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Quando subimos aquelas ladeiras que davam acesso a locais que não tinham poste de luz,
pavimentação e saneamento básico, começamos a refletir sobre as condições de vida
dessas pessoas, que em suas moradias se encontravam muito afastadas de serviços como
escolas, hospitais ou mercados. Algumas das alunas tinham conhecidos no local e trocaram
algumas palavras sobre não terem permissão para acessar determinados locais, pois esses
eram basicamente controlados por pessoas que estavam envolvidas no crime. Víamos
poucas pessoas nas ruas, mas as que víamos, ficavam um tanto quanto desconfiadas, pelo
menos até perceberem do que se tratava. Muitos se emocionavam, pois estavam
precisando de um quilo de açúcar, ou não tinham o que preparar para o jantar. Alguns
praticamente não tinham nada para comer em casa.
Iniciamos então as entregas. Uma parte dos alunos descia da kombi carregando as
mercadorias enquanto normalmente uma dupla chamava o morador ou moradora para
receber os produtos. Quando essas pessoas de vestes humildes saiam de suas casas, que
muitas vezes estavam rodeadas de plantas, se alegavam imensamente pela gratidão
daqueles estudantes. Nas primeiras casas, os questionamentos embora existissem, não
eram tão presentes, mas foram se intensificando à medida que fomos subindo a ladeira e
fazendo as entregas.
Chegaram então a um ponto em que se sentiram na necessidade de explicar que não se
tratava de algum "agrado de político", mas sim de uma simples ação social promovida por
uma faculdade. Isso aparentemente tranquilizava as pessoas e nas palavras dos alunos era
mas por uma simples desconfiança política do que por algo em específico.