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Giselle Medeiros da Costa One

(Org.)

Enfermagem:
Pesquisa, tecnologia e
aplicabilidade 

IMEA / JOÃO PESSOA- PB / 2023


Instituto Medeiros de Educação
Avançada - IMEA
Editor Chefe
Giselle Medeiros da Costa One

Corpo Editorial
Giselle Medeiros da Costa One
Maria Luiza Souto Porto
Roseanne da Cunha Uchôa
Iara Medeiros de Araújo

Revisão Final
Ednice Fideles Cavalcante Anízio

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER
One, Giselle Medeiros da Costa.
O59e Enfermagem: Pesquisa, tecnologia e aplicabilidade/ Organizador:
Giselle Medeiros da Costa One. IMEA. 2023.
308 fls.PDF

Vários colaboradores
ISBN: 978-65-89069-32-4  (on-line)
Modelo de acesso: Word Wibe Web
<http://www.cinasama.com.br>

Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA – João


Pessoa - PB

1. Gestão em enfermagem 2. Gerontologia 3. Trabalho


multiprofissional 4. Cardiologia I. Giselle Medeiros da Costa One II.
Enfermagem: Pesquisa, tecnologia e aplicabilidade
CDU: 61

Laureno Marques Sales, Bibliotecário especialista. CRB -15/121

Direitos desta Edição reservados ao Instituto Medeiros de Educação Avançada –


IMEA
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
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Instituto Medeiros de Educação
Avançada
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Todas as opiniões e textos presentes


neste livro são de inteira responsabilidade
de seus autores, ficando o organizador
isento dos crimes de plágios e
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IMEA

Instituto Medeiros de Educação Avançada

Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072;


João Pessoa - PB
58032-100
Impresso no Brasil
2023
Aos participantes do CINASAMA pela
dedicação que executam suas atividades e
pelo amor que escrevem os capítulos que
compõem esse livro.
“O principal objetivo da educação é criar
pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que outras gerações
fizeram.
Jean Piaget
PREFÁCIO

O CINASAMA é um evento que tem como objetivo


proporcionar subsídios para que os participantes tenham
acesso às novas exigências do mercado e da educação. E ao
mesmo tempo, reiterar o intuito Educacional, Biológico, na
Saúde, Nutricional e Ambiental de direcionar todos que
formam a Comunidade acadêmica para uma Saúde Humana
e Educação socioambiental para a Vida.
O livro “ENFERMAGEM: pesquisa, tecnologia e
aplicabilidade” tem conteúdo interdisciplinar, contribuindo
para o aprendizado e compreensão de varias temáticas
dentro da área em estudo. Os eixos temáticos abordados
como Enfermagem em Assistência Domiciliária, Enfermagem
em acesso vascular e terapia, Enfermagem em centro-
cirúrgico, Enfermagem em cardiologia, administração
hospitalar; gestão de saúde; gestão de Enfermagem,
Enfermagem em oncologia, Enfermagem em terapia
intensiva, Enfermagem em saúde coletiva, Enfermagem em
pediatria, garantem uma ampla discussão, incentivando,
promovendo e apoiando a pesquisa.
Esta obra é uma coletânea de pesquisas de campo e
bibliográfica, fruto dos trabalhos apresentados no Congresso
Internacional de Saúde e Meio Ambiente realizado em
Novembro de 2022 Os organizadores objetivaram incentivar,
promover, e apoiar a pesquisa em geral para que os leitores
aproveitem cada capítulo como uma leitura prazerosa e com
a competência, eficiência e profissionalismo da equipe de
autores que muito se dedicaram a escrever trabalhos de
excelente qualidade direcionados a um público vasto.
Esta publicação pode ser destinada aos diversos
leitores que se interessem pelos temas debatidos.
Espera-se que este trabalho desperte novas ações,
estimule novas percepções e desenvolva novos humanos
cidadãos.
Aproveitem a oportunidade e boa leitura.
SUMÁRIO
ENFERMAGEM EM ACESSO VASCULAR E TERAPIA INFUSIONAL ______ 12

CAPÍTULO 1 ________________________________________________ 13
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO _______________ 13
CAPÍTULO 2 ________________________________________________ 31
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO
__________________________________________________________ 31

ENFERMAGEM EM ASSISTÊNCIA DOMICILIÁRIA ___________________ 51

CAPÍTULO 3 ________________________________________________ 52
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW__________ 52

ENFERMAGEM EM CARDIOLOGIA ______________________________ 69

CAPÍTULO 4 ________________________________________________ 70
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO
COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO ________________ 70
ENFERMAGEM EM CENTRO-CIRÚRGICO _________________________ 92

CAPÍTULO 5 ________________________________________________ 93
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO _____ 93
CAPÍTULO 6 _______________________________________________ 114
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA __________ 114

ENFERMAGEM EM GERENCIAMENTO __________________________ 131

CAPÍTULO 7 _______________________________________________ 132


CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA_____________________________________ 132

ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA _______________________________ 149

CAPÍTULO 8 _______________________________________________ 150

ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA ________________________ 167

CAPÍTULO 9 _______________________________________________ 168


ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO __ 168
CAPÍTULO 10 ______________________________________________ 187
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW ___________________________ 187
CAPÍTULO 11 ______________________________________________ 208
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW ______________________ 208
CAPÍTULO 12 ______________________________________________ 228
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO __________________ 228

ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA ___________________________ 252

CAPÍTULO 13 ______________________________________________ 253


AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ________ 253

ENFERMAGEM EM PEDIATRIA ________________________________ 269

CAPÍTULO 14 ______________________________________________ 270


CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA_______________________________________________ 270
CAPÍTULO 15 ______________________________________________ 287
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA __________________________________________ 287
ENFERMAGEM EM
ACESSO VASCULAR
E TERAPIA
INFUSIONAL
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO

CAPÍTULO 1

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO


PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER CENTRAL
DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM
ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO
DE ESCOPO
Karena Cristina da Silva LEAL1
Thatiane Evelyn de Lima FERNANDES1
Maria Améllia Lopes CABRAL 1
Evelin Beatriz Bezerra de MELO1
Rodrigo Assis Neves DANTAS2
1
Graduandos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,UFRN ;
2
Orientador/Professor do DENF/UFRN.
karena.leal.093@ufrn.edu.br

RESUMO: O cateter central de inserção periférica constitui-se


como um dispositivo alternativo para o acesso venoso central
que viabiliza maiores benefícios e redução de riscos durante a
terapia endovenosa. A utilização do dispositivo não está isenta
de complicações e os cuidados após a inserção realizados
pelos profissionais da enfermagem são fundamentais para a
garantia do tratamento terapêutico. O objetivo deste estudo é
mapear a produção de conhecimento científico sobre as
condutas/ cuidados do enfermeiro após a inserção do PICC em
pacientes adultos de enfermarias oncológicas. Trata-se de uma
revisão de escopo realizada em setembro de 2022 conforme
recomendações do Instituto Joanna Briggs e do checklist
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-
Analyses extension for Scoping Reviews, em 9 fontes de dados.
Foram selecionados 5 artigos para compor a amostra final. Dos
artigos selecionados, os principais cuidados encontrados pós-
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
inserção do cateter, foram: troca de curativos(40%), avaliações
diárias (20%) e higienização do cateter (40%). Destaca-se um
impacto significativo a respeito do papel da enfermagem para o
cuidado seguro, além da redução do tempo de permanência,
diminuição dos custos hospitalares e melhora do conforto do
paciente durante a o uso do cateter.
Palavras-chave: Adultos. Cateterismo venoso periférico.
Cuidado de Enfermagem. Unidade Hospitalar de Oncologia.

INTRODUÇÃO

A terapia endovenosa para administração de


medicamentos configura-se como um procedimento
imprescindível para o tratamento em saúde de diversas
doenças, inclusive as de maior gravidade. Desse modo, nota-
se o uso de cateteres venosos centrais (CVC) cada vez mais
frequente no âmbito hospitalar como estratégia para as
numerosas medicações ou administração de fármacos em
veias periféricas de menor calibre, o que torna comum o
aparecimento de danos na rede venosa do paciente
(NEGELISKII et al., 2017).
Nesse sentido, a análise do cenário clínico, rede vascular
e tratamento indicado são fundamentais para a escolha do tipo
de dispositivo intravascular, periférico ou central, de acordo com
suas especificidades, indicação e tempo de permanência
característicos. Uma das alternativas trata-se do Cateter
Central de Inserção Periférica (PICC) em inglês, Peripherally
Inserted Central Venous Catheter. O PICC é um cateter com
alta flexibilidade alongado e fino, produzido com material
biocompatível podendo este ser silicone, poliuretano,
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
conjugado com antibiótico ou banhado por antitrombogênico
(BARBOSA et al., 2020)
Constitui-se como um dispositivo vascular implantado
com uma agulha introdutora por meio de punção das veias
basílica, braquial, cefálica, cubital mediana e, como última
opção, a jugular externa (NASCIMENTO et al., 2022). Dessa
forma, proporciona menores riscos e maiores benefícios e
vantagens, à exemplo: implantação à beira leito, pode ser
realizado por enfermeiros habilitados, menor índice de dor na
inserção e remoção,elimina riscos de hemotórax e
pneumotórax, menor tempo de permanência, baixo custo, risco
de contaminação reduzido, viabiliza a terapia domiciliar e
contribui para a preservação do sistema venoso periférico
(COSTA et al., 2017).
Dessa forma, as recomendações para a utilização do
cateter totalmente implantado estão voltadas principalmente
para pacientes prematuros, imunossuprimidos, em cuidados
paliativos, plaquetopênicos, com coagulopatias e de difícil
acesso. Além disso, a sua ampla aplicabilidade e localização
central também viabilizam a administração de soluções com pH
variáveis e drogas vesicantes e/ou irritantes (MACHADO,
2019).
Diante disso, os quimioterápicos podem ser classificados
de acordo com seu potencial tóxico como irritantes ou
vesicantes. Nesse prisma, o cateter central totalmente
implantado é indicado para o tratamento de pacientes sob
tratamento prolongado com quimioterapia, garantindo
segurança durante o seu uso. Além disso, a PICC também
permite a administração de hemocomponentes,
hemoderivados, nutrição parenteral e coletas de sangue,
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
essenciais durante todo o cuidado em saúde do paciente
oncológico (COSTA, 2021).
Em contrapartida, o uso da PICC não está isento
completamente do aparecimento de complicações indesejadas
como Trombose Venosa Profunda, oclusão do lúmen, flebite,
hematomas, sangramentos, fratura/deslocamento do cateter.
Nesse sentido, o manejo adequado do dispositivo durante e
após a inserção do cateter é essencial para garantir a eficácia
do procedimento e pode ser realizada por médicos capacitados
e enfermeiros com expertise em terapias intravenosas
(SANTOS, 2020).
Mediante o papel da equipe de enfermagem no cuidado
em saúde ao paciente com câncer, principalmente, por meio da
prevenção e detecção precoce de riscos, nota-se a importância
de enfermeiros habilitados e preparados na prática clínica a
respeito do manejo do PICC a fim de garantir o conforto e bem
estar desses pacientes.
Dado exposto, foi formulada a seguinte questão de
pesquisa: Qual a produção de conhecimento sobre as condutas
do enfermeiro após a inserção do PICC em pacientes adultos
nas enfermarias oncológicas?
Este estudo justifica-se pela contribuição para a
comunidade acadêmica ao apresentar estudos que abordam os
cuidados de enfermagem pós inserção do PICC em pacientes
adultos oncológicos, haja vista a escassez de publicações com
a utilização do dispositivo no público adulto. Apesar de ser
amplamente utilizado nas áreas de neonatologia e pediatria, a
ciência aponta efeitos benéficos também para o adulto e a
enfermagem contribui diretamente no manejo e cuidado do
dispositivo.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
Com o intuito de identificar revisões de escopo com
objetivo semelhante, foi realizada busca no dia 21 de setembro
de 2022 nas fontes JBI Clinical Online Network of Evidence for
Care and Therapeutics (COnNECT+), Database of Abstracts of
Reviews of Effects (DARE), The Cochrane Library e
International Prospective Register of Ongoing Systematic
Reviews (PROSPERO). Os resultados apontaram inexistência
de publicações semelhantes sobre essa temática.
O estudo objetiva mapear a produção de conhecimento
científico sobre as condutas/ cuidados do enfermeiro após a
inserção do PICC em pacientes adultos de enfermarias
oncológicas.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de escopo com o intuito de


investigar as principais produções científicas disponíveis na
literatura sobre determinada temática e possibilitar a
identificação das lacunas existentes. Dessa forma, foram
seguidas as recomendações da JBI e adotadas as
recomendações do checklist Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping
Reviews (PRISMA-ScR). Esta revisão foi registrada na Open
Science Framework (OSF)(https://osf.io/4mtvg/).
Para a estruturação do estudo, foram seguidas as etapas
essenciais para construção de uma revisão de escopo: 1.
Elaboração dos objetivos e questão de pesquisa; 2.
Desenvolvimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3.
Identificação das evidências científicas por meio da busca; 4.
Seleção de estudos relevantes para revisão; 5. Mapeamento
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
dos dados contidos nos estudos selecionados; 6. Coleta,
análise e apresentação dos resultados.
Para formulação da questão de pesquisa citada
anteriormente, foi utilizado mnemônico População, Conceito e
Contexto (PCC) estabelecido pelo JBI. Desse modo, definiu-se
como População: Pacientes adultos submetidos a colocação de
cateter central de inserção periférica; Conceito: Condutas/
cuidados de enfermagem; Contexto: Enfermarias oncológicas.
Utilizaram-se os descritores indexados ao Medical
Subject Headings (MeSH) e do Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS): “Adults”, “Catheterization, Peripheral”
“Catheterization, Central Venous” , “Nursing Care”, “Oncology
Service, Hospital”. Para o cruzamento destes, foram aplicados
os operadores booleanos “AND” e “OR”.
A busca foi realizada em setembro de 2022, por dois
pesquisadores de maneira independente, em 9 fontes de
dados: PubMed/ Medline, Scopus, Scielo, Web Of Science,
Science Direct, Cochrane Library, Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), Wiley On Library e Cumulative Index of Nursing and
Allied Health (CINAHL). Em casos de divergências durante a
seleção dos artigos, um terceiro pesquisador avaliava o artigo
na íntegra para definir sobre a inclusão ou exclusão do estudo.
O Quadro 1 apresenta a sintaxe de busca utilizada.
Para seleção dos artigos que compuseram a amostra
desta revisão foram adotados os critérios de inclusão: estudos
publicados e disponíveis online gratuitamente na íntegra,
disponibilizados através do acesso remoto via Comunidade
Acadêmica Federada (CAFe) viabilizado pelo Portal de
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento (CAPES),
abrangendo ainda dissertações, teses e portarias ministeriais,
sem restrição de idiomas, com restrição temporal de cinco
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
anos,compondo o período de 2018 a 2022, com a temática de
acordo com o objetivo desta pesquisa. Foram excluídos:
Resumos, artigos de jornais, cartas ao editor, estudos que não
respondam a questão de pesquisa e voltados para o público
pediátrico, adolescente ou com animais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento inicial de dados obteve 3.534 resultados.


Após a etapa de exclusão dos artigos duplicados restaram
3.528 que em seguida foram analisados a partir do título e
resumo. Destes: 122 na PMC; 201 na Scopus; 2.383 na Science
Direct; 793 na Cochrane Library e 35 na CINAHL. Além disso,
nenhum resultado foi encontrado nas bases Web of Science,
Scielo e Wiley Online Library.
Na leitura do título e resumo foram selecionados 25
estudos, dos quais 21 foram excluídos por não se relacionarem
com a temática e não responderem a questão de pesquisa do
trabalho, sendo assim, a amostra final foi composta de 4
estudos. Ademais, utilizou-se ainda a busca reversa que
resultou na inclusão de mais um artigo, totalizando dessa forma
5 artigos na amostra final conforme indicado na figura 2.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
Figura 1. Esquema de busca adaptado (PRISMA-ScR). Natal,
RN, Brasil, 2022.

Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

Em relação aos países dos estudos, observou-se a


prevalência da China, contabilizando três (60,0%) publicações,
enquanto Alemanha e Hungria possuem um (10%) estudo cada.
Além disso, com a exceção de um estudo publicado em 2014,
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
os demais foram publicados recentemente, sendo um em cada
ano, estes: em 2017,em 2018,em 2020 e em 2021.
No Quadro 1 os resultados foram organizados de acordo
com o ano, país, tipo de pesquisa, objetivo, cuidados pós-
inserção do PICC e desfecho das pesquisas.

Quadro 1. Caracterização das pesquisas segundo o ano, país,


tipo de pesquisa, objetivo, cuidado pós- inserção do PICC e
desfecho dos estudos incluídos na revisão.
Ano/ Tipo de Objetivo Cuidados pós- Desfecho
País Pesquis inserção
a

2021/ ECR Avaliar o Troca de Os pacientes tratados


China efeito da curativo 24 com pomada de
pomada horas após a Chahuang e creme de
Chahuang, inserção do polissulfato de
uma cateter, mucopolissacarídeo
pomada de implementaram apresentaram menor
ervas rigorosamente ocorrência de flebite
chinesas, na a técnica mecânica e melhores
prevenção antisséptica e condições dos vasos
de flebite em verificaram o ao
pacientes local da punção redor do local da
com quanto a punção após a
cateteres vermelhidão ou inserção do PICC.
centrais de exsudação.
inserção
periférica.

2020/ ECR Investigar a Correção do Os PICCs


Alemanh viabilidade local de saída representam uma
a prática e o do cateter com alternativa segura para
perfil de técnica a implantação do
segurança asséptica, sistema de portas em
do PICC em lavagem e pacientes com câncer
pacientes travamento dos que recebem
com câncer PICCs com radioterapia e
que seringas pré- manutenção do
recebem cheias de soro acesso venoso para
radioterapia fisiológico de 10 internações repetidas
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
em regime ml por método em regime
ambulatorial pulsátil antes e ambulatorial ou
e hospitalar. após cada hospitalar de semanas
administração a no máximo 6 meses.
de droga
intravenosa.

2019/ Revisão Delinear a Higienização O aumento da


China de literatura das mãos, educação da equipe e
literatura atual sobre manejo do do paciente,
procediment curativo, enfermeiros treinados
os de CCIP, preenchimento do PICC e técnicas de
potenciais e vedação do inserção aprimoradas
complicaçõe tubo do cateter também podem
s e medidas e avaliações reduzir a taxa de
de diárias pelos complicações do
prevenção. enfermeiros PICC.
plantonistas.

2017/ Revisão Síntese de Verificação da Via de acesso venoso


Hungria de informações cânula a cada 3 benéfica tanto para
literatura sobre o uso dias pacientes quanto para
da acompanhado equipe devido à
linha PICC, de troca do relação custo-
suas curativo, benefício positiva
indicações, inspeção sobre sendo necessário
vantagens, a presença de enfatizar a importância
desvantage edema, da educação e da
ns e vermelhidão, seleção adequada do
dispositivos sensibilidade à leque de indicações,
complement pressão, tendo
ares supuração, em vista o risco de
necessários inflamação ou infecção e trombose.
durante o trombose local
procediment ao redor do
o. ponto de
entrada da
cânula.

2014/ ECR Comparar Realizados no O uso de ultrassom


China os efeitos da 2º e 5º dias modo B com MST para
colocação após a colocação do PICC
do cateter colocação e reduziu as
venoso depois complicações e os
central de uma vez por custos dos pacientes
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
inserção semana. Com para manutenção do
periférica desinfecção ao PICC e melhorou o
(PICC) redor do local grau de conforto dos
usando de pacientes.
ultrassom inserção do
modo B com PICC, do local
a técnica de de inserção e
Seldinger do cateter,
modificada trocando o
(BUMST) curativo e o
versus a conector,
punção enxaguando e
cega. travando o
cateter com
solução salina
heparina.
Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

O Quadro 2 apresenta a estrutura PAGER, ressaltando


as principais características do estudo, lacunas e implicações
para pesquisas futuras sobre a temática (Bradbury-Jones et al.,
2021). Nele, é possível identificar que os principais cuidados no
manejo pós inserção do PICC, são: troca de curativos,
inspeções diárias e higienização do cateter.

Quadro 2. Estrutura PAGER adaptada de Bradbury-Jones et


al., 2021, Natal/RN, Brasil, 2022.
Padrão Avanços Lacunas Evidências Recomendaçõ
para a es de Pesquisa
Prática

Troca de Aplicação de O tamanho O estudo São


curativos medicina da amostra ampliou o necessários
tradicional do estudo escopo de mais estudos
chinesa, para foi pequeno, aplicação que apresentem
proteção e causando clínica de uma os outros efeitos
prevenção mais medicina gerais para
contra flebite heterogenei tradicional além da flebite
pós inserção do dade nos chinesa como mecânica pós
PICC. pacientes e técnica de uso do PICC.
limitando a enfermagem,
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
interpretaçã como um
o. procedimento
seguro e
eficaz.

Utiliza o Zone Poucos O estudo Estudos com a


Insertion dados estão ressalta o abordagem
Method (ZIM) disponíveis benefício da sobre educação
resume as sobre via e a seleção das
características cânulas de de acesso principais
da pele, PICC venoso com o indicações são
sistema inseridas PICC em necessários
musculoesquel em relação ao para
ético e veias, e pacientes custo- investigação
divide o oncohemato benefício mais
membro em lógicos e a positivo e abrangente.
zonas de frequência expõe o
penetração de protagonismo
vermelhas, complicaçõ da
amarelas e es. enfermagem
verdes. no manejo do
método.

Inspeçõe Elucidação das Não houve O estudo Ensaios


s diárias principais diversidade colabora com prospectivos
evidências na faixa os avaliando
científicas etária na profissionais complicações e
atuais sobre amostra de na escolha do estratégias de
complicações pacientes PICC prevenção
do PICC. críticos o adequado, comparando os
que dispositivo, resultados
compromet procedimento clínicos do
e a análise além de PICC na
qualitativa ajudar no população
da pesquisa manejo para criticamente
sobre prevenção de enferma são
públicos possíveis fundamentais.
diversos. complicações.

Higieniza Tratamento Subjetividad A análise O


ção do radio- e presente contribuiu desenvolviment
cateter oncológico nas para a de produções a
multimodal. decisões representaçã respeito do
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
clínicas e o do PICC manejo do PICC
avaliação como uma na prática
retrospectiv alternativa profissional de
a de dados. segura para médicos e
pacientes em enfermeiros são
radioterapia e urgentes para a
manutenção assistência em
do acesso saúde.
venoso.

Compara a Não foi A pesquisa Faz-se


técnica de referido no analisou o necessária a
Seldinger estudo. benefício do produção de
modificada e uso do mais estudos
punção cega na ultrassom com a utilização
inserção do modo B na do método para
PICC. redução de garantir de
complicações modo amplo a
bem como segurança dos
dos custos do pacientes.
paciente na
manutenção
do PICC.
Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

Os PICC’s estão sendo amplamente utilizados cada vez


mais na prática clínica, em especial, para pacientes em
tratamento de médio a longo prazo, tendo em vista o
procedimento simples e período prolongado de retenção do
dispositivo. Não está isento de complicações e por isso os
cuidados assistenciais voltados para a sua manutenção
precisam ser realizados adequadamente como forma de
prevenção para eventos adversos e promoção da segurança do
paciente durante as intervenções terapêuticas (ZHOU, WANG;
2019).
Nesse contexto, o enfermeiro dispõe de papel essencial,
baseado na capacidade técnica e científica, na detecção
precoce de possíveis incidentes relacionados ao uso do cateter.
Dentre as complicações usuais estão as infecções e remoção
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
não programada do dispositivo, que comprometem a qualidade
da assistência do paciente e estão diretamente relacionadas
aos cuidados prestados (SILVA, 2018).
Nessa perspectiva, nota-se que pacientes oncológicos
em estágio terminal são mais susceptíveis a traumas menores
devido a manejo inadequado e condições gerais, além de
apresentarem comportamentos instáveis relacionados às
alterações mentais ou delírios. Dessa forma, o PICC é uma
alternativa segura e eficaz para pacientes com câncer haja vista
sua durabilidade e garantia de maior conforto no tratamento
(PARK. et al., 2021).
Na análise dos estudos selecionados foi possível
observar que os principais cuidados realizados pela equipe de
enfermagem pós-inserção do PICC estão associados a: troca
de curativos, avaliação diária do local de inserção e
higienização do cateter.
Um estudo retrospectivo multicêntrico avaliou
positivamente o uso do cateter central de inserção periférica no
tratamento de suporte parenteral a médio prazo em pacientes
internados. Diante disso, após a inserção do cateter foi aplicado
um curativo de gaze estéril 5x5cm e outro curativo transparente
para fixação, este trocado 24 horas após o procedimento
permanecendo apenas com um curativo transparente na
ausência de manchas sanguinolentas seguido de trocas a cada
7 dias ou gaze com curativo transparente trocados a cada 48
horas na detecção de material hemático (CAMPAGNA. et al.,
2019). Observa-se a concordância com o presente estudo
relacionada à prática de troca de curativos como uma etapa
essencial na assistência do paciente com PICC.
Ensaio clínico randomizado com 66 pacientes com
câncer em estágio terminal comparou o uso do PICC com o
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
acesso endovenoso comum da perspectiva dos pacientes,
principalmente, associados à segurança e satisfação. Como
gerenciamento pós-inserção, a troca de curativos também
obteve destaque ao ser executada em todos os pacientes com
um curativo fechado e embebido com o medicamento betadine
e sua realizada periodicamente a cada três dias. O estudo
observou do seu público satisfação superior à inserção
cotidiana do PICC no que se refere ao acesso endovenoso
habitual (PARK. et al., 2021).
Uma estratégia alternativa na prevenção de
complicações habitualmente usada pela equipe de
enfermagem, é a utilização de um adesivo na pele no local da
inserção do cateter como substituição para a sutura,
contribuindo tanto para a estabilidade do cateter como na
redução de incidentes, como: infecções, flebite, trombose e
deslocamento do cateter (CONCEIÇÃO, 2019).
Dessa maneira, uma pesquisa elucidou ainda, dentre as
complicações associadas ao PICC a oclusão/ obstrução do
cateter que ocorrem, em grande maioria, de procedimentos
como coletas de sangue, hemotransfusão, refluxo de sangue,
administração de medicamentos inadequados e baixa
solubilidade de soluções e drogas. Diante disso, nota-se com
frequência a ocorrência de obstruções em pacientes
oncológicos configurando um cenário de alto risco para o
mesmo. Os cuidados prestados pela enfermagem, nesse
sentido, estão em consonância aos achados deste estudo, ao
apontar a inspeção sobre a funcionalidade do cateter,
dispositivos e acessórios associados a ele, bem como a prática
de lavagens do cateter com soro fisiológico a 0,9% após as
infusões e com pressão positiva (CORREIA, 2022).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
Em suma, os resultados desta revisão de escopo
permitiram, em nível mundial, mapear os atuais estudos sobre
a temática, fornecendo aos profissionais da área uma
compreensão mais abrangente acerca dos cuidados mais
recorrentes após a inserção do PICC. Acredita-se que
pesquisas como estas possam auxiliar e embasar o
desenvolvimento de protocolos bem estruturados que guiem os
profissionais no manejo e prevenção adequados para os
pacientes adultos oncológicos, além de outras pesquisas na
área.
Observa-se como principal limitação do estudo, a
escassez de produções científicas voltadas para o uso do PICC
no público adulto haja vista os efeitos pouco desenvolvidos mas
benéficos do dispositivo nesses pacientes, bem como no
público neonatal. Pode-se ressaltar também a ausência de
sistematização no cuidado de enfermagem pós inserção do
dispositivo de maneira padronizada.

CONCLUSÃO

Os principais cuidados discutidos após a inserção


periférica do cateter central em pacientes internados em
enfermarias oncológicas foram a troca de curativos, avaliações
diárias na região da inserção e higienização do cateter.
Identificou-se um impacto significativo referente a redução tanto
do tempo de permanência, como diminuição dos custos
hospitalares e conforto do paciente.
Desse modo, o enfermeiro desempenha um papel
fundamental no manejo do dispositivo e prevenção de eventos
adversos pois detém conhecimento, capacidade e habilidade
técnica e científica para planejar e implementar os cuidados
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANEJO PÓS-COLOCAÇÃO DO CATETER
CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA(PICC) EM ADULTOS INTERNADOS EM
ENFERMARIAS ONCOLÓGICAS: REVISÃO DE ESCOPO
efetivos para as respostas humanas do paciente oncológico
com o cateter. Além disso, infere-se a necessidade de
protocolos padronizados para o manuseio do dispositivo,
garantindo a assistência sistemática e atribuindo a enfermagem
o protagonismo diante dessa função.
Nesse prisma, torna-se fundamental o progresso e
desenvolvimento de mais pesquisas relacionadas à temática
posto que é um cuidado que produz efeitos benéficos tanto para
a comunidade científica como para o paciente assistido.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

CAPÍTULO 2
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM
HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO
Ana Paula França da SILVA 1
Karena Cristina da Silva LEAL 1
Pedro Lucas Oliveira de ARAÚJO 1
Bruna Vilar Soares da SILVA1
Daniele Vieira DANTAS 2
1
Graduandos do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN: 2Professora/ Doutora do Departamento de Enfermagem da UFRN;
pspaula12@gmail.com

RESUMO: a hipodermóclise ou terapia subcutânea é uma


prática utilizada a muitos anos, caracterizada pela
administração de substâncias medicamentosas para o espaço
subcutâneo. O enfermeiro deve ter em mente o seu papel como
líder de uma equipe e no que diz respeito a hipodermóclise, na
sua manutenção, administração de medicamentos e avaliação
diária buscando sempre prestar um cuidado de qualidade.
Objetivo: mapear os cuidados de enfermagem em pacientes
com hipodermóclise no ambiente hospitalar. Materiais e
método: revisão de escopo, realizado nas fontes de dados
Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature,
Cochrane Library, Catálogo de Teses e Dissertações, Elsevier’s
SCOPUS, Web of Science, Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde e Google Scholar. Resultados:
54% destacaram a fixação do cateter com filme transparente e
atenção a data de troca, como um dos cuidados mais
importantes, seguido de avaliação das condições clínicas do
paciente em 45%, higienização das mãos, proteção do acesso
durante o banho e observação da área de inserção do
dispositivo subcutâneo em relação a sinais flogísticos em 36%.
Conclusões: os principais cuidados de enfermagem em
pacientes com hipodermóclise no ambiente hospitalar são:
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

fixação do cateter com filme transparente, atenção a data de


troca seja por tempo de permanência instituído ou pela
presença de sinais flogísticos, avaliação das condições clínicas
do paciente, higienização das mãos, proteção do acesso
durante o banho e observação da área de inserção do
dispositivo subcutâneo em relação a sinais flogísticos.
Palavras-chave: Pacientes. Cuidados de enfermagem.
Hipodermóclise.

INTRODUÇÃO

A hipodermóclise ou terapia subcutânea é uma prática


utilizada há muitos anos, caracterizada pela administração de
substâncias medicamentosas para o espaço subcutâneo. Até a
década de 1950 essa técnica foi muito utilizada, no entanto,
como na época o conhecimento acerca do seu uso com
soluções hipotônicas, bem como com quais fármacos poderiam
ser utilizados eram muito escassos, houveram muitos casos de
reações adversas, passando por esse motivo a ser pouco
utilizada (PONTALTI et al., 2018).
Dez anos depois, é criado o cuidado paliativo, na
Inglaterra, pela enfermeira, médica e assistente social Cicely
Saunders e essa técnica ressurge como ferramenta na
utilização de pacientes oncológicos em cuidados paliativos.
Sendo neste caso mais comumente escolhida por ser
considerada uma técnica simples e de rápida instalação, se
comparada à de punção venosa e pelo seu custo reduzido
(CONSTANTE et al., 2021).
A hipodermóclise é indicada não só para pacientes
oncológicos em cuidados paliativos, mas também em pacientes
que apresentam alguma fragilidade em sua rede venosa, como
veias frágeis, observadas normalmente no extremo de idade,
como recém-nascidos e idosos ou pacientes em outras faixas
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

etárias que se encontram debilitados, apresentando


comprometimento da via oral e desidratação (LÚCIO; RIGO;
LEITE, 2022; PONTALTI et al., 2018).
Se faz importante destacar que esta técnica também
possui contraindicações que devem ser consideradas, tais
como: não aceitação verbal pelo paciente, anasarca, caquexia,
síndrome da veia cava superior, proeminências ósseas, ascite,
áreas com presença de infecção, inflamação ou lesão cutânea,
desidratação grave, com necessidade de rápida reposição de
volume e choque (BRASIL, 2017).
A inserção da hipodermóclise é indicada pelo médico e
deve ser discutida pela equipe de saúde. De acordo com o
parecer COREN - BA Nº 004/2017 do Conselho Regional de
Enfermagem da Bahia (COREN- BA), o enfermeiro, técnico ou
auxiliar de enfermagem estão legalmente respaldados a realizar
a hipodermóclise, desde que estes estejam habilitados e
tenham conhecimento científico acerca desta terapêutica
(BRASIL, 2017).
A equipe de enfermagem é a categoria que está mais
próxima do paciente e responsável por seu cuidado direto.
Dada a importância de sua função, o enfermeiro deve ter em
mente o seu papel como líder de uma equipe e para
desempenhá-lo é necessário que possua conhecimento técnico
científico e no que diz respeito a hipodermóclise, na sua
manutenção, administração de medicamentos e avaliação
diária buscando sempre prestar um cuidado de qualidade
(CONSTANTE et al., 2021).
De acordo com Santos et al., (2021), mesmo
apresentando mais benefícios que malefícios essa técnica
ainda é pouco utilizada pelos profissionais da saúde, onde
acredita-se que esse fato se dê pela falta de estudos,
treinamento da equipe, documentos padronizados que
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

esclareçam quais medicamentos podem ser utilizados,


diluições e compatibilidade entre eles, acarretando em
insegurança acerca de seu uso.
Desta forma, a presente revisão justifica-se pela
necessidade de estudos mais aprofundados acerca do tema
abordado, uma vez que os danos causados pela manipulação
incorreta da hipodermóclise podem trazer riscos para a saúde
dos pacientes que precisam fazer uso dessa terapia.
Diante disso, o estudo objetiva mapear os cuidados de
enfermagem em pacientes com hipodermóclise no ambiente
hospitalar.

MATERIAIS E MÉTODO

O presente estudo trata-se de uma revisão de escopo,


que tem como objetivos esclarecer os principais conceitos que
fundamentam uma determinada área de conhecimento,
identificar as lacunas de pesquisa existentes, bem como
divulgar os dados da investigação (PETERS et al., 2020).
Desta forma, este estudo foi definido através das
seguintes etapas: definição do objetivo e da questão
norteadora; uso do rastreamento e identificação de outras
revisões de escopo em plataformas de registros;
estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de
estudos; definição das informações a serem extraídas e
categorização dos estudos através do diagrama de fluxo
Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-
Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR);
avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados e
apresentação da revisão e síntese do conhecimento (PAGE et
al., 2020).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Essa pesquisa foi desenvolvida de acordo com as


recomendações do Manual de revisões do JBI e utilizou o
checklist estabelecido pelo Preferred Reporting Items for
Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping
Reviews (PRISMA-ScR) (PAGE et al., 2021; PETERS et al.,
2020). Outrossim, cadastrou-se a revisão na plataforma Open
Science Framework (OSF) (https://osf.io/x6bh9/).
Para a elaboração da questão norteadora de pesquisa,
utilizou-se o mnemônico População, Conceito, Contexto (PCC),
recomendado pelo JBI para revisões de escopo, sendo a
População os pacientes; o Conceito os cuidados de
enfermagem; e o Contexto a hipodermóclise. Desse modo, a
questão norteadora da pesquisa delimitada foi: “Quais os
cuidados de enfermagem em pacientes com hipodermóclise no
ambiente hospitalar?”.
Realizou-se uma verificação e identificação de outros
estudos nas plataformas: International Prospective Register of
Systematic Reviews (PROSPERO); OSF; The Cochrane
Library; JBI Clinical Online Network of Evidence for Care and
Therapeutics (COnNECT+); Database of Abstracts of Reviews
of Effects (DARE). Não foram encontrados estudos com o
mesmo escopo da presente revisão, constatando-se a
necessidade da realização de mais pesquisas sobre o tema.
A pesquisa foi realizada em agosto de 2022 no Portal de
Periódicos da Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), através do acesso remoto pela
plataforma Comunidade Acadêmica Federada (CAFe),
ferramenta disponibilizada pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), nas seguintes fontes de dados:
Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
(CINAHL), Cochrane Library, Catálogo de Teses e Dissertações
(CAPES), Elsevier’s SCOPUS, Web of Science, Literatura
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)


e Google Scholar. Inicialmente foram utilizados os Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS): “Pacientes”, “Cuidados de
Enfermagem”, “Enfermagem”, “Hipodermóclise”, “Infusões
subcutâneas” e os descritores do Medical Subject Headings
(MESH): “Patients”, “Nursing care”, “Nursing”,
“Hypodermoclysis”, “Infusions, Subcutaneous”. Assim, para um
melhor resultado e objetividade na pesquisa, foram utilizados os
operadores booleanos “AND” e “OR”, conforme exibido a seguir
(Quadro 1).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 1. Sintaxe de busca nas fontes de dados. Natal, RN,


Brasil, 2022.
Fontes de dados Sintaxe

CINAHL* (Patients) AND (Nursing care OR Nursing) AND


(Hypodermoclysis) AND (Infusions, Subcutaneous)

Cochrane Library† (Patients) AND (Nursing care OR (Nursing)) AND


(Hypodermoclysis) AND (Infusions, Subcutaneous)

Catálogo de Teses e (Patients) AND (Nursing Care OR Nursing) AND


Dissertações (CAPES) (Hypodermoclysis AND Infusions, Subcutaneous)

SCOPUS§ ( TITLE-ABS-KEY (patients) AND TITLE-ABS-KEY


( nursing AND care ) OR TITLE-ABS-KEY ( nursing
) AND TITLE-ABS-KEY ( hypodermoclysis ) AND
TITLE-ABS-KEY ( infusions, subcutaneous )

Web of Science|| ((((TS=(patients)) AND TS=(nursing care)) OR


TS=(Nursing)) AND TS=(Hypodermoclysis)) AND
TS=(Infusions, Subcutaneous)

LILACS† (tw:("patients")) AND (tw:("nursing care")) OR


(tw:("nursing")) AND (tw:("hypodermoclysis")) AND
(tw:("infusions, subcutaneous"))

Google Scholar ("patients ") AND ("nursing care") OR ("nursing")


AND ("hypodermoclysis") AND ("infusions,
subcutaneous")

Nota: *CINAHL: Cumulative Index of Nursing and Allied Health; †Cochrane


Library; §SCOPUS: Elservier’s Scopus; ||Web of Science; †Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde.
Fonte: dados da pesquisa, 2022.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Como critérios de inclusão, foram usados artigos


científicos disponíveis online e gratuitamente na íntegra, em
qualquer idioma, dissertações e teses, portarias ministeriais e
guidelines. Foram excluídos estudos que não respondiam às
questões de pesquisa, resumos e cartas ao editor.
Os artigos encontrados foram lidos e avaliados quanto à
sua adequação aos critérios de inclusão e exclusão. Artigos
duplicados foram contabilizados apenas uma vez. Comprovada
a adequação, tiveram suas informações extraídas a partir do
uso do diagrama de fluxo PRISMA-ScR, no qual os artigos
selecionados para a apresentação dos resultados passaram
primeiro por uma revisão dos títulos e resumos, e depois por
uma análise minuciosa dos textos. Após a análise e
interpretação dos dados, foi realizada a síntese do
conhecimento obtido em tais publicações, sendo utilizados
resultados narrativos e representação em quadros.
Ressalta-se que, após a leitura, exclusão e seleção de
alguns estudos, estes foram dispostos em formulário, contendo
as seguintes variáveis: autor, ano, tipo de estudo, objetivos e
cuidados de enfermagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As estratégias de busca permitiram a recuperação de


296 artigos, sendo destes, 2 duplicados. Realizou-se a leitura
de títulos e resumos pertinentes à questão norteadora da
revisão, resultando em 137 estudos. Desses, após a leitura do
texto completo, em que foram avaliadas a elegibilidade e
especificidade do assunto tratado em consonância com a
questão de pesquisa, foram selecionados 11 artigos para a
elaboração da presente revisão (Figura 1).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Figura 1. Fluxograma de busca na literatura e inclusão de


artigos. Natal, RN, Brasil, 2022.

Fonte: dados da pesquisa, 2022.

Em seguida, a partir da análise dos estudos selecionados


para a amostra deste artigo, elaborou-se um quadro com a
distribuição das principais características desses estudos,
sendo: autor, ano, tipo de estudo, objetivos e cuidados de
enfermagem (Quadro 2).
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 2. Distribuição dos artigos científicos de acordo com o


autor (ano), tipo de estudo, objetivos e cuidados de
enfermagem. Natal, RN, Brasil, 2022.

Autor/ ano/ Objetivos Cuidados de Enfermagem


Tipo de
Estudo

Barbosa Desenvolver e validar Avaliar as condições físicas


/2021/ conteúdo e aparência de e clínicas do paciente para
Metodológic um algoritmo para poder realizar a
o de orientar na elegibilidade hipodermóclise.
abordagem da hipodermóclise em
quantitativa. pacientes adultos.

Bolela et al. Identificar as ocorrências Avaliar as características do


/2022/ relacionadas à punção paciente, dos
Observacion venosa periférica e à medicamentos prescritos, o
al, descritivo hipodermóclise entre tempo previsto de
e pacientes internados em tratamento e atenção ao
multicêntrico um hospital geral e em monitoramento dos fatores
. um hospital exclusivo de predisponentes para
assistência a pacientes possíveis complicações,
em cuidados paliativos tais como: data de
oncológicos. expiração do cateter,
fixação do curativo,
proteção do cateter durante
o banho, escolha de calibres
menores para a punção.

Guedes et Caracterizar as Fixação com filme


al. /2019/ complicações associadas transparente, atentar acerca
Observacion ao uso da via subcutânea da troca do dispositivo a
na infusão de cada cinco dias e em caso
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

al, medicamentos e de complicações antes do


prospectivo. soluções em cuidados prazo da troca, realizar nova
paliativos. punção a uma distância
mínima de cinco
centímetros do local
anterior.

Lago; Identificar complicações Trocar o sistema de fixação


Souza; relacionadas à punção diariamente para permitir a
Bolela venosa periférica e à visualização e avaliação do
/2021/ hipodermóclise em sítio de inserção e
Descritivo e pacientes oncológicos identificação adequada que
longitudinal. hospitalizados sob contempla informações,
cuidados paliativos. como nome do profissional
que realizou a punção, data
e hora da punção, além de
inspecionar regularmente o
sítio de inserção, com
tempo de permanência
entre 48 e 96 horas.

Lemos et al. Compreender a Utilizar álcool a 70% para


/2021/ hipodermóclise em higienização do sítio a ser
Descritivo de cuidados paliativos puncionado, curativo
caráter oncológicos. transparente para uma
exploratório melhor fixação e
com visualização, proteger o
abordagem acesso com plástico durante
qualitativa. a higienização para que se
mantenha a área seca, lavar
as mãos antes e após a
manipulação do cateter,
manter equipo protegido
para evitar infecção, avaliar
sítio todos os dias em
relação a sinais de
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

hiperemia e em caso de
sinais de infecção retirar o
cateter e aplicar bolsa
térmica para amenizar os
sintomas.

Martins et al. Conhecer as percepções Avaliar, observar e registrar


/2019/ de cuidadores familiares alterações durante o uso da
Descritivo, sobre o uso da hipodermóclise.
exploratório, hipodermóclise no
de natureza domicílio.
qualitativa.

Menezes; Avaliar o conhecimento Lavar as mãos antes de


Medeiros dos estudantes de manusear o cateter; fazer
/2018/ Enfermagem sobre o uso assepsia da via de acesso
Descritivo, da hipodermóclise no sempre que abrir o sistema,
com idoso. orientar o paciente,
abordagem familiares e equipe sobre a
quantitativa. possibilidade de discreta
hiperemia e edema no local
de inserção do cateter logo
após a punção e proteger a
punção com plástico
durante o banho para
manter a área seca.

Novelli et al. Verificar na literatura a Durante a instalação o


/2019/ importância da enfermeiro deve explicar ao
Revisão da hipodermóclise na cliente sobre o
procedimento; lavar as
literatura. administração de
mãos; escolher o local da
medicamentos em infusão; fazer antissepsia e
pacientes sob cuidados a dobra na pele; introduzir o
paliativos. dispositivo subcutâneo em
um ângulo de 45 graus; fixar
o dispositivo subcutâneo;
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

assegurar-se de que
nenhum vaso tenha sido
atingido; aplicar o
medicamento ou conectar o
dispositivo subcutâneo ao
equipo da solução; datar e
identificar a fixação.

Durante a permanência do
acesso deve-se tomar os
seguintes cuidados:
proteger com plástico
durante o banho com o
objetivo de manter a área
seca; lavar as mãos antes
do manuseio do cateter
(exemplo: conectar equipos
com fluidos ou medicação)
para prevenir infecção;
observar a área da inserção
do dispositivo subcutâneo
em relação a sinais
flogísticos; nos casos de
sinais flogísticos usar calor
(bolsa térmica para
amenizar os sintomas).

Pontalti et al. Analisar o uso da Observar sinais de


/2018/ hipodermóclise em desconforto, caso ocorra,
Transversal pacientes com câncer em interromper a infusão e
descritivo. cuidados paliativos. realizar nova punção em
outro local, atentar a troca
no período de três a cinco
dias, podendo permanecer
por sete dias se não houver
sinais de complicações local
- eritema, inchaço, dor e
extravasamento do
fármaco.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

Simão et al. Identificar as evidências Avaliar o paciente antes da


/2021/ científicas sobre o uso da aplicação, escolhendo o
Revisão via subcutânea no âmbito local adequado para a
integrativa. da prática da punção, em regiões com
enfermagem. melhor integridade da pele;
realizar o rodízio das áreas
puncionadas; puncionar em
um ângulo de 45°; higienizar
as mãos antes e após o
procedimento, realizar
desinfecção da bandeja e
desinfecção do frasco
ampola e antissepsia da
pele; utilizar curativo com
filme transparente estéril;
atentar a troca do cateter a
cada 5 dias; promover
conforto, diminuindo o
estresse, dor no local das
punções repetidas e risco
de infecção.

Saganski/ Revisar e sintetizar as Realização e manutenção


2018/ evidências na literatura da punção; e, à manutenção
Revisão sobre a efetividade e a da integridade da pele. Para
Sistemática. segurança da este último cuidado
hipodermóclise na preconiza-se: escolher o
infusão de fluidos, em local adequado; garantir a
comparação à via isenção de erros durante o
intravenosa, para procedimento; avaliar o
reidratação de crianças paciente antes, durante e
até 10 de idade com leve após o término da infusão;
a moderada estar atenta para sinais de
desidratação, com foco complicações locais e
em ensaios clínicos sistêmicos; acompanhar e
randomizados, nos orientar o paciente e
familiares sobre o
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

contextos hospitalares e procedimento; e por fim,


domiciliares. mas não menos importante,
realizar as anotações
pertinentes, assim como,
exclusivamente para o
Enfermeiro, registrar em sua
Evolução de Enfermagem
diária.
Fonte: dados da pesquisa, 2022.

