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Alimentação Saudável do Bebê no Primeiro Ano de Vida

O aleitamento materno :

O aleitamento materno exclusivo é a alimentação ideal para todo lactente até o sexto
mês de vida. Além da nutrição, envolve vínculo, afeto e proteção contra doenças (anticorpos
da mãe e outras substâncias que regulam o sistema imunológico – de defesa – passam através
do leite materno para a criança). Teoricamente, deveria ser o único leite usado no primeiro
ano de vida, mesmo quando iniciar a alimentação variada. É recomendável ao menos até aos
dois anos de idade. Enquanto em aleitamento materno exclusivo, não é necessário a oferta de
água, sucos ou chás nos intervalos das mamadas. A mama deve ser oferecida no regime de
livre demanda, ou seja, quando o bebê sentir fome. Para que a produção de leite se mantenha
ou amente, é essencial que a mama seja esvaziada completamente, pelo menos em mamadas
alternadas. Isso pode ser conseguido dando apenas uma das mamas por vez ou esvaziando
completamente a primeira mama e complementando a mamada na outra, se necessário. Na
mamada seguinte, iniciar pela mama que não foi esvaziada completamente, repetindo o
processo anterior (esvaziamento completo).
Evitar horários fixos no início. Deixar o bebê sugar por livre demanda, colocando-o no
peito sempre que passar tempo suficiente e ele estiver no estado acordado-alerta ou
manifestar fome. Há algumas variações de bebê para bebê, porém a maioria comporta-se
desta maneira.
No primeiro mês, o recém-nascido mama de 8 a 12 vezes por dia. Entre 1 e 2 meses, ele
se adapta a um intervalo de aproximadamente 3 horas, mas sem muita rigidez, e mama entre
6 a 9 vezes ao dia. Nos primeiros meses, um bebê geralmente mama uma vez de madrugada, e
por volta de 2 a 4 meses já é possível um espaçamento de cerca de 6 horas sem mamar durante
a madrugada. Este fato pode ser atingindo deixando a última mamada da noite para o mais
tarde possível, pois assim atrasa-se a mamada “no meio da madrugada” até que fique umas 6
horas sem mamar. Isso sem engrossar uma mamadeira com leite artificial e e oferecer ao bebê.
Este assunto será abordado adiante.
Alguns sinais nos dão pistas que as mamadas estão sendo suficientes : 1) ganho de peso
suficiente 2) bom volume de urina (“fralda pesada”), trocas umas 6 vezes ao dia 3) dorme
cerca de 2 horas após a mamada 4) bom volume fecal 5) sensação de redução de peso da
mama após a mamada.
Aos seis meses, mesmo com aleitamento materno exclusivo, é obrigatória a variação da
alimentação. Ou aos 4 meses, caso haja impedimento absoluto à amamentação e a criança não
esteja utilizando as fórmulas infantis (Nan, Nestogeno, Aptamil, etc), e sim leite de vaca “in
natura”, seja de “caixinha” ou leite em pó integral comum, para uso geral.
Algumas intercorrências próprias das mamas da mãe podem ocorrer, como o
“endurecimento”, principalmente quando as mamas não são completamente esvaziadas nas
mamadas, o que deve ser feito entaõ através da ordenha manual. Massagens frequentes nas
mamas, principalmente onde haver nódulos ou áreas mais endurecidas também ajuda. Fazer
compressas frias ( gelo em saco plástico fechado ou bolsas de gel térmicas, e envoltos por uma
toalha de rosto) na mama afetada, por 10 a 15 minutos, ajudando assim a melhora do edema
(inchaço), uma possível dor local, e vitar banhos quentes e prolongados. Na presença de dor, a
mãe pode fazer uso do parecatamol como analgésico. No caso das “rachaduras” do mamilo,
inicialmente, o ideal é ordenhar a mama um pouco antes da mamada para que esta fique mais
macia. Usar o próprio leite materno como cicatrizante para as fissuras (rachaduras do
mamilo). Se possível, expor as mamas à luz solar matinal, caso tenha privacidade para isso,
por cerca de 10 minutos. Ajuda a cicatrizar os mamilos rachados. O uso, no passado, tão
comum, de cremes hidratantes nos mamilos, é controverso, porém algumas mães obtém algum
resultado. O ideal seria começar um creme à base de lanolina (Millar creme ou Memê creme)
no final da gestação e na amamentação uma vez ao dia, lavando ou retirando possíveis
vestígios com uma gaze bem embebida com água o mamilo antes da mamada posterior ao uso
do creme, desde que esse fique ao menos uma a duas horas “agindo’. Em relação à luz solar,
sempre antes das dez horas da manhã e nunca por mais de dez minutos ! Caso não haja
melhora, reavaliar com o médico pois pode ser necessário o uso de intervenção com medicação
tópica. Evitar usar por conta própria ou por indicações de “conhecidos”. A mastite
(inflamação/infecção da mama) é uma complicação mais avançada. Deve ser reavaliada pelo
médico pois pode ser necessária a utilização de antibióticas via oral.
Lembramos que a mãe deve manter uma ingestão de água frequente durante todo o
tempo, mesmo que não esteja com sede. Cerveja preta (Malzibier) não deve ser utilizada pois
além de não haver estudos que comprovem sua eficácia, o álcool da cerveja passa através do
leite materno ao bebê, podendo provocar depressão do sistema nervoso central.
Sendo necessária a ordenha, o leite obtido pode ser armazenado em recipientes
plásticos de boca larga, devidamente esterilizados com água fervente antes. O leite coletado
dura de 12 a 24 horas se guardado na geladeira ou por 15 dias se guardados no freezer. Na
necessidae óbvia de descongelamento/aquecimento, utilizar o banho-maria, nunca com água
muito quente, usando uma temperatura mais morna. Não apressar o
descongelamento/aquecimento utilizando banho-maria quente. Após o aquecimento, girar
suavemente o frasco com as mãos, evitando “chacoalhar” o mesmo. É somente para
homogeinizar o leite.
Qualquer outra alteração ou não melhora após utilizar os cuidados básicos, passar por
reavaliação médica.

