seja, envolvendo principalmente as áreas de engenhan'a das universidade - empresa das universidades.
universidades, sempre sob o ponto de vista das empresas
tradicionais pesquisadas no setor de manufaturados. Tanto no que se refere à dimensão indústria, como a
dimensão universidade, durante a análise dos resultados
A dimensão universidade da Figura 3 que segue da pesquisa de campo, procuraremos destacar os
incorpora aspectos das atividades de pesquisa da aspectos mais relevantes dessas dimensões.
DIMENSÃO INDÚSTRIA
Aspectos da Gestão da Tecnologia
Planejamento estratégico de tecnologia na empresa
Planejamento estratégico de produto / mercado na empresa
Importância atual no mercado da empresa das tecnologias de produto e processo
Relevância atua l do desenvolvimento de produtos para a empresa
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Silva,}. C. T.; Rodrigues, }. S, - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
----------~--------------~------------------------~-------------------- PRODUCAO
DIMENSÃO UNIVERSIDADE
Atividades de Pesquisa
Tomada de decisão para uma pesquisa I Planejamen to I Elaboração da proposta de projeto
Moddo de pesquisa linear e não-linear / Pesquisa disciplinar e m ultidisciplinar
Atividades de Ensino
Aplicação I Integração da experiência em pesquisas em atividades de graduação e pós-graduação
Avaliação das red~s d~ informação disponíveis para pesquisa ~ ohtenção d~ dados ~xUrnos
Divulgação das atividades dos órgãos de cooperaçao e sistemas de infonnação interna e externa
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Um esquema geral da gestão da tecnologia em de prospecção e/ou desenvolvimento. Essa fase poderá
empresas é apresentado na Fig. 4, onde temos a contar com apoio do COD no caso de desenvolvimento e
intelface empresa-universidade envolvendo parceria em da universidade quando envolver projetos parceria de
pesquisa, otimização e desenvolvimento de novos pesquisa dentro do modelo não lineal; culminando com
produtos/processos. O COD também desenvolve outras o desenvolvimento, fabricação e lançamento do novo
funções correlacionadas, como a dzfusão de informações, produto.
o treinamento de pesquisadores e profissionais de
empresas em gerenciamento de projetos de pesquisai As opções de adquirir ou desenvolver tecnologias
desenvolvimentu, visando difundir a prática moderna de competitivas para produtos e processos definem a
desenvolvimento de produtos. Em função da política da empresa no campo da gestão da tecnologia.
disponibilidade ou não das tecnologias de produto e de Um aspecto importante nesse campo, visando
processo, a empresa deve estabelecer políticas e se minimizar riscos, é a análise da vulnerabilidade
envolver com uma série de procedimentos para ambas as tecnológica para produtos e processos, face à
alternativas. No caso de tecnologias disponíveis, sua concorrência, envolvendo situações como as indicadas
reavaliação com relação a aspectos de competitividade de na Figura 5 que segue, e adotando retaguardas diversas,
mercado, de meio ambiente, conservação de energia etc. entre elas o registro de propriedade industrial. O termo
Quando da não disponibilidade das tecnologias para um vu lnerabilidade "baixa" é tempora l e praticamente
novo produto e/ou processo se inicia os procedimentos inexistente.
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• Benchmarking
• Disponibi lidade de Tecnologias
•
Cópia
Aquisição ...
~
Não
ProdutosIProcessos
na Empresa
Sim
... ProdutoslProcessos
• Licenciamento Existentes
• Joint-Veuture
• Desenvolvimento
• Vulnerabilidade [ Parceria COD/Empresa! Universidade
• •
Novos ProdutoslProcessos
./
. ....
~
Meio Ambiente /
Conservação de Energia
...
• Otimização Produtos/Processos
...
