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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Rafaelle Alves Diógenes Pontes – 2018
Este Manual pedagógico integra uma série que aborda temas específicos da formação do
Técnico em Enfermagem Integrado ao Ensino Médio. Cada Manual corresponde a uma
Disciplina, sendo este referente à disciplina de Gestão em Saúde e Redes de Atenção. Este
Manual contém os objetivos de aprendizagem referentes ao tema acompanhado do conteúdo
no intuito de deixar claro o que é esperado do aluno ao final da disciplina. Propõe atividades
pedagógicas que focam o eixo cognitivo e sócio afetivo do processo de aprendizagem.
Disponibilizamos também uma bibliografia de referência do Manual. Elaborado no intuito de
qualificar o processo de ensino-aprendizagem, este Manual é um instrumento pedagógico que
se constitui como um mediador para facilitar o processo de ensino-aprendizagem em sala de
aula embasado em um método problematizador e dialógico que aborda os conteúdos de forma
lúdica, participativa tornando o aluno protagonista do seu aprendizado facilitando a
apropriação dos conceitos de forma crítica e responsável. Espera-se contribuir com a
consolidação do compromisso e envolvimento de todos (professores e alunos) na formação
desse profissional tão importante para o quadro da saúde do Ceará.
1.GESTÃO EM SAÚDE
Em vários dicionários gestão e administração aparecem como sinônimos. O Houaiss –
Dicionário da Língua Portuguesa – assim define esses termos: “Ato ou efeito de administrar;
ação de governar ou gerir empresa, órgão público [...]. Exercer mando, ter poder de decisão
(sobre), dirigir, gerir” (Houaiss, 2001, grifos nossos). Os termos gestão e administração
referem-se ao ato de governar pessoas, organizações e instituições. Gestão diz respeito à
capacidade de dirigir, isto é, confunde-se com o exercício do poder. Em sua origem, na Grécia
clássica, o termo 'política' tinha exatamente esse significado. 'Polis' era a cidade, e a política
era a capacidade de fazer a gestão democrática das cidades estado.
No princípio do século XX, o engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor
publicou o livro 'Princípios da Administração Científica', considerado como marco zero de
um novo campo de conhecimento. Taylor pretendeu apresentar uma metodologia que
permitisse a existência de uma gestão técnica, com base em evidências, e não orientada por
disputas políticas entre interesses e valores distintos. Obra clássica e fundadora de um estilo
de governar que, em seus princípios gerais, não foi ainda superado. Ainda que o campo
da gestão tenha se ampliado desde 1911, a disciplina e o controle continuam sendo o eixo
central dos métodos de gestão. A centralização do poder nos gestores (dirigentes) é a pedra de
toque das múltiplas variedades de métodos de gestão ainda hoje existentes.
Alguns autores contemporâneos têm se referido, inclusive, ao 'gerencialismo' como
sendo uma nova ideologia, uma doença social, que ampliou o controle sobre o trabalho em um
grau nunca antes observado.
O método denominado 'atenção gerenciada' (managed care), que vem sendo proposto
para os serviços de saúde, é exemplar dessa tendência. Imagina diminuir custos e aumentar a
eficácia do trabalho em saúde, retirando dos profissionais, particularmente dos médicos, a
capacidade de decisão sobre o próprio trabalho clínico. Esse poder é passado aos gerentes,
que por meio de minuciosos protocolos - padronização de condutas diagnósticas e
terapêuticas - controlam e determinam o que fazer no cotidiano dos trabalhadores.
A gestão em saúde é quase tão antiga quanto a Saúde Pública. A Saúde Pública sempre
recorreu a várias especialidades e campos de conhecimento, nasceu interdisciplinar quando
esta expressão sequer fora ainda criada. A Saúde Pública baseou-se na medicina,
microbiologia, zoologia, geologia, entre outras ciências, para pensar explicações para o
processo saúde e doença. Dessa junção, nasceria tanto a administração sanitária quanto a
epidemiologia. Foi, portanto, ainda nos primórdios da Saúde Pública que ocorreu a
constituição de um campo de conhecimentos, denominado 'administração sanitária e de
práticas em saúde'. Encarregava-se de pensar a administração de um pedaço do Estado, os
nascentes departamentos, escolas e laboratórios de saúde pública, mas, distinguia-se da
Administração de Empresas porque procurava articular a gestão às 'práticas' consideradas
eficazes para debelar os problemas coletivos de saúde. Tratava-se, portanto, de uma área que
procurava compatibilizar conhecimentos sobre administração pública com procedimentos
sanitários considerados eficazes no combate a epidemias. A administração em saúde na
medicina de mercado apresentava menos especificidades; em geral, adaptava elementos da
teoria geral a hospitais e clínicas.