A interrupção da amamentação ao seio :

Muitas vezes, a mão precisa ausentar-se aos 4 meses de vida do lactente (fim da licença
maternidade) ou processos vários.
A conduta mais correta é utilizar as fórmulas infantis (Nan 1, Nestogeno 1, Aptamil 1,
etc– se menos do que 6 meses, passando para o “2” após esta época a “fórmula de
seguimento”). Elas têm nutrientes balanceados, sem sobrecarregar os rins do bebê, com o
excesso de elementos e proteínas presentes no leite de vaca ‘comum”, seja “in natura”
(caixinha, saquinho, leiteiro) ou leite em pó integral de uso geral. Nunca ofereça leite
semidesnatado ou desnatado ao lactente. Sempre integral.
O uso das fórmulas infantis geralmente obedecem o preparo com 1 medida da fórmula
que vem na lata, para cada 30 ml de água, sempre filtrada e/ou fervida.
Caso seja realmente impossível a utilização de fórmulas infantis, o leite de vaca integral
deve ser preparado da seguinte forma :

1) Se o bebê tem menos de quatro meses, é muito importante que este leite seja diluído. Então
usamos a seguinte proporção :
Para cada preparo de 100 ml de mamadeira, utilizar 70 ml do leite integral acrescido de 30 ml
de água filtrada e/ou fervida. Se for utilizar “leite em pó comum”, utilizar uma colher de
sobremesa (10 g) para cada 100 ml.

2) Se o bebê tem mais de quatro meses, o leite integral não precisa mais ser diluído com água.
Se for usar o leite em pó integral, colocar uma colher sopa (15 g) para cada 100 ml de água e
acrescentar 2 ml de óleo vegetal para cada 100 ml. Óleo pode ser de canola, milho, girassol,
algodão.
3) Atenção : não utilizar açúcar ou mel (mel só após um ano, pode provocar uma doença grave
no lactente ainda imaturo) para adoçar, nem muito menos “engrossar’ o leite com mucilagem,
farinhas (arroz, aveia, mucilon, neston, cremogema, maisena, etc)

4) Ao usar leite de vaca ou até mesmo a fórmula infantil, é importante oferecer água entre as
mamadas.

