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Fernandes Pereira
Org.
Tecnologias para o
Ensino e o Cuidado
de Enfermagem
Tecnologias para o
Ensino e o Cuidado
de Enfermagem
Francisco Gilberto
Fernandes Pereira
Org.
Tecnologias para o
Ensino e o Cuidado
de Enfermagem
1
Reitor
Gildásio Guedes Fernandes
Vice-Reitor
Viriato Campelo
Diretor da EDUFPI
Cleber de Deus Pereira da Silva
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico
ISBN 978-65-5904-185-5
CDD 610.730
APRESENTAÇÃO ................................................................................ 7
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
7
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
9
Dessa forma, o interesse pelo conhecimento, aprimoramento,
aplicabilidade e produção científica nesse campo tem sido cada vez mais
expandido, acompanhando as tendências dos últimos anos, com o aumento
na utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação em Saúde
(TICS) em diversos cenários na área da saúde, propiciando o aumento das
redes de comunicação, produção de novos produtos e serviços para a saúde,
que influenciam na mudança do perfil do profissional e da população,
quanto ao acesso à informação em saúde e a decisão do próprio cuidado
(PRADO; PERES; LEITE, 2011).
Os registros eletrônicos e a dispersão de informações em saúde
contribuem para que o uso e a dependência da tecnologia continuem a
se ampliar, proporcionando importante oportunidade e responsabilidade
em produzir e utilizar a informação de forma adequada, ao assegurar
que os novos conhecimentos constituam-se em contribuições fidedignas
no suporte à educação, à pesquisa, à prática e à gestão em enfermagem
(TOBASE et al, 2013).
Faz-se necessária, portanto, a produção de conhecimento e de
tecnologias educacionais inovadoras como possibilidade de reorientação
do ensino na saúde e das ações de educação em saúde, considerando
os distintos cenários de ensino-aprendizagem e para que se fortaleça a
integração ensino-serviço de saúde (RIBEIRO et al, 2017).
O uso dessas tecnologias para o ensino sobre primeiros socorros
mostra-se relevante uma vez que os estudos sobre conhecimentos acerca
dessa temática com pessoas leigas mostram grande deficiência, o que pode
acarretar um atendimento inadequado. Um estudo realizado em Oeiras-Pi,
mostrou que professores do ensino básico entendem o que são primeiros
socorros, mas a atuação nesse contexto se dá de forma incipiente levadas
pelo medo e insegurança (SOUSA et al, 2019). Resultados semelhantes
foram encontrados em estudos realizados na Índia e África, que mostram
o despreparo e falta de conhecimento dos professores acerca de primeiros
10
socorros (JOSEPH et al, 2015; NGAYIMBESHA; HATUNGIMANA,
2015).
Dessa forma, a educação em saúde aliada ao uso das tecnologias no
âmbito da urgência e emergência pode ser considerada uma ferramenta
de suporte para a otimização dos atendimentos, uma vez que a população
passa a ter capacidade de identificar e agir rapidamente conforme a situação
de emergência encontrada.
Com base no exposto, presume-se que a educação em saúde aliada ao
uso de tecnologias, como um aplicativo para smartphone, torna-se uma
estratégia facilitadora na disseminação do conhecimento sobre as condutas
corretas frente às situações de emergência e o rápido acionamento do
SAMU-192, podendo implicar no aumento das chances de sucesso e
melhores resultados no atendimento das vítimas.
Dessa forma, o desenvolvimento de um software para smartphones
sobre condutas em situações de urgência e emergência parte da necessidade
de levar conhecimento não só aos profissionais de saúde e acadêmicos da
área, bem como à população leiga, de modo que possam ter ao seu dispor
informações sobre condutas de forma prática para atuar em algumas
situações e fazer o rápido acionamento do serviço móvel de urgência,
consequentemente otimizando o atendimento.
METODOLOGIA
11
autores, o estudo metodológico se desenvolve em cinco etapas: 1. Análise:
corresponde ao momento em que se definem propósito e objetivos do
sistema; seus operadores e usuários; ambiente onde a tecnologia seria
utilizada; e a infraestrutura tecnológica para o funcionamento pleno do
sistema; 2. Desenho: é a fase em que se organizam o desenho e a aparência
do sistema, seu layout, a estrutura de navegação e de apresentação, bem
como o desenho de sua interface; 3. Desenvolvimento: seu propósito é
colocar em atividade, por uma equipe especializada em tecnologia digital
a elaboração do produto final; 4. Avaliação: trata-se da fase em que é
realizada a avaliação da tecnologia por especialistas, de modo que garanta o
alcance dos objetivos propostos; 5. Administração: refere-se à manutenção
do funcionamento correto do sistema e análise de sua efetividade.
A análise trata-se de uma revisão a fim de refletir sobre a aplicabilidade
do instrumento, levando em consideração as vantagens e limitações dos
semelhantes já existentes. Nessa etapa foi realizada a técnica benchmarking.
Procurou-se nesta fase esclarecer os seguintes questionamentos: Qual é a
finalidade do sistema? Quais são os objetivos? O conteúdo é viável? Quem
e como é o público e os aplicadores? Como é o ambiente de trabalho do
público? Quais são os recursos tecnológicos das pessoas envolvidas no
sistema? (MENDOZA; GALVIS, 1999).
O aplicativo em sua formatação final deverá atender em sua finalidade,
o objetivo de auxiliar a população leiga no reconhecimento e condutas
em situações de urgência e emergência e a otimização do acionamento do
SAMU. Assim, a fase de análise foi realizada na loja virtual de aplicativos
Play Store a fim de compor a estratégia Benchmarking.
A proposição do conteúdo do aplicativo foi fundamentada com base
na literatura sobre o tema, análise comparativa do benchmarking e a técnica
SCAMPER que consiste na utilização de um conjunto de orientações
para melhorar um produto já existente a fim de se destacar dos demais
(SANTOS, 2012).
12
Foram utilizados os termos “urgência e emergência” e “primeiros
socorros” na loja virtual Play Store para busca de aplicativos semelhantes
ao desse trabalho a fim de realizar o Benchmarking e aplicação do método
SCAMPER.
O desenho do app foi realizado com base nos resultados da análise,
que subsidiou as decisões de acordo com as informações extraídas
(MENDOZA; GALVIS, 1999). Nessa etapa, o modelo do protótipo foi
pensado de forma que se diferenciasse dos demais apps já existentes na
loja virtual de aplicativos Play Store para esse mesmo fim. O desenho do
aplicativo levou em consideração a atratividade e as características do
público-alvo, de forma que seja de fácil manuseio e compreensão.
A etapa de desenvolvimento do aplicativo, contou com a participação
de um acadêmico do curso de Sistemas da Informação da Universidade
Federal do Piauí, responsável por criar e adequá-lo aos objetivos do
trabalho.
O aplicativo foi desenvolvido utilizando as tecnologias HTML, CSS e
Javascript (ES6 e JSX). A biblioteca utilizada para criação de interfaces para
os usuários foi a chamada React de modo a organizar o projeto, bem como
facilitar a manutenção do código de forma simples, legível e descomplicada.
Na criação do sistema de rotas, utilizou-se ainda uma biblioteca do próprio
React chamada: React-router-dom. Para o desenvolvimento do estilo do app,
além do CSS3, também contou-se com mais uma biblioteca poderosa do
React chamada Styled- components. Para editor de código, foi utilizado o Visual
Studio Code (ou VSCode). O deploy do projeto foi feito em um sistema de
hospedagem em nuvem chamado Netlify.
Esse estudo corresponde a um projeto desenvolvido pelo grupo de
pesquisa em Inovação e Tecnologia no Ensino e no Cuidado em Saúde
(ITECS) da Universidade Federal do Piauí, o qual está projetado para
ocorrer em dois momentos: neste primeiro, o desenvolvimento de um
software para smartphones a ser aplicado com fins educativos na população
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leiga acerca de primeiros socorros em situações de urgência e emergência
e nesse momento da pesquisa, estão inclusos a etapas de análise, desenho e
desenvolvimento propostas por Mendoza e Galvis (1999). Em um segundo
momento, após a apresentação deste relatório de pesquisa, o protótipo
tecnológico deverá passar pelo processo de validação com especialistas da
área de TIC e da Enfermagem e o público-alvo, envolvendo as etapas de
avaliação e administração do software.
Tendo em vista que as fases posteriores da pesquisa necessitarão de
coleta de dados com seres humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de
Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí obedecendo às normas
da Resolução 466/2012 que regulamenta pesquisas envolvendo seres
humanos (BRASIL, 2016; BRASIL, 2012) sendo aprovado com o parecer
de número 3.917.654 em março de 2020.
Foram obedecidos também todos os critérios éticos e jurídicos acerca
da utilização de imagens sem violação de direitos autorais (XAVIER et
al., 2011). Com isso, somente imagens com licença aberta do tipo Creative
Commons By para uso foram selecionadas e adicionadas ao aplicativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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O app “Dr. Drauzio Varella” trás informações bastante resumidas e
de fácil compreensão. Além disso, é bem ilustrado e possui a opção de
acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192)
com apenas dois cliques, porém torna-se um pouco extenso ao passo que
não trás somente situações de urgência. “Primeiros Socorros – FICR” é
um app bastante extenso, com poucas imagens/vídeo, tem uma aba para
testar conhecimentos, trás nele condutas que somente um profissional
capacitado deve realizar o que pode ocasionar ligações indesejadas ou por
engano sobrecarregando a linha do serviço. “APSE” trata-se de um app
somente com condutas para urgências. Possui opção de áudio, o design
do app não é agradável, bem como não apresenta imagens. Tem a opção
de ligar para o SAMU 192 com apenas um clique, o que pode ocasionar
ligações indesejadas ou por engano sobrecarregando a linha do serviço.O
“Manual de Primeiros Socorros” aparentemente destina-se a primeiros
socorros em escolas. O número da emergência está errado e são utilizados
termos muito técnicos dificultando o entendimento de leigos na área da
saúde, além de serem desatualizados.
“Guia de Primeiros Socorros” tráz textos bem detalhados que se
tornam exaustivos, e possui um layout confuso e pouco atrativo, e apesar
de possuir mais de 500 downloads, o app não possui nenhuma avaliação. Em
contra partida, o “SOS Socorro” tem textos sucintos, algo que os leitores
reclamam, de fácil compreensão, design simples e de fácil manuseio,
possibilita também o acionamento do SAMU 192, porém aborda apenas
quatro situações de emergência que são Parada cardiorrespiratória, engasgo,
queimaduras e convulsões.
Já o “Primeiro Socorro” tem textos bem detalhados e extensos, não
há ilustrações, aparecem anúncios do Google repetidas vezes o que pode
atrasar a prestação do socorro por um leigo quando se fizer necessário
consultar as informações no app. No app “ESP/CE” é necessário realizar
um cadastro para ter acesso às informações, tem design pouco atrativo,
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mas de fácil manuseio. Dispõe de textos, áudio e vídeos e dos números do
SAMU 192, Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil. Apesar de pouco
ilustrado, a leitura é de fácil entendimento.
Os demais apps que se destinam a profissionais e estudantes da área da
saúde que trazem informações complexas como técnicas de administração
de medicamentos, procedimentos invasivos e dosagem de medicamentos
em ambiente hospitalar foram excluídos da pesquisa.
Após identificar os aplicativos relacionados a primeiros socorros e
urgência e emergência, prosseguiu-se a aplicação do método SCAMPER.
Procedeu-se a combinação de diversas informações apuradas, a fim de
elaborar um produto inovador, e estas foram contrastadas à uma lista de
questionamentos da técnica SCAMPER, em resposta à necessidade de
criar um APP atrativo e competitivo (MARQUES, 2018).
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Divulgar para a comunidade através de eventos, rádio,
Por em uso
televisão.
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Rearranjar o uso do aplicativo, expandindo a sua utilização para a
população como um todo sendo possível levar informação aos leigos e
facilitando o acesso à informação para profissionais e acadêmicos, caso haja
dúvidas. Na proposta deste produto tecnológico, pensou-se em eliminar
questionários e testes presentes em alguns aplicativos avaliados, pois a ideia
do aplicativo atual é levar informação e não avaliar o conhecimento dos
usuários. Além disso, faz-se necessário eliminar textos longos que tornam
a leitura exaustiva, e pode acarretar em algum atraso no socorro prestado.
Essa técnica se mostrou eficiente na construção do protótipo, uma
vez que contribui, a partir dos questionamentos, a identificar as mudanças
necessárias para dar destaque ao novo produto. De acordo com Idek
(2016), a técnica SCAMPER pode contribuir para que os alunos possam
produzir ideias inovadoras e eficazes, incentivando-os a desenvolver
questionamentos que os levem a um pensamento mais crítico.
Desenho e Desenvolvimento do Software essa fase foi realizada com
base nas decisões tomadas após o levantamento realizado na loja virtual
Play Store. A partir daí, procedeu-se o desenho de um protótipo de baixa
fidelidade. Inicialmente, foi idealizado o nome do aplicativo, considerando
que deve que ser algo simples, fácil de lembrar-se durante a vivência de
uma situação de urgência e atrativo para ser facilmente detectado. Como
a intenção é prestar socorro imediato, ficou definido “Me Socorre App”.
O desenho do aplicativo foi pensado a partir das decisões tomadas após
o Benchmarking. Com isso, surgiram ideias de como o layout poderia tornar-
se atrativo, dinâmico e fácil de manusear, diferenciando-se dos demais já
existentes. Foram selecionadas sete situações de primeiros socorros sendo
elas: Parada Cardiorrespiratória (PCR), Desmaio, Convulsão, Obstrução de
vias aéreas por corpo estranho (OVACE), Choque Elétrico, queimaduras e
Acidente de trânsito. Cada uma teve seus textos resumidamente descritos
de forma a não tornar a leitura cansativa.
O aplicativo foi desenvolvido utilizando as tecnologias HTML, CSS e
Javascript (ES6 e JSX). A biblioteca utilizada para criação de interfaces para
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os usuários foi a chamada React de modo a organizar o projeto, bem como
facilitar a manutenção do código de forma simples, legível e descomplicada.
Na criação do sistema de rotas, utilizou-se ainda uma biblioteca do próprio
React chamada: React-router-dom. Para o desenvolvimento do estilo do app,
além do CSS3, também contamos com mais uma biblioteca poderosa do
React chamada Styled- components. Para editor de código, foi utilizado o Visual
Studio Code (ou VSCode). O deploy do projeto foi feito em um sistema de
hospedagem em nuvem chamado Netlify.
Para evitar que as informações fiquem repetitivas, em algumas
telas foram criados links que direcionam o leitor para às condutas de
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) no adulto, na criança e no bebê,
separadamente, de modo a otimizar o tempo-resposta na prestação do
socorro. Ainda pensando na otimização do atendimento, o aplicativo
conta com um botão ao final de cada tela que possibilita o acionamento do
SAMU 192 através da ligação. Quando o leitor aciona esse botão, ele será
direcionado para a tela de chamada do smartphone com o número correto
já discado, dessa forma a pessoa só precisará confirmar a ligação clicando
no botão “chamar” do seu aparelho.
O tempo para início de atendimento às vítimas de agravo que
caracterizam urgência ou emergência deve ser o mais breve possível, com
destaque para as síndromes neurológicas, cardiovasculares e respiratórias
por serem considerados agravos tempo-dependentes. Segundo protocolo
de Manchester, considera-se 60 minutos para os casos de urgência
moderada, e assistência imediata para as emergências, quando as ocorrências
exprimem risco de morte (MACKWAY-JONES; MARSDEN; WINDLE,
2014; COUTINHO; CECÍLIO; MOTA, 2016).
Dessa forma, é evidente a necessidade de capacitar leigos, fornecendo
ferramentas de fácil manuseio e acesso a informações fidedignas sobre a
conduta a ser adotada em primeiros socorros, até a chegada do serviço
especializado ou resolução da ocorrência quando possível através de
19
manobras simples. É nessa perspectiva que o “Me Socorre App” foi
elaborado com layout em tópicos, centralizados na tela e em cores vivas,
com títulos e tamanho suficiente para proporcionar leitura agradável na
pequena tela dos smartphones.
Destaca-se que a escassez de pesquisas da área da enfermagem sobre
o desenvolvimento de apps utilizando as técnicas aqui abordadas, chama
atenção para um campo de estudo a ser explorado. Concomitantemente,
limitando a discussão entre metodologias semelhantes no contexto da
urgência e emergência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
20
REFERÊNCIAS
21
PINTO, A.M. As novas tecnologias e a educação. Anped Sul, v. 6, p.
1-7, 2004 PTOBASE, L et al. Recursos tecnológicos na educação em
enfermagem. Rev. Journal Health Information, São Paulo, v. 5, n. 3, p.
77-81, jul.-set./2013.
22
CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO
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analisar e monitorar de forma efetiva para que se houverem falhas, estas
estejam passíveis de correção, controlando-as sistematicamente.
Existem os mais variados tipos de tecnologias, desde as mais simples
às mais complexas, e Barra et al. (2006) apresenta que estão compreendidas
entre as educacionais, gerenciais e assistenciais. Estas, por sua vez, vêm se
tornando cada vez mais inovadoras e contemporâneas, e possuem como
objetivo primordial contribuir e auxiliar no cotidiano dos profissionais de
saúde e usuários.
Nas diversas áreas da enfermagem o contato com as tecnologias
está presente cotidianamente, e algumas têm apresentado ganhos mais
significativos que outras, como por exemplo, nos processos de cuidado
assistencial da enfermagem perioperatória, devido à evolução dos
procedimentos cirúrgicos no que se refere às técnicas minimamente
invasivas, como é caso da cirurgia laparoscópica que pode substituir
a cirurgia aberta, e as cirurgias robóticas que usam um maquinário
extremamente sofisticado para garantir maior assertividade cirúrgica e
menor risco de infecção. (FRANÇA; CAMARGO, 2016; SOBECC, 2013).
No que se refere às praticas realizadas durante as disciplinas da área
cirúrgica por acadêmicos de enfermagem, sabe-se que as oportunidades de
instrumentação geralmente são escassas pela própria dinâmica do serviço.
Além disto, os laboratórios de enfermagem em muitas escolas superiores
não oferecem recursos para treinamento em instrumentação básica, pois
possuem poucos instrumentais e não disponibilizam de estrutura física
e equipamentos que levem o aluno, a saber, lidar com a complexidade
do centro cirúrgico, e isto pode resultar em profissionais inseguros e
inexperientes na área da instrumentação.