A partir dos achados nas bases de dados, observou-se


que dos artigos encontrados, 54% destacaram a fixação do
cateter com filme transparente e atenção a data de troca, seja
por tempo de permanência instituído ou pela presença de sinais
flogísticos, como um dos cuidados mais importantes, seguido
de avaliação das condições clínicas do paciente em 45%,
higienização das mãos, proteção do acesso durante o banho e
observação da área de inserção do dispositivo subcutâneo em
relação a sinais flogísticos em 36%.
Antes de iniciar uma terapia parenteral é importante que
o enfermeiro juntamente à sua equipe, avaliem várias questões,
como: condições físicas e estado clínico em que o paciente se
encontra, presença de caquexia, punção em áreas próximas a
articulações, proeminências ósseas, sinais de infecção,
medicamentos prescritos, previsão do tempo de tratamento e
fatores de risco que possam levar a complicações durante seu
uso (BARBOSA, 2021; BOLELA, et al., 2022; MARTINS, et al.,
2019), podendo traçar a partir daí um plano de cuidados antes,
durante e após o tratamento.
Menezes et al., (2018), traz que, para garantir uma via
de acesso segura e livre de infecções e aumento de dias de
internação, alguns cuidados são indispensáveis antes e durante
o uso da hipodermóclise, tais quais: lavagem das mãos, sendo
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

esta uma técnica simples, mas ainda um pouco negligenciada


na assistência; explicar ao paciente e familiares sobre o
procedimento e discreto aparecimento de hiperemia e edema
no local logo após a realização da punção; e atenção a diluição
preconizada para cada medicação e velocidade de infusão,
diminuindo assim futuros riscos de complicações.
Novelli, et al., (2019), também reforça outros cuidados
que devem ser realizados no momento da instalação da
hipodermóclise, como: avaliar o local a ser puncionado, realizar
antissepsia e dobra da pele, introduzir o dispositivo em um
ângulo de 45 graus, observar se há retorno sanguíneo,
certificando-se que nenhum vaso tenha sido atingido e fixar o
dispositivo.
Essa fixação deve ser realizada com filme transparente
estéril e nela devem conter as seguintes informações: nome do
profissional, data e hora em que foi realizado a técnica,
objetivando a diminuição das chances de infecção hospitalar,
movimentação e consequente perda do cateter, melhor
visualização do sítio de inserção e custos adicionais com
antibioticoterapia, piora do quadro clínico do paciente e maior
tempo de internação (LAGO; SOUZA; BOLELA, 2021).
Durante a permanência do cateter é imprescindível a
realização dos seguintes cuidados: proteção do acesso durante
o banho, com uso de material impermeável, objetivando a
manutenção da área seca, lavar as mãos antes de tocar no
acesso e ao administrar soluções e observar através do filme
transparente a presença de sinais flogísticos (NOVELLI, et al.,
2019).
A literatura ainda é convergente em relação ao tempo
exato de permanência do cateter na hipodermóclise, variando
entre três a cinco dias, podendo ser retirado antes caso ocorra
infecção do sítio puncionado, evidenciado através do relato de
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

desconforto no local da punção, inchaço, hiperemia e


extravasamento do fármaco, sendo neste caso recomendado a
avaliação, precedida de retirada do cateter e aplicação de bolsa
térmica visando a diminuição dos sintomas pelo paciente
(LEMOS, et al., 2021; PONTALTI et al., 2018).
Caso ocorra a necessidade de troca do dispositivo é
necessário a realização de rodízios, sendo o local escolhido
conforme avaliação do enfermeiro podendo ser utilizado as
seguintes regiões: infraclavicular, interescapular, deltóide,
abdominal, flanco e face anterior, interna ou externa da coxa.
Essa nova punção deve ser realizada a uma distância mínima
de cinco centímetros da que foi retirada (SIMÃO, et al., 2021;
GUEDES, et al., 2019)
Muitas vezes a necessidade dessa troca ocorre por
infecção do sítio puncionado, por isso, além dos cuidados já
mencionados acima é imprescindível que ao administrar
fármacos o álcool a 70% deva ser utilizado para desinfecção da
bandeja e do frasco ou ampola conforme medicação prescrita,
visando minimizar riscos nesta via (SIMÃO, et al., 2021).
Com isso, Saganski (2018), trás em seu estudo a
importância do enfermeiro na avaliação antes, durante e após
a realização da hipodermóclise, além da orientação ao paciente
e familiares sobre esta técnica. Além disso, enfatiza algo que os
artigos já citados não trouxeram, que é a importância da
realização das anotações e evolução de enfermagem, sendo
estes documentos legais que respaldam o profissional no
exercício de sua função e usados como instrumentos que
auxiliam o cuidado.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM HIPODERMÓCLISE: REVISÃO DE ESCOPO

CONCLUSÕES

Com base neste estudo, observa-se que os principais


cuidados de enfermagem em pacientes com hipodermóclise no
ambiente hospitalar são: fixação do cateter com filme
transparente, atenção a data de troca seja por tempo de
permanência instituído ou pela presença de sinais flogísticos,
avaliação das condições clínicas do paciente, higienização das
mãos, proteção do acesso durante o banho e observação da
área de inserção do dispositivo subcutâneo em relação a sinais
flogísticos.
Por fim, infere-se que mesmo que os riscos desta técnica
sejam inferiores comparando-se com o acesso venoso, no
Brasil ainda existem poucos estudos e protocolos que reforcem
e melhore a segurança de sua utilização pelos profissionais da
saúde, fazendo com que, mesmo nos dias de hoje ela ainda
venha sendo pouco utilizada.

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%20GABRIELLE%20FREITAS%20SAGANSKI.pdf?sequence=1&isAllowed
=y. Acesso em: 20 Ago. 2022.
ENFERMAGEM EM
ASSISTÊNCIA
DOMICILIÁRIA
.
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

CAPÍTULO 3

INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE
CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS:
SCOPING REVIEW

Jéssika Wanessa Soares COSTA1


Vanessa Gomes MOURÃO²
Elanna Nayele de Freitas COSTA²
Marcelle Teixeira OLIVEIRA³
Soraya Maria de MEDEIROS⁴
1
Doutoranda do programa de Pós-graduação em Enfermagem, UFRN; ²Graduanda do curso
de Enfermagem, UFRN; ³Enfermeira, Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, SESAP;
⁴Orientadora/Professora do DENF/UFRN.
jessikawscosta@hotmail.com

RESUMO: estudo realizado com o objetivo de identificar e


mapear as principais intervenções na transição de cuidados aos
portadores da Síndrome Pós-cuidados Intensivos. Trata-se de
uma scoping review realizada seguindo as orientações do
Instituto Joanna Briggs e as recomendações do protocolo do
checklist do Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews. As buscas
ocorreram entre 15 e 18 de outubro de 2022 nas seguintes
fontes de dados: Scientific Electronic Library Online, Web of
Science; Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
e PubMed Central, através da plataforma da Comunidade
Acadêmica Federada. Como resultado, 13 estudos
compuseram a amostra final. As intervenções elencadas pelos
estudos trouxeram uma variedade de ações ligadas ao
momento da transição de cuidados no período após a doença
crítica e internação em unidades clínicas, sendo as principais:
plano de transição de cuidados centrado nas necessidades do
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

paciente, uso de estratégia de comunicação abrangente na


transição de cuidados e orientações e educação sobre
autogestão de cuidados. Conclui-se que às intervenções são
discutidas no meio científico e estão presentes no cotidiano
prático, principalmente após a pandemia pela COVID-19,
contudo há pouco investimento científico para fortalecimento da
transição de cuidados dos portadores da Síndrome Pós-
cuidados Intensivos, sendo fundamental o amadurecimento de
mais pesquisas relacionadas à temática.
Palavras-chave: Enfermagem. Transição de cuidados.
Continuidade da Assistência ao Paciente.

INTRODUÇÃO

A transição do cuidado é um dos domínios relacionados


aos princípios da integração dos sistemas de saúde. Sendo
definida como um grupo de ações planejadas para garantir a
coordenação segura e a continuidade do cuidado quando
pacientes passam por uma mudança em sua situação de saúde
ou precisam ser transferidos de uma localização a outra no
mesmo serviço, ou mesmo entre diferentes níveis do cuidado à
saúde (SUTER et al., 2017).
Sendo a transição do cuidado uma estratégia que tem
impacto na redução do tempo de internações hospitalares e na
diminuição das reinternações causadas por complicações. Essa
estratégia ajuda a reduzir o custo de serviços de saúde e
aumenta a qualidade de vida de pacientes e suas famílias,
especialmente em um contexto de avanços terapêuticos e
tecnológicos constantes, e em termos de tratamento dos
pacientes e da longevidade de pessoas com comorbidades
múltiplas (RENNKE et al., 2013).
Um cenário de indivíduos com comorbidades e
morbidades pode ser observado em pacientes que passaram
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

pela internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), uma


vez que, as complicações decorrentes da doença crítica e dos
aparatos tecnológicos empregados no cuidado intensivo
corroboram para o declínio de funções e atividades diárias
(TELES; TEIXEIRA; ROSA, 2019).
Contudo, nos últimos anos os avanços para minimizar os
efeitos da doença crítica vêm evoluindo e traçando pontos
positivos para a recuperação pós-terapia intensiva, mesmo
diante do aumentando consideravelmente de internações nos
últimos anos, principalmente em decorrência do crescimento de
enfermidades cada vez mais potentes e maleficentes, a
exemplo, da COVID-19 (COELHO et al., 2019).
Estes avanços resultaram em aprimoramentos
tecnológicos criados visando a evolução clínica positiva do
paciente. Dessa forma, técnicas que antes eram dificultosas
hoje são realizadas rapidamente, dando mais espaço para que
a equipe multidisciplinar de saúde possa intensificar à atenção
ao paciente, reduzindo seu tempo de internação e colaborando
para sua sobrevivência (SIQUEIRA et al., 2019).
No entanto, a rotina de internação em uma UTI é
desgastante. Segundo GOMES e CARVALHO (2018) a
exposição a um local de caráter emergencial pode influenciar o
paciente e seus familiares.
Nesse sentido, o risco eminente de morte, a suspensão
de interação com o ambiente externo, a falta de privacidade e
autonomia podem gerar impactos que se manifestam, como a
Síndrome Pós-cuidados Intensivos (SPCI), caracterizada pela
presença de limitações novas ou progressivas no estado de
saúde físico, cognitivo e/ou psiquiátrico que se iniciam a partir
da doença aguda e persistem além da hospitalização (TELES;
TEIXEIRA; ROSA, 2019).
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Os portadores da SPCI são acometidos por aflições em


necessidades básicas que devem ser investigadas e ordenadas
no plano de transição de cuidados para o domicilio. Tais
condutas direcionadas a promoção do autocuidado, reabilitação
e transição segura do paciente e seus familiares/cuidadores
(HEWNWE; SULLIVAN, 2018).
Nessa perspectiva, formulou-se a seguinte pergunta
norteadora: quais são as principais intervenções na transição
de cuidados aos portadores da Síndrome Pós-cuidados
Intensivos?
Neste viés, o objetivo do estudo é identificar e mapear as
principais intervenções na transição de cuidados aos
portadores da Síndrome Pós-cuidados Intensivos.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma scoping review sobre as principais


intervenções na transição de cuidados aos portadores da
Síndrome Pós-cuidados Intensivos. Esse tipo de revisão é
usado para mapear e classificar os principais conceitos de
determinada área de conhecimento, além de analisar as
possíveis lacunas e erros apresentados na literatura (PETERS
et al., 2020).
Foram seguidas as orientações propostas pelo Instituto
Joanna Briggs (JBI) e as recomendações do protocolo
estabelecido pelo checklist do Preferred Reporting Items for
Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping
Reviews (PRISMA-ScR) para a redação e revisão final
(TRICCO et al., 2018). Esta revisão foi registrada na Open
Science Framework (OSF) - (https://osf.io/tyq8x/ ).
Para a formulação da questão de pesquisa, utilizou-se o
mnemônico População, Conceito e Contexto (PCC): População
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

– sobreviventes pós-cuidados intensivos; Conceito –


intervenções na transição de cuidados; e Contexto – período
após internação em terapia intensiva por doença crítica;
A busca ocorreu entre 15 e 18 de outubro de 2022,
durante seleção dos estudos, foram utilizados os descritores
indexados ao Medical Subject Headings (MESH) e ao
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Patients /
Pacientes”, “Adults / Adultos”, “Transitional Care / Cuidado
Transicional”, “Continuity of Patient Care / Continuidade da
Assistência ao Paciente” e “Post Intensive Care Syndrome”. E
as palavras-chave foram: “Intervention/Intervenção” e “Post
critical illness /Pós-doença crítica”. Empregaram-se os
operadores booleanos “AND” e “OR” para o cruzamento dos
descritores.
Como critérios de inclusão foram selecionados os
estudos disponíveis nas fontes de dados utilizadas que
abordaram a temática, acessíveis na íntegra e sem delimitação
de idioma. Foram excluídos: artigos de opinião, cartas ao editor,
editoriais, estudos que não respondiam a questão de pesquisa
e que abordavam intervenções em menores de 18 anos. O
recorte temporal seguiu os preceitos do Congresso
Internacional de Saúde e Meio Ambiente (CINASAMA) com
delimitação de publicações atuais entre 2017-2022.
A amostra desta pesquisa foi composta por estudos
proveniente das seguintes fontes de dados: Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Web of Science; Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE); Cumulative
Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e
PubMed Central (PMC).
O acesso às fontes ocorreu por meio do Portal da
Biblioteca Virtual em Saúde e dos Periódicos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

com o uso da plataforma CAFe (Comunidade Acadêmica


Federada) de uma universidade pública.
Após seleção, os dados foram organizados e analisados
de forma descritiva simples em planilha do Microsoft Excel®
2010 contendo a temática do estudo, a questão de pesquisa, o
objetivo, o país de origem, o ano, o tipo de análise, as fontes de
dados, periódico/fonte da publicação e às principais
intervenções apresentadas na transição do cuidado do paciente
pós-doença crítica. Após extração das informações, os dados
foram organizados e apresentados na formatação de figuras e
quadros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a finalização da busca 13 artigos foram


selecionados na amostra final, seguindo o fluxo do PRISMA-
ScR como exposto na Figura 1.
No tocante ao país de publicação, apenas uma ocorreu
no âmbito nacional, sendo as demais provenientes de
publicações internacionais: Alemanha, Estados Unidos (2),
Noruega, Taiwan, Canadá (2), Holanda, Reino Unido (2),
Espanha (1) e Dinamarca (1).
Sendo a fonte de dados MEDLINE com maior aparato de
publicações selecionadas para compor a amostra final de
estudos, 4 publicações.
Os anos de publicação foram distribuídos: 2017 (2), 2018
(1), 2019 (2), 2020 (3), 2021 (3) e 2022 (2). Os profissionais
envolvidos no desenvolvimento dos estudos foram
principalmente produzidos por: enfermeiros (8), seguidos de
equipes multiprofissionais (3) e médicos (2).
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Figura 1. Diagrama de fluxo conforme diretrizes do PRISMA-


ScR (adaptado). Natal, RN, Brasil, 2022.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Como evidenciado no Quadro 1, houve uma distribuição


linear entre as fontes de dados e os tipos de estudos, sendo a
abordagem qualitativa a prevalente.
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Quadro 1. Caracterização dos estudos incluídos na scoping


review. Natal, RN, Brasil, 2022.

ID* Autor Tipo de estudo Fonte de dados

E1 ACOSTA et al. Qualitativo CINAHL

E2 JEFFS et al. Misto CINAHL

Revisão
E3 DERAVIN CINAHL
integrativa

Revisão
E4 CUZCO et al. SCOPUS
sistemática

SCHEUNEMA Qualitativo
E5 SCOPUS
NN et al.

Revisão
E6 BAXTER et al. PUBMED
sistemática

E7 HANSEN et al. Qualitativo PUBMED

Coorte
E8 DANESH et al. Web of Science
(prospectivo)

E9 WU et al. Ensaio clínico Web of Science

E10 JEPMA et al. Qualitativo MEDLINE

E11 PANT et al. Qualitativo MEDLINE

E12 DYRSTAD Qualitativo MEDLINE

MORKISCH et Revisão
E13 MEDLINE
al. sistemática
*Identificação do estudo.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

As intervenções elencadas pelos estudos selecionados


trouxeram uma variedade de ações ligadas ao momento da
transição de cuidados no período após a doença crítica e
internação em unidades clínicas, sendo as principais
intervenções: plano de transição de cuidados centrado nas
necessidades do paciente, uso de estratégia de comunicação
abrangente na transição de cuidados e orientações e educação
sobre autogestão de cuidados. Para melhor distribuição das
intervenções estas foram divididas em gerais e específicas
como apresentado no Quadro 2.

Quadro 2. Síntese das principais intervenções para transição


de cuidados evidenciados nos estudos incluídos na scoping
review. Natal, RN, Brasil, 2022.

Identificação
Intervenções
do estudo

Gerais

Plano de transição de cuidados


E3, E4, E6, E7,
centrado nas necessidades do
E11
paciente;

Elaborar plano de transição de


E4, E10, E11
cuidados precoce;

Uso de estratégia de comunicação


E2, E4, E5, E7,
abrangente na transição de
E13
cuidados;

Programa de simulação para


treinamento de habilidades: E4, E8, E12
pacientes e familiar/cuidadores;
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Orientar e educar sobre autogestão E2, E4, E5, E8,


de cuidados; E13

Orientar sobre a realização de


E1, E4, E5
atividades de vida diárias;

Orientar sobre segurança do


E6, E5
paciente;

Alinhamento entre as instituições e


E2, E3, E4
programas de apoio pós-alta;

Orientar sobre a importância do E2, E3, E4,


plano de cuidados pós-alta; E11

Orientar sobre a importância de


acompanhamento pós-alta E2, E4
(consultas);

Específicas

Orientar o uso e manipulação de E1, E2, E8, E9,


dispositivos médicos; E13

Orientar sobre a via de E1, E2, E8, E9,


administração e alimentação; E13

Orientar e educar sobre a


E1, E3, E8,
administração de medicação no
E13
domicílio;

Orientar sobre a higiene e conforto; E1, E5, E8

Orientar sobre sono e repouso; E4, E5, E8

Orientar e educação para sinais e


sintomas de agravamento e/ou E13
alteração de saúde;
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

O processo de alta hospitalar e transição de cuidados é


amplo e complexo, e idealmente deve-se iniciar a partir do
momento da internação para garantir que o paciente deixe o
hospital no momento apropriado e com a organização
adequada das necessidades pós-alta (MENNUNI et al., 2017).
O planejamento de alta precoce e centrado nos
pacientes foram apresentados pelos estudos selecionados e
outras produções como uma das primeiras intervenções no
processo de transição (DERAVIN, 2019; CUZCO et al., 2021;
BAXTER et al., 2020; HANSEN et al., 2021; JEPMA et al. 2021;
PANT et al., 2022).
A necessidade do planejamento precoce da alta iniciado
a partir da admissão do paciente, momento que a equipe
multiprofissional envolvida no cuidado, deve avaliar as
necessidades sociais e de saúde do paciente, contribuindo para
que a alta ocorra no tempo planejado. Sendo o papel do
profissional enfermeiro crucial para a coordenação dos
cuidados necessários ao portador da SPCI e seus familiares
(COSTA et al., 2020).
Em Tennessee, Estados Unidos, uma pesquisa realizada
com amostra analítica de 762 pacientes internados, enfermeiros
experientes que atuavam como Coordenadores de Cuidados de
Transição viabilizaram intervenções completas de transição de
cuidados neste grupo, como resultados gerou-se menos
hospitalizações nos 30 dias e 6 meses subsequentes, e
consequentemente, custos mais baixos em reeinternações
quando comparado a primeira internação (KRIPALANI et al,
2019).
Em estudo realizado em um hospital público e
universitário do Sul do Brasil com 210 pacientes, que passaram
pelo processo de alta hospitalar, avaliou-se a qualidade da
transição do cuidado. Dentre os itens investigados os
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

relacionados às orientações sobre o autogerenciamento dos


cuidados, ao plano de alta e a encaminhamentos após a alta
hospitalar mostraram-se como pontos favoráveis para qualificar
a transição do cuidado durante as internações (WEBER; LIMA;
ACOSTA, 2019), corroborando com as principais intervenções
encontradas nesse estudo.
A estratégia de comunicação abrangente na transição de
cuidados abordado pelos estudos é uma das intervenções que
permeia todo o processo de transição de cuidados, uma falha
relacionada a esta pode desencadear diversos eventos
adversos, como erros envolvendo medicamentos
(SHAHSAVARI; ZAREI; MAMAGHANI, 2019; COFFEY et al.,
2019).
Na intenção de minimizar os efeitos na comunicação
entre a tríade profissionais de saúde, paciente e familiares, os
estudos selecionados trazem a intervenção através de
programas de simulação para treinamento de habilidades na
prestação de cuidados (CUZCO et al., 2021; DANESH et al.,
2021; DYRSTAD; STORM, 2017), uma vez que, o envolvimento
do paciente e da família é essencial para o sucesso desse
momento de transição e a comunicação completa das
informações, com adequadas orientações de educação e saúde
ainda durante a hospitalização, contribui para a segurança do
paciente, evitando eventos adversos depois da alta (LIMA et al.,
2018).
A participação ativa do paciente quando possível, na
promoção do autogerenciamento é um passo crucial pré e pós-
alta, uma vez que, torna-se possível que o autocuidado
continue preservado e as orientações quanto as instruções
sobre atividade diárias, além da observação de sinais e
sintomas indicadores de gravidade (LOW et al. 2017).
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Dentre as necessidades de autogestão e


acompanhamento, o gerenciamento de medicações é um dos
pilares na segurança do paciente após a alta hospitalar (YAN,
2017). Para atingir seguridade nas orientações a formulação de
checklists, ou similares, no plano de cuidados faz-se de extrema
relevância, bem como, a situação social do paciente, suas
condições para o autocuidado, o estado mental, a reconciliação
medicamentosa, o direcionamento e a comunicação para outros
níveis de atenção (KUUSISTO et al., 2019).
Para além da autogestão a participação ativa do familiar
ou cuidador, que coordenará os cuidados no domicilio, é
extrema importante, visto que desenvolverá os cuidados no
conviveu domiciliar (RADHAKRISHNAN et al., 2018).
Dentre as limitações dos familiares e cuidadores está a
interação de cuidados juntamente a atenção primária, que em
conjunto prestaram à assistência e o acompanhamento no
domicilio (MITCHELL et al. 2018).
Naturalmente, os familiares nos momentos iniciais do
cuidado na residência sentem o impacto da ausência do
aparato disponível no ambiente hospitalar, e
consequentemente, a adaptação como comunicador e ponte
entre a rede hospitalar e atenção primária tornam-se frágeis
(MITCHELL et al. 2018), e cabe a equipe hospitalar, no
processo de transição de cuidados, fortalecer este laço do
paciente e familiares ainda no contexto hospitalar,
principalmente o profissional enfermeiro.
A estratégia de comunicação de informações presente
nos resultados, expressou que entre equipes e serviços de
saúde o cuidado oferecido recebeu destaque devido a seu
papel essencial na manutenção da continuidade do cuidado e
na prevenção de efeitos adversos em pacientes (OKAFOR et
al., 2017).
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Vale salientar que a ausência de formalização do


processo de transição de cuidados no Brasil dificulta tal
processo, principalmente em pacientes que passaram por um
longo período de internação hospitalar com necessidades
complexas no cuidado (WEBER; LIMA; ACOSTA, 2019).
Desta forma em um acompanhamento deficiente, as
divergências de informações e as falhas na comunicação,
atingem diretamente na qualidade da assistência prestada pós-
alta hospitalar, acarretando readmissões e internações
hospitalares não esperadas, ocasionando na fragmentação
inapropriada do cuidado, gerando uma perda financeira ao
sistema de saúde e ainda implicações na vida e segurança do
paciente (WEBER; LIMA; ACOSTA, 2019).
Sendo assim, as intervenções na transição de cuidados
devem englobar não somente os pacientes, mas a todos que
participaram do processo de cuidados, favorecendo uma
sobrevida regada por qualidade de vida aos portadores da
SPCI.

CONCLUSÃO

O presente estudo que objetivou identificar e mapear as


principais intervenções na transição de cuidados aos
portadores da Síndrome Pós-cuidados Intensivos, identificou 13
estudos acerca da temática.
As principais intervenções propostas relacionadas ao
contexto pós-doença crítica, que mantém relação direta com a
Síndrome Pós-cuidados Intensivos, foram: plano de transição
de cuidados centrado nas necessidades do paciente; uso de
estratégia de comunicação abrangente na transição de
cuidados; orientações e educação sobre autogestão de
cuidados; realização de programas de simulação para
INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

treinamento de habilidades: pacientes e familiar/cuidadores; e


alinhamento entre as instituições e programas de apoio pós-
alta.
Em suma, hodiernamente essa temática vem surgindo
como interesse aos pesquisadores, principalmente durante a
pandemia pela COVID-19, mas ainda há pouco investimento
científico para fortalecimento da transição de cuidados dos
portadores da Síndrome Pós-cuidados Intensivos, sobretudo no
Brasil, sendo necessário e fundamental o progresso de
amadurecimento de mais pesquisas relacionadas à temática.

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INTERVENÇÕES NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS AOS PORTADORES DA
SÍNDROME PÓS-CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

ENFERMAGEM EM
CARDIOLOGIA
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

CAPÍTULO 4

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE
ESCOPO

Pedro Lucas Oliveira de ARAÚJO 1


Thais Brunna Maurício PINHEIRO 1
Karena Cristina da Silva LEAL 1
Evelin Beatriz Bezerra de MELO ¹
Rodrigo Assis Neves DANTAS ²
1Graduandos da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte,UFRN ;
2 Orientador/Professor do DENF/UFRN.

Pedro.pedroks14@gmail.com

RESUMO: Este artigo vai mapear na literatura científica acerca


do processo de enfermagem ao paciente idoso com arritmias
cardíacas internado na unidade de terapia intensiva e seus
principais diagnósticos e intervenções. Trata-se de uma revisão
de escopo realizada entre agosto e outubro de 2022, mediante
busca em 5 bases de dados, sendo elas: SCOPUS, MEDLINE,
Science Direct, SCIELO e Web of Science, elaborado conforme
as recomendações do Instituto Joanna Briggs e do Checklist do
Preerred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-
Analyses Extension for Scoping reviews, chegando a uma
análise final de 7 estudos científicos. Os resultados obtidos neste
estudo identificam alguns dos principais diagnósticos atribuídos
ao paciente idoso internado, porém não encontrou-se relação
com os pacientes idosos internados em UTI com quadro clínico
de arritmias cardíacas. Assim, vale salientar a importância da
elaboração de mais estudos acerca desta temática afim de
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

melhorar o exercício profissional dos enfermeiros e proporcionar


uma enfermagem com raciocínio clínico avançados e baseado
em evidências cada vez mais forte. O objetivo deste estudo é
mapear na literatura científica acerca dos principais diagnósticos
de enfermagem atribuídos aos pacientes idosos com quadro
clínico de arritmias cardíacas e as principais intervenções com
base nas taxonomias Nanda-Internacional e Nursing
Interventions Classification.
Palavras-chave: Idoso. Cuidados de Enfermagem. Arritmias
cardíacas. Unidades de Terapia Intensiva.

INTRODUÇÃO

A classe da enfermagem vem ganhando cada vez mais


espaços no mercado de trabalho devido o avanço científico e
aplicação do processo de enfermagem cada vez mais evidente,
implementando novos saberes e avanços tecnológicos em sua
prática cotidiana. Classe esta que presta serviços
progressivamente mais humanizados e com embasamento
científico, colocando em prática também a sistematização da
assistência de enfermagem (SAE) (SILVA et al., 2021).
De acordo com a lei nº 358 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) de 15 de outubro de 2009 a SAE deve
ser implantada nas instituições brasileiras de saúde, sendo
assim necessária a utilização do PE, processo fundamental para
execução, organização e continuidade do cuidado melhorando a
qualidade da assistência. As ferramentas do PE objetivam
profissionalizar a assistência por meio de um conjunto de
atividades que ajudam o enfermeiro na tomada de decisões e
implementação do cuidado científico. (SILVA et al., 2021).
As doenças, principalmente cardiovasculares e crônicas,
aumentam com o avançar da idade, implicando em limitações
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

físicas e perda da autonomia da pessoa idosa para realizar


funções básicas diárias. A portaria MPAS/SEAS 73, de maio de
2001, estabelece diretrizes de funcionamento acerca da atenção
integral em saúde ao paciente idoso (FONSECA et al., 2019).
Uma dessas diretrizes dizem respeito às instituições de longa
permanência para idosos (ILPI) que surgiram com a ideia de
atender os idosos em situações de perda de autonomia e
execução das atividades básicas de vida diária estando na
ausência de um familiar ou cuidador, fornecendo atendimento
integral institucional. No Brasil entrou em vigor a RDC nº238 que
estabeleceu normas acerca do funcionamento e classificação
dos graus de dependência dos idosos (FONSECA et al., 2019).
Dados epidemiológicos mostram que 70% das mortes em
idosos no ano de 2013 foram decorrentes de doenças
cardiovasculares isquêmicas e cerebrovasculares no Brasil.
Dentre as principais doenças podemos destacar as arritmias
cardíacas que têm como principais complicações a fibrilação
atrial (FA) e o aumento da pressão arterial sistólica (SZPALHER
et al., 2020).
A associação americana de cardiologia relatou em 2018 que
a forma com que a fibrilação ventricular se apresenta de forma
clínica pode variar desde a ausência de sintomas até uma
parada cardiorrespiratória. Alguns autores trazem que as
condições clínicas cardiovasculares como arritmias, um
processo patológico muito associado com a prevalência de
quedas, o que acontece muito com idosos. A Fibrilação Atrial é
a mais frequente, estando diretamente ligada com o risco de
Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência cardíaca,
demência e morte (SZPALHER et al., 2020).
Dessa forma, o enfermeiro deve exercer olhar crítico,
atentando aos fatores importantes ligados a compreensão
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

clínica dos problemas de saúde evidenciados pelo paciente com


arritmias cardíacas. Para isso, instrumentos auxiliam o processo
de trabalho do enfermeiro, a taxonomia da associação de
diagnósticos de enfermagem do Norte – Internacional (NANDA-
I, sigla do idioma inglês) serve de guia para que a equipe de
enfermagem possa estabelecer os diagnósticos do paciente e
determinar também os resultados e intervenções de
enfermagem (SZPALHER et al., 2020).
Segundo Passinho et al. (2018), arritmias cardíacas são
decorrentes de angina isquêmica do miocárdio, ocorrendo
bradicardia devido essa isquemia. A taquicardia pode preceder
ou até mesmo acompanhar a dor precordial. Assim, é necessário
estabelecer diagnósticos prioritários e intervenções de
enfermagem focadas no indivíduo e especialmente ao paciente
idoso internado em UTI, a qual exige cuidados ainda mais
especializados (SZPALHER et al., 2020).
A UTI proporciona ao profissional da enfermagem
instrumentos especializados para cuidar de pacientes graves,
com o intuito de minimizar o tempo de internação e a
morbimortalidade hospitalar. O enfermeiro, juntamente com a
equipe de enfermagem e a multiprofissional, desempenham um
papel ímpar nestes locais visando o melhor tratamento para o
paciente (CERQUEIRA et al., 2017).
A UTI é considerada o nível mais alto e complexo dos
serviços hospitalares, precisando de uma organização mais
cuidadosa, tecnologias mais avançadas, recursos humanos
melhores capacitados, isso tudo para que a qualidade do serviço
ofertado ao cliente seja o melhor possível, viabilizando o cuidado
individual e integral ao cliente e permitindo assim a autonomia
do enfermeiro. Vale salientar que a implementação do PE nesse
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

nível de atendimento é essencial para oferta excelente dos


cuidados em saúde. (SILVA et al., 2021).
Dessa forma, a assistência de enfermagem e aplicação de
seu processo de trabalho a pessoa idosa internada na UTI é
extremamente complexa e exige planejamento cuidadoso que
se embaseie na SAE, que é responsável por organizar,
operacionalizar e tornar possível a aplicação do PE, que visa
promover qualidade do cuidado e individualidade do idoso
(FONSECA et al., 2019).
É evidente que as doenças crônico-degenerativas aumentam
com o avançar da idade, impactando diretamente em limitações
físicas e perda da autonomia da pessoa idosa na realização das
atividades de vida diária, necessitando assim da ajuda dos
amigos e familiares para a realização desse cuidado. (SILVA et
al., 2021).
A aplicação e implementação do PE no ambiente de Unidade
de Terapia Intensiva é de fundamental importância para
favorecer o prognóstico dos pacientes levando em consideração
o cuidado clínico unificado e integral. Estudos apontam que não
há distinção em relação a SAE e PE entre os profissionais da
enfermagem, no qual os mesmos tratam como sendo
ferramentas iguais, onde na verdade são ferramentas distintas
mas que trabalham juntas com o mesmo objetivo (SILVA et al.,
2021).
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

Fontes de Sintaxe
dados

SCOPUS ( TITLE-ABS-KEY ( nursing AND care ) AND TITLE-ABS-KEY ( cardiac


AND desynchronization AND therapy ) AND TITLE-ABS-KEY (
intensive AND care AND units ) AND TITLE-ABS-KEY ( nursing AND
diagnosis ) AND TITLE-ABS-KEY ( standardized AND nursing AND
terminology ) OR TITLE-ABS-KEY ( nursing AND process ) AND
TITLE-ABS-KEY ( aged ) )

(((((Nursing care[MeSH Terms]) AND cardiac resynchronization


MEDLINE therapy[MeSH Terms]) AND intensive care units[MeSH Terms]) AND
nursing diagnosis standardized terminology[MeSH Terms]) OR nursing
process[MeSH Terms]) AND aged[MeSH Terms]

("nursing AND care") AND ("cardiac AND desynchronization therapy")


Science AND ("intensive care units") AND ("nursing diagnosis") AND
Direct ("standardized nursing terminology") OR ("nursing process") AND ("aged")

("nursing AND care") AND ("cardiac AND desynchronization therapy")


SCIELO AND ("intensive care units") AND ("nursing diagnosis") AND
("standardized nursing terminology") OR ("nursing process") AND ("aged")

Nursing care (Todos os campos) AND cardiac desynchronization therapy


Web of (Todos os campos) AND intensive care units (Todos os campos) AND
Science nursing diagnosis (Todos os campos) AND standardized nursing
terminology (Todos os campos) OR nursing process (Todos os campos)
AND aged (Todos os campos)

Assim, faz-se necessário a realização deste estudo que tem


por objetivo realizar um mapeamento na literatura científica
acerca dos principais diagnósticos de enfermagem atribuídos
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

aos pacientes idosos com quadro clínico de arritmias cardíacas


e as principais intervenções com base nas taxonomias NANDA-
Internacional e Nursing Interventions Classifications (NIC). A fim
de que se tenha um maior conhecimento a respeito desta
temática que está no cotidiano da vida profissional de
enfermeiros e técnicos de enfermagem.

MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo trata-se de uma revisão de escopo, que visa


mapear na literatura os conceitos-chave de uma determinada
área de pesquisa. Sendo elaborada por meio de orientações do
Joanna Briggs Institute (JBI) que preconiza a elaboração desse
tipo de revisão em 5 etapas: identificação da questão de
pesquisa, verificação dos estudos relevantes, seleção de
estudos, análise dos dados, sintetização e apresentação dos
dados (PETERS et al., 2020).
Desta forma, para que fosse possível encontrar estudos
relacionados a temática foi realizado rastreamento e
identificação de trabalhos científicos que fossem semelhantes e
que respondessem a questão de pesquisa deste estudo. Buscas
essas realizadas no mês de setembro.
A pesquisa foi registrada na plataforma Open Science
Framework
(https://osf.io/8y2br/?view_only=89de5fca897a4ea5946f6d1572
e07568), seguindo o cheklist do preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-Analyses Extension for Scoping
Reviews (PRISMA-ScR) para elaboração de revisões de
escopo.
A questão de pesquisa foi construída a partir do método
População-Conceito-Contexto (PCC), sendo a população:
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

pacientes idosos com arritmias cardíacas internados em unidade


de terapia intensiva, conceito: principais diagnósticos e
intervenções de enfermagem associados ao paciente com
arritmias cardíacas, contexto: unidades de terapia intensiva.
Além disso, com base nas orientações do JBI para o
desenvolvimento da questão de pesquisa utilizou-se uso do
método PCC (População, conceito e contexto). Sendo a
população: pacientes idosos com arritmias cardíacas internados
em unidades de terapia intensiva. Conceito: principais
diagnósticos e intervenções de enfermagem associados ao
paciente com arritmias cardíacas. Contexto: unidades de terapia
intensiva.
A estratégia de busca foi realizada por meio dos
descritores em ciências da saúde (DeCS), sendo eles:
“Cuidados de Enfermagem”, Arritmias Cardíacas”, “Processo de
enfermagem”, “Unidade de Terapia Intensiva”, “Diagnósticos de
Enfermagem”, “Terminologia Padronizada em enfermagem” e
“idoso”. Já no medical subject Headings (MeSH) foram: “Nursing
Care”, “Cardiac Resynchronization Therapy”, “Intensive Care
Units”, “Nursing Diagnosis”, “Standardized Terminology”,
“Nursing Process” e “Aged”. Foram utilizados os operadores
booleanos AND e OR no cruzamento dos descritores.
Os critérios de inclusão foram recorte temporal de cinco
anos (2017 à 2022), artigos científicos disponíveis online,
trabalhos sem restrições de idiomas e artigos com acesso livre.
Já os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, com texto
incompleto, estudos que não respondam a questão de pesquisa
e não disponíveis gratuitamente.
As buscas foram feitas no portal de periódicos de
aperfeiçoamento pessoal da pessoa de nível superior (CAPES),
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

por meio do acesso remoto vinculado a plataforma da


Comunidade Acadêmica Federada
(CAFe).
A coleta de dados ocorreu no mês de setembro de 2022,
sendo realizadas buscas em cinco bases de dados distintas,
sendo elas: Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLINE), Biblioteca Eletrônica Científica Online
(SCIELO), SCOPUS, Web Of Science e Science Direct. Segue
abaixo o quadro com as sintaxes de busca (quadro 1).
Quadro 1. Sintaxe de busca nas fontes de dados. Natal, Rio
Grande do Norte, Brasil, 2022.

Fonte: elaboração do autor, 2022.

O cruzamento dos descritores ocorreu através do acesso


remoto às bases de dados com o uso da plataforma da
comunidade acadêmica federada (café) que permitiu uma
ampliação da seleção aos textos a serem analisados. O presente
estudo não teve a necessidade de ser submetido ao comitê de
ética em pesquisa (CEP) por não estar relacionado com estudos
com seres humanos.

RESULTADOS

Foi realizada seleção dos textos nas bases de dados a


partir dos critérios de inclusão, exclusão e análise dos títulos,
resumos e remoção de duplicatas. Após isso, foi realizada uma
leitura prévia dos trabalhos selecionados para verificar se os
mesmo correspondiam a questão de pesquisa. Foram obtidos
390 artigos e 16 foram selecionados para leitura na íntegra.
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

Após a leitura na íntegra, 7 artigos foram selecionados


para compor os resultados, disponibilizado na figura 1.
Figura 1. Fluxograma de seleção de evidências conforme
diretrizes do PRISMA. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022.
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

Posteriormente percebeu-se que a maioria dos trabalhos


datam do ano de 2020 e estão muito relacionados com a
temática com os principais diagnóstico aos idosos hospitalizados
em geral, sem nenhuma associação com as arritmias cardíacas.
Em relação a nacionalidade foram encontrados 4 estudos do
Brasil, 1 dos Estados Unidos, 1 do Canadá e 1 de Portugal.
No quadro 2 abaixo, estão elencadas as informações
principais acerca dos 7 estudos incluídos na revisão, separados
por título, autores, ano e local, tipo do estudo, fonte de dados a
qual foi pesquisada, principais diagnósticos e intervenções e
limitações do estudo.
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 2. Artigos incluídos na revisão de escopo. Natal/RN, Brasil, 2022


Título Autores, ano e local Tipo de Fonte de Principais Limitações do
estudo dados diagnósticos e estudo
intervenções

A consistência entre TUINMAN, A; Mathieu Transversal Science O estudo reforça a Não possui
os cuidados de H. G. G; Evelyn J. Et al. exploratório. direct. importância do associações
enfermagem 2020. Estados Unidos cuidado com idosos com
planejados e da América individualizado, quadro clínico
efetivamente de arritmias
prestados no cardíacas.
cuidado institucional
de longa duração.

Relações entre DIAS, K. M; Analítico e Web of Dentre os principais O presente


diagnósticos de HEEDMAN, T. H; transversal. Science. diagnósticos artigo não fala
enfermagem e nível REBUSTINI, R. E. L. F. relacionados a idosos acerca das
de dependência et al. 2020. Brasil em instituições de intervenções de
para atividades da longa permanência enfermagem e
vida diária de destacam-se risco de não estabelece
idosos. quedas, risco de relações com
integridade da pele pacientes com
prejudicada, risco de arritmias
lesão por pressão, cardíacas.
síndrome da
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

fragilidade do idoso,
sobrepeso, risco de
constipação,
deglutição prejudicada
e obesidade. Foi
analisado o número
de diagnósticos de
enfermagem e o nível
de dependência
desses idosos.

Validação de MENESES, L. B. A; Descritivo, Web of Foram verificadas 32 O estudo não


intervenções para MEDEIROS, F. A. L; quantitativo. Science. intervenções da NIC, estabelece
risco de integridade OLIVEIRA, J. S. Et al. sendo 11 prioritárias e relações com
da pele prejudicada 2019. Brasil. 21 sugeridas. Sendo pacientes com
em adultos e idosos cinco do domínio arritmias
fisiológico/complexo, cardíacas.
cinco do
fisiológico/básico e
uma pertencente ao
dominio de
segurança.

Diagnósticos de CARDOSO, R. B; Transversal. Web of De acordo com Não possui


enfermagem em SOUZA, P. A; CALDAS, Science Kolcaba, a promoção associações
idosos C. P. et al. 2020. Rio de do conforto e com idosos com
hospitalizados à luz Janeiro, Brasil. fundamental para o quadro clínico
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

da teoria do conforto cuidado de idosos, de arritmias


de Kolcaba. principalmente cardíacas.
internados em UTI, se
embasando na teoria
das 14 necessidade
fundamentais de
Virginia Henderson.
De acordo com a
pesquisa foram
identificados 1140
diagnóstico,
classificados em 6
domínios da
taxonomia da
NANDA-I. Os mais
frequentes:
comunicação verbal
prejudicada, risco de
glicemia instável,
disposição para
melhora do
autocuidado, padrão
respiratório ineficaz,
mobilidade física
prejudicada, risco de
motilidade
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

gastrintestinal
disfuncional,
integridade de pele
prejudicada e risco de
infecção.

Avaliação da CUNHA, L. F. C; Longitudinal. Web of As intervenções Não há


eficácia de uma BAIXINHO, C. L; Science aplicadas ao idoso associação com
intervenção na HENRIQUES, M. A; et hospitalizado foram pacientes com
equipe para prevenir al. 2020. Portugal. organizadas em cinco arritmias
quedas ao idoso domínios. Sendo eles: cardíacas
hospitalizado. treinamento da internados em
equipe, comunicação, UTI
liderança,
monitoramento e
apoio mútuo.

Relações entre DIAS, K. M; Analítico MEDLINE Os principais Não possui


diagnósticos de HERDMAN, T. H; transversal. diagnósticos de associação com
enfermagem e o REBUSTINI, R. E. L. F; enfermagem pacientes com
nível de et al. 2020. São Paulo, atribuídos aos idosos arritmias
dependência nas Brasil. hospitalizados deste cardíacas
atividades de vida estudo foram: risco de internados em
diária de idosos desnutrição, alto risco UTI.
residentes. de quedas, declínio
cognitivo,
dependência para as
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

atividades de vida
diária e demência.

Implementação de BOSCART, V. M; Qualitativo. MEDLINE Este estudo focou em Não estabelece


uma comunicação e HECKMAN, G. A; uma intervenção diagnósticos
colaboração HUSON, K. et al. 2017. multiprofissional afim prioritários e
interprofissional para Canada. de otimizar a nem
intervenção para comunicação e o intervenções de
melhorar a conhecimento da enfermagem
capacidade equipe, melhorando para o paciente
assistencial para o os cuidados aos idoso com
manejo da pacientes idosos com arritmias
insuficiência insuficiência cardíaca. cardíacas.
cardíaca em cuidado
a longo prazo.

Fonte: Elaboração do autor. 2022.


SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

Com este estudo foi possível perceber que os principais


diagnósticos de enfermagem associado ao paciente com
arritmias cardíacas incluem: dor aguda relacionado a agentes
lesivos biológicos e físicos evidenciado no relato verbal de dor e
expressão facial; insônia relacionado à ingestão de estimulantes
ou álcool evidenciado com limitação do padrão normal do sono,
estilo de vida sedentário relacionado a falta de motivação e
interesse (SZPALHER et al., 2020).
De acordo com a NANDA-I os principais DE para o
paciente com arritmias cardíacas entram em 10 domínios, 13
classes e 27 DE reais e potenciais, sendo os domínios:
Promoção da saúde, Atividade e repouso (autocuidado,
respostas cardiovasculares e pulmonares, equilíbrio de energia,
atividade e exercício, sono e repouso), percepção/cognição,
papéis e relacionamentos, sexualidade,
enfrentamento/tolerância ao estresse e conforto (SZPALHER et
al., 2020).

