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Os médiuns que se acham demais

Texto adaptado do original de Cristina Alves - Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira

"Todo o médium precisa de ter a noção que há que ter sempre presente a
humildade acima de tudo.
De entre muitos os existentes, poucos são os médiuns que tem coroa de chefia, ou
seja a missão de um dia abrir uma casa, essa missão já vem do astral, nasce com a
pessoa e não se recebe durante o caminho da vida, não é algo que se receba por
capricho, isso não é para todos, ou por exemplo, todos os os frequentadores e
adeptos da igreja católica vão ser padres?! Claro que não. Seria um absurdo
pensar o contrário.

Ou todos os frequentadores e adeptos de uma outra igreja vão ser pastores ou


dirigentes?! Claro que não.
O mesmo se passa nas casas de santo. Nem todos irão ser Pais ou Mães de Santo,
senão um dia haveria mais dirigentes que fieis...
Portanto, isso é um assunto muito importante, que os novos médiuns precisam de
ter noção. A responsabilidade de ser dirigente é muito grande, é uma missão muito
nobre, mas tem linha muito curta. Um retorno muito grande, tanto pela positiva
como pela negativa... Não se brinca aos Pais de Santo... Pois hoje em dia e
infelizmente, ve-se por ai a abrir casa, médiuns que se acham que são em vez de o
ser, médiuns que nem para eles sabem, quanto mais ensinar os outros, médiuns
que pensam por andarem á algum tempo na religião já tem perfil e missão do
astral para abrir casa, médiuns que se acham tão bons que não querem trabalhar
em terreiro algum, não aceitam cumprir as normas e regulamentos nas casas em
que pisam pondo defeitos em tudo, desde o dirigente ao mais novo na casa, viram
verdadeiros nômades, ficam 3 meses num terreiro, 6 meses em outro, e assim por
diante, não conseguem passar de 1 ano numa casa fixa, não conseguem manter
raízes, criar uma história, uma herança...

Vê-se inclusive, médiuns que nem sequer tem mediunidade de incorporação, ou


seja tudo o que incorporam é animismo, é mental deles próprios, pois desejam ser
uns grandes médiuns e se obrigam a eles próprios a ser o que não são de verdade.
E pior, ainda há aqueles que nada conseguem ser nas casas que frequentam e
saiem procurando por ai algum Pai ou Mãe de Santo que a troco de umas patacas
lhes fazem "feituras" e saem logo no dia seguinte Pais e Mães de Santo como por
milagre, mas para piorar ainda, esses que nada incorporavam em casas de
Umbanda, fazem essas feituras contra-reembolso nos Candomblés e retornam
abrindo casas de Umbanda... e ai, já se fazendo passar por grandes e respeitosos
médiuns...
Isto infelizmente ve-se por ai em muita esquina deste Brasil e bem possivel também
já se tenha espalhado além mar."

"No tema de hoje, eu quero trazer uma reflexão, eu acho que todo mundo já se deparou
com o perfil do nosso tema de hoje, aquele médium que nenhum terreiro é bom o
suficiente para ele.

Vamos chamá-lo de o Médium X, o nosso amigo em questão, ele possui características


bem distintas, em todo terreiro que ele vá visitar, ele sempre gosta de frisar, sua
mediunidade incrível, sua vidência extraordinária, os feitos inacreditáveis de suas
entidades, ele chega no terreiro que está visitando como se estivesse vendendo um
produto ou uma marca extraordinária, faz uso de um marketing agressivo, gosta de
impressionar a todos.

A gente sabe que há vários tipos de dirigentes desde os mais espertos até os mais tolos,
desde os que tem conhecimento, até aqueles que pensam que o tem, isso é um fato.
Para um dirigente mais crédulo ele irá acreditar piamente no X, e poderá até pensar,
nossa que máximo se esse médium entrar na minha corrente, será de suma ajuda, estou
precisando de médiuns assim, negligenciando talvez alguns pontos que o nosso irmão X
mencionou e destacou em suas próprias palavras.

Já um dirigente, um pouco mais astuto, e sábio, irá ver nosso irmão X com olhos um
pouco mais cautelosos, diria até caritativos, amorosos, suas tão formidáveis qualidades,
provavelmente irão ceder espaço e chamaram atenção para a vaidade, a arrogância e o
orgulho, características bem problemáticas para qualquer médium.