A administração sanitária, em seus primórdios, importou muitos conceitos e modos de
operar do campo militar. Da gestão de conflitos armados e de guerras, a Saúde Pública
importou a idéia de considerar a doença, os germes e as condições ambientais insalubres
como inimigos. Sendo inimigos havia de erradicá-los, controlá-los e vigiá-los. Planejamento
estratégico e tático, programas sanitários e gestão operacional. Da arte da guerra importaram-
se também os conceitos de erradicação e de controle, de risco, de vigilância e de análise de
informação.
A gestão em saúde é um desdobramento contemporâneo dessa tradição. Evidente que
no lugar da guerra entraram conceitos originários da Ciência Política, da Sociologia e da
Teoria Geral da Administração. Em meados do século XX houve uma ampliação do objeto e
do campo de intervenção da gestão em saúde. Nessa época, em alguns países europeus,
inicialmente na Grã-Bretanha, Suécia e União Soviética e, mais tarde, em inúmeras outras
nações da Europa, América e Oceania, foram construídos os Sistemas Nacionais e Públicos de
Saúde. Com essa finalidade desenvolveu-se toda uma cultura sanitária voltada para a
organização de serviços e programas de saúde segundo uma nova racionalidade. O Estado foi
responsabilizado pelo financiamento e gestão de uma rede de serviços constituída segundo o
conceito de integração sanitária. Essa rede pública não executaria apenas ações de caráter
preventivo e de relevância coletiva, mas assumiria também a atenção clínica, ou seja, a
assistência individual em hospitais e outros serviços. Com essa finalidade foi cunhado o
conceito de hierarquização e regionalização dos serviços, inventando-se a modalidade de rede
denominada de atenção primária.
se efetiva em 3 dimensões:
- Pacto pela Vida;
- Pacto em Defesa do SUS;
- Pacto de Gestão: estabelece a necessidade de desenhar redes regionalizadas de atenção a
saúde, organizadas nos territórios das Regiões de Saúde sendo este o espaço privilegiado de
construção das responsabilidades pactuadas: permite a integração de políticas e programas por
meio da ação conjunta das esferas federal, estadual e municipal.
Regionalização
A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde, um eixo estruturante do Pacto
de Gestão e orienta a descentralização das ações e serviços de saúde e a organização da Rede
Regional de Atenção à Saúde;
Para saber mais clique no link abaixo, é um video muito interessante sobre as Redes
https://www.youtube.com/watch?v=OTT6x9QOllY
A organização de redes regionalizadas de serviços de saúde constituiu a premissa
sobre a qual historicamente foram debatidas as propostas de reforma do sistema brasileiro -
tomando como referência a experiência dos países que construíram sistemas universais e a
literatura internacional -, e formou parte da bagagem do planejamento em saúde durante
décadas.
No entanto, ao longo da década de noventa, pelos próprios rumos do processo de
descentralização, a instituição de redes deixou de ser o eixo central em torno do qual se
construía a organização de serviços, voltando ao centro do debate apenas a partir da
publicação da Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS), em 2000, e especialmente
com o Pacto pela Saúde, em 2006.
Em seu retorno, a proposta de organização de redes tem assumido diferentes
significados, utilizada de forma distinta por diferentes atores. Especificamente em seu recorte
de organização de serviços de saúde, uma vertente de discussão - refletindo o debate
observado na literatura e na experiência internacional -, centra-se no "campo do cuidado
integrado".
Sob esta denominação genérica, é agrupada uma gama de intervenções com diferentes
denominações em vários países, que variam muito em objetivos, escopo e mecanismos, que
têm em comum a busca por mecanismos e instrumentos de integração, aqui incluídos os
MUNICIPALIZAÇÃO
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO
• Todos têm o dever de se preocupar e qualificar cada vez mais a Atenção Primária à Saúde.