DISCUSSÃO

Em sua pesquisa, Souza NR, et al. (2018) relata que o


aumento em relação a expectativa de vida no Brasil ocasionou
em uma transição demográfica com crescente número de
idosos, os quais desenvolvem doenças crônicas e assim o foco
epidemiológico acaba não sendo mais as doenças infecciosas e
parasitárias, mas sim aquelas que são causadas principalmente
pelo aumento das comorbidades (SOUZA, N. R. et al. 2018).
Se formos comparar nas regiões do Brasil, o Sudeste e
Sul tiveram os mais elevados coeficientes de mortalidade
relacionado a doenças cardiovasculares e doenças isquêmicas
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

do coração quando comparadas com as outras regiões, como


Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No idoso prevalecem as
doenças crônicas, como insuficiência coronariana, hipertensão
arterial, valvulopatias, miocardiopatias inflamatórias e infecções
agudas no geral (SOUZA, N. R. et al. 2018).
É importante ressaltar a efetividade da prevenção,
mantendo bons hábitos saudáveis e uma dieta eficaz, realizar
exercícios regularmente também é imprescindível para evitar o
aparecimento de doenças do sistema cardiovascular. Assim, é
necessária atenção individualizada quando se fala em
tratamento de doenças cardíacas, principalmente as arritmias
em idosos, pois estas interferem diretamente nessa população
que tanto vem crescendo nesses últimos anos, prejudicando
principalmente sua autonomia e habilidades para realização de
atividades básicas de vida diária (SOUZA, N. R. et al. 2018).
A partir dos estudos analisados, foi possível identificar
alguns dos principais diagnósticos e intervenções de
enfermagem ao paciente idoso, porém em nenhum deles foi
possível encontrar alguma relação com os pacientes idosos com
quadro clínico de arritmias cardíacas e que estivessem
internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Porém, no
geral, pacientes idosos hospitalizados mostraram um certo
padrão em relação aos diagnósticos prioritários estabelecidos a
ele, como riscos de queda, risco de lesão por pressão, risco de
infecção, integridade de pele prejudicada, dentre outros.
São necessários outros cuidados que podem ser feitos
tantos pela equipe de enfermagem quanto pelos familiares, que
é o monitoramento constante relacionado a adesão ao
tratamento terapêutico, observar se apresenta alguma reação
adversa a algum medicamento. Assim como também toda a
equipe multiprofissional deve estar envolvida no processo de
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

cuidados ao paciente idoso com arritmias cardíacas,


principalmente internado em UTI (ARAÚJO, J. S. et al. 2022).
A avaliação psicossocial é necessária para avaliar os
efeitos causados pela arritmia em relação a percepção e relação
que o paciente faz com a doença e o tratamento, sendo
necessário avaliar possíveis níveis de ansiedade e estresse, que
podem ser também decorrentes do efeito colateral de algum dos
medicamentos em uso (ARAÚJO, J. S. et al. 2022).
O texto de Boscart, V. M. acerca da melhora no
atendimento e manejo dos pacientes idosos com insuficiência
cardíaca (IC) traz a importância da intervenção multiprofissional
afim de otimizar o conhecimento da equipe e consequentemente
aprimorar os cuidados ofertados ao paciente com quadros
clínico de IC. BOSCART, V. M; HECKMAN, G. A; HUSON, K. et
al. 2017.
De acordo com estudos realizados, o coração do idoso é
mais susceptível à situações de sobrecarga e pode desenvolver
falhas na condução elétrica dos impulsos. O fato de as paredes
arteriais irem enrijecendo com o tempo também contribui para o
desgaste cardíaco ao longo dos anos. Isto somado a falta de
procura aos serviços de saúde contribuem para o aumento do
número de mortes decorrentes dessa doença. Sendo assim, faz-
se necessário estabelecer diagnósticos e intervenções
individuais para cada paciente (SOUZA, N. R. et al. 2018).

CONCLUSÃO:

Com este estudo foi possível identificar que a enfermagem


desempenha papel ímpar no cuidado a pessoa idosa. Porém,
não foi possível encontrar estudos que relacionassem o quadro
do paciente idoso internado em unidade de terapia intensiva com
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

os principais diagnósticos e intervenções de enfermagem


direcionados para ele nesta situação em específico.
De uma forma geral, a implementação do processo de
enfermagem a pessoa idosa faz-se necessário em todas as
fases do cuidado, sejam cuidados críticos ou na atenção
primária. Os estudos analisados trouxeram amplas discussões
acerca do cuidado à pessoa idosa, bem como os principais
padrões assistenciais que promovem a melhora clínica deste
paciente.
A partir disso, indica-se a análise e elaboração de mais
estudos acerca desta temática afim de melhorar o exercício
profissional dos enfermeiros e proporcionar uma enfermagem
com raciocínio clínico avançados e baseado em evidências cada
vez mais forte.

REFERÊNCIAS:

ARAÚJO, J. S.; ABREU, W. O.; SANTOS, J. S. et al. Intervenções de


enfermagem no cuidado aos pacientes portadores de arritmias cardíacas.
Revista MPM comunicação, 2022. P. 1-6. Disponível em:
https://revistas.mpmcomunicacao.com.br/index.php/revistanursing/article/vi
ew/2611/3181. Acesso em: 31 out. 2022.
BOSCART, V. M.; HECKMAN, G. A.; HUSON, K. et al. Implementation of an
interprofessional communication and collaboration intervention to improve
care capacity for heart failure manaement in lon-term care. Journal of
interprofessional care, 2017. V. 31, n. 5, p. 583-592. Disponível em:
https://doi.org/10.1080/13561820.2017.1340875. Acesso em: 8 set. 2022.
DIAS, K. M.; HERDMAN, T. H.; REBUSTINI, R. E. L. F. et al. Relações entre
diagnósticos de enfermagem e nível de dependência para atividades da
vida diária de idosos. Revista do Instituto Israelita Albert Einstein, 2020.
V. 18, p. 1-9. Disponível em: https://journal.einstein.br/pt-br/article/relacoes-
entre-diagnosticos-de-enfermagem-e-nivel-de-dependencia-para-atividades-
da-vida-diaria-de-idosos/. Acesso em: 10 set. 2022.
FONSECA, I. B. Processo de enfermagem em instituição de longa
permanência para idosos. Enfermagem em foco, 2019. V. 10, n. 5, p. 1-6.
Disponível em:
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO COM
ARRITMIAS CARDÍACAS: REVISÃO DE ESCOPO

http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2787/689.
Acesso em: 8 set. 2022.
https://doi.org/10.23925/2176-901X.2013v16i2p65-77. Acesso em: 06 set.
2022.
MENESES, L. B. A.; MEDEIROS, F. A. L.; OLIVEIRA, J. S. et al. Validação
de intervenções para risco de integridade da pele prejudicada em adultos e
idosos. Revista Brasileira de Enfermagem, 2019. V. 73, n. 4, p. 1-7.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0258. Acesso em:
12 set. 2022.
SILVA, A. P. et al. Aplicação do processo de enfermagem em unidade de
terapia intensiva: Uma revisão integrada. Cadernos de graduação, 2021.
V. 7, n. 1, p. 123-134. Disponível em:
https://periodicos.set.edu.br/cadernobiologicas/article/view/8294. Acesso
em: 05 set. 2022.
SZPALHER, A. S. et al. Arritmias cardíacas: Diagnósticos de enfermagem
baseados na taxonomia da NANDA-I. Revista eletrônica acervo saúde,
2019. V. 11, n. 17. p. 1-9. Disponível em:
https://doi.org/10.25248/reas.e1447.2019. Acesso em: 05 set. 2022.
TUINMAN, A.; GREEF, M. H. G.; FINNEMA, E. J. et al. The consistency
between planned and actually given nursing care in long-terminstitutional
care. Geriatric nursing, 2020. p. 1-7. Disponível em:
10.1016/j.gerinurse.2020.03.001. Acesso em: 10 set. 2022.
VEIGA, E. P. et al. Fatores estressores em unidade de terapia intensiva:
percepção de pacientes idosos e adultos no pós-operatório de cirurgia
cardíaca. Kairós gerontologia, 2013. V. 16, n. 2. p. 1-13. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/18524
ENFERMAGEM EM
CENTRO-CIRÚRGICO
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

CAPÍTULO 5

ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM


SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA
CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Thais Brunna Maurício PINHEIRO 1


Ana Paula França da SILVA 1
Maria Améllia Lopes CABRAL 1
Bruna Vilar Soares da SILVA 1
Daniele Vieira DANTAS 2
1
Graduandos do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN; 2 Orientadora/Professora do DENF/UFRN.
thais.pinheiro.017@ufrn.edu.br

RESUMO: A educação em saúde no contexto perioperatório de


cirurgia cardíaca é fundamental para a promoção de uma
melhor qualidade de vida do paciente. Nesse ínterim, há uma
necessidade de identificar evidências para a escolha de
estratégias adequadas no contexto perioperatório de cirurgias
cardíacas. O objetivo deste estudo é mapear as principais
estratégias utilizadas para a educação em saúde ao paciente
em perioperatório de cirurgia cardíaca.Trata-se de uma revisão
de escopo com o recorte temporal, entre o período de 2018 a
2022, sendo selecionados 8 artigos para compor os resultados.
Mediante os dados coletados, constatou-se que as estratégias
mais utilizadas para educação em saúde no perioperatório de
cirurgia cardíaca são cartilhas educativas (37,5%), com 3
estudos, seguido de telerreabilitação (25%) e educação oral
(25%), ambos com 2 estudos e recurso audiovisual com 1
estudo (12,5%). As estratégias mapeadas auxiliam o paciente a
compreender melhor a sua condição clínica e o procedimento
cirúrgico, contribuem na diminuição dos níveis de estresse,
depressão e ansiedade durante o perioperatório, além de
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

promover a mudança de hábitos errôneos do paciente, trazendo


uma melhora à sua qualidade de vida. Dessa forma, é
necessário que os profissionais da enfermagem se apropriem
dessas ferramentas e façam a sua aplicabilidade no serviços de
saúde.
Palavras-chave: Cirurgia cardíaca. Educação em saúde.
Educação do paciente. Período perioperatório.

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares, caracterizadas como


afecções que afetam o coração e a circulação, representam a
principal causa de mortes no Brasil, expressando mais de 270
mil casos de óbitos referente ao início do ano até o mês de
agosto do ano vigente, além de uma estimativa de 400 mil
cidadãos brasileiros até o final deste ano. (Sociedade Brasileira
de Cardiologia - SBC, 2022).
Em razão da grande progressão no número de doenças
cardiovasculares, as intervenções cirúrgicas são realizadas de
forma cotidiana no panorama nacional e internacional quando
existe uma estimativa de melhor qualidade de vida (FARIAS et
al., 2021).
Em contrapartida, apesar das cirurgias cardíacas serem
consideradas procedimentos seguros e de baixa mortalidade,
possuem elevado risco de complicações pós-operatórias,
resultando em uma elevada taxa de morbimortalidade, devido
a elementos condicionantes, internos e externos envolvidos
(SANTANA et al., 2021)
Portanto, é visível que o tratamento cirúrgico requer
cuidados específicos de enfermagem e orientações ao paciente
a respeito dos cuidados necessários para manter uma boa
qualidade de vida, sendo estes identificados e realizados pela
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

equipe de maneira integral e individualizada (COPETTI;


STUMM; BENETTI, 2015).
Nessa perspectiva, a educação em saúde no contexto
cirúrgico perioperatório é fundamental para a promoção da
saúde e melhora da qualidade de vida da pessoa internada.
Além de ser capaz de promover a parceria entre o paciente e o
profissional de saúde por meio do seu empoderamento e
incentivo em iniciar mudanças comportamentais relacionadas
ao seu estilo de vida através da aprendizagem (PUEYO-
GARRIGUES et al., 2019; FERREIRA et al., 2022).
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a educação
em saúde é um processo educativo que edifica conhecimentos
em saúde, visando à apropriação de uma determinada temática
pela população, contribuindo para o aumento da autonomia no
autocuidado do indivíduo. (BRASIL, 2006).
Dessa forma, com o auxílio desse instrumento, os
profissionais irão orientar o paciente em relação aos cuidados
do período pós-operatório, que irá desempenhar um papel
fundamental de prevenção de complicações pós-operatórias,
uma vez que frequentemente estão associadas ao
desconhecimento do paciente quanto aos cuidados da vida
diária (SANTOS et al., 2015).
Mediante o papel da equipe de enfermagem no cuidado
em saúde ao paciente cardiopata, principalmente ao tratar-se
da prevenção e detecção precoce de riscos, compreende-se a
importância da atuação de enfermeiros habilitados para orientar
o paciente a respeito dos cuidados e hábitos que esse indivíduo
deve manter no seu dia a dia após a realização do procedimento
cirúrgico.
O presente estudo justifica-se pela necessidade de
mapear as estratégias que são utilizadas para a educação em
saúde dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, a fim de
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

fornecer evidências para subsidiar a escolha de estratégias


aplicáveis no contexto perioperatório de cirurgias cardíacas no
cotidiano dos serviços de saúde, além de fomentar novos
estudos.
Nesse prisma, o estudo objetiva mapear a produção de
conhecimento sobre estratégias para a educação em saúde ao
paciente em perioperatório de cirurgia cardíaca.

MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo trata-se de uma revisão de escopo,


caracterizada por mapear os principais conceitos de uma
determinada área, identificar as lacunas ainda existentes no
conhecimento, bem como examinar a extensão, o alcance e a
natureza, além de sintetizar e divulgar os dados da investigação
(PETERS et al., 2020).
Esta pesquisa foi desenvolvida conforme as orientações
do Manual de revisões do JBI (PETERS et al., 2020), e o
checklist do Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-
ScR) (PAGE et al, 2021).
A construção da revisão seguiu as etapas de elaboração
dos objetivos e da questão norteadora; uso do rastreamento e
identificação de outras revisões de escopo em plataformas de
registros; desenvolvimento dos critérios de inclusão e de
exclusão; identificação de evidências a partir da busca; seleção
de estudos; mapeamento dos dados contidos nos estudos
selecionados; coleta, síntese e interpretação dos resultados
(PETERS et al., 2020).
Para a formulação da questão de pesquisa, foi utilizada
a estratégia Population, Concept And Context (PCC)
estabelecido pela JBI, sendo a população: Pacientes
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

submetidos à cirurgia cardíaca; Conceito: Estratégias de


educação em saúde; Contexto: Período Perioperatório.
Diante do exposto, foi formulada a seguinte questão de
pesquisa: Quais as estratégias para a educação em saúde ao
paciente em perioperatório de cirurgia cardíaca?
Realizou-se uma verificação e identificação de outros
estudos, nas plataformas: International Prospective Register of
Systematic Reviews (PROSPERO); Open Science Framework
(OSF) e não foram encontrados estudo com o mesmo escopo
da presente revisão, evidenciando a necessidade da realização
de mais pesquisas sobre o tema. Desse modo,cadastrou-se a
revisão na Open Science Framework (OSF)
(https://osf.io/jr6uv/).
Para a realização das buscas, utilizou-se o Portal de
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), através do acesso remoto pela
plataforma Comunidade Acadêmica Federada (CAFe),
ferramenta disponibilizada pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Foram utilizados os descritores indexados no Medical
Subject Headings (MESH): “Thoracic Surgery”, “Cardiac
Surgical Procedures”, "Health Education”, “Patient Education”,
“Nursing Care” e “Perioperative Care”. E Descritores em
Ciências de Saúde (Decs): Cirurgia Cardíaca, Procedimentos
Cirúrgicos Cardíacos, Educação em Saúde, Educação do
Paciente, Assistência de Enfermagem e Assistência
Perioperatória. Para o cruzamento destes, utilizaram-se os
descritores booleanos “AND” e “OR”, de forma a adaptar de
acordo com cada fonte de dado, conforme o Quadro 1.
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 1. Descritores utilizados na busca de dados. Natal/RN,


Brasil, 2022

Fonte: Elaborado pelos autores

Após a determinação dos descritores e a criação da


estratégia acima, realizou-se as buscas em oito fontes de
dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS), Cochrane library, National Library of Medicine
and National Institutes of Health (PUBMED), Scientific
Electronic Library Online (SCIELO), Cumulative Index to
Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Science Direct,
Elsevier's Scopus (SCOPUS), Web Of Science, Wiley Online
Library e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando o Portal
de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) através do acesso Comunidade
Acadêmica Federada (CAFe). A busca foi realizada em
setembro de 2022. O Quadro 2 aborda de forma detalhada a
sintaxe de busca utilizada na busca das literaturas.
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 2. Sintaxe de busca nas fontes de dados. Natal, Rio


Grande do Norte, Brasil, 2022.

Bases de
dados Sintaxes

PUBMED (Thoracic Surgery OR Cardiac Surgical Procedures) AND


(Health Education OR Patient Education) AND (Nursing Care
OR Perioperative Care)

SCOPUS TITLE-ABS-KEY ( thoracic AND surgery OR cardiac AND


surgical AND procedures ) AND TITLE-ABS-KEY ( health
AND education OR patient AND education ) AND TITLE-
ABS-KEY ( nursing AND care OR perioperative AND care
))

Web of Science ((ALL=(Thoracic Surgery OR Cardiac Surgical Procedures ))


AND ALL=(Health Education OR Patient Education)) AND
ALL=(Nursing Care OR Perioperative Care)

Cochrane Thoracic surgery in Title Abstract Keyword OR Cardiac


Library Surgical Procedures in Title Abstract Keyword AND Health
Education in Title Abstract Keyword OR Patient Education in
Title Abstract Keyword AND Nursing Care OR Perioperative
Care in Title Abstract Keyword

Web of Science ((ALL=(Thoracic Surgery OR Cardiac Surgical Procedures ))


AND ALL=(Health Education OR Patient Education)) AND
ALL=(Nursing Care OR Perioperative Care)

Cochrane Thoracic Surgery OR Cardiac Surgical Procedures in Title


Library Abstract Keyword AND Health Education OR Patient
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Perioperative Care in Title Abstract Keyword

BVS (Thoracic Surgery) OR (Cardiac Surgical Procedures) AND


(Health Education) OR (Patient Education) AND (Nursing
Care) OR (Perioperative Care)

CINAHL (Thoracic Surgery OR Cardiac Surgical Procedures) AND (


Health Education OR Patient Education ) AND ( Nursing Care
OR Perioperative Care)
Fonte: Elaborado pelos autores
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Em relação aos critérios de inclusão, foram incluídos


estudos publicados on-line na íntegra, de forma gratuita,
abrangendo artigos, dissertações, teses, diretrizes e portarias
ministeriais, sem restrição de idiomas e com um espaço
temporal de 2018 a 2022, que apresentarem temática
condizente com o objetivo desta pesquisa.
Foram excluídos estudos que se encontravam em
duplicata, resumos, artigos de jornais, cartas ao editor e
estudos com temática não compatível com a questão de
pesquisa deste trabalho.
Para a seleção dos artigos, os estudos foram lidos e
avaliados quanto à sua adequação aos critérios de inclusão e
exclusão. Houve a primeira seleção por meio da leitura de
títulos e resumos e, após inclusão desses estudos, uma
segunda seleção foi feita para compor a amostra final com a
leitura minuciosa dos estudos e escolha daqueles que
respondiam à questão norteadora.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A estratégia de busca resultou em 1.711 publicações.


Por conseguinte, realizou-se a leitura de títulos e resumos
pertinentes à questão norteadora da revisão, foram
selecionados 29 artigos científicos para leitura integral, sendo 2
duplicatas, dos quais selecionou-se 8 artigos para compor a
amostra deste estudo, conforme indicado na Figura 1.
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Figura 1. Fluxograma Prisma 2020, adaptado para revisão de


escopo. Natal, RN, Brasil, 2022.

Fonte: Elaborado pelos autores

A partir da análise dos estudos selecionados, foi


construído um quadro com o objetivo de reunir as variáveis
utilizadas para categorizá-los (Quadro 3).
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Quadro 3. Estudos selecionados como elegíveis para serem


incluídos na revisão quanto a autores, ano da publicação, local,
amostra do estudo e objetivos.
*ID/ Amostra do Objetivos
Autores/ estudo
Ano/
Local

E1/ 8 participantes em Avaliar a viabilidade, usabilidade


Aardoom et pré-operatório de e aceitabilidade do aplicativo Pre-
al/ 2022/ cateterismo cardíaco. View em pacientes submetidos a
Países cateterismo cardíaco.
Baixos.

E2/ Araújo 9 estudos que Mapear na literatura científica a


et al/ 2022/ utilizaram o recurso utilização do recurso audiovisual
Brasil. audiovisual como como estratégia educativa
estratégia educativa durante o pré-operatório de
no pré-operatório de cirurgia cardíaca.
cirurgia cardíaca.

E3/ Zhuo et 17 pacientes Explorar as percepções de


al/ 2021/ submetidos à pacientes submetidos à ICP
China. Intervenção coronária sobre sua educação em saúde
percutânea (ICP). pré-operatória.

E4/ Aktas 66 pacientes em Determinar os possíveis efeitos


et al/ 2020/ perioperatório de de uma intervenção de educação
Turquia. cirurgia cardíaca. de alta na ansiedade e
depressão em pacientes de
cirurgia cardíaca.

E5/ Pazar; 200 pacientes Avaliar os efeitos da educação


Lyigun/ submetidos à cirurgia pré-operatória em relação aos
2020/ cardíaca e que parâmetros hemodinâmicos,
Turquia. receberam ventilação conforto e ansiedade do
mecânica. paciente.

E6/ Callé et 19 familiares de Validar o conteúdo e aparência


al/ 2020/ crianças cardiopatas. da cartilha “A volta para casa
Brasil. após a cirurgia cardíaca
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

da criança” e avaliar a
aprendizagem cognitiva de
familiares que a utilizaram.

E7/ 14 pacientes Explorar as experiências de


Dinesen et cardíacos, 12 pacientes cardíacos no Programa
al/ 2019/ cônjuges/companheir Teledialog Telerreabilitação
Dinamarca. os de pacientes e 1 (TTP), um plano de reabilitação
filho. digital, transmissão de dados de
saúde da casa do paciente para
o hospital e centro de saúde e
um portal interativo na Web com
informações e vídeos de
treinamento.

E8/ 146 pacientes em pós Avaliar o efeito de intervenções


Ghavami; operatório de cirurgia de autocuidado na qualidade do
Safarzadeh de revascularização sono em pacientes pós-cirurgia
; Asl/ 2018/ do miocárdio. de revascularização do
Irã. miocárdio.
Fonte: Elaborado pelos autores

Os estudos coletados foram realizados entre os anos de


2018 e 2022. Em relação ao local de realização, os países com
mais publicações foram o Brasil (25%) e a Turquia (25%),
ambos com dois estudos. Em relação aos tipos de estudo,
quatro (50%) são estudos observacionais e três (37,5%) são
ensaios clínicos.
O Quadro 4 apresenta a estrutura PAGER, evidenciando
as principais características do estudo, lacunas e implicações
para pesquisas futuras sobre a temática (BRADBURY-JONES
et al., 2021). Nele é possível identificar que as estratégias mais
utilizadas para educação em saúde no perioperatório de cirurgia
cardíaca são cartilhas educativas (37,5%), com 3 estudos,
seguido de telerreabilitação (25%) e educação oral (25%),
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

ambos com 2 estudos e recurso audiovisual com 1 estudo


(12,5%).

Quadro 4. Estrutura PAGER adaptada de Bradbury-Jones et


al., 2021, Natal/RN, Brasil, 2022.
Padrã Avanç Lacunas Evidências Recomend
o os para a ações de
Prática Pesquisa
Telerre Portal Necessidad Motiva os Necessário
abilitaç interativo e pacientes a novos
ão na Web de novos integrarem as estudos
e plano estudos atividades de a fim de
de com a reabilitação, analisar o
reabilitaç técnica e coordenando as efeito
ão acompanha metas e criando do uso da
eletrônic mento uma visão geral telerreabilitaç
a (e- prolongado, dos dados. ão em
reabilitaç para avaliar Garantiu a pacientes
ão). a adesão a continuidade do cardíacos.
longo processo de
prazo. reabilitação.

Aplicativ O tamanho Eficaz na Mais estudos


o de da amostra informação a são
realidade do estudo respeito do necessários
virtual foi processo de para uma
(Pre- pequeno, cuidado do investigação
review). por isso os cateterismo profunda dos
resultados cardíaco e em efeitos da RV
possuem termos de se sentir como uma
limitações melhor preparado ferramenta de
de para o educação em
interpretaçã procedimento, além saúde e sua
o. de potencial na eficácia na
redução das redução de
consequências resultados
psicológicas negativos do
negativas. paciente.

Cartilha Elaboraç Utilização Promoveu maiores É necessário


ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

educati ão de de uma níveis de conforto e que a cartilha


va uma escala não estabilidade seja aplicada
cartilha validada, hemodinâmica, em diferentes
educativ criada pelo além de menores locais para
a sobre o próprio níveis de uma
ventilaçã autor, além ansiedade durante generalização
o da a utilização do dos achados.
mecânic realização ventilador.
a de do estudo
acordo ter sido em
com as apenas um
dúvidas local.
dos
paciente
s.

Utilizaçã Foi feita a Contribui para o Recomenda-


o da abordagem aprendizado dos se o auxílio
cartilha em um familiares a do enfermeiro
criada único respeito das quanto às
pela serviço de necessidades dúvidas a
Fundació saúde, de atenção à respeito da
n além de criança após medicação,
Menudos não haver cirurgia cardíaca; pois a cartilha
Corazon grupo Pode ser utilizada evidenciou
es, na controle, para evitar apenas
Espanha caracteriza ocorrências aspectos
. ndo-se indesejadas e relacionados
como um possibilitar um aos cuidados.
estudo qua- cuidado seguro no
se- domicílio.
experiment
a.

Utilizaçã O estudo A educação em Desenvolvime


o da foi saúde utilizando a nto de
cartilha realizado cartilha aliada ao programas de
intitulada em apenas aconselhamento educação de
“Sua uma para alta alta para
vida unidade pode auxiliar identificar
após a cardiovasc enfermeiros na possíveis
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

cirurgia ular e o elaboração do seu complicações


de estudo plano de cuidados que o
revascul reflete para a redução da paciente pode
arização apenas ansiedade e desenvolver,
miocárdi uma depressão em aumentar a
ca”, pequena pacientes confiança e
aliada a amostra. cardíacos reduzir a
sessões ansiedade e
de depressão
aconselh após o
amento procedimento
verbal. cirúrgico

Educaç Curso Não A aplicação da Estudo chama


ão oral educacio Informado intervenção de atenção para
nal de autocuidado em o aspecto
autocuid pacientes pós-RM negativo de
ado e melhorou a que a maioria
sessões qualidade do sono das
de intervenções
aconselh de
amento autocuidado
causam o
aumento do
custo do
tratamento

Educaçã O estudo A educação pré- É necessário


o oral foi operatória deve mais
realizada realizado considerar os exploração e
de em apenas estilos de busca de investigação a
maneira uma informações, respeito da
individual unidade de antecedentes educação pré-
izada. cirurgia individuais do operatória
cardiovasc paciente e suas para
ular. necessidades pacientes
pessoais. submetidos à
ICP, pois o
assunto
demonstra
complexidade
e os desafios
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

Recurs Vídeo Escassez Considerado uma Sugere-se


o educativ de estudos tecnologia segura e novos
Audiovi o sobre a com fatores estudos sobre
sual implementa positivos para a a
ção de modernização do temática para
recursos trabalho de novas
audiovisuai enfermagem frente evidências.
s aos serviços de
com foco saúde. Ajudam o
na paciente a
educação visualizar e
em saúde compreender o
do período processo de
pré- cirurgia cardíaca e
operatório. diminuir os
sentimentos
negativos que
o envolvem.

A cartilha educativa foi a estratégia em destaque (E4, E5


e E6), sendo utilizada em três estudos dos resultados e
amplamente disseminada nos serviços de saúde. De acordo
com Cruz (2017), as cartilhas educativas são recursos
acessíveis e democráticos, capazes de atingir uma variedade
de públicos e por detém-se de elementos visuais, colaboram
com a praticidade em transpor o conhecimento para o usuário.
Tal achado corrobora com outros estudos que expõem
materiais educativos impressos, como uma pesquisa
longitudinal realizada durante quatro anos que evidenciou a
associação entre a distribuição de cartazes e a diminuição do
índice de quedas em um hospital universitário (LUZIA et al.,
2018).
A telerreabilitação também foi mapeada nos resultados
da pesquisa (E1, E7), mostrando que essa estratégia tem
ganhado espaço, tornando-se uma alternativa à reabilitação
convencional. De acordo com uma revisão sistemática com
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

uma amostra de 1.133 pacientes, a telerreabilitação possui uma


alta adesão dos pacientes cardiopatas, obtendo resultados
favoráveis ao seu uso, como melhores níveis de atividade física
em longo prazo, aumento significativo no nível de atividade
diária, reversão da depressão e melhora da capacidade física,
aumento na distância caminhada e redução da dispneia
(CRISTO et al., 2018).
Em relação à estratégia de educação em saúde oral, que
compõem 25% da amostra (E3 e E8), para a aplicabilidade
correta é necessário levar em consideração e respeitar a
individualidade do paciente. Além disso, prezar não só pelo
envolvimento dos familiares, mas também o empoderamento e
a sua autonomia, para que ele se sinta responsável pelo seu
processo de autocuidado. É essencial a utilização de uma
linguagem acessível por parte dos profissionais da saúde, além
da cautela nas contra indicações e palavras ameaçadoras.
(ZHUO et al., 2021).
Tendo em vista essa realidade, um estudo qualitativo
descreveu que um dos pilares para a construção do cuidado
centrado no paciente é agir com uma conduta respeitosa,
compassiva e estimular o seu empoderamento, sendo esses
fundamentos necessários para a equipe de enfermagem obter
uma melhora da qualidade do atendimento prestado
(CHAROSAEI et al., 2021).
De acordo com Araújo (2022), o recurso audiovisual mais
utilizado para educação em saúde é a ferramenta de vídeo (E2).
Nesse ínterim, uma revisão sistemática realizada no ano
corrente, constatou que 96,55% dos estudos coletados que
utilizam tecnologias educacionais para educação em saúde
tiveram um impacto positivo no atendimento ao paciente.
Dentre eles, a redução do nível de ansiedade e depressão, bem
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

como a conscientização dos pacientes após a cirurgia


(SCHMORADI et al., 2022).
Ademais, a escolha do recurso de educação que será
utilizado tem grande relevância, pois é necessário que se
adeque às necessidades do paciente, levando em consideração
o seu perfil e nível de escolaridade. A escolha da estratégia
deve ser focada na chance de acrescentar novas concepções
e hábitos que irão contribuir para a realidade do paciente.
(ARAÚJO et al., 2022).
Um ensaio clínico realizado com pacientes que possuem
insuficiência cardíaca utilizou a educação em saúde juntamente
com o modelo de intervenção de enfermagem baseado em
teorias de mudança comportamental e obtiveram a melhora do
nível de autoeficácia e satisfação dos pacientes, além da
capacidade de autogerenciamento da sua condição. O sucesso
da intervenção foi resultado do trabalho em equipe de
enfermeiros que mapearam as necessidades e motivações dos
pacientes nas diferentes etapas do modelo de mudança
comportamental, sendo desenvolvido a partir disso um
programa de exercícios adequado de acordo com a condição
física, interesses, hobbies e ambiente de vida do paciente (YU
et al., 2019).
Nesse ponto de vista, o enfermeiro tem um papel
fundamental de educador em saúde e durante a aplicação do
processo de enfermagem deve utilizar as ferramentas
educativas como parte do seu plano de cuidados. Promover a
integração do profissional com o paciente irá auxiliar no
desenvolvimento de uma qualidade de vida por meio da
educação em saúde, além de contribuir para o gerenciamento
de riscos (KIRSCH; SLOB, 2018).
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

CONCLUSÕES

A partir da elaboração da presente revisão, foi


identificado que as principalis estratégias de educação em
saúde utilizadas no perioperatório de cirurgia cardíaca são
cartilhas educativas, telerreabilitação, educação oral, e por
último, recurso audiovisual.
No que se refere às limitações deste trabalho, embora
existam produções científicas atuais em relação ao tema,
observa-se a escassez de uma maior variedade de estratégias
de educação em saúde no recorte do cenário de perioperatório
de cirurgia cardíaca, sugerindo-se novos estudos sobre a
temática para novas evidências.
É importante ressaltar que independente da estratégia
utilizada, é necessário conhecer a realidade biopsicossocial do
paciente para que a escolha seja individualizada e direcionada
para as suas necessidades e condições de vida.
Observou-se que essas estratégias não só auxiliam o
paciente a compreender melhor a sua condição clínica e o
procedimento cirúrgico, mas também contribuem na diminuição
dos níveis de estresse, depressão e ansiedade durante o
perioperatório, além de promover a mudança de hábitos
errôneos do paciente, fatores esses que contribuem para a sua
melhor qualidade de vida.
Diante do exposto, é necessário que os profissionais de
enfermagem se apropriem dessas estratégias e façam a
aplicabilidade correta no serviços de saúde, direcionada ao
paciente, contribuindo assim para a qualidade do processo de
enfermagem e, consequentemente a Sistematização da
Assistência de Enfermagem.
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE AO PACIENTE EM
PERIOPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: REVISÃO DE ESCOPO

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INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

CAPÍTULO 6

INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO


DE EXPERIÊNCIA
Jessicleide da Silva Soares do NASCIMENTO 1
Theles Gabriel Silveira CHAVES 2
Anne Karoline Candido ARAÚJO3
Andrea Mendes ARAÚJO4
Fernanda Maria Chianca da SILVA5
1
Discente do Curso Técnico em Enfermagem do Centro Profissional Tecnológico - Escola
Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba – CPT-ETS/UFPB; 2Discente do Curso
de Enfermagem no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ; 3Enfermeira, Docente do
Centro Profissional Tecnológico - Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da
Paraíba – CPT-ETS/UFPB, Doutora em Enfermagem; 4Enfermeira, Docente do Centro
Profissional Tecnológico - Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba –
CPT-ETS/UFPB, Doutora em Gerontologia Biomédica; 5Enfermeira, Docente do Centro
Profissional Tecnológico - Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba –
CPT-ETS/UFPB, Orientadora, Doutora em Gerontologia Biomédica.
fernanda.silva@academico.ufpb.br

RESUMO: A instrumentação cirúrgica, é uma técnica realizada


através do instrumentador cirúrgico, em que ele auxilia a
operacionalização do ato cirúrgico, ficando responsável pelo
preparo da mesa, entrega dos instrumentais e equipamentos
para o cirurgião, acompanhando corretamente os tempos
cirúrgicos durante a operação, assim como, é essencial verificar
com atenção a quantidade de instrumentais utilizados na
cirurgia. O estudo teve como objetivo, relatar a experiência de
um curso de capacitação em Instrumentação Cirúrgica,
promovido pelo Centro Profissional e Tecnológico - Escola
Técnica de Saúde (CPT-ETS), da Universidade Federal da
Paraíba. Este estudo caracteriza-se como relato de experiência,
numa abordagem qualitativa, onde o mesmo tem por objetivo
tratar de um registro de experiências vivenciadas, que podem
ser, por exemplo, oriundas de atividades de pesquisas, ensino,
projetos de extensão universitária, inovação dentre outras. O
curso foi realizado na cidade de João Pessoa, em parceria com
instituições de saúde hospitalares, no período dos meses de
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

maio a agosto de 2022, tendo como público, Enfermeiros e


Técnicos de Enfermagem que atuam em ambientes cirúrgicos
e discentes do Curso Técnico em Enfermagem do CPT-ETS,
extensionistas do projeto de extensão denominado:
Instrumentação cirúrgica: um despertar, na modalidade híbrida,
onde as atividades práticas foram realizadas em serviço.
Todavia foi possível proporcionar ações reflexivas e práticas no
tocante a instrumentação cirúrgica.
Palavras-chave: Centro Cirúrgico. Enfermagem Cirúrgica.
Enfermagem Centrada no Paciente.

INTRODUÇÃO

No que se diz respeito à saúde, o processo de cuidar,


requer mais que medicamentos e cuidados especializados, mas
busca principalmente o processo de conscientização da
população ou sociedade, de modo a desenvolver um senso
crítico adequado, para que assim, sejam capazes de realizar os
cuidados de maneira correta e efetiva para a população.
Sendo assim, a enfermagem é definida como a ciência
cujo objetivo é cuidar do ser humano, de maneira holística,
atuando na promoção e restauração da saúde, proporcionado
cuidados à pessoa, à família e à coletividade (ARRUDA;
SANTOS, 2022).
A enfermagem atua como meio importante para equipe
de saúde, com a finalidade de satisfazer as necessidades da
população, na defesa de políticas públicas de saúde, garantindo
acesso universal aos serviços assistenciais de saúde,
promovendo resolutividade, autonomia, participação da
comunidade, hierarquização e descentralização dos serviços de
saúde (ARRUDA; SANTOS, 2022).
Segundo a resolução nº 214/98, os artigos 1º e 2º do
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), define a
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

“instrumentação cirúrgica como atividade de enfermagem, não


sendo, entretanto, um ato privativo da mesma”. E também o
“profissional de Enfermagem, atuando como Instrumentador
Cirúrgico, por força da lei, subordina-se exclusivamente ao
Enfermeiro responsável técnico pela unidade”, ou seja, o centro
cirúrgico (BRASIL, 1998, p.1).
A instrumentação cirúrgica é o ato que
compreende a entrega e o recebimento do
instrumental cirúrgico ao cirurgião e ao
assistente por meio do instrumentador
cirúrgico. O instrumentador cirúrgico é o
profissional responsável pelo preparo da
mesa e manutenção da organização, e deve
estar sempre atento para que não falte
nenhum material, solicitando-o ao circulante
de sala, sempre que necessário, além de
colaborar com a paramentação cirúrgica
(ARRUDA, et al., p,139, 2020).
Nesse contexto, o paciente cirúrgico do possui
características que o diferem do paciente clínico, apresentando
necessidades de enfermagem em três períodos distintos: pré-
operatório, transoperatório e pós-operatório, requerendo da
equipe de enfermagem condutas para cada tipo de cirurgia.
Portanto, cabe a enfermagem adquirir conhecimentos
acerca da assistência eficiente e segura, de modo, que
proporcione ao cliente uma recuperação de qualidade, com o
mínimo de desconforto, basear-se na prevenção de
complicações e consequentemente resultar em menor tempo
de permanência hospitalar.
Desta forma, o tratamento cirúrgico é constituído através
de uma agressão do organismo, afetando a capacidade do
indivíduo em satisfazer as necessidades básicas, devido a
algumas funções orgânicas serem afetadas.
Entretanto, referente a instrumentação cirúrgica, define-
se como uma técnica realizada através do instrumentador
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

cirúrgico, em que ele auxilia a operacionalização do ato


cirúrgico, ficando responsável pelo preparo da mesa, entrega
dos instrumentais e equipamentos para o cirurgião
acompanhando corretamente os tempos cirúrgicos durante a
operação, assim como, verificar com atenção a quantidade de
instrumentais utilizados na cirurgia (VERAS, et al., 2008).
A profissão de instrumentador foi desenvolvida através
de avanços das cirurgias, em que a necessidade de
instrumentais eram fundamentais para a realização de
procedimentos cirúrgicos, tornando-se meio indispensável para
a realização do ato cirúrgico.
O profissional de instrumentação cirúrgica atua junto à
equipe cirúrgica tendo como responsabilidade, zelar pelo
perfeito funcionamento do instrumental e equipamentos usados
pelo cirurgião e assistente.
O instrumentador cirúrgico, precisa ter experiência na
área cirúrgica, habilidade manual, destreza, conhecimento
sobre esterilização, técnicas assépticas, conhecer os tempos
cirúrgicos e grupos de instrumentais cirúrgicos, bem como
controle emocional; assegurando assim, a qualidade das
técnicas desenvolvidas, minimizando o tempo durante a
entrega e o recebimento dos diversos materiais utilizados no
transcorrer do ato operatório (ARRUDA, et al., 2020).
O instrumentador cirúrgico é o profissional responsável
pela organização da mesa de instrumentais cirúrgicos, o
mesmo deve estar atento para que não falte nenhum material,
solicitando-o ao circulante de sala, sempre que necessário
(ARRUDA, et al., 2020).
Os membros da equipe cirúrgica têm um papel
importante, que é atuar de maneira integrada, com ética,
respeito e harmonia, tendo como foco principal, a segurança do
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

paciente e eficiência do procedimento cirúrgico e promover a


cirurgia segura (VERAS, et al., 2008).
Deste modo, diversos são os desafios encontrados para
se trabalhar com a segurança do paciente, especialmente a
cirurgia segura. Ressalta-se entre eles, a atenção para os
fundamentos e práticas da segurança cirúrgica, representado
em um das metas internacionais de segurança do paciente,
com destaque para a cirurgia segura. Estas metas envolvem os
profissionais de saúde e de enfermagem nos seus ambientes
de trabalho. Assim, espera-se que os padrões de qualidade
sejam otimizados contemplando quatro aspectos na assistência
cirúrgica, a saber: a prevenção de infecções de sítio cirúrgico;
a anestesia segura; a organização das equipes cirúrgicas
seguras e os indicadores da assistência cirúrgica (OMS, 2009;
BRASIL, 2013).
Desta forma, considera-se cirurgia segura o conjunto de
medidas adotadas para redução do risco de eventos adversos
que podem acontecer antes, durante e depois das cirurgias.
Esses eventos adversos cirúrgicos são conceituados como
incidentes que resultam em dano ao paciente e impactam
diretamente na assistência prestada (OMS, 2009).
Nesse ínterim, salienta-se que para o alcance desta meta,
cirurgia segura, os profissionais deverão estar capacitados com
o intuito de aperfeiçoar a assistência prestada aos pacientes por
meio das boas práticas de saúde. Nessa perspectiva, são
iniciativas importantes: a comunicação entre os profissionais
envolvidos no processo, a inclusão do paciente na marcação do
local da intervenção, garantia de cirurgias e procedimentos
invasivos no local de intervenção correto, e o procedimento
correto no paciente correto (ALPENDRE, et.al, 2017).
Todavia, como é conhecedor, o ambiente cirúrgico é uma
área restrita do hospital, onde a atuação da equipe
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

multiprofissional é representativa e limitada devido a sua


especificidade e controle de infecção hospitalar.
Logo, no contexto das organizações de saúde, uma boa
prática é aquela que, por meio da correta aplicação de
conceitos, técnicas ou procedimentos metodológicos, possui
uma confiabilidade comprovada para conduzir a um resultado
positivo para o paciente. Para isso, o desenvolvimento de boas
práticas em saúde requer, além de evidências científicas e
fundamentos teóricos, a compreensão do ambiente e contexto
em que a assistência é desenvolvida (GUTIERRES, et al.,
2018). Neste sentido, aspectos e recomendações da cirurgia
segura foram trabalhados na referida capacitação.
A proposta da realização curso de capacitação em
instrumentação cirúrgica, surgiu através da procura de alunos e
profissionais de enfermagem sobre esta prática cirúrgica.
Partindo desta solicitação, elaborou-se um instrumento de
pesquisa, na década de 90, aplicando-o junto aos profissionais
de enfermagem de nível médio, de diversas instituições de
saúde da cidade de João Pessoa-PB. Os resultados
demonstraram a necessidade de atualização das técnicas e
procedimentos de enfermagem em centro cirúrgico para
acompanhar o desenvolvimento técnico-científico, sendo assim
desde esse período que o Centro Profissional e Tecnológico -
Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba,
oferta o referido curso.
A proposta de curso possui impacto social, uma vez que
os profissionais de saúde, necessitam de um suporte teórico e
prático para assistir o paciente cirúrgico, desse modo, o
presente estudo, objetiva relatar experiências no Curso de
Capacitação em Instrumentação Cirúrgica, promovido pelo
Centro Profissional e Tecnológico - Escola Técnica de Saúde
da Universidade Federal da Paraíba, vivenciada pelos
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

extensionistas do Projeto de Extensão: Instrumentação


cirúrgica: um despertar.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Este estudo caracteriza-se como relato de experiência,


numa abordagem qualitativa, onde o mesmo tem por objetivo
tratar de um registro de experiências vivenciadas, que podem
ser, por exemplo, ser oriundas de ações de pesquisas, ensino,
projetos de extensão universitária, dentre outras.
Todavia, foi realizado um curso de capacitação em
Instrumentação Cirúrgica, promovido pelo Centro Profissional e
Tecnológico - Escola Técnica de Saúde (CPT-ETS), da
Universidade Federal da Paraíba, instituição pública, na cidade
de João Pessoa, juntamente com instituições hospitares, curso
este oriundo do projeto de extensão, intitulado: Instrumentação
cirúrgica: um despertar, o qual está cadastrado no Sistema
Integrado de Gestão de Atividades Acadêmica (SIGAA) da
UFPB.
A referida instituição de ensino, atua com cursos, na
modalidade Técnica, Formação Inicial e Continuidade e Pós-
graduação latus sensu, entre os cursos técnicos, oferece o
curso regular em Técnico em Enfermagem.
Para realização da capacitação, o projeto do curso foi
encaminhado ao Colegiado do Curso Técnico em Enfermagem
para apreciação e aprovação, bem como à Gestão de Ensino e
Pesquisa do Complexo Pediátrico Arlinda Marques - Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (HULW – EBSERH),
instituição onde as práticas do curso também foram realizadas,
após a apreciação e aprovação dos referidos seguimentos, o
projeto do curso, foi cadastrado no SIGAA e após aprovação
deste, foi possível iniciar o curso.
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

O curso foi coordenado por docentes do CPT –


ETS/UFPB, que ministram aulas no Curso Técnico em
Enfermagem do referido Centro. Contou com uma equipe
composta por estudantes bolsista e voluntários do projeto de
extensão: Instrumentação cirúrgica: um despertar, que são
alunos do Curso Técnico em Enfermagem, bem como docentes
e uma técnica de Enfermagem do CPT-ETS/UFPB, assim
como, uma equipe multiprofissional de colaboradores, do
hospital universitário mencionado.
O referido curso ocorreu no período dos meses de maio
a agosto de 2022, tendo como público alvo: Enfermeiros e
Técnicos de Enfermagem que atuam em ambientes cirúrgicos
e discentes do Curso Técnico em Enfermagem do CPT-ETS,
extensionistas do projeto de extensão citado anteriormente. O
referido curso, foi realizado na modalidade híbrida, onde as
atividades práticas foram realizadas em serviço.
Posto isto, ao considerar o relato de experiência como
expressão de vivências, é capaz de contribuir em
conhecimentos em diferentes temáticas, reconhecendo a
importância da discussão sobre esse tipo de conhecimento
(MUSSI et al., 2021).
Deste modo, o relato de experiência é um texto que
descreve de forma precisa uma dada experiência que possa
contribuir de forma relevante para sua área de atuação.
Consiste, portanto, na descrição que um autor ou uma
equipe em vivência profissional, tida como exitosa ou não, mas
que tenha impulsionado e contribuído com a discussão, a troca
e a proposição de ideias com vistas a melhoria do cuidado na
área da saúde. Ele aborda as motivações ou metodologias para
as ações tomadas na situação e as considerações, bem como
as impressões que a vivência trouxe àquele que a viveu, visto
que o relato é realizado de modo contextualizado, com
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

objetividade e suporte teórico, ou seja, não é somente uma


narração emotiva e subjetiva (ROSA, 2018).
O registro por meio da escrita é uma relevante
possibilidade que a sociedade compreenda e tenha em vista as
questões a cerca de vários assuntos, incluindo os meios
virtuais, responsáveis atualmente por boa parte das
informações, uma vez que o contexto atual possibilita essa
característica. Desse modo, o conhecimento tem o objetivo de
formar sujeitos para a própria sociedade (CÓRDULA;
NASCIMENTO, 2018).
Diante do exposto, a capacitação em Instrumentação
Cirúrgica, deu-se início em 03 de maio de 2022, com a finalização
em 31 de agosto de 2022, com 160 horas, sendo 90 horas de aulas
teóricas e 70 horas de aulas práticas, na modalidade Formação
Inicial e Continuada.
Figura 1. Convite para aula inaugural, 2022.