Pretende-se com este estudo, expandir, por meio de um aplicativo,
os meios para o aprendizado em instrumentais cirúrgicos, de modo que
facilite e desperte a curiosidade e a atenção dos alunos. Assim, diante do
exposto há a necessidade de tornar os acadêmicos aptos a desenvolverem
24
a atividade de instrumentação cirúrgica com segurança e qualidade. Prática
essa, ainda iniciada na graduação, onde a falta de conhecimento pode
causar danos muitas vezes irreversíveis. A criação de novas estratégias de
aprendizagem acerca da instrumentação cirúrgica serve para colaborar no
desenvolvimento profissional, tendo a tecnologia como aliada e sendo um
recurso promissor.
METODOLOGIA
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conteúdos e design do ambiente de estudo (XELEGATI; ÉVORA, 2011).
Foram escolhidos como público alvo acadêmicos de enfermagem, tendo
como desígnio complementar o ensino presencial e auxiliar no processo
de formação profissional sobre o tema. No entanto, destaca-se que esta
ferramenta tecnológica poderá ser utilizada por quaisquer profissionais
de saúde que desejem obter maiores informações a qualquer momento
em relação ao tema. Durante a construção da tecnologia educativa foi
pesquisado todo o assunto a ser abordado, explorando-o por meio
de uma revisão narrativa em bases de dados nacionais e internacionais,
livros de enfermagem baseada em evidências e livros de fundamentos de
enfermagem.
O desenvolvimento compreendeu a materialização das mídias
utilizadas no ambiente virtual de aprendizagem e a escolha da infraestrutura
tecnológica, isto é, na materialização de todo o desenho elaborado na fase
anterior. Inicialmente foi concebido um modelo detalhado da Graphical
User Interface (GUI), esse modelo apresenta como textos, imagens e
vídeos devem estar dispostos em cada tela do aplicativo. As sequências de
interações com as telas pelos usuários foram apresentadas utilizando os
diagramas Unified Modeling Language (UML) comumente utilizados para o
projeto de sistemas (BOOCH; RUMBAUGH; JACOBSON, 2006).
Como a aplicação foi desenvolvida para o sistema operacional Android
(LECHETA, 2013) a linguagem utilizada foi a JAVA (GOSLING, 2000),
utilizando-se o Android Studio 2015 (LECHETA, 2015), uma vez que essa
IDE (Integrated Development Environment) é fortemente recomendada pela
Google, desenvolvedora do Android. A interface foi desenvolvida em XML
(Extensible Markup Language) como requerido pelo sistema operacional.
A organização do material para montagem da tecnologia educativa foi o
último passo, e se deu por meio da seleção das ferramentas no intuito de
possibilitar e incentivar tanto a interação quanto ao interesse dos alunos
(FONSECA, 2012).
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Durante toda a pesquisa foram obedecidos critérios éticos e jurídicos
que regulamentam a utilização de imagens sem violação de direitos
autorais (XAVIER et al, 2011). Desta forma, as imagens utilizadas foram
cuidadosamente retiradas da internet desde que possuíssem a descrição
de Creative Commons By, que permitem licença aberta e uso por quaisquer
usuários, desde que citada a fonte de origem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
27
CESARETTI, 2005). Os procedimentos cirúrgicos, embora sejam
utilizados terapeuticamente, representam uma ameaça à vida de qualquer
pessoa, pois implica em uma carga emocional peculiar e singularizada.
(LEITÃO; DUARTE; BETTEGA, 2013).
Quanto ao momento operatório, a sua realização será de acordo com
a evolução do quadro clínico do paciente, bem como da avaliação das
vantagens e desvantagens da espera, consideradas as condições do paciente.
Podem ser divididas em: emergência (exige intervenção cirúrgica imediata);
urgência (intervenção cirúrgica é mediata, podendo aguardar algumas
horas); e, eletivas (não havendo necessidade de intervenção imediata,
pois a gravidade clínica é mínima, ou o paciente não apresenta condições
ideais para ser submetido ao procedimento naquele momento (NETO;
THOMSON; CARDOSO, 2005; SILVA; RODRIGUES; CESARETTI,
2005).
As cirurgias também podem ser classificadas de acordo com a sua
finalidade, ou seja, o objetivo que se deseja alcançar com a realização da
mesma. Existem diversas finalidades para as cirurgias, sendo estas: paliativas,
que tem o objetivo de compensar os distúrbios, melhorar a qualidade de
vida do paciente e aliviar a dor; radical que consiste na remoção parcial ou
total de um órgão ou segmento corporal; a cirurgia plástica tem a finalidade
estética ou corretiva; e por fim a cirurgia diagnóstica, na qual é caracterizada
pela extração de fragmentos de tecidos para exame microscópico com fins
diagnósticos (SILVA; RODRIGUES; CESARETTI, 2005; TOURNIEUX
et al, 2009 ).
No momento da cirurgia pode ocorrer um fenômeno chamado de
infecção do sítio cirúrgico, decorrente de procedimentos invasivos da
pele ou órgãos que foram manipulados ou traumatizados. Diante disso
a classificação das cirurgias quanto ao seu potencial de contaminação
é: limpas, que são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de
contaminação; potencialmente contaminadas, onde serão manipulados
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tecidos colonizados por flora bacteriana pouco numerosa, ou em
tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso
ou inflamatório; as contaminadas na qual são realizadas em tecidos
traumatizados recentemente e abertos, colonizados por flora bacteriana
abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível; e finalmente, as
cirurgias infectadas, que são as realizadas em qualquer tecido ou órgão, em
presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos
estranhos e feridas de origem suja. (OLIVEIRA et al, 2012; POTTER,
2013).
Assim, de modo geral, todas as intervenções cirúrgicas são realizadas
em quatro tempos básicos e fundamentais, que são a diérese, que consiste na
separação dos planos anatômicos ou tecidos para possibilitar a abordagem
de um órgão ou região; hemostasia, que é o processo através do qual se
previne, detém ou impede o sangramento; a exérese é considerada o tempo
cirúrgico fundamental, pois, consiste na realização do próprio tratamento
cirúrgico, e por fim e não menos importante a síntese, onde é realizada a
aproximação das bordas de uma ferida, com a finalidade de estabelecer a
contiguidade dos tecidos e facilitar as fases do processo de cicatrização
(MALAGUTTI; BONFIM, 2013).
O instrumentador é o profissional que oferece auxílio à equipe
cirúrgica, bem como, fornece os instrumentais para a execução do ato
operatório. Este colabora para amenizar o tempo cirúrgico, assegurar
a assepsia e zelar pelo uso correto dos instrumentais. Este profissional
deverá ter conhecimento acerca da técnica cirúrgica do início ao fim do
procedimento com objetivo de antecipar os instrumentais ao cirurgião e
diminuir o tempo de cirurgia, consequentemente diminuindo o tempo do
paciente dentro do centro cirúrgico. (SOBECC, 2013; GOMES et al, 2013).
Deste modo, torna-se necessário e imprescindível que haja domínio
técnico e cognitivo da maioria dos instrumentais cirúrgicos, que são
organizados em grupo de acordo com suas funções em cada tempo
29
cirúrgico. Convém destacar que os instrumentais da caixa básica são
utilizados em qualquer procedimento cirúrgico, pois contemplam o acesso
a múltiplas regiões e tecidos corporais e possibilitam a realização da cirurgia
nos quatro tempos cirúrgicos. (PAULA et al, 2015).
Desenho de layout
Na fase de desenho foram estabelecidos os elementos a serem
trabalhados no software, tal como a escolha do tema, a definição do
público-alvo, e a seleção do conteúdo a ser disponibilizado no aplicativo.
Escolha do tema
A escolha do tema instrumentais cirúrgicos se deu através da
necessidade de conhecimento sobre instrumentação cirúrgica por parte
dos acadêmicos de enfermagem, visto que na realidade destes há uma
lacuna nesse aspecto, visto que não estão familiarizados com a rotina do
centro cirúrgico, bem como com a instrumentação cirúrgica.
Acrescente-se que a reduzida carga horária de horas de estudo em
laboratório e a escassez de instrumentais cirúrgicos diversos disponíveis para
as práticas, tornam a aprendizagem mais difícil, pois gera indiretamente um
distanciamento do aluno com o material e mais dificuldades para aprender
suas funções e modalidades de uso.
Seleção do conteúdo
Para realizar a seleção do conteúdo presente no aplicativo, optou-se
por apresentar o grupo de instrumentais mais utilizados na maior amplitude
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de tipos de cirurgias, correspondendo, portanto, aos instrumentais da caixa
básica. Para a construção dos textos presentes no software educativo foram
consultados artigos científicos, livros e sites voltados para a enfermagem
cirúrgica, que continham informações sobre os temas tempos cirúrgicos e
instrumentais cirúrgicos, conforme descrição anteriormente apresenta na
revisão narrativa. Posteriormente foram selecionados os pontos principais
para oferecer ao usuário uma leitura simples e objetiva.
Os diálogos do sistema são diretos e naturais e aparecerem nos
momentos adequados e foram estruturados sistematicamente. Além
disso, foram catalogados trinta e sete instrumentais que compõem um
material cirúrgico básico, os quais ficaram disponíveis em uma lista em
conformidade com cada tempo cirúrgico.
Os tipos de fontes gráficas utilizadas para a construção dos textos
presentes no aplicativo foram Trykker que é utilizada nos textos com
descrições mais extensas, possui um alto contraste rosto texto serifa e tem
uma agradável elegância à moda antiga derivada em faces de texto do século
XVI, este pode ser usado de tamanhos pequenos para as configurações de
exibição maiores. Outra fonte utilizada foi a Roboto que é o tipo de letra
padrão no androide, que foi refinada extensivamente para trabalhar em
todo o conjunto mais amplo da plataforma suportada.
A disposição das fontes nas telas se apresenta de forma justificada,
pois transfere ao leitor a perspectiva de organização, controle de leitura e
clareza de informações. O tamanho da fonte foi adequado de acordo com
o tamanho dos textos em disposição na tela do aplicativo, de forma legível,
como uma maneira de facilitar a leitura do usuário.
As imagens utilizadas no aplicativo foram adquiridas através de
uma busca no google imagens no endereço https://www.google.com.
br/imghp?hl=pt-PT, utilizando palavras-chave conforme cada tipo de
instrumental escolhido previamente.
31
Depois de selecionadas foram tratadas por meio do GNU Image
Manipulation Program (GIMP), que é um programa de código aberto voltado
principalmente para criação e edição de imagens raster, e em menor escala
também para desenho vetorial.
No que concerne aos recursos humanos, no momento de construção
do conteúdo do software, pôde contar com uma acadêmica do curso de
graduação de enfermagem, na qual realizou a pesquisa para a composição
do layout das telas e um cientista da computação para a aplicação destes no
próprio aplicativo.
Desenvolvimento do software
A fase de desenvolvimento consistiu na execução de todo o material
selecionado na etapa anterior para a construção do software, realizando a
aplicação do material didático, como figuras, textos e recursos de multimídia
interativos para a aplicação no ambiente de aprendizagem.
Para instalar o aplicativo optou-se pelo sistema operacional androide
por ser uma plataforma livre que está inserida na realidade brasileira, e
disponível na maioria dos aparelhos celulares e tablets de diversas marcas e
tamanhos, inclusive com versões próprias de cada fabricante, que modifica
o sistema a fim de deixar os seus aparelhos com uma aparência singular.
Na utilização do software o usuário é capaz de entender imediatamente
o que deve ser feito através da interface, por isso as cores foram escolhidas
no intuito de trazer tranquilidade e curiosidade ao usuário no momento
da leitura e estão dispostas de acordo com as ações análogas do processo.
A interface traz ainda, uma apresentação simples, de fácil entendimento,
exercendo um uso cuidadoso de elementos e cores, para agradar ao usuário.
Vendo que, manter a interface simples facilita que diferentes dispositivos
acessem o conteúdo de forma menos discrepante, além disso, o aplicativo
foi utilizado primeiramente no simulador para ver como estes se dispõem
em dispositivos de tamanhos diferentes.
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O software foi desenvolvido e disponibilizado no AVA de forma
gratuita na loja virtual da GooglePlay, através do endereço https://play.
google.com/store, onde aparelhos com sistema operacional androide
são totalmente compatíveis para uso. O aplicativo foi nomeado de
“Instrumentais Cirúrgicos”, e assim a busca deve ser feita através da página
principal na Play Store, porém, o download só poderá ser realizado com
acesso à internet. Após realização de download este ficará salvo na memória
do aparelho celular ou tablet e estará disponível para utilização de forma off-
line sem necessidade de criação de login ou senhas para o acesso.
A interface entre a base de dados e a aplicação foi desenvolvida
utilizando o padrão de provedores de conteúdo da API Android, facilitando
ampliação do software, com novas consultas e modificação das já existentes.
Além de facilitar na utilização de adaptadores para camada de apresentação,
o que melhora a interação do usuário na exibição de listas de informações,
como o caso das listas de instrumentos, em cada tempo cirúrgico.
A interface gráfica para o usuário foi desenvolvida em XML, a linguagem
padrão de desenho de interface no sistema operacional Android. Ela foi
desenvolvida levando em conta a pluralidade de dispositivos existentes no
ecossistema Android, isto é, diferentes tamanhos de telas e resoluções. Para
isso foram preteridos tamanhos fixos em pixels (px) dos componentes
(botões, caracteres, imagens) e utilizados densidades independentes de
pixels (dp) separadas em 5 conjuntos de densidades: mdpi (medium)
~160dpi; hdpi (high) ~240dpi; xhdpi (extra-high) ~320dpi; xxhdpi (extra-
extra-high) ~480dpi; xxxhdpi (extra-extra-extra-high) ~640dpi. Devido a
isso, cada imagem de instrumento no aplicativo tem 5 diferentes tamanhos
para se ajustar melhor no dispositivo do usuário.
A discussão sobre a utilização de TIC’s no ensino superior tem ganhado
as plataformas de divulgação científica mais recentemente, evidenciada
pela expressiva construção e disponibilização de materiais tecnológicos.
Para Morais; Batista; Ramos (2011) a utilização dessa nova modalidade de
ensino tem trazido resultados positivos no que diz respeito ao binômio
33
ensino-aprendizagem, apresentando uma ampla habilidade de inovação.
Esse fato se justifica pela vasta capacidade que as tecnologias têm em
promover a interação entre alunos e professores diante das várias formas
de comunicação oferecidas em função do processo de aprendizagem
(XAVIER et al. 2011).
Para Moreira, Monteiro (2010) este é um século cercado pela
informação e comunicação e partindo do pressuposto de que a aprendizagem
combinada em cenários presenciais e virtuais está manifesto no cenário da
educação, entende-se que os professores precisam se atualizar de forma
a conseguirem acompanhar a evolução tecnológica que se modifica e
se expande diariamente. Para tanto, estes devem deixar de ter receio em
usá-las, pois elas oferecem para a educação a possibilidade de melhor
compreensão das teorias e atividades realizadas, visto que, os professores
têm a responsabilidade de manter a atenção do aluno no processo ensino-
aprendizado.
Deste modo, se vê a importância desses profissionais se reinventarem
no que diz respeito à apropriação social das novas metodologias e
tecnologias, na busca de proporcionar certa afinidade entre pessoas
de diferentes culturas e conhecimentos, tendo como objetivo uma
aprendizagem satisfatória, diferentemente de antes quando na avaliação da
atenção existia um distanciamento significativo entre o corpo docente e
discente (MARCHIORI; MELO; MELO, 2011).
É de conhecimento geral que houve alterações no fluxo de
comunicações e relações sociais a partir do surgimento da internet e as novas
tecnologias computacionais. É necessário salientar sobre a importância das
práticas de incentivo continuado em relação aos processos pedagógicos que
o docente executa. Este por sua vez, necessita de investimento no sentido
de aderir às novas práticas educacionais em conjunto com a tecnologia para
a obtenção da realização do processo ensinoaprendizagem, visto que, o
professor apresenta mais resistência e dificuldade de aprendizagem na área
34
da inovação tecnológica do que os estudantes (MARCHIORI; MELO;
MELO, 2011).
Os recursos tecnológicos trazem diversos benefícios a favor da
enfermagem, e o campo de informática em enfermagem ganha seu
momento, pois os computadores e dispositivos móveis aparecem de
forma positiva no cenário da saúde educacional, causando impacto para
a sociedade. Logo o profissional da saúde visualizará um novo papel a ser
desempenhado, e com o uso dessas tecnologias resultará em um produto
final positivo, ou seja, no sentido de beneficiar o paciente e de racionalizar
o trabalho, como é o caso do aplicativo ora desenvolvido (GOMES, 2014).
Frente às novas tecnologias é indispensável que o enfermeiro entenda
como esta pode modificar o seu cotidiano, bem como o seu trabalho
diário, e como utilizar essas tecnologias de forma positiva visando novas
oportunidades e ocupar seu espaço diante dos processos de mudança.
A informática entra nesse meio como um novo estilo de vida causado
pelos impactos advindos do avanço da tecnologia computacional na qual
este profissional deve se adequar. Para isso, precisa aceitar que para a
produtividade da equipe de enfermagem, esta precisa aceitar o processo de
mudança e isso refletirá em resultados positivos para o serviço em saúde
(ÉVORA, 2007).
É importante considerar que a utilização de aplicativos e outras
modalidades computacionais não são necessariamente as melhores e únicas
alternativas adequadas para o ensino, como demonstra Marchiori, Melo e
Melo (2011) ao afirmar que o uso das tecnologias educacionais, mesmo
que de forma adequada, não garantem a eficácia da aprendizagem, isso
depende tanto da forma didática que a informação se apresentará, como
do nível de interesse dos alunos em aprender.
Contudo, torna-se clara a identificação dos benefícios que os
aplicativos trazem em sala de aula, visto que este poupa tempo por parte
de alunos e professores e transmite segurança no momento dos resultados.
35
O uso dessas novas metodologias de ensino através das tecnologias traz
resultados positivos que refletem na melhoria da prática dos enfermeiros
oferecendo mais confiança na realização do cuidado, e estabelecendo o
bem-estar do paciente (PEREIRA et al, 2016).
Na realidade vivenciada por Oliveira et al (2012) houve a construção
de um aplicativo móvel que promove a interoperabilidade entre sistemas
operacionais iOs, Androide, Symbian, BlackBerry e webOs, este consiste
em um aplicativo voltado para a educação de profissionais de saúde
e pacientes. O autor utilizou na sua metodologia para construção do
aplicativo um framework, PhoneGap que permite a criação de aplicativos
mobile usando padrões web.