Figu ra 4 - Aspectos da Gestão da Tecnologia na Interface Empresa - Universidade
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Silva, }. C. T. ; Rodrigues, j. S. - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
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Tecnologia ProcesSE>-
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Dominio Público Proprias Patenteadas Terceiros
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PRODUCAO ------------------------------------------------------------------------------
Vendas/Producao
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Dificuldades Desenv. - I' > ;" > , ,. I Capacitacao Tecnologica
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Dificuldades Desenv, - I' /,
Financeira
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Silva, j . C. T. ; Rodrigues, }. S. - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
------------------------------------------------------------------------------ rRJDUCAO
Os gráficos anteriores por si só demonstram o estágio questões específicas nas áreas de tecnologia e
atual em que se encontra a maiO/ia das organizações desenvolvimento de produtos. No campo de
pesquisadas, ou seja, limitações em vários aspectos "planejamento e gestão" constatou-se limitações em
correlacionados à gestão da tecnologia, apesar da nível estratégico, para produto/mercado, para tecnologia,
importância atual dessa área para as empresas para avaliação de riscos, para acesso a sistemas de
americanas, japonesas e européias, como relatam informação, e para treinamento de pessoal, além da
Etzkowitz; Leydesdorff(J998) e Roberts(J995). Na Figura centralização na alta administração. No campo "aspectos
6 os intervalos de confiança, relacionados à prática de estruturais" constatou-se também limitações em aspectos
planejamento estratégico de tecnologia nas empresas, organizacionais, em recursos computacionais, em
estão entre pouco e regular na escala ordinal utilizada. recursos para desenvolvimento e treinamento de pessoal;
preocupação com a pós-venda como um fator positivo.
No campo da interação empresa-universidade, a análise
No campo "processo de desenvolvimento", devido às
do levantamento "survey" indicou os dados apresentados
limitações no planejamento, constatou-se pouca
nas Figuras 11 e 12 onde se constata interesse das
integração entre tecnologia e aspectos de produto/
empresas em algumas áreas de formação da universidade,
mas por outro lado, outros dados indicam pouca prática mercado, o que poderá significar projetos de altos riscos,
em projetos-parceria de pesquisa com a universidade. de acordo com a concepção de Wheelwright;
Clark(J992). O desenvolvimento de novos produtos não
As entrevistas semi-estruturadas do projeto de pesquisa é atividade rotineira para essas organizações e existindo
qualitativa foram conduzidas em 15 empresas, após a muitas limitações em capacitação tecnológica e na área
análise do "survey", permitindo o direcionamento de de marketing. Todas as empresas consideraram
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A formalização de uma proposta de projeto de pesquisa As entrevistas com os órgãos de cooperação universidade
depende essencialmente do pesquisador que tomou a - empresa das universidades não procurou delinear
decisão de conduzir aquela pesquisa e das características tendência, mas principalmente as dificuldades desses
do projeto, como recursos necessários, recursos setores nas atividades de interface entre os meios
disponíveis e fontes de financiamento . Os pesquisadores acadêmico e empresan·al. A vinculação à alta
indicaram dificuldades na escolha da agência de administração da universidade gera dependência da
fomento e suas linhas de financiamento, no política predominante, função das várias cO/,entes de
preenchimento das propostas muitas vezes complexas, e pensamento ou filosofias existentes dentro do meio
no trâmite burocrático, mesmo para os projetos acadêmico. Pode-se dizer que as dificuldades desses
financiados com recursos "sem retorno" das agências, setores envolvem duas dimensões: "interna" e
geralmente dentro do modelo linear. A complexidade "externa". Na dimensão interna destaca-se a
aumenta para projetos-parceria envolvendo organização funcional e a limitação no gerenciamento
universidade e empresas, através de financiamento de da informação e comunicação, fatores esses relevantes
recursos "com retorno" total ou parcial. para suas atividades. O acesso à informação de projetos
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PRODUCAO --------------------------------------------------------------------------
parceria está diretamente interligada à prospecção
de pesquisa em andamento ou concluídos, dentro da
interna de disponibilidades e competências, e somente
universidade, não tem sido uma tarefa simples, apesar
poderá ser bem sucedida através de pessoal com perfil
de fundamental para suas atividades. O gerenciamento
profissional adequado. Esse perfil deve ser uma
da interface de projetos-parceria tem sido problemático,
composição de empreendedor, pesquisador e de relações
em função dos interesses peculiares da universidade e
industriais e institucionais, dificilmente encontrado na
das empresas, envolvendo dificuldades como:
problemas de credibilidade mútua; não cumprimento universidade.