Fonte: Acervo do Curso

O curso foi devidamente registrado no SISTEC (Sistema


Nacional de Informações da Educação Profissional e
Tecnológica), bem como cadastrado, pelo FLUEX (Fluxo
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Contínuo de Extensão), ano 2022 e no SIGAA (Sistema


Integrado de Gestão de Atividades Acadêmica da UFPB),
através do qual foram realizadas as inscrições, como também,
a emissão dos certificados.
O público alvo com já mencionado, foram alunos do Curso
Técnico em Enfermagem do CPT -ETS/UFPB, extensionistas do
Projeto de Extensão: Instrumentação cirúrgica: um despertar,
Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem oriundos dos hospitais
parceiros, a citar: Complexo Pediátrico Arlinda Marques, Hospital
Municipal Santa Isabel, Hospital Alberto Urquiza Wanderley,
Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, Hospital Estadual
de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena e Hospital
Universitário Lauro Wanderley, totalizando 45 alunos
matriculados, destes 34 concluíram o curso, os alunos que não
conseguiram concluir o curso, apresentaram os seguintes motivos:
indisponibilidade em conciliar o curso e trabalho e enfermidade, no
período do curso.
As inscrições dos alunos foram realizadas através de
convites aos hospitais acima mencionados, onde os mesmos
enviaram os nomes dos profissionais que seriam capacitados, os
mesmos preencheram um formulário, bem como enviaram cópias
de documentação como: CPF, Identidade, Diploma ou certificado
de conclusão de Curso de Enfermagem ou Técnico de
Enfermagem, declaração de anuência de chefia imediata para
realização do Curso e posteriormente solicitaram inscrição no
SIGAA.
Foram inscritos no curso 45 pessoas, sendo 08 alunos da
Escola Técnica de Saúde da UFPB, extensionistas do Projeto de
Extensão: Instrumentação cirúrgica: um despertar e os demais
profissionais de Enfermagem, sendo 02 do Complexo Pediátrico
Arlinda Marques, 07 do Hospital Municipal Santa Isabel, 03 do
Hospital Alberto Urquiza Wanderley, 04 do Metropolitano Dom
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

José Maria Pires e 01 Hospital Estadual de Emergência e Trauma


Senador Humberto Lucena e 20 do Hospital Universitário Lauro
Wanderley.
O curso foi desenvolvido de forma híbrida, as aulas teóricas
realizadas por meio da plataforma Google Meet, utilizando como
recurso didático para postagem do material, o Google Classroom.
E as aulas práticas foram realizadas no laboratório de técnicas de
Enfermagem do CPT-ETS/UFPB, no Centro Cirúrgico e na Central
de Material Esterilização do HULW- EBSERH, bem como nos
serviços onde os profissionais atuam, neste último sob a
supervisão dos Enfermeiros dos serviços.
Os assuntos abordados nas aulas durante o curso de
capacitação, foram:
✓Ambientação na Educação à Distância;
✓Bioética e o exercício da enfermagem em cirúrgica;
✓Saúde mental no ambiente cirúrgico;
✓Estrutura física e funcional do Centro Cirúrgico, Unidade de
Recuperação Pós – Anestésica e Central e Material e
Esterilização;
✓Cirurgia segura;
✓Processamento de produtos para saúde;
✓Tempos e instrumentais cirúrgicos;
✓Técnicas de instrumentação cirúrgica;
✓Princípios gerais de anestesia;
✓Instrumentação em cirurgias cardíacas;
✓Instrumentação em cirurgias odontológicas;
✓Instrumentação em cirurgias por vídeo;
✓Paramentação cirúrgica;
✓Montagem de sala cirúrgica;
✓Circulação em sala cirúrgica;
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

✓Montagem de mesa de instrumentação cirúrgica;


✓Prática integrada em ambientes cirúrgicos.
As aulas teóricas foram ministradas por docentes do CPT-
ETS/UFPB, Enfermeiros convidados, bem como Enfermeiros
do HULW- EBSERH, participantes do Projeto de Extensão:
Instrumentação cirúrgica: um despertar.
A prática em ambiente cirúrgico foi realizada sob a
supervisão dos Enfermeiros dos serviços, no período de 04 de
julho a 15 de agosto de 2022, onde cada participante do curso,
instrumentou no mínimo seis cirurgias.
As atividades práticas realizadas em serviço foram inerentes
as atribuições do instrumentador cirúrgico, do circulante de sala
de cirurgia, tais como: abertura de sala cirúrgica; vivencias como
circulante de sala de cirurgia antes, durante e após cirurgia;
instrumentação cirúrgica; vivencia da dinâmica do processo dos
instrumentais cirúrgicos na Central de Material e Esterilização
entre outras.
Os extensionistas do projeto de extensão, realizaram as
atividades do curso, no Complexo Pediátrico Arlinda Marques e no
Hospital Universitário Lauro Wanderley.
Ao final do curso, os participantes, enviaram um relatório,
contendo o local, onde realizou as atividades teóricas e práticas
do curso, apresentando uma descrição panorâmica da unidade
concedente do curso, bem como do local onde as atividades
práticas foram realizadas, citando suas expectativas iniciais e
atividades planejadas, destacando aspectos relevantes, negativos
e sugestões.
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Figura 2. Mesa de instrumentação cirúrgica, 2022.

Fonte: Acervo do Curso


Todavia, foi possível visualizar algumas dificuldades na
realização do referido curso, como: a dificuldade dos profissionais
em conciliar as atividades laborais com as aulas práticas do curso,
mesmo apresentando no momento da inscrição a declaração de
anuência da coordenação do serviço; a falta do envio do relatório
e as frequências das atividades práticas em serviço; a realização
das atividades práticas em serviço e ausência nas aulas remotas
e presencias do curso; enfermidade. Essas foram às justificativas
da não aprovação dos onze alunos, matriculados no curso.
Um curso dessa natureza é de suma importância, para
qualificação dos profissionais em serviço, bem como busca
proporcionar melhoria na cirurgia segura.

REFLEXÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA

Todavia, a qualificação desses alunos e/ou profissionais


de saúde, teve efeito multiplicador, pois, ao retornarem aos
seus serviços colocarão em prática os conhecimentos
adquiridos, habilidades e competências, beneficiando pacientes
que se submeterão à intervenção cirúrgica nas diversas
instituições de saúde. O curso proporcionou subsídios
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

necessários a uma assistência segura, no tocante ao contexto


que envolve as diretrizes e protocolos recomendados para
cirurgia segura, cenário ideal para as instituições de saúde do
Sistema Único de Saúde.
Partindo da premissa de que a educação em saúde é
capaz de contribuir de forma valorosa, para melhoria da
assistência à saúde, percebe-se que uma capacitação é capaz
de transformam o cenário no tocante a uma melhoria no cuidado
ao paciente, família e comunidade.
Diante do exposto, estudo realizado por Silva e
colaboradores (2022), sobre cirurgia segura: percepção de
alunos, foi identificado que situações vivenciadas no processo,
cirúrgico, poderão contribuir no surgimento de eventos
adversos, como: falta de material necessário na cirurgia, como
um fio cirúrgico específico, uma tela cirúrgica; esterilização
duvidosa; corpo estranho esquecido no paciente; dificuldade
em reconhecer complicações durante a cirurgia; planejamento
inadequado dos cuidados no pós-operatório, entre outros.
Nesse estudo quando questionado: O poderia ser
realizado para minimizar as dificuldades encontradas na
implementação do protocolo da cirurgia segura? Foi identificado
apenas uma ideia central: treinamento, corroborando com o
relato de experiência em tela, onde a capacitação em
instrumentação cirúrgica, é um dos treinamentos para otimizar
uma cirurgia segura.
A cultura da educação permanente no tocante a cirurgia
segura, é de suma importância, onde a necessidade de
capacitações para os profissionais da equipe cirúrgica, nesse
relato de experiência, a instrumentação cirúrgica, teve o
propósito de favorecer estratégias aos profissionais da
Enfermagem, para que os mesmos visualizem o protocolo de
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

cirurgia segura, como algo primordial no procedimento


cirúrgico.
A Educação Permanente em Saúde, consiste numa
estratégia político-pedagógica, onde as demandas emanadas
do processo de trabalho em saúde, busca no ensino, a
qualificação e aperfeiçoamento do processo de trabalho em
vários níveis do sistema, orientando-se para a melhoria do
acesso, qualidade e humanização na prestação de serviços e
para o fortalecimento dos processos de gestão político-
institucional do Sistema Único de Saúde, nas esferas federal,
estadual e municipal (BRASIL, 2018).
Desse modo, o curso de capacitação em tela, favoreceu
para ampliação do conhecimento acerca da instrumentação
cirúrgica, suas funções e técnicas. Destacando a agilidade,
competência e compromisso com a dinâmica cirúrgica,
tornando a qualidade da assistência mais segura e apta para
realização dos procedimentos cirúrgicos.

CONCLUSÕES

O curso foi realizado de modo a capacitar tanto os


discentes participantes da extensão, como os profissionais, que
já atuam na área, de modo, a relacionar a troca de saberes e
práticas, favorecendo em um convívio social e profissional
harmonioso.
A realização das práticas mostrou conhecimentos e
fortalecimento da técnica, de modo a facilitar o processo de
aprendizagem durante a capacitação.
Para a realização dos cuidados de enfermagem, é
necessário a equipe saber os protocolos do centro cirúrgico, de
modo, a favorecer uma melhor comunicação com os outros
setores, assim como, na segurança e eficácia da assistência,
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

resultando numa qualificação e aptidão por parte da equipe de


enfermagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Nacional de Vigilância Sanitária. Segundo desafio global para a
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Pessoa: PRAC, p. 1-7, 2008. Disponível em:
http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/x_enex/ANAIS/Area6/6CCSET
SOUT02.pdf. Acesso em: 23 ago. 2022.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a gestão do CPT- ETS/UFPB, pela


realização de mais um curso de capacitação em instrumentação
cirúrgica e a gestão dos hospitais parceiros, pela harmonia, em
que transcorreu as atividades práticas.
Agradecemos as professoras do CPT- ETS/UFPB, as
enfermeiras, aos enfermeiros, técnicos e técnicas de
Enfermagem dos hospitais parceiros, pela grandiosa
contribuição no aprendizado, nas aulas teóricas e práticas, pois
foi uma troca de saberes de mãos dadas.
ENFERMAGEM EM
GERENCIAMENTO
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

CAPÍTULO 7

CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO
GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Débora Soares da SILVA 1
Aracelli Varela Ataliba de PAULA 2
Aline Fernandes de ARAÚJO 3
Loyane Figueiredo Cavalcanti LIMA 4
Micheline Veras de MOURA 5
1
MBA Gestão em CCIH. Especialista Gestão de Enfermagem. Especialista em Terapia
Intensiva.;2Especialista em Enfermagem Terapia Intensiva adulto e pediátrica FIP-
PB.Especialista em Enfermagem e Saúde da Família UFRN-RN. E-mail: cellipaula24@
gmail.com; 3Especialista em Enfermagem do Trabalho/UNP-RN.alinefernandesrn@gmail.com;
4
Mestre em Ciência e Tecnologia em saúde Especialista em Saúde da Família
Especialista Cardiologia e Hemodinamica 5 Orientadora/Doutoranda em Estudos
Contemporâneos da Universidade de Coimbra. Mestre em Enfermagem pela Univiersidade de
Brasília (UnB).
E-mail: michelineverasenf@yahoo.com

RESUMO: Na Atualidade, o gerenciamento constitui um


fundamental instrumento do trabalho em saúde e implica na
tomada de decisão por parte dos profissionais, que afeta a
estrutura, o processo de produção e o produto de um sistema,
de maneira a tornar possível meios para prestação do cuidado
aos usuários. A enfermagem tem seu processo de trabalho
organizado em dimensões, tais como: assistir, administrar,
pesquisar, ensinar e participar politicamente, cada um, com
seus instrumentos e atividades específicas, existindo temporal
e institucionalmente, a compor de modo diversificado e
hierarquizado seus elementos. O gerenciamento de
enfermagem, e a própria gestão do cuidado pelo enfermeiro
constituem atividades que requerem tempo por parte do
profissional. Gerenciar engloba o uso dinâmico e sistemático de
ferramentas como comunicação, liderança, planejamento,
supervisão, avaliação, anotações, além de outras nem sempre
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

previsíveis, pois implicam em interação orientada para


necessidades específicas em cada caso. O objetivo deste
estudo é relatar a experiência vivenciada no hospital privado
VITA, na cidade de Natal-RN sobre as contribuições e desafios
do gerenciamento de enfermagem. Tendo em vista que a
enfermagem é a categoria com maior quantitativo de pessoal
presente na instituição. Durante a experiência vivenciada
identificou-se falhas na prestação do cuidado devido a seleção
inadequada e elevada rotatividade dos profissionais de
enfermagem e consequente desconhecimento dos protocolos e
rotinas institucionais, comprometendo a assistência.
Palavras-chave: Administração. Enfermagem. Estímulos. .
Colaborar. Enfermagem.

INTRODUÇÃO

A enfermagem tem seu processo de trabalho organizado


em dimensões, tais como: assistir, administrar, pesquisar,
ensinar e participar politicamente. Cada dimensão, com seus
instrumentos e atividades específicas, existindo temporal e
institucionalmente, a compor de modo diversificado e
hierarquizado seus elementos (SANNA, 2007).
Ações relacionadas ao planejamento, organização,
coordenação, execução e avaliação dos serviços de
enfermagem são atribuições privativas do enfermeiro,
garantidas pela Lei n° 7.498/1986 que regulamenta o exercício
profissional de enfermagem no Brasil (COFEN, 1986).
Na atualidade, o gerenciamento constitui um fundamental
instrumento de trabalho em saúde e implica na tomada de
decisão por parte dos profissionais, que afeta a estrutura, o
processo de produção e o produto de um sistema, de maneira
a tornar possível meios para prestação do cuidado aos usuários
(CECILIO, 2011).
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

O gerenciamento de enfermagem, e a própria gestão do


cuidado pelo enfermeiro constituem atividades que requerem
tempo por parte do profissional (SILVA NETO et al., 2015).
Gerenciar engloba o uso dinâmico e sistemático de
ferramentas como comunicação, liderança, planejamento,
supervisão, avaliação, anotações, além de outras nem sempre
previsíveis, pois implicam em interação orientada para
necessidades específicas em cada caso (SILVA NETO et al.,
2015).
No que diz respeito a equipe de saúde, o processo
gerencial torna-se imprescindível entre os diversos cenários de
atenção à saúde, em decorrência dos avanços do mundo
contemporâneo e a adesão às atualidades: tecnológicas, de
conhecimentos de teorias e de procedimentos atuais,
conhecimentos e técnicas com envolvimento na área
(FERREIRA et al., 2019).
O ambiente hospitalar, tem no gerenciamento do
enfermeiro o requerimento da articulação entre os processos de
cuidar e gerenciar, priorizando às necessidades do usuário e
melhorias das condições de trabalho (SOARES et al.,2016;
HANSE et al.,2016).
Para esse objetivo, investe-se em ferramentas tais como:
planejamento, liderança, comunicação, gestão de pessoas e
recursos humanos, e trabalho em equipe, observados como
requisitos essenciais no exercício profissional, para realizar
uma gestão participativa e integral, distanciando-se do modelo
tradicional pautado em estruturas hierárquicas, rígidas,
controladoras e submissa às normas institucionais (SOARES et
al.,2016; HANSE et al.,2016).
Nos serviços de saúde, ressalta-se que o enfermeiro tem
papel primordial na gestão da assistência à saúde. Neste
contexto, espera-se deste profissional conhecimento,
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

habilidades e atitudes adequadas para executar as suas


funções gerenciais com eficácia.
Acredita-se que, principalmente os enfermeiros gerentes
que atuam na área hospitalar, desenvolvam diversas tarefas
com alto grau de exigência, o que pode influenciar na qualidade
do cuidado prestado, a depender da forma de como está
organizado o seu trabalho e dos conhecimentos e práticas de
liderança adotadas (SILVA et al., 2017).
Nos dias atuais, observamos a demanda da
qualificação nos ambientes de saúde. Qualidade é um
conceito bastante difundido na sociedade nos mais variados
contextos, além disso, a forma como se percebia a
qualidade propriamente dita foi evoluindo com o passar do
tempo e da perspectiva como se olhava esse conceito
(CARVALHO et al., 2019).
Apesar dos modelos abordados na literatura, os quais
descrevem os conceitos sobre qualidade nos ajudarem a
compreender e desenvolver estratégias de melhoria
contínua, garantir a qualidade é uma tarefa complexa
porque os consumidores têm expectativas de qualidade
diferentes, incluindo os pacientes nas instituições de saúde.
Além de que, a gestão da qualidade assume uma
abrangência e complexidade cada vez maior, necessitando
de recorrer a mais áreas de conhecimento (CARVALHO et
al., 2019).
Com isso, as tomadas de decisões devem ser
assertivas, claras e objetivas, com exatidão e eficazes, para
que o impacto seja sentido com menos força pelos
colaboradores com as mudanças realizadas na empresa.
Aliado a isso, as tomadas de decisões devem ter
objetividade e serem precisas para ganhar tempo e impactar
o mínimo possível na reação dos colaboradores às
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

mudanças implementadas nas organizações, assim com a


visão de melhorias nos resultados.
Em outros momentos, as instituições não se
preocupavam muito com esses impactos, o que sempre
importava eram a hierarquia e controle, porém o modo de
agir foi repensado.
Com isso, O objetivo deste estudo é relatar a
experiência vivenciada no hospital privado VITA, na cidade
de Natal-RN sobre as contribuições e desafios do
gerenciamento de enfermagem.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de relato de experiência vivenciado durante um


processo de gestão em um hospital privado em uma cidade do
nordeste do Brasil.
Para fundamentar o estudo foi elaborada uma busca em
bases de dados indexadas à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),
PubMed e SciELO.
Foram selecionados artigos com publicações nos últimos
10 anos para discussão da temática abordada, priorizando
publicações dos últimos 05 anos.
Realizou-se a coleta dos artigos nos meses de agosto, e
Setembro/2022, mediante respectivas plataformas virtuais,
acima mencionadas.
As leituras realizadas viabilizaram definição temática,
além da escolha dos descritores.
Para cada base de dados foi estabelecida uma estratégia
de busca com base na pergunta de pesquisa para fundamentar
cientificamente este estudo.
De maneira complementar, foi consultada a lista de
referências dos artigos incluídos, de modo a garantir que
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

qualquer referência adicional que pudesse ter sido perdida na


busca eletrônica fosse devidamente encontrada.
Além disso, as leituras suscitaram inúmeras reflexões
acerca do assunto, indagando, amadurecendo a ideia da
necessidade de melhorias na assistência em gerenciamento da
enfermagem, especialmente respeitando como arte do cuidar,
a partir de uma pesquisa sistematizada, consultando
publicações recentes, levantando informações acerca do que
vem sendo aplicado a nível mundial, no que se refere a
assistência integral ao cliente e familiares em questão.
Para a seleção dos estudos que atendessem a questão
da pesquisa foram adotados filtros como o estabelecimento de
critérios de inclusão.
Com o desenvolvimento desse estudo, espera-se
clarificar as dificuldade e estratégias que utilizamos para
melhorias no gerenciamento em enfermagem, assim, buscar
entendimento da realidade, elaborar possibilidades de melhoria
da assistência mediante estudo mais aprofundado e meticuloso
acerca de toda problemática encontrada.
Desta forma é imprescindível, a realização de pesquisas
sobre o tema contribuindo para elaboração de trabalhos
científicos, com pluralidade e diversidade de pensamentos,
acreditando que a linha de pesquisa servirá de suporte para o
desenvolvimento de um trabalho, no campo da prática
hospitalar, além da produção de artigos científicos, resumos,
relatos de experiência, capítulos de livros, proporcionando cada
dia mais conhecimento.
Para análise e síntese das evidências, utilizaram-se os
métodos descritivos, realizando-se, ainda, a construção de
quadros sinópticos para caracterização das produções
incluídas e apresentação de resultados.
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Por se tratar de um relato de experiência vivenciado em


um hospital privado de uma cidade do nordeste do Brasil, este
estudo não foi submetido à apreciação por Comitê de Ética em
Pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2021, assumimos a gestão da Coordenação


de Enfermagem de uma Instituição privada de atendimento ao
público, com convênios de saúde e aqueles pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), como complemento para atender a maior
parte das demandas solicitadas.
Essa realidade nos trouxe inquietações e motivações
que levaram a mudança da equipe existente. Ressaltamos que
o processo de atendimento por meio de recursos humanos já
era existente na instituição de saúde e passamos a refletir num
processo mais abrangente, que alcance a qualidade por meio
de recursos humanos diferenciados e houvesse melhorias no
processo gerencial, acarretando em qualidade da assistência e
segurança do paciente e dos profissionais que os assistem. O
intuito é a qualidade de assistência prestada, como um modelo
integral e completo por meio da equipe de enfermagem.
A instituição recebe pacientes com convênios de saúde,
particulares e possui um contrato com o Sistema Único de
Saúde (SUS), ou seja, através de um valor pactuado, por um
pacote estabelecido por contrato.
O Hospital privado é classificado como um Centro de
Cuidados Extensivos (CCE) e tem o intuito de atender aos
pacientes em cuidados paliativos, e demais clínicas com
diagnósticos confirmados.
A partir daí, começamos a observar o fluxo de
atendimento, por meio de recursos humanos e registros já
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

existentes na instituição, e com isso, passamos a fazer uma


reflexão com a pretenção de iniciar um processo mais
abrangente, que pudesse alcançar a excelência no
atendimento, com recursos humanos diferenciados, no qual
possibilitasse melhorias de processos e de qualidade na
assistência prestada, como um modelo integral de saúde,
apartir de um trabalho de qualificação da equipe de
enfermagem.
O Vita foi criado em 2020, e podemos citar que se
caracteriza como um Hospital de Transição. Sua estrutura
física nos apresenta um design leve, humanizado e acolhedor,
com capacidade total de trinta leitos, para internação hospitalar
com funcionamento ininterrupto.
Para Organização Mundial de Saúde desde 1981, que já
era pioneira em avaliar qualidade dos serviços de saúde, a
qualidade é conceituada como atributo, onde são somadas
variáveis desde o nível de excelência profissional, ao uso
eficiente de recursos, tanto estruturais, quanto humanos, afim
de oferecer o mínimo de risco ao paciente/família, ou seja,
visando garantir a segurança dos pacientes e de seus
familiares, como um alto grau de satisfação por parte dos
usuários, considerando-se, essencialmente, os valores sociais
existentes (KURCGANTE; MELLEIRO, 2006).
Para uma melhor compreensão do funcionamento do
hospital, todo o processo se inicia na admissão do paciente, ou
seja, no internamento, a partir daí, este acontece por meio de
um contato prévio, entre a enfermeira do Serviço de Regulação
mais a equipe médica, mediante a soma da triagem da e
análise realizada para verificação do paciente que foi inserido
no Sistema de Regulação do município, com o outro serviço de
saúde que necessita encaminhar o paciente.
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

O perfil dos usuários que necessitam da assistência no


Vita, abrange uma representação de pacientes idosos crônicos,
com estabilidade hemodinâmica e em tratamento paliativo. Um
importante fator a ser ressaltado, é que trata-se de um serviço
pioneiro em nossa cidade.
A estrutura da instituição possui um design diferenciado,
que reflete humanização no atendimento, acolhimento e
ambiência. Possui Janelas de vidros voltadas para um grande
jardim.
A equipe que compõe o quadro de profissionais, é
multidisciplinar, trabalha visando o cuidado centrado no
paciente, e o engajamento da família nesse processo.
Diante desse cenário, vizualizamos uma lacuna existente
no serviço que estava sendo prestado ao nosso paciente, por
parte da equipe de enfermagem, no qual necessitava de
intervenção, intervenção esta que vislumbrava um processo
sistematizado e integral.
Anteriormente, tínhamos uma grande parte dos
profissionais, provenientes de uma cooperativa, onde se
caracterizava como um serviço prestado, “terceirizado”, ou seja,
profissionais eram encaminhados de acordo com a
necessidade do serviço, porém era feito um rodízio, onde não
se tinha a mesma equipe frequentemente, o que possibilitava a
fragmentação da assitência. Esse processo, era um acordo
Institucional, realizado anteriormente à nossa Coordenação.
Para Donabedian (1992), os recursos humanos
compõem um dos tripés da qualidade, que, se geridos com
excelência, garantem a segurança das ações assistenciais.
Nesse ótica, identificamos muitas dificuldades, que
geraram impasses com relação aos profissionais existentes, já
que os mesmos não recebiam capacitações, e não havia idéias
para formação e qualificação profissional.
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Um outro problema vizualisado, foi a alta rotatividade de


profissionais na instituição, o que causava prejuízo no processo
assistencial.
A partir de então, foi feito um planejamento, junto ao
setor administrativo, demonstrando a relevância dessa pauta e
a necessidade da adequação do Serviço de Enfermagem, com
ênfase na melhoria qualidade da assistência e segurança do
paciente.
Realizou-se reuniões com a administração do hospital,
com abordagem sobre o quantitativo de profissionais, mudança
de carga horária da escala vigente, já que a escala era diurna e
noturna seguia os padrão de (12hX36h) em ambos os turnos,
bem como, identificamos que os profissionais existentes na
enfermagem, não tinham sido submetidos ao processo
adequado de recrutamento, com entrevista e análise curricular,
para ingressar na cooperativa, e, em sua grande maioria, eram
acionados apenas por contacto telefônico, antes de realizar a
prestação do serviço, com o agravante de não ter conhecimento
prévio da rotina Instituicional.
Os profissionais que já faziam parte desse contexto,
demonstravam repulsa na aceitação dos novatos e
apresentavam uma postura inadequada, de rejeição, e com
dificuldades de comunicação, além disso, resistentes em seguir
as novas recomendações e protocolos institucionais.
Acreditamos na qualidade assistencial caracterizada por
uma postura profissional ética, aliada ao trabalho em equipe,
com alto grau de competência e responsabilidade para o
exercício profissional.
O uso eficiente dos recursos disponíveis é indispensável
e como consequência disso, redução a um nível mínimo
aceitável dos eventos adversos, decorrentes da assistência
prestada, garantindo com isso, a satisfação dos pacientes
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

quanto às suas expectativas, possibilitando o acesso ao serviço


de saúde, com um efeito mais favorável à população.
Como parte do planejamento proposto, foi realizado no
primeiro momento, a seleção de currículos de maneira
criteriosa, e em seguida a avaliação destes, por fim, entrevistou-
se os candidatos, de maneira sequencial, iniciando pelas novas
contratações.
Para esse momento, optou-se por contar com o apoio
de um profissional habilitado em Recursos Humanos, na
realização deste processo, evitando a ruptura e atraso nos
atendimentos, uma vez que, aconteceu uma mudança
significativa no cenário existente.
A equipe contratada recebeu capacitação e orientações
sobre o funcionamento, normas e rotinas da instituição. A partir
das contratações, conseguimos agregar profissionais mais
experientes, com comportamentos e posturas diferenciadas,
prestando um atendimento de forma mais direcionada ao perfil
dos usuários do nosso serviço.
No que diz respeito ao colaborador, realizou-se o
seu acompanhamento individual, de forma mais efetiva,
possibilitando a este a aquisição de novos conhecimentos,
embasados na ciência, a fim de que seja capaz de oferecer um
cuidado com mais qualidade e segurança.
Com as medidas adotadas, observou-se uma melhora na
relação multiprofissional e consequentemente melhoria na
assistência prestada.
Percebeu-se que o papel do Enfermeiro Gestor no
âmbito hospitalar refuta a sua importância, devido a integração
entre a gestão de recursos humanos e a assistência oferecida
aos seus pacientes.
No contexto do gerenciamento da enfermagem, torna-
se primordial trabalhar algumas competências elencadas a
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

seguir: liderança, comunicação, trabalho em equipe,


pensamento crítico e reflexivo, capacidade de resolução de
conflitos, administração, educação permanente e tomada de
decisão.
Diante disso, ocorre a interligação das atividades
assistenciais, burocráticas e administrativas, visando a melhoria
da qualidade e o desenvolvimento de habilidades importantes
para o contexto da Gestão do Cuidado.
Observoou-se também, que nesse percurso, obteve-se
muitos resultados, sendo eles positivos e negativos. No que
tange os benefícios são eles: melhoria significativa na gestão
do cuidado.
Quanto ao colaborador, pode-se direcionar as
orientações necessárias, com realização de treinamentos
conforme as necessidade existentes, bem como, estimular a
união em todos os turnos.
Em relação aos resultados negativos, teve-se durante o
trajeto, algumas desistências de profissionais da escala, pela
não adaptabilidade ao perfil do paciente em cuidados paliativos.
Diante do exposto, pode-se compreender a importância
do planejamento e avaliação, frente a todo o processo de
coordenação da equipe, como também, a presença de uma
escuta qualificada e adesão da gestão às novas propostas de
mudança, para possibilitar a implementação de melhorias, e
com isso conseguir alcançar o aprimoramento da assistência
em saúde.
Diante disso, refetiu-se sobre investimentos na temática
educacional e também cultural das pessoas, onde acredita-se
que determina grande superioridade das aspirações
profissionais. “A ampliação dos conhecimentos reforça o grau
de independência e aguça a capacidade crítica quanto às
condições existentes, gerando novos desejos e o aumento no
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

potencial de satisfação ou, ao contrário, da frustração, das


pessoas” (MAXIMINIANO, 2000).
A motivação que levou as autoras a desenvolvê-lo foi ao
vivenciar experiências como profissional estar envolvida numa
gestão onde presencia-seatendimento com qualidade e eficaz.

Pretende-se ajudar os gestores nas tomadas de


decisão para a melhoria e desenvolvimento do clima interno
da empresa. Fazer Gestão em recursos humanos, não é
simplesmente gerir, é Gerenciar o cuidado e fazer um
processo que significa efetivar.
Acredita-se numa qualidade assistencial
caracterizada por uma postura aliada a um alto grau de
competência para o exercício profissional, uso eficiente dos
recursos.
Como consequência disso, redução a um nível
mínimo de eventos adversos e/ou decorrentes da
assistência, satisfação dos clientes/pacientes quanto às
suas demandas, expectativas e acesso aos serviços de
saúde, e um efeito favorável na saúde da população.
Avedis Donabedian, médico considerado pioneiro no
estudo da qualidade nos cuidados de saúde, diz que “a mais
elevada qualidade de cuidados é aquela que realiza a melhor
expectativa na melhoria do estado de saúde, sendo a saúde
definida de forma abrangente para incluir a dimensão física,
fisiológica e psicológica” (DONABEDIAN, 2013. p.247).

CONCLUSÕES

Durante a experiência vivenciada identificou-se falhas na


prestação do cuidado devido a seleção inadequada e elevada
rotatividade dos profissionais de enfermagem e consequente
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

desconhecimento dos protocolos e rotinas institucionais,


comprometendo a assistência.
Firmamos que as contribuições e desafios do
gerenciamento de enfermagem são inúmeras, porém nesse
relato, percebemos que a substituição por recursos humanos
sistematizado e capacitado, foi o grande divisor de águas para
as meçhorias e qualidade de serviço para instituição
pesquisada.
Percebe-se que o gerenciamento pode trazer eficácia,
qualidade e segurança nos processos de gestão por meio das
melhorias implementadas.
Entendemos que a reflexão crítica para os gestores e
atuantes na prática diária com qualidade do cuidado em saúde
podem contribuir com ensino e qualidade doo serviço.
Esta perspectiva torna-se relevante aos serviços de
saúde, onde haja gerenciamento de enfermagem, sendo a
maior categoria na saúde.
Acredita-se numa qualidade assistencial caracterizada
por uma postura aliada há um alto grau de competência para o
exercício profissional, uso eficiente dos recursos e como
consequencia disso, redução a um nível mínimo de eventos
adversos ou/e decorrentes da assistência, satisfação dos
clientes/pacientes quanto às suas demandas, expectativas e
acesso aos serviços de saúde, e um efeito favorável na saúde
da população.

Ademais, é imperioso afirmar que essa experiência


proporcionou o aprimoramento dos saberes e competências do
enfermeiro gestor.
Esta perspectiva torna-se relevante aos serviços de
saúde, onde haja gerenciamento de enfermagem, sendo a
maior categoria na saúde. Ressalta-se que os profissionais
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

existentes, demonstravam postura inadequada, com


difículdades de comunicação, e resistentes em seguir as
normas e os protocolos da instituição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DO GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM:UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/1508
3. Acesso em: 17 out. 2022.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos órgãos de fomento, CAPES, CNPQ e


FACEPE. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ao
Departamento de Química Fundamental (dQF) pelo apoio
prestado.
ENFERMAGEM EM
ONCOLOGIA
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

CAPÍTULO 8

MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO


COM SINTOMAS DEPRESSIVOS
Lucas Nunes MEDEIROS 1
Ana Elisa da Costa MOURA 1
Anna Helen Silva LIMA 1
Thaíse Alves BEZERRA ²
1
Graduandos do curso de Enfermagem, UEPB; ² Orientadora/Doutora em Enfermagem/
Professora do Departamento de Enfermagem/UEPB.
lucasflm200@gmail.com

RESUMO: Os diagnósticos e tratamentos de câncer


influenciam no suprimento das necessidades humanas básicas,
podendo causar transtornos psicológicos, como sintomas
depressivos. Este estudo objetivou identificar quais são as
principais intervenções/cuidados realizados aos pacientes com
câncer e sintomas depressivos. Trata-se de uma revisão
integrativa da literatura, a busca foi realizada nos idiomas
português, inglês e espanhol, considerando artigos publicados
nos últimos cinco anos nas bases de dados vinculadas à
plataforma do Centro Latino-Americano e do Caribe em
Ciências da Saúde. Para isso, foram utilizados os Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS): “Neoplasias”, “Depressão”,
“Cuidados de Enfermagem”; “Depressão”, “Cuidados de
Enfermagem”, juntos do operador booleano “AND”. Após a
aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram
selecionados 8 trabalhos. Os estudos apontaram a constante
presença de sintomas depressivos em pacientes oncológicos, e
consequentemente, o potencial negativo sobre o estado quadro
clínico geral e mental do paciente, tendo em vista o aumento
das necessidades biopsicossociais ocasionado pela patologia
depressiva. Assim sendo, o profissional de enfermagem é
indispensável na apropriação do conhecimento científico e o
processo de enfermagem como ferramentas para realizar
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

assistência adequada e as principais intervenções a estes


pacientes, com ênfase na educação em saúde a esse grupo.
Os estudos destacaram que a Enfermagem atua na prevenção,
no diagnóstico, no tratamento e na prevenção, pode-se
perceber a importância dos cuidados de enfermagem dentro do
processo de assistência e manejo aos pacientes oncológicos
com sintomas depressivos, bem como sua relevância nas
práticas na melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
Palavras-chave: Neoplasias. Depressão. Cuidados de
Enfermagem.

INTRODUÇÃO

Os diagnósticos de câncer representam um grande


desafio para a saúde pública, os danos causados pelos
distúrbios oncológicos podem ser irreversíveis, principalmente
quando a doença é detectada em estágio avançado (INCA,
2019).
O câncer ou neoplasia pode ser definido como um grupo
de distúrbios que se desenvolvem no corpo humano gerando
alterações sistêmicas importantes para à saúde, designam o
crescimento anormal e descoordenado de células de diversos
tipos de tecidos. Podem ser divididas em neoplasias benignas;
aquelas que não se disseminam para além da sua origem, ou
malignas; aquelas que se disseminam para além da sua origem
podendo produzir uma nova lesão através de metástase
(KUMAR et al., 2016).
No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer,
indicam que durante o triênio de 2020 a 2022, 625 mil novos
casos de câncer teriam surgido a cada ano (INCA, 2019). Os
pacientes oncológicos desde o período de suspeita do
diagnóstico até o tratamento desenvolvem alguns desconfortos
e possíveis complicações, sendo elas dor, fadiga, náusea,
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

sonolência, ansiedade e depressão (CHOW et al., 2019).


Dentre estas complicações, a depressão e ansiedade são
achados comuns encontrados principalmente em pacientes
submetidos a procedimentos radicais (DE LIGT et al., 2019).
Notadamente os transtornos depressivos nestes
pacientes são mais comuns, segundo Caruso (2017, p.152),
estas condições são mais prevalentes em pacientes com
câncer de duas a três vezes em relação à população em geral
sem este adoecimento, variando de acordo com o tipo de
câncer e contextos das doenças, mais evidente em casos
avançados, porém não apenas nessas situações deve-se levar
em consideração o adoecimento mental, os sofrimentos
psicológicos também são observados em casos não avançados
(FERRARI, 2019).
Entre os vários tipos de cuidados oferecidos aos
pacientes, os cuidados paliativos, objetivam a prevenção e
alívio do sofrimento seja ele físico, psicológico, social, cultural,
espiritual, considerando os valores do paciente e familiares
(OMS, 2016).
Os cuidados paliativos devem ser direcionados a
pacientes com problemas crônicos e situações complexas de
saúde que tornem as atividades da vida diária dificultosas assim
como os pacientes em processo de morte e morrer. Ademais,
como preconizado pela Organização Mundial da Saúde (2016),
os cuidados de enfermagem se tornam relevantes no processo
de saúde-doença em cuidados paliativos, principalmente
orientados nos estabelecimentos de cuidados primários à
saúde.
Por mais que o apoio psicossocial seja preconizado
durante o atendimento a pacientes em cuidados paliativos, esta
variável pode ser utilizada em diversos outros modos de
cuidado. Entretanto, ainda se discute o que vem a ser o apoio
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

psicossocial, já que não há consenso entre profissionais,


podendo significar diversos tipos de intervenções junto ao
paciente, sendo necessário que mais pesquisas sejam
desenvolvidas relacionadas à esta temática como forma de
prover evidências orientadoras do cuidado (KOZLOV, 2018).
Um campo amplo no cuidado a pacientes em cuidados
paliativos são as práticas alternativas e complementares em
saúde, entre elas, a musicoterapia, a qual possui evidências na
redução de sintomas depressivos em pacientes idosos com
doenças crônicas, podendo ser utilizada pela equipe de
enfermagem a baixo custo e com poucos riscos ao paciente,
também de diferentes formatos de intervenção (cantando,
ouvindo músicas e utilizando práticas com instrumentos
musicais em grupos controlados) (QUACH et al., 2017).
Alguns desafios também se fazem presentes em
pacientes com distúrbios psicológicos já instalados e em
cuidados paliativos de câncer, o tempo aumentado de
intervenções psicológicas pode causar maior estresse e menor
resultado junto a esses pacientes, sendo necessário maior
frequência e menor intensidade devido às condições clínicas
dos pacientes (FULTON et al., 2018).
Destarte, surge a seguinte pergunta: Quais as
possibilidades de intervenções terapêuticas em pacientes com
câncer e sintomas depressivos? Neste sentido, o presente
estudo objetivou identificar quais são as principais
intervenções/cuidados realizados aos pacientes com câncer e
sintomas depressivos.

MATERIAIS E MÉTODO

O estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da


literatura científica dos últimos cinco anos realizada no período
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

de setembro e outubro de 2022, nas bases de dados Biblioteca


Virtual em Saúde (BVS) vinculada ao Centro Latino-Americano
e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME),
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLINE) e na Base de Dados de Enfermagem
(BDENF – Enfermagem).
Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados
foram: “Neoplasias”, “Depressão”, “Cuidados de Enfermagem",
junto do operador booleano “AND”; “Depressão”, “Cuidados de
Enfermagem” junto do operador booleano “AND”. As etapas
metodológicas escolhidas seguiram a identificação do
problema, estabelecimento de critérios de inclusão/exclusão de
artigos com seleção de amostra, definição das informações a
serem extraídas dos artigos selecionados, análise dos
resultados, apresentação e discussão da revisão (GANONG,
1987; WHITTEMORE, KNAFL, 2005).
Para seleção dos artigos foram elencados os seguintes
critérios de inclusão: textos na íntegra, publicados nos últimos
cinco anos, relacionados ao objetivo do estudo, disponíveis nos
idiomas: português, inglês e espanhol. Os critérios de exclusão:
artigos repetidos e que não atendessem ao objetivo do estudo.
Inicialmente foram encontrados 7.712 estudos, após a
aplicação dos critérios, 8 estudos foram selecionados (Figura
1).
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

Figura 1. Fluxograma da seleção dos registros na literatura


contendo as etapas desenvolvidas no estudo.

Fonte: elaborado pelos autores, baseado no modelo PRISMA (PAGE et al.,


2021)

A análise dos dados se deu pela leitura dos títulos e


resumos completos dos artigos durante a triagem, já os
trabalhos elegíveis passaram por leitura na íntegra e em
seguida foram selecionados os artigos incluídos. Os artigos
foram agrupados de acordo com a metodologia utilizada e após
isto foram realizadas as análises, interpretações e teorização
dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para relacionar os artigos que compõem esta revisão, foi


elaborado um quadro, contendo os seguintes componentes:
autores/ano de publicação, título, tipo de estudo/número de
participantes, objetivos e principais resultados (Quadro 1).
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

Quadro 1. Descrição dos artigos selecionados segundo/ano de


publicação, título, tipo de estudo/número de participantes,
objetivo e principais resultados.
AUTOR/ ANO TÍTULO TIPO DE OBJETIVOS PRINCIPAIS
DA DO ESTUDO/ RESULTADO
PUBLICAÇÃO ARTIGO NÚMERO DE S
PARTICIPANT
ES

HO et al., Estudo Em média 46%


2018. Relationshi transversal Avaliar a das crianças e
ps among com um total fadiga e 48% dos
fatigue, de 400 fatores adolescentes
physical sobreviventes associados apresentam
activity, de câncer a pacientes sintomas
depressive infantil (7 a 18 sobrevivente relacionados à
symptoms, anos). s de câncer fadiga,
and quality infantil e demonstrando
of life in como pode uma menor
Chinese influenciar qualidade de
children para o vida e chances
and surgimento para sintomas
adolescent de sintomas de possuírem
s surviving depressivos. sintomas
câncer. depressivos
autorreferidos.

DOUBOVA; Association Estudo Comparar a A maioria das


PEREZ- of transversal em prevalência mulheres
CUEVAS, supportive um hospital de relataram
2020. care needs público de depressão, necessidade
and quality oncologia na as de cuidados de
of patient‐ cidade do necessidade suporte e ter
centered México. s de essas
cancer care Contabilizando cuidados de necessidades
with 247 pacientes suporte e não
depression ambulatoriais qualidade do correspondidas
in women com câncer de cuidado do pode
with breast mama e 165 câncer em corroborar
and com câncer mulheres para
cervical colo de útero, com câncer problemas
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

cancer in todos maiores de mama e biopsicossociai


Mexico. de 18 anos e mulheres s. Além disso,
com menos de com câncer o estudo
5 anos de de ovário. revelou que as
diagnóstico. Os pacientes com
pacientes câncer de colo
foram de útero são
submetidos a mais prováveis
um formulário a depressão
curto centrado quando
na qualidade comparado
de cuidado do com o câncer
câncer de mama.
(Supportive
Care Needs
Survey) e
Hospital
Anxiety and
Depression
Scale, medindo
os níveis de
ansiedade e
depressão.

FANN et al., Psychosoci Ensaio clínico O uso da Os índices de


2016. al randomizado tecnologia depressão
outcomes com total de para facilitar foram menores
of an 581 o e observou-se
electronic participantes autocuidado uma melhora
self-report elegíveis (292 e no
assessmen no controle e comunicaçã funcionamento
t and self- 289 na o com social do grupo
care intervenção). profissionais de intervenção
intervention de saúde comparado ao
for patients com o grupo de
with potencial de controle.
cancer: a melhorar
randomized aspectos
controlled psicossociai
trial. s em
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

pacientes
com câncer.

VON Dyadic Ensaio clínico Avaliar se a A intervenção


HEYMANN- coping in randomizado intervenção aumentou
HORAN, A. et specialized com 258 em cuidados significativame
al, 2019. palliative pacientes paliativos nte o
care diagnosticados realizada por enfrentamento
intervention com câncer enfermeiros comum em
for patients incurável. melhora o pacientes e
with enfrentamen cuidadores
advanced to do casais e
cancer and paciente e cuidadores
their seu cuidador parceiros.
caregivers: em relação
Effects and ao quadro
mediation clínico do
in a paciente.
randomized
controlled
trial.

FELDSTAIN et The Análise Observar se Uma tendência


al., 2017. longitudinal secundária de a linear com
course of dados dos sintomatolog redução
depression pacientes que ia da significativa
symptomat participaram da depressão dos sintomas
ology Escala de permaneceu depressivos,
following a Rastreio reduzida de modo que
palliative Hospital após 3 os pacientes
rehabilitatio Anxiety and meses do que usufruem
n program Depression fim do de programas
Scale (HADS) Programa de de reabilitação
após o Reabilitação paliativa
Programa de Paliativa de podem ter a
Reabilitação Ottawa. sintomatologia
Paliativa de aliviada.
Ottawa.

FERRARI, Relationshi Estudo Avaliar as As maiores


Martina et al., ps among observacional correlações necessidades
2019. unmet transversal entre relatadas pelos
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

needs, com necessidade pacientes


depression, abordagem s não foram
and anxiety qualitativa com atendidas e melhores
in non- a participação sofrimento informações
advanced de 300 emocional acerca de seus
cancer pacientes (ansiedade e problemas
patients. diagnosticados depressão futuros e de
com câncer. autorrelatad melhores
as) em serviços de
coorte saúde. Além
consecutiva. disso,
pacientes do
sexo feminino
apresentaram
índices mais
elevados para
a incidência de
ansiedade e
depressão.

KIM; PARK, Factors Estudo Examinar a Os pacientes


2021. affecting quantitativo ansiedade e internados em
anxiety and descritivo com depressão hospitais que
depression um em possuem
in young questionário pacientes práticas
breast aplicado em recebendo alternativas e
cancer 128 radioterapia. complementar
survivors participantes es possuem
undergoing com mais de menores
radiotherap 50 anos com índices de
y câncer de depressão e
mama em ansiedade.
radioterapia. Além disso,
evidencia a
Educação em
Saúde como
importante
prática de
intervenção de
enfermagem
com intuito de
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

reduzir os
níveis de
incerteza do
paciente e
aumentar a
aceitação ao
tratamento.