5) A suplementação de ferro e vitamina C são indispensáveis, a partir dos dois meses (ou um
mês, caso seja prematuro) em lactentes alimentados com leite de vaca.

6) Uma dúvida muito frequente nas mães : quanto de mamadeira preparar ? Há variações no
tamanho do estômago de cada bebê, porém de uma forma geral, esta capacidade gira em
torno de 20 a 30 ml por quilo de peso do bebê.

Como iniciar a transição para a alimentação variada ?

Aos 4 meses, se alimentado com o leite de vaca comum, e aos 6 meses, caso esteja
utilizando fórmulas infantis ou aleitamento materno exclusivo. Nunca adiar estas datas.

Iniciar com uma fruta em forma de papinha ou purê, e na semana seguinte, iniciar com
a papa principal (almoço). Após a fase de uma papinha de frutas ao dia, antes do início da
papa principal (almoço), as frutas deverão ser oferecidas duas vezes ao dia. A primeira papa
de fruta deve ser oferecida pela manhã, no intervalo de duas mamadas, e na semana seguinte,
iniciar a segunda fruta do dia, à tarde.
Todas as frutas podem ser oferecidas, preferencialmente as frutas da estação, mas é
mais comum iniciar com as de mais aceitação, como banana, maçã, pêra e mamão. Caso opte
por oferecer suco, nunca utilizar sucos prontos, utilizar a fruta fresca. Não adoçar e oferecer
no máximo 100 ml por dia.

A não aceitação do alimento “novo” é muito comum. A criança pode estranhar o


cheiro, aspecto, sabor ou textura. Além disso, há o reflexo de “extrusão” ou “propulsão”. O
que isso quer dizer ? Que através de um reflexo do bebê, a língua “empurra” para fora os
novos alimentos. Isso não significa rejeição em si, apenas um reflexo que desaparecerá com a
persistência, paciência e o passar dos dias. É comum que seja necessário oferecer o mesmo
alimento umas 8 a 10 vezes em média antes da aceitação satisfatória. Por isso, a rejeição de
um alimento várias vezes não significa aversão que justifique parar de oferecê-lo
definitivamente. Trocar por outro alimento do mesmo grupo e tentar o anterior alguns dias
mais tarde.

Os grupos de alimentos e a forma de prepará-los serão descritas a seguir.

Iniciando a papinha principal

No primeiro mês da papinha principal, esse processo é mais de experimentação,


treinamento, do que nutrição em si. É importante ter calma e paciência. No preparo da
papinha, o ideal seria tentar combinar dois legumes, um tubérculo, uma leguminosa, uma
proteína animal e duas colheres de chá de óleo vegetal (o azeite pode ser utilizado). Os grupos
serão descritos logo abaixo.
Refoga-se rapidamente os ingredientes com o óleo vegetal e um pouquinho de tempero
(alho, cebola). Completar com água suficiente e deixar cozinhar. Pode-se preparar (quando o
bebê já estiver jantando) a refeição e após retirar a parte a ser utilizada, guardar bem
tampado em geladeira por até 24 horas. Algumas mães “sem tempo’ costumam preparar uma
quantidade maior (porém variando os ingredientes), congelando em potinhos individuais. A
preparação diária é preferível.
Pode-se, bem no início, passar a papinha no modo pulsar do liquidificador
rapidamente, a fim de desfazer os “grumos” maiores, inclusive a parte proteica, representada
por uma carne ou ovo. O ideal é passar pela peneira ou amassála bem com um garfo até ficar
bem pastoso. Caso a carne ainda permaneça com “pedacinhos’ maiores, vale a pena esfarelá-
los utilizando as pontas dos dedos. As verduras em folha devem ser acrescidas mais ao final do
cozimento, pois por serem mais frágeis e cozinharem rápido, perdem muito de seus nutrientes.
Gradualmente, a papa tem que ficar cada vez mais “espessa”, para que a criança ao
completar o primeiro ano de vida já esteja apta a compartilhar as refeições da família. Não
recomendamos mais o uso de sal na alimentação antes de completar 1 ano de vida. A papa
pode ser oferecida por volta das 11 – 12 horas.
Jamais oferecer papa em mamadeira, sempre oferecer à criança usando a colher
apropriada e de uso exclusivo do bebê.
Após duas semanas, iniciar a segunda papa, o jantar. Por volta das 18 – 19 horas no
máximo.

