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FACULDADE DO COMPLEXO EDUCACIONAL SANTO ANDRÉ

CURSO DE BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

FABIANE OLEGÁRIO SOUSA

O SERVIÇO SOCIAL NO PRONTO ATENDIMENTO: PERCEPÇÃO DA EQUIPE


MULTIPROFISSIONAL DO H M MARIA RODRIGUES DE MELO DO
ALTO DO RODRIGUES/RN

ASSÚ/RN
2018.2
FABIANE OLEGÁRIO SOUSA

O SERVIÇO SOCIAL NO PRONTO ATENDIMENTO: PERCEPÇÃO DA EQUIPE


MULTIPROFISSIONAL DO H M MARIA RODRIGUES DE MELO DO
ALTO DO RODRIGUES/RN

Artigo apresentado à Faculdade do Complexo


Educacional Santo André (FACESA) como
requisito obrigatório para obtenção do título de
bacharel em Serviço Social.

Aprovado em: ___/____/___

Banca Examinadora

_______________________________
LÚCIA HELENA BARBALHO MENDES
Professora Orientadora

_______________________________
Nome do(a) 1º examinador (a)
Instituição

_______________________________
Nome do(a) 2º examinador (a)
Instituição
O SERVIÇO SOCIAL NO PRONTO ATENDIMENTO: A PERCEPÇÃO DA EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL DO H M MARIA RODRIGUES DE MELO DO ALTO DO
RODRIGUES/RN

Fabiane Olegário Sousa 1


2
Lúcia Helena Barbalho Mendes

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de analisar a percepção da equipe multiprofissional do Hospital Maternidade
Maria Rodrigues de Melo, na cidade de Alto do Rodrigues/RN, sobre a atuação do Serviço Social no
Pronto Atendimento. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, onde serão utilizadas as pesquisas
bibliográfica, documental e campo por meio da coleta de dados com utilização de questionários, com
os profissionais que compõem a equipe de urgência/emergência, representada por técnico de
enfermagem, enfermeiro e medico que trabalha. Na análise dos dados, fica evidente que a equipe
multiprofissional encontra muitas dificuldades para manter a intersetorialidade, visto que os
profissionais trabalham em regime de plantão, o que dificulta a interação entre os membros, inclusive
dificulta a intervenção das habilidades e competências de cada profissional. Para tal, se faz necessário
que a equipe seja proativa, para que possa assegurar o acesso dos usuários do SUS aos seus direitos
na atenção à saúde.
Palavras-chave: Equipe multiprofissional. Pronto Atendimento. Intersetorialidade.

INTRODUÇÃO

O presente artigo trata da percepção da equipe multiprofissional do Hospital


Municipal Maria Rodrigues de Melo do Alto do Rodrigues/RN - HMMRM, sobre a
intervenção do serviço social no pronto atendimento, com base na observação
realizada durante o estágio supervisionado I/II, sendo visível o desconhecimento, por
parte da equipe médica e de enfermagem, das competências e atribuições do Serviço
Social no âmbito hospitalar.
O Conceito de Saúde informado na Constituição Federal de 1988 e na Lei
n°8.080/1990 ressalta as expressões da questão social, ao indicar que “saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

1 Discente do curso de Serviço Social da Faculdade do Complexo Educacional Santo André - FACESA.
E-mail: doceamorsaojose@hotmail.com
2 Bacharel em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio grande do Norte - UERN em 1988;

Esp. em Política Social na área de Gerontologia Social pela Universidade do Estado do Rio grande do
Norte - UERN em 2005. E-mail: lucyhelen18@bol.com.br.
visem à redução do risco às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”(CF, 1988, p 118) a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, lazer, acesso aos bens,
dentre outros expressam os níveis de saúde da população segundo a referida lei.
A questão social está diretamente ligada ao conceito de saúde, tendo em vista
que o contexto e as condições sociais impactam o processo saúde-doença (BRASIL,
2010). Essas expressões da questão social devem ser compreendidas, segundo
Iamamoto (1982), como o conjunto das desigualdades da sociedade capitalista, que
se discorrem por meio das determinações econômicas, políticas e culturais que
abalam as classes.
As atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social, sejam
aquelas realizadas na saúde ou em demais espaço sócio ocupacional, são guiadas e
dirigidas por direitos e deveres uniformes no Código de Ética Profissional e na Lei de
Regulamentação da Profissão, que precisam ser observados e respeitados, pelos
profissionais e pelas instituições chefes (BRASIL, 2010).