KIM et al., A Ensaio clínico Desenvolver Em


2017. psychologic randomizado programa de comparação
al com total de 60 intervenção ao grupo de
intervention participantes. com controle, o
programme liderança de grupo de
for patients profissionais intervenção
with breast de apresentou de
cancer enfermagem modo
under e avaliar significativo
chemothera seus efeitos menor
py and at a no perturbação de
high risk of sofrimento humor,
depression: psíquico em ansiedade e
A pacientes depressão,
randomised diagnosticad além de
clinical trial. as com melhora geral
câncer de no estado
mama em mental.
tratamento
quimioterápi
co e com
alto risco de
depressão.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Após a análise dos estudos selecionados, nota-se que a


enfermagem tem um papel imprescindível com relação ao
cuidado aos pacientes oncológicos com sintomas depressivos.
Esses profissionais possuem maior contato com os pacientes
com câncer, por isso devem desenvolver competências e
habilidades para articular os cuidados paliativos e o suporte
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

psicopedagógico para dar continuidade à terapia, garantindo


melhor qualidade de vida ao paciente e familiares (KIM et al.,
2018).
Ademais, os achados colocam em evidência a
importância da abordagem integral ao paciente. Assim, torna-
se ainda mais esclarecedor a relevância da equipe
multidisciplinar, o papel do profissional de enfermagem e sua
assistência neste contexto. Com base nos dados apresentados,
conclui-se que a integração de profissionais de psicologia nos
serviços de saúde também oferece uma guia direta ao paciente
em diagnóstico ou identificação de problemas psicológicos
(FELDSTAIN; LEBEL; CHASEN, 2017).
Doubova, Perez-Cuevas (2020) evidenciaram, após
análise das pacientes femininas, que a partir do diagnóstico da
doença, os indivíduos podem passar por uma grande
modificação no modo como compreende o corpo, no desejo de
manter o cotidiano, bem como a forma como compreende o
tempo de vida e demais questões existenciais, assim como as
relacionais.
Ao longo do tratamento de pessoas com câncer, o
estresse emocional pode surgir de forma a afetar os sinais
vitais, sendo necessário incluir na prática condutas de triagem
para avaliação de sintomas depressivos, considerando as
especificidades do paciente em tratamento como forma de
controle. No estudo desenvolvido por Ferrari et al. (2018),
pacientes em sofrimento psicológico também relataram
necessidades de apoio psicossocial, necessidades de cuidados
centrados no indivíduo e de ter contato com pessoas que
passaram pelo mesmo tipo de experiência, evidenciando a
relevância da inserção de métodos de análise das
necessidades psicossociais nas consultas. Assim como a
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

necessidade de considerar grupos de autoajuda como uma


opção na resolução do sofrimento psicológico.
Em uma intervenção de enfermagem psiquiátrica
realizada em pacientes com câncer de mama em quimioterapia
com risco de desenvolvimento de transtorno de humor
depressivo, observou-se que pacientes obtiveram em relação
ao grupo controle menores distúrbios de humor, sendo
necessário assim, que enfermeiros em oncologia liderem
intervenções educativas de modo a diminuir riscos de
desenvolvimento desta condição (KIM et al., 2018).
Desse modo, o paciente oncológico possui necessidades
que devem ser abordadas e acompanhadas pelos profissionais
da enfermagem, com a finalidade de compreender o paciente
em sua integralidade, considerando suas necessidades. Para
isso, os profissionais devem estabelecer uma comunicação
eficaz, adaptando às suas características educacionais e
clínicas, tornando o paciente o centro do cuidado e não a
doença (DOUBOVA; PÉREZ-CUEVAS, 2020).
Nesta perspectiva, ainda segundo Doubova e Perez-
Cuevas (2020) o cuidado centrado no paciente associou-se à
redução nas chances de desenvolvimento de sintomas
depressivos de mulheres com câncer de cervical e câncer de
mama no México, já pacientes com necessidades de suporte
não atendidas possuíram maiores chances de desenvolvimento
da doença. Por conseguinte, a equipe de enfermagem deve-se
atentar às necessidades dos pacientes de forma a promover o
reconhecimento das suas preferências, valores e necessidades
em saúde.
O estudo desenvolvido por Feldstain, Lebel e Chasen
(2017) demonstrou que o desenvolvimento e fortalecimento das
estruturas de cuidados, produzem efeitos positivos na
assistência ao paciente. Os autores evidenciaram o Programa
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

de Reabilitação Paliativa de Ottawa, realizada com pacientes


oncológicos em paliação e com expressão de sintomas
depressivos, desenvolvia atividades individuais e coletivas
durante oito semanas, visando o acalento psicológico dos
pacientes e, assim, conseguiu reduzir significativamente os
sinais e sintomas da depressão.
Outrossim, segundo o ensaio clínico randomizado
realizado por Von-Heymann-Horan et al. (2019) a vida
estressante de lidar com a situação do câncer avançado exige
que pacientes e cuidadores enfrentem a mesma
individualmente e juntos, principalmente quando relacionado ao
aporte e aspecto psicossocial de ambos. Para minimização da
problemática, o estudo traz como resultado a comunicação
como essencial, tanto para o vínculo paciente-cuidador, bem
como para o binômio paciente-profissional, uma vez que, tal
abertura e incentivo à comunicação também deve ser estendida
caso indicado ao paciente o acompanhamento psicológico.
Algumas condições naturalmente relacionadas ao
tratamento do câncer podem influenciar para que os pacientes
desenvolvam sintomas depressivos. Segundo Ho et al. (2018)
a fadiga, relacionada ao efeito tardio mais debilitante do câncer,
causa diversas alterações no cotidiano do paciente. Por essa
razão, questões biopsicossociais são evidenciadas no
acompanhamento e tratamento do câncer.
Diante disso, a enfermagem deve atuar identificando os
fatores psicológicos que desencadeiam a depressão e
desenvolvendo intervenções que possibilitem minimizar as
consequências destes sofrimentos psíquicos (KIM; PARK,
2021). Isto sendo corroborado ainda mais sob a perspectiva da
teoria de enfermagem das necessidades humanas básicas,
desenvolvida pela enfermeira Wanda de Aguiar Horta (1979),
tornando-se evidente a existência do metaparadigma da
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

enfermagem a guiar e promover o suprimento das


necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais
norteadas pela organização hierárquica das mesmas.
Nesse ínterim, observa-se a importância da utilização
efetiva do Processo de Enfermagem, pois as terminologias
padronizadas em enfermagem, devem ser utilizadas para
estabelecer os diagnósticos, intervenções e resultados da
assistência. Ademais, segundo Kim et al. (2018), enfermeiros
podem desenvolver, liderar e supervisionar programas de apoio
aos pacientes no manejo de sintomas e incentivo à prática da
expressão de sentimentos e métodos de comunicação eficazes
para manter-se vínculos na busca de melhora do seu quadro
clínico e psicossocial.
Destarte, os resultados do estudo apontam que o manejo
destes pacientes deve seguir o princípio da manutenção e
promoção da qualidade de vida, especialmente em situações
de hospice. Observando nestes cuidados parâmetros
fisiológicos, psicológicos, sociais e espirituais (OMS, 2016).
Ademais, as questões físicas podem ser afetadas ainda,
pela presença de iatrogenias causadas ao decorrer dos
tratamentos como a neurotoxicidade periférica motivadas
devido à quimioterapia, gerando neuropatias, fadiga e demais
sintomas (HO et al., 2018). Sob a perspectiva do cuidado
abrangente a família outro ponto importante é a comunicação,
pois eles precisam compreender os prognósticos e os cuidados
que devem ser adotados, além de ter consciência da situação
(VON HEYMANN-HORAN et al., 2019).

CONCLUSÕES

Portanto, compreende-se que existe a constante presença


de sintomas depressivos em pacientes oncológicos, decorrente
MANEJO DO PACIENTE ONCOLÓGICO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS

das diversas condições que o tratamento determina, como a


fadiga, a longevidade dos efeitos dos procedimentos e a
interrupção do cotidiano evidenciado pelo aumento das
necessidades biopsicossociais.
Assim, pode-se perceber a importância do profissional de
enfermagem, importante integrante na equipe multidisciplinar,
cujo deve destinar seus cuidados de forma integral, entendendo
o paciente em todas as suas necessidades e destinando às
intervenções mais eficientes para o acompanhamento e
diminuição dos sintomas. Destas podem ser destacadas:
triagem para avaliação de sintomas de transtornos mentais,
programas de reabilitação paliativos, Educação em Saúde,
Educação Permanente e Continuada, de modo que a realização
dessas ações possa produzir efeitos positivos no quadro clínico
dos pacientes oncológicos com sintomas depressivos.

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.
ENFERMAGEM EM
TERAPIA INTENSIVA
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

CAPÍTULO 9

ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE


MENTAL DE ENFERMEIROS QUE ATUAM
EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA:
REVISÃO DE ESCOPO

Maria Améllia Lopes CABRAL1


Thaís Brunna Maurício PINHEIRO1
Ana Paula França da SILVA¹
Pedro Lucas Oliveira de ARAÚJO¹
Daniele Vieira DANTAS²
1Graduandos do curso de Enfermagem, UFRN; 2Orienadora/Professora do
DENFER/UFRN.

RESUMO: No auge da pandemia da COVID-19, uma taxa


importante de problemas de saúde mental foi notada entre os
profissionais de enfermagem envolvidos nos cuidados críticos
dos pacientes, como por exemplo, estresse, ansiedade, medo
e insônia. Este trabalho justifica-se pela necessidade e
importância da reflexão acerca da jornada de trabalho dos
profissionais de enfermagem nas UTIs e como ela interfere na
sua saúde mental. Este estudo tem como objetivo mapear os
aspectos que interferem na saúde mental de enfermeiros que
atuam em Unidades de Terapia Intensiva. Trata-se de uma
revisão de escopo que segue as recomendações do JBI e o
checklist do Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-
ScR). Foram encontrados 4.855 artigos científicos e 17 estudos
foram selecionados para compor a amostra final. Alguns
padrões foram notados entre os resultados, dentre eles,
questões relacionadas à pandemia da COVID-19, à jornada de
trabalho, à gestão de recursos humanos e materiais, como
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

também as relações interpessoais com os pacientes e a equipe,


questões de gênero, idade e outros fatores pessoais. Este
artigo abre luz para a expansão de pesquisas na área, uma vez
que, pode-se entender de forma mais minuciosa a causalidade
das perturbações mentais nos profissionais enfermeiros da UTI,
além de refletir sobre novas formas de enfrentamento ou
soluções para estes problemas.

Palavras-chaves: Área de Saúde Mental. Enfermeiro. Unidade


de Terapia Intensiva.

INTRODUÇÃO
As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são
especializadas em pacientes com condições de ameaça de
vida, requerendo serviços e monitorização contínuas. Os
profissionais envolvidos na UTI são responsáveis por tarefas e
equipamentos complexos. Nesse contexto, os enfermeiros que
trabalham na UTI precisam ter atenção direcionada, prontidão
para todas as necessidades dos pacientes e familiares e
raciocínio clínico em situações críticas (CHANG et al., 2019).
Então, uma vez que, os profissionais de saúde devem
estar presentes física e mentalmente ao longo de todo o turno
na UTI, a intensa cobrança leva ao esgotamento,
principalmente quando somado a outros fatores determinantes,
saúde, humor, questões familiares ou pessoais.
Consequentemente, os enfermeiros podem desenvolver
estresse, síndrome depressiva, ansiedade, insônia e
irritabilidade (SHEN et al., 2020)
Perante o exposto, este trabalho justifica-se pela
necessidade e importância da reflexão acerca da jornada de
trabalho dos profissionais de enfermagem nas UTIs e como ela
interfere na sua saúde mental. Além disso, contribui para a
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

comunidade científica, acadêmica e saúde pública, uma vez


que pode auxiliar criação de novos protocolos e modelos de
assistência. Ademais, a compreensão dos fatores que
influenciam na saúde mental dos profissionais possibilita
promoção da segurança e bem-estar do paciente, além do
equilíbrio e confiança no ofício dos enfermeiros.
Diante desta conjuntura, este estudo tem como objetivo
mapear os aspectos que interferem na saúde mental de
enfermeiros que atuam em Unidades de Terapia Intensiva.

MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de uma revisão de escopo e segue as
recomendações do JBI e o checklist do Preferred Reporting
Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for
Scoping Reviews (PRISMA-ScR) (PAGE et al., 2021). A revisão
seguiu as etapas de elaboração dos objetivos e da questão de
pesquisa; desenvolvimento dos critérios de inclusão e de
exclusão; identificação de evidências a partir da busca; seleção
de estudos; mapeamento dos dados dos estudos selecionados;
coleta, síntese e descrição dos resultados (PETERS, 2020).
A priori, realizou-se buscas para identificar revisões de
escopo com temáticas semelhantes nas plataformas:
International Prospective Register of Systematic Reviews
(PROSPERO), Open Science Framework (OSF); The Cochrane
Library, JBI Clinical Online Network of Evidence for Care and
Therapeutics (COnNECT+) e Database of Abstracts of Reviews
of Effects (DARE). E, constou-se a inexistência de estudos com
o mesmo objetivo desta pesquisa, firmando a importância desta
revisão, com a elaboração do protocolo registrado no Open
Science Framework (OSF) (https://osf.io/8e3r7/).
Para a construção da questão de pesquisa, utilizou-se a
estratégia mnemônica PCC (P=Population, C= Concept, C=
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

Context), sendo a População: Enfermeiros; Conceito: Saúde


mental e o Contexto: Unidades de terapia intensiva. Assim,
formulou-se a seguinte questão norteadora: “Quais os principais
aspectos que interferem na saúde mental de enfermeiros que
atuam em unidade de terapia intensiva?”
A busca ocorreu em 11 fontes de dados: Catálogo de
Teses e Dissertações (CAPES), Cumulative Index to Nursing
and Allied (CINAHL), Cochrane library, Google Schoolar,
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), National Library of Medicine and National Institutes of
Health (PUBMED), Scientific Electronic Library Online
(SCIELO), Science Direct, Elsevier's Scopus (SCOPUS), Web
of Science e Wiley.
Os descritores utilizados basearam-se no Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings
(MeSH): “Enfermeiros/Nurses”, “Profissionais de
Enfermagem/Nurse Practitioners”, “Saúde mental/Mental
Health”, “Unidades de Terapia Intensiva/Intensive care Units”.
No cruzamento, foram utilizados os operadores booleanos
“AND” e “OR”, obedecendo às particularidades de cada fonte.
A busca foi realizada no Portal de Periódicos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
através do acesso remoto pela plataforma Comunidade
Acadêmica Federada (CAFe), ferramenta disponibilizada pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Os critérios de inclusão adotados foram: publicações
disponíveis na íntegra, em qualquer idioma e com recorte
temporal de cinco anos, abrangendo artigos, dissertações,
teses, portarias ministeriais e guidelines. Excluídos estudos que
não tratam do tema ou de Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
ou que tratam de UTI neonatal/pediátrica, realizados sobre os
pacientes e não sobre os profissionais, além de editoriais, carta
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

ao editor e artigos de opinião. Vale ressaltar que os estudos


duplicados foram contabilizados apenas uma vez na primeira
base pesquisada.
Realizou-se a busca em setembro de 2022
simultaneamente, por dois pesquisadores, de forma
independente, utilizando diferentes dispositivos eletrônicos. Os
pesquisadores foram treinados quanto aos critérios de seleção
e seguiram o protocolo elaborado para o estudo de revisão.
Houve a primeira seleção por meio da leitura de títulos e
resumos e, após inclusão desses estudos, uma segunda
seleção foi feita para compor a amostra final com a leitura na
íntegra dos estudos e escolha daqueles que respondiam à
questão norteadora. E nos casos de divergência na seleção de
estudos, um terceiro pesquisador analisou o artigo na íntegra
para decisão final de inclusão ou exclusão. Ressalta-se que foi
realizado busca reversa nos artigos selecionados a fim de
identificar estudos relevantes para compor a amostra final.
Os estudos que compuseram a amostra foram lidos de
forma integral. Os resultados foram categorizados em um
quadro com as seguintes variáveis: identificação do estudo,
autor, ano, país, objetivo, fatores influenciadores da saúde
mental e tipo de estudo. Aplicou-se a estrutura PAGER à etapa
de análise de dados, a fim de melhorar a qualidade do relatório
dos achados evidenciados nos estudos, tal estrutura destaca os
seguintes elementos: Padrões, Avanços, Lacunas, Evidências
de Prática e Recomendações de Pesquisa, numa tabela
adaptada no estudo de Bradburry-Jones et al. (2021).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das buscas realizadas nas fontes de dados,
foram encontrados 4.855 artigos científicos e 17 estudos foram
selecionados para compor a amostra final, conforme
apresentado pelas etapas na Figura 1.
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

Fluxograma 1. Esquema da busca e análise dos artigos


pesquisados nas bases de dados. Natal/RN, 2022
Identificação de estudos por meio de bancos Identificação de estudos
de dados e registros por outros métodos

Registros identificados, por


bases de dados:
Artigos
Identificação

Catálogo de Teses e incluídos por


Dissertações (n=69) busca reversa
CINAHL (n=1) (n= 0)
Registros removidos
COCHRANE (n=3) antes da triagem:
Google Schoolar (n=270) Registros duplicados
LILACS (n= 0) removidos (n=21)
PUBMED (n= 4.024) Indisponíveis pelo
SCIELO (n= 0) acesso (n=1.005)
Science Direct (n=10)
SCOPUS (n= 350) Artigos
Web of Science (n= 111) recuperad
Wiley (n=17) os
(n= 0)
Artigos excluídos
por não estarem
relacionados com a
temática/não
Artigos Triados por base atenderem aos
Triagem

de dados critérios de inclusão


(n= 4.855) (n = 4.815) Artigos
avaliados
para
Total elegibilida
Artigos(n= 19.034)
avaliados para de
Elegibilidade (n= 0)
Não responderam à
(n= 40)
questão de pesquisa
(n= 23)

Estudos incluídos na
Inclusão

revisão:

PUBMED (n=6), Scopus


(n=3) Web of Science (n=8)

(n = 17) Fonte: CABRAL et al., 2022.


ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

A busca de artigos resultou em 17 estudos selecionados


a partir dos critérios de inclusão e exclusão. Sendo, seis artigos
selecionados na base de dados do Pubmed, três artigos
selecionados na Scopus e oito artigos selecionados na Web of
Science. Destes artigos, um é uma revisão sistemática, um é
um estudo misto e 15 são estudos observacionais.
O Quadro 1, exibe a categorização dos estudos
referentes à amostra final, de acordo com identificação do
estudo, autor, ano, país, fatores influenciadores da saúde
mental e tipo de estudo.

Quadro 1. Descrição dos artigos incluídos na revisão. Natal,


Rio Grande do Norte, Brasil, 2022.
ID/ Autor/ Fatores influenciadores na saúde mental Tipo de
Ano/ País estudo

E1/ Crowe Rápida mudança de políticas e informações; Misto


et al./ 2020/ comunicação opressiva e não clara;
Canadá conhecer as novas necessidades dos
pacientes enquanto se mantém seguro;
gerenciar compromissos pessoais e de casa
para si mesmo e família.

E2/ Silva et Falta de material necessário, plantões Observacional


al./ 2020/ noturnos, trabalho em ambiente insalubre,
Brasil falta de recursos humanos, baixa
remuneração, falta de reconhecimento e
excesso de trabalho.

E3/ Medo de se infectar/reinfectar com a Observacional


Tamrakar et COVID-19, insatisfação no trabalho,
al./ 2021/ necessidade de mais treinamento acerca da
Nepal COVID-19.

E4/ Laurent Zonas de alta intensidade, carga de Observacional


et al./ 2021/ trabalho, gestão de recursos humanos,
França cuidado prestado sob condições sub-ótimas
ou conflituais. Além disso, ser mulher e ter
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

fatores de risco para COVID-19.

E5/ Kaushik Hospitais privados, conflitos com médicos e Observacional


et al./ 2021/ pacientes, falta de valorização,
Índia reconhecimento, qualidade do sono, baixo
salário e sobrecarga do trabalho.

E6/ Belash Idade, horas de trabalho por semana, Observacional


et al./ 2021/ gravidez, pacientes que precisam de
Irã cuidados paliativos, participações em
operações de reanimação, observação de
mortes e insatisfação com os equipamentos
de proteção individual (EPI).

E7/ Adaptação na UTI COVID-19, medo de Observacional


Stocchetti transmitir o vírus para seus familiares e
et al./ 2021/ longos turnos de trabalho.
Itália

E8/ Li et al./ Gênero, educação, saúde, qualidade do Observacional


2021/ China sono, surto da COVID-19 e a emergência de
prevenção e treinamento, horas trabalhadas
na linha de frente e confiança em completar
tarefas.

E9/ Çelik; Ser mulher e trabalhar em UTI Covid-19. Observacional


Dagli/ 2021/
Turquia

E10/ Kader Idade (20-34 anos), estressores Observacional


et al./ 2021/ secundários, problemas financeiros,
Catar experiência prévia em UTI, histórico de
doença mental em si ou na família.

E11/ Ser mulher, de idade jovem, com contrato de Observacional


Muñoz- trabalho temporário e com maior
Muñoz et vulnerabilidade de infecção e transmissão
al./ 2022/ da Covid-19.
Espanha

E12/ Tempo de duração do emprego, trabalhar Observacional


Kashtanov em UTI Covid-19, uso de equipamentos de
et al. / 2022/ proteção individual, estar em contato direto
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

Rússia com pacientes infectados e em condição


severa.

E13/ Trabalhar em um hospital acadêmico, fadiga Observacional


Heesakkers de trabalho, ter equilíbrio entre a vida
et al./ 2022/ pessoal-trabalho, ter confiança sobre o
Holanda futuro, ter o direito de sair de férias quando
solicitado, intervenções para diminuir a
carga mental.

E14/ Han et Longas e intensas horas de trabalho, Revisão


al./ 2022/ tratamento de pacientes críticos, utilização sistemática
China dos equipamentos de proteção individual,
exposição e incertezas sobre o vírus da
COVID-19, pressão na área de trabalho.

E15/ Hall et Jovens e pouca experiência na área de Observacional


al./ 2022/ trabalho.
Reino
Unido

E16/ Garcia Ausência da família de pacientes que Observacional


et al./ 2022/ morrem sozinhos, carga de trabalho
Espanha excessiva, recursos limitados, incertezas
clínicas.

E17/ Duru/ Carga de trabalho excessiva Observacional


2022/
Turquia

As dezessete publicações incluídas foram produzidas


entre os anos de 2020 e 2022, e no que tange ao local de
realização dos estudos, as percentagens se apresentam bem
homogêneas, já que os estudos incluídos na revisão são quase
todos de países diferentes. Sendo dois da Espanha (11,8%),
dois da Turquia (11,8%), dois da China (11,8%), um do Canadá
(5,9%), um do Brasil (5,9%), um do Nepal (5,9%), um da França
(5,9%), um da Índia (5,9%), um do Irã (5,9%), um da Itália
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

(5,9%), um do Catar (5,9%), um da Rússia (5,9%), um da


Holanda (5,9%) e um do Reino Unido (5,9%).
O quadro 2 apresenta a estrutura do PAGER,
destacando as principais características do estudo, lacunas e
implicações para futuras pesquisas (Bradbury-Jones et al.,
2021). Está organizado na ordem do padrão de fatores
influentes na saúde mental mais recorrentes ao menos
recorrente.

Quadro 2. Estrutura do PAGER adaptada de Bradbury-Jones


et al., 2021, Natal/RN, Brasil, 2022.
Padrõe Avanços Lacunas Evidência Recomen
s s para dações
prática de
pesquisa
Jornada Um alto nível necessário Suporte planejar
de de estresse estimar a social alguma
trabalho pode levar a diferença aparenta ser forma de
uma queda entre áreas efetivo para comprovar
drástica na de alta prevenir as
qualidade e intensidade ansiedade informações
humanismo d de trabalho entre os dadas pelos
o atendimento e baixa enfermeiros entrevistado
prestado aos intensidade; de UTI; s;
pacientes; comparação contratos de acompanhar
com emprego por mais
profissionais temporários tempo e em
de outras são um fator outras áreas
áreas de risco da saúde.
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

para
situação de
estresse;
COVID- Descoberto Realizado Estratégia acompanhar
19 que os apenas em de por maior
profissionais um local e enfrentamen período de
que trabalham em uma to tempo seria
com UTI amostra de “pensament benéfico
Covid-19 tempo o positivo”
tiveram mais única; foi
acometimento necessidade demonstrad
s psicológicos da a eficaz.
do que os que comparação
não trabalham; com o
período pré-
COVID.
Recursos Revelado que Há poucas Fornecer sugere-se
humanos a má gestão pesquisas equipament estudos que
e de recursos que os identifiquem
materiais humanos e envolvem ergonômico quais são e
escassez de essa s de as causas
recursos temática e proteção dos
materiais leva que trazem individual é problemas
à riscos físicos sua essencial; relacionado
e mentais para causalidade muitos s aos
a saúde de com a profissionais recursos
enfermeiros. saúde de outras humanos e
mental dos áreas foram materiais.
enfermeiros. redistribuído
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

s para UTI e
isso a
deixou sem
especialista
s.
Envolvim descoberto apenas suporte estudos
ento com que as profissionais emocional prospectivos
os relações entre da UTI deveria ser que
pacientes os participaram oferecido a confirmem e
e equipe enfermeiros, estes comparem
os pacientes e profissionais os
suas famílias , resultados.
pode levar ao principalme
estresse; nte para
aqueles
vindos de
outros
departament
os.
Gênero O gênero A maioria Essa Pesquisas
feminino dos diferença futuras com
experiencia participante está balanceame
mais situações s das provavelme nto entre a
de estresse, pesquisas nte quantidade
ansiedade e são do relacionada de
depressão do gênero à variações profissionais
que feminino, o nos do gênero
profissionais que limita os hormônios masculino e
resultados estrogênio e feminino.
ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS QUE
ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

do gênero para progesteron


masculino. comparação a nas
com o mulheres.
gênero
masculino.

Idade Uma Não se sabe Jovens estudos


regressão ao certo a tinham mais amplos
logística causa do desempenh e que
multivariada achado. o mais consigam
indicou que afetado e encontrar a
jovens questionam causalidade
experenciam sua vocação dos
mais estresse achados.

Fatores Regressão Estudos de Administrar Mais


pessoais logística de amostras o lar e os estudos que
variáveis imediatas compromiss mensuram a
sociodemográf mostram um os pessoais importância
icas recorte consigo dos
demonstrou limitado do mesmo e estressores
que tempo e que com a secundários
estressores podem família são que
secundários influenciar fatores interferem
gerou os estressante. na saúde
moderado a resultados; Necessário mental de
alto nível de poucos fornecer enfermeiros
estresse. estudos que apoio aos da UTI.
relacionam enfermeiros
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

fatores de cuidados
secundários intensivos
às para
condições construir
de estresse resiliência e
dos bem-estar
enfermeiros. psicológico
Fonte: dados da pesquisa, 2022.

Acerca dos fatores influenciadores da saúde mental dos


enfermeiros, alguns padrões foram notados entre os resultados,
dentre eles, a experiência da jornada de trabalho (82%) que
envolve longos e intensos turnos, além de excesso de trabalho,
plantões noturnos, falta de reconhecimento, baixo salário e
outros problemas diários que comprometem o bem-estar mental
dos profissionais de enfermagem da UTI (SILVA et al., 2020;
TAMRAKAR et al., 2021; LAURENT et al., 2021; KAUSHIK et
al., 2021; BELASH et al., 2021; STOCCHETTI et al., 2021;
KADER et al., 2021; MUÑOZ-MUÑOZ et al., 2022;
KASHTANOV et al., 2022; HEESAKKERS et al., 2022; HAN et
al., 2022; HALL et al., 2022; GARCIA et al., 2022; DURU, 2022).
Esse se torna um achado preocupante, uma vez que,
Moghadam et al. (2021) e destacam em seus estudos que a
carga de trabalho e a consequentemente fadiga mental estão
relacionadas também com a alta carga de trabalho física, o que
gera frustração, cansaço e problemas em relação à execução
do trabalho, como a prestação de cuidados seguros resultando
em incidentes e erros que podem gerar danos aos pacientes.
Além dessa reflexão, deve-se pensar também sobre as
questões relacionadas ao medo de ser infectado e/ou transmitir
o vírus da COVID-19 (64,7%), das incertezas clínicas e à
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

adaptação aos modelos de cuidado e novas necessidades dos


pacientes que foram mais presentes (CROWE et al., 2020;
TAMRAKAR et al., 2021; LAURENT et al., 2021; STOCCHETTI
et al., 2021; LI et al., 2021; ÇELIK; DAGLI, 2021; MUÑOZ-
MUÑOZ et al., 2022; KASHTANOV et al., 2022; HAN et al.,
2022; GARCIA et al., 2022; DURU, 2022).
Dessa forma, é conveniente ressaltar que desde o
surgimento e alcance global da COVID-19 as pessoas têm sido
afetadas não apenas fisicamente, mas também mentalmente.
Inclusive, os profissionais que lidam com esse contexto
diariamente estão ainda mais sujeitos às consequências dessa
situação, como a maioria dos artigos selecionados para os
resultados deste trabalho e como denota um estudo realizado
na Turquia onde constatou-se que a maioria dos enfermeiros
intensivistas experimentaram estresse, ansiedade, depressão e
insônia em níveis moderado a extremamente grave
(KANDEMIR et al., 2021).
Foi comum também encontrar insatisfação entre os
enfermeiros de UTI em relação à gestão de recursos humanos
e disponibilidade de recursos materiais (SILVA et al., 2020;
LAURENT et al., 2021; BELASH et al., 2021; KASHTANOV et
al., 2022; HAN et al., 2022; GARCIA et al., 2022) o que entra em
acordo com exemplos de outros estudos, como um realizado na
Suíça por Petrisor et al. (2021) que reflete sobre como a maior
ocupação de pacientes na UTI pode comprometer o serviço,
incluindo recursos escassos e profissionais temporários na
equipe, algumas vezes até sem treinamento adequado.
Além disso, as relações interpessoais e seus constantes
conflitos foram relevantes para alterações no bem-estar mental
dos profissionais (LAURENT et al., 2021; KAUSHIK et al., 2021;
BELASH et al., 2021; HAN et al., 2022; GARCIA et al., 2022).
Em contrapartida, é comprovado que o suporte social é
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

importante para reduzir sintomas de ansiedade e depressão que


possam aparecer entre os enfermeiros da UTI, e para isso é
necessário que as relações com os pacientes e a equipe sejam
conservadas (TATSUNO et al., 2021).
Outros achados evidenciaram que ser jovem e mulher
são fatores que também contribuem para uma experiência mais
estressante no trabalho (LAURENT et al., 2021; BELASH et al.,
2021; KADER et al., 2021; Li et al., 2021; ÇELIK; DAGLI, 2021;
MUÑOZ-MUÑOZ et al., 2022; HALL et al., 2022).
Por fim, alguns resultados menos frequentes, mas não
menos importantes foram encontrados, como fatores pessoais,
a exemplo de problemas financeiros ou gerenciamento da vida
pessoal e do trabalho, histórico de doenças mentais na família
ou em si próprio. Além disso, foi notado que trabalhar em
hospital particular ou acadêmico é um fator de risco maior para
estresse (CROWE et al., 2020; BELASH et al., 2021; Li et al.,
2021; KADER et al., 2021).
Interessante pontuar também que apenas um dos
estudos trouxe aspectos positivos que podem influenciar na
saúde mental de enfermeiros da UTI, dentre estes aspectos,
pode-se citar o equilíbrio entre a vida pessoal-trabalho, a
confiança sobre o futuro, o direito de sair de férias quando
solicitado, como também intervenções para diminuir a carga
mental (HEESAKKERS et al., 2022).

CONCLUSÕES
Este artigo objetivou mapear os aspectos que interferem
na saúde mental de enfermeiros que atuam em Unidades de
Terapia Intensiva e após sua construção o conhecimento de
diversos fatores influentes foi possível, incluindo os mais
presentes e comuns aos profissionais, como o surgimento da
COVID-19, a jornada de trabalho, a gestão de recursos
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ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE ESCOPO

humanos e materiais, as relações interpessoais com os


pacientes e outros profissionais, além de questões como
gênero, idade e outros aspectos pessoais.

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on 27 sept. 2022.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

CAPÍTULO 10

HANDOVER DE ENFERMAGEM AO
PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW
Elanna Nayele de Freitas COSTA¹
Vanessa Gomes MOURÃO¹
Marcelle Teixeira OLIVEIRA2
Marília Souto de ARAÚJO3
Jéssika Wanessa Soares COSTA4
1
Graduanda do curso de Enfermagem, UFRN; ² Enfermeira, Hospital Monsenhor Walfredo
Gurgel, SESAP; 3 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, UFRN; 4
Orientadora/Enfermeira, Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, SESAP/Doutoranda do
Programa de Pós-graduação em Enfermagem, UFRN;
freitasnayele@gmail.com

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo clarificar o


conceito handover de Enfermagem ao paciente crítico na
perspectiva de Walker e Avant. O método trata-se de uma
análise conceitual, realizada através de uma scoping review,
em setembro de 2022. O estudo seguiu o método de análise de
conceito proposto por Walker e Avant. Foram selecionados 14
artigos que compuseram a amostra final. Desvelou-se o
conceito handover de Enfermagem do paciente crítico como
sendo à transmissão de informações pertinentes aos cuidados
prestados, bem como seu quadro clínico e as pendências
relacionadas à assistência direta ao mesmo, as quais
contribuem para a continuidade da assistência e para a
segurança do paciente. Portanto, conclui-se que análise do
conceito handover de Enfermagem ao paciente crítico permitiu
a identificação e articulação dos atributos essenciais do
fenômeno e sua amplitude, bem como, sua utilização na prática,
no ensino e na pesquisa em saúde, possibilitando clarificar este
fenômeno para nortear as ações desenvolvidas na disciplina de
Enfermagem no contexto do paciente crítico. Sendo, notória a
necessidade de investimentos em educação continuada, com
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

capacitações, na tentativa de fortalecer a real aplicação do


conceito handover, aprimorando e aproximando os profissionais
de saúde dos protocolos de mudança de turno, assim como, o
desenvolvimento de pesquisas sobre a temática.
Palavras-chave: Enfermagem. Continuidade da Assistência ao
Paciente. Cuidados Críticos. Segurança do Paciente.

INTRODUÇÃO

A comunicação é uma ferramenta essencial e


indispensável nas relações humanas, especialmente no que
tange à assistência em saúde. Sendo a comunicação efetiva,
apresentada como um processo que consiste em compreender
e compartilhar mensagens entre o transmissor e o receptor
(GIRARD et al., 2022).
Na práxis de Enfermagem a comunicação perpetua
durante todo o processo de trabalho do enfermeiro, dentre as
diversas atividades destaca-se o handover, na qual são
incorporados determinantes da comunicação que promovem a
eficácia, efetivação e continuidade dos cuidados (ALVES et al.,
2018).
As iniciativas para a promoção da segurança e da
qualidade na assistência à saúde, são recorrentes, com o
lançamento de metas e bundles, direcionados a pesquisas
relacionadas à temática segurança na comunicação, na
tentativa de contribuir, principalmente, na redução de danos aos
pacientes (ALVES et al., 2018).
Estudo teórico-reflexivo realizado relata que muitos
problemas de comunicação entre os profissionais de saúde
ocorrem durante a transição do cuidado, entretanto, quando há
padronização das informações, resultados positivos são
evidenciados, concluindo que a comunicação é essencial nas
relações humanas (PENNA; MELLEIRO, 2018).
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

No cenário dos cuidados críticos desenvolvidos


usualmente nos Centros de Terapia Intensiva (CTI), o risco para
ocorrência dos eventos adversos relacionados à comunicação
faz-se preocupante e de impacto na saúde pública. Os
elementos do handover tomam maior destaque, visto que o
perfil dos pacientes e os cuidados desenvolvidos requerem
maior complexidade e fluxo de desenvolvimento de metas
diárias para evolução clínica do paciente (PENNA; MELLEIRO,
2018).
Diante desse contexto a análise e clarificação do
conceito handover de Enfermagem ao paciente crítico,
contribuirá para a construção de afirmações ou hipóteses,
permitindo reflexões sobre diversas relações envolvendo este
conceito, bem como, o aperfeiçoamento do ensino, pesquisa e
das práticas em saúde, em diversas disciplinas como a
Enfermagem.
Mediante exposição, formulou-se as seguintes questões
norteadoras atreladas ao processo de análise de conceito: 1 -
Atributos: Como está definido o conceito de handover de
Enfermagem ao paciente crítico? Quais são as particularidades
que o conceito em análise apresenta? 2 - Antecedentes: Quais
os fenômenos contribuem para o desenvolvimento e para a
existência do conceito de handover de Enfermagem ao paciente
crítico? 3 - Consequentes: Quais as implicações do conceito
handover de Enfermagem ao paciente crítico?
Assim, o objetivo deste estudo foi clarificar o conceito
handover de Enfermagem ao paciente crítico na perspectiva de
Walker e Avant.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo conceitual a partir do método de


análise proposto por Walker e Avant (WALKER; AVANT, 1995).
Este método é fundamentado em Wilson (1963), considerado
de ampla aplicação na Enfermagem. As autoras incluem oito
etapas para a análise de conceito, a saber:
1. Seleção do conceito: Etapa criteriosa que deve ser
realizada cuidadosamente, eleger conceitos pouco
explorados em determinadas áreas do conhecimento e
de interesse do pesquisador.
2. Determinação dos objetivos da análise: Diferentes
objetivos podem ser adotados, como: esclarecer um
conceito existente, desenvolver definição operacional
e/ou de um instrumento de pesquisa, entre outros.
3. Identificação dos usos do conceito: Esta etapa objetiva
compreender a natureza do conceito, e não se limita às
literaturas específicas. Com a revisão da literatura é
possível compreender ou validar as escolhas finais dos
atributos e evidências para a análise.
4. Identificação dos atributos: Determinar a definição de um
conceito através de um conjunto de atributos que são
mais frequentemente associados ao conceito estudado.
5. Identificação do caso modelo: Forma de exemplificar a
utilização do conceito e demonstrar todos os atributos de
definição, podem ser reais, encontrados na literatura ou
criados pelo autor.
6. Identificação dos casos adicionais: Auxiliar na decisão
quanto aos atributos essenciais do conceito. Como
exemplo, o caso contrário (sem atributos relacionados) e
o caso limítrofe (contém alguns dos atributos essenciais,
mas não todos eles).
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

7. Identificação dos antecedentes e consequentes:


Antecedentes são os eventos que devem ocorrer antes
da ocorrência do conceito e os consequentes são os
resultados do conceito.
8. Definição das referências empíricas: São categorias ou
classes de fenômenos observáveis que demonstram a
ocorrência do conceito, possibilitando, assim, sua
definição operacional. No entanto, pela necessidade de
observação da realidade e da necessidade de
desenvolvimento de uma pesquisa de campo, não foi
possível incluir neste artigo.
Para a produção dessa análise, foi realizada uma
scoping review, uma revisão sistematizada, exploratória, que
objetiva identificar produções científicas relevantes para área
estudada, foram seguidas as orientações propostas pelo
Instituto Joanna Briggs (JBI) (PETERS et al., 2020): formulação
da questão de pesquisa; identificação de estudos relevantes;
seleção dos estudos; extração de dados; apresentação e
discussão dos resultados. Procurou-se responder à questão de
pesquisa utilizando a mnemônico PCC, definida como: P
(população): paciente critico; C (conceito): handover e C
(contexto): processo de Enfermagem.
Adicionalmente, o instrumento intitulado PRISMA
Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) foi utilizado para
a seleção e redação do estudo. Este instrumento é dividido em
sete domínios e 22 itens, que dispõem de recomendações
acerca do título, do resumo, da introdução, do método, do
resultado, da discussão, da conclusão e do financiamento do
estudo (TRICCO et al., 2018).
A coleta dos dados foi realizada em setembro de 2022,
com o acesso ao protocolo de autenticação da Comunidade
Acadêmica Federada (CAFe) de uma universidade pública
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

federal, na plataforma dos periódicos da Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, seguida da
busca nas seguintes bases de dados: LILACS, Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Scopus, CINAHL, Web of
Science e PubMed.
Nos campos de busca, foram inseridos os descritores
controlados e não-controlados: “Nursing Handover”;
“Handover”; “Nursing”; “Handover, Patient”; “Handovers”;
“Patient”; “Patient Handovers”; “Critical Care Nursing”; “Critical
Care”; “Nursing, Team / Equipe de Enfermagem”; ”Assistência
de Enfermagem”; ”Continuidade da Assistência ao Paciente”;
“Nursing/Enfermagem”; ”Entrega de turno”; e ”Passagem de
turno”. Utilizando os operadores booleanos “AND” e “OR”.
Os critérios de inclusão foram os artigos publicados entre
2017 a 2022, ano de ampla divulgação do conceito handover
com a firmação pelos órgãos de saúde da segurança do
paciente (SILVA et al., 2017), estudos originais, reflexivos,
teses, dissertações, relatos de experiência e/ou revisões
sistemáticas que versavam sobre o conceito de handover de
Enfermagem ao paciente crítico.
A análise dos artigos foi realizada por dois
pesquisadores separadamente. Foram excluídos os artigos
relativos à opinião, cartas ao editor, revisões integrativas e/ou
bibliográficas, notas prévias, resumos e estudos duplicados,
bem como os anteriores ao ano de 2017, seguindo as normas
do Congresso Internacional de Saúde e Meio Ambiente
(CINASAMA).
Durante a seleção dos estudos, foram realizadas três
análises: 1 - Avaliação de títulos e resumos dos artigos
identificados nas bases de dados investigadas, utilizando
como referência as características indicativas sobre o
handover de Enfermagem ao paciente crítico; 2 - Exclusão dos
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

estudos duplicados na primeira análise; e 3 - Leitura na íntegra


dos estudos pré-selecionados, com formação da amostra final.
A Figura 1 apresenta síntese do processo de busca conforme o
modelo do PRISMA-ScR.

Figura 1. Fluxograma de busca da Scoping Review. Natal (RN),


Brasil, 2022.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Para a análise dos resultados, foi criada uma tabela de


evidências utilizando o software Windows Excel®, que permitiu
a análise conforme os seguintes itens: base de dados, ano,
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

autores, título do artigo, país de origem, objetivos, metodologia,


definições dos conceitos, atributos essenciais, antecedentes e
consequentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a análise das produções científicas, 14 publicações


foram selecionadas para compor a amostra final. O Quadro 1
apresenta a caracterização dos artigos que compuseram a
amostra do estudo.

Quadro 1. Caracterização dos estudos que compuseram a


amostra da scoping review (n=14). Natal (RN), Brasil, 2022.

ID Autor Ano Objetivo Método


Padronizar a passagem de
CORPOL Pesquisa-
1 2019 plantão em uma Unidade de
ATO et al ação
Terapia Intensiva Geral Adulto.
Identificar e analisar aspectos
facilidades e dificuldades sobre Revisão
SILVA et
2 2017 a passagem de plantão de Integrativa
al
enfermagem no âmbito de literatura
hospitalar.
Identificar, organizar e
apresentar as intervenções de Revisão de
3 BOJE 2017
treinamento em transferências escopo
para profissionais de saúde.
Construir um padrão de
TACCHIN Estudo
4 2020 passagem de enfermagem
I- metodológico
consensual e baseado em
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

JACQUIE evidências para pacientes


R et al internados durante as
passagens de plantão.
Registrar e identificar as
Estudo
RIKOS et características da passagem
5 2018 observaciona
al de enfermagem em um hospital
l
terciário.
Mapear e analisar as
evidências científicas
FIGUEIR relacionadas às vantagens do Revisão de
6 2019
EDO uso da técnica ISBAR nas escopo
transições em ambientes
hospitalares.
Compreender a visão dos
profissionais de Enfermagem
Estudo de
7 ALVES 2019 de um pronto-socorro sobre a
caso
transferência de cuidado de
pacientes
Descrever o processo de
comunicação entre os
Estudo
8 SANTOS 2017 profissionais da equipe de
exploratório
enfermagem da terapia
intensiva durante o handover
Identificar na literatura atual os
fatores que influenciam na Revisão
9 OTTO 2017 comunicação durante a Integrativa
passagem de plantão da de literatura
equipe de Enfermagem em
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

uma Unidade de Terapia


Intensiva Adulta.
Identificar potencialidades e
limitações da passagem de Estudo
10 PERUZZI 2017
plantão de Enfermagem na descritivo
atenção hospitalar.
Avaliar a percepção dos
enfermeiros de uma Unidade
de Cuidados Intermédios,
GONÇAL Estudo
11 2018 relativamente ao processo de
VES exploratório
comunicação na transição de
cuidados durante a passagem
de turno
Construir e validar
semanticamente um
instrumento de comunicação
SILVA et Estudo
12 2021 segura para sistematizar a
al metodológico
transição de cuidado em
unidades clínicas e de
emergência pediátricas.
Aproveitar os métodos de
EGBERT, aprendizagem baseada em
Estudo
13 BABITSC 2022 problemas (PBL) na educação
metodológico
H de handover e avaliar o
processo de aprendizagem
D'EMPAI Refletir sobre a passagem de Estudo de
14 2017
RE plantão na terapia intensiva reflexão
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Identificação dos possíveis usos do conceito

Com o levantamento desvelou-se na literatura científica


o conceito handover de Enfermagem do paciente crítico como
sendo à transmissão de informações pertinentes aos cuidados
prestados, bem como seu quadro clínico e as pendências
relacionadas à assistência direta ao mesmo, as quais
contribuem para a continuidade da assistência e para a
segurança do paciente. Dos estudos que compuseram a
amostra, quatro artigos trouxeram definição para o termo
“handover” (ID 2, ID 4, ID 7 e ID 9).
O ID 2 trouxe handover como uma troca de informações
durante a passagem de turno; o ID 4 como uma comunicação
acerca da transferência clínica de pacientes entre turnos; o ID
7 apresenta como sendo a transferência da responsabilidade
do cuidado do paciente, ou grupo de pacientes, para outra
pessoa ou grupo de profissionais, de forma temporária ou
definitiva; o ID 9 conceitua como um compartilhamento de
informações relevantes para a continuidade do tratamento do
paciente, devendo conter o estado de saúde atual, as recentes
mudanças ocorridas, o tratamento em curso.
Na Tabela 1 está sintetizado os atributos, antecedentes
e consequentes de handover de Enfermagem ao paciente
crítico.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Tabela 1. Atributos, antecedentes e consequentes de handover


de Enfermagem ao paciente crítico. Natal (RN), Brasil, 2022.

Elementos Identificação do artigo n (%)


Atributos

Transferência de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14


informações 13, 14 (100%)

Comunicação 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 13


(93,85%)

Transmissão de 10
1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12
informações (71,42%)

Linguagem clara 6, 9, 11 3
(21,42%)
Antecedentes

Ausência de 6
1, 2, 3, 5, 9, 13
padronização (42,85%)

Comunicação ineficaz 1, 2, 4, 9, 13 5
(35,71%)

Instrumentos 1, 2, 14 3
(21,42%)

Treinamento 2 1
(7,14%)
Consequentes

Continuidade dos 10
1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 12, 14
cuidados (71,42%)

Segurança do paciente 1, 2, 9, 11, 13 5


(35,71%)

Nortear condutas 5
1, 4, 8, 9, 14
(35,71%)
Organização do 3
3, 5, 11
trabalho (21,42%)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Identificação dos casos

Caso modelo

Após a realização dos cuidados de Enfermagem ao


paciente, a enfermeira da unidade crítica desenvolveu a partir
de um protocolo estruturado a reunião de dados necessários
para realização do handover ao final do seu turno. Todos os
dados foram dispostos por meio de registro em aplicativo ligado
à rede de prontuário eletrônico, propiciando o arquivamento do
handover e o relato escrito desde ato.
Com a chegada do enfermeiro do próximo turno, a
enfermeira do horário anterior inicia a transmissão de
informações através do relato verbal e apoio do relato escrito,
na cabeceira do cliente. Utilizando sempre o uso de linguagem
clara e concisa, oportunizando sempre a comunicação
interativa, entre o locutor e receptor da mensagem, através do
feedback.
Ao final do handover o enfermeiro do turno subsequente
terá o subsídio necessário para realizar o processo de
Enfermagem e alcançar as metas propostas para conduzir o
manejo clínico do paciente crítico.