Grupos de alimentos que podem ser usados na papinha principal :

PROTEÍNA TUBÉRCULOS/ LEGUMES VERDURAS LEGUMINOSAS


CEREAIS
Vaca Batata Cenoura, Berinjela Couve, alface Feijão
Frango Batata-doce Chuchu, Ábobora Espinafre, taioba Ervilha
Porco (lombo) Inhame Abobrinha Agrião, Brócolis Lentilha
Vísceras (fígado Arroz Beterraba Couve-flor Grão-de-bico
de galinha ou
bovino)
Peixe (após os 6 Batata Baroa Jiló Almeirão Vagem
meses)
Ovos (após os 6 Aipim / Macarrão Quiabo Chicória
meses) “cabelo de anjo”

Informações atualizadas :

O ovo pode ser oferecido inteiro (iniciar com meio ovo), cozido, acrescentando aos
outros ingredientes após a sopa estar cozida e ser processado juntamente com os outros
ingredientes (amassados, peneira, pulsar rapidamente do liquidificador). Antigamente,
iniciava-se apenas com a gema, administrando a clara próximo de um ano de vida, assim
como peixe. Quanto mais cedo a introdução, menor a chance da criança se tornar alérgica ou
intolerante a estes alimentos.
Casos excepcionais (passeios e viagens curtas)

Excepcionalmente, em uma ocasião de um passeio curto, uma viagem curta, pode-se


utilizar uma alternativa, sendo uma exceção neste caso específico.
Existem no mercado potinhos de papinha pronta, tanto da refeição principal quanto a
de frutas, algumas são duráveis mesmo em temperatura ambiente, sem exageros, obviamente.
Porém isso é para casos emergenciais, jamais deve tornar-se um hábito corriqueiro do dia-a-
dia.

ATENÇÃO : O perigo silencioso de se “engrossar” o leite !

Ainda há uma crença antiga que bebê saudável é “bebê gordinho”. Lêdo e grave
engano.
As farinhas de mucilagem, os preparados de caixinha para preparar “mingaus”, a
maisena, enfim, as farinhas em geral, contém altos índices calóricos e poucos nutrientes de
fato. No aleitamento materno exclusivo, nem pensar em preparar “apenas uma mamadeira
engrossada à noite” para que o bebê durma horas sem acordar a mãe. As farinhas enlatadas,
com sabores diversos, cereais diversos, já contém uma carga de açúcar refinado em sua
composição, e geralmente, ao prepararem estas “mamadeiras”, ainda é de hábito acrescentar
mais açúcar ainda. Uma bomba calórica e pobre em nutrientes que, lá no futuro, após
sobrecarregar o pâncreas de um ser humano nos seus primeiros meses de vida, provocando
uma enxurrada de insulina no organismo da criança, poderá ocasionar diabetes, síndrome
metabólica, obesidade, alterações e retardo no desenvolvimento psicomotor, entre outros
males. E a criança acaba-se por “viciar” no sabor exageradamente doce destas preparações,
ou seja, poderá passar a recusar alimentos saudáveis, como frutas, por exemplo. A epidemia
da obesidade, atualmente, está começando por aí.

Sugestão de um lanche saudável

Embora também não seja para ser utilizado todos os dias, podemos oferecer uma
opção de lanche saudável para oferecermos à tarde, no lugar da fruta do lanche,
ocasionalmente. Isso após aos 7 meses, quando a criança já deveria estar com a segunda
refeição (jantar).
Utilize 2 colheres de sopa de iogurte natural integral sem açúcar, 1 colher de chá de
farinha de aveia, e a fruta de preferência (banana ou mamão costumam agradar mais o
paladar no início, porém pode-se variar para o bebê “não enjoar”). Deixar em consistência de
purê e oferecer à criança. Não adoçar !!!
É importante que a partir dos 6 meses a criança tenha contato (ocasional, repetindo)
com o glúten (neste caso, o da aveia), para também diminuir a probabilidade de intolerância
ou alergia futura, como já mencionado sobre a clara de ovo e o peixe.

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