• Se essa política não está organizada, aumenta o custo das ações em saúde; as pessoas sofrem
mais e perdem qualidade de vida, enquanto o mercado da saúde aumenta os lucros em
detrimento dos nossos direitos.
O correto entendimento do conceito da Atenção Primária à saúde, se dará pelo
conhecimento e operacionalização de seus princípios ordenadores: o primeiro contato, a
longitudinalidade, a coordenação do cuidado, a integralidade e a orientação familiar e
comunitária.
Princípios ordenadores da Atenção Primária:
A longitudinalidade – relação pessoal entre paciente e profissionais da atenção
primária ao longo do tempo;
A Integralidade- garantia, pelo sistema de saúde, de todos os cuidados de saúde que o
usuário necessitar;
O primeiro contato – lugar a ser buscado primeiramente pelos usuários;
Orientação Familiar – Além do problema de saúde do indivíduo, a equipe tem que
conhecer a dinâmica familiar, para definir suas necessidades particulares e garantir a
assistência integral, entendendo a família como sujeito da ação;
Princípios ordenadores da Atenção Primária:
Orientação Comunitária: Reconhecer os recursos que a comunidade dispõe para
potencializar o cuidado ao individuo;
A Coordenação- a equipe se responsabiliza pelo cuidado necessário ao usuário, seja
ele feito na Unidade Básica ou em qualquer outro ponto de atenção;
O QUE SE QUERIA COM ISSO?
Um sistema de saúde de qualidade, onde todos os cidadãos tivessem acesso,
hierarquizado mas com referência e contra referência, humanizado, com participação popular
e com o setor privado participando como complementar
A primeira definição sobre a Atenção Primária à Saúde (APS) foi proposta na
Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em Alma-Ata1 . De
acordo com a declaração de Alma Ata, a APS corresponde aos cuidados essenciais à saúde,
baseados em tecnologias acessíveis, que levam os serviços de saúde o mais próximo possível
dos lugares de vida e trabalho das pessoas, constituindo assim, o primeiro nível de contato
com o sistema nacional de saúde e o primeiro elemento de um processo contínuo de atenção.
Há uma frequente discussão sobre a terminologia ideal para nomear o primeiro nível
de atenção à saúde. No Brasil, essa discussão ganha contornos especiais: a expressão Atenção
Básica foi oficializada pelo Governo Federal, embora, em documentos oficiais brasileiros,
identifique-se uma crescente utilização de Atenção Primária à Saúde.
É preciso superar o conceito equivocado de que Atenção Primária no SUS é saúde
barata e sem qualidade, para pessoas pobres. Pelo contrário:
• Ela deve ser universal e integral, envolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da
saúde.
• A atenção Primária deve ser porta de entrada preferencial do cidadão ao Sistema de Saúde.
3.2.Estratégia de Saúde da Família
No Brasil, o Programa Saúde da Família (PSF), lançado em 1994, representa
certamente a proposição de mais largo alcance para organização da Atenção Primária no
Brasil.
A atenção básica ou atenção primária em saúde é conhecida como a "porta de entrada"
dos usuários nos sistemas de saúde. Ou seja, é o atendimento inicial. Seu objetivo é orientar
sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais
graves para níveis de atendimento superiores em complexidade. A atenção básica funciona,
portanto, como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais
simples aos mais complexos.
No Brasil, há diversos programas governamentais relacionados à atenção básica, sendo
um deles a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às
comunidades por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), por exemplo. Consultas,
exames, vacinas, radiografias e outros procedimentos são disponibilizados aos usuários nas
UBSs.
A atenção básica também envolve outras iniciativas, como: as Equipes de Consultórios
de Rua, que atendem pessoas em situação de rua; o Programa Melhor em Casa, de
atendimento domiciliar; o Programa Brasil Sorridente, de saúde bucal; o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), que busca alternativas para melhorar as condições de saúde
de suas comunidades etc.