de contratos; imediatismo das empresas; burocracia As principais categorias de cooperação, ordenadas
mútua; manejo das relações entre o pesquisador e quantitativamente, envolvem: consultorias, informações
pessoal da indústria; negociação de direitos de técnicas, cursos de curta e média duração, laudos
propriedade industrial; despreocupação dos técnicos, projetos-parceria de pesquisa, análise de
pesquisadores em relação à propriedade intelectual; invenções. O projeto-parceria ainda é pouco praticado
conflitos nos direitos dos resultados do projeto; e linhas dentro das universidades consultadas, e de acordo com
de financiamento para os projetos, entre outras. Nesse um dos coordenadores entrevistados, menos de 1% dos
contexto, um aspecto relevante que já abordamos pesquisadores tem participação nesses projetos, embora
anteriormente, é que a maioria dos resultados das
haja interesse.
pesquisas desenvolvidas ainda está em forma de
"protótipos de laboratório ", sem análise conjuntural e de Os projetos-parceria de pesquisa geralmente são
pré-viabilidade de desenvolvimento, etapas essas acionados pelas empresas, ou por indicação do
essenciais para viabilizar a negociação com as indústrias pesquisador, envolvendo em sua maior parte as médias e
através desses órgãos. Constatamos esforços desses grandes empresas, com a utilização de recursos oriundos
órgãos, nas três universidades, em agilizar suas em parte de incentivo fiscal, fundo perdido, ou com
atividades, visando melhorar os serviços prestados para juros reduzidos. A pesquisa, em sua maioria, é
os docentes, através de bancos de dados via Internet, em conduzida e coordenada pela universidade, até o
áreas de legislação de propriedade industrial, incentivos chamado "protótipo de laboratório" ou similar. Os
fiscais para a pesquisa, treinamento de pessoal para entrevistados indicaram que a eficácia (tempo/
cooperação, padronização de procedimentos para qualidade) na execução desses projetos pode ser
projeto-parceria, ou seja, voltados em sua maior parte considerada média. Os direitos de propriedade
para o ambiente interno. Na realidade, esses órgãos industrial, resultantes da pesquisa, seguem a legislação
ainda não conseguiram ampliar sua atuação no meio vigente nesse campo e alguns aspectos peculiares de cada
acadêmico, envolvendo também aspectos de universidade, pois envolve a instituição e o pesquisador,
comunicação e credibilidade. Assim, há necessidade de podendo também envolver a empresa quando de
reavaliação do valor agregado das atividades desses projetos - parceria. Quando os contratos entre as partes
órgãos dentro da interface universidade-indústria, tanto não abordam claramente esse aspecto, podem ocorrer
para a universidade, como para as indústrias, tendo em conflitos de interesses.
vista a dinâmica do meio ambiente externo atual.
Ao serem indagados se tinham conhecimento, nos
Na dimensão externa, o gerenciamento da informação e últimos 2(dois) anos, de algum produto desenvolvido
a comunicação também são fatores relevantes, por parceria empresa-univC1"sidade, que tenha resultado
principalmente dentro do modelo onde a parceria é em sucesso comercial, os entrevistados informaram
acionada pelas empresas. A disponibilidade de sistemas desconhecer ou não dispor de dados. Por outro lado, em
de informações seletivas é limitada, recaindo quase um período maior, informaram que alguns projetos de
sempre na Internet, apesar da indicação de que a metade pesquisa resultaram em desenvolvimento de novos
das médias empresas e a maioria das pequenas empresas produtos, tanto no modelo linear como não-linear.
ainda não esteja conectada. Ademais, o perfil do
profissional para gerenciar a interface universidade- Por último, similarmente ao que acorreu com as
empresa, apesar de sua importância, ainda é entrevistas com pesquisadores e empresas, foram
problemático, tanto do lado da universidade, como das apresentados os aspectos preliminares do modelo de
empresas. A prospecção externa de oportunidades de gestão relacionado ao COD. Os entrevistados
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Silva, }. C. T.; Rodrigues, }. S. - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
--------------------------------------------------------~------------------------ PRGDUC~O
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'r~~ucp~ ----------------------------------------------------------------------------------
pesquisas, certamente estão operando no modelo lineal; desenvolvimento regional, tendo como resultado final a
considerando como fim o "final da pesquisa ", e não geração de capacitação tecnológica e competitividade das
considerando pesquisa como "atividade meio" visando o empresas, aspectos estes importames na economia
uso do conhecimento pela comunidade. Em outras globalizada, não só para o setor de manufaturados como
palavras, "o resultado de uma pesquisa é informação, e também para outros setores, como por exemplo em
essa informação não está se transformando em processos contínuos e bens de capitais. Acreditamos que
conhecimento, pois não é usada pela comunidade". as agencias de fomento à tecnologia precisam fazer uma
auto-avaliação, e refO/mular suas políticas para um
Dentro desse contexto, o "modelo central" sugerido para mundo globalizado onde a linearidade não mais existe
esse sistema se concentra na relação interorganizacional no campo da tecnologia.