Caso contrário

Após a realização dos cuidados de Enfermagem ao


paciente, a enfermeira da unidade crítica desenvolve o
handover apenas deixando registrado no livro de ocorrências os
nomes dos pacientes que estão internados, sem preenchimento
de qualquer informação nos prontuários. O próximo enfermeiro
tem como base os dados relatados por familiares e técnicos de
Enfermagem.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Relacionados ao conceito os antecedentes


correspondem aos determinantes, precursores do evento
prático que influência diretamente na evolução do desfecho.
Diante dos resultados evidenciados, no tocante ao conceito
handover ao paciente crítico, diversas são as práticas que estão
associadas.
As tecnologias têm ofertado um grande incentivo como
antecedente no desenvolvimento do handover. Estudo
realizado, em 2021, demonstra em uma amostra de seis artigos
o uso de três ferramentas tecnologias na realização do
handover de Enfermagem: Smartphone, Tablet e Personal
Development Analysis. As potencialidades do uso das
tecnologias incluíram a facilidade de comunicação entre
profissionais, melhora no registro de informações do paciente e
dados administrativos e gerenciais (PIZOLIO et al., 2022).
Porém fragilidades também estão presentes, como o uso
direto da tecnologia como: a rede e sinal de internet, o ambiente
empecilhos com estruturas dos sistemas e equipamentos,
familiaridade na manipulação da ferramenta pela equipe de
profissionais, bem como o processo de treinamentos (SANTOS
et al., 2017).
Buscando mitigar os efeitos falhos do handover o
antecedente atrelado a padronização de instrumentos que
norteiam o processo faz-se inquestionável, principalmente, na
retaguarda a comunicação efetiva e segurança do paciente.
Sendo possível com os protocolos dos princípios fundamentais
sejam respeitados, e consequentemente, eventos adversos
associados com a falta de comunicação sejam reduzidos de
modo a garantir a qualidade da assistência e a garantia da
continuidade dos cuidados pela equipe multiprofissional
(CORPOLATO et al., 2019).
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Corpolato et al., em seu estudo realizado em uma UTI


adulto localizada na cidade de Curitiba, Paraná, apresenta os
vários posicionamentos colocados pela equipe de Enfermagem
durante o handover e a importância da estruturação e
padronização de uma ferramenta que auxilie na transmissão de
informações durante o plantão, a fim de garantir a segurança do
paciente e a continuidade dos cuidados (CORPOLATO et al.,
2019).
Tacchini-Jacquier et al, em pesquisa realizada em vários
hospitais da Suíça chama atenção para importância da
padronização operacional do handover direcionada para cada
realidade do serviço, sendo importante alinhar as necessidades
das equipes e a referência de atendimento da unidade
hospitalar garantindo assim que a ferramenta alcance o objetivo
de norteamento (TACCHINI-JACQUIER et al., 2020).
De cunho organizacional e gerencial, outras variáveis
como o planejamento, promoção de reuniões com a equipe e a
realização de treinamentos contínuos estimulam a adesão dos
profissionais prestadores de cuidados beira-leito na
contribuição do handover, sendo um ponto positivo no
acontecimento efetivo do handover. O round multidisciplinar é
uma das ferramentas inerentes ao processo de planejamento e
organização da equipe, em momentos como o handover com
base em evidências científicas (MARAN et al., 2022; RICCI;
ZANETTI; LEITE, 2017).
Os elementos evidenciados como atributos essenciais
ao conceito handover ao paciente crítico foram: linguagem
clara, comunicação, transmissão e transferência de
informações, relato verbal, registro escrito e clareza. Diante do
enlace de tais atributos o handover de enfermagem neste
cenário demonstra complexidade e efeitos que impactam na
qualidade dos cuidados.
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

Em 2017, com a disseminação dos efeitos da


comunicação na prestação da assistência segura ao paciente,
The Joint Commission, por meio da publicação Sentinel Event
Alert, relatou sobre o potencial para danos ao paciente,
introduzido durante a comunicação, quando o receptor recebe
informações que são imprecisas, incompletas, não oportunas,
mal interpretadas ou que não são necessárias.
Dentre as ações sugeridas no processo do handover
pela The Joint Commission, destaca-se a padronização do
conteúdo crítico a ser comunicado pelo remetente, certificar-se
de cuidar com segurança do paciente em tempo hábil, tendo
como base a padronização no uso de ferramentas e métodos
(formulários, modelos, listas de verificação, protocolos e/ou
mnemônicos) capazes de alcançar os receptores da
comunicação, estes os antecedentes (THE JOINT
COMMISSION, 2017).
A linguagem como característica do conjunto da
comunicação, uma das principais exemplificações relacionadas
à mudança de turno. Considerada como uma ferramenta que
permeia não somente o handover, mas em todas as interações
humanas (RICCI; ZANETTI; LEITE, 2017).
Santos, faz observações da prática assistencial
mostrando que as falhas na comunicação entre os profissionais
de Enfermagem, durante o handover, interferem diretamente no
processo de cuidar, pois geraram procedimentos
desnecessários que podem acarretar danos aos pacientes. Os
dados das entrevistas apontaram o reconhecimento da
importância do handover, a comunicação face-a-face na beira
de leito com a presença de todos os membros, livre participação
destes no processo de comunicação, a utilização da
comunicação verbal e escrita, o bom relacionamento entre a
equipe de enfermagem (SANTOS, 2017).
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

No contexto da Enfermagem, os atributos do conceito


handover, constitui-se um elemento básico para o cuidado,
constituindo ferramenta primordial para formação de vínculo,
satisfação das necessidades do paciente e da equipe na
continuidade dos cuidados. Sendo estes cuidados uma imensa
tarefa, em que todas as vertentes devem permear por todo o
período de internação em unidades críticas (OLIVEIRA, 2018).
É imprescindível que o conceito esteja presente no cenário
multiprofissional com continuidade em protocolos que
transparecem o conceito, e não apenas uniprofissional.
Os consequentes gerados no conceito handover ao
paciente crítico expressa o significado prático e claro dos efeitos
do conceito, como: norteamento das condutas, continuidade
dos cuidados, organização do trabalho atrelado à
Sistematização da Assistência de Enfermagem e a segurança
do paciente, pontos imprescindíveis nas unidades de terapia
intensiva (OLIVEIRA, 2018).
A continuidade de cuidados entre os diferentes níveis de
cuidados, pode ser efetuada com segurança e garantindo a
comunicação e a partilha de informação sobre a situação clínica
da pessoa. Porém, a fragmentação dos cuidados pode levar a
mudanças no estado funcional ou de saúde do paciente
(MENEZES et al., 2019).
O profissional de Enfermagem como portador direto dos
cuidados durante todo o processo de adoecimento,
internamento e alta é responsável por assegurar em conjunto
com outros profissionais o norteamento e continuidade dos
cuidados para o alcance de metas no doente crítico, sendo o
promotor de laços entre a equipe (ACOSTA et al., 2018).
Um caso claro é a continuidade de cuidados em
pacientes portadores de lesões desenvolvidas ou não no
processo de internação. Como mostra pesquisa qualitativa
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

realizada em hospital público localizado no Sul do Brasil,


tratando-se de pacientes com feridas, os obstáculos tornam-se
ainda maiores, devido à falta de comunicação e padronização
entre equipe multiprofissional (GOULARTE et al., 2018).
O handover frágil pode interferir na segurança dos
pacientes, ocasionando perda de informações importantes
para a qualidade e a continuidade da assistência de
Enfermagem, como, por exemplo: a não realização de exames,
administração de medicamentos, avaliações multiprofissionais
e atendimento de outras necessidades humanas básicas
(FOCHI; MIRANDA; GRAF, 2019).
O caráter empírico atrelado ao handover pode ser
caracterizado como uma das vertentes da cultura de segurança
do paciente que trata da falta de comunicação efetiva. Estudo
realizado em hospital de ensino, localizado em um município do
estado de Sergipe, em 2021, demonstra que 58% dos
profissionais relatam que as informações no handover, muitos
dados essenciais para dar continuidade da assistência pela
equipe de Enfermagem, são perdidas, evidenciando que a
comunicação e a passagem de plantão ainda são dimensões
que precisam ser melhoradas no tocante à segurança do
paciente (NASCIMENTO et al., 2021).
Sendo assim, a segurança do cuidado em saúde, assim
como a continuidade das práticas terapêuticas, é dependente
de variáveis cognitivas, mas primordialmente da qualificação
dos profissionais, aspectos administrativos como os registros e
organização das atividades assistenciais, estes antecedentes
ao conceito handover (FERREIRA et al., 2018).
HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
WALKER E AVANT: SCOPING REVIEW

CONCLUSÃO

A análise do conceito handover de Enfermagem ao


paciente crítico permitiu a identificação e articulação dos
atributos essenciais do fenômeno no contexto da Enfermagem,
bem como dos respectivos antecedentes e consequentes mais
frequentes, como os instrumentos padronizados e a
continuidade dos cuidados, respectivamente.
Entender a amplitude do conceito analisado é necessário
para utilização na prática, no ensino e na pesquisa em saúde,
possibilitando clarificar este fenômeno para nortear as ações
desenvolvidas na disciplina de Enfermagem no contexto do
paciente crítico. Sendo, notória a necessidade de investimentos
em educação continuada, com capacitações, na tentativa de
fortalecer a real aplicação do conceito handover, aprimorando e
aproximando os profissionais de saúde dos protocolos de
mudança de turno.

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HANDOVER DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO NA PERSPECTIVA DE
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NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

CAPÍTULO 11

NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS


AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-CUIDADOS
INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Vanessa Gomes MOURÃO¹


Elanna Nayele de Freitas COSTA¹
Maria Ruth Cândido ESPÍNOLA¹
Jéssika Wanessa Soares COSTA²
Soraya Maria de MEDEIROS3
1
Graduanda do curso de Enfermagem, UFRN; ² Doutoranda do programa de Pós-graduação
em Enfermagem, UFRN; ³ Orientadora/Professora do DENF/UFRN.
vanessagmourao@gmail.com

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo mapear as


principais Necessidades Humanas Básicas afligidas na
Síndrome Pós-cuidados Intensivos. Trata-se de uma scoping
review, cuja função é mapear os principais conceitos,
extensões, alcance, bem como, sintetizar e divulgar os dados
da referida investigação e das lacunas existentes, nesta
pesquisa direcionada à Enfermagem. Adicionalmente, o
instrumento intitulado PRISMA Extension for Scoping Reviews
foi utilizado para a seleção e redação do estudo. Após a
delimitação da estratégia do mnemônico PCC: população
estudada, conceito e contexto do estudo, elaborou-se a
seguinte questão norteadora: Quais as principais necessidades
humanas básicas afligidas na Síndrome Pós-cuidados
Intensivo? Com a realização do rastreio, selecionou-se 14
artigos, quanto às evidências encontradas que corroboram com
o objetivo do estudo, a partir disso, construiu-se uma tabela
contemplando as principais Necessidades Humanas Básicas
afligidas na Síndrome Pós-cuidados Intensivos. Diante do
exposto, observou que no aspecto psicobiológico o
comprometimento nas atividades diárias, dor,
comprometimento físico se destacaram e no aspecto
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

psicossocial a ansiedade; depressão; comprometimento


cognitivo. Em suma, a Síndrome Pós-Cuidados Intensivos pode
ser caracterizada com um ou dois sintomas dentro das esferas
já mencionadas, e estas se relacionam com as Necessidades
Humanas Básicas, no entanto, os aspectos psicoespirituais
devido à escassez de embasamento teórico não foram
contemplados, sendo de fundamental importância a realização
de novos estudos sobre a temática.
Palavras-chave: Enfermagem. Teorias de Enfermagem.
Cuidados Críticos. Processo de Enfermagem. Qualidade da
Assistência à Saúde.

INTRODUÇÃO

No contexto hospitalar diversas são as Teorias de


Enfermagem que contribuem no cuidado sistematizado ao
paciente, direcionando e incitando o desenvolvimento da
criticidade e das práticas baseadas em evidências,
entrelaçadas pelo Processo de Enfermagem (PE) em suas
cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação de Enfermagem (TANNURE;
PINHEIRO, 2019).
Dentre as teorias que solidificam o PE está a Teoria das
Necessidades Humanas Básicas (NHB), operacionalizada por
Wanda Horta para prestação dos cuidados de Enfermagem na
década de 1970, que baseia-se na teoria da Motivação Humana
proposta por Maslow e nas denominações de João Mohana,
que as descreve em três níveis distintos e entrelaçados:
psicobiológico, psicossocial e o psicoespiritual, de forma que a
manifestação causal de um destes níveis pode gerar
desequilíbrio em necessidades primordiais (CIAN'ClARULLO,
1987; MOHANA, 2011).
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Diante da realidade envolvendo o paciente e seus


familiares, no transcorrer da doença aguda e sua internação
hospitalar, o desarranjo no equilíbrio das NHB impacta
holisticamente nestes indivíduos. Diante disso, é indiscutível os
desconfortos gerados pela doença através do isolamento,
perda de privacidade e incapacitação nas atividades de vida
diária, visto a condição de saúde, além da marginalização do
autocuidado, subestimado na capacidade de escolha, decisão
e expressão no seu processo de recuperação (SOUZA et al.,
2019).
Ressalta-se ainda que nas Unidades de Terapia
Intensiva (UTI), com alto aparato tecnológico, restrição de
espaço, dinâmica multiprofissional e gravidade do processo
saúde-doença, em grande parte, contribuem para o
desequilíbrio das NHB. Por essa e outras razões, a Society of
Critical Care Medicine definiu o conjunto de intercorrências
relacionadas, ao posterior internamento em UTI como a
Síndrome Pós-Cuidados Intensivos (SPCI) ou Post Intensive
Care Syndrome (PICS) (TELES; TEIXEIRA; ROSA, 2019). Esta
se caracteriza por alterações físicas, cognitivas e psiquiátricas,
que detém o potencial de reduzir a qualidade de vida dos
pacientes e, em alguns casos, também de seus familiares
(ROBINSON et al., 2018).
Ademais, é possível correlacionar a Teoria das
Necessidades Humanas Básicas e a Síndrome Pós-Cuidados
Intensivos, em que ambas abordam a necessidade do cuidado
de forma holística visando o cuidado especializado,
humanizado e integrado com as necessidades individuais de
cada paciente. De tal forma, o contexto pandêmico nacional
possibilitou uma maior visibilidade na urgência de cuidados em
UTI visto que sua utilização passou a ter maior demanda de
acordo com a Associação de Medicina Intensiva (AMIB), a qual
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

apresentou preocupações acerca da alta demanda pelos leitos


de UTI (AMIB, 2020).
Segundo os dados apresentados, o Brasil possui cerca
de 45.848 leitos de UTI, sendo 22.844 do Sistema Único de
Saúde (SUS) e 23.004 do sistema de saúde privado o que
segue de acordo com as orientações da Organização Mundial
de Saúde e do Ministério da Saúde, apesar disso, há falhas
estruturais nas Unidades Intensivas devido à alta demanda e
agravamento dos pacientes o que prolonga a estadia do
paciente em uma unidade intensiva (AMIB, 2020).
Sabendo disso, é importante ressaltar a importância dos
profissionais especializados e dos recursos tecnológicos
sofisticados e de alto custo, ganhando destaque em relação aos
outros setores. Concomitante a essa circunstância, também se
observa a dinâmica setorial sendo afetada pelos altos níveis de
estresse, o que por consequência ocasiona na saída de
profissionais deste setor para outros dentro da área
administrativa ou educação (SOUZA et al., 2019).
Neste aspecto, quando a Enfermagem nota as NHB de
um paciente, os aspectos psicobiológicos são mais focados, de
forma que o cuidado é centrado nos cuidados corporais,
nutrição e oxigenação, adquirindo um cuidado mecânico e
positivista. (SOUZA et al., 2019). Ademais, mesmo a realização
de procedimentos invasivos sendo realizada de forma holística
como ocorre nos casos de ventilação mecânica, os efeitos
negativos são poucos focados pela equipe de Enfermagem e
sobressaem os efeitos psicossociais como: delírio, dor e
estresse. (SOUZA et al., 2019).
A partir do que foi dito acima, é necessário colocar em
consideração os custos relacionados a disfunção cognitiva após
a admissão da UTI caracterizada como um grande fardo para
os pacientes e suas famílias, causando um grande custo social
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

(TELES; TEIXEIRA; ROSA, 2019). Os fatores de risco


potencialmente modificáveis e não modificáveis influenciam no
surgimento da PICS, dessa maneira encontra-se
respectivamente, o delirium e idade, nível educacional,
comorbidades, gravidade da doença e sepse (TELES;
TEIXEIRA; ROSA, 2019).
Além do que foi posto, os pacientes adquirirem ao longo
de um ano em uma Unidade Intensiva desfechos físicos
negativos como diminuição da função pulmonar; redução da
força dos músculos respiratórios e apendiculares; redução da
distância do teste de caminhar seis metros; redução da
habilidade de realizar atividades da vida diária (TELES;
TEIXEIRA; ROSA, 2019).
Por fim, além dos aspectos físicos e cognitivos, os
pacientes também possuem desfechos negativos no aspecto
psiquiátrico, sendo observados através da ansiedade,
depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Nota-se
também que a prevalência da ansiedade é aumentada após a
alta hospitalar através das reações de estresse agudo,
pesadelos intensos ou medos extremos, assim também
observou-se fatores de risco para a alta prevalência da
depressão através do estresse psicológico agudo e para tanto
o estresse pós-traumático tem como causa as lembranças
intrusivas em relação ao evento, sintomas de hiperalerta e
comportamento de evitação relacionado ao evento traumático
diária (TELES; TEIXEIRA; ROSA, 2019).
Destarte, o estudo justifica-se por meio da necessidade
e importância de um assunto que reflete diretamente na
assistência do paciente após internação em UTI, e mediante
escassez das publicações envolvendo a Enfermagem. Acresce-
se a isso a sua devida relevância no contexto de saúde pública,
possibilitando o delineamento de cuidados com base nas NHB
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

afligidas após cuidados intensivos e desenvolvimento da


Síndrome Pós-cuidados Intensivos, bem como, em
mecanismos para mitigar tal desfecho.
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo
mapear as principais Necessidades Humanas Básicas afligidas
na Síndrome Pós-cuidados Intensivos.

MÉTODO

Trata-se de uma scoping review, que se caracteriza por


mapear os principais conceitos, extensões, alcance e natureza
de um dado conceito, bem como, sintetizar e divulgar os dados
da referida investigação e das lacunas existentes, nesta
pesquisa direcionada à Enfermagem (ARKSEY E O’MALLEY,
2005, p.1).
Como referencial, as cinco etapas preconizadas seguem
as recomendações pelo Joanna Briggs Institute: formulação da
questão de pesquisa; identificação de estudos mais relevantes;
seleção dos estudos; metodologia utilizada; extração de dados;
apresentação e discussão dos resultados (PETERS et al.,
2022).
Adicionalmente, o instrumento intitulado PRISMA
Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) foi utilizado para
a redação do estudo. Este instrumento é dividido em sete
domínios e 22 itens, que dispõem de recomendações acerca do
título, do resumo, da introdução, do método, do resultado, da
discussão, da conclusão e do financiamento do estudo
(TRICCO et al., 2018). Concomitantemente ao PRISMA-ScR foi
realizado o registro na Open Science Framework (OSF) -
(https://osf.io/uam4d/)
Durante a coleta de dados, entre 05 a 17 de outubro de
2022, três fases foram estabelecidas:
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Fase A: investigação preliminar nas bases de dados JBI


COnNECT+, DARE, The Cochrane Library e PROSPERO;
Fase B: identificação dos principais descritores e
palavras-chave utilizados nos estudos que abordam a temática
de interesse a partir da combinação dos Medical Subject
Headings (MeSH) definidos para o mnemônico PCC, sendo: (P)
- População: indivíduos portadores da Síndrome Pós-cuidados
Intensivos; (C) – Conceito: Necessidades Humanas Básicas
afligidas na Síndrome Pós-cuidados Intensivos; e (C) –
Contexto: após internação em terapia intensiva;
Após a delimitação da estratégia PCC elaborou-se a
seguinte questão norteadora: Quais as principais necessidades
humanas básicas afligidas na Síndrome Pós-cuidados
Intensivo?
Fase C: com o acesso ao protocolo de autenticação da
Comunidade Acadêmica Federada (CAFe) de uma
universidade pública federal foi realizada a busca final nas
bases de dados: Cumulative Index to Nursing and Allied Health
Literature (CINAHL), Web of Science e Scopus.
Nos campos de busca, foram inseridos os descritores
controlados e não-controlados de acordo com Medical Subject
Headings (MeSH): “postintensive care syndrome”; “critical
care”; “intensive care units”; “quality of life”; “rehabilitation” e
“rehabilitation nursing”, em uma busca avançada utilizando os
operadores booleanos “AND” e “OR”.
Como critérios de inclusão, foram selecionados os
estudos publicados na íntegra sem distinção de idioma, que
respondessem à questão de pesquisa. E como critério de
exclusão, os editoriais e ensaios teóricos. O recorte temporal
seguiu os preceitos do Congresso Internacional de Saúde e
Meio Ambiente (CINASAMA) com delimitação de publicações
atuais entre 2017-2022.
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Após seleção, os dados foram organizados e analisados


de forma descritiva simples em planilha do Microsoft Excel®
2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em realização ao rastreio, após colocação dos critérios


de busca selecionou-se 14 artigos para compor o arcabouço
final do estudo, conforme diagrama de fluxo PRISMA-ScR
explicitado na Figura 1.
Destaca-se os seguintes métodos: prospectivo
observacional e revisão de literatura, como aqueles mais
utilizados. Também foi observado que apenas um estudo foi
realizado em âmbito Nacional. Vale ressaltar, que o País com
maior publicação nesta área de acordo com os achados foi o
Japão no ano de 2021, além disso, a classe profissional dos
autores predominantes para a produção dos artigos são os
médicos e enfermeiros.
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Figura 1. Diagrama de fluxo PRISMA-ScR evidenciando a


busca para seleção dos resultados. Natal, RN, Brasil, 2022.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Os artigos selecionados foram organizados


sistematicamente com delineamento dos autores e ano de
publicação, objetivo do estudo, método e fonte de dados -
Quadro 1.
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Quadro 1. Caracterização dos estudos incluídos na revisão de


escopo. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022.

Fonte
ID* Autores ** Objetivo Método de
dados

Comparar um
acompanhamento
Ensaio
multidisciplinar de
(FRIEDMAN et clínico
E1 pacientes com SPCI W1
al., 2022) randomizado
pós-unidade de
multicêntrico
terapia intensiva
(UTI).

Avaliar a co-
(KAWAKAMI
E2 ocorrência de Coorte W2
et al., 2021)
sintomas da SPCI.

Investigar a relação
entre a força de
(NAKAMURA preensão e o estado Retrospectiv
E3 W3
et al., 2021) mental usando dados o
de nossa clínica
SPCI.

Identificar os
sintomas do SPCI e
apoiar pacientes e
(OP ‘T HOOG
E4 familiares pós- Misto W4
et al., 2022)
cuidados intensivos
na transição do
hospital para o lar.

Descrever a
frequência de
comprometimento
cognitivo recém-
(MARRA et al.,
E5 adquirido Coorte S1
2019)
concomitantemente, prospectivo
incapacidade nas
atividades da vida
diária (AVDs) e
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

depressão na
Síndrome Pós-
Terapia Intensiva.

(BUZZETA; Familiarizar os
ROSAND; profissionais de Revisão de
E6 S2
VRANCEANU, saúde com a SPCI. literatura
2020)

Identificar o tipo e a
gravidade da
(LEGGIRIE et
E7 incapacidade e a QV Prospectivo S3
al., 2021)
na alta da UTI e até
os 6 meses seguintes

Apresentar
experiência e
recomendações
(HALACLI; acerca do cuidado a
Revisão de
E8 longo prazo a S4
TOPELI, 2021) literatura
pacientes portadores
da PICS decorrente
da internação pela
COVID-19.

Abordar aspectos
Coorte
inexplorados da SPCI
E9 (MANI, 2020) (observacion S5
em pacientes pós-
al)
UTI na Índia.

Descrever a
prevalência de PICS
nos pacientes com
doença por
(MATEO et al., Coorte
E10 coronavírus 2019 S6
2022) (prospectivo)
(COVID-19)
internados na
unidade de terapia
intensiva.

Avaliar se Revisão
(KONDO et al.,
E11 intervenções sistemática e S7
2017)
reabilitadoras meta-análise
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

precoces em
pacientes críticos
podem prevenir PICS
e diminuir a
mortalidade.

Investigar a
prevalência de
deficiências físicas e
(ROBINSON et
E12 disfunções cognitivas Coorte S8
al., 2018)
e psicológicas tardias
entre sobreviventes
de UTI no Brasil.

Determinar as
características da
Síndrome Pós-
cuidados Intensivos
(MARTILLO et nos domínios
E13 Coorte C1
al., 2019) cognitivo, físico e
psiquiátrico em
sobreviventes de UTI
2019 da doença por
coronavírus.

Examinar se a
Síndrome pós-
cuidados intensivos
(KANG;
altera a qualidade de
E14 JEONG; Transversal C2
vida dos
HONG, 2021)
sobreviventes da
unidade de terapia
intensiva.
* Identificação do estudo; **Autores e ano de publicação; ***W1, W2, W3,
W4: Web of Science; ***S1, S2, S3,S4, S5, S6, S7, S8: Scopus; ***CINAHAL:
C1, C2.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Quanto às evidências encontradas que corroboram com


o objetivo do estudo, construímos uma tabela contemplando as
principais Necessidades Humanas Básicas afligidas na
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Síndrome Pós-cuidados Intensivos, sendo possível sua


visualização na Tabela 1.

Tabela 1. Síntese das principais necessidades básicas afligidas


evidenciadas nos estudos incluídos na revisão de escopo,
Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022.

Necessidade básica Identificação do n (%)


afligida estudo

Psicobiológica

Comprometimento nas E1, E5, E8, E9, E10, 7 (50,0)


atividades diárias E11, E13

Mobilidade E1, E6 2 (14,3)

E1, E4, E6, E8, E9, 7 (50,0)


Dor
E10, E13

Comprometimento E2, E4, E6, E7, E8, E9, 10


físico E10, E11, E13, E14 (71,4)

Comprometimento E8, E9, E10 3 (21,4)


nutricional

Disfunção respiratória E2, E3, E4, E8 4 (28,6)


(Dispneia, fadiga)

Perda de volume E3, E4, E9 3 (21,4)


muscular

Deficiência de E3, E4, E6, E8, E9, E13 6 (42,8)


locomoção

Distúrbios da função E2 1 (7,1)


executiva

Choque E3 1 (7,1)

Incapacidade com E4, E6, E8, E9 4 (28,6)


múltiplas tarefas
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Quedas E6, E8, E9 3 (21,4)

Psicossocial

E1, E3, E4, E6, E8, E9, 8 (57,1)


Ansiedade
E11, E12

E1, E3, E5, E6, E8, E9, 9 (64,2)


Depressão
E11, E12, E13

Distúrbio do sono E3, E13 2 (14,3)

E2, E5, E6, E7, E8, E9, 11


Comprometimento
E10, E11, E12, E13, (78,6)
cognitivo
E14

Comprometimento da E3, E4, E6 3 (21,4)


memória

Comprometimento E2, E3 2 (14,3)


mental

Comprometimento E7 1 (7,1)
psicológico

Problemas de E4 1 (7,1)
concentração

Preocupação excessiva E4 1 (7,1)

Irritabilidade E4 1 (7,1)

Transtorno de estresse E4, E6, E8, E9, E10, 7 (50,0)


pós-traumático E12, E13
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Diante desses resultados, é possível identificar as


esferas psicossociais e psicobiológicas relacionados a
Necessidades Humanas Básicas e os domínios físicos,
psíquicos e cognitivos da Síndrome Pós-cuidados Intensivos,
os quais foram comprometidos (MARTILLO et al., 2021).
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Dentro da esfera psicobiológica temos: as atividades


diárias; mobilidade; dor; comprometimento físico;
comprometimento nutricional; disfunções respiratórias
(dispneia, fadiga); perda de volume muscular; deficiência de
locomoção; distúrbio da função executiva; choque;
incapacidade com múltiplas tarefas e quedas.
Ademais, na esfera psicossocial observou-se:
ansiedade; depressão; distúrbio do sono; comprometimento
cognitivo; comprometimento da memória; comprometimento
mental; comprometimento psicológico; problemas de
concentração; preocupação excessiva; irritabilidade e o
transtorno de estresse pós-traumático. É importante ressaltar a
presença do comprometimento nas atividades diárias e a dor
em 7 artigos e o comprometimento físico em 10 artigos. Desta
maneira, infere-se que para a esfera psicobiológica destaca-se
o comprometimento nas atividades diárias, dor e
comprometimento físico.
Concomitantemente, dentro da esfera psicossocial, os
principais achados são: ansiedade, depressão,
comprometimento cognitivo e Transtorno de estresse pós-
traumático, foram encontrados estes sintomas em
respectivamente 8, 9, 11 e 7 artigos. De acordo com Kawakami
et al (2021), em um estudo prospectivo, multicêntrico e
observacional de coorte, observou-se a prevalência das PICS
em pacientes após 6 meses admitidos da UTI, cerca de 64%
entre 96 adultos sobreviventes apresentaram
comprometimentos físicos, mentais e cognitivos novos ou
agravados.
A partir deste contexto, o paciente crítico pós-UTI tem
sua qualidade de vida reduzida, o que prejudica sua a vida
social, pessoal e profissional (FRIEDMAN et al., 2022).
Conforme o referencial teórico de Horta, qualquer necessidade
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

do ser humano, é considerada como básica (SOUZA et al.,


2019).
Neste sentido, a necessidade humana permanece em
latência quando em estado de equilíbrio hemodinâmico, mas
quando há perturbação deste estado teremos às manifestações
que são condições ou situações apresentadas pelo indivíduo,
família ou comunidade, as quais demandam do cuidado de
enfermagem para resolução e retorno ao estado de equilíbrio
(CIAN'ClARULLO, 1987;MOHANA, 2011).
Ademais, investigou-se também, que os pacientes se
encontram em um estado de vulnerabilidade exacerbado, que
é caracterizado pela diminuição de reserva fisiológica,
reduzindo assim sua capacidade de manter e restaurar a
homeostase no cenário de estresse agudo (MARRA et al.,
2019).
Concomitantemente, a cada 10 sobreviventes de uma
doença crítica, 6 tiveram um ou mais problemas de PICS até o
período de 1 ano e que se fazia necessário mais estudos para
entender melhor os fatores clínicos, biológicos e sociais
relacionados à capacidade de recuperação de uma doença
crítica (MARRA et al., 2019).
E por conseguinte, a PICS vem ganhando espaço e
visibilidade dentro da comunidade clínica e acadêmica,
contribuindo com as pesquisas científicas no campo médico, no
entanto, a maioria dos estudos publicados envolvem
complicações isoladas relacionadas à longa permanência do
paciente em uma UTI, visualizando disfunções como a
ansiedade e depressão em pacientes com sepse ou distúrbios
motores, para tal, essas avaliações são fragmentadas e
encontradas em uma pequena parcela dos sobreviventes das
SPCI (ROBINSON C.C. et al., 2018).
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Contudo, a qualidade de vida relacionada à saúde


envolve o bem-estar físico, emocional, social normal ou
esperado de um indivíduo, a qual é afetada pela doença ou
tratamento e não deve possuir avaliações fragmentadas
(ROBINSON C.C. et al., 2018).
Segundo Robinson et al (2018), em seu estudo de
coorte, multicêntrico e prospectivo, utilizou-se dos seguintes
instrumentos para detecção de sintomas e disfunções, como
por exemplo: a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
para detectar os sintomas de ansiedade e de depressão; a
versão brasileira do Montroel Cognitive Assessment para
disfunção cognitiva; a versão brasileira do índice de Barthel
para a dependência funcional; a versão brasileira do Impacto
Event Scale-6 para o estresse pós-traumático; para risco de
disfagia e avaliação da ingestão oral foi utilizado
respectivamente, dentre outros. Sendo de crucial importância o
uso de escalas e protocolos que possibilitem o gerenciamento
dos cuidados.

CONCLUSÃO

Embora as principais Necessidades Humanas Básicas


encontradas se encontram dentro do aspecto psicobiológico e
psicossocial. Os artigos conseguem abordar com mais clareza
os sinais e sintomas devido aos instrumentos e tecnologias
existentes que avaliam o comprometimento físico e mental, por
este motivo há prevalência da diminuição na qualidade de vida,
influenciando no trabalho, nas atividades diárias e no aspecto
mais subjetivo da individualidade humana.
Neste sentido, a Síndrome Pós-Cuidados Intensivos
pode ser caracterizada com um ou dois sintomas dentro das
esferas já mencionadas, e estas se relacionam com as
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFLIGIDAS NA SÍNDROME PÓS-
CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Necessidades Humanas Básicas, no entanto, este estudo tem


sua limitação quando se refere às evidências que conectem a
SPCI e as NHB no aspecto psicoespiritual, devido à escassez
de embasamento bibliográfico e por ser um aspecto subjetivo.
Dito isso, deve-se investigar se este evento está relacionado
com a dificuldade do registro clínico e multidimensional do
indivíduo após a admissão da UTI.
Por este viés, é importante indagar e rastrear em estudos
futuros, quais são os impactos da SPCI na esfera psicoespiritual
nos pacientes admitidos de uma UTI, pois dessa forma, os
profissionais da equipe multidisciplinar podem conduzir suas
condutas visando todas as necessidades básicas, tratando o
paciente de maneira holística, o que pode nos gerar como
consequência uma melhora na qualidade de vida.

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POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

CAPÍTULO 12

POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM


COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA
REVISÃO

Nayara Ariane Laureano GONÇALVES1


Amélia Raquel Lima de PONTES2
Edlene Régis Silva PIMENTEL³
Tainá Oliveira de ARAÚJO4
1
Orientadora/Enfermeira, Mestre em Recursos Naturais Pela Universidade Federal de
Campina Grande, UFCG.
2
Enfermeira pela UFCG/ Residente multiprofissional em Atenção Primária à Saúde, Centro
Universitário UNIFIP;
³Enfermeira. Professora da Universidade Federal de Campina Grande, UFCG/Centro de
Educação e Saúde- Campus Cuité;
4
Graduanda do curso de Enfermagem, UFCG / Centro de Educação e Saúde, Cuité – PB,
Brasil
nayariane@gmail.com

RESUMO: No cenário mundial, enfrenta-se um sério problema


de saúde pública, em razão da disseminação do vírus SARS-
COV-2, denominado novo coronavírus, sendo o mesmo
responsável pela repercussão de diversos agravos, como a
COVID-19, doença que se apresenta como uma infecção
respiratória aguda, com elevado potencial de transmissibilidade
e letalidade. Nesse cenário, surge a pronação como uma
estratégia utilizada para o manejo de pacientes com Síndrome
da Angústia Respiratória Aguda grave decorrente da COVID-
19, apresentando hipoxemia e parâmetros reduzidos da
PaO2/FiO2 que podem evoluir para disfunção de vários órgãos.
O presente estudo objetiva refletir sobre os riscos e benefícios
da posição prona em pacientes com Covid-19 e as suas
repercussões na assistência de enfermagem. Trata-se de uma
revisão integrativa da literatura, cujo levantamento da produção
cientifica foi fundamentado nos seguintes critérios: publicações
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

indexadas nas bases de dados a partir dos descritores


previamente estabelecidos, nos idiomas português e inglês,
publicações disponibilizadas gratuitamente e na íntegra,
estudos publicados no período de 2016 a 2021, presentes na
literatura e nas mais variadas bases de dados, destacando
LILACS, MEDLINE, SciELO, BDENF e o periódico CAPES.
Evidenciam-se benefícios significativos da pronação para o
tratamento da COVID-19, relacionados principalmente a
expansão pulmonar e ajustes dos parâmetros da perfusão
alveolar, entretanto, algumas complicações decorrentes dessa
prática podem surgir, destacando-se as lesões por pressão. A
enfermagem exerce um papel fundamental na assistência do
paciente com COVID-19 submetido à pronação, sendo
indispensável à elaboração de protocolos e planos de cuidado
que direcionem as intervenções assistenciais e minimizem as
possíveis complicações.
Palavras-chave: COVID-19. Pronação. Enfermagem.

INTRODUÇÃO

Constata-se que o Severe Acute Respiratory Syndrome


Coronavirus-2 (SARS-COV-2) vem evoluindo no Brasil, de
maneira desfavorável, marcada por taxas crescentes de
contaminação e de mortalidade, classificando o país como um
dos mais atingidos. Expandindo por todas as regiões,
acometendo as populações, implicando em impactos sociais,
sanitários, econômicos e políticos (SOUZA, 2020).
Assim, refere uma série de problemas nas instituições de
saúde, tais como: superlotação das Unidades de Terapia
Intensiva (UTIs), equipamentos de suporte ventilatório
insuficientes, excessivas jornadas de trabalho, demanda
reduzida de equipamentos de proteção individual, colocando
em risco a segurança dos profissionais de saúde e pacientes,
havendo a necessidade de adequar às rotinas de serviço e
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

efetivação de protocolos, além de treinamentos específicos


(WHO, 2020).
A disseminação acelerada do (SARS-COV-2) representa
uma grave ameaça à saúde pública e um desafio a nível
mundial, considerado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como um estado de emergência no início do ano de
2020. Assim, com a progressão da doença, as pessoas
contaminadas podem apresentar variados problemas, tais
como: insuficiência respiratória, síndrome do desconforto
respiratório agudo ou complicações que podem colocar a vida
em risco, implicando em uma quantidade elevada de pacientes
com uma necessidade acentuada de cuidados intensivos
(RIBEIRO, DINIZ, SILVA, 2020); (WHO, 2020).
O SARS-CoV-2 é transmitido por indivíduos infectados
sintomáticos ou assintomáticos através do contato direto com
gotículas respiratórias provenientes da tosse, espirros ou fala,
até um metro de distância (CENTERS FOR DISEASE
CONTROL AND PREVENTION, 2020; MEDEIROS, 2020).
Após a contaminação a pessoa infectada com COVID-19 pode
apresentar variadas formas clínicas da doença, com diversos
sintomas, podendo evoluir com edema pulmonar, falência
múltipla de órgãos (GATTINONI et al, 2020; CHEN et al, 2020).
A COVID-19 manifesta-se por meio de sintomas como
febre, fadiga e tosse seca. Podendo alguns indivíduos referir
dor no corpo, congestão nasal, cefaleia, conjuntivite, dor de
garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea
na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Na
maioria das vezes esses sintomas aparecem de modo mais
leve e evoluem gradualmente. Pessoas acometidas por
comorbidades como hipertensão, problemas cardíacos, renais
e pulmonares, diabetes, câncer e imunossupressão são
considerados de maior risco para o agravamento, assim como
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

os idosos (BRASIL, 2020; CAVALCANTI et al., 2020; XAVIER,


2020).
Evidencia-se que os casos mais graves evoluem com
uma insuficiência respiratória aguda grave, acompanhada da
necessidade de um suporte ventilatório mais invasivo. Nesse
cenário, surge a posição prona, uma estratégia utilizada como
uma terapêutica complementar a intubação, a fim de melhorar
a expansibilidade pulmonar, destacando-se por ser eficiente e
diminuir a mortalidade nos casos moderados e graves (ZHAO,
ZHANG, LI, MA et al, 2020).
Diante desse cenário, a fim de manter um padrão
respiratório efetivo, vem sendo adotada como medida profilática
a suplementação de oxigênio por via área avançada, como a
intubação orotraqueal, associado a um sistema de ventilação
mecânica invasiva (VMI). A equipe responsável pela execução
deste procedimento é composta por médicos, enfermeiros e
fisioterapeutas, devendo seguir protocolos de paramentação
recomendados para casos de COVID-19 e transferir os
pacientes adequadamente para uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) (BRASIL, 2020, EMERGÊNCIA ABDMD;
BRASILEIRA; BRASILEIRA, 2020).
A ventilação mecânica (VM) é um procedimento
imprescindível na UTI capaz de garantir um suporte à vida,
sendo responsabilidade do enfermeiro permitir que a via aérea
do paciente intubado se mantenha permeável, sendo
necessário conhecimento e domínio dos parâmetros pelo
operador referente à VM para que seja possível avaliar e
adaptar os pacientes a esses parâmetros, permitindo a
efetivação da assistência de enfermagem (PAIXÃO et al, 2018).
Reforçando as ideias mencionadas anteriormente, de
acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e
segundo a Lei do Exercício Profissional nº 7498/86, o
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

enfermeiro é responsável pela compreensão e organização dos


cuidados de enfermagem destinados aos pacientes graves que
podem evoluir a óbito, assim como os procedimentos e técnicas
mais elaboradas que embasam as decisões, o tratamento e os
cuidados mais complexos (COFEN,1986).
A Resolução COFEN nº 639/2020 refere que o manejo
da ventilação mecânica é um procedimento avançado de
enfermagem e determina competência privativa do enfermeiro
no âmbito da equipe de enfermagem a montagem, testagem e
instalação de aparelhos de ventilação mecânica invasiva e não
invasiva em indivíduos adultos, pediátricos e neonatos. No
processo de enfermagem, é responsabilidade do enfermeiro, as
seguintes atividades: checagem de alarmes, ajuste inicial,
manejo dos parâmetros do VM, referentes tanto a estratégia
não invasiva como na invasiva. Recomenda-se que os ajustes
dos parâmetros da Ventilação Mecânica sejam realizados
mediante coordenação da equipe médica (COFEN, 2020).
A fim de melhorar o padrão respiratório de pacientes
diagnosticados com Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) é realizada a técnica do posicionamento em prona,
sendo o paciente colocado em decúbito ventral com o propósito
de amenizar a compressão pulmonar e garantir uma melhor
perfusão. Entretanto, a posição prona pode implicar no
aparecimento de lesões por pressão (LPP), repercutindo em
complicações, em razão da pressão exercida sobre as
proeminências ósseas de ombros, cintura escapular, região
frontal da cabeça, nariz e mandíbula. Com isso, a posição prona
pode aumentar o risco de edema facial, abrasões de córnea e
extubação acidental (OLIVEIRA et al., 2017).
A relevância desse estudo é enfatizada em razão do
elevado número de pacientes submetidos ao procedimento de
suporte ventilatório invasivo em UTI, decorrente da COVID-19.
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

Assim, torna-se imprescindível analisar a técnica da posição


prona, esclarecer as nuances que permeiam esse
procedimento e orientar os profissionais de enfermagem
mediante ao manejo do paciente grave, implicando em
proporcionar uma assistência de qualidade e com mais
segurança em relação à ventilação mecânica (VM).
Espera-se que por meio dos resultados, esse estudo
contribua para o alcance de uma assistência mais humanizada
embasada nos conhecimentos científicos, priorizando o bem-
estar e a qualidade do cuidado de enfermagem ao paciente
infectado pela COVID-19 em suporte ventilatório nas unidades
de terapia invasiva (UTI).
Assim, o presente estudo tem por objetivo refletir sobre
os riscos e benefícios da posição prona em pacientes com
Covid-19 e as suas repercussões na assistência de
enfermagem.

MATERIAL E MÉTODOS

Consiste em um estudo do tipo revisão integrativa da


literatura que tem por finalidade aprofundar um conhecimento
científico. A revisão integrativa consiste em um tipo de revisão
da literatura que reúne estudos desenvolvidos em diferentes
metodologias, permitindo aos revisores comparar resultados
(SOARES et al, 2014).
Sousa et al (2017) afirma que a revisão Integrativa tem o
objetivo de reunir e condensar resultados de pesquisas sobre
um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e
ordenada, contribuindo para o aprofundamento do
conhecimento do tema investigado.
Para a construção desta revisão integrativa, seguiram-se
as seguintes etapas: I- Definição da temática; II- Elaboração da
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

questão norteadora e objetivo do estudo; III- Coleta de Dados,


IV-Análise e escolha dos artigos que se enquadraram nos
critérios de inclusão pré-estabelecidos; V-Explanação e
discussão dos resultados (SOUSA et al., 2017).