Segundo os Parâmetro de Atuação do Assistente Social na Saúde (BRASIL,


2010), a atuação do assistente social na saúde se dá nas mais variadas áreas
e segue quatro grandes eixos que são: “atendimento direto aos usuários,
mobilização, participação e controle social; investigação, planejamento e
gestão; assessoria, qualificação e formação profissional, ações
socioeducativas, articulação com a equipe de saúde".

Para responder sobre a percepção dos profissionais da equipe


multiprofissional do referido Hospital, sobre a atuação do serviço social no âmbito do
pronto atendimento requer, antes de qualquer coisa, refletir sobre os parâmetros para
atuação do serviço social da saúde, elaborado e publicado em 2010 pelo Grupo de
Trabalho Serviço Social na Saúde do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS),
especialmente sobre as atribuições e competências dos assistentes sociais.
Esse estudo é de natureza qualitativa, que segundo Minayo (2010), se
caracteriza por ser mais participativa e menos controlável, já que os elementos
participantes podem orientar os caminhos da pesquisa mediante suas interações com
o pesquisador. Para tanto, será realizado uma pesquisa bibliográfica e documental,
em seguida uma pesquisa de campo utilizando a técnica da entrevista
semiestruturada com perguntas abertas a alguns profissionais que atuam no Pronto
Atendimento do HMMRM, que serão analisadas e o resultado analisado e exposto
nesse artigo.
Para Iamamoto (2002, P.41), são as diferenças de especializações que
permitem atribuir unidade à equipe, e enriquecendo-a e, ao mesmo tempo,
preservando aquelas diferenças. A relevância desse estudo é contribuir com a equipe
multiprofissional do pronto atendimento do referido Hospital, visando o
reconhecimento da importância do serviço social no âmbito hospitalar, pois é preciso
chamar atenção não só dos gestores, mas da própria equipe, para uma realidade que
priva a população do atendimento social (sem fragmentação, pois as condições
sociais são determinantes da saúde do indivíduo) na perspectiva de construir ações
que possam intervir no acesso e tratamento das doenças e/ou problemas que incidem
na comunidade.
O artigo será composto por três tópicos onde o primeiro capítulo aborda a
construção do Sistema Único de Saúde; o segundo sobre o serviço social e a
interdisciplinaridade na saúde e o terceiro tópico será uma análise sobre a atuação
dos assistentes sociais nos serviços de urgência e emergência em saúde no pronto
atendimento do HMMRM e a percepção dos demais profissionais da equipe sobre a
atuação do serviço social.
Com este estudo, pretendemos contribuir para a reflexão dos profissionais do
Serviço Social que atuam em Pronto Atendimento, da importância de se articularem
com a equipe multiprofissional, que por outro lado, deve compreender, a partir dos
resultados analisados, a importância da intervenção profissional do serviço social em
âmbito hospitalar.

2 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O Sistema Único de Saúde (SUS), foi criado pela Lei no 8.080, de 19 de