5.TRIAGEM E ACOLHIMENTO
Em seu aspecto conceitual, o acolhimento é considerado uma tecnologia leve que
otimiza a demanda dos usuários e organiza o processo de cuidado da unidade local, sendo o
profissional responsável por acolher, responsabilizar, resolver e automizar, utilizando relações
de vínculo e capacidade de escuta aberta. Essa tecnologia leve do trabalho depende da
interação profissional-usuário e sua capacidade de articular e qualificar essa relação por
parâmetros humanitários de solidariedade e cidadania. Ressalta-se que é uma tecnologia em
processo de construção e reorganização diária do trabalho cotidiano das equipes da ESF, que
tem contribuído para a ampliação do acesso aos serviços de saúde e para a melhoria da oferta
dos atendimentos de acordo com a demanda dos usuários.
Estabelecido como diretriz de grande relevância para a reestruturação dos serviços de
saúde, a partir da ESF e da Política Nacional de Humanização (PNH), frente às dificuldades
encontradas no cotidiano dos serviços, tais como o aumento do livre acesso dos usuários aos
serviços de saúde; a desvalorização do trabalho em saúde; o distanciamento entre
profissionais e usuários; e a fragmentação das ações no processo de atenção, o acolhimento
ganha força como possibilidade de organização das ações pautada na integralidade do
cuidado.
Espera-se, portanto, que com um acolhimento de qualidade possa ser concretizada
mais aproximação e construção de vínculo entre profissional e usuário do serviço,
compreensão por parte do profissional da necessidade do indivíduo como ser integral e centro
da atenção. Por conseguinte, que haja mais capacidade de intervenção, possibilidade de
criação de autonomia e resolutividade, mais acesso da população aos serviços de saúde
oferecidos pela Atenção Primária à Saúde (APS) e continuidade do cuidado, ou seja, a
possibilidade de transformação nas formas de produzir e prestar serviços.
Alguns desafios encontrados pelas equipes de saúde da família no cotidiano de
trabalho e que refletem diretamente na qualidade da assistência prestada podem ser causados
pela forma mecanizada e técnica como o acolhimento é realizado, redefinido apenas como
triagem para a classificação de consultas e procedimentos específicos. Desta forma, os
sujeitos inseridos no processo de cuidado em saúde não se sentem acolhidos, bem recebidos e
satisfeitos com o atendimento. Esses desafios podem ser minimizados quando a equipe é
constituída por profissionais de saúde aptos a desenvolverem um acolhimento de qualidade,
"Quem eu preciso atender? E que resposta darei a quem eu não conseguir atender
agora?"
Já na triagem a pergunta é:
"Quem eu não vou atender? Quem não deveria estar aqui?"
Entretanto, o acolhimento pode ser uma estratégia de cuidado integral que propicia
aproximação entre profissionais e usuários, com a criação de vínculo, e facilita, portanto,
o acesso ao serviço.
5.1.PARECER COREN-DF Nº 005/2010
ASSUNTO: Atribuição do profissional de Enfermagem
PARECER COREN-DF Nº 005/2010
Nº 005/2010 Atribuição da enfermagem na triagem com classificação de risco em
urgência
ASSUNTO: Atribuição do profissional de enfermagem na triagem com classificação
de risco nos serviços de urgência.
ANÁLISE:
Ao analisarmos a solicitação deste Parecer devemos primeiramente observar que o
termo ”triagem” significa ”seleção, escolha, separação” (Aurélio). Na área de saúde é
usado corriqueiramente para a seleção de pacientes visando o atendimento imediato ou
mediato, segundo a gravidade da situação de cada um.
Nas Unidades Básicas de Saúde os pacientes passam inicialmente por uma “pré-
consulta” onde são aferidos sinais vitais, peso, altura, etc; sendo posteriormente atendidos
pelo Enfermeiro na Consulta de Enfermagem, e/ou pelo Médico ou outro profissional na
consulta específica.
Já no âmbito hospitalar, a triagem como classificação de risco, tem como objetivo
ordenar a fila, dando a devida prioridade no atendimento médico.
De acordo com a Portaria nº 675/GM de março de 2006 que “aprova Carta dos
Direitos dos Usuários da Saúde”, assegura em seu Princípios:
I – Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
Estes envolvem a promoção, proteção e recuperação da saúde promovidos pelo SUS. “Nas
situações de urgência/emergência, o atendimento se dará de forma incondicional, em
qualquer unidade do sistema”.