Assim, a etapa inicial do processo de elaboração da


revisão integrativa se inicia com a definição de uma
determinada problemática e a formulação de uma pergunta.
Partindo da questão norteadora que implicou no
questionamento “Quais os fatores envolvidos na assistência ao
paciente com covid-19 e na adoção do posicionamento prono?”.
Posteriormente, foi iniciada a busca nas bases de dados e a
seleção dos estudos utilizados para a revisão.
A busca na literatura foi realizada a partir dos descritores:
“COVID-19”, “pronação”, “enfermagem”, sendo devidamente
consultados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Os
critérios de inclusão foram artigos disponíveis na íntegra no
período de (2020 a 2022); nos idiomas português e inglês,
presentes na literatura e nas mais variadas bases de dados.
Dentre as bases de dados destaca-se a Biblioteca
Virtual de Saúde (BVS) que possui indexadas as seguintes
bases de dados: Medical Literature Analysisand Retrieval
System Online (MEDLINE), Literatura Latino Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na biblioteca eletrônica
ScientificElectronic Library Online(SciELO) e na Base de
Dados de Enfermagem (BDENF). E os critérios de exclusão
foram artigos repetidos, indisponíveis na íntegra, que não se
enquadravam no eixo temático e que não estavam no período
de delimitação temporal.
Após a leitura dos artigos na íntegra, a fim de condensar
os achados do levantamento bibliográfico organizou-se uma
síntese quantitativa por meio de um quadro elaborado pelos
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

próprios autores, composto por seis partes, tais como: ano de


publicação, autor(es), título, objetivo, método e principais
resultados/conclusão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao realizar o cruzamento das palavras-chave nas bases


de dados referidas anteriormente foram identificados
inicialmente 84 artigos dentre as bases de dados utilizadas na
presente pesquisa. Após a filtração do material, considerando
os critérios de inclusão, esse número foi reduzido para 36, que
foram criteriosamente analisados para atender os objetivos
desse estudo, restando ao final 10 estudos considerados aptos
e relevantes para compor a presente revisão integrativa. Dentre
as publicações encontram-se (02) estudos de casos, (01)
ensaio clínico, (04) revisões integrativas, (01) relato de
experiência, (01) estudo metodológico, (01) Estudo descritivo
com análise reflexiva, sendo a maioria desenvolvida no Brasil,
estes foram organizados e dispostos a seguir no quadro 01.
A COVID-19 é definida como uma doença respiratória
infectocontagiosa ocasionada pelo vírus SARS-COV-2,
apresentando como sintomas: febre, dispneia e coriza. Nesse
sentido, possui como forma mais grave a Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SRAG), sendo identificada principalmente por
meio dos seguintes sintomas: dispneia, saturação de oxigênio
abaixo de 95% em ar ambiente ou cianose em lábios ou face
(BRASIL, 2020).
Diante do cenário pandêmico, em que se instalou um
caos sanitário, marcado por uma elevada quantidade de
indivíduos contaminados, uma superlotação dos serviços
hospitalares, quantidade insuficiente de profissionais de saúde,
materiais e equipamentos para uma assistência qualificada
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

surge a técnica de pronação. Assim, a pronação vem sendo


utilizada como uma estratégia para o manejo de pacientes com
hipoxemia refratária, apresentando uma redução dos
parâmetros da relação PaO2/ FiO2 com risco eminente de
evoluir para quadros de disfunção de múltiplos órgãos
(LUCCHINI et al, 2020).
Diversos estudos apontam que a posição pronada
repercute satisfatoriamente apresentando bons resultados nos
quadros de insuficiência respiratória aguda (IRA) durante a
evolução da COVID-19. No entanto, esse posicionamento pode
comprometer a integridade da pele repercutindo em lesões por
pressão (LPP), em razão da impossibilidade de mudança de
decúbito durante o período de pronação, sendo os indivíduos
idosos mais vulneráveis aos agravos da COVID-19 e
consequentemente da LPP (MARTEL; ORGILL, 2020).
Refere-se que o efeito fisiológico da posição prona
permite uma significativa melhora da oxigenação em 70% a
80% considerando os valores basais dos pacientes com SRAG.
Os mecanismos referentes à respiração associam-se a
posicionamento do paciente no leito implicando na possibilidade
de reduzir o risco de atelectasias e melhorar a redistribuição da
ventilação e perfusão alveolares (PANEL, 2020).
Pesquisas evidenciam que após a inclusão dessa
intervenção na assistência, o indivíduo adulto apresenta uma
melhora do quadro respiratório, sendo identificados resultados
significativos em relação à perfusão/ ventilação e diminuição da
hipoxemia por meio da aeração mais homogênea do pulmão e
da pressão transpulmonar ventral-dorsal; redução do shunt
pulmonar, recrutamento dos segmentos pulmonares
posteriores em razão da reversão da atelectasia e drenagem de
secreção das vias aéreas (KULU, DOREY, 2020).
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

O posicionamento dos pacientes diagnosticados com


SRAG em prona ou decúbito ventral encontra-se associado a
redução da mortalidade. Segundo um estudo desenvolvido em
2013 foi possível identificar essa diminuição dos índices de
mortalidade com duração desse posicionamento por até 16
horas, no entanto, publicações mais recentes enfatizam esses
resultados quando a duração do posicionamento permanece
por mais de 20 horas (GUÉRIN et al., 2013; FAN et al.,2017).
Em relação aos efeitos da posição prona aplicada
precocemente em pacientes com COVID-19 em estado grave,
um estudo desenvolvido na China com 60 pacientes
proporciona melhora do nível hipoxêmico avaliado por meio da
saturação de oxigênio e redução na mortalidade (ZANG;
WANG; ZHOU; LIU; XUE, 2020).
As complicações podem evoluir fatalmente, como a
extubação acidental a avulsão de cateter central. As
complicações menos graves podem ser visualizadas como
lesões por pressão (LPP) em região facial, tórax e joelho,
necrose mamária; edema facial, de membros e tórax; lesão de
plexo braquial; intolerância à dieta; extubação acidental;
seletividade; deslocamento e obstrução do tubo endotraqueal e
remoção de sondas enterais e vesicais (WU, CHEN, CAI, XIA
et al, 2020).
Essas lesões são consideradas eventos adversos
evitáveis, sendo necessárias medidas preventivas aplicadas de
modo sistemático e pautadas em evidências, almejando a
diminuição da proporção dos índices e aperfeiçoando a
qualidade assistencial e a qualidade de vida dos pacientes
(ANVISA, 2017; THOMAS, 2006).
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

Quadro 1. Descrição dos artigos selecionados conforme ano de


publicação, autor (es), título, objetivos, método e principais
resultados/conclusão.
2021
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) S RESULTADOS/
CONCLUSÃO
MONTEI 1-Medidas Identificar Revisão As principais
RO, WLS para a as integrativ recomendações
et al. prevenção evidências a da preventivas para
de lesão por científicas a Literatura lesão por
pressão cerca das pressão em
associada a medidas de pacientes
posição prevenção submetidos a
prona de Lesão posição prona
durante a Por foram: avaliação
pandemia de Pressão diária da pele
COVID-19: (LP) com
Revisão associada à identificação de
integrativa posição riscos, controle
da literatura. prona de umidade,
durante a redistribuição de
pandemia pressão com uso
de COVID- de coxins,
19. hidratação da
pele, rotação da
Refletir cabeça a cada
acerca das duas horas e o
medidas de uso de
prevenção coberturas
de Lesão preventivas.
Por
Pressão
2021
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

BITENCO 2- Pronação Descrever Trata-se de A pronação é


UR, G.R do idoso na as um estudo descrita como
et al., Covid- consideraç descritivo, uma
2021. 19:Consider ões da do tipo intervenção
ações da enfermage análise de
enfermagem m reflexiva da enfermagem
gerontológic gerontológi literatura, possível na
a ca no baseado em melhora da
processo artigos expansão
de científicos e pulmonar no
pronação normas contexto da
do paciente técnicas COVID-19.
idoso publicadas Entretanto,
com no ano de sua indicação
COVID-19. 2020. para o idoso
precisa de
avaliação
específica
considerando
as
especificidad
es do
processo de
envelhecimen
to
2021
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
QUADRO 3- Utilização Descrever Relato de A indicação
S, T.C.C da posição caso de caso precoce da
et al., prona em uma PP como
2021. ventilação paciente terapia
espontânea adulta com adicional no
em paciente COVID-19, tratamento de
com covid- internada paciente com
19: relato de em unidade COVID-19
caso. de terapia pode ter
intensiva contribuído
(UTI) e para o
submetida desfecho
à posição clínico
prona. favorável,
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

principalment
e no que
tange à
oxigenação,
evidenciada
através da
melhora de
parâmetros
de PaO2,
relação
PaO2/FiO2 e
progressão
com alta
hospitalar.
2021
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
ARAÚJO, 4-Prone Descrever Trata-se de Os desfechos
M.S et al., positioning as uma scoping positivos
2021. as an evidências review. O sobressaíram
emerging científicas instrumento -se face às
tool in the acerca da PRISMA complicações
care utilização Extension for . São
provided to da posição Scoping necessários
patients prona na Reviews foi vários ciclos
infected with assistência utilizado de pronação
COVID-19: a ao paciente para a do paciente,
scoping com redação do fator
review. insuficiênci estudo. causador de
a possível
respiratória sobrecarga
aguda de trabalho
provocada da equipe de
por COVID- saúde.
19. Portanto, são
importantes
um adequado
dimensionam
ento dos
profissionais,
uma equipe
treinada e
protocolos
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

institucionais
específicos a
fim de se
garantir a
segurança do
paciente
nesse
contexto.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
GUIRRA, 5- Manejo do Identificar Trata-se de O
PSB et paciente os cuidados uma revisão treinamento
al., 2020 com Covid- a serem narrativa da da equipe
19 em executados literatura para pronar o
pronação e por meio da sobre os paciente é de
prevenção posição de manejos de suma
de Lesão por pronação pacientes importância
Pressão no leito em diagnosticad para que seja
pacientes os com feita de
com a COVID-19 maneira
COVID-19, que efetiva e
bem como evoluíram segura de
o manejo para SRAG modo a
da e minimizar os
prevenção submetidos riscos de
de lesões a manobra eventos
por pressão de pronação. adversos
relacionada desta
s a este intervenção.
posicionam Ressalta-se
ento. que essas
lesões podem
prolongar o
tempo de
internação
tendo em
vista o risco
de infecções,
consequente
mente o
aumento do
uso de
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

medicamento
s e demais
complicações
clínicas.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
SIQUEIR 6- Atuação Descrever a Estudo Para que os
A, TM et de experiência descritivo de benefícios da
al., 2020 Enfermeiro vivenciada Abordagem posição prona
residente por qualitativa sejam
nos residentes tipo relato de aproveitados
cuidados de de experiência. e seus riscos
paciente enfermage minimizados
covid-19 na m em é necessário
posição Terapia que o
prona em Intensiva e enfermeiro
unidade de seus elabore
terapia precptores planos de
intensiva na cuidados
elaboração capazes de
de um impactar
plano de positivamente
cuidados de na
enfermage recuperação
m para do paciente.
paciente
com
COVID-19
em posição
prona
internado
em UTI.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
SANTOS, 7- Pacientes Realizar a Estudo O checklist e
V.B et al., com Covid- validação metodológic o banner
202 0. 19 em prona: de o de foram
validação de conteúdo e validação de validados,
materiais de face de conteúdo e podendo ser
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

instrucionais um de face com utilizados na


para checklist e 26 prática clínica
prevenção de um enfermeiros para facilitar a
de lesões banner especialistas prevenção de
por pressão sobre . lesões por
prevenção pressão em
de lesão pacientes na
por pressão posição
em prona.
pacientes
na posição
prona.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
MARTEL, 8- Medical Avaliar 30 Estudo de A experiência
T; Device- casos de caso levou a
ORGILL, Related MDRPIs equipe da
D.P,2020. Pressure adquiridos instituição
Injuries durante o hospitalar a
During the pico de desenvolver
COVID-19 nossa um projeto de
Pandemic. pandemia, melhoria de
de 1º de qualidade
abril a 31 de com o
maio de objetivo de
2020, e melhorar o
comparar gerenciament
com lesões o de
observadas pacientes
em um com doenças
período respiratórias
semelhante de alto risco
antes da que requerem
pandemia. intubação e
posicionamen
to propenso.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

PERRILL 9- Facial Foram Estudo de No contexto


AT A, pressure descritos caso da pandemia
FOLETTI ulcers in dois casos de COVID-19,
J.M, COVID-19 com o o uso de
LACAGN patients objetivo de terapia de
E A.S, undergoing enfatizar o posição prona
GUYOT prone risco de no tratamento
L, positioning: úlcera por da SRAG
GRAILLO How to pressão pode levar a
N N, prevent an facial em uma
2020. underestimat decorrência proporção
ed do significativa
epidemic? posicionam de úlceras de
ento prono, pressão.
a fim de O
discutir sua posicionamen
fisiopatologi to prono deve
a e ser
destacar a supervisionad
importância o e
de medidas monitorado
preventivas regularmente
adequadas. por um
membro da
equipe de
enfermagem
familiarizado
com esta
técnica.
2020
AUTOR TÍTULO OBJETIVO MÉTODO PRINCIPAIS
(ES) RESULTAD
OS
TOLCHE 10- Abordar a Ensaio Entre as
R, MC et Posicioname necessidad clínico com o populações
al.,2020 nto prono e de desenvolvim que podem se
para intervençõe ento de um beneficiar do
mulheres s de baixo algoritmo posicionamen
grávidas custo e para o to prono
com baixo risco posicioname estão as
hipoxemia em face de nto propenso mulheres
devido à uma de gestantes grávidas com
doença do síndrome intubadas e dificuldade
coronavírus viral respiratória
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

2019 (COVID- generalizad não grave, desde


19) a em que a intubadas. que as
hipoxemia mudanças
predomina. fisiológicas e
os riscos da
gravidez
sejam
levados em
consideração
.
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
Refere-se que a principal complicação decorrente do
posicionamento em prona é a lesão por pressão (LPP).
Acometendo predominantemente as regiões de proeminências
ósseas como ombros, face, região frontal, mandibular, esternal
entre outras. Destaca-se que os pacientes com instabilidade
hemodinâmica e respiratória assistidos em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) apresentam um quadro clínico com risco de
desenvolver a LPP em razão do uso de drogas vasoativas,
sedativas e da ventilação mecânica invasiva (BORGES;
RAPELLO; ANDRADE, 2020); (SOUZA et al., 2018).
As LPPs podem provocar sérios danos à pele dos
pacientes dificultando o processo de recuperação em aspectos
gerais. Podendo provocar dores, infecções graves, sepse e
aumento da mortalidade. Interferindo ainda no tempo de
internação e contribuindo para a elevação das despesas
financeiras com os serviços de saúde. Pesquisas apontam que
aproximadamente 600 mil indivíduos hospitalizados
anualmente nos Estados Unidos chegam a óbito em
decorrência de complicações relacionadas as LPPs com custos
estimados em 11 bilhões de dólares anuais no tratamento
desses pacientes (BRASIL, 2013).
De acordo, com um estudo de revisão sistemática de
literatura realizado com 1.109 pacientes tornou-se possível
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

identificar que pacientes em posição prona possui um risco 22


vezes maior para o desenvolvimento de lesões por pressão (LP)
(ZANG; WANG; ZHOU; LIU; XUE, 2020). Uma pesquisa
retrospectiva revelou que 14% dos 170 pacientes em posição
prona desenvolveram LP (LUCCHINI et al, 2020). As LP
tornam-se uma problemática significativa na assistência à
saúde, em razão do aumento das despesas hospitalares,
repercutindo em impactos físicos e emocionais que atingem
pacientes e seus familiares.
Essas lesões são consideradas eventos adversos
evitáveis, sendo necessárias medidas preventivas aplicadas de
modo sistemático e pautadas em evidências, almejando a
diminuição da proporção dos índices e aperfeiçoando a
qualidade assistencial e a qualidade de vida dos pacientes
(ANVISA, 2017; THOMAS, 2006).
Além de desencadear as LPPs, a posição prona pode
repercutir no surgimento do edema facial, na instabilidade
hemodinâmica transitória, abrasões de córnea e obstrução do
tubo orotraqueal. Em razão das complicações ocasionadas pela
posição prona, torna-se imprescindível que os profissionais de
saúde se capacitem e sejam treinados para o manejo dos
pacientes tanto na técnica adequada para pronar quanto no
momento de decidir sobre as medidas de prevenção e controle
de lesões por pressão e controle de infecção em razão de uma
desconexão acidental do tubo orotraqueal ( ALHAZZANI et al.,
2020).
Torna-se indispensável que as instituições de saúde
desenvolvam protocolos para pronação baseados nos recursos
disponíveis em cada localidade, considerando que as LPPs
consistem em uma complicação significativa com dispendiosos
custos para o sistema de saúde (KIM; MULLINS, 2016).
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

As medidas preventivas relacionadas à lesão por


pressão na posição prona, representa um desafio para a equipe
multidisciplinar. Constata-se que os pacientes submetidos aos
cuidados intensivos apresentam um risco elevado para o
comprometimento da integridade da pele em curto período de
tempo. Essa situação se agrava, em razão da utilização dos
dispositivos médicos na terapia intensiva, tais como: tubo
orotraqueal, sondas, cateteres, drenos, dentre outros
(OLIVEIRA et al., 2013).
Evidencia-se por meio de publicações mais recentes, a
indicação de três intervenções preventivas a serem
implementadas para a pronação: I-avaliação e gestão da pele;
II- uso de redistribuição da pressão ou dispositivos de
posicionamento; III- uso de curativos preventivos, incluindo a
prevenção de lesões associadas a dispositivos médicos e sobre
proeminências ósseas.
Além disso, outros estudos ressaltam que as ações de
enfermagem recomendadas incluem avaliação diária da pele,
identificação de riscos, controle da umidade, utilização de
coxins para redistribuição da pressão, rotação da cabeça no
intervalo de duas horas e coberturas preventivas.
Logo, ressalta-se que essas estratégias devem ser
adotadas por toda a equipe de profissionais de saúde envolvida,
sendo imprescindível a sua execução para tornar a assistência
mais qualificada, eficiente e humanizada. Os enfermeiros
exercem um papel fundamental durante esse processo, sendo
responsáveis por desenvolver estratégias de cuidado que
minimizem os danos decorrentes da pronação.
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração desse estudo possibilitou uma reflexão


sobre as práticas que envolvem a COVID-19 enfatizando a
adoção da estratégia de pronação. Constata-se que a temática
abordada apresenta significativas lacunas relacionadas ao
conhecimento e as informações disseminadas, em razão dessa
doença ser mais recente e ter suas evidências científicas
atualizadas constantemente.
Nesse sentido, a elaboração de mais pesquisas sobre
essa temática é indispensável para compreender um pouco
melhor essa patologia e seus efeitos, possibilitando a definição
de estratégias mais eficazes.
A posição prona vem sendo utilizada com bastante
frequência diante dos casos de insuficiência respiratória
decorrentes da COVID-19, com resultados bem satisfatórios,
no entanto, pode resultar em graves danos, tais como o
surgimento de lesões por pressão (LPP) em face, ombros e
outras proeminências ósseas.
Evidencia-se que essas lesões podem evoluir para um
quadro infeccioso, sendo uma das principais causas para o
prolongamento da internação desses pacientes e contribuindo
para a utilização de uma quantidade excessiva de
medicamentos e o risco de complicações clínicas.
Torna-se imprescindível que o enfermeiro desenvolva
protocolos assistenciais e um plano de cuidados capaz de
identificar e traçar estratégias diante das complicações da
pronação, sendo fundamental o envolvimento da equipe
multidisciplinar para alcançar resultados satisfatórios para a
recuperação do paciente e promover uma assistência mais
eficiente.
POSIÇÃO PRONA EM PACIENTES COM COVID-19 E AS REPERCUSSÕES NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO

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ENFERMAGEM EM
SAÚDE COLETIVA
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

CAPÍTULO 13

AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS


AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM UMA
UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Samuel Guedes de Souza ARAÚJO1
Rônald de Assis RAIMUNDO1
Ana Eloísa Cruz de OLIVEIRA2
1
Graduandos do curso de Enfermagem da Escola de Ensino Superior do Agreste Paraibano,
EESAP; 2 Enfermeira, Doutora pelo PPGMDS/UFPB, Docente da EESAP;
samuelguedes087@gmail.com

RESUMO: O exame citopatológico é tido como instrumento


mais adequado, prático e menos oneroso para o rastreamento
do câncer de colo de útero, também denominado de
Papanicolaou e mais popularmente referido, como exame
preventivo. Portanto, o presente artigo objetivou apresentar a
vivência de acadêmicos de Enfermagem no desenvolvimento
de ações preventivas e diagnósticas ao câncer cervicouterino
em uma Unidade Básica em Saúde em Guarabira-PB. Trata-se
de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado a
partir da vivência de acadêmicos de Enfermagem no
desenvolvimento de ações preventivas e diagnósticas ao
câncer cervicouterino, ao longo do estágio supervisionado, nos
meses de agosto e setembro de 2022. Acompanhar o processo
de trabalho da Enfermagem no âmbito da saúde da mulher
possibilitou um maior envolvimento nas ações de prevenção do
câncer de colo uterino. Com isso, percebeu-se que saber
assistir, educar, manejar e promover um cuidado continuado
junto à população feminina são habilidades primordiais na
atuação do enfermeiro na Atenção Primária. Dessa forma, foi
possível concluir que a prática no dia a dia da Unidade Básica
de Saúde proporcionou melhorias tanto no conhecimento e
desenvolvimento de habilidades dos estagiários de
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

enfermagem e oferta de ações e serviços no âmbito da saúde


da mulher na Atenção Primária à Saúde.
Palavras-chave:Neoplasia do colo do útero. Teste de
Papanicolau. Atenção Primária à Saúde.

INTRODUÇÃO

O câncer de colo uterino (CCU) é caracterizado pela


replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão,
causadapor uma infecção persistente de tipos oncogênicos do
Papiloma Vírus Humano (HPV) (VIEIRA et al., 2022).
Com aproximadamente 570 mil casos novos por ano no
mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais
comum entre as mulheres, sendo ainda a quarta causa mais
frequente de morte por câncer em mulheres. Tal cenário se
instala devido a fatores socioeconômicos, culturais, sexuais e
reprodutivos, além dos fatores relativos à assistência em saúde,
os quais criam barreiras na realização da prevenção e do
diagnóstico precoce. Além disso, ressalta-se também que os
sentimentos e atitudes em relação ao câncer de colo uterino e
ao exame citológico também influenciam como fatores na
adesão da mulher ao exame (IARC, 2020; INCA, 2021).
Levando em consideração o câncer de colo uterino, que
diante dos altos índices de incidência e de mortalidade, tornou-
se um problema de saúde pública à medida que compromete
de forma significativa a vida das mulheres, torna-se de grande
relevância a discussão acerca do principal método de
prevenção, o exame citológico (VIEIRA et al., 2022).
Nesse contexto, o exame citopatológico é tido como
instrumento mais adequado, prático e menos oneroso para o
rastreamento do câncer de colo de útero, também denominado
de Papanicolaou e mais popularmente referido, como exame
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

preventivo. O mesmo consiste no esfregaço ou raspado de


células esfoliadas do epitélio cervical, tendo importância tanto
para prevenção secundária quanto para o diagnóstico, pois
possibilita a descoberta de lesões pré-neoplásicas e da doença
em seus estágios iniciais. A coleta do exame é amplamente
ofertada no contexto brasileiro, principalmente na Atenção
Primária à Saúde (APS) (ANJOS et al., 2021).
O Ministério da Saúde preconiza que toda mulher que
iniciou sua vida sexual dos seus 25 a 64 anos deve realizar a
coleta, todavia o índice de pessoas do sexo feminino que
iniciaram sua vida sexual na contemporaneidade não condiz
com esta faixa etária. Tal afirmação pode ser feita na medida
em que o índice de gravidez na adolescência tem crescido
demasiadamente nos últimos dez anos, levando a conclusão
que muitas destas garotas podem apresentar alguma patologia
sexualmente transmissível, ou não, devido à falta de educação
sexual e o precoce início na sua vida reprodutiva (INCA, 2021).
Somado a isto, a importância da consulta ginecológica
pelo profissional de enfermagem também é destacada na
resolutividade de afecções ginecológicas comuns e de caráter
benigno, como vaginose bacteriana e candidíase, no qual o
Ministério da Saúde confere autonomia a esta categoria para
abordagem preventiva e resolutiva, visando o cuidado eficaz e
continuado na APS (GOMES; HOLANDA; BARROS, 2022).
Nesse panorama, ressalta-se a responsabilidade dos
gestores e dos profissionais de saúde em realizar ações que
visem o controle do câncer de colo uteirno e que possibilitem a
integralidade do cuidado, objetivando principalmente os
aspectos de prevenção e promoção da saúde. Nesse cenário,
o enfermeiro possui um papel impactante no que se refere a
ações em saúde para o diagnóstico precoce do CCU, o que
consequentemente irá aumentar as chances de um bom
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

prognóstico da patologia, além de uma relevante atuação no


tratamento e acompanhamento contínuo do público feminino do
seu território (VIEIRA et al., 2022).
Portanto, o presente artigo objetivou apresentar a
vivência de acadêmicos de Enfermagem no desenvolvimento
de ações preventivas e diagnósticas ao câncer cervicouterino
em uma Unidade Básica em Saúde (UBS) em Guarabira-PB.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de


experiência, elaborado a partir da vivência de acadêmicos de
Enfermagem no desenvolvimento de ações preventivas e
diagnósticas ao câncer cervicouterino, ao longo do estágio
supervisionado. O mesmo foi realizado em uma Unidade Básica
de Saúde, localizada em Guarabira, Paraíba, nos meses de
agosto e setembro de 2022.

RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ao iniciar as atividades do estágio supervisionado, no
contexto da Unidade Básica de Saúde, foi possível conhecer a
rotina do serviço e perceber que as consultas ginecológicas e a
realização do exame citopatológico ocorriam todas as quartas-
feiras. Nesses momentos, sempre um dos estagiários era
designado a participar, favorecendo o desenvolvimento dos
seus conhecimentos e habilidades na área.
Acompanhar o processo de trabalho da Enfermagem no
âmbito da saúde da mulher possibilitou um maior envolvimento
com tópicos importantes acerca da prevenção do câncer de
colo uterino, como a educação em saúde, a notificação no
Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), prática do exame
citológico e suas condutas, encaminhamentos aos serviços
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

especializados de referência e o cuidado continuado na


unidade.
Em primeiro plano, identificou-se que apesar dos
esforços de toda a equipe, a demanda de consultas
ginecológicas e a coleta dos exames citopatológicos do colo
uterino eram baixas. Para intervir nessa realidade,
primeiramente foi realizado um levantamento junto com a
enfermeira da UBS.
Assim, constatou-se que muitas mulheres não
procuravam realizar a consulta e a coleta do exame
citopatológico por não compreender o relevante papel do
exame para a sua saúde, por possuírem planos de saúde ou
por se tratar de um exame de custo acessível para a maioria
das mulheres em outros serviços de saúde. Algumas mulheres
referiam preferir realizar o exame em outros serviços porque os
resultados da UBS demoravam a chegar. Todavia, a cobrança
da UBS à secretaria de saúde fez com que os exames desta
unidade tivessem um prazo máximo de 30 dias para
recebimento.
Com isso, foi perceptível a necessidade do
desenvolvimento de ações de educação em saúde no contexto
de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, tornando-se
algo rotineiro na unidade, principalmente no processo de
trabalho da equipe de enfermagem, que contou com o apoio
dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), profissionais esses
fundamentais nessa empreitada devido o conhecimento da
comunidade, seus determinantes e condicionantes em saúde,
como também o vínculo estabelecido com o território.
Através da parceria com esses profissionais,o
planejamento para a captação das pacientes a realizarem o
exame se dava no consultório de enfermagem no qual cada
ACS tinha sua oportunidade de apresentar as características de
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sua demanda, como também os desafios a serem enfrentados


para conseguir incentivar tais mulheres a realizarem o exame
preventivo.
Apesar da usuária possuir autonomia para agendar seu
exame na recepção da unidade, muitas mulheres não
buscavam, como também não tinham realizado nos últimos
anos. Dessa forma, a intervenção com os ACS sucedia da
seguinte forma: reunião no consultório de enfermagem e
explanação do quadro situacional na área; captação pelo
incentivo através do diálogo e agendamento realizado na
unidade pela paciente.
Nessa trâmite, a importância era destacada a fim de que
a paciente desenvolvesse a prática do autocuidado, ou seja,
realizar tal exame periodicamente, conforme indicado em sua
singularidade.
No serviço de saúde, durante a consulta, os estagiários
escalados no consultório de enfermagem, concomitantemente
com a enfermeira realizavam explanações com linguagem
adaptada sobre o sistema genital feminino, sinais e sintomas
das principais afecções,e a importância da realização do
exame, pois muitas ficavam apreensivas devido experiências
de outros serviços no qual relataram dor e machucados.
Além do desenvolvimento de atividades educativas
durante as consultas de enfermagem, também foram realizadas
rodas de conversas para ressaltar a importância do exame
citológico e aumentar a adesão das mulheres ao exame. Tais
práticas ocorrem ao longo de todos os meses do ano, mas é
intensificada nos meses de setembro e, principalmente, outubro
graças ao aumento da busca pelos serviços, devido se
caracterizar como mês de alusão à prevenção do câncer de
mama.
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Por conseguinte, observou-se que a abordagem da


educação em saúde teve como agentes principais o enfermeiro
da unidade, os estagiários de enfermagem e os agentes
comunitários de saúde, devido não somente à preparação
técnico-científica frente ao contexto trabalhado, mas também
pelas habilidades de comunicação estabelecida com o público-
alvo, simplificando a linguagem em nível de entendimento
popular.
Dessa forma, através da educação em saúde fornecida
na unidade, mulheres conseguiram tirar suas dúvidas,
minimizar medos e sentimentos de vergonha, como também
conhecerem a importância desse exame. Com isso, foi
perceptível o gradual crescimento na busca pelas consultas
ginecológicas e o exame citopatológico de colo uterino,
compreendendo que dar maior atenção aos aspectos subjetivos
envolvidos na prevenção do câncer de colo uterino pode
agregar ainda mais qualidade ao cuidado ofertado a essa
clientela.
Atualmente, o que também tem auxiliado no
acompanhamento da oferta de ações e serviços no contexto da
saúde da mulher na unidade é a utilização do Prontuário
Eletrônico do Cidadão- PEC. Afinal, este sistema consiste em
um software que foi arquitetado com a finalidade de organizar e
otimizar o fluxo de atendimentos nas Unidades Básicas de
Saúde, além de colaborar para a coordenação do cuidado do
paciente, pois todas as informações, antigas e recentes, ficam
disponíveis para os profissionais de saúde.
Além do registro no PEC, também existe um documento
próprio que serve para controle local. Este apresenta dados
como: nome da paciente, data da coleta realizada, endereço e
seu respectivo ACS. Esse controle faz-se importante, pois caso
haja uma alteração significativa, principalmente alguma
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modificação celular de característica oncológica, o ACS realiza


a busca ativa rapidamente para dar-se continuidade de seu
tratamento, seguindo o princípio doutrinário da integralidade
com intuito de garantir a assistência devida e redução de danos.
Somado a isto, foi possível perceber que a cultura
apresenta grande influência na adesão ao exame
citopatológico. Mulheres mais jovens demonstraram menos
importância quanto a presença de um estagiário do sexo
masculino ao longo da consulta de enfermagem e coleta do
exame citopatológico, diferentemente das mulheres que
apresentam a faixa etária de 40-64 anos.
Acrescido a isto, também existe, apesar de menor, a
resistência à presença de estudantes do sexo feminino, porque
caracterizam o exame como algo constrangedor, apesar de
essencial.
Não obstante, mesmo sendo respeitado o desejo das
pacientes no que se diz ao retirar-se do consultório,
preservando o direito à privacidade, algumas relatam que não
buscaram ou deixaram de buscar por vergonha dessas
situações, pois é uma Unidade Básica de Saúde que a cada
seis meses recebe turmas novas que estão a cumprir o estágio
supervisionado.
Dessa maneira, a influência cultural somada aos demais
fatores que resultam na baixa adesão da população feminina
aos cuidados relacionados à saúde da mulher impactam
negativamente nos indicadores do Programa Previne Brasil,
assim como cria lacunas no efetivo cuidado à saúde do público
feminino.
E assim, essa abordagem também fez parte das ações
educativas, buscando sensibilizar cada mulher diante do
relevante contexto do exame, independente do profissional que
estivesse conduzindo sua coleta.
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UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ademais, percebe-se que atualmente o Ministério da


Saúde preconiza que a mulher que realizou dois exames
anuais, cujo no resultado não apresentou nenhuma alteração
significativa, realize este exame novamente em três anos.
Contudo, a prática da UBS em questão permite que caso ela
queira realizar no ano seguinte, o exame será realizado
normalmente, porém sem contabilizar para os indicativos do
Previne Brasil.
A respeito do registro no Sistema de Informação do
Câncer – SISCAN, sempre que a coleta é feita as informações
da paciente são inseridas no sistema e constam informações
que notificam como a coleta do respectivo material biológico.
Dessa forma, é gerado um arquivo a ser impresso e enviado ao
laboratório juntamente com a lâmina. O resultado pode vir
impresso do laboratório ou lançado no sistema. Nas consultas
realizadas, muitos resultados foram impressos no momento em
que a paciente solicitou o laudo, pois consultar o sistema foi
mais ágil do que esperar vir impresso para a UBS.
Além das ações educativas e a interação com o SISCAN,
os estágio possibilitou uma significativa experiência prática aos
estagiários no desenvolvimento de consultas de enfermagem e
coleta do exame citopatológico, sendo supervisionado pela
enfermeira preceptora.
Além do procedimento tradicional, diferentemente de
algumas outras unidades, era realizado o teste de Schiller com
iodo (preferencialmente) ou ácido acético para as que
apresentaram anteriormente alergia ao composto iodado
(lugol). Esse teste é comum ser realizado na colposcopia, um
exame mais complexo realizado apenas em unidades de nível
secundário em saúde nos locais de referência devido
pactuações entre gestores.
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
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Esse diferencial permitiu que fossem identificadas lesões


atípicas ainda na unidade, o que norteia o encaminhamento
para outros serviços e especialidades com caráter de urgente
ou menos urgente, mas que ainda assim necessita de atenção
especializada.
Ademais, também era realizada a inspeção de toda
mucosa vaginal, buscando por alterações características de
vaginose bacteriana ou candidíase, com intuito de realizar
abordagem sindrômica. É importante destacar que em nenhum
momento os testes supracitados substituíram a análise pelo
patologista, apenas serviram de complemento seja para um
tratamento de candidíase vaginal ou vaginose bacteriana ou
ainda encaminhamento para realização de colposcopia para
investigação de atipias a olho nu.
Outrossim, os conhecimentos teóricos a cerca da
classificação histológica de Richard foram desenvolvidos, assim
como proceder de acordo com o que cada resultado indicasse,
levando em consideração sempre a idade da mulher, pois é
comum que mulheres em idade fértil ocorra uma renovação do
epitélio, o que pode ser confundido com atipias, bem como
displasias.
Dessa forma, a instrução recebida, de acordo com os
manuais mais recentes do Ministério da Saúde, era de que
sempre que houvesse um resultado de NIC I, a indicação
estaria voltada para acompanhamento na unidade, por ser uma
lesão de baixo grau, todavia os níveis NIC II e III deveriam ser
encaminhadas para realizarem a colposcopia no setor de
referência. Essa classificações eram realizadas pelo médico
patologista do setor resonsável pela análise das coletas nas
quais as classificações procediam da seguinte forma: NIC I-
Displasia leve; NIC II: Displasia moderada e NIC III: Displasia
acentuada ou Carcinoma in situ.
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Com isso, as pacientes diagnosticadas com câncer


cérvicouterino, foram encaminhadas para o Hospital de
referência da Paraíba, situado em João Pessoa, capital da
Paraíba. Mesmo referenciada, a paciente continuava seu
vínculo com a UBS e sua equipe. Dessa maneira, visitas
domiciliares e consultas médicas ou de enfermagem, como
também demais serviços foram ofertados com assistência
equitativa, devido necessidades mais complexas, garantindo
continuidade do cuidado e qualificando o mesmo.

REFLEXÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA

A realização do exame citopatológico na Unidade Básica


de Saúde representa uma alternativa fundamental para o
rastreamento e detecção precoce do câncer de colo uterino, de
excelente custo-benefício e que através da UBS, a preferencial
porta de entrada para as redes de atenção à saúde, muitas
mulheres conseguem resolutividade no tratamento de afecções
ginecológicas, como vaginose bacteriana e candidíase, assim
como prevenir o câncer de colo uterino, seja pela descoberta
precoce de lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas (GOMES
et al., 2022; ANJOS et al., 2021).
Nesse cenário, a educação em saúde também torna-se
primordial, pois muitas pacientes possuem baixo conhecimento
sobre seu corpo e sobre o próprio exame citopatológico. Com
isto, o incentivo ao acompanhamento periódico proporciona
uma maior proteção à qualidade de vida da mulher.
Nesse contexto, a Enfermagem vem se destacando na
tarefa do cuidado preventivo, buscando desenvolver estratégias
que motivem e mobilizem os profissionais envolvidos para a
realização do cuidado, principalmente na Atenção Primária à
Saúde. Uma dessas formas é orientar quanto à importância da
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realização de exames preventivos, por meio de informações e


orientações, procurando fazer com que este processo seja
realizado, mas que também ocorra de forma interativa,
promovendo o autoconhecimento, desenvolvendo a confiança
entre os participantes deste processo e o respeito, para um
trabalho eficiente.
Como supracitado, as ações educativas apresentam
destaque na rotina vivenciada na UBS, e através desta atenção,
as usuárias adquirem importantes conhecimentos, como
também criam um relevante vínculo com os profissionais da
equipe de saúde atuante em seu território, facilitando a
existência do cuidado continuado, pautado em confiança e
credibilidade.
A vivência do estágio supervisionado do acadêmico de
enfermagem no âmbito da saúde da mulher é de suma
importância e faz-se essencial na construção de habilidades e
técnicas, além de proporcionar o desenvolvimento da
abordagem humanizada no quesito de educação em saúde, de
modo a reconhecer os condicionantes e determinantes em
saúde, além de adaptar práticas e conhecimentos conforme
necessidade de cada cenário para que a população seja
assistida de forma eficaz e eficiente.
Somado a isto, o acadêmico também aprende a
desenvolver aptidão para capacitar os demais profissionais
envolvidos no cuidado, configurando educação permanente
para estes, a fim de que em conjunto sejam ofertadas práticas
baseadas em evidência, priorizando a segurança do paciente.
Dessa forma, durante o estágio, é perceptível como o
acadêmico e futuro profissional deve prezar por sua
qualificação contínua com intuito de que seja capaz de fornecer
uma assistência de qualidade a quem lhe for confiado.
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Assim, desde a formação do profissional de


enfermagem, torna-se evidente que êxito do rastreamento do
câncer depende, além da qualidade e continuidade das ações
de prevenção e controle das doenças, da reorganização
assistência à saúde das mulheres nos serviços de saúde,
capacitação dos profissionais que estão presente nos serviços,
estabelecendo ações humanizadas e equitativas, baseadas no
respeito às particularidades e diferença de valores, eliminando
barreiras e desigualdades no acesso e utilização dos serviços
Além disso, a abordagem teórico-prática durante o
estágio supervisionado na análise na classificação histológica
de Richard faz-se importante para os acadêmicos tenham um
norteamento com base nessa classificação, como também nos
manuais do Ministério da Saúde, a fim de seja traçado
planejamento individual para dar continuidade ao cuidado.
Desenvolver habilidadades para reconhecer e
encaminhar para as demais complexidades é fundamental, mas
também aprender a comunicar às usuárias suas condições de
saúde é um diferencial que não é obtido na sala de aula.
Tal vivência proporcionou o aprendizado de abordagens
de caráter humanizado, visando seguir a Política Nacional de
Humanização e singularidade de cada mulher, possibilitando
um melhor acolhimento das usuárias e o fortalecimento de
vínculos.
Sendo assim, saber assistir, educar, manejar e promover
um cuidado continuado e gerenciar a unidade são habilidades
necessárias na atuação do enfermeiro na Atenção Primária à
Saúde. Por isso, durante o processo de estágio supervisionado
tais aptidões devem ser trabalhadas a fim de que sua
assistência seja resolutiva, preventiva, educadora e eficaz.
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CONCLUSÕES

Dessa forma, foi possível concluir que a prática no dia a


dia da Unidade Básica de Saúde proporcionou melhorias tanto
no conhecimento e desenvolvimento de habilidades dos
estagiários de enfermagem, quanto na prática de oferta de
ações e serviços no âmbito da saúde da mulher na APS.
O aprendizado obtido foi de suma importância para a
amplificação dos conhecimentos teórico-práticos nesse âmbito,
possibilitando o aperfeiçoamento do pensamento crítico e
reflexivo dos acadêmicos de enfermagem frente ao cenário
profissional.
Afinal, o estágio contemplou não apenas a realização de
procedimentos técnicos de Enfermagem, mas fez com que cada
estagiário pudesse se envolver em atividades de planejamento,
intervenção e avaliação frente ao processo de trabalho em
equipe na APS, se aproximando de obstáculos comuns nos
territórios das unidades de saúde e buscando refletir acerca de
alternativas que possibilitassem reverter as problemáticas
identificadas, como a baixa adesão ao exame citopatológico.
Ademais, observou-se que tal déficit na captação para a
realização do exame citopatológico se deu por diversos fatores
corriqueiros entre a população feminina, ligados a cultura ou ao
meio social das usuárias, corroborando para a baixa adesão.
Como consequência dessa situação, ocorreram
prejuízos na obtenção do diagnóstico precoce do CCU, como
também a identificação de afecções ginecológicas. Assim, se
destacou a necessidade de promoção de iniciativas de
educação em saúde para essa população, com o propósito de
mudança de paradigmas associados ao exame.
Percebeu-se assim que é indispensável procurar prestar
assistência às mulheres, dando suporte, facilitando e
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UMA UBS EM GUARABIRA-PB: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

capacitando não apenas individualmente, como em grupos,


para que mantenham ou restabeleçam seu bem-estar de forma
satisfatória de acordo com suas crenças e cultura, sempre
considerando as mulheres como ativas e responsáveis pelo
cuidado com sua saúde, promovendo a construção de uma
consciência crítica.
Outrossim, para o auxílio no atendimento, também se
mostrou relevante a correta utilização de todo o sistema de
informação em saúde empregado nos atendimentos, os quais
buscam facilitar e agilizar toda a demanda de dados.
Em vista disso, percebe-se que os cuidados de
enfermagem são divisores de águas na atenção à mulher na
Atenção Primária, sendo importante a criação do vínculo e de
um atendimento humanizado para facilitar cada vez mais a
quebra de barreiras que impedem a usuária de receber o melhor
atendimento.
Afinal, tornou-se nítido que para atuar na prevenção e
detecção precoce do câncer de colo uterino de forma eficiente
é necessário não apenas incentivar as mulheres a buscar o
exame citopatológico, mas deve-se também, por parte dos
profissionais de saúde começar a visualizar a mulher de forma
integral e individualizada, valorizando não apenas suas atitudes
diante do exame, mas também os seus sentimentos envolvidos
nesse momento e a forma como vivenciam a realização desse
procedimento.
Dessa forma, um outro fator que se mostra relevante
diante de tal processo é a tomada de decisão desenvolvida
pelos profissionais diante dos aspectos que facilitam ou
dificultam a adesão ao procedimento, principalmente o
enfermeiro, que é o profissional que realiza o exame
citopatológico, na maioria das vezes.
AÇÕES PREVENTIVAS E DIAGNÓSTICAS AO CÂNCER CÉRVICOUTERINO EM
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Por fim, ressalta-se a necessidade de realização de


outros estudos que auxiliem na ampliação do conhecimento e
das práticas de enfermagem, na saúde da mulher,
principalmente com o enfoque voltado para a prevenção e
promoção de saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANJOS, E.F.et al. Monitoramento das Ações de Controle do Câncer


Cervicouterino e Fatores Associados. Texto & Contexto Enfermagem,
v.30, 2021. Disponível em: DOI https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-
2020-0254. Acesso em: 19 set. 2022.
CEOLIN, R. et al. Análise do rastreamento do câncer do colo do útero de
um município do sul do Brasil. Rev. pesq. cuid. fundam. Online, Rio de
Janeiro, v. 12, p. 406-412, 2020. Disponível em:
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VIEIRA, E. A.et al. Atuação do enfermeiro na detecção precoce do câncer
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ew/2275/2797. Acesso em: 02 out. 2022.
ENFERMAGEM EM
PEDIATRIA
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

CAPÍTULO 14

CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS


PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE LITERATURA
Eunice Fernandes da SILVA 1
Katarine Florêncio de MEDEIROS 2
Micheline Veras de MOURA3
Luciana Leite de OLIVEIRA4
Soraya Maria de MEDEIROS 5
1
Mestrado Acadêmico em Enfermagem, Enfermeira em Pediatria, Preceptora da Residência
Multiprofissional em enfermagem/UFRN; 2 Mestranda em Enfermagem (UFRN), Enfermeira
em Pediatria, Preceptora da Residência Multiprofissional em Enfermagem/UFRN; 3
Doutoranda Universidade de Coimbra. Mestre em Enfermagem Universidade de Brasília
(UnB) 4 Enfermeira do Hospital Universitário Onofre Lopes, UFRN. Residência Modalidade
Especialização em Pneumologia pela UNIFESP. Especialista em Terapia Intensiva pela UnP;
5
Doutora em Enfermagem, Professora do Departamento de Enfermagem da UFRN.
eunicefsilva123@gmail.com

RESUMO: A assistência prestada ao cliente que se encontra


fora de possibilidades terapêuticas envolve uma equipe
multiprofissional, onde a atuação desta visa a melhoria na
qualidade de vida deste cliente, lhe proporcionando o máximo
de conforto, considerando a priori, a prevenção de
complicações, alívio do sofrimento, intervindo para atenuação
da dor, além do suprimento de outras necessidades básicas. O
cuidado em pediatria abrange também os familiares do cliente,
pois tem o direito de estar presentes 24h, e com isso deixam
seu ambiente familiar para se fazer presente junto ao seu filho,
todavia esta situação pode acarretar outros problemas no
ambiente familiar. Este estudo se fundamenta, na necessidade
de aprendizado acerca dos cuidados paliativos em pediatria,
onde se percebe algumas dificuldades na condução dos casos,
por toda a equipe de saúde. Viabilizou-se a coleta dos artigos
nos meses de julho e Setembro/2022, nas bases de dados
indexadas em plataformas virtuais, como BVS, PubMed e
SciELO. As leituras realizadas viabilizaram definição temática,
além da escolha dos descritores, proporcionando
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

conhecimentos, cruciais ao aprimoramento e segurança no


desenvolvimento dos cuidados. Espera-se contribuir
posteriormente, com uma transformação de forma efetiva dessa
realidade, deixando em outro momento, como produto uma
cartilha educativa, destinada aos profissionais de saúde e outra
para os acompanhantes.
Palavras-chave: Pediatria. Enfermagem. Cuidados paliativos