setembro de 1990, denominada de Lei Orgânica da Saúde, pode ser definido como a
intervenção prática do princípio, a saúde como direito de todos e dever do Estado,
previsto no artigo 196 da Constituição Federal de 1988. Assim, podemos dizer que o
SUS garante o acesso de todas as pessoas aos cuidados em saúde para manter o
seu bem-estar físico, social e mental, garantindo a equidade, a integralidade e a
qualidade do cuidado em saúde prestado aos seus cidadãos.
Podemos perceber na análise de documentos e pesquisa bibliográfica que o
SUS foi fruto de uma construção histórica de muitos anos, marcado por avanços e
recuos para que fosse legitimado em leis, por isso é necessário que trilhemos esse
percurso partindo do final do século XIX e início do século XX.
Identificamos que a questão de saúde pública no Brasil inicia com a Lei Eloy
Chaves que criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP), em 1923 que
normatizou as iniciativas já existentes de organização dos trabalhadores nas fábricas,
visando garantir pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por
doença, e uma futura aposentadoria, surgindo assim, os primeiros debates sobre a
necessidade de se atender as reivindicações da classe trabalhadora. Em 1932, foi
criado os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), no Estado Novo de Getúlio
Vargas, que podem ser vistos como resposta, por parte do Estado, às lutas e
reivindicações dos trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de
industrialização e urbanização brasileiros.
Em 1965, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), resultado
da unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, consolidando o
componente assistencial, marcada pela compra de serviços assistenciais do setor
privado, concretizando o modelo assistencial curativo. Em 1977 foi criado o Sistema
Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que tinha sido
criado em 1974 e que passa a ser o órgão prestador da assistência médica do
governo, através da compra de serviços médico-hospitalares e especializados do
setor privado.
Em 1982 foi implementado o Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS),
dando ênfase à Atenção Primária, onde a rede ambulatorial era a “porta de entrada”
do sistema e tinha como objetivo à integração das instituições públicas da saúde
mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e hierarquizada,
que viabilizou a realização de convênios entre Ministério da Saúde, Ministério da
Previdência e Assistência Social Secretarias de Estado de Saúde, com o objetivo de
racionalizar recursos utilizando capacidade pública ociosa.
O grande marco da participação popular nas decisões da política de saúde foi
em 1986 com a realização a VIII Conferência Nacional de Saúde, com intensa
participação social acima de 4 mil delegados, que consagrou uma concepção
ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do
Estado, que contribuiu para em 1987, fosse instituído o Sistema Unificado e
Descentralizado de Saúde (SUDS), que tinha como principais diretrizes:
universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos
cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de
distritos sanitários. Marcado pelo início das transferências de recursos do Governo
Federal para estados e municípios ampliarem suas redes de serviços, prenunciando
a municipalização que viria com o SUS.
Mas, segundo vários autores, o maior marco foi a aprovação da Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 1988), que definiu a saúde como “Direito de todos e dever
do Estado”, apresentando como pontos básicos que as necessidades individuais e
coletivas são consideradas de interesse público. Estabelecendo também que o
financiamento da saúde pública é responsabilidade dos governos federal, estadual e
municipal, e as ações submetidas aos órgãos colegiados (Conselhos de Saúde), com
representação paritária entre usuários, trabalhadores e prestadores de serviços. Após
esse período, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS) através da Lei no 8.080, de
19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990), dispondo sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços, e através da Lei 8.142 em 28 de dezembro de 1990, foi legitimado a
participação da comunidade na gestão do SUS e as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros.
Após o processo normativo, podemos situar que um grande marco na
assistência à saúde, foi sua efetivação a partir de 1994 com a implantação do
Programa Saúde da Família - PSF, conhecido como “Estratégia Saúde da Família”,
que tem como objetivo de implementar a Atenção Básica, sendo concebido como a
porta de entrada da população para o acesso ao SUS.
Diante desse percurso, podemos perceber que a saúde é para todos, sem
qualquer distinção de situação econômica e social. Por isso que em 2006, como forma
de se efetivar o SUS como direito de todos, foi proposto o Pacto pela Saúde, com um
conjunto de reformas institucionais pactuado entre os três níveis de governos (União,
estados e municípios), para buscar saídas para os problemas e impasses. Podemos
dizer que o pacto introduziu mudanças nas relações entre os entes federados,
inclusive nos mecanismos de financiamento para o aprimoramento do SUS a partir de
três dimensões: Pacto pela Vida, através de medidas que resultem em melhorias da
situação de saúde da população; Defesa do SUS, por meio de ações que contribuam
para aproximar a sociedade do SUS; e Gestão com a regionalização, a qualificação
do processo de descentralização com ações de planejamento, programação e
mudanças no financiamento.
Desta forma, podemos dizer que a Política Nacional de Saúde está prevista na
legislação para ser materializada por meio do SUS, que foi uma grande conquista da
classe trabalhadora depois de muita luta, mas infelizmente o modo de produção
capitalista desconfigura a sua efetivação, evidenciado no sucateamento dessa política
e na negação e violação de direitos aos seu usuários.