Em outro trabalho desenvolvido por Pereira et al. (2016), trata-se de um
software educacional compatível com aparelhos que operam por tecnologias
do tipo androide, sua construção foi direcionada para estudantes de ensino
superior e tem como objetivo ajudar os estudantes sobre questões acerca
do tema sinais vitais, incluindo temperatura, frequência respiratória, pressão
arterial, frequência cardíaca, dor e Índice de Massa Corporal (IMC). Nesse
estudo os autores optaram por utilizar a metodologia de Galvis-Panqueva
por ser compatível com os objetivos da pesquisa, essa se constituiu da
fase de análise e desenho que consiste na criação e a utilização do AVA; e
desenvolvimento que é a materialização das mídias utilizadas no AVA.
Convém destacar um estudo de construção de software para ensino da
técnica de cateterismo urinário de demora para acadêmicos de enfermagem,
que utilizou um modelo de aplicação tecnológica considerada atualmente
como mais obsoleta, que foi uma multimídia desenvolvida através dos
programas computacionais Office script 3.0® e o Flash®. Este se difere
dos outros dois estudos citados anteriormente, por apresentar menor
interação, menor mobilidade, necessidade de computador para acesso e
baixa portabilidade. No entanto, ao realizar testes pré e pós intervenção,
foi comprovada a eficiência da multimídia na aquisição de conhecimento e
habilidade (LOPES et al, 2011).
36
Deste modo, fica evidente que o desenvolvimento de aplicativos
para o ensino de habilidades básicas em enfermagem é uma tendência
contemporânea, e cabe às universidades, corpo de docentes e discentes,
bem como os enfermeiros que atuam na área assistencial se apropriarem
dessas metodologias, no sentindo de fortalecer o desenvolvimento da
profissão, investindo em um cuidado mais seguro.
CONCLUSÃO
37
REFERÊNCIAS
38
GALVIS-PANQUEVA, A.; MENDOZA, P. Ambientes virtuales de
aprendizaje: uma metodologia para su creación. Informática Educ, v. 12,
n. 2, p. 295-317, 1999.
39
LOPES, A. F. O desafio do uso das TIC na educação infantil. Rev.
Pandora Brasil, n. 34, 2011.
40
NASCIMENTO, A. M. SOUSA, C. C. S. Uma análise da percepção das
inovações tecnológicas no sistema de saúde de Camaçari-BA. Revista
Gestão.Org, v. 13, p. 223 232, 2015.
41
ROSSI, F. R.; LIMA, M. A. D. S. Acolhimento: tecnologia leve nos processos
gerenciais do enfermeiro. Rev Bras Enferm, v. 58, n. 3, p. 305-310, 2005.
42
CAPÍTULO 3
INTRODUÇÃO
43
mesmas. Sendo assim, na realização da educação em saúde a serem
realizados no domicílio, é indispensável tanto a orientação verbal quanto a
escrita com linguagem compreensível (CAMARGO; ANDRÉ; LAMARI,
2016).
Segundo Silva, Monteiro e Santos (2015) depois da alta hospitalar
aparecem dúvidas sobre a assistência a ser realizada ao indivíduo no
domicílio com relação à alimentação, à administração de medicamentos,
à movimentação do paciente, à higiene corporal dentre outras, sendo de
grande relevância a criação de uma cartilha ilustrativa para sanar essa
deficiência de conhecimento de forma rápida com fácil compreensão.
A interação enfermeiro-paciente é essencial para a definição e
conquista de metas para saúde dos indivíduos, por isso destaca-se como
marco teórico possível para guiar a prática neste contexto, a Teoria do
Alcance de Meta de Imogene King (Moura; Pagliuca, 2004). Nela, as
enfermeiras devem dar ênfase às metas a serem alcançadas na situação
de enfermagem, aproximando-as da realidade e ajudando a verificar as
percepções dos pacientes (Moreira; Araújo, 2002). Assim, presume-se
que aumenta a segurança do paciente e família no desenvolvimento dos
cuidados pós-operatórios em domicílio e proporciona uma recuperação
mais rápida e sem intercorrências.
A relevância desse estudo decorre do intuito de auxiliar os profissionais
de enfermagem de um hospital público do município na promoção da
segurança do paciente cirúrgico durante a alta hospitalar através do
uso de um instrumento específico para essa finalidade, bem como em
longo prazo, fomentar práticas de cuidado com segurança no ambiente
domiciliar, reduzindo, portanto, algumas intercorrências pós-operatórias.
Nesta perspectiva, o estudo objetiva construir uma tecnologia
educacional sobre cuidados domiciliares no pós-operatório de cirurgias
gerais. Realizando uma revisão narrativa para fundamentar a construção
da tecnologia educacional, como também elaborar o layout, texto e as
imagens usadas para compor a tecnologia educacional.
44
MÉTODO
45
Levantamento Bibliográfico
46
Construção da tecnologia educacional
47
RESULTADOS E DISCUSSÃO
48
em torno de 24 a 48 horas e, por fim, o cólon depois de 48 horas. O
retorno da dieta oral após a cirurgia deve ser estabelecido conforme
avaliação do procedimento cirúrgico efetuado e da presença ou não de
ruídos hidroaéreos, pois nos pacientes em que os ruídos hidroaéreos estão
presentes e ocorre à eliminação de gases, a dieta oral pode ser iniciada e
também pode ser livre. Quanto à nutrição e hidratação pós-operatória
é recomendado aumentar a ingestão de fibras e líquidos para controlar
e/ou previr constipação (PROGRAMA DE AUTO-AVALIAÇÃO EM
CIRURGIA, 2001; MATA; NAPOLEÃO, 2011).
Nos casos de cirurgias eletivas, o início da ingestão da dieta oral no
pós-operatório depende do íleo, quer dizer, que a dieta oral só poderá ser
iniciada quando o paciente apresentar movimentos peristálticos, flatos ou
evacuação, e geralmente isso acontece por volta do terceiro ou quarto dia
de pós-operatório, devendo a ingestão ser iniciada com uma dieta líquida,
depois pastosa até chegar a uma dieta sólida (ROSA; BITENCOURT,
2011).
Frequentemente no período pós-operatório o início do retorno à
alimentação oral é atrasado durante 24 a 48 horas após a cirurgia, devido
ser necessário ocorrer à presença de sons intestinais ou ruídos intestinais
hidroaéreos (RHA) ou passagem de flatos para ser retomada a dieta oral.
Geralmente inicia-se a retomada da dieta oral com algumas refeições
somente com líquidos leves, depois líquidos completos e por fim é que os
alimentos sólidos podem ser ingeridos. Todavia não há nenhuma razão
fisiológica que contraindique a introdução de alimentos sólidos quando o
trato gastrintestinal estiver funcionando e líquidos sejam bem tolerados,
visto que há evidências que depois da cirurgia os pacientes podem iniciar
a dieta com alimentos sólidos ao invés de somente dieta líquida leve
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).
No período pós-operatório a deambulação precoce e os exercícios
com os membros inferiores viabilizam melhorias na circulação, evitam a
49
estase venosa e favorecem uma ótima função respiratória. Os exercícios
com os membros inferiores englobam: extensão e a flexão das articulações
do joelho e do quadril, o cotovelo e o ombro devem ser movimentados
de forma suave, o pé deve executar o movimento de rotação, com o hálux
fazendo um círculo. Com esses movimentos o tônus muscular é preservado
e a deambulação será retomada de maneira espontânea e simples (FILHO,
2016; SMELTZER; BARE, 2005).
Os exercícios a serem executados com os membros inferiores serão na
posição de semi-fowler, onde inicialmente deve-se realizar durante alguns
segundos o movimento de flexão do joelho e elevação do pé, em seguida a
perna deve ser estendida e abaixada até retornar ao leito, esse movimento
deve ser repetido 5 vezes em cada perna. Logo após os pés devem ser
curvados para baixo, depois um no sentido de encontrar o outro, para cima
e depois para fora, fazendo assim círculos com os pés, novamente esses
movimentos devem ser repetidos por 5 vezes (SMELTZER; BARE, 2005).
No pós-operatório imediato de procedimentos abdominais, é
aconselhado para o paciente ficar em repouso na posição de Fowler, ou
então com os membros inferiores fletidos e um pouco elevados, para
dessa maneira oportunizar a diminuição da tensão da parede abdominal e
facilita a drenagem venosa dos membros inferiores. É importante salientar
a mobilização ativa e passiva do paciente, bem como o início precoce
de exercícios respiratórios na profilaxia da trombose venosa profunda,
na prevenção de lesões por pressão, e complicações pulmonares como
atelectasias e pneumonias (PROGRAMA DE AUTO-AVALIAÇÃO EM
CIRURGIA, 2001).
Para proteger a incisão cirúrgica torácica ou abdominal durante a tosse,
o paciente é orientado para ficar sentado no leito com o corpo ligeiramente
inclinado para frente, posicionar as palmas das mãos juntas, de forma a
manter os dedos fortemente entrelaçados, e por fim colocar suas mãos em
cima do sítio incisional para imobilizar o local durante a tosse. A tosse é
50
incentivada com o propósito de mobilizar as secreções para favorecer a sua
remoção, e a respiração profunda antecedendo a tosse incentiva o reflexo
da tosse, se a tosse não for realizada de maneira adequada, podem ocorrer
complicações como atelectasia, pneumonia, dentre outras (SMELTZER;
BARE, 2005).
Durante o período pós-operatório, dentre os cuidados, é de grande
relevância a higiene corporal correta do paciente, principalmente no local
em que se encontra a incisão cirúrgica. Portanto no tocante a higiene é
recomendado o banho diário, sendo que nas primeiras 24 a 48 horas após a
cirurgia o paciente pode tomar banho no chuveiro e lavar a ferida operatória
com água e sabão comum, deve-se ter o cuidado de não esfregar a ferida
operatória, o local da incisão deve ser enxugado com toalhas limpas e secas,
após o banho deixar a ferida limpa e seca e não há necessidade de cobri-la
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017; ROSA;
BITENCOURT, 2011; MATA; NAPOLEÃO, 2010; FILHO, 2016).
Após a realização de um procedimento cirúrgico algumas atividades
que são realizadas na rotina dos indivíduos precisam ser evitadas para
que a cicatrização da incisão cirúrgica possa ocorrer com maior rapidez e
segurança. Logo o retorno de algumas atividades diárias deve ser evitado,
especialmente as que exigem exercícios vigorosos. (MATA; NAPOLEÃO,
2010).
51
pode ficar descoberta, pois os curativos fechados quando deixados
durante um longo tempo podem manter a ferida úmida, muitas vezes com
sangue, facilitando sua contaminação, bem como não é necessário colocar
curativos, nem usar antissépticos ou pomadas (PROGRAMA DE AUTO-
AVALIAÇÃO EM CIRURGIA, 2001; WHO, 2016; FILHO, 2016).
Nas primeiras 24 horas após o procedimento cirúrgico a ferida deve
ser lavada com soro fisiológico e deve permanecer coberta, já nas 48 horas
após a cirurgia o paciente pode tomar banho e lavar a ferida operatória
com água e sabão, e após o banho deixar a ferida limpa e seca e não há
necessidade de cobri-la, exceto se houver drenagem de líquido na ferida,
nesse caso é necessária realização do curativo para drenagem da secreção
(ROSA; BITENCOURT, 2011).
Os curativos podem englobar diversas finalidades podendo ser abertos,
semi-oclusivos e oclusivos, nos procedimentos cirúrgicos os mais usados
são o semi-oclusivo e o aberto, uma vez que o semi-oclusivo absorve o
exsudato e o curativo aberto é utilizado em feridas cirúrgicas limpas com
cortes pequenos e suturas 24 horas após a realização do procedimento
cirúrgico (ROSA; BITENCOURT, 2011).
A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico (SF) 0,9%
morno em jato, frasco de 500 ml com ponteiras para irrigação. Nas feridas
com cicatrização por primeira intenção recomendam-se as seguintes
práticas (ANVISA, 2017):
52
● o curativo anterior deverá ser removido com luvas de
procedimento;
● deve ser realizado com toque suave de SF 0,9 % na incisão
cirúrgica; e o local da incisão necessita de avaliação, para
investigar a presença de exsudato. Porém ressalta-se que as
incisões podem ficar expostas até a remoção da sutura.
53
Construção do material didático
A cartilha foi construída fundamentada na Teoria de Alcance de Metas
de Imogene King, sendo contemplado em toda a sua elaboração a meta
dessa teoria, que é ajudar os indivíduos a manter um estado saudável,
através da identificação das necessidades de cuidados dos pacientes, bem
como o estabelecimento de metas com base nos diagnósticos elaborados.
A cartilha foi estruturada de forma sucinta, concisa e de fácil assimilação
do seu conteúdo, informando o leitor sobre os cuidados indispensáveis
para sua recuperação em domicílio após a alta hospitalar, facilitando a
leitura e manuseio da mesma mediante informações organizadas. Levando
isso em consideração os textos usados na cartilha foram breves, com
uma linguagem clara e objetiva, associada com ilustrações atrativas que
desenvolvam a motivação do leitor a ler, compreender e praticar o que
foi determinado na mesma, bem como se auto-avaliar quanto ao nível de
adesão que conseguiu ter, para o alcance de cada meta estabelecida nos
tópicos da cartilha.
Este material educacional é constituído por ilustrações que mostram
personagens identificados a cada imagem como pacientes cirúrgicos no
pós-operatório por intermédio da presença de uma incisão cirúrgica da
cirurgia apendicectomia, que se constitui em um tipo de cirurgia geral, ou
seja, os personagens representam a realidade do público-alvo que a cartilha
pretende englobar.
Para efeito de esclarecimento é apropriado relatar que a cartilha foi
dividida em oito tópicos, de acordo com o exposto a seguir:
54
● Tópico 2 - Cuidados com a higiene corporal: refere-se às
recomendações sobre a higienização correta do paciente;
● Tópico 3 - Cuidados com o local onde a cirurgia foi realizada:
foram descritas medidas para prevenção de infecção na ferida
operatória, como por exemplo, o ato de higienizar as mãos, que
consiste em um método rápido, barato e seguro para prevenir
o surgimento de infecções, uma vez que as mãos podem
ser um meio de disseminação de bactérias entre pessoas ou
mesmo de uma região do corpo para outra ;
● Tópico 4 - Cuidados com o uso de medicamentos: descreve
orientações quanto ao uso correto dos medicamentos,
envolvendo horário certo, quantidade certa, seguindo a
prescrição medicamentosa, bem como não fazer uso de
bebidas alcoólicas ou cigarros;
● Tópico 5 - Cuidados com a dieta: destaca-se a realização de
refeições ricas em fibras, com a presença de frutas, verduras,
bem como evitar a ingestão de refrigerantes e a ingestão de
água simultaneamente com a refeição sólida;
● Tópico 6 - Cuidados para melhorar a circulação e o movimento
do corpo: traz um incentivo para deambulação do paciente e
realização de exercícios com os membros inferiores;
● Tópico 7 - Cuidados para melhorar a respiração: engloba
a maneira de proteger a incisão cirúrgica durante a tosse e
incentiva o paciente a realizar exercícios respiratórios para
melhorar a função pulmonar;
● Tópico 8 - Viva de forma saudável: destaca-se que para ter uma
vida saudável deve-se exercitar sempre o corpo fisicamente
com uma caminhada ou exercício físico, bem como a mente
intelectualmente através da leitura.
55
Na Teoria de Alcance de Metas utilizada neste estudo, é de suma
importância que o enfermeiro estabeleça diagnósticos de enfermagem
baseados nas necessidades dos pacientes e estabeleça e pactue a
implementação de intervenções juntamente com o paciente, com o propósito
de alcançar metas de saúde, sendo que no caso de procedimentos cirúrgicos
como as cirurgias gerais, recorreu-se à utilização de figuras, conforme
ilustradas nos 8 tópicos da cartilha, para verificação do cumprimento das
orientações através da marcação nos quadrinhos referentes às imagens
com sim, não ou em parte.
É recomendado que esta cartilha seja entregue ao paciente em pós-
operatório de cirurgia geral e/ou ao acompanhante/família no momento da
alta hospitalar, sendo orientado a estes que sempre que o paciente retornar
ao hospital ou buscar uma unidade de saúde necessitando de assistência,
leve a cartilha, que conterá os dados de identificação do paciente que
contribuirão para a continuidade do cuidado fornecido.
DISCUSSÃO
56
ou tratamento de enfermidades. Os mesmos reforçam as orientações
comunicadas verbalmente e contribuem na implementação, pelo próprio
indivíduo juntamente com seus familiares, dos cuidados necessários
para uma recuperação rápida e segura no domicílio após a alta hospitalar
(FREITAS e FILHO, 2011).
As tecnologias educacionais elaboradas por enfermeiros devem ter
como propósito facilitar seu trabalho e aprimorar a qualidade da assistência
por eles fornecida por intermédio da educação em saúde, a qual contribui
para a prevenção e promoção da saúde de modo geral (OLIVEIRA;
FERNANDES; SAWADA, 2008).
Tecnologias educativas são instrumentos facilitadores do processo
ensino-aprendizagem empregues como meio de transferência de
conhecimento, para minorar dúvidas com a finalidade de ser um recurso
educacional de fácil acesso que complementa e esclarece instruções
concedidas por profissionais. Essas tecnologias são criadas como uma
forma criativa e atrativa de transmitir informações, as quais além de
possibilitar o alcance das metas dos pacientes, também contribuem para
uma otimização do trabalho da Enfermagem (ÁFIO et al., 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
57
informações favorecem a assimilação dos cuidados pelos pacientes e
familiares. As orientações concedidas pelos enfermeiros são fundamentais
para efetivas transições, uma vez que colaboram no uso das medicações
e no gerenciamento do autocuidado, melhoram a adesão ao tratamento,
diminuem a taxa de reinternação e de mortalidade (WEBER et al., 2017).
REFERÊNCIAS
58
LOBIONDO-WOOD, G.;HABER, J. Pesquisa em Enfermagem:
métodos, avaliação, crítica e utilização. 4 ed. Rio de Janeiro (RJ): Editora
Guanabara Koogan, 2001, 336p.
59
MOURA, E. R. F.; PAGLIUCA, L. M. F. A Teoria de King e sua interface
com o programa” Saúde da Família”. Rev Esc Enferm USP, v. 38, n. 3,
p. 270-279, 2004.
60
ROTHER, E.T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista
Enfermagem, v. 20, n. 2, 2007.
61
REBERTE, L. M.; HOGA, L. A. K.; GOMES, A. L. Z. O processo de
construção de material educativo para a promoção da saúde da gestante.
Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 20, n. 1, p. 101-108,
2012.
62
CAPÍTULO 4
INTRODUÇÃO
63
fatais e não fatais, com um total de 26% e 14%, respectivamente. Em
relação aos veículos envolvidos, as motocicletas representam 21% da frota
nacional de veículos, entretanto, compõem 32% dos veículos envolvidos
em acidentes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PREVENÇÃO DOS
ACIDENTES DE TRÂNSITO, 2014).