O sistema seleciona os pacientes com maior prioridade e funciona sem fazer quaisquer
presunções sobre o diagnóstico médico, uma vez que os atendimentos nos serviços de
urgência são, na sua maioria, orientados pelos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes.
O Grupo de Triagem de Manchester foi formado em 1994, com o intuito de
estabelecer um consenso entre médicos e enfermeiros dos Serviços de Urgência a fim de criar
normas de triagem.
Vamos abordar alguns conceitos básicos sobre triagem e o processo de tomada de
decisão nessa área para dar continuidade aos nossos estudos.
Conceitos, processo de tomada de decisão e triagem
Dessa forma, a tomada de decisão deve ser orientada por 05(cinco) passos de acordo
com este sistema (FREITAS, 1997*):
A partir desta visão geral, o próximo passo é colocar em prática o método de triagem
pelo sistema de Manchester.
O que devemos ter nos pontos ou salas para a classificação de risco de Manchester?
Manual de classificação de risco (manual do serviço adquirido do GBCR);
Termômetro (timpânico ou digital infravermelho);
Glicosímetro;
Monitor (saturímetro e FC);
Relógio;
Esfigmomanômetro e estetoscópio;
Material para identificação da prioridade clínica do usuário (ex: pulseiras, adesivos,
etc.);
Ficha de registro da classificação de risco (a instituição pode solicitar modelo ao
GBCR e adaptá-la preservando registros obrigatórios);
Como pode-se ver, a intenção deste artigo não é capacitar ninguém a aplicar o
Protocolo de Manchester, uma vez que somente o Grupo Brasileiro de Classificação de
Risco ou instituições credenciadas podem realizar, mas sim explicar sua complexidade, os
conceitos da classificação de risco e reforçar a necessidade de um atendimento
humanizado e holístico em todos os serviços de saúde. Lembrando que tempo é vida nos
serviços de urgência e emergência. E é por isso que devemos ter responsabilidade e preparo
para realizar esse tipo de atendimento.
PARA ACESSAR A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO(PNH), ACESSE:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.
pdf
usuários ou famílias seria adscrito a uma equipe básica de referência que contaria com o apoio
de especialistas reunidos em uma equipe matricial. Cada equipe matricial serve de apoio para
um determinado número de equipes de referência em uma dada localidade, ambas, com um
caráter multiprofissional. A principal função dos profissionais e das equipes de referência
seria elaborar e aplicar o projeto terapêutico individual. Esta proposta pressupõe três
diretrizes: vínculo terapêutico, gestão colegiada e transdisciplinaridade, apostando no seu
potencial para possibilitar a superação dos aspectos fundamentais sobre os quais repousa o
modelo hegemônico – biomédico.
Para finalizar, destacam-se as relações entre as temáticas do ‘trabalho em equipe’ e
a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, embora cada um desses temas tenha sua
especificidade, bem como a imprecisão na utilização dessas terminologias no campo da saúde.
De maneira geral, ora utilizam-se os prefixos multi, inter ou trans, ora os sufixos profissional
ou disciplinar, mas os autores concordam sobre a importância de não desviar o foco da
questão central que é a constituição de equipes de trabalho (Jacob Filho & Sitta, 2002;
Iribarry, 2003; Ceccim, 2005).
Norteando profissionais de diferentes áreas da saúde, a obra descreve os diferentes
tipos de equipes na saúde, seu funcionamento e as competências necessárias aos seus
membros e líderes. Completam informações sobre treinamento, avaliação, tomada de decisão,
processos de melhorias e administração de conflitos nas equipes. Confira um trecho da obra.
Aprestação de cuidados de saúde tornar-se cada vez mais especializada à medida que o
conhecimento avança. Há décadas, nos Estados Unidos, os médicos eram, em sua maioria,
clínicos gerais. Em 1940, 76% deles eram generalistas. Em 1955, a proporção caiu para 56%;
em 1969, ela chegou a 31%.