2.1 O SERVIÇO SOCIAL E A INTERDISCIPLINARIDADE NA SAÚDE

A Lei 8080/90 (BRASIL, 1990) estabelece que as ações e serviços públicos de


saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema
Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no
Art.198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios, entre
outros:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.
{...}

Podemos compreender, a universalidade como o direito de todas as pessoas


ao acesso a saúde e a integralidade de assistência como a necessidade da integração
e articulação de todas as categorias profissionais na assistência as pessoas usuárias
do SUS, que pode ser materializada pelas equipes formando um conjunto de
especialistas, das diversas áreas, trabalhando juntos, em busca de um objetivo
comum, no caso das unidades de pronto atendimento toda a equipe do plantão que
pode ser: médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, farmacêuticos,
técnicos e auxiliares.
Nesse processo, cada categoria deve desempenhar suas atribuições e
competências em consonância com sua habilitação profissional preservando a
integridade de seus métodos e conceitos, respeitando à autonomia e à criatividade de
cada uma das profissões envolvidas, o que pode ser denominada de
interdisciplinaridade em saúde. Segundo Iamamoto (2002) “é necessário desmistificar
a ideia de que a equipe, ao desenvolver ações coordenadas, cria uma identidade entre
seus participantes que leva à diluição de suas particularidades profissionais”. A autora
também considera, que “são as diferenças de especializações que permitem atribuir
unidade à equipe, enriquecendo-a e, ao mesmo tempo, preservando aquelas
diferenças” (2002, p. 41).
A interdisciplinaridade em saúde, deve ser construída a partir de um nível
avançado de trocas e de cooperação entre os profissionais, para isso segundo Ely
(2003) a primeira condição será a socialização do conhecimento, linguagens e
conceitos de cada área envolvida, para, posteriormente, promover uma recombinação
dos elementos internos que possam facilitar o processo de comunicação.
Nas unidades de urgência e emergência, devemos encontrar uma equipe
multiprofissional desempenhando ações interdisciplinares. Assim, podemos definir a
interdisciplinaridade como as ações promovidas pela equipe multiprofissional de
acordo com as necessidades dos usuários e das condições da estrutura hospitalar,
onde a equipe pode estabelecer vínculos, com os usuários, as famílias e entre equipe,
para que consigam dialogar sobre o processo saúde/doença de forma construtiva.
No caso do serviço social, o profissional ao participar da equipe de saúde,
dispõe de mecanismos de abordagem e observação para perceber as condições de
saúde dos usuários do serviço, que pode contribuir para as tomadas de decisões
patológicas e encaminhamentos necessários por parte dos outros profissionais. Nesse
sentido, cada profissional da equipe desempenha suas competências de forma
individual, com a contribuição de toda a equipe formando um conjunto de ações para
resolução dos problemas de saúde das pessoas usuárias. Assim, argumenta
Iamamoto (2002), que o trabalho coletivo não dilui as competências e atribuições de
cada profissional, mas, ao contrário, exige maior clareza no trato das mesmas.
A atuação em equipe, portanto, vai requerer do assistente social a observância
dos seus princípios ético-políticos, explicitados nos diversos documentos legais, o
Código de Ética Profissional e a Lei de Regulamentação da Profissão, ambos datados
de 1993, e Diretrizes Curriculares da ABEPSS, datada de 1996 (BRASIL, 2010, p.46).
Mesmo que o profissional do serviço social, observe os princípios profissionais,
infelizmente podemos ver que o/a assistente social tem tido, em muitos casos,
dificuldades para dialogar com a equipe de saúde e esclarecer suas atribuições e
competências face à dinâmica de trabalho das unidades de pronto atendimento, em
decorrência das pressões com relação a demanda e da fragmentação do trabalho
ainda existente.
Entretanto, podemos salientar que estas dificuldades podem ser enfrentadas
com a realização de reuniões e debates entre os profissionais, das diversas áreas,
para o esclarecimento de suas ações e estabelecimento de rotinas e elaboração de
planos de trabalho que observe as competências e habilidades de cada um e as
formas de intervenção e abordagem das pessoas usuárias.