No trânsito, em sua maioria, os jovens morrem ou ficam inválidos
por motivos comuns que poderiam ser evitados. Os adolescentes e jovens,
são os mais propensos à ocorrência de acidentes de trânsito, logo, torna-
se de fundamental importância estudar a frequência de comportamentos
de risco nesse segmento da população e elaborar estratégias para sua
prevenção (COLICCHIO; PASSOS, 2010).
Os adolescentes representam grupo estratégico de políticas de
promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos (WASKMAN;
PIRITO, 2005). Isso porque, nessa época de transição entre a adolescência
e a vida adulta, os jovens passam por mudanças profundas, buscando novas
referências e se expondo, por vezes, a atitudes de risco. Esse comportamento
está, por exemplo, associado a um aumento da incidência de acidentes
e violências, que podem resultar em lesões e incapacidades definitivas.
Além disso, os danos causados por acidentes e violências correspondem
a altos custos emocionais, sociais, com aparatos de segurança pública e,
principalmente, gastos com assistência à saúde (MASCARENHAS et al.
2006).
Com isso é necessário utilizar métodos que possam atrair e atingir
esse público, que se mostra desinteressado por palestras, debates e outras
formas de atividades educativas considerados por eles como chatas e
cansativas. Assim, o uso de materiais educativos como a cartilha, se mostra
mais interessante para esse público, e quando voltados a sua realidade e
formas de comportamento chamam mais atenção e despertam maior
interesse.
Este estudo se torna relevante, pois enfatiza um atual problema de
saúde pública existente na sociedade: os altos índices de acidentes de
64
trânsito envolvendo jovens e adolescentes, em especial motocicletas.
Pretende-se, com este estudo, difundir por meio de uma cartilha educativa,
informações a respeito da prevenção em acidentes de trânsito, tendo como
público alvo os adolescentes.
METODOLOGIA
65
possa atingir seu objetivo necessita de validação de conteúdo e aparência,
bem como avaliação pelo próprio usuário final.
Foi realizada uma busca do assunto relacionado às medidas de
prevenção e epidemiologia dos acidentes de trânsito no Brasil, para
posterior confecção de uma revisão narrativa que deu suporte teórico ao
conteúdo proposto na cartilha. Essa etapa é segundo Echer (2005) uma
das mais valiosas, visto que é nela onde se definem os pontos relevantes e,
portanto, necessários ao que o usuário final necessita ser informado.
Reitera-se que foi realizada uma revisão narrativa da literatura,
que segundo Rother (2007) é suficiente para responder a questões que
sustentarão a confecção de materiais educativos. Ainda para Rother (2007)
este método de revisão não contém passos sistematizados, portanto,
permite ao revisor amplas possibilidades de buscas na literatura. Neste
estudo, os passos seguidos foram:
66
quais facilitam a legibilidade e compreensão de um texto, uma vez que
motivam o entusiasmo pela leitura, além de completar e fortalecer a
informação.
A tecnologia educacional (cartilha) necessita conter informações
pertinentes abordadas de maneira atrativa, objetiva, não deve ser extensa,
pois deve ser de fácil compreensão e de forma que motive os indivíduos a
lerem seu conteúdo, sendo de fundamental importância utilizar ilustrações
que facilitem o entendimento dos leitores (ECHER, 2005).
Diante disso, a construção da cartilha ocorreu durante os meses de
maio e junho de 2017 e contou com o auxílio de um profissional ilustrador
gráfico que desenhou as ilustrações para o conteúdo da mesma com a
finalidade de facilitar a compreensão por parte do público-alvo. Já quanto
ao conteúdo expresso no material, este foi elaborado pela autora com
base na revisão narrativa da literatura científica sobre o assunto realizada
durante a construção do projeto.
Durante toda a pesquisa foram obedecidos critérios éticos e jurídicos
que regulamentam a utilização de textos e imagens sem violação de direitos
autorais (XAVIER et al. 2011). Desta forma, as imagens utilizadas foram
feitas por profissional contratado, nenhuma foram retiradas da internet,
e os textos de outros autores pesquisados foram citados utilizando as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
67
trânsito. Ao final são expostos os principais tipos de sinalizações presente
nas vias e seus significados.
A estrutura da cartilha é simples e de fácil compreensão, com
exploração dos pontos relevantes, permitindo ao leitor um melhor
manuseio e identificação de suas partes, permitindo por fim ampliar a
visão acerca do que se pretende informar.
Os textos curtos, com fontes grandes e diferentes, foram feitos
buscando harmonizar-se juntamente com as imagens, com o objetivo de
chamar a atenção do leitor, no caso adolescentes. Já o uso de ilustrações,
que é bem importante como ferramenta de incentivo à leitura, apareceu
na cartilha de forma auto compreensível, mantendo uma interação direta
com o texto, de modo a reforçar graficamente o conteúdo ora descrito.
Oliveira, Lopes e Fernandes (2014) dizem que um material educativo
produzido eficazmente pode mudar a realidade de uma população, motivo
pelo qual deve se considerar o que se pretende informar e sua expectativa,
ou seja, o produto final não pode ser apenas um aglomerado de texto
e imagem, mas deve produzir a necessidade de mudança ou de reflexão
sobre alguma prática ou hábito.
O material escolhido foi a cartilha, visto que esta, se torna bem acessível
e de fácil manuseio pelos adolescentes. Esse instrumento visa a orientar
e a melhorar o conhecimento dos mesmos sobre o tema, podendo servir
de auxílio para professores, profissionais de saúde e demais facilitadores
da educação a fim de instruir e difundir informações relevantes para a
sociedade.
Para o processo de construção dessa cartilha, foram considerados
aspectos para motivar a leitura e o aprendizado dos adolescentes por meio
da disposição estratégica do conteúdo e das ilustrações. Martins et al.
(2012) dizem que esse é um interessante recurso visual para auxiliar nas
atividades de educação em saúde, e completam que as ilustrações presentes
nesse tipo de material devem ser simples, atraentes e reproduzir a realidade
do público-alvo.
68
As imagens mostram os personagens adolescentes, condizendo com o
público alvo. Neste sentido, nas ilustrações os pedestres são representados
pela placa de travessia de pedestres, e por dois adolescentes fazendo usos
do celular, onde o propósito é alertar o perigo de andar distraído com
o aparelho no trânsito. Os ciclistas também são ilustrados em imagem
panorâmica da bicicleta e de um personagem utilizando a mesma, se
atentando ao uso de equipamentos de proteção. Na parte dos motociclistas
a cartilha procura focar o uso do capacete pelos usuários, já que é um dos
principais equipamentos de proteção para os motociclistas.
Na parte do motorista, a imagem preocupa-se em mostrar o uso
obrigatório do cinto de segurança, tanto pelos adultos e pelas crianças,
onde os menores de dez anos no banco de trás, e menores de dois anos na
cadeirinha. Outra imagem que esta sessão traz é a de um carro parando na
faixa de pedestre, mostrando que o motorista deve respeitar a sinalização.
69
As ilustrações são apresentadas em preto e branco, uma vez que, o
projeto encontra-se em sua fase inicial, onde futuramente pretende-se
reformular a cartilha e seu layout acrescentando cores e outros detalhes.
Iniciando a cartilha, a apresentação expõe ao leitor o conteúdo que
será trabalhado, com algumas informações básicas sobre o trânsito e sua
relação com jovens e adolescentes. Dividida em partes, a cartilha detalha
o papel de cada usuário no trânsito: pedestre, ciclistas, motociclistas e
motoristas, em que foi explanada a forma de comportamento a fim de
evitar que esses usuários causem ou se envolvam em acidentes dessa
natureza.
Para guiar a construção da cartilha, recorreu-se à definição de
acidente de trânsito proposta por órgãos fiscalizadores no Brasil, os quais
explicam que se trata de uma ocorrência fortuita ou não, da qual tenha
resultado ferimento, dano, estrago, avaria ou ruína, em alguma atividade
relacionada ao trânsito.
Mundialmente estima-se que 20 a 50 milhões de pessoas se ferem
gravemente nos acidentes que atingem os mais vulneráveis – pedestres,
ciclistas e motociclistas compreendidos na faixa etária entre 15 e 44 anos.
De acordo com a OMS, o Brasil apresenta uma taxa de 18,9 fatalidades
por grupo de 100 mil habitantes (OMS, 2013).
Dentre os usuários que estão mais vulneráveis no trânsito estão os
pedestres. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS,
2013), todos os anos mais de 270.000 pedestres perdem suas vidas nas
vias públicas de todo o mundo. Para a OMS (2013) estas mortes e lesões
em pedestres são consideradas evitáveis e têm sido alvo de intervenções
eficazes, mas ainda vitimizam uma parcela considerável dos usuários do
trânsito nas cidades brasileiras. Os pedestres são os primeiros a serem
apresentados na cartilha, com dados relacionados a acidentes dessa
natureza. Em seguida com breve explicação, são colocados em tópicos
dicas e informações sobre o comportamento dos pedestres para sua
segurança no trânsito.
70
Quanto ao segundo grupo abordado na cartilha, os ciclistas estão entre
os usuários que utilizam algum meio de transporte mais comtemplados
nos últimos anos com ciclovias e ciclo faixas nas cidades e rodovias, já que
há uma política ambiental de incentivo ao uso de bicicletas para reduzir a
emissão de poluentes pelos outros meios de transportes motorizados. O
ciclista sempre deve ter em mente que seu veículo é menor e que nos centros
urbanos os outros veículos dificilmente obedecerão aos seus direitos, pois
muitos motoristas não veem bicicleta como veículo (PEREIRA, 2017).
De acordo com o Código Nacional de Trânsito (CNT), a convivência
entre motoristas, ciclistas e pedestres parte da relação em que o maior
protege o menor. No entanto, esta é uma realidade que não é observada,
tanto em vias urbanas, quanto em vias rurais.
Assim, justifica-se a presença do personagem da segunda parte da
cartilha, que apresenta um texto trazendo informações e dados do cliclista,
e as dicas de comportamento do mesmo no trânsito para um bom convívio
com os demais e proteger-se a si mesmo dos outros veículos maiores.
Em um terceiro momento, os condutores de veículos automotores
(motocicletas) foram contemplados na cartilha. Mesmo que os pedestres
somem a maioria dos vitimados nos acidentes de trânsito, os óbitos
relacionados às motocicletas têm ocorrido em proporção exponencial.
O Brasil vive hoje uma epidemia de acidentes de motocicleta,
existindo, portanto, significativo aumento no número de atendimentos
a vítimas desse tipo de acidente. Somente em 2010, foram realizadas
145.920 internações de vítimas dos acidentes no trânsito financiadas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), gerando custo de cerca de R$ 187 milhões
(CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS LATINO AMERICANO,
2013).
Para Golias e Caetano (2013) existe elevada frequência de acidentes
envolvendo motocicletas, sendo a dificuldade de visualização das
motocicletas por outros motoristas, comportamentos inadequados e o
71
descumprimento das leis de trânsito, fatores determinantes para estes
acidentes.
Já os motoristas, que estão contemplados na quarta parte da cartilha,
também são envolvidos frequentemente em acidentes de trânsito. Na
imensa maioria das vezes o condutor é o culpado pela ocorrência do
acidente de trânsito, pois 75% dos acidentes são causados por falha humana
(condutor), 12% por falhas mecânicas do veículo, 6% por má conservação
das vias e 7% por causas diversas, portanto, o homem é responsável, direta
ou indiretamente, por 93% dos acidentes. (TRÂNSITOBR, 2015).
Iversen e Rundmo (2012) afirmaram que mudanças no comportamento
do motorista são primordiais para o desenvolvimento de intervenções
eficazes relacionadas ao tema, considerando-se que as violações são
responsáveis pela maioria dos acidentes e, consequentemente, pelas lesões e
mortes no trânsito. Os autores também concordam que o comportamento
do motorista esteja relacionado à taxa de acidentes, mencionando que
programas direcionados à mudança de comportamento podem produzir
resultados satisfatórios na diminuição dos índices de acidentes e na
condução segura no trânsito.
Um componente importante para a segurança e boa fluidez do
trânsito são as placas e sinalizações presentes nas cidades, rodovias e
demais espaços de concentração de pessoas e veículos. A cartilha traz duas
páginas com as principais sinalizações encontradas com mais frequência
pelos usuários, e com seus respectivos significados.
A sinalização de trânsito assume, nos dias de hoje, uma grande
importância na organização da sociedade. Suas propriedades visuais
são muito fortes, pois foram projetados para serem objetos facilmente
identificáveis pelos seres humanos. Visando garantir a segurança de cada
habitante e a correta circulação de pessoas e veículos, cada governo adota
leis e tipos de sinalizações específicas (SANTOS, 2013).
Hoffmann e Luz Filho (2003) destacam que a Educação para o
Trânsito não deve limitar-se ao conhecimento, compreensão e respeito
72
às normas de circulação, com vistas à formação do cidadão responsável;
mas, como parte da educação ético-social, deve facilitar a “compreensão
e respeito ativo às normas e aos princípios que as regem”, de modo a
favorecer atitudes que impliquem na convivência harmônica das pessoas
e grupos. A Educação para o Trânsito deve ser um instrumento de
socialização do indivíduo e de construção de valores sociais.
A enfermagem nesse contexto pode atuar tanto nas intervenções
de educação em saúde comunicando conteúdos, quanto na construção
de materiais educativos e avaliando recursos educativos produzidos para
melhorar o conhecimento dos usuários. Assim, esta cartilha visa a se
consolidar como um recurso didático, capaz de auxiliar na aprendizagem
de comportamentos seguros no trânsito para adolescentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
73
instituições que trabalhem com adolescentes. Vislumbra-se, ainda, que
o profissional de enfermagem deve incluir este material nas ações de
educação em saúde, pois esse tema é bem impactante para a saúde pública
e precisa ser divulgada por todos os profissionais que estejam presentes no
ciclo educacional do adolescente.
REFERÊNCIAS
74
HOFFMANN, M.H.; LUZ FILHO, S.S. A educação como promotora
de comportamento socialmente significativos no trânsito.
In: HOFFMANN, M.H.; CRUZ, R.M.; ALCHIERI, J. (Orgs.).
Comportamento humano no trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
p. 105-109.
75
ROTHER, E.T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista
Enfermagem. v. 20, n. 2, 2007.
76
CAPÍTULO 5
INTRODUÇÃO
77
No Brasil, o Programa Nacional para Segurança do Paciente,
instituído em 2013 pelo Ministério da Saúde, apresenta como um dos
eixos de atuação, o incremento de pesquisas relacionadas à segurança do
paciente e a inclusão temática em cursos de graduação e pós-graduação na
área da saúde, essa discussão da temática durante a formação profissional
se mostra como uma estratégia global importante para o fortalecimento
da cultura de segurança, contribuindo para o desenvolvimento de práticas
seguras dos profissionais (BRASIL, 2014).
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são um conjunto
de recursos tecnológicos e computacionais dedicados ao armazenamento,
processamento e comunicação da informação, apresentando-se como
um forte aliado ao setor da saúde, principalmente quando se almeja a
promoção à saúde da população. O seu potencial, quando aplicado ao
cuidado em saúde de pacientes, tem importância crítica e estratégica na
medida em que amplia a concepção de ambiente do cuidado – um espaço
móvel de interações interligando contextos, sujeitos e saberes, em que
cuidar e educar, caminhando juntos, ganham destaque e relevância. Essas
tecnologias já fazem parte da vida cotidiana de muitos pacientes e têm o
potencial de impactar a promoção à saúde de forma positiva. (BARRA et
al, 2016; ROBERTS et al, 2017).
Frente a essas tecnologias, o Podcast surge como uma tecnologia
alternativa com enorme potencial para ser utilizada a serviço do processo
de ensino e aprendizagem. De acordo com Foschini (2018), o Podcast é um
meio veloz de distribuir sons pela internet, o qual tem vários programas,
ou episódios, como se fosse um seriado. Os arquivos ficam hospedados em
um endereço na internet e, por download, o indivíduo tem acesso, onde
pode ser baixado arquivo no computador ou no celular e ouvir quando
quiser. A pessoa ouve, em um esquema feito sob medida para seu desejo e
necessidade, um programa de rádio, uma entrevista ou mesmo uma aula.
Escolhe entre as inúmeras vozes e temáticas que se manifestam em todo o
mundo, e o melhor, quase não tem custo.
78
Considerando o momento atípico de pandemia, as instituições
de ensino estão se utilizando de medidas emergenciais para manter o
planejamento de atividades, adaptando-se ao ensino remoto por meio do
uso de recursos tecnológicos e ferramentas de tecnologias de informação,
além de técnicas e modos de ensino mais interativos que visem a
construção de conhecimentos através de pensamento crítico e reflexivo,
trazendo mais qualidade para este cenário de aprendizagem baseado em
atividades remotas (SILVEIRA et al, 2020).
Atentando para a importância das metas internacionais de segurança
do paciente e seu objetivo em promover melhorias nos atendimentos
prestados nos serviços de saúde e a diminuição de possíveis danos ao
paciente para obter um cuidado seguro e eficaz, o projeto visou gerar
conhecimento sobre o assunto e orientar o público alvo sobre a relevância das
metas atualmente no período de pandemia da COVID-19, que requereram
reorganizações nos cuidados prestados e dos ambientes de saúde. Dessa
forma, além de complementar a formação acadêmica, possibilitou,
mesmo que de forma remota, que os estudantes compartilhassem essas
informações através de podcast gratuitos e sensibilizem a população sobre
a relevância do tema e previnam danos relacionados à assistência diante
das mudanças causadas pelo coronavírus. Ressalta-se que o termo paciente
aqui utilizado, em consonância com a OMS, refere-se ao cidadão saudável
que em potencial será um usuário do serviço de saúde no futuro.
Para construir uma cultura de segurança é imprescindível abordar o
tema de segurança do paciente em diversos níveis e tipos de ensino. Ações
como esta permitem a produção de competências ao longo da formação
dos profissionais, incentivando nos estudantes proatividade com o objetivo
de diminuição dos incidentes em saúde, como também de capacitação de
profissionais já atuantes, refletindo diretamente na qualidade do serviço
prestado por eles nos serviços de saúde.
Diante disso, o presente capítulo visa relatar a experiência de
acadêmicos de enfermagem e integrantes de uma liga acadêmica durante a
79
produção de um podcast para difundir as Metas Internacionais de Segurança
do Paciente à comunidade.
METODOLOGIA
80
• Estudo e capacitação individual: deu-se um prazo para estudo
individual dos materiais disponibilizados a fim de garantir o
embasamento dos ligantes na temática em abordagem;
81
Os áudios foram gravados através do aplicativo Spreaker Podcast Studio
por permitir gravar, publicar, distribuir e analisar o seu podcast quando e
onde quiser, além de possuir uma usabilidade fácil ao usuário. Os mesmos
podem ser acessados via computador, notebook, smartphone, tablets e ipads em
qualquer lugar e a qualquer momento, bastando apenas estar conectado
em uma rede de internet ativa.