Em sequência no decorrer de uma boa conversa, o dirigente provavelmente irá


perguntar de sua trajetória, e logo nosso irmão X se arma como um pavão de penas
coloridas, vejamos algumas falas:

” Na casa do Pai Fulano de tal onde trabalhei é uma bagunça, o tal pai de santo
não sabe nem para ele, eu tinha que ficar ali corrigindo, senão coitados dos
médiuns, e eu chamava a atenção dele na frente de todo mundo mesmo, para ele
passar vergonha, onde já se viu.”

Sabemos e temos plena consciência, que com essa nova moda de virar Pai e Mãe de
Santo, que muita gente anda aparecendo completamente despreparado para estar
conduzindo uma casa religiosa e muito menos a mediunidade e espiritualidade alheia,
isso é um fato realmente verdadeiro.

Pode acontecer de um médium entrar para dentro de um terreiro e saber coisas


que o dirigente não saiba, claro, porque veja já vi médiuns com seus 30 anos de
mediunidade trabalhando singelamente como médiuns de trabalho, não quiseram
abrir suas próprias casas, ao contrário do que todo mundo pensa nem todos os
médiuns por melhores e aplicados que sejam possuem a missão e condições de
serem dirigentes e nem por isso deverão ser vistos com menos valor ou tratam seus
dirigentes com arrogância.

Mas todo professor sabe ensinar, tem paciência, tem sabedoria de mostrar conhecimento
sem ostentação, é humilde, fatores ai que faltou no nosso irmão X.

O diálogo sempre tem que ser construtivo e não prepotente.


Apesar de saber que muitos dirigentes por aprenderem errado não se abrem ao diálogo
sadio, não se permitem a troca. Melindrosos, não permitem que ninguém os ensine,
SABEM DEMAIS em sua convicções, e perdem a chance de mostrar de uma forma
inteligente o que sabem e de aprenderem também.

Tem uma frase que gosto muito e que cabe muito bem nessa questão que diz assim:

“Com carinho e gentileza me levas na boca do Inferno, mas com gritos e grosseria não
me levas nas portas do Céu”.

Muito ensinamento fica perdido, inutilizado porque as pessoas não sabem ensinar,
querem apenas impor.

“MEUS GUIAS NÃO SE ADAPTAM EM TERREIRO NENHUM”

Eu falo para vocês como dirigente, é muito triste ouvir ou ler uma declaração onde um
médium fala uma coisa assim, porque denota um desconhecimento tremendo, quantos
bons médiuns a gente não vê trabalhando até em casas desequilibradas, onde a presença
dos seus guias são fundamentais para aquele grupo e que com o tempo seus guias vão
ajudando a reequilibrar a egregora da casa, ou porque querem mostrar a seus pupilos
ensinamento que só com o exemplo pode ser obtido? Pois é.

Guias e mentores não possuem esse tipo de vaidade, fora que um espírito para não se
adaptar em lugar algum o problema não é com a casa, é com o médium e com a ordem
de espíritos que ele anda se sintonizando, fora que denota uma arrogância e prepotência
enorme desse médium como se não houvesse casa boa suficiente para ele.

E muitas vezes são oriundas de médiuns, e espíritos não muito idôneos que não aceitam
ordenança, doutrina, médiuns desequilibrados.

“TODA CASA QUE ENTRO, ME ENVOLVEM EM FOFOCAS E NÃO CONSIGO


PERMANECER”
Fofoca é uma via de mão dupla se você se envolveu é porque você consentiu, estava ali
no meio da roda.

Alguns médiuns falam isso, mas quando você vai buscar informações, ele pode até não
ter dito nada, mas estava ali no meio ouvindo tudo, se colocando a par do ibope da
semana, então ele foi tão maledicente quanto.

O pior que o perfil desses médiuns é daqueles que nada falaram, mas são o
primeiro a ir levar para o dirigente.

São os famosos puxa sacos, destrutivos e leva e trás. Usam os outros como degrau.