3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA: PERCEPÇÃO DA EQUIPE DO PRONTO ATENDIMENTO NO
HMMRM

A instituição tem duas assistentes sociais, com regimes de trabalho diferentes


por motivos de uma ser contratada e outra estatutária, as condições de trabalho do
serviço social são precárias. Podemos perceber que este profissional na instituição é
muito importante, por suas intervenções para garantir os direitos das pessoas usuárias
do SUS, que em sua maioria são pessoas idosas e trabalhadores.
Segundo as assistentes sociais, essas profissionais, tem como atribuições
nesse Pronto Atendimento: regular pacientes, orientar sobre a documentação para
pacientes admitidos, acesso a alimentação durante o internamento, marcação de
consulta para pacientes fora do município.
Para tal, são utilizados os seguintes instrumentais: acolhimento, visita no leito,
acolhimento social, parecer social, visita domiciliar, estudo social, relatório social,
escuta e acima de tudo a tentativa de assegurar os direitos das pessoas usuários dos
serviços de urgência/emergência.
Diante desse contexto, também podemos perceber os limites e desafios das
assistentes sociais nesse espaço ocupacional, como: sala partilhada com o serviço
de eletrocardiograma (ECG), que impossibilita em alguns momentos as intervenções
do serviço social, especialmente o atendimento individual que é fundamental para a
orientação das pessoas usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), que buscam os
serviços de urgência e emergência do HMMRM.
Assim, os Parâmetros de Atuação na Saúde (CFESS, 2010) apresenta algumas
características de intervenção do Serviço Social, destacando quatro grandes eixos de
atuação dos Assistentes Sociais na saúde, que devem ser compreendidos de forma
articulada: atendimento direto aos usuários; mobilização, participação e controle
social; investigação, planejamento e gestão; assessoria, qualificação e formação
profissional. Também, recomenda que para tal, se faz necessário que as ações
profissionais estejam orientadas pelos fundamentos teórico-metodológicos, ético-
políticos e procedimentos técnico-operativos delimitados no projeto profissional do
Serviço Social, para que possam contribuir para a defesa do SUS e a garantia dos
direitos sociais.
Diante dos desafios e limites, apresentados pelas profissionais do Serviço
Social do HMMRM, percebemos que a atuação dessa categoria profissional está em
desacordo com as orientações do CFESS, contidas nos Parâmetros de Atuação do
Assistente Social na Saúde. Nesse sentido, podemos trazer o argumento de
Vasconcelos (2007) sobre o trabalho de Assistentes Sociais nos serviços de
urgência/emergência:

Reduz-se a uma prática burocrática, não assistencial (visto que prioriza


respostas a demandas por informação e orientação pontuais e não por
recursos materiais, capacitação, organização...). Uma prática profissional
burocrática que segue mecanicamente normas impostas pelo regulamento da
administração, autoridade ou seu representante, e que ao priorizar um
atendimento de escuta/encaminhamento e/ou preenchimento moroso e
mecânico de formulários, questionários, cadastros que viabilizam acesso a
benefícios ou inscrição em programas da instituição, referenda a complicação
e morosidade da coisa pública burocratizada, que objetiva dificultar ou
inviabilizar o acesso dos usuários a serviços e recursos como direito social.
Uma prática que, se atende alguns dos interesses e necessidades imediatos
dos usuários, como um fim em si mesmo, contribui para impedir e/ou dificultar
a capacitação para uma participação consciente de usuários e profissionais
envolvidos nesse processo, a democratização de informações e saber e o
controle social.