A divulgação do podcast ocorreu por meio de perfis oficiais da
LAECC em redes sociais como Instagram (@laeccufpi) e WhatsApp. Nesses
canais foram feitas publicações periódicas utilizando os templates criados
mensalmente contendo o mesmo conteúdo abordado no episódio lançado
naquele referido mês, a fim de instigar e atrair o público para o conteúdo
produzido. As artes de divulgação, a logomarca do podcast e as capas dos
episódios foram todas produzidas na plataforma de edição Canva, um
programa digital gratuito de design gráfico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
82
técnicos, didáticos ou com muito conteúdo a passar. Após isso, o texto era
revisado pelo docente coordenador do projeto, doutor em enfermagem, e
também por uma profissional colaboradora especializada em segurança
do paciente, para possíveis correções/adequações.
83
O aplicativo escolhido para gravação, edição e hospedagem do
podcast foi o Spreaker, plataforma que possibilita a criação, distribuição
e gerenciamento de podcasts, permitindo a distribuição do mesmo em
várias plataformas musicais, como: Deezer, Spotify, Google Podcast, JioSaavn,
iHeartRadio, Podcast Addict e PodChaser. Ademais, para compor a identidade
visual do podcast foi desenvolvida uma logomarca para o mesmo, além da
criação de capas inéditas para cada episódio (Figura 2). Como já citado, a
liberação dos episódios aconteceu mensalmente, e em conjunto a isso, havia
a divulgação no perfil do Instagram da LAECC (@laeccufpi) e outras redes
sociais como WhatsApp, através de designers que continham a temática
principal do episódio e o procedimento de acesso ao mesmo.
Figura 2: Compilado com a logo e capas dos episódios do podcast. Picos, Piauí,
Brasil. 2022.
84
Com relação à divulgação nas redes sociais, na publicação que
explicava sobre o projeto de extensão como também nas que divulgavam
os episódios publicados, houve um total de 2.158 impressões, alcance de
1.643 contas, entre os quais 130 não estavam seguindo o perfil, resultando
em 178 curtidas, 37 comentários, 34 compartilhamentos e 20 salvamentos.
Esses dados evidenciam um bom alcance e interações com os usuários
da rede quando comparado com as demais publicações usuais do perfil.
No que diz respeito aos acessos dos episódios até a data de escrita deste
capítulo, os valores estão descritos no Quadro 1 abaixo, juntamente com o
título, tema e data de publicação:
TÍTULO DO
TEMA PUBLICAÇÃO DOWNLOADS
EPISÓDIO
85
META 4: Discussão sobre a Setembro de 26
Procedimento promoção de cirurgias 2021
cirúrgico seguras, e como o paciente
seguro pode contribuir.
Episódio Esclarecimento de dúvidas Outubro de 20
Extra: Dia quanto à temática principal. 2021
mundial de
Segurança do
Paciente
META 5: Discussão sobre a Outubro de 20
Redução prevenção de infecções no 2021
do risco de ambiente hospitalar.
infecções
86
de COVID-19, especialmente devido à medida de distanciamento
social. Nessa conjuntura, as TDIC’s viabilizaram a ampla aproximação
virtual das pessoas e têm sido empregadas na transmissão e interação
de conhecimentos, ao trazer novas possibilidades para a aprendizagem
baseada em atividades remotas, e ocupar espaço como uma ferramenta de
educação e promoção da saúde (SILVEIRA et al., 2020). Nesta perspectiva,
a mídia digital do tipo podcast, quando é utilizada de forma apropriada,
favorece o desenvolvimento da autonomia de estudo nos ouvintes, além
de proporcionar que os mesmos sejam responsáveis pelo seu aprendizado
(FREIRE, 2016).
De acordo com uma pesquisa realizada por Saeed (2010), em
média 78% dos adolescentes no Brasil utilizam a internet para o acesso
à informação várias vezes ao dia, evidenciando ser um público de fácil
captação através das redes sociais. Nesse sentido, Arruda et al. (2015) traz
que o uso das redes sociais para compartilhamento de informações pode
ser uma forma de potencializar a divulgação de determinado produto ou
assunto, além de criar espaços mais interativos, livres de limites de local
e tempo, aumentando dessa forma o alcance e a visibilidade daquilo que
está sendo veiculado
Por fim, vale ressaltar que o podcast através da elaboração de seu roteiro
de produção, conforme tentamos salientar ao longo deste artigo, exige do
discente algo que o coloca no centro da aprendizagem, principalmente
pelo fato de que demanda dele estudo, leitura e a compreensão de seu
objeto literário no processo de adaptação. Certamente proporcionando
uma experiência significativa do estudante com a literatura que precisa
dominar (MACHADO; BERLEZZI, 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
reproduzidas em um tempo de curta duração na era dos fones de ouvido e
da tecnologia propõe-se a ter um alcance ainda maior do que documentos
escritos. Nesse contexto, a tecnologia produzida permanecerá disponível
nas plataformas para livre acesso da população por tempo indeterminado.
Em suma, considera-se uma experiência exitosa, visto que o podcast
pode ser produzido e disponibilizado conforme o planejamento. E mesmo
que o software utilizado para disponibilização do podcast não permita a
obtenção detalhada de dados estatísticos por necessitar de uma assinatura
onerosa, a inserção da temática em um meio novo de tecnologia digital
abre portas para o diálogo e o contato da sociedade para com a temática de
segurança do paciente.
REFERÊNCIAS
Roberts, S., Chaboyer, W., Gonzalez, R., & Marshall, A. Using technology
to engage hospitalised patients in their care: a realist review. BMC health
services research, v. 17, n. 1, p. 1-15, 2017. Disponível em:<https://
bmchealthservres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12913-017-2314-
0>. Acesso em 24 de abril de 2022.
88
World Health Organization (WHO). Global Patient Safety Action Plan
2021-2030: towards zero patient harm in health care. Disponível
em:<https://www.who.int/publications/i/item/9789240032705>.
Acesso em 25 de abril de 2022.
89
90
CAPÍTULO 6
INTRODUÇÃO
91
As quedas são eventos relativamente frequentes, dado que nos Estados
Unidos, em 2015, foram registrados cerca de 2,8 milhões de quedas e mais
de 800 mil necessitaram de hospitalização. A estimativa de custos médicos
relacionados a este incidente é de 34 bilhões de dólares ao ano (STEVENS;
BURNS, 2015).
No Brasil, trata-se de um evento de alta incidência hospitalar, em
2015 a média de incidência variou de 1,70 para cada 1000 pacientes/dia
possuindo repercussões negativas tanto aos pacientes quanto a instituição,
constituindo cerca de 30 a 50% dos casos (PASA et al., 2017; LUZIA et al.,
2018). Desse modo, pode-se ainda destacar a hospitalização como sendo
um fator que é apontado no aumento desse risco de queda (BRASIL,
2014b).
Essas taxas estão relacionadas com as características das instituições
hospitalares, bem como dos pacientes. Diferentes fatores de risco
interagem como agentes decisivos e predisponentes para a ocorrência de
quedas, entre os quais se pode destacar: características individuais como
idade, sexo, condições clínicas que o mais frequente são doenças, uso de
dispositivos, alteração na marcha, deficiência ocular, auditiva e cognitiva,
mobilidade prejudicada, histórico anterior de quedas. Entre outros podem
ser os interruptores fora do alcance, escadas, piso escorregadio, tapetes,
iluminação imprópria e calçados inadequados. Isto atribui aos profissionais
de saúde o desafio de identificar os possíveis fatores de risco intrínsecos
e extrínsecos apresentados pelo paciente, na perspectiva de intervir sobre
eles (BITTENCOURT et al., 2017).
Dessa forma, a detecção precoce de situações de risco potencialmente
contribui para a qualidade, cuidado e cultura de segurança que devem
ser fomentados a partir da sensibilização dos profissionais sobre sua
responsabilidade com a segurança nos processos de cuidar, constituindo
assim como uma estratégia para proporcionar maior segurança ao paciente
(WEGNER et al., 2016).
92
Dentre esses profissionais, destaca-se a equipe de enfermagem por
estar presente em todo o processo assistencial, dessa forma continuamente
está susceptível a cometer erros (NUNES et al., 2014). Portanto, mostra-
se importante que esses profissionais estejam instrumentalizados para
contribuir na detecção dos riscos de ocorrência de danos aos usuários
(AMAYA et al., 2016).
Para tanto, existem diversos instrumentos de variadas configurações
como o Score de Innes (1985), a Escala de Quedas de Morse (MORSE;
MORSE; TYLKO, 1989), o índice de Downton (NYBERG; GUSTAFSON,
1996) e a avaliação do risco St Thomas’s Risk Assessment Tool in Falling Elderly
Inpatients (STRATIFY) (OLIVER et al., 1997). No entanto, apenas duas
ferramentas de avaliações de risco preenchem os critérios de validação
prospectiva como análise de sensibilidade testadas em diferentes doentes
que são a Escala de Quedas de Morse e a avaliação do risco STRATIFY
(OLIVER et al., 2004; COSTA-DIAS; FERREIRA, 2014).
Dessa forma, há ausência de ferramentas que limitem o risco de
quedas e sejam de fácil execução na prática assistencial, ressaltando-se a
importância do desenvolvimento do bundle. O uso de instrumentos para
adoção de medidas de intervenção, comprovadamente promovem a
melhoria da comunicação e diminuem a ocorrência de falhas (WHO, 2009).
A estratégia do bundle de cuidados são pacotes que incluem de três
a cinco cuidados, baseados em evidências, apresentando simplicidade de
execução, sem gerar aumento na carga de trabalho dos profissionais quando
adotados pelos serviços (BRACHINE; PETERLINI; PEDREIRA, 2012).
Estudos evidenciam impacto positivo com a utilização de bundles de
cuidados (CHEN et al., 2014; SANTOS et al., 2014). Silva; Oliveira (2018)
afirmaram em estudo que a sua implementação reduz as infecções de corrente
sanguínea relacionada ao cateter venoso central, independentemente do
tempo de intervenção e da quantidade de medidas utilizadas.
93
Desse modo, acredita-se que a criação desse instrumento possa
contribuir para o desenvolvimento de práticas seguras e prevenção de
incidentes permitindo a conferência de práticas adequadas, identificação
precoce e intervenções para evitar danos.
Considerando a necessidade de adoção de medidas e intervenções,
que visam à prevenção de incidentes e danos aos pacientes em decorrência
do cuidado prestado, definiu-se a seguinte questão norteadora: “Quais
cuidados de enfermagem devem compor um bundle de prevenção de quedas
entre pacientes hospitalizados?”.
Diante desse questionamento vale destacar que a prevalência de queda
em serviços de saúde é um dos indicadores da qualidade dos cuidados
prestados e uma das metas internacionais de segurança do paciente. Assim,
constitui-se em uma das preocupações das instituições de saúde por ser um
evento que pode determinar complicações, como o aumento do tempo de
internação, a morbidade, a mortalidade e a elevação dos custos hospitalares
(BITTENCOURT et al., 2017).
Nesse sentido, a elaboração de uma ferramenta com vistas a auxiliar na
identificação dos fatores de risco tornará possível a redução e ocorrência
de danos decorrente de quedas constituindo-se a valorização da cultura de
segurança no ambiente hospitalar.
Ressalta-se a importância da segurança do paciente no contexto de
prevenção de quedas para evitar danos ou mesmo a prolongação do tempo
de internação hospitalar. Partindo dessa afirmativa aspectos relacionados
aos incidentes que ocorrem no setor de internação, principalmente por,
em sua maioria, se tratar de pacientes passíveis de classificação de risco,
poderão ser trabalhados de forma objetiva por meio de um instrumento
que auxilie na assistência.
Este estudo tem com objetivo desenvolver um bundle para prevenção
de quedas em pacientes hospitalizados.
94
METODOLOGIA
•Construção do bundle
2ª etapa
95
Revisão Integrativa da Literatura
Com o intuito de embasar cientificamente, ampliar e selecionar dados
dos itens que possam compor um bundle para prevenção de quedas em
ambiente hospitalar realizou-se uma revisão integrativa da literatura.
A revisão integrativa da literatura teve como objetivo localizar,
analisar, sintetizar e interpretar as publicações existentes a respeito dos
fatores e intervenções estão relacionadas ao risco de quedas em paciente
hospitalizados. Dessa forma, a revisão seguiu seis fases no processo de
elaboração: estabelecimento da pergunta norteadora, busca ou amostragem
na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão
dos resultados e apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA,
CARVALHO, 2010).
Para essa etapa foi utilizada a estratégia PICO, representada pelo
acrônimo para Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes”
(desfecho). A estratégia PICO pode ser utilizada para construir questões
de pesquisa de naturezas diversas, oriundas da clínica, do gerenciamento de
recursos humanos e materiais, da busca de instrumentos para avaliação de
sintomas entre outras (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007).
Nesse sentido, o “P” são os pacientes hospitalizados, “I” fatores de
risco e ações de enfermagem na prevenção de quedas, “C” não se aplica,
“O” prevenção de quedas. Portanto, a questão norteadora para a revisão
foi: quais os fatores de risco para quedas em pacientes hospitalizados e
quais as ações de enfermagem para evitar esse evento adverso evidenciados
nas publicações científicas?
Foram consultadas as bases de dados Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online (MEDLINE), PubMed® e Base de Dados de
Enfermagem (BDENF). Foram consideradas como critérios de busca:
artigos disponíveis na íntegra, nacionais e internacionais, em português e
inglês, publicados entre de 2013 a 2020, considerando esse primeiro ano a
instituição do Programa Nacional de Segurança do Paciente, propiciando
96
uma análise da contribuição para a qualificação no cuidado em saúde de
todos os estabelecimentos até os dias atuais.
Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)
em português e inglês, respectivamente, para recuperar as publicações
científicas: acidentes por quedas (acidental fall); enfermagem (nursing); e
segurança do paciente (patient safety). Processou-se à busca com a utilização
do operador boelando and em combinação com os três descritores.
Face ao levantamento nas bases, foram classificadas as evidências
dos cuidados conforme qualidade para selecionar de forma coletiva quais
intervenções deveriam compor o bundle, segundo o modelo de Melnyk e
Fineout-Overholt (2005) que classifica da seguinte forma:
97
Construção do bundle
Após o levantamento na literatura, iniciou-se a fase de construção do
bundle, destacando de três a cinco evidências de práticas para prevenção
da queda no ambiente hospitalar, selecionadas a partir de sua maior
frequência e melhor nível de evidências segundo o modelo de Melnyk e
Fineout-Overholt (2005).
Esse estudo se propõe em um segundo momento a realizar a validação
interna do bundle junto a especialistas na área de quedas e segurança do
paciente. Embora essa etapa já estivesse programada para acontecer, sua
execução foi adiada em virtude pandemia COVID-19 que impossibilitou
a coleta de dados previamente elaborada. Portanto, reporta-se que o
projeto de pesquisa foi submetido à apreciação da Comissão de Avaliação
de Projeto de Pesquisa (CAPP) do Hospital Universitário da Universidade
Federal do Piauí (HU-UFPI) e para o Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, CEP/HU-UFPI
sob o parecer nº 4.207.180, cumprido as exigências formais dispostas na
Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL,
2012) e Resolução 510/2016 (BRASIL, 2016) que estabelece as diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
RESULTADOS
98
A busca nas bases de dados resultou em 130 artigos, sendo 48 artigos
encontrados da base Medline, 59 da PubMed® e 23 na BDENF. Foram
excluídos 24 artigos duplicados, resultando em 106 artigos para leitura do
resumo, excluídos 80 artigos que não atendiam ao tema: sendo 31 artigos
que tinham acesso pago, 36 artigos que não correspondiam ao objetivo
da pergunta norteadora, e 13 artigos de revisão. Assim, para leitura na
íntegra totalizaram 26 artigos, que após a análise da adequação ao escopo
da pesquisa, excluíram-se 15 artigos, e desta forma 11 artigos compuseram
a amostra final para a revisão integrativa.
99
Esses artigos foram dispostos em um quadro dividido em referência,
ano de publicação, tipo de pesquisa, amostra, fatores de risco para quedas
e ações de enfermagem para redução do risco de quedas conforme quadro
01.
Os artigos foram selecionados entre os anos de 2013 a 2020,
tendo como destaque o ano de 2017 com maior número de publicações
perfazendo um total de quatro artigos, seguido dos anos de 2019, 2016 e
2014 cada um com dois artigos e um artigo de 2018.
Quanto ao tipo método de pesquisa sobressaiu-se o método de coorte
que foi utilizado em 02 artigos, caracterizado por sua capacidade de avaliar
múltiplos desfechos e observacional com dois artigos permitindo uma
abordagem real e mais adequada ao fenômeno. Também se destacaram
outros métodos como ensaio clínico randomizado, avaliativo, descritivo,
epidemiológico, desenho correlacional longitudinal, caso controle e estudo
multicêntrico de pré-implementação de métodos mistos.
A amostragem se constituiu em sua maioria com abordagens a
pacientes, mas também houve estudos que chamaram atenção às pesquisas
com profissionais, em destaque a equipe de enfermagem e também em
relação aos cuidados com os leitos de enfermarias.
Os principais fatores de risco estão relacionados ao fator organizacional
do ambiente como a necessidade de sinalização aos pacientes com alto
risco de quedas, supervisão do cuidado na locomoção, acesso próximo a
pertences, calçados antiderrapantes e iluminação noturna. Também estão
relacionados a fatores intrínsecos como os problemas de fragilidade do
sistema músculo esquelético com diminuição da força muscular, déficits
auditivos e visuais, assim como os fatores relacionados a associações
medicamentos potenciais para risco de quedas como sedativos,
anticonvulsivantes, anti-agentes diabéticos, benzodiazepínicos, inibidores
da ECA, agentes anti-infecciosos, anti-histamínicos, quimioterápicos,
laxantes, diuréticos além daqueles que são usados na preparação de exames.
100
Nesse sentido, de acordo as evidências científicas, a equipe de
enfermagem pode atuar para evitar esse evento adverso por meio das
seguintes estratégias: identificação do alto risco de quedas dos pacientes
por meio de escalas, sendo a mais citada a Morse Falls Scale; fazer o
monitoramento diário das medicações potencias para risco de quedas; e,
vigilância e monitoramento do espaço com objetivo de identificar fatores no
ambiente do paciente que possam ser preditores de quedas como cuidados
com a sinalização do risco, supervisão de ida ao banheiro e durante o
banho, manter pertences e alarmes próximo ao paciente, cuidados com a
iluminação noturna e fornecimento de calçados antiderrapantes.