Essas são apenas três situações bem corriqueiras, mas há várias outras:

Médiuns extremamente anímicos, que literalmente passam a carroça na frente dos bois,
como bem diz o ditado.

Mistificadores, que um dia já foram realmente bons médiuns mas que se deixaram
corromper pela vaidade, arrogância, ganância.

Médiuns com más posturas, mal educados, com falhas graves de doutrina, não
conseguem seguir regras e normas.

Orgulhosos não aceitam serem criticados, estão acima de qualquer questionamento


quanto as suas maravilhosas qualidades mediúnicas.

As vezes um conselho, nem diria uma critica, pode salvar todo o caminho de um
médium, evitando que ele se perca em sua missão.

E tem aqueles que se acham tão bons que não querem trabalhar em terreiro
algum, viram verdadeiros nômades, ficam 3 meses num terreiro, 6 meses em outro,
e assim por diante, não conseguem passar de 1 ano numa casa fixa, não conseguem
manter raízes, criar uma história, uma herança.

Se esquecem que para ensinar é preciso aprender, que para ser bom pai e mãe é
preciso ser bom filho.
Em toda casa que vão, não pode começar a tocar o atabaque que eles já começam a
querer espiritar, “são tão bons”, mas não possuem firmeza,controverso, fazem da casa
alheia uma verdadeira descarga de suas energias negativas, nada contra, todo bom
terreiro é para cura de quem está adoentado, é um hospital. O grande problema não é
nem esse, o problema é que não admitem estarem passando por momentos de
desequilíbrio espiritual, imaginem são tão bons, como assim? tratamento,
acompanhamento, fala sério, eu me garanto. Huumm será?

Por outro lado, em suas ignorâncias acham que recebendo seus guias vão mostrar para
os outros como eles são bons, trabalham bonito, são firmes.

Muitos até tem bons e excelentes guias mas se perdem na vaidade de suas arrogâncias.

Será que são firmes? será que essa palavra é adequada, um guia não precisa se mostrar
para ninguém. Pensemos.

Um detalhe interessante nesta questão, muitas vezes um guia vem em terra, para
descarregar seu médium, tem casos e CASOS, as vezes a entidade precisa daquele
choque anímico junto ao médium, mas … nem sempre é necessário, porque na
hora que o guia está dando o passe, o guia mentor daquele médium já está próximo
e o descarrega sem necessariamente ter que estar acoplando a seu médium,
principalmente se tratando de médium já firme e com um grau de
desenvolvimento bom, é mais comum ver isso em médiuns neófitos que ainda estão
no começo de desenvolvimento por não possuírem um maior controle de suas
faculdades mediúnicas.

Na realidade os bons médiuns sabem perfeitamente que não podem ficar dando
passagem para seus guias em tudo que é terreiro, muito menos permitem que
qualquer médium lhe traga seus guias em terra, questões de equilíbrio, doutrina,
vigilância.

Não se enquadra nessas questões é claro quando se trata de visitas em outras casas
religiosas, ai nesse caso o guia poderá vir em terra para prestigiar a casa daquele
irmão.

E temos aqueles que passam a dar passagem a seus guias em casa, isso já foi em várias
ocasiões falado que não é algo recomendável e aconselhável, por várias questões
espirituais, mediúnicas.
Um dos fatores correlacionados a isso, fora a vaidade e o comodismo, que dentro de
uma casa religiosa, de um terreiro tem todo um amparo, e olha que mesmo assim, vira e
mexe é um choque energético nefasto que pode surgir, toda casa está sujeita a isso mas
para isso temos nossas firmezas e sustentações, a nossa egregora espiritual que irá estar
de prontidão.

Agora imaginem um médium que trabalha sem essa sustentação, sozinho, por mais boa
vontade que tenha, sem onde dissipar tanta carga energética, por mais que seus guias e
mentores sejam bons, ele com o passar do tempo irá virar um imã, adoece, e poderá a
vir necessitar de amparo extra espiritual, onde deverá ser socorrido por uma boa casa
religiosa, que irá lhe tratar, por essas e outras não é recomendável, deve ser evitado. E
todo bom guia e mentor sabe dessas consequências e não irá contribuir para o
desmantelar energético de seu médium. Isso se tratando de um médium experiente,
agora imaginem de um médium que nem bem desenvolvido foi e se acha em condições
de estar prestando atendimento.