Em 2007, apenas 13,5% dos médicos eram generalistas e 34,3% atuavam em todos os
campos da atenção primária integrada: medicina de família, clínica geral, medicina interna e
pediatria (American Association of Medical Colleges, 2008). Desde então, a Associação
Médica Americana classificou 33 especialidades médicas, além dos campos de atenção
primária.
A medicina tornou-se altamente especializada. Desenvolvimentos similares ocorreram
na enfermagem. A enfermagem já tem, nos Estados Unidos, enfermeiros registrados,
enfermeiros práticos licenciados, enfermeiros clínicos especialistas em diferentes campos,
enfermeiros clínicos e doutores em enfermagem clínica.
Apesar disso, a questão do trabalho em equipe não tem recebido a atenção necessária
nos últimos anos. O problema é que, até o começo dos anos 2000, foram adotadas ações
apenas em âmbitos restritos – por exemplo, saúde mental e pediatria do desenvolvimento.
O interesse no trabalho em equipe foi despertado quando se reconheceu que saúde de
alta qualidade é alcançada não somente pela prática competente de profissionais trabalhando
individualmente, mas também pela presença de sistemas – contextos, definições de tarefas,
processos – que permitem e estimulam boas práticas e protegem contra percalços. Um evento-
chave na construção deste reconhecimento foi a publicação de Errar é humano: construindo
um sistema de saúde mais seguro (To Err is Human: Building a Safer Health System; Institute
of Medicine, 2000).
Grupos de trabalho e equipes de trabalho
Inicialmente, é importante compreender o significado da palavra equipe. Em conversas
informais, a palavra é usada para descrever uma ampla variedade de grupos de pessoas
engajadas coletivamente em uma atividade ou outra.
Existem equipes esportivas, equipes administrativas, equipes cirúrgicas e assim por
diante. Em algumas organizações, cada empregado é visto como um membro da equipe, de
modo que esta consiste em milhares de pessoas, muitas das quais nunca se encontraram. Por
exemplo, ao acionar o serviço de atendimento ao cliente de uma determinada empresa, o
cliente sabe que em breve um membro da equipe lhe prestará ajuda.
Todos estes empregos da palavra equipe fazem sentido em seus contextos. Porém, para
compreender o trabalho em equipe no atendimento de saúde, é apropriado definir um termo
que se refira a equipes capazes de proporcionar atendimento conjunto de saúde e tomar
decisões em organizações de saúde.
De modo similar, um grupo que aparenta ser uma equipe de liderança organizacional
pode, na verdade, ser um grupo de indivíduos colaboradores. A diferença é bastante sutil.
Ainda que os membros da equipe de liderança se reúnam regularmente, eles podem ficar
limitados a desempenhar suas próprias funções, sem considerar as ações dos outros membros
da equipe e sem qualquer ajuste para garantir que suas respectivas partes na organização
trabalhem efetivamente juntas.
Uma equipe de liderança por um hospital formada por um vice-presidente para
atendimento do paciente, um diretor médico, um diretor de recursos humanos e outras pessoas
pode funcionar deste modo. Se assim o fizerem, eles não estarão constituindo uma equipe,
mas sim algum outro tipo de grupo de trabalho.
Uma vez que uma equipe tem autoridade para executar sua tarefa, um grupo de
trabalho não é uma equipe se tiver uma supervisão externa. Assim, um grupo de enfermeiras
não é uma equipe se elas tiverem uma direção repetida e detalhada de um supervisor externo à
unidade.
Este grupo não tem liberdade para trabalhar em conjunto de modo colaborativo,
porque seus membros individualmente não têm permissão de interagir com outro para tomar
decisões juntos e influir sobre ele. Alguns grupos grandes, que às vezes são identificados
como equipes, não são equipes de trabalho.
Um time de futebol, por exemplo, não é uma equipe de trabalho. Seu tamanho grande
e a separação de jogadores em diferentes subunidades são inconsistentes com a exigência de
que uma equipe não tenha componentes operando de modo independente. Em um time de
futebol, geralmente existem três subgrupos: um grupo ofensivo, um grupo defensivo e um
intermediário (meio de campo). Um time de futebol é um agrupamento de três equipes, talvez
mais.