101
Quadro 1: Apresentação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa. Teresina, PI, 2022.
ANO DE TIPO DE NÍVEL
FATORES DE RISCO AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA DE EVI-
REFERÊNCIA PUBLICA- PESQUI- AMOSTRA PARA QUEDAS REDUÇÃO DO RISCO DE QUEDAS DÊNCIA
ÇÃO SA
Problemas músculoesqueléticos como
a força muscular reduzida, déficit vi-
Remor, C. P.; Cruz,
sual e auditivo, presença de mais de
C. B.; Urbanetto, J. S.
um diagnóstico médico e classifica-
Análise dos fatores de Avaliação da classificação de risco de quedas
556 pacien- ção elevada para o risco de quedas,
risco para queda de 2014 Coorte com a Morse Falls Scale nas primeiras 48 horas e III
tes principalmente com os itens: história
adultos monitoramento contínuo
de quedas, necessidade de auxílio na
nas primeiras 48 horas
deambulação, marcha comprometida/
de hospitalização
cambaleante e superestimar capacida-
de para deambulação.
História de quedas;
necessidades especiais ou fre-
quentes de banheiro; proble-
mas de mobilidade e/ou dispo- Uso da ferramenta para prevenção de quedas
sitivos de assistência necessários; amarela (um pôster amarelo a ser fixado nos
Coppedge; Conne; Se. potenciais alterações nas condições quartos dos pacientes). Educação de preven-
Using a standardized que contribuem para as quedas como ção de queda do paciente e/ou família; sugere
fall prevention tool
2016 Avaliativo 21 leitos a adição de medicamentos que podem ferramentas de avaliação de risco para quedas,
V
decreases fall rates. causar mudança no estado mental, mas não cita a melhor; plano de cuidados de
pressão arterial ou estabilidade da prevenção de queda individualizado; risco de
marcha; hipotensão ortostática ou queda e comunicação do plano de cuidados.
bradicardia; ou procedimentos cirúr-
gicos ou intervenções que requerem
sedação.
Falta de conformidade com as normas
de segurança e falta de adaptação na
estrutura física: leitos de enfermarias
com sistema elétrico; cama com barras Orientações na admissão quanto ao ris-
de proteção e rodas traváveis; ilumina- co de quedas; atendimento imedia-
ção por leito com fácil acesso ao in- to às solicitações indicadas pelo uso da
Vaccari E., et al. Safety
Trans- terruptor; sino para chamar assistência campainha; orientar pacientes sobre
of the hospital envi-
versal, por leitos e nos banheiros; fácil aces- a iluminação nortuna; facilitar o aces-
ronment in terms of
2014 descritivo 127 leitos so aos pertences; acesso ao banheiro so aos pertences, a organização do V
preventing falls on the
e quantita- isento de objetos; piso com material ambiente e o uso de calçados antider-
part of the elderly: a
tivo antiderrapante e tiras antiderrapantes rapantes; implantação do protocolo de
descriptive study
em corrimão de escadas; afalta de sina- prevenção de quedas propos-
lização tátil nas portas dos elevadores, to pela Agência Nacional de
avisos em áreas de risco de quedas; uso Vigilância Sanitária.
de medicamentos como diuréticos, la-
xantes e / ou a preparação de exames
durante a internação.
Implentação da intervenção STRIDE (Es-
tratégias para Reduzir Lesões e Desenvolver
a Confiança nos Idosos): 1) Avaliação de ris-
co e geração de recomendações por um Falls
Care Manager (FCM - Gerentes de Cuidados
de Quedas) usando procedimentos e algorit-
mos de avaliação padronizados e estruturados.
2) Explicação dos riscos identificados pelos
Reuben, D. B., et al.
FCMs para o paciente (e cuidador, quando
The STRIDE Inter-
Modificáveis: Medicamentos, hipo- apropriado) e intervenções sugeridas, usando
vention: Falls Risk Ensaio tensão postural, pés e calçados, visão, entrevista motivacional para eliciar as prefe-
Factor Assessment clínico ran- 5451 pes-
2017 vitamina D, osteoporose, segurança rências do paciente e a prontidão para partici- I
and Management, domizado soas em casa e força, marcha e comprome- par dos tratamentos. 3) Co-criação (FCM e pa-
Patient Engagement, controlado timento do equilíbrio. ciente) de um plano de tratamento de quedas
and Nurse Co-man-
individualizado que considera algoritmos de
agement
tratamento específicos de risco, preferências
pessoais e recursos disponíveis.4) Implemen-
tação do Plano de Cuidados de Quedas pelo
paciente, FCM, PCP (provedores de atenção
primária) e outros provedores. 5) monitora-
mento contínuo da resposta, reavaliações re-
gulares do risco de queda e revisões do Plano
de Cuidados com as Quedas.
Um maior número de equipes, menos
Brewer, B. B., et al. Desenho 24 unidade comunicação entre a equipe, maior nú- Maior velocidade no repasse de informações
Nursing Unit Design, correlacio- de enferma- mero de caminhos para acesso a todos dentro da rede; distâncias entre os pares da
Nursing Staff Com- nal lon- gem (1.561 os pares possíveis dentro da rede, uma rede mais curtas; maior frequência de comu-
munication Networks,
2018 porcentagem menor de indivíduos nicação entre a equipe, mais agrupamentos
VI
gitudinal funcionários
and Patient Falls: Are explora- de enferma- centrais (pessoa central da rede com (grupos pequenos) e uma porcentagem maior
They Related? tório gem) maior conhecimento do grupo) e me- de funcionários que eram centrais para a rede
nos agrupamentos (pequenos grupos).
Localização dos leitos de pacientes com alto
risco de quedas segundo a Morse Fall Scale e
com histórico de quedas o mais próximo pos-
sível do posto de enfermagem; aumentar o
acesso a andadores e bengalas à beira do leito,
as famílias devem ser incentivadas a trazer de
casa os andadores do paciente ou dispositivos
de auxílio para uso no hospital; Desenvolver
uma ferramenta de avaliação específica ou de
usar ferramentas complementares para prever
com maior precisão o risco de queda em pa-
cientes em tratamento oncológico; pacientes
Maior tempo de internação, e fatores
com deficiência visual usam óculos enquanto
de risco clínicos, como deficiência vi-
Najafpour, Z., et al. estão no hospital, encorar-se exames oftalmo-
sual, dificuldades de equilíbrio, auxílio
Risk Factors for Falls 185 pacien- lógicos regulares especialmente para os idosos;
Prospec- à transferência manual e incontinência
in Hospital In-Pa- tes que caí- manter níveis adequados de luz à noite em
2019 tivo caso- urinária, medicamentos como sedati- III
tients: A Prospective ram e 1.141 hospitais; fornecimento de calçados seguros
-controle vos, anticonvulsivantes, anti -agentes
Nested Case Control controles e atenção às causas da incontinência urinária;
diabéticos, benzodiazepínicos, inibido-
Study Sobre a medicações recomenda-se que modi-
res da ECA, agentes anti-infecciosos,
ficação do uso de medicamentos com poten-
anti-histamínicos e quimioterápicos.
cial decrescente em termos de dose e tempo
de uso; É importante realizar ida ao banheiro
programado, ronda regular de enfermeiras e
admissão de pacientes propensos a quedas em
locais diretamente visíveis do posto de enfer-
magem ou adjacente ao posto de enfermagem
podem ser eficazes; recomendável o uso de
ferramentas de análise pós-queda, monitora-
mento e avaliação do ambiente e entrevistas
com os envolvidos, principalmente os caido-
res, para facilitar o desenvolvimento de medi-
das preventivas específicas em hospitais.
A coorte de
modelagem
incluiu
14.307
admissões Deficiência visual e auditiva, deficiên-
Avaliação e diagnóstico de enfermagem: ava-
(122.179 cia de eliminação, marcha, deficiência
liação fisiológica e problema (por exemplo,
dias de de mobilidade, uso de auxiliares ou
mobilidade prejudicada, incontinência, etc.;
Cho, I., et al. Novel hospital), e dispositivos para caminhar, presença
da função cognitiva (por exemplo, confusão
Approach to Inpatient 2 Coor- a coorte de de tontura, fraqueza geral, hipertensão
aguda, desorientação, não conformidade, etc),
Fall Risk Prediction tes em 2 validação ortostática e dor. Demência, delírio,
2019 da lista de medicamentos por classe (sedativos, III
and Its Cross-Site hospitais compreen- desorientação, nível de consciência,
antidepressivos, antieméticos, antipsicóticos,
Validation Using terciários deu 21.172 medo, irritabilidade, abandono. Me-
ansiolíticos, diuréticos, antiepilépticos, anti-hi-
Time-Variant Data admissões dicamentos, reação adversa a medi-
pertensivos, analgésicos, antiarrítmicos e AI-
(175.592 camentos, cateter ( linha eletrônica
NEs), do pedido médico de injeção de fluidos,
dias de IV , tubo, Foley), uso de sistemas de
tubo, Foley e contenções.
hospital) retenção.
de cada
uma das 6
unidades de
enfermagem
Idade acima de 60 anos; doenças
Sarges, N. A.; Santos, Epide- crônico degenerativas; polifarmá-
M. I. P. de O.; Chaves, miológico, cia; uso de laxativos e antipsicóticos; Implementação de protocolos de avaliação
E. C. Avaliação da transversal,
2017 71 idosos menor grau de escolaridade; doença quanto ao risco de quedas e a Morse Fall Scale, V
segurança do idoso prospecti- vascular, hipotensão ortostática, dor que utilizem um fluxograma de risco
hospitalizados quanto vo, descri- aguda e vertigem; tempo de internação
ao risco de quedas tivo e reinternação; etilismo.
Sugere ferramentas de avaliação de risco para
quedas, o artigo refere uma ficha de avaliação
História de quedas, tubos inseridos, de risco usada criada pelo Grupo de Traba-
Ishikuro, M., et al.
necessidade de assistência/supervisão lho para a Prevenção de Quedas do Tohoku
Exploring Risk Fac-
Observa- 1391 para ir ao banheiro, excreção mais de University Hospital na hospitalização, após a
tors of Patient Falls: A 2017 VI
cional pacientes duas vezes por noite, superestimação transferência e no dia da ocorrência de qual-
Retrospective Hospital
ou não compreensão das próprias ha- quer queda, enfatiza avaliações subsequentes
Record Study in Japan
bilidades físicas. da compreensão dos pacientes sobre sua con-
dição e a avaliação do risco de medicamentos
individuais para quedas de pacientes.
Barker, A. L., et al.
Acceptability of the
Multicên- Ferramenta de avaliação do risco 6-PACK; si-
6-PACK falls pre-
trico de nais de alerta; supervisão no banho; auxiliares
vention program: A 96 enfer- de marcha dos pacientes ao alcance; regimes
pre-implementation 2017 Não refere
pré-imple- meiras + 24 de saneamento (uso do banheiro restritivo op-
III
study in hospitals par-
mentação funcionários
de méto- tando pelo urinol); alarmes próximos a cama/
ticipating in a cluster
dos mistos cadeira
randomized controlled
trial.
Agente de
Compo-
nentes/
2) Monitorar
diariamente o
uso de sedativos,
potencial risco de quedas
benzodiazepíni-
medicamentos com
2. Identificação dos
cos, antiagentes
diabéticos, anti- Vaccari E., et al (2014);
convulsivantes; Cho, I., et al. (2019);
inibidores da en- Enfermeiros(as) Reuben, D. B., et al (2017).
zima conversora
da angiotensina,
agente antiinfec-
ciosos, anti-hista-
mínicos, quimio-
terápicos, laxantes
e diuréticos.
107
3) Sinalizar alto
risco de quedas
4) Supervisionar
ida ao banheiro e
3. Vigilância e monitoramento
paciente Coppedge; Conne; Se
6) Manter alarmes Enfermeiros(as) (2016).
próximo a cama/
cadeira
7) Manter grades
do leito elevadas
8) Manter ilumi-
nação noturna
9) Fornecer cal-
çados antiderra-
pantes
Fonte: elaborado pelos autores.
108
Como agente de execução do cuidado destacou-se o enfermeiro(a)
diante da interpretação e agrupamentos dos dados referentes a avaliação do
risco de quedas que direciona a elaboração de diagnósticos de enfermagem
para seleção das intervenções que se objetiva alcançar os resultados
esperados, neste caso a redução do evento adverso em questão. Portanto, o
estabelecimento dos conceitos diagnósticos de enfermagem são uma tarefa
exclusiva do enfermeiro segundo artigo 4º da Resolução do Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN) 358/2009.
DISCUSSÃO
109
O estudo mostrou que os medicamentos são fatores importantes
para quedas hospitalares, destacando os sedativos, benzodiazepínicos,
antiagentes diabéticos, anticonvulsivantes; inibidores da enzima
conversora da angiotensina, agente antiinfecciosos, anti-histamínicos,
quimioterápicos, laxantes e diuréticos.
Nesse contexto, para ajudar a identificar pacientes com alto risco
de quedas existe na literatura uma escala denominada Medication Fall
Risk Score que avalia como alto risco analgésico narcótico, antipsicótico,
anticonvulsivante, anticonvulsivante, benzodiazepínico; médio risco, anti-
hipertensivo, fármacos cardiovasculares, antiarrítmicos, antidepressivo;
e baixo risco, os diuréticos, contemplados no bundle em questão. Essa
escala envolve apenas classes terapêutica e possui estudos que evidenciam
modesta melhora na especificidade e viabilidade do seu emprego em
âmbito hospitalar (SILVA; COSTA; REIS, 2019).
Severo et al. (2018) constataram em seu estudo sobre os fatores de risco
para quedas em pacientes hospitalizados que o número de medicamentos
administrados nas últimas 72 horas antes da ocorrência desse evento
adverso apresentou uma média de três, com máxima de oito e mínima
de zero. Essas classes de medicamentos foram os benzodiazepínicos,
opioides, barbitúricos, antipsicóticos, antidepressivos, anti-hipertensivos,
laxantes, diuréticos, anti-histamínicos, anticonvulsivantes e sedativos.
Do mesmo modo, o uso dessas medicações que podem ser
consideradas preditoras, devem ser supervisionadas pelos profissionais de
saúde, pois elas podem produzir ou potencializar condições clínicas como
confusão, tontura, sonolência, hipotensão devido a associações entre
mesmas classes ou classes diferentes, dessa maneira é possível identificar
esses fatores que possam contribuir para ocorrência de quedas e buscar
planos de intervenções diante desses potenciais casos (SEVERO et al.,
2018).
110
Outro item importante destacado na construção do bundle é a
vigilância e monitoramento do ambiente, considerados fatores agravantes
para o risco de quedas que é necessária intervenção diante deles para
proporcionar um ambiente organizado e seguro, pois a mudança para o
paciente do ambiente doméstico para o hospital implica em adaptação
física, social e ambiental (ARAÚJO et al., 2018).
Por isso a importância para adesão de materiais antiderrapantes
em pisos e calçados, melhora de iluminação, cuidados com grades do
leito, dessa forma ter atenção a abordagem educacional para prevenção
de quedas (com paciente e os acompanhantes), além da preparação das
equipes assistenciais e adoção de instrumentos preventivos para que se
possa garantir uma assistência livre de danos (OLIVEIRA et al., 2018).
Como a prevenção e o manejo do risco de quedas estão diretamente
ligados ao cuidado de enfermagem, os enfermeiros tiveram destaque como
agente de execução dos cuidados, desta forma é fundamental que esses
profissionais intervenham principalmente nos fatores de risco passíveis de
modificação. Assim, pesquisas e a educação continuada podem os tornarem
especialistas nessa temática, contribuindo positivamente para qualidade de
formação bem como o nível de assistência hospitalar (NASCIMENTO;
TAVARES, 2016; SARGES; SANTOS; CHAVES, 2017).
Segundo Cardoso; Souza (2021), após aplicação de um bundle de
prevenção de pneumonia em unidade de terapia intensiva pediátria teve
resultado na redução de 81% dos casos. Comprovando que medidas
educativas têm papel fundamental na prevenção de infecções, mas
também de outras complicações sendo importante a educação tanto dos
profissionais, instituições de saúde e também dos próprios pacientes.
Destaca-se a participação do paciente na compreensão clara das
causas de quedas bem como a compreensão de sua vulnerabilidade,
requer o estímulo as ações relacionada a sua segurança para adotarem
medidas desde o momento da sua admissão e acompanhamento diário
111
pela equipe afim de tornar o paciente consciente do seu risco, identificar
a vulnerabilidade e atuar evitando a ocorrência desse evento adverso
(VERAS et al., 2020).
O estudo de Krempser et al. (2019) que criou e aplicou um bundle na
prática clínica para prevenção de trauma vascular periférico para abordagem
de processo de punção venosa em serviço de urgência mostrou-se efetivo
quando comparada a incidência de trauma vascular periférico antes e depois
da intervenção educativa realizada por profissionais de enfermagem, com
redução de 46,41%, construído a partir da avaliação da rotina institucional
do serviço, incidência de manifestações de traumas na primeira etapa de
investigação, confronto das manifestações e intervenções da enfermagem,
em seguida foi proposta intervenções educativas com as equipes e avaliada
a efetividade antes e após a criação de um bundle educativo fundamentado
em cinco etapas.
Diferente do referido bundle para prevenção de quedas em pacientes
hospitalizados, pois sua construção foi realizada a partir de uma busca
dentro das evidências da literatura pautada em níveis segundo Melnyk
e Fineout-Overholt (2005), não propondo ainda uma avaliação de
efetividade.
Já o estudo de Melo et al. (2020) propõe uma metodologia semelhante
por meio da uma revisão de escopo segundo avaliações de níveis de
evidências de Melnyk e Fineout-Overholt (2005), para construir e avaliar o
conteúdo de um bundle de prevenção e condutas frente ao extravasamento
de agentes antineoplásicos em pacientes oncológicos adultos, obtendo
consenso dos juízes sobre as evidências para confiabilidade do bundle, e a
avaliação do instrumento foi medida com desfecho significante, seguindo
o rigor metodológico da técnica Delphi, proposta pelo referido estudo
porém não executados devido motivos anteriormente apontados.
A construção do bundle para prevenção de quedas em pacientes
hospitalizados culminou em um desfecho diante do que existe na literatura
em maior frequência e de acordo aos níveis de evidência segundo Melnyk
112
e Fineout-Overholt (2005), porém os itens apresentados podem não se
adequar a determinada realidade do serviço, cabendo assim a importância
da validação do mesmo ou até mesmo adequações a peculiaridades de
cada serviço de saúde.