O médium que fala que toda casa que ele trabalha, nenhuma casa é boa o suficiente para
ele, nenhum lugar é bom, duas ou uma, ou ELE É BOM MESMO, ou ele é um
FALASTRÃO.

Vamos analisar com cautela a frase acima, o médium quando ele é um


bomINSTRUMENTO MEDIÚNICO, primeiramente ele tem raízes, ele tem experiência
de chão de terreiro, tem estudo aprimorado, é idôneo, sério e comprometido, tem uma
cultura espiritual sustentável. Nesse caso a própria ordenança divina vai colaborar para
que esse médium tenha seu próprio axé ou seja bem aproveitado numa boa casa
religiosa, ele terá amparo, sustentação, missão e ordenança, e não fugira de suas
responsabilidades. Quando falo de tempo, estou falando de tempo preenchido e não de
caçambas vazias.

Agora quando você se depara com um médium com muito pouco do que está citado
acima, e quando questionado, tipo: “Você é tão bom, porque você não abre um terreiro
então para você” , e em seguida vem com ns. desculpas e argumentações e diz: não
quero isso para mim, ele no mínimo é um FALASTRÃO, porque sempre é muito fácil
criticar o trabalho, a missão alheia, o duro é arregaçar as mangas e se colocar em
serviço, infelizmente tem muito médium assim, que não sabe o quanto é difícil manter
uma casa religiosa nos dias de hoje, o lidar com o ser humano nunca foi e nunca será
uma tarefa fácil.
É fácil dizer que a carga está leve quando não é no nosso lombo que está pesando.

FALASTRÃO também se enquadra naquele médium que não tem nenhuma experiência
de chão de terreiro sustentável, nem estudo suficiente e bagagem mediúnica e espiritual,
e lá com seus 2 anos de desenvolvimento porque fez um cursinho, pegou um diploma e
se acha CAPACITADO para estar abrindo um TERREIRO DE
UMBANDA. Infelizmente é a nova moda do momento para que ser filho de santo se
pode pular etapas e ser pai e mãe de santo, se esquecem que em todo exercito para se
chegar a general se aprende a ser soldado primeiro, as consequências já estamos vendo,
médiuns sugestionáveis, extremamente anímicos, mistificadores, corrompendo
mediunidades e desequilibrando vidas.

É muita arrogância, muita petulância, se colocar acima dos próprios guias e mentores,
tem muito médium se achando guia em terra, muita vaidade que não combina com as
leis sagradas de Umbanda.

Médiuns chegando agora, questionando e modificando doutrinas antigas a seu bel


prazer. Doutrinas que foram pilares da Umbanda e hoje estão sendo consideradas
ultrapassadas.

O médium precisa ter senso crítico de antes de culpar o outro, apontar o erro, olhar para
si próprio e pensar, se ele é tão bom assim, porque não contribuiu, não agregou, não
fortaleceu. Não deixaram? pode acontecer, mas o bom médium é servidor da caridade
serviço não lhe falta seja onde for. Vamos procurar ser úteis.

É muito fácil querer e se achar acima do bem e do mal, agora fazer a diferença são para
poucos.

Médium bom é médium humilde, não precisa de marketing pessoal, a sua bondade,
o seu caráter, a sua índole fala por si mesmo. A sua obra é seu estandarte.

Médium bom é aquele que respeita o mestre, sabe ser discípulo dos guias e
mentores.

Médium bom é instrumento afinado com as leis disciplinatórias e doutrinárias.

Fala pouco e ouve muito.


Médium bom é honesto, sincero, caridoso, não é ostensivo, manipulador,
mercenário.

Enfim meus irmãos, quando se acharem muito bons, vejam e analisem para quem
realmente estão sendo bons, se para alimentar o vosso ego, ou para o bem e a caridade
pelas quais carregam suas missões mediúnicas e espirituais.

Sejamos úteis, prestativos, caritativos, nossa mediunidade não é para vaidades e


arrogâncias tolas, mediunidade estagnada, é como a água parada que fica turva e
poluída e atrai insetos e doenças. Pensemos.

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