Diante desse contexto, conforme os Parâmetros para Atuação de Assistentes


Sociais na Saúde (CFESS, 2010), as Assistentes Sociais precisam lutar por
transformações estruturais nas políticas sociais, e na saúde em particular, que só
serão efetivadas por meio de um amplo movimento de massas que questione a cultura
política da crise gestada pelo grande capital e que lute pela ampliação da democracia
nas esferas da economia, da política e da cultura.
Podemos compreender, que mesmo diante dos limites e desafios da atuação
profissional das assistentes sociais do HMMRM de Alto do Rodrigues, se faz
necessário à sua intervenção para garantir os direitos as pessoas usuárias do SUS
nesse serviço.
Para analisar a importância dessa categoria profissional, no contexto da equipe
interdisciplinar do HMMRM, trazemos a percepção dos profissionais de outras
categorias, por meio de entrevista semiestruturada com questões abertas, que assim
serão identificados: (MD médico; EF enfermeiro; TE técnico de enfermagem) e
consecutivamente analisadas.
Iniciando podemos entender, que a interdisciplinaridade na área da Saúde,
pode se apresentar como resposta ao processo saúde/doença que envolve
concomitantemente: as relações sociais, as expressões emocionais e afetivas e a
biologia. Segundo Minayo (1991), argumenta,

Que embora haja dificuldades de construir uma proposta


interdisciplinar, essa é vista como desafio possível e desejável
na área da saúde, uma vez que há ilimitado campo de
possibilidades a ser explorado, pois existe, a seu favor, ligação
direta e estratégica com o mundo vivido, o mundo do sofrimento,
da dor e da morte.

Nesse sentido, os profissionais foram questionados do entendimento sobre a


interdisciplinaridade em saúde, como forma de perceber as possibilidades do serviço
social nessa equipe:

TE: A interdisciplinaridade é uma resposta, eu intendo como uma resposta ao


conceito ampliado de saúde que anteriormente era visto apenas como a
ausência da doença, e hoje e visto como um conjunto de bem estar e bem estar
esse que é físico e psicossocial, e em algumas literaturas até apontam um bem
estar espiritual, então essa interdisciplinaridade e justamente uma resposta a
este conceito ampliado de saúde e evidenciado pela participação e pela
presença de vários profissionais e de diferentes eixos, eixos de conhecimento.
EF: São várias profissões que se relacionam e envolve uma integração, dialogo
e um entrelaçamento entre com trabalho em equipe e uma troca de
conhecimentos, assim organizando os serviços.
MD: É o trabalho em equipe na unidade de saúde, onde cada profissional
desempenha seu papel, tornando eficiente o serviço prestado a sociedade de
Alto do Rodrigues.

Para tanto, foi necessário conhecer a percepção desses profissionais sobre as


possibilidades e limites da interdisciplinaridade nos serviços de urgência e
emergência:

TE: Eu acho que as possibilidades e de assistir o paciente em sua totalidade a


gente sai daquele modelo, onde o paciente era apenas assistido pelo
profissional médico e ai hoje o paciente ele é assistido por vários profissionais
e isso consequentemente melhora a qualidade dessa assistência e os limites
eu entendo que alguns profissionais ainda não aceitam esse novo modelo, esse
modelo de trabalho em equipe, esse modelo de interdisciplinaridade alguns
ainda centraliza o cuidado e monopoliza o cuidado pra si ai eu vejo isso como
algo muito malévolo nos dias de hoje.
EF: Possibilidade concreta do exercício do trabalho em equipe, permeada pelas
ideias de papeis individuais, qualidades das ações e dos potenciais de troca,
parceria e respeito nas relações entre os trabalhadores. Limites teóricos e
práticas são apontados, bem como perspectivas que ainda não se efetivaram
no cotidiano do trabalho, mas que são significativas dos atuais desafios no
campo da saúde.
MD: São vastas as possibilidades, assim contem suas limitações a
interdisciplinaridade e importante, mas existe certos aspectos que não é
possível a intervenção por parte do assistente social.