empresa-universidade, o qual designamos de COD-
Centro Operacional de Desenvolvimento, cuja função
plincipal é executar e gerenciar o processo de 6. Bibliografia
desenvolvimento de novos produtos/processos em
BOWERS, L. J. University-industlY technology transfere basics
parceria com as empresas, principalmente de pequeno e pn·nciples. SRA foumal, v.23, 1991, p. 53-56.
médio porte, cujo detalhamento é apresentado em
Silva(1999). Quando da não disponibilidade de BRYMAN, A. Research methods and organization studies.
tecnologia, poderão ser gerados projetos-parceria de Londres, Unwin Hyman, 1989.
pesquisa empresa-universidade, cujos resultados serão
DURHAM, E.R. Avaliação e relações com o setor produtivo.
aplicados no processo de desenvolvimento COD- Revista Educação Brasileira, v.12, n.24, 1990, p.37-64.
Empresa. O COD não é um centro de pesquisa
cooperativa, pois não desenvolve ou executa pesquisa ETZKOWITZ, H. ; LEYDESDORFF, L. /t triple helix of
tecnológica, mas um centro de desenvolvimento que university-industry-govemment re/ations: introduction".
inicia o seu processo a partir da já disponibilidade de Industry & Higher Education, v. 12, n. 4, 1998, p.197-
258.
tecnologias, novas ou existentes, visando incorpora-las
em um novo produto ou novo processo de valor GAZZINELLI, P A tecnologia como fator de competitividade
comercial. Essa constitui a principal dIferença, e nas empresas. ABM News, Associação Brasileira de
fundamental, entre o COD e os centros de pesquisas Metalurgia e Matellais, ago. 1999, São Paulo.
cooperativos IUCRCs ou ERCs dentro das
GEISLER, E. Organizational and managen·al dimensions of
universidades públicas americanas.
industry-university-govemment R &D cooperation : a
Outros aspectos importantes da gestão da tecnologia na global perspective. Cleve/and-Ohio, Case Westem Reserve
University, mOI: 1995.
empresa também poderão contar com o apoio do COD,
como o treinamento de gerentes para desenvolvimento, a GRIGG, T. Adopting an entrepreneun·al approach in
prospecção e informação tecnológica, além da universities. foumal of Engineering and Technology
intermediação de consultoria da universidade em Management, v. 11, n. 3 e 4, 1994, p.273-98.
dIferentes áreas. Em nível de universidade agt'ega-se a
HA YES, B. E. Measun·ng CllStomel" satisfaction : development
prospecção e análise dos resultados de pesquisas
and use of questionllOires. Wisconsin -USA, ASQC
concluídas pelo modelo linear, a divulgação interna e Quality Press, 165p., 1992.
externa ao Campus, e o treinamento de pesquisadores
em gerenciamento de projetos, além de outras atividades KRUGLIANSKAS, I. Tomando a pequena e média empresa
correlacionadas às oportunidades de desenvolvimento competitiva. São Paulo, Instituto de Estudos Gerenciais e
de projetos-parceria de pesquisa com empresas. Em Editora, 1996.
nível de empresa a difusão da prática moderna de LINK, N. Transferência de Tecnologia. Seminário na Escola
desenvolvimento, treinamento de gerentes de Politéc/lica, Departamento de Engenhan"a de Produção -
desenvolvimento, e intercâmbio de informações em US?, São Paulo, jul. 97.
ciência e tecnologia.
MENEGHEL, S. M.; GOMES, E. J. Re/ações da FU/lcamp
Essa interface poderá incentivar o modelo de pesquisa com O meio externo /lO período 1982-1995. In: Simpósio
não linear nas universidades e colaborar com o de Gestão da bzovação Tecnológica-US?, 19., São Paulo,
1996. Anais, v.l, p.598-610.
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Silva, }. C. T; Rodrigues, }. S. - Interface Empresa-Universidade e a Gestão da Tecnologia
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