Por razões semelhantes, o corpo clínico de um hospital não é uma equipe de trabalho,
e o seu corpo de enfermagem igualmente não o é. Da mesma forma, os empregados de uma
determinada empresa não integram uma equipe de trabalho; em toda empresa existem
múltiplas equipes de trabalho.
Estas considerações são importantes porque a compreensão do desempenho de um
hospital ou serviço de saúde – ou de um time de futebol ou uma loja de departamentos –
requer atenção às equipes de trabalho reais na organização e aos pequenos grupos que aspiram
tornar-se equipes de trabalho, mas ainda não o são. O tratamento de um agrupamento de
equipes de trabalho como se fosse uma única equipe ocultará a função dos seus componentes
e frustrará tentativas para melhorar o desempenho das equipes.
Benefícios do trabalho em equipe
Por que equipes são utilizadas para prestar atendimento de saúde? Conforme já foi
mencionado anteriormente, os profissionais estão ficando cada vez mais especializados, sendo
necessário formar equipes que atendam às necessidades dos pacientes; afinal, nenhum dos
profissionais envolvidos é detentor de todo o conhecimento e experiência necessários.
Para ir além desta consideração, que valor as equipes trazem, de modo geral e para
atendimento à saúde em particular? Quais são as justificativas para empregar equipes em
situações em que o trabalho poderia ser feito por indivíduos isoladamente? Existem, na
verdade, muitas razões para a utilização de equipes.
Consideremos quatro bem importantes: As equipes são mais ágeis no desempenho de
muitas tarefas. Quando o atendimento era feito em série por diversos profissionais, tudo
tomava mais tempo. A interação rápida de pessoas trabalhando em uma equipe economiza
tempo e dinheiro. As equipes também capacitam indivíduos e organizações.
Evidência da eficácia de equipes
Na manufatura, indústria do petróleo e gás, indústria do vestuário e em muitos outros
estabelecimentos tem sido demonstrado que o trabalho em equipe é mais eficaz do que o
trabalho individual.
As equipes também não são novidade no atendimento de saúde. Porém, recentemente
elas têm se tornado mais comuns, assim como tem aumentado o interesse em equipes
interprofissionais. Neste sentido, constata-se que já existe ampla evidência da eficácia de
equipes de atendimento de saúde. Conforme já observado, vários aspectos do atendimento
mostram que não é possível a prestação de serviço por indivíduos isoladamente. Nesses casos,
o atendimento é baseado em equipe por necessidade.
Estudo comprova que, no atendimento a pessoas idosas frágeis e com depressão,
equipes interprofissionais de psicogeriatria são mais eficientes do que profissionais
generalistas atuando individualmente. Em comparação com o atendimento prestado por
médicos individualmente, equipes de geriatras, enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas
ocupacionais, terapeutas físicos e nutricionistas foram capazes de reduzir a mortalidade, ao
menos em curto prazo, em pacientes idosos hospitalizados (Hogen e Fox, 1990).
Em um estudo feito na Escócia, em pacientes com câncer de mama que receberam
atendimento multidisciplinar, constatou-se mortalidade mais baixa do que naqueles tratados
convencionalmente. Neste estudo, o atendimento multidisciplinar foi prestado por uma equipe
interprofissional organizada que observou os protocolos clínicos escritos, adotou decisões
coletivas sobre tratamento e auditou seus resultados; o atendimento convencional foi prestado
por cirurgiões e clínicos, sem qualquer organização de equipe formal.
O atendimento paliativo tem se mostrado mais eficiente quando prestado por uma
equipe multidisciplinar, em comparação à atenção primária (PCPs, do inglês primary care
REFERÊNCIAS
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Disponível em: www.corendf.gov.br.
COFEN. Resolução COFEN Nº 423/2012. Normatiza, no âmbito do sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem, a participação do enfermeiro na atividade de classificação de
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FREITAS, P.. Triagem no serviço de urgência/emergência: grupo de triagem de Manchester.
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http://www.saude.sp.gov.br/resources/humanizacao/institucional/apresentacao_redes_e_regio
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http://redehumanizasus.net/94513-voce-sabe-o-que-sao-redes-de-atencao-a-saude-ras/
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Saude Colet 2010; 15(5):2307-2316.
www.reme.org.br/artigo/detalhes/965
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!