Podemos perceber, que são muitas as dificuldades para se trabalhar de forma


interdisciplinar na saúde, numa perspectiva integradora dos diversos saberes, que
possibilite o acesso de todas as pessoas a um sistema que promova a saúde pública
de forma resoluta. Mas, essa realidade pode estar atrelada, ainda, a visão da saúde
como “cura de doenças”, ou seja, a prática da saúde curativa, que algumas profissões
continuam reforçando.
Diante do exposto, podemos dizer que as outras categorias profissionais,
devem conhecer as atribuições do serviço social na saúde, especialmente em âmbito
hospitalar, onde os profissionais entrevistados foram questionados sobre sua
percepção da atuação das assistentes sociais nos serviços de urgência/emergência.

TE: Eu acredito que o âmbito hospitalar não é diferente dos outros âmbitos da
sociedade seja ele qual for e ele também ele e cercado de muitas injustiças e
de muitas desigualdades sociais e hoje e o que a gente mas vê nos serviços
hospitalares essa desigualdade social escrachada, escrachada muitas vezes
até na própria assistência dos profissionais e ai eu enxergo o serviço social
neste contexto como uma ferramenta de defesa, uma ferramenta de defesa dos
direitos humanos, uma ferramenta de defesa das políticas públicas de saúde
e isso e muito positivo para a qualidade da assistência.
EF: O trabalho do serviço social e o mediador entre o médico e paciente, todo
o intuito de visar melhores condições para o mesmo e sua família, a pratica
vem se desenvolvendo e se tornando necessário para a atuação a saúde. O
assistente social deve trabalhar sempre voltado para atender as necessidades
de seus usuários, compreendendo sua realidade social atuando no
planejamento e na promoção de uma vida mais saudável para a sociedade.
MD: De acordo com a compreensão que tenho, vejo de forma positiva no
âmbito hospitalar e também com relação ao olhar diferenciado com a
população, tornando assim um facilitador entre profissionais.

Diante da percepção desses profissionais, percebemos que o Serviço Social


no HMMRM, pode ser visto como uma profissão que deve atuar no imediatismo para
facilitar o cumprimento das normas estabelecidas pela instituição hospitalar em
decorrência das questões estruturais dos serviços de saúde em todos os aspectos.
Na percepção desses profissionais o Serviço Social do HMMRM, tem
contribuído nos serviços de urgência/emergência da seguinte forma:

TE: Aqui no nosso hospital e não diferente também dos outros hospitais nós
atendemos várias pessoas durante as 24 horas que e a duração do nosso
plantão, e ai durante essas 24 horas o serviço social eles nos auxilia muito ne,
as vezes eu fico refletindo e acho o que seria de nós se nós não tivéssemos
profissionais que nos ajudassem justamente nessa, nessa perspectiva social e
as vezes a gente precisa transferir um paciente, o paciente não tem
acompanhante, não tem documento, não tem dinheiro, não tem recurso e ai o
serviço social chega junto e consegue como precisão nos ajudar, isso e muito
bom.
EF: No que se refere as urgências e emergências a onde o cotidiano e
desafiado diariamente a falta de planejamento e avaliação, são pontos frágeis
do HMMRM havendo risco da ação do profissional ser devorado pela
rotatividade e intenso fluxo de atendimentos, na minha concepção o profissional
procura atender suas demandas com ética e respeitando sempre a autonomia
dos usuários prestando seus serviços com qualidade e compromisso na
resolução dos casos muito embora algumas vezes a pratica profissional seja
imediatista, com caráter paliativo, isso devido a demanda ser muito grande e
os usuários necessitam de resposta rápidas e ainda por ser um setor rotativo
de usuários, pios estes vem e vão embora rápido.
MD: A contribuição tem servido como um apoio primordial no atendimento de
urgência e emergência, facilitando a identificação do nível sócio econômico da
população e fazendo um acolhimento mais humanizado.