CONCLUSÃO
113
Diante disso, o presente estudo colaborará de maneira substancial
para contribuir com o conhecimento e perpetuação da educação
permanente na atenção da equipe de enfermagem para prevenção de
quedas hospitalares de pacientes adultos em enfermarias por meio da
utilização de instrumentos na prática assistencial.
REFERÊNCIAS
114
BRACHINE, J. D. P.; PETERLINI, M. A. S.; PEDREIRA, M. L. G.
Método Bundle na redução de infecção de corrente sanguínea relacionada a
cateteres centrais: revisão integrativa. Revista Gaúcha de Enfermagem.
v. 33, n. 4, p. 200-210, 2012.
115
______. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe o dispõe
sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais
cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados
diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis
ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida
cotidiana. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/
Reso510.pdf. Acesso em: 29 set. 2019.
116
DALLÉ, J.; KUPLICH, N. M.; SANTOS, R. P.; SILVEIRA, D. T.
Infecção relacionada a cateter venoso central após a implementação de um
conjunto de medidas preventivas (bundle) em centro de terapia intensiva.
Revista HCPA., v. 32, n. 1, p. 10-17, 2012.
117
NASCIMENTO, J. S.; TAVARES, D. M. S. Prevalência e fatores
associados a quedas em idosos. Texto & Contexto Enfermagem, v. 25,
n. 2, 2016.
118
PASA, T. S.; MAGNAGO, T. S. B. S.; URBANETTO, J. S.; BARATTO,
M. A. M.; MORAIS, B. X.; CAROLLO, J. B. Risk assessment and incidence
of falls in adult hospitalized patients. Revidts Latino-Americana de
Enfermagem, v. 25, 2017.
119
SEVERO, I. M. et al. Fatores de risco para quedas em pacientes adultos
hospitalizados: um estudo caso-controle. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 26, e3016, 2018.
TANG, H. J.; LIN, H. L.; LIN, Y. H.; LEUNG, P. O.; CHUANG, Y. C.;
LAI, C. C. . The impact of central line insertion bundle on central line-
associated bloodstream infection. BMC Infectious Diseases, v. 14, n.
356, p. 1-6, 2014.
120
VACCARI, E.; LENARDT, M. H.; WILIG, M. H.; BETIOLLI, S. E.;
ANDRADE, L. A. S. Segurança do paciente idoso e o evento queda no
ambiente hospitalar. Cogitare Enfermagem, v. 21, p. 01-09, 2016.
121
122
CAPÍTULO 7
INTRODUÇÃO
123
dez pacientes a sua saúde danificada ao receber cuidados hospitalares em
países desenvolvidos (BARROS, 2013).
No âmbito dos cuidados em saúde, promover a garantia e qualidade
desses cuidados resulta no desenvolvimento de processos que venham
garantir que o atendimento clínico atenda aos critérios ou padrões
estabelecidos. Assim, alguns dos princípios básicos da qualidade dos
serviços em saúde são a prevenção e melhoria constantes dos mesmos
(CASTAÑEDA-HIDALGO et al., 2013).
A magnitude que envolve a Segurança do Paciente ressalta a
importância do desenvolvimento de ações proativas voltadas para
melhorias no âmbito do cuidado em saúde. A compreensão da temática
representa o passo inicial para o alcance de tal objetivo. A partir disso,
torna-se possível a implementação de mudanças na prática diária dentro
das instituições de saúde, impactando de forma positiva a segurança e
assistência ao paciente, além de promover transformações na prestação
dos serviços realizada pela equipe multidisciplinar (REBRAENSP, 2013).
A nível de Brasil, a enfermagem vem assumindo o papel de precursora
nos estudos e discussões realizadas a respeito da segurança do paciente,
recebendo destaque, principalmente, em pesquisas que abordam eventos de
erros de medicação. Tais estudos contemplam várias etapas desse processo,
e trazem também achados de outros profissionais envolvidos no cuidado
e promoção da segurança do paciente, como médicos, farmacêuticos,
técnicos de farmácias, dentre outros (HARADA et al., 2012).
Estudos ressaltam a importância da participação ativa do paciente
pela sua própria segurança. O mesmo pode participar em determinadas
etapas do processo assistencial, contribuindo de forma efetiva para a
promoção de melhores resultados, como nas práticas de aprendizado,
avaliação e adaptação. Assim, o paciente começa a ser visto como uma
agente ativo dentro do processo assistencial (KARAZIVAN et al., 2015,
POMEY et al.; 2015).
124
Dentro desse contexto, sabe-se que é de suma importância os pacientes
apresentarem o conhecimento necessário sobre o seu estado de saúde e as
terapêuticas empregadas, com o intuito de estimulá-los a participem de
forma ativa em todo processo, contribuindo para a sua própria segurança
dentro do tratamento.
O conhecimento apresentado pelos enfermos e profissionais da
saúde quanto a segurança do paciente pode ser avaliado por meio da
utilização de instrumentos específicos, como questionários. Um exemplo
de ferramenta de coleta de dados é o questionário padronizado Patient
Reported Outcomes (PRO ou PROs), podendo este ser utilizado no ambiente
hospitalar (SETOR SAÚDE, 2017).
No entanto, a existência desses instrumentos ainda é escassa, e os que
se encontram disponíveis as vezes não trazem a clareza necessária quanto
as perguntas e respostas presentes, acarretando em dúvidas durante a
interpretação dos pacientes para formulação de suas respostas.
Justifica-se a construção do presente estudo pelo fato da existência de
uma grande carência de instrumentos de coletas de dados que abordam a
temática em questão, sendo de grande relevância a criação de mais opções
de instrumentos que possam abranger o assunto com maior clareza,
bem como ofertar perguntas mais compreensíveis sobre a segurança do
paciente, contribuindo assim para a prestação de uma melhor assistência
ao mesmo.
O uso pelos enfermeiros de instrumentos de medidas, como
questionários e escalas validados com reconhecimento no campo
científico, permite a tais profissionais uma maior confiabilidade e segurança
em sua prática clínica (BORGES, 2012). Nesse aspecto, a avaliação
da segurança do paciente por meio desses instrumentos possibilita
reconhecer as potencialidades e fragilidades presentes, contribuindo para
o desenvolvimento de ações de melhorias na assistência ofertada dentro
das instituições de saúde (COSTA et al., 2018).
125
Dessa forma, construiu-se a seguinte pergunta norteadora: o
instrumento elaborado apresenta validação interna quanto à avaliação do
paciente em relação à própria segurança?
O objetivo da pesquisa é desenvolver um instrumento para a coleta
de dados sobre a participação do paciente hospitalizado em relação à sua
própria segurança.
METODOLOGIA
126
apresentados por outros sujeitos. Assim, a participação de diversos
profissionais torna-se de suma importância para o aperfeiçoamento do
instrumento e validação interna do mesmo (ECHER, 2005).
Construção do instrumento
127
Por último, foi feita uma síntese do conhecimento adquirido na
revisão integrativa para construção das bases teóricas a serem abordadas
no instrumento. A formulação das perguntas se deu com base nos
principais pontos encontrados na literatura a respeito da temática, bem
como nos conhecimentos acerca de pontos relevantes para a promoção a
saúde e fatores relacionados ao paciente e seu envolvimento com a própria
segurança.
Ressalta-se que essa etapa da pesquisa já foi apresentada em um estudo
de Iniciação Científica Voluntária da UFPI e por isso não será incluída na
seção de resultados.
Validação do instrumento
128
Quadro 1: Sistema de pontuação para escolha de especialistas. Picos-PI, Brasil,
2022.
129
Para cada especialista foi enviado uma carta convite , o link de acesso ao
formulário eletrônico onde estava disposto o conteúdo do questionário
de avaliação, e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O formulário eletrônico enviado aos juízes com o conteúdo do
questionário apresentava um padrão de resposta utilizando uma escala do
tipo likert, com as seguintes respostas: 0= não concordo, 1= não concordo
e nem discordo e 2= concordo, bem como um campo livre para os mesmos
tivesse a oportunidade de deixar sugestões sobre cada item. Em seguida,
cada item foi analisado pelos pesquisadores, para a verificação se acatava
ou não as sugestões realizadas pelos juízes.
Após a coleta dos dados socioprofissionais, estes foram organizados
e digitados, através do programa estatístico SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences) versão 20.0.
Em seguida, foi realizado o cálculo do Índice de Validade de Conteúdo
(IVC) para cada um dos itens. De acordo com Alexandre e Coluci (2011),
o IVC representa um método de vasta utilização na área da saúde, sendo
responsável por mensurar a proporção ou o percentual de especialistas
que concordam sobre determinados aspectos de um instrumento e de seus
itens. Assim, para o cálculo do IVC de cada item utiliza-se a seguinte
fórmula: IVC = número de respostas “2” ÷ número total de respostas.
Dessa forma, foram seguidas as recomendações de Polit, Back, Owen
(2007). Segundo os autores, para que uma escala seja julgada como tendo
validade de conteúdo excelente, deve atingir IVC entre os itens de 0,75
ou superior, e uma média de IVC da escala de 0,90 ou superior. Com
base nisso, foi considerado o seguinte padrão de avaliação: IVC ≥ 0,78
excelente, IVC entre 0,60 e 0,71 bom, e IVC < 0,59 ruim, sendo eliminados
do painel de itens.
Para a análise da confiabilidade realizou-se a verificação em termos
da consistência interna do instrumento, através do Coeficiente Alfa de
130
Cronbach. Em relação a este, os valores deveriam variar entre 0,7 e 0,9.
Segundo a literatura valores menores que 0,7 representam baixa correlação
entre os itens do instrumento, já valores maiores que 0,9 indicam uma
correlação muito forte, levando a acreditar que existe redundância entre
os itens (HAIR JR. et al., 2009; CARVALHO, 2011).
Em consonância com as informações prestadas anteriormente, o
projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da UFPI com o parecer de número 3.018.102, através da Plataforma Brasil.
Foram obedecidos os preceitos éticos dispostos na Resolução 466/2012
do Conselho Nacional de Saúde, respeitando os princípios fundamentais
de autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e equidade.
Sendo assim, os que concordaram em participar da validação deviam
ter o TCLE assinados, nos quais constavam mais informações detalhadas
sobre o trabalho, sendo sanadas todas as eventuais dúvidas que cause
sentimento de medo e\ou rejeição ao responder ao questionário (BRASIL,
2012).
RESULTADOS
A tabela 1 apresenta a caracterização do perfil socioprofissional dos
juízes que participaram do presente estudo.
131
Sexo
Feminino 13 81,25
Masculino 3 18,75
Tempo de formação a 5 - 21 10.375 5.14
partir da graduação
1-10 anos 10 62,5
11-20 anos 5 31,25
21-30 anos 1 6,25
Estado em que trabalha
Piauí 15 93,75
Ceará 1 6,25
Titulação
Especialização 8 50
Mestrado 3 18,75
Doutorado 5 31,25
Já validaram instrumento
anteriormente
Sim, de 1 a 7 10 62,5
vezes
Sim, mais de 3 18,75
10 vezes
Não 3 18,75
*Desvio Padrão
132
Fazendo referência ao local de trabalho, observou-se que a maioria
dos juízes, 15 (93,75%) trabalham no estado do Piauí, sendo que apenas
1 (6,25%) trabalha no Ceará. Em relação ao sexo, 13 (81,25%) juízes
eram do sexo feminino e apenas 3 (18,75%) do sexo masculino. Quando
questionados sobre ter realizado a avaliação de algum instrumento
anteriormente, 10 (62,5%) afirmaram ter realizado entre 1 e 7 vezes, 3
(18,75%) mais de 10 vezes e 3 (18,75%) juízes não validaram nenhum
questionário nenhuma vez.
Após os juízes responderem a primeira parte do questionário com
questões socioprofissionais, os especialistas responderam também a 32
itens, possibilitando a avaliação do instrumento quanto a participação do
paciente hospitalizado em relação à sua própria segurança.
A seguir, estão descritas na Tabela 2 as repostas obtidas pelos juízes
por meio da escala likert, com as seguintes opções: discordo, não discordo
nem concordo, concordo.
Não
Itens avaliados Discordo concordo Concordo IVC
e nem
discordo
133
4-O enfermeiro te dá a 2 2 12 0,75
chance de falar o que você
está sentindo?
5-Você sente confiança no 0 2 14 0,875
que o enfermeiro e os outros
profissionais de saúde te
falam?
6-Você considera que o 4 1 11 0,6875
tempo de atendimento
que oferecem a você é o
suficiente?
7-Você sabe qual o seu 3 3 10 0,625
diagnóstico clínico?
8-Você conhece o plano 2 1 13 0,8125
terapêutico (tratamento) que
está planejado para você?
9-Você compreende que 2 1 13 0,8125
as necessidades básicas,
como dormir bem, conforto
físico, banho, alimentação e
hidratação são importantes
para a sua recuperação
durante o tempo de
internação hospitalar?
10-Você sabe o nome dos 2 0 14 0,875
profissionais que lhe atendem
e qual a função de cada um?
11-Você percebe que, além 1 0 15 0,9375
das suas informações, os
profissionais de saúde
também colhem informações
de seus familiares a respeito
do que eles sabem do seu
tratamento?
134
12-Você sabe todos os 3 1 12 0,75
horários de tomar as
medicações, quantas vezes
ao dia e por onde os seus
medicamentos devem ser
administrados?
13-Quando você está 1 0 15 0,9375
conversando com o
profissional, você percebe se
ele fica atento ao que você
fala para depois poder tirar as
suas dúvidas?
14-Você pergunta para que 1 1 14 0,875
servem os medicamentos?
15-Quando percebe que 0 3 13 0,8125
as medidas de tratamento
não estão adequadas, você
conversa com o profissional e
pede para que faça de forma
correta?
16-Você sabia que, por lei, os 0 1 15 0,9375
pacientes possuem autonomia
e liberdade relacionadas à sua
saúde?
17-Você compreende que, 2 1 13 0,8125
por lei, caso tenha recusado
tratamento médico, essa
decisão deve ser respeitada?
18-Quando você está 1 1 14 0,875
passando por um
procedimento, costuma
questionar aos profissionais
sobre esse tratamento?
135
19-Compreende que os 0 2 14 0,875
profissionais de saúde devem
estar com roupas adequadas,
para evitar contaminação e
possíveis infecções?
20-Você está informado sobre 0 2 14 0,875
os fatores de risco para a
infecção hospitalar?
21-Você compreende que 0 1 15 0,9375
pacientes acamados por muito
tempo podem desenvolver
feridas e que deve mudar o
mesmo de posição para que
isso não ocorra?
22-Você questiona quais são 2 1 13 0,8125
as suas opções de tratamento
para o seu adoecimento?
23-Você costuma perguntar 1 0 15 0,9375
quais os resultados dos
exames que são realizados em
você?
24-Você sabe que existem 0 1 15 0,9375
maneiras de evitar quedas dos
pacientes acamados?
25-Você compreende que os 1 2 13 0,8125
profissionais devem saber
sobre todas as informações
de sua identificação para erros
serem evitados?
26-Você sabe que no seu 3 0 13 0,8125
leito deve ter pelo menos
duas informações sobre você
para evitar troca com outros
pacientes?
136
27-Se você está sendo 1 1 14 0,875
assistido por algum
acompanhante, você passa
as responsabilidades de
vigilância do seu tratamento
para ele?
28-Você compreende que os 1 4 11 0,6875
pacientes podem solicitar a
gravação da consulta médica
e dos demais profissionais de
saúde caso tenha dificuldade
em entender as orientações ou
medo de esquecer depois?
29-Você compreende que 0 2 14 0,875
pode buscar uma segunda
opinião de outro profissional
sobre o seu estado de saúde e
tratamento?
30-Você participa das decisões 0 0 16 1
sobre seu tratamento?
31-Considerando a 1 0 15 0,9375
infraestrutura, você se sente
seguro em estar hospitalizado
nesta instituição?
32-Você sabe qual a previsão 1 1 14 0,875
do tempo de hospitalização?
137
Quadro 2. Sugestões dos especialistas sobre os itens e cabeçalho do questionário.
Picos-PI, Brasil, 2021.
138
Item 2 J1: Observando os itens do Acatadas.
questionário como um todo, sugiro: A questão foi
“Você compreende bem o que os reformulada para a
profissionais de saúde falam durante sugestão do J1.
os seus atendimentos”. Considere A ortografia de te
que esse paciente terá atendimento para lhe foi alterada
multiprofissional.
139
Item 3 J1: Você sente que os profissionais de Acatadas.
saúde compreendem o que você fala A questão foi
para eles durante o seu atendimento?” A reformulada para a
mesma justificativa da questão anterior, sugestão do J1.
sugiro incluir os demais profissionais e A ortografia de te
não somente o enfermeiro. para lhe foi alterada.
140
Item 5 J1: Você sente confiança no que os Acatadas.
profissionais de saúde te falam? A questão foi
reformulada para a
J2: LHE ao invés de TE. sugestão do J1.
A ortografia de te
J3: Quando se trata em Segurança para lhe foi alterada.
do Paciente é necessário que haja o
estabelecimento de vínculo para que seja
possível o elo de confiança.
Sugiro alterar enfermeiro para
profissionais, pois o paciente recebe
atendimento não só do enfermeiro, mas
de uma equipe multiprofissional.
141
Item 7 J1: Sugiro reescrever o item sem a Acatadas.
palavra clínico: você sabe qual o seu A questão foi
diagnóstico (problema de saúde)? reformulada para a
sugestão dada, para
J2: Você sabe qual é o seu diagnóstico? maior entendimento
142
Item 8 J1: Você sabe qual tratamento está Perante a sugestão
planejado para você? do J1, já havia sido
adicionado entre
J2: Não sabem, pois não existe parênteses que
comunicação efetiva entre profissional e plano terapêutico
paciente. refere ao tratamento.
A pergunta do
J3: O tratamento foi informado a você? questionário foi
Você entendeu a informação? reformulada afim de
uma compreensão
maior.
143
Item 12 J1: Sugiro alterar a escrita: “quantas vezes Acatada. A questão
ao dia você deve tomar os medicamentos foi reformulada para
e como eles devem ser administrados a escrita sugerida,
(aplicados) em você?” pois a mesma
proporciona um
J2: Este item é deve contemplar o maior entendimento
questionamento do item 8. sobre o que o item
está querendo dizer.
J3: Você sabe quais medicamentos
está tomando, para que serve, quais os
horários de tomada e como deve fazer
uso?
144
Item 17 J1: Substitua “compreende” por A palavra foi
“entende”. substituída.
145
Item 21 J1: “Você compreende que pacientes Sugestões acatadas.
acamados por muito tempo podem Pelo mesmo motivo
desenvolver feridas e por isso devem ser do item 18.
mudados de posição na cama para que
isso não ocorra?”
146
Item 27 J1: “Se você está sendo acompanhado Sugestão considerada,
por alguém, você passa as atribuindo uma
responsabilidades de vigilância do seu pequena alteração,
tratamento para essa pessoa?” pois a dica do J1 é
similar a questão do
instrumento.
147
empregadas, conforme foi demonstrado os índices parâmetros aceitáveis
de IVC.
O campo de sugestões presente no instrumento foi de grande
pertinência para a melhora do mesmo, pois houve, em maioria, apontamentos
por parte dos juízes que colaboraram para o aperfeiçoamento dos itens,
desta forma, tornando-os mais compreensíveis. As sugestões encontram-
se expressas no Quadro 2.
Em seguida, foi verificada também a confiabilidade por meio da análise
da consistência interna do Alfa de Cronbach do instrumento de avaliação
da participação do paciente quanto à sua própria segurança, bem como a
magnitude de correlação entre os itens, sendo os resultados expressos na
Tabela 3.
148
Questão 11 54,94 40,863 ,248 ,770
Questão 12 55,25 36,467 ,566 ,750
Questão 13 54,94 41,663 ,121 ,775
Questão 14 55,00 37,867 ,677 ,750
Questão 15 55,00 40,933 ,310 ,768
Questão 16 54,88 41,717 ,284 ,771
Questão 17 55,13 39,983 ,249 ,771
Questão 18 55,00 38,400 ,593 ,754
Questão 19 54,94 41,129 ,331 ,768
Questão 20 54,94 41,663 ,208 ,772
Questão 21 54,88 42,650 -,005 ,777
Questão 22 55,13 37,317 ,568 ,752
Questão 23 54,94 38,463 ,642 ,754
Questão 24 54,88 41,717 ,284 ,771
Questão 25 55,06 40,329 ,277 ,769
Questão 26 55,19 43,496 -,136 ,795
Questão 27 55,00 41,333 ,153 ,774
Questão 28 55,19 42,696 -,047 ,785
Questão 29 54,94 41,129 ,331 ,768
Questão 30 54,81 42,696 ,000 ,775
Questão 31 54,94 38,463 ,642 ,754
Questão 32 55,00 38,000 ,656 ,751
149
DISCUSSÃO
150
envolvimento do enfermo nas terapêuticas empregadas ajuda na redução
dos riscos e agravos a saúde, sendo necessário também o desenvolvimento
de materiais e instrumentos que possam auxiliar a equipe multiprofissional
envolvida na avaliação, no planejamento das ações e evolução dos pacientes.
Para Seebregts et al. (2009), os instrumentos de coleta de dados são
considerados ferramentas relevantes para a reunião de informações por
meio de entrevistas, avaliações, questionários, dentre outras opções.
Quando utilizados no campo da enfermagem, tais instrumentos devem
receber atenção especial, devido a utilização de informações importantes
e confidenciais, associadas diretamente ao estado de saúde dos pacientes.
Para a construção do instrumento norteador do presente estudo, optou-se
pela opção de um questionário por diversos motivos, como por exemplo, a
facilidade de uso e da acessibilidade do mesmo ao paciente hospitalizado.
Os instrumentos de coleta de dados podem auxiliar na participação
do paciente quanto a sua própria segurança, contribuindo para um maior
avanço na recuperação do enfermo ao longo do seu tratamento, melhora
da relação paciente e profissional, melhora da compreensão quanto aos
sintomas, percepções e expectativas apresentadas pelo doente, ampliação
e melhoria da escuta terapêutica, bem como o fortalecimento do vínculo
e confiança do paciente com a equipe multiprofissional (SETOR SAÚDE,
2017).
Considerando que os instrumentos devem ser validados por um
grupo de juízes conhecedores da temática, ao analisar o perfil dos
juízes participantes do trabalho, foi observada uma predominância de
13 (81,25%) especialistas do sexo feminino. Tal prevalência tem sido
observada na área da enfermagem desde o início da profissão, justificando
tal resultado. Em relação a faixa etária, observou-se um predomínio entre
20 e 35 (56,25%) anos, com média de 35,18 anos (4.94), corroborando com
a literatura (FROTA et al., 2015).
151
No que se refere aos dados profissionais dos juízes, foi observado
que a maioria deles, 10 (62,5%) possuem formação há menos de 11 anos,
com média de 10,37 anos (5.14). Em relação à maior titulação, 5 (31,25%)
possuem doutorado e 10 (62,5%) especialistas afirmaram ter realizado
a avaliação de algum instrumento entre 1 e 7 vezes. De acordo com
Borges (2012), acredita-se que as melhores avaliações de um determinado
instrumento podem estar relacionadas ao maior tempo de prática clínica
apresentado pelo profissional, a realização de produção científica em
termos de elaboração e/ou coordenação de projetos e a presença de
conhecimento metodológico de validação de instrumentos.
Ao realizar o cálculo do IVC individualmente de cada item do
instrumento, foi observado uma variação de valores entre 0,625 e 1. De
uma forma geral, levando em conta as recomendações feitas por Polit,
Back, Owen (2007), 27 (84%) dos itens apresentaram IVC considerado
excelente, ou seja, com valores ≥ 0,78, e 5 (16%) itens IVC considerado
bom, apresentando valores entre 0,60 e 0,71. Tais resultado corroboram
com a literatura, trazendo como taxa de concordância aceitável entre os
juízes para avaliação individual dos itens com valores superiores a 0,78
(POLIT; BECK, 2006).
Segundo Coluci, Alexandre e Milani (2015), o IVC representa um
índice que mensura a proporção ou percentual de juízes que estão em
concordância sobre determinados aspectos de um instrumento e dos itens
que fazem parte do mesmo. Alguns autores relatam que quando o número
de especialistas participantes da avaliação de um instrumento for superior
a 5, o recomendado é que o valor do IVC seja superior a 0,78. No entanto,
em casos em que a validação seja feita por uma quantidade de juízes igual
ou superior a 8, pode ser admitido um nível de concordância igual ou
superior a 0,75, sendo o IVC de aceitabilidade variável (GENTIL et al.,
2017).
152
Quanto a consistência interna, os resultados encontrados no estudo
mostraram que o instrumento composto por 32 itens apresentou Alfa
de Cronbach total de 0,774. Além disso, a análise da correlação item-total
revelou que todos os itens apresentaram alfa de Cronbach item a item maior
que 0,70. De acordo com a literatura, o valor obtido evidencia uma boa
consistência interna entre os itens do instrumento. Este coeficiente faz
referência a uma medida diagnóstica da confiabilidade mais amplamente
utilizada no meio científico (DIAZ HEREDIA; MUNOZ SANCHEZ;
VARGAS, 2012).
Dos 32 itens avaliados pelos juízes, foi observado que 9 não receberam
sugestões, sendo eles 1, 10, 11, 13, 14, 23, 26, 30 e 31. Os demais itens
receberam sugestões, sendo que maioria das considerações feitas pelos
especialistas foram acatadas, em decorrência da pertinência existente nas
diversas opiniões.
Em decorrência da realidade marcada pela pandemia por COVID-19
que se alastrou pelo mundo desde o final de dezembro de 2019, não foi
possível realizar a aplicação do questionário ao público alvo, o que limitou
o avanço da validação externa, já que dentre as medidas preconizadas
pela OMS em prol da segurança da população, destaca-se o isolamento
e o distanciamento social. Sabe-se que a aplicação do questionário
com os pacientes (público alvo) é de suma importância para avaliar se
o instrumento, de fato, apresenta adequação aos conhecimentos dessa
população.
Assuntos relacionados à segurança do paciente são considerados uma
problemática de saúde no mundo inteiro. A preocupação com a segurança
e o bem estar dessa população ao longo do tratamento de saúde vem
sendo manifestados cada vez mais. Assim, torna-se de grande relevância
a garantia de uma assistência efetiva e segura ao enfermo por parte da
equipe multiprofissional envolvida nas diversas terapêuticas no ambiente
hospitalar.
153
Garantir a participação do paciente ao longo do seu tratamento é algo
primordial para o sucesso do mesmo. O indivíduo hospitalizado precisa
deixar de lado a postura passiva em relação ao que acontece a sua volta e,
posteriormente, se tornar um agente ativo dentro do processo terapêutico,
contribuindo assim, com a realização de medidas e comportamentos
necessários para a garantia da sua própria segurança, bem como o
fortalecimento da confiança e vínculo com a equipe de saúde.
CONCLUSÃO
154
de alguns especialistas, bem como as barreiras decorrentes da atual
pandemia, sendo que esta última culminou no impedimento do avanço
para a validação integral do instrumento, que seria feita com a aplicação
do mesmo com o público alvo, sendo que foi possível realizar apenas a
validação interna com profissionais da enfermagem.
Em relação as perspectivas futuras, espera-se que esta pesquisa
desperte o interesse pelo levantamento de uma visão crítica e reflexiva de
acadêmicos, profissionais da enfermagem e comunidade científica sobre a
temática que envolve a segurança do paciente hospitalizado, contribuindo
assim, para o estimulo da participação do mesmo em seu tratamento e
melhora do vínculo entre o enfermo e a equipe de saúde, resultando na
redução de eventos e adversos e no sucesso das terapêuticas empregadas
dentro do ambiente hospitalar.
REFERÊNCIAS
155
ANDOLHE, R. Segurança do paciente em unidades de terapia
intensiva: estresse, coping e burnout da equipe de enfermagem e
ocorrência de eventos adversos e incidentes. Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo, São Paulo-SP, 2013.
156
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEn
nº 358/2009 que dispõe sobre a assistência de Enfermagem e a
implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos
ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem,
e dá outras providências. Brasília-DF, COFEN, 2009. Disponível
em: http://www.corenro.org.br/resolucao-cofen-35809-dispoesobre-a-
sistematizacao-da-assistencia-deenfermagem-e-a-implementacao_800.html
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 311/07: aprova
a reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
In: Conselho Federal de Enfermagem de Minas Gerais (COREN-MG).
Legislação e Normas, v. 14, n. 1, p. 37-54, 2015.
157
FROTA, N. M. et al. Validação de hipermídia educativa sobre punção
venosa periférica. Texto Contexto Enferm., n. 24, v. 2, p. 353-361, 2015.
HAIR JR, F.H. et al. Análise multivariada de dados. 6 ed., Porto Alegre,
Bookman, 2009.
158
MOURA, I. H. et al. Construção e validação de material educativo para
prevenção de síndrome metabólica em adolescentes. Rev. Latino-am.
Enfermagem, v. 25, e. 2934, p. 1-8, 2017.
159
POMEY, M-P.; GHADIRI, D. P.; KARAZIVAN, P.; FERNANDEZ,
N.; CLAVEL, N. Patients as partners: a qualitative study of patients’
engagement in their health care. PLoS One, v. 10, n. 4, p. 19, 2015.
160
SILVA, A. C. A.; SILVA, J. F. DA; SANTOS, L. R. O.; AVELINO, F. V. S.
D.; SANTOS, A. M. R. DOS; PEREIRA, A. F. M. A segurança do paciente
em Âmbito hospitalar: revisão integrativa da literatura. Cogitare Enferm.,
v. 1, n. esp., p. 1-9, 2016.
161
162
CAPÍTULO 8
INTRODUÇÃO
163
a utilização da tecnologia como instrumento facilitador do processo de
aprendizagem, tanto para profissionais da área da saúde, cuidadores e
familiares como para o desenvolvimento da autonomia da pessoa idosa,
visto que estas promovem uma aproximação mais dinâmica da pessoa com
as informações, como exemplo, cartilhas educativas, jogos interativos,
aplicativos destinados à educação em saúde, entre outros (SOARES et al.,
2015).
As inovações tecnológicas de comunicação e informação,
acompanharam o processo de longevidade da população. Nos últimos
anos houve uma mudança significativa nas formas de interação, exigindo
o aprendizado de novas tecnologias para inserção e participação na
sociedade (VELHO; HERIDA, 2020).
O uso de tecnologias, principalmente as digitais como a internet, vem
contribuindo de forma significativa para compreensão, entendimento,
adesão e participação dos idosos no que se refere ao cuidado com a sua
saúde (CASADEI; BENNEMANN; LUCENA, 2019; ARAÚJO et al.,
2017).
A informação e o acesso as novas tecnologias estão inseridas em
diversas fases da vida tornando-se indispensáveis no cotidiano das pessoas.
O uso das tecnologias pela população idosa expressa fatores motivacionais
ligados ao entretenimento, comunicação e interação interpessoal, social,
acesso à informação e mais independência (COSTA et al., 2021).
As tecnologias em saúde constituem uma importante ferramenta
voltada às diversas condicionalidades e demandas inerentes ao processo
de envelhecimento, podendo oferecer à pessoa idosa novas oportunidades
e desafios (KACHAR, 2010; ALMEIDA; CIOSAK, 2013).
Em meio a importância da utilização de novas tecnologias na área
da saúde/cuidado, tendo em vista que podem proporcionar, além do
aprendizado em diversas áreas e níveis, facilidade de assimilação mútua,
integração e socialização da pessoa idosa, salienta-se o interesse em
164
ampliar as discussões a respeito desse tema relevante, a fim de contribuir
com a adesão de novas tecnologias na assistência ao cliente idoso.
Portanto, o estudo tem por objetivo refletir a respeito de como o
uso das tecnologias pode impactar no cotidiano e na saúde da população
idosa. A partir dele, espera-se que possa ser ampliada a proposta do uso
das diversas tecnologias como uma importante aliada na qualidade de
vida dos idosos e também como instrumento facilitador de capacitação e
cuidado por parte dos profissionais da saúde na assistência a esse público.
MÉTODO
165
RESULTADOS E DISCUSSÃO
166
idoso facilita o aprendizado, visto que são formas dinâmicas e interativas,
consequentemente, proporcionam uma melhoria do cuidado prestado
(VIEIRA JÚNIOR et al., 2019).
Aponta-se que o desenvolvimento de tecnologias educacionais
nas modalidades táteis e auditivas, expositivas e dialogais, impressas e
audiovisuais, são estratégias metodológicas utilizadas para o processo de
educação em saúde do idoso. Estudos mostram que as principais tecnologias
desenvolvidas para a educação em saúde de idosos na comunidade são,
principalmente, softwares, vídeo educacional, uso de iPad/livreto e
materiais impressos como cartilhas e manuais, mas identificaram-se ainda
outros tipos de tecnologias (SÁ et al., 2019).
Atividades educativas que fazem uso de linguagem clara mostram-
se mais eficazes sendo que o uso de tecnologias como vídeos, iPad ou
livros educativos são mais atrativos e de fácil visualização. É importante
destacar que um material educativo digital voltado para idosos deve ser
compreensível, oferecer segurança, ser atrativo, promover participação a
interação e incluir temas que contribuam para a melhoria da qualidade
de vida, facilitando o ensino e aprendizagem (BARBOSA et al., 2017;
DENNY et al., 2017).
Para idosos que possuem algum tipo de habilidade com computadores,
tablets e smartphone é possível visualizar maior agilidade, seja em
pesquisas online em busca de informações ou até mesmo para compras
virtuais. Os recursos estão presentes na vida de todos e as possibilidades
tecnológicas cada vez mais ao alcance, sendo que, os impactos positivos
que podem causar aos idosos impressionam, pois, a partir deles, a
influência no desenvolvimento das atividades de vida diária, aumenta de
forma considerável (VELHO; HERIDA, 2020).
Além disso, é notório a importância que a utilização desses recursos
tecnológicos tem para a divulgação de conteúdos educacionais. Essas
ferramentas, fortalecem o sentimento de autonomia do idoso, reduzindo
167
estigmas e preconceitos que estão associados à idade avançada, além
de aumentar a sensação de segurança, independência e proteção, o que
melhora o estado psicológico e aumenta a satisfação pessoal do idoso.
(COSTA et al., 2021).
A aplicação de tecnologias educativas também apresenta efeitos
positivos na saúde mental dos idosos, uma vez que, reduz os danos
causados pela solidão e reclusão que muitos vivem, possibilitando uma
maior interação entre amigos e familiares (COSTA et al., 2021). A ciência
tecnológica, social e gerontológica, reconhece o papel fundamental do
uso da tecnologia como promotor da saúde da pessoa idosa, por meio da
educação em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde brasileiro. A
necessidade da utilização das tecnologias digitais é uma ferramenta capaz
de contribuir para uma boa saúde mental, desmistificando a ideia de que as
pessoas idosas estão longe dessa realidade (CARLOTTO; DINIS, 2017).
A utilização das ferramentas tecnológicas, de forma geral, permiti
minimizar as limitações consequentes muitas vezes do distanciamento
que muitos idosos possuem dos familiares/amigos. Alternativas como,
por exemplo, chamadas por vídeo ou o uso de aplicativos, além de atuar
diretamente como um meio de comunicação e informação a respeito
de saúde, colaboram também, para promoção do bem-estar dos idosos
(NABUCO; OLIVEIRA; AFONSO, 2020).
Cabe ressaltar que cada tecnologia tem a sua importância no contexto
da educação em saúde e compete aos profissionais de saúde, em parceria
com os indivíduos envolvidos no processo do cuidar, escolher as que
mais se adequam à realidade social dos idosos. Além disso, a utilização da
tecnologia educacional não deve reduzir os procedimentos assistenciais a
simples técnicas, mas estreitar relações, facilitar o diálogo, humanizar o
cuidado e efetivamente promover saúde (SÁ et al., 2019).
Ainda com base na análise dos estudos pesquisados, é visível
a necessidade do conhecimento sobre a utilização de tecnologias
168
educacionais voltadas a saúde da pessoa idosa, já que é intenso o processo
de transição demográfica. Um planejamento de cuidado direcionado as
especificidades do idoso utilizando as tecnologias educacionais deve ser
viabilizado para que ocorra a efetivação do uso das tecnologias educativas
com pessoas idosas. A temática requer um pensamento crítico e reflexivo,
que demanda discussões no âmbito do cuidar em saúde, conjecturando a
adoção de ações que viabilizem um olhar atento de profissionais da saúde
para aplicabilidade dessas ferramentas (LIRA et al., 2021).
CONCLUSÃO
169
REFERÊNCIAS
170
COSTA, D. E. S. The Influence of Technologies on the mental health of
the elderly in times of pandemic: na integrative review. Research, Society
and Development, v. 10, n. 2, p. 3-6, 2021. Disponível em:
https://rsdjournal.org. Acesso em: 14 fev. 2022.
171
SANTOS, A. A. S. et al. Importância do uso de tecnologias no
desenvolvimento cognitivo dos idosos. Gep News, v. 1, n. 1, p. 20-24,
2018. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/gepnews/
article/view/4677/3284. Acesso em: 10 mar. 2022.
172
9 786559 041855