Portanto, compreendo que a eficiência e a efetividade dos serviços de saúde


nas unidades de pronto atendimento, requer o trabalho em equipe para que consiga
conectar as diferentes ações e os distintos profissionais, por meio da equipe
multiprofissional, para isso se faz necessário à recomposição de processos de
trabalhos distintos, promovendo conexões e interfaces entre as intervenções técnicas
peculiares de cada área profissional.
Diante desse estudo, entendo que as assistentes sociais devem atuar,
referendadas pelos Parâmetros de Atuação do Assistente Social na Saúde, elaborado
pelo CFESS, onde podem desenvolver diversas ações que possibilite o fazer
profissional nos diversos momentos da equipe multidisciplinar de saúde.
Assim, podemos sugerir algumas ações que podem contribuir para o melhor
desempenho dessa categoria profissional no âmbito do HMMRM, visto que no meu
entendimento são de suma importância para o acesso dos usuários do SUS aos seus
direitos: esclarecer as suas atribuições e competências, elaborando junto com a
equipe propostas de trabalho que delimitem as ações dos diversos profissionais
através da realização de seminários, debates, grupos de estudos e encontros;
elaborar junto com a equipe de saúde a organização e realização de treinamentos e
capacitação do pessoal técnico-administrativo com vistas a qualificar as ações
administrativas que tem interface com o atendimento ao usuário, tais como a
marcação de exames e consultas e a convocação da família e/ou responsável nas
situações de alta e óbito para que possam receber as orientações necessárias; criar
junto com a equipe, uma rotina que assegure a inserção do Serviço Social no processo
de admissão, internação e alta hospitalar no sentido de acompanhar a entrada e
permanência do usuário e família na unidade e planejar, executar e avaliar com a
equipe de saúde ações que assegurem a saúde enquanto direito.

CONSIDERAÇÕES

Posso considerar que a realização desse estudo foi muito relevante para a
minha compreensão sobre a importância do trabalho multidisciplinar nos serviços de
urgência/emergência na saúde e a intervenção do/a assistente social nesse espaço
ocupacional.
A participação da equipe multiprofissional, cujo desenvolvimento foi empregado
na entrevista, foi considerada uma experiência muito positiva pelo conjunto dos
membros. O compartilhamento de conhecimento, que favorece a constatação de que
as pessoas vivenciam pensamentos semelhantes, propicia a compreensão mútua e
confere reflexão aos depoimentos da equipe.
Com base nos dados avaliamos que a equipe multiprofissional deixa visível a
sua percepção sobre a participação do serviço social nesse serviço e que isso pode
resultar no interesse e no envolvimento em relação aos temas abordados, levando a
compreensão mais profunda dos assuntos discutidos e a uma avaliação positiva do
processo.
Podemos dizer que esse estudo será de grande importância para contribuir com
a interação e fortalecimento da equipe no sentido de serem proativos para ampliar as
possibilidades de ações no âmbito do pronto atendimento.
Neste sentido, a publicação dos resultados obtidos no presente estudo teve a
intenção de trazer uma contribuição nesta área, para apresentar aos profissionais
envolvidos que podemos e devemos fazer a diferença, pois juntos temos um papel
fundamental para que as pessoas usuárias do SUS possam ter a garantia do cuidado
em saúde como direito.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Atribuições Privativas do Assistente Social em Questão. 1ª ed.


Ampliada, Brasília: CFESS, 2012.

BRASIL. Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. Resolução CFESS


nº 273, de 13 de março de 1993 com as alterações introduzidas pelas Resoluções
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ABSTRAT

This study aimed to analyze the perception of the multidisciplinary team of Maria Rodrigues de Melo
Maternity Hospital, in the town of Alto do Rodrigues/RN, on the performance of Social Service in the Er.
This is a qualitative study, where you use the bibliographical research, documentary and field through
the collection of data using questionnaires, with professionals who make up the team of
urgency/emergency, represented by Nursing technician, nurse and doctor who works. In the analysis of
the data, it is evident that the multiprofessional team finds many difficulties to maintain the intersectoral
approach, since professionals work in duty regime, which makes the interaction between the members,
including hampers intervention of the skills and competencies of each professional. To this end, it is
necessary that the team is proactive, so that you can ensure the user access the SUS your rights in
health care.
Keywords: multidisciplinary team. Ready Service. Intersectoral approach.

APÊNDICES

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