INTRODUÇÃO

Há alguns anos iniciou-se uma discussão acerca da


manutenção da dignidade humana no processo de
terminalidade, alguns autores contribuíram para reflexões e
mudanças de paradigmas, considerando a crucial idade de uma
assistência integral do ser humano, com um diagnóstico que
não lhe oferece possibilidades de tratamento e cura.
Si tratando de pediatria, o cuidado não se centraliza,
apenas no cliente, mas também aos seus familiares, que sofrem
o luto durante toda trajetória da doença, e no que se refere aos
profissionais, sobretudo o enfermeiro deve se preocupara com
uma assistência integral com foco na melhoria na qualidade de
vida da criança, além de apoiar o entorno deste cliente, nos
momentos mais difíceis de luta pela vida (DIAS et al., 2020).
No século XX identifica-se um crescente número de
mortes no ambiente hospitalar, porém o paciente sem
possibilidades de cura, era deixado de lado, pois o modelo de
assistência não sabia tratar, se não fosse com perspectiva de
cura. (BRITO et al., 2015).
Alguns estudiosos versaram sobre assuntos
relacionados a terminalidade com dignidade como: Elizabeth K.
Ross (1968), e no Brasil alguns médicos, teólogos e psicólogos
trouxeram do exterior, algumas ideias inerentes ao tema.
Atualmente, ainda se percebe muitas dificuldades na
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

assistência por parte da equipe de saúde, algumas dúvidas do


que fazer, como abordar, do que tratar neste paciente e seus
familiares, considerando às raízes do modelo fundamentado na
medicina curativa. Desde então, foi criado, a Academia
Nacional de cuidados paliativos e o Núcleo de cuidados
paliativos (BRITO et al., 2015).
De acordo com as leituras realizadas, constatamos que
este tema ainda precisa de atingir maturidade nas discussões,
mediante investigação acerca da prática, de forma a evidenciar
a realidade e contribuir para melhoria das posturas e atuações
profissionais, com intervenções acertadas, que apontem para
uma assistência de qualidade (FREITAS, 2021).
A Organização Mundial de Saúde - OMS, reflete sobre
cuidados paliativos como algo que tem o intuito de melhorar a
qualidade de vida do cliente que não tem possibilidades
terapêuticas, priorizando a prevenção de complicações, alívio
do sofrimento, e tratamento da dor, entre outras coisas
Compreendendo que o cuidado, nesse contexto, envolve
uma relação entre equipe, alicerçada de muito respeito,
empatia, boa comunicação, vínculo, mediante conhecimentos
técnicos e a sensibilidade humana, focando na prevenção e do
cuidado do sofrimento (CARVALHO et al., 2018).
Em muitos casos, ocorre rupturas familiares, mediante
quebra na rotina diária, principalmente, quando há outros filhos,
em que usualmente, tendo em vista que se destina uma atenção
maior a criança doente, deixando os demais filhos
desassistidos, sendo imprescindível uma reorganização no
ambiente familiar (PÊGO; BARROS, 2017).
A assistência do cliente pediátrico, após decretado
cuidados paliativos, requer uma equipe multiprofissional, por
envolver vários problemas de ordem biopsicossociais e
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

espirituais, de forma a concorrer para a melhora do estado geral


do enfermo e de seus familiares (PAIXÃO et al., 2020).
Existem obstáculos de acesso a esse cuidado,
considerando a dificuldade de diagnósticos difíceis, havendo
atraso em se decretar CPP, identificando conflitos entre equipes
e falta de clareza quanto as peculiaridades desse cuidado,
tendo como consequência sofrimento e incapacidade
desnecessários para criança, luto para os pais, sentimentos de
desesperança e impotência na equipe (PAIXÃO et al., 2020).
O cuidado sem perspectiva de cura ou de
restabelecimento de aptidões, exige do profissional algumas
superações, aceitando a ideia de que o zelo pelo cliente vai
além da morte. O processo de cuidar na paliação em pediatria
envolve uma equipe interdisciplinar, numa perspectiva de
atenuação da dor, visando uma melhor qualidade de vida,
conforto e suporte para o cliente e seus familiares ou cuidadores
(CARVALHO, 2018).
Cuidados paliativos envolvem a assistência ativa e total
prestada a essas crianças, nas dimensões de seu corpo, mente
e espírito. Sendo crucial a utilização de estratégias
mantenedora da vida ativa, com vivências prazerosas,
respeitando os valores peculiares a cada paciente
(CARVALHO, 2018).
Não obstante estudos realizados, do ponto de vista
prático, a paliação em pediatria ainda está em evolução, um
processo ainda em crescimento, numa abordagem mais precisa
em relação às crianças, para as quais se declara cuidados
paliativos, entendendo como fora de possibilidades
terapêuticas, mas que precisa de cuidados, com propósito de
manter sua qualidade de vida (PÊGO; BARROS, 2017).
Os profissionais que atuam em pediatria não estão
preparados, em sua maioria para assistir o cliente pediátrico e
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

seus familiares nessa situação, sendo notório certa insegurança


nas condutas, prevalecendo ainda o modelo curativo (PÊGO;
BARROS, 2017).
Os familiares representam o ponto de apoio para o
enfrentamento da doença, em que espiritualidade e
religiosidade favorecem ao conforto e alívio da dor e do
sofrimento, mantendo a fé e a esperança, fortalecendo nos
momentos em que ocorrem sentimentos de desalento,
desespero e impotência (PÊGO; BARROS, 2017).
Com os avanços na ciência e tecnologia melhorou muito
a expectativa de vida de pacientes com doenças raras, que
antes não havia perspectivas (PÊGO; BARROS, 2017), o que
representa um número maior de clientes em cuidados paliativos
em pediatria.
Muitas vezes esses pacientes são privados de um
cuidado fundamentado em suas necessidades emergentes, no
decorrer da doença, assim como suas peculiaridades,
atentando apenas para dificuldades do ponto de vista curativo,
sendo este muito limitado, tendo em vista estar fora de
possibilidades terapêuticas. Este cuidado poderia estar focado
nas possibilidades de melhoria na qualidade de vida deste
cliente (IWAMOTO et al., 2020).
Pesquisas revelam que houve um aumento expressivo
no número de publicações sobre essa temática a partir de 2011,
o que caracteriza um avanço na prática dos cuidados paliativos
na área da saúde (DIAS et al., 2020).
É crucial o desenvolvimento de pesquisas acerca da
assistência aos pacientes pediátricos em cuidados paliativos,
no intuito de melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
Para tanto a equipe de saúde precisa se preparar, estudando,
acreditando que esse cliente e seus familiares merecem serem
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

atendidos em suas necessidades, com muita dignidade, de


forma confortável, minimizando o estresse da situação.
Com isso, questionamos qual o conhecimento da equipe
de saúde sobre cuidados paliativos em pediatria; bem como o
que os profissionais precisam saber sobre o assunto com o
propósito de aprimorar no máximo a paliação em pediatria?
E outrossim, para este estudo nós questionamos: Tem
sido relevante a abordagem paliativa em pediatria nos hospitais
de ensino, mediante o uso de terapias que aliviam os sintomas,
a participação da equipe multiprofissional, a comunicação com
a família, os cuidados no final da vida e a limitação de
terapêuticas invasivas, visando proporcionar vida e morte
dignas aos nossos pacientes?
Surge da necessidade, observada na prática
assistencial, de melhoria nos cuidados, atenção e
acompanhamento do paciente pediátrico em cuidados
paliativos, de forma mais efetiva e integral, mediante um estudo
mais aprofundado sobre esta temática, discorrendo sobre os
achados na literatura.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura. Revisão


integrativa estruturada com base nos passos propostos por
Souza, Silva e Carvalho (2010) e conduzida em quatro etapas
de investigação: elaboração da pergunta norteadora; busca ou
amostragem na literatura; coleta de dados e análise crítica dos
estudos incluídos.
Para fundamentar o estudo foi elaborada uma busca em
bases de dados indexadas à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),
PubMed e SciELO. Foram selecionados artigos com
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

publicações nos últimos 10 anos para discussão da temática


abordada, priorizando publicações dos últimos 05 anos.
Realizou-se a coleta dos artigos nos meses de julho, e
Setembro/2022, mediante respectivas plataformas virtuais,
acima mencionadas. As leituras realizadas viabilizaram
definição temática, além da escolha dos descritores.
De maneira complementar, foi consultada a lista de
referências dos artigos incluídos, de modo a garantir que
qualquer referência adicional que pudesse ter sido perdida na
busca eletrônica fosse devidamente encontrada.
Para cada base de dados foi estabelecida uma
estratégia de busca com base na pergunta de pesquisa
Além disso, as leituras suscitaram inúmeras reflexões
acerca do assunto, indagando, amadurecendo a ideia da
necessidade de melhorias na assistência do paciente pediátrico
em cuidados paliativos, a partir de uma pesquisa sistematizada,
consultando publicações recentes, levantando informações
acerca do que tem vem sendo aplicado a nível mundial, no que
se refere a assistência integral ao cliente e familiares em
questão.
Para a seleção dos estudos que atendessem a questão
da pesquisa foram adotados filtros sendo o primeiro deles o
estabelecimento de critérios de inclusão.
Com o desenvolvimento desse estudo, espera-se
identificar as dificuldades inerentes a assistência prestada pela
equipe de saúde ao cliente pediátrico em cuidados paliativos,
buscar entendimento da realidade, elaborar possibilidades de
melhoria da assistência mediante estudo mais aprofundado e
meticuloso acerca de toda problemática encontrada.
Desta forma é imprescindível, a realização de pesquisas
sobre o tema contribuindo para elaboração de trabalhos
científicos, com pluralidade e diversidade de pensamentos,
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

acreditando que a linha de pesquisa servirá de suporte para o


desenvolvimento de um trabalho, no campo da prática
hospitalar, além da produção de artigos científicos, resumos,
relatos experiência, capítulos de livros, proporcionando cada
dia mais conhecimento.
Para a classificação do nível de evidência dos estudos,
foi utilizada a categorização de Melnyke e Fineout-Overholt
(2005), a saber:
• Nível 1: as evidências são provenientes de revisão
sistemática ou meta-análise de todos os
relevantes ensaios clínicos randomizados
controlados ou oriundos de diretrizes clínicas
baseadas em revisões sistemáticas de ensaios
clínicos randomizados controlados;
• Nível 2: evidências derivadas de pelo menos um
ensaio clínico randomizado controlado bem
delineado;
• Nível 3: evidências obtidas de ensaios clínicos
bem delineados sem randomização;
• Nível 4: evidências provenientes de estudos de
coorte e de caso-controle bem delineados;
• Nível 5: evidências originárias de revisão
sistemática de estudos descritivos e qualitativos;
• Nível 6: evidências derivadas de um único estudo
descritivo ou qualitativo;
• Nível 7: evidências oriundas de opinião de
autoridades e/ou relatório de comitês de
especialistas
Para análise e síntese das evidências, utilizaram-se os
métodos descritivos, realizando-se, ainda, a construção de
quadros sinópticos para caracterização das produções
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

incluídas e apresentação de resultados. Por não envolver seres


humanos, este estudo não foi submetido à apreciação por
Comitê de Ética em Pesquisa.

ANÁLISE E DISCUSSÃO

Para Brito et al (2015) esse modelo de assistência inicia-


se no Brasil por volta de 1980, após o regresso de médicos,
teólogos e psicólogos ao país, vindos do exterior, onde se
apropriaram e refletiram sobre a assistência paliativista, sendo
aqui no país multiplicadores dessas concepções de cuidados
paliativos, adaptando a filosofia de outros países, na realidade
brasileira.
A Resolução 41 de 2018, admite que diante de um ser
humano com enfermidades graves ou incuráveis, o médico terá
permissão de limitar ou cessar procedimentos ou tratamento
que prorroguem a vida, assegurando uma assistência integral
que favoreça ao alívio dos sinais e sintomas, e
consequentemente o sofrimento, atendendo, outrossim, a
vontade do cliente, ou de seu representante legal (BRASIL,
2018).
Compreende-se com este texto que o cliente nesta situação
tem direito a uma assistência digna, visando seu conforto,
sendo atendido em suas necessidades básicas até o final da
sua vida.
Corroboramos com a afirmativa de que a decisão de
limitar o suporte de vida do cliente, deva ser determinada em
conjunto, pelo médico e familiares responsáveis pelos clientes,
não obstante entender que não é sempre que os entes queridos
se sentem preparados para tomar decisões deste tipo, uma vez
que exige maturidade e aceitação, assim, fica a cargo da equipe
multiprofissional, não respeitando a autonomia dos
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

responsáveis legais ou mesmo do cliente (IWAMOT; SÁ E


MALUF, 2020). ,
Todavia acredita-se ser esta uma decisão muito difícil,
porque é comum, pensar em se fazer tudo que está ao alcance
para salvar uma vida, sobretudo daqueles mais próximos, que
se tem amor.
Portanto, é crucial que a equipe multidisciplinar tenha
um foco especial no preparo dos familiares e cuidadores para a
assistência de seus familiares, de maneira efetiva, contribuindo
para o controle dos sinais e sintomas do cliente, atentando para
as situações de conflitos e dificuldades de comunicação (KIRA,
2018), essa prática concorrerá para maior segurança dos
cuidadores, no que se refere a abordagem do enfermo, agindo
de maneira natural e com segurança.
É légitimo que os Cuidados Paliativos abrangem uma
assistência multidisciplinar, atuando numa perspectiva de
melhoria na qualidade de vida, tanto do paciente como de seus
familiares, sendo dispensado, como já foi dito, àqueles para os
quais foi determinado com agravo que ameaça a vida (BRASIL,
2018).
Como resultado desta revisão de literatura, trouxemos
algumas percepções sobre o tema, fazendo uma relação com a
realidade, além de sermos sensíveis, cremos que esta temática
é muito relevante para o momento.
Cuidados paliativos em pediatria, sem associar a
oncologia, representa algo que precisa de aprofundamentos,
pois na prática, são observadas muitas dificuldades, no que se
refere a uma assistência multiprofissional, além do mais, existe
lacunas quanto ao preparo da equipe para assistir o cliente
pediátrico, após determinar que o mesmo encontra-se fora de
possibilidades terapêuticas.
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

De acordo com a Resolução 41, em seu Artigo 3º, a


organização dos cuidados paliativos se fundamenta em: está
integrado à rede de atenção à saúde, promovendo a melhoria
da qualidade de vida, estimular o trabalho em equipe
multidisciplinar, propiciar às instituição o desenvolvimento de
disciplinas e conteúdos programáticos acerca de cuidados
paliativos no ensino de graduação e especialização dos
profissionais de saúde (BRASIL, 2018).
No que se refere a pediatria, observamos uma lacuna,
pois há atitudes por parte de alguns profissionais, mas o serviço
não tem grande visibilidade, e com isso não existe padroização
de procedimentos, muitos profissionais não estão familiarizados
com as práticas de paliação em pediatria, não estando
compatíveis com as recomendações legais.
O conhecimento sobre o assunto norteará a prática dos
profissionais de saúde, direcionando-os desde a visita ao
cliente, que pode acontecer de modo individual ou coletivo, é
importante manter o foco nos cuidados, seja do cliente ou de
seus familiares, moldando a atenção nas necessidades que se
apresentam neste momento.
E quanto a Resolução 41, prossegue abordando a
necessidade de se ofertar uma educação permanente, acerca
do assunto, para os profissionais do SUS, de forma a
disseminar informações na comunidade e sociedade.
Provimento de medicamentos que ajudem no controle
dos sintomas, além de favorecer na prática para uma atenção
humanizada, a partir de evidências, acesso equitativo e efetivo,
de maneira qu esta atenção seja oferecida em todos os níveis
de atenção (BRASIL, 2018).
No que se refere aos cuidados de Enfermagem na
assistência desse cliente, esta se destina a atender as suas
necessidades básicas, entendendo que a organização dessa
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

assistência deve acontecer de forma individualizada, e de


acordo com Freitas (2021), possibilita benefícios favoráveis à
qualidade de vida dos clientes e seus familiares, sendo este o
principal objetivo dos cuidados paliativos.
A Resolução 41 de 2018, admite que diante de um ser
humano com enfermidades graves ou incuráveis, o médico terá
permissão de limitar ou cessar procedimentos ou tratamento
que prorroguem a vida, assegurando uma assistência integral
que favoreça ao alívio dos sinais e sintomas, e
consequentemente o sofrimento, atendendo, outrossim a
vontade do cliente, ou de seu representante legal (BRASIL,
2018).
Corroboramos com a afirmativa de que a decisão de
limitar o suporte de vida do cliente, deva ser determinada em
conjunto, pelo médico e familiares responsáveis pelos clientes,
não obstante entender que não é sempre que os entes queridos
se sentem preparados para tomar decisões deste tipo, uma vez
que exige maturidade e aceitação, ficando a cargo da equipe
multiprofissional, não respeitando a autonomia dos
responsáveis legais ou mesmo do cliente (IWAMOT; SÁ E
MALUF, 2020).
Outrossim, no desenvolvimento da assistência é
fundamental o controle dos sinais e sintomas, além do apoio
emocional e espiritual, em que os familiares podem refletir
sobre questões pertinentes ao local da morte, organização da
cerimônia, sendo a equipe suporte durante todo esse momento
de sofrimento e luto (FREITAS, 2021).
É legitimo que os Cuidados Paliativos abrangem uma
assistência multidisciplinar, considerando uma melhor
qualidade de vida, tanto do paciente como de seus familiares,
sendo dispensado, como já foi dito àqueles para os quais foi
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

determinado situação de agravo que ameaça a vida (BRASIL,


2018).
Para prestar uma assistência a criança, que se encontra
nessa situação, é necessário que a equipe apresente uma
concepção do cuidar, de forma que não seja curativa, mas que
valorize outros aspectos, a saber: culturais, religiosos, em que
a educação a direção de diferentes caminhos (LIMA, S.F. ET
AL, 2020);
O foco da assistência e plano terapêutico versa sobre o
alívio do sofrimento, minimizando os sintomas
comprometedores da qualidade de vida, atuando
interdisciplinarmente, interagindo com equipe multiprofissional
em prol de ações efetivas, atendendo às necessidades de
cuidado emergentes a cada momento (DIAS et al., 2020).
A decisão de limitar o suporte de vida ao cliente, deveria ser
determinada em conjunto, por profissionais e familiares
responsáveis pelos clientes, porém não é sempre que os ente-
queridos se sentem preparados para tomar decisões deste tipo,
ficando a cargo da equipe multiprofissional, não respeitando a
autonomia dos responsáveis legais ou mesmo do cliente
(IWAMOT; SÁ E MALUF, 2020).
Para tanto, nesse momento de fragilidade emocional, é
imprescindível respeitar o tempo necessário e peculiar a cada
um, para aceitação e enfrentamento da nova situação. Tudo é
um aprendizado, e cada dia que passa é único na vida dessas
pessoas.
Paixão et al (2020), admitem em pesquisa, uma carência
de conhecimentos dos profissionais de saúde, no tocante aos
cuidados paliativos, havendo sentimentos de decepção,
turbulêcias emocionais e psicológicas, frustrações, derrota,
entre outros, provocados pela assistência em pediatria,
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

englobando os cuidados a criança doente e seus familiares,


num momento de vulnerabilidade.
A equipe de saúde deve se preparar para atender esses
pacientes e seus familiares, e após, apoia-los para viabilizar o
cuidado e tratamento de sinais e sintomas, num propósito
comum a todos, de minimizar o sofrimento.
Pêgo; Barros (2017), complementam com a questão do
relacionamento entre os membros da família, em que se
percebe mudanças, tendo em vista a hospitalização da criança,
e soma-se a essa realidade múltiplas situações de descontento,
ao mesmo tempo que há um esforço de aproximação
sustentando laços familiares, não obstante a distância física.
Contudo, observamos que existem realidades que
avançaram, como o uso do teleatendimento nos cuidados
paliativos, o que foi muito utilizado durante a pandemia,
representando uma experiência positiva, que de acordo com
Notejane; Bernada (2021) estudos sobre a resolutividade das
consultas telefônicas podem contribuir para aprimoramento na
qualidade desse tipo de assistência.
A participação da família nos cuidados paliativos
representa algo fundamental, tendo a equipe de saúde como
principal aliada, confiando e entendendo que a assistência
continua, e a enfermagem é uma das profissões que mais cuida,
pois está presente 24h no ambiente hospitalar.
Na assitência em pediatria, o enfermeiro desenvolve
suas atividades, de maneira holística, ampliando sua visão,
percebendo preocupações psicológicas, sociais e espirituais do
binômio criança e familiares (BRITO et al, 2015).
A família é o porta-voz da criança, transmitindo a equipe,
informações sobre sentimentos e atitudes, comportamentos
sócioculturais, presentes na vida dessa criança (SCHNEIDER
et al, 2020).
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

Atender a criança em sua totalidade, ou seja


considerando suas dimensões biopsicossociais e espirituais,
oportunizando, momentos de descontração; isso ainda
representa desafios para equipe de saúde.
Visualizar a criança como um ser espiritual, que sofre e
necessita ser vista, compreendida e atendida na sua totalidade,
ainda é um desafio para os profissionais de saúde, inclusive
enfermeiros. Contudo, deve ser considerado na prática dos CP
para que estes realmente assumam um caráter integral e
transpessoal.
A incerteza do amanhã, suscita muitos sentimentos, tais
como de impotência e inutilidade, até que se alcance um nível
de conhecimento, que impulsione a vida. Espera-se concorrer
para um impacto na qualidade da assistência integral e
muldisciplinar prestada ao paciente e sua família.
Além disso, irá contribuir com a continuidade de
pesquisas para fomentar políticas direcionadas para essa
população e a sociedade.
Assunto como este proporciona muito conhecimento do
quanto crucial é discutir sobre essa problemática, pois cada vez
mais compreendemos que precisamos contribuir para
mudanças no campo prático.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos nesta revisão que os cuidados paliativos em


pediatria coloca-se como uma forma peculiar e inovadora de
assistência, por isso, uma abrangência complexa, atingindo
diversos atores neste processo de construção e desconstrução
de conceitos e discussões acerca do assunto.
Diante dos achados, pontua-se que os cuidados
paliativos em pediatria ainda são incipientes, com poucas
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

publicações acerca da assistência integral, envolvendo várias


especialidades. Observa-se, algumas inovações, como as
consultas por teleatendimento, citados anteriormente.
De uma forma geral, os cuidados paliativos direcionados
ao paciente pediátrico, que não seja oncológico, não constitui
uma realidade organizada nos serviços de saúde, ainda que
discreta, mesmo em serviços de referência.
Por isso, há muito o que se trabalhar com as equipes
multiprofissionais no sentido de serem capacitadas para
exercerem o cuidado de forma integral e particular ao cliente e
seus familiares, minimizando a dor, mediante escuta
qualificada, abordagem sensível e comunicação adequada,
condizentes com cada momento específico.
Ademais, trata-se de um processo de
construção/desconstrução tanto para profissionais de saúde
que exercem o cuidado, e principalmente, para os familiares da
criança que precisam assimilar aquele momento peculiar em
suas vidas.
A complexidade da temática é perceptível
principalmente, por envolver questões bioéticas sobre a
natureza do cuidado, a morte e o morrer, há um avanço
importante ao que tange normatizações e aprofundamento de
reflexões que relacionam os atores envolvidos nesse processo,
refletindo a estima de um cuidado compartilhado, exercido não
só por equipes de saúde que cuidam do doente pediátrico, mas
por sua família, considerando principalmente a qualidade de
vida, necessidades e aspirações da criança que encontra-se em
processo de cuidados paliativos.
CONCEPÇÕES CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: REVISÃO DE
LITERATURA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
CAPÍTULO 15
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO
FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA
HOSPITALIZADA COM TRAQUEOSTOMIA
Katarine Florêncio de MEDEIROS 1
Sâmara Dalliana de Oliveira Lopes BARROS 2
Bruna Ruselly Dantas SILVEIRA3
Jonas Sami Albuquerque de OLIVEIRA 4
Soraya Maria de MEDEIROS 4
1
Mestranda em Enfermagem (UFRN), Enfermeira em Pediatria, Preceptora da Residência
Multiprofissional em Enfermagem/UFRN;
2
Mestranda em Ensino na saúde (UFRN), Enfermeira em Pediatria, Preceptora da Residência
Multiprofissional em Enfermagem/UFRN;
3
Residente do Programa de Atenção à Saúde da Criança do HUOL/UFRN, Mestre em
Enfermagem (UFRN), Bacharel em Enfermagem (UFRN);
4
Doutor (a) em Enfermagem, Professor (a) do Departamento de Enfermagem da UFRN;
Orientadora/Professora Doutor (a) em Enfermagem, Professor (a) do Departamento de
Enfermagem da UFRN.
katarinefmederos@hotmail.com

RESUMO: A hospitalização é uma experiência negativa por ser


um evento distoante ao universo infantil, onde a criança é
submetida a procedimentos dolorosos e invasivos que podem
estimular a manifestação de sentimentos desagradáveis, como
a angústia, choro, trauma, irritação, tristeza e agitação. Para o
enfrentamento dessa realidade traumática, propõe-se a
inserção do brincar mediante a utilização do Brinquedo
Terapêutico (BT) como técnica de brincadeira estruturada
aplicada por enfermeiros com vistas a contribuir para redução
do estresse e da ansiedade geradas pelo processo de
internação, bem como, de adoecimento. O BT atua como meio
de comunicação e relacionamento com a criança,
proporcionando a inserção no seu universo, conhecendo seus
sentimentos e preocupações, preparando-as para os cuidados
de saúde. Trata-se de um relato de experiência vivenciado no
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
período de fevereiro a setembro de 2022 por enfermeiras que
atuam em uma unidade de internação pediátrica de um Hospital
Universitário de alta complexidade localizado no Nordeste
brasileiro. Este tem por objetivo descrever três experiências
exitosas na utilização do BT com crianças portadoras de
traqueostomia que recebem cuidados de enfermagem
essenciais à manutenção desta via aérea artificial. Conclui-se
que o brinquedo foi primordial para fortalecer o vínculo com a
criança e, desta maneira, melhorar a aceitação e minimizar o
medo, bem como, o estresse decorrentes das intervenções em
saúde.
Palavras-chave: Enfermagem pediátrica. Jogos e brinquedos.
Criança hospitalizada. Cuidados de enfermagem.

INTRODUÇÃO

A vivência do enfermeiro na assistência hospitalar à


crianças que demandam cuidados de alta complexidade
depara-se com diversas necessidades de cuidados que são
distinguidos por suas necessidades humanas básicas,
diagnóstico clínico, contexto econômico, cultural, entre outros.
No processo de hospitalização as crianças vivem
experiências que são alheias a realidade infantil cotidiana e que
podem lhes causar sofrimento biopsicossocial. Para a criança,
corresponde muito mais que uma simples experiência de vida,
mas sim uma realidade vivenciada por toda uma existência, que
perdurará sem expectativa de tempo para conclusão (ARAÚJO
et al., 2020).
O sofrimento vivenciado durante esse adoecimento
crônico não trata-se apenas da dor crônica física, mas deve-se
levar em consideração a dor emocional causada por esse
acometimento, pois a criança passa a vivenciar após os
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CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
diagnósticos crônicos uma série de realidades alheias ao
universo infantil (CARDOSO et al., 2019).
De modo geral, o enfrentamento ao adoecimento crônico
é considerado difícil e peculiar pois provoca várias mudanças
no cotidiano da criança e familiares, como: internações
hospitalares, egressão da vida escolar, adesão a novos hábitos
alimentares, limitações físicas, adaptações no ambiente
doméstico e familiar, alterações de sentimentos e emoções
gerados pela doença (ARAÚJO et al., 2020; DEPIANTE; MELO;
RIBEIRO, 2018).
O processo de internação hospitalar na infância envolve
a realização de procedimentos dolorosos e invasivos, os quais
podem estimular a manifestação de sentimentos e
comportamentos na criança como a angústia, choro,
brutalidade, irritação, tristeza, agitação, motivando até traumas
posteriores (BALTAZAR et al., 2020; CARDOSO et al., 2019).
O ambiente hospitalar pode ser um espaço que contribui
negativamente na saúde psicológica da criança, podendo
interferir no desenvolvimento infantil saudável, prejudicando
sua saúde mental, apetite, diminuição do sono, deficiência
nutricional e mudanças de humor (JANUÁRIO et al., 2021;
CARDOSO et al., 2019).
No ambiente hospitalar e no seu contexto de cuidado o
protagonismo das crianças e famílias vão de encontro a
atuação dos profissionais da enfermagem, os quais são
responsáveis pelo exercício do cuidado especializado,
exercendo a realização de procedimentos dolorosos e invasivos
(SILVA et al., 2020).
Nos hospitais de alta complexidade é habitual
internações de crianças em uso de dispositivos invasivos como
suporte avançado de via aérea, neste caso em uso de
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TRAQUEOSTOMIA
traqueostomia; ou uso de sondas para alimentação. É
justamente na manutenção das funções humanas básicas de
vida, como respirar e/ou alimentar-se que emerge o fazer da
enfermagem (SILVA et al., 2020; BARROSO et al., 2020;
CARDOSO et al., 2019).
Durante a prestação dos cuidados de enfermagem, a
criança depara-se com a invasão de sua dignidade, uma vez
que a depender da faixa etária, estes acontecem sem a sua
autorização, podendo causar dor e desconforto.
Nesse ínterim, a criança responde negativamente ao
cuidado que será e está sendo prestado, exprimindo sua dor e
descontentamento por meio do choro, resistência, medo,
angústia, tentativas de agressões, irritabilidade, etc.
Como uma forma de tornar esses eventos menos
traumáticos, foi pensado na inserção do brincar no ambiente
hospitalar proporcionando diferentes formas de enfrentamento
às diversas experiências negativas vivenciadas durante a
internação hospitalar (BARROSO et al., 2020).
A Resolução nº 546 de 2017 do COFEN recomenda e
regulamenta a utilização do brinquedo terapêutico, concedendo
ao enfermeiro que atua em unidade pediátrica autonomia para
empregar a técnica na assistência à criança e família
hospitalizadas, sendo competente pela prescrição e supervisão
para realização pelo técnico de enfermagem (COFEN, 2017).
Com o objetivo de diminuir os traumas e sofrimentos da
internação hospitalar, a criança tem seus direitos garantidos por
meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, pela Resolução
41/95, que regulamenta os Direitos da Criança e do
Adolescente Hospitalizados, e a Lei Federal 11.104, de 21 de
março de 2005, que dispõe sobre a obrigatoriedade de
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TRAQUEOSTOMIA
instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde com
unidades de internação pediátrica (SILVA et al., 2020).
O Brinquedo Terapêutico (BT) é considerado uma
técnica de brincadeira estruturada que pode ser desenvolvida
por profissionais capacitados indicado para crianças
hospitalizadas com objetivo de minimizar o estresse das
internações, alívio da ansiedade gerada pela hospitalização e
doença (CANÊS et al., 2020).
O ato de brincar para a criança é considerado uma
necessidade humana básica, denotando uma atividade
essencial na vida diária da criança, independente de onde ela
esteja vivendo (DOS SANTOS, 2020), assim como fortalece a
autonomia da criança por ser um ato livre e contribuir para
solução de problemas psicológicos originados de experiências
negativas como aflição, dor e perda (JANUÁRIO et al., 2021).
O interesse em estudar a ludicidade utilizando o BT
como estratégia para abordagem de crianças internadas foi por
reconhecê-los como indissociáveis de uma assistência de
enfermagem de qualidade no âmbito da pediatria, por permitir
adentrar no universo infantil respeitando a autonomia das
crianças e as fases do desenvolvimento humano.
Além disso, oportuniza o estabelecimento e
fortalecimento do vínculo com o paciente e sua família, além
de contribuir para o empoderamento desse cuidado prestado
pelo enfermeiro enquanto prática segura em um contexto
humanizado.
Isto posto, o estudo tem como objetivo relatar a
experiência de enfermeiras atuantes em unidade de internação
pediátrica de um hospital escola do Nordeste frente a a
aplicação do brinquedo terapêutico com crianças
traqueostomizadas.
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de


experiência de enfermeiras que atuam na enfermaria pediátrica
em um Hospital Universitário do Nordeste de alta complexidade,
vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH). A instituição é referência em atendimentos de
crianças e adolescentes com doenças crônicas. As
experiências relatadas surgiram da vivência prática no período
de fevereiro a setembro de 2022.
O local no qual o estudo será relatado, compõe-se de 31
leitos de pediatria, sendo 01 isolamento, além de 01 (uma) sala
de procedimento de enfermagem onde é feito a maioria dos
procedimentos invasivos com as crianças, excetuando-se as
aspirações por ser uma demanda que é realizada no próprio
leito de internação. Vale destacar que na enfermaria ainda
existe o funcionamento ativo da brinquedoteca com auxílio de
brinquedista, psicóloga e pedagoga, diariamente.
A faixa etária de internação das crianças e adolescentes
consiste de 2 dias de vida a 15 anos 11 meses e 29 dias. A
ocupação é composta por crianças oriundas da Unidade de
Terapia Intensiva Pediátrica (UTIPed) desta mesma instituição,
que foram acometidas por algum tipo de doença aguda grave
ou por descompensação do seu quadro crônico, que necessitou
de internação hospitalar, bem como por crianças com doenças
crônicas que estão com quadro estável que são acompanhadas
no ambulatório de pediatria do hospital escola, tendo como
principais diagnósticos clínicos: lúpus eritematoso sistêmico,
cardiopatias, fibrose cística, doenças genéticas raras,
mucopolissacaridoses, doenças inflamatórias intestinais,
imunodeficiências e doenças renais crônicas. Além destas, a
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CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
enfermaria também recebe pacientes pediátricos da rede de
referência.
Em relação ao perfil de classificação dos pacientes
pediátricos internados, são de cuidados intermediários a alta
dependência, sendo sua minoria de cuidados mínimos. Nesse
contexto de internação, o tempo de internação dessas crianças
é prolongado, tendo em média um tempo mínimo de 15 dias e
um máximo, chegando a mais de 1 ano de internação hospitalar
na enfermaria pediátrica.
Para fundamentar o estudo foi realizada uma busca em
bases de dados SCIELO, BDENF e LILACS indexadas à
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nos meses de Setembro e
Outubro de 2022. Para seleção dos artigos foi considerada
publicações nos últimos 5 anos, que tratassem do tema mais
estritamente e pudessem fundamentar as reflexões,
inicialmente por meio da leitura do resumo, e após seleção do
artigo, realizou-se a leitura do artigo na íntegra, antes de ser
descartado como fundamentação do estudo.
Foram considerados 27 artigos para leitura, porém
selecionados 13 para fundamentação, por estar de acordo com
os critérios de inclusão, além deles, foram utilizados duas
literaturas clássicas, a saber: o Estatuto da Criança e do
Adolescente e a Resolução 546/2017 que normatiza o uso do
Brinquedo Terapêutico.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

O Hospital Universitário relatado é referência no


atendimento de crianças e adolescentes com acometimento
crônico, doenças genéticas raras para investigação diagnóstica,
tendo como características, hospitalizações prolongadas,
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TRAQUEOSTOMIA
grande quantidade de procedimentos invasivos diariamente,
submissão a procedimentos complexos, assim como uso de
medicações de alto custo.
Algumas crianças nesta instituição necessitam de via
aérea avançada como suporte de vida, mais especificamente, a
cânula de traqueostomia.
Estas crianças traqueostomizadas necessitam de
cuidados de aspiração da traqueostomia e troca da fixação da
cânula diários, o que exige a colaboração das mesmas nestes
cuidados.
Trata-se de um procedimento repetitivo, sendo realizado
sempre que necessário a ser julgado pela equipe de acordo
com o quadro clínico da criança.
No setor da enfermaria pediátrica a aspiração de vias
aéreas é realizada tanto por enfermeiro, técnico de
enfermagem, quanto por fisioterapeuta, porém este último não
está presente 24h no setor para prestar assistência. Dentre os
profissionais citados, o enfermeiro é o que frequentemente
utiliza o brinquedo terapêutico como ferramenta facilitadora no
cuidado prestado ao paciente pediátrico.
Para esse estudo, foram descritos três relatos de
crianças que utilizam a cânula de traqueostomia como via aérea
avançada, e que necessitam da assistência de enfermagem
para prestar os cuidados necessários à manutenção da vida.
O uso do BT durante a assistênca, consistiu em
demonstrar e explicar cada etapa do cuidado com aspiração de
vias aéreas e troca de curativo de cânula de traqueostomia
utilizando todos os insumos necessários para a prática
associado ao brinquedo particular de cada criança, no seu
próprio leito.
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
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TRAQUEOSTOMIA
Nesse processo, pode-se considerar a importância de
apresentar a estas crianças de forma lúdica o novo universo
infantil imposto pela doença.
Nesse caso, o boneco terapêutico utilizado foi o da
própria criança que estava sendo aplicado a sessão, podendo
ser achado em qualquer loja infantil assim como deve-se ter o
cuidado de não ter fatores impregnantes de microorganismos.
A primeira criança trata-se de “Snoop”, lactente e desde
muito cedo é assistido com os cuidados de aspiração e troca de
fixação de sua traqueostomia. Ele sempre apresentou muita
resistência durante os cuidados prestados pela enfermagem,
sempre demonstrando muita aversão a aproximação da equipe
de enfermagem, com choro e face de dor, fazendo sinal com a
mão negativo.
A criança foi convidada a participar junto com sua avó
cuidadora. Foram dispostos no leito da criança o boneco, uma
cânula de traqueostomia, uma sonda de aspiração, a fixação da
cânula, e partir dai a criança ia tocando esses instrumentos e a
enfermeira apresentava e realizava os movimentos de
aspiração no boneco e posteriormente a troca de fixação.
Sequencialmente, a enfermeira junto com a mãozinha da
criança realizavam juntos o procedimento no boneco. Mesmo
sendo um lactente a criança interagia, e demonstrava
sentimentos de insatisfação e satisfação com o olhar, ora com
a face de dor, ora com expressão feliz sorrindo.
Na primeira sessão a criança era bastante agitada, pois
a mesma era muito chorosa já na aproximação da equipe qndo
enxergava os insumos característicos para a aspiração e troca
da fixação da traqueostomia.
A criança passou a permitir com mais passividade a
realização de tais cuidados e principalmente pode-se perceber
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TRAQUEOSTOMIA
que antes da aspiração a criança fazia uma face de choro por
saber que era um procedimento doloroso, porém permitia o
procedimento sem maiores estresse ou agitação, além disso,
na troca de fixação após o banho a criança deixou trocar bem
quietinho, em uma posição deitada confortável com o auxílio de
coxin na região cervical, sem exprimir dor ou desconforto.
Enquanto enfermeiros podemos perceber que mesmo
tratando-se de um lactente, o uso do brinquedo terapêutico de
forma instrucional e ilustrativa, no intuito de orientar os
procedimentos através da comunicação afetiva e manuseio do
brinquedo, foram capazes de permitir um elo de confiança entre
profissional e paciente.
A incorporação do BT durante o cuidado de enfermagem
serve como meio de estabelecer comunicação e
relacionamento com a criança, conhecer seus sentimentos e
preocupações, ajudar no alívio de sua tensão e ansiedade,
além de prepará-la para procedimentos (SILVA et al., 2020).
A segunda criança, trata-se de “Cinderela”, pré-escolar,
traqueostomizada. Inicialmente foi conversado com a avó da
criança sobre a brincadeira instrutiva, e foram convidadas a
participar no leito da criança.
A paciente “Cinderela” estava acompanhada de sua avó,
“Cinderela” permaneceu bem atenta e colaborou com os
cuidados necessários. A avó participou do momento
conhecendo os dispositivos e tentando compreender o
funcionamento do aspirador e da sonda, exteriorizando sua
angústia em evitar contaminação da sonda de aspiração e da
luva estéril.
Utilizando a boneca de “Cinderela”, foi inserida a cânula
de Traqueostomia na região cervical da boneca, ao passo que
foi sendo explicitado pela enfermeira os dispositivos e o
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TRAQUEOSTOMIA
procedimento, sendo posteriormente repetido com a ajuda da
criança.
“Cinderela” teve resistência inicial fazendo face de choro
e movimentos com a mão para retirada e parada da aspiração,
mas foi colaborativa e contribuiu principalmente com a troca de
fixação, decúbito dorsal confortável não sendo tão resistente.
“Cinderela” passou a ter compreensão dos cuidados por
meio de uma atividade lúdica e simples, com seu próprio
brinquedo (boneca), agora com uma cânula em seu pescoço,
igualmente a sua dona, gerando um processo de identificação.
Agora, a criança brinca com os dispositivos e com a boneca
simulando a aspiração.
O momento foi gratificante e enriquecedor, ao observar
a empolgação da avó e perceber a redução da resistência da
criança, assim como sua aceitação pelo processo ir melhorando
à medida que os procedimentos iam se repetindo.
O terceiro relato trata-se de “Frozen”, pré-adolescente,
oriunda da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica,
traqueostomizada há mais de 30 dias.
“Frozen” demonstrava-se assustada diante da presença
da equipe, chorosa, e até agressiva, e fazia movimentos com
os braços e pernas para a não realização da aspiração.
De porte da boneca e dos insumos necessários descrito
nos casos anteriores, no leito da criança, a enfermeira a
convidou para participar de uma brincadeira de enfermagem,
iniciando com a demonstração dos insumos, da explicação e
demonstração dos procedimentos passo a passo.
Nesse primeiro momento, a criança observou tudo,
porém não interagiu muito, não realizou aspiração na boneca
junto com a enfemeira, apenas teve contato tátil e visual com os
dispositivos. A aspiração não foi realizada pois a usuária não
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TRAQUEOSTOMIA
permitiu, apenas a troca de fixação da cânula foi realizado de
forma mais tranquila e menos angustiante.
Para “Frozen”, observamos que apesar da participação
dela, não teve uma relação de vínculo estabelecida entre
profissional e paciente o que pode ter dificultado o
procedimento. Nesse caso, foi conversado sobre
estabelecimento de acordo entre equipe e usuária antes das
arpirações, percebendo a repetição de outros momentos
interativos para implicar em uma colaboração mais efetiva.
No entanto, quando a enfermeira questionou se a pré-
adolescente tinha achado interessante a reliazação da
brincadeira, a mesma balançou a cabeça de forma positiva.
As sessões do BT duraram em torno de 15-30 min,
necessitando apenas ser citado o uso aplicado em sua boneca
e lembrar do procedimento, como uma forma de estimular a
empatia entre ambas.
Pôde-se perceber que o uso do brinquedo foi primordial
para o fortalecimento de vínculos entre a equipe e a criança,
assim como foi perceptível a melhor aceitação do procedimento
após a experiência da criança com a terapêutica.
Percebeu-se nas três experiências que a criança foi
visualizada como um sujeito ativo e participante do seu
processo de hospitalização, promovendo um cuidado
humanizado que contempla além da dimensão física,
respondendo as demandas psicossociais do binômio criança-
família, por meio da utilização de técnicas lúdicas de maneira
simples e individualizada.
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TRAQUEOSTOMIA
REFLEXÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA

A internação hospitalar é considerada um evento


traumático para a criança, mas por meio das experiências
relatadas, percebe-se a exploração de condições para que se
torne menos negativa. Dentre esses fatores podem ser
considerados a presença e participação dos familiares no
momento da hospitalização, troca afetiva entre os profissionais
de saúde e a criança internada, assim como a relação empática
entre ambos; além da presença da ludicidade nesse processo
(CARDOSO et al., 2019).
Considerando esses fatores elencados para uma
assistência de enfermagem humanizada e que consiga
responder às demandas tanto da criança e seus familiares
quanto dos profissionais que atuam nesse processo, pode-se
citar a ludicidade como uma ferramenta importante nesse
contexto, considerando uma experiência inerente ao universo
infantil e que durante a hospitalização exista naturalmente uma
barreira ou uma diminuição para o exercício do brincar pela
criança.
Dos Santos (2020) consideram o brincar como ato
essencial no dia-a-dia da criança e corresponde a uma
necessidade humana básica, como alimentação, higienização e
tão essencial quanto tomar uma medicação quando uma
criança está doente, consequentemente indispensável para
contribuir para o bem estar biopsicossocial.
De acordo com ARAÚJO et al. (2021), a própria Florence
Nightingale, ainda no século XIX, ressaltou a influência da
aplicação do brinquedo na assistência da enfermagem
pediátrica. No entanto, apenas na década de 70, o brinquedo
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TRAQUEOSTOMIA
foi introduzido como uma ferramenta terapêutica importante na
assistência de enfermagem prestada à criança hospitalizada.
A aplicação do brinquedo/BT foi fortalecida pela
Resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº 295/2004,
que atribui ao enfermeiro pediátrico a utilização da técnica do
Brinquedo/Brinquedo Terapêutico na assistência à criança e
família hospitalizada. Essa resolução foi revogada em 2017
pela Resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº
546/2017 ampliando a utilização do brinquedo/BT à equipe de
enfermagem pediátrica prescrita e supervisionada pelo
enfermeiro pediátrico, contemplando as etapas do Processo de
Enfermagem nesse processo do cuidar pediátrico, bem como
seu registro (COFEN, 2017).
O BT consiste em uma técnica de brincadeira
estruturada desenvolvida e utilizada, inicialmente, por Erickson
em 1958 apropriada para crianças hospitalizadas, que tem
como objetivo reduzir o estresse das internações e aliviar o
desgaste da doença e da hospitalização (SILVA et al., 2020) .
O BT é classificado em três tipos: 1) Brinquedo
Terapêutico Dramático (BTD): permite a criança expresse
sentimentos e verbalize experiências traumáticas; 2) Brinquedo
Terapêutico Capacitador de Funções Fisiológicas: aplica-se na
capacitação da criança para o autocuidado considerando seu
desenvolvimento, limitações físicas e potencialidades; por
último, 3) Brinquedo Terapêutico Instrucional (BTI): utiliza o
brincar como ferramenta no processo de compreensão
enquanto facilitador de informações para entendimento da
terapêutica e procedimentos específicos (BARROSO et al.,
2020).
De acordo com sua aplicabilidade e finalidade, o BT pode
ser aplicado em diferentes níveis de atenção e unidades de
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TRAQUEOSTOMIA
atendimento à criança e adolescente, seja na atenção primária,
a nível ambulatorial, ou a nível hospitalar: enfermarias
pediátricas, bloco cirúrgico, unidades de terapia intensiva, salas
de acolhimento (SILVA et al., 2020).
O Brinquedo Terapêutico tem seus objetivos referentes
a dois atores: o primeiro, ao paciente pediátrico - utilizado para
alívio de tensões e estresses em detrimento de experiências
negativas vividas pela criança; e o segundo, ao profissional
enfermeiro - para compreensão dos sentimentos e demandas
da criança durante a hospitalização (BARROSO et al., 2020).
A Enfermagem é respaldada legalmente pelo legítimo
exercício para utilização do BT e da ludicidade como ferramenta
educativa e facilitadora do cuidado, entre as crianças e suas
famílias, tornando-se assim o elo principal entre o cuidado
dispensado e as orientações às crianças e familiares
(OLIVEIRA et al., 2020).
O ato de Brincar é um direito assegurado pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente em seu Capítulo II, artigo 16 - “o
direito à liberdade compreende: (...) IV – brincar, praticar
esportes e divertir-se”; assim como no artigo 18 é garantido a
proteção e o zelo à dignidade da Criança e do Adolescente, a
saber: Artigo 18: “é dever de todos zelar pela dignidade da
Criança e do Adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante (...)” (BRASIL,
1990).
A ação do brincar torna o processo de hospitalização
menos traumático, acarretando benefícios na recuperação da
criança, proporcionando expressão de sentimentos, anseios e
indignações (BARROSO et al., 2020).
O uso do BT e o brincar permite que a criança participe
do processo saúde-doença sendo protagonista do cuidado,
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
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TRAQUEOSTOMIA
atuando desde a adaptação, diagnóstico, até o manejo da
doença crônica, em diferentes níveis de atenção. Com isso, o
cuidado prestado à criança deve corresponder a uma
assistência integral contemplando as necessidades do binômio,
criança e familiar (CHIAVON et al., 2021).
De acordo com Barroso et al. (2020) a finalidade e
aplicação mais comum do BT ocorre na punção venosa, por ser
em procedimento traumático e doloroso. Pode-se acrescentar a
isso, o fato de a aplicação ser mais comum como facilitador na
punção venosa por ser um procedimento comum em diferentes
níveis de atenção.
Neste estudo foi compartilhada a experiência da
aplicação do BT Instrucional como facilitador do cuidado de
enfermagem em crianças com uso de traqueostomia
justamente por ser um procedimento invasivo doloroso e
traumático, além de ser um procedimento habitual na alta
complexidade, podendo assim, contribuir como referência na
atenção pediátrica.
Na prática diária dos enfermeiros, o uso de
traqueostomia pelas crianças é vivenciado como experiência
traumática e desconfortável, tanto para os familiares quanto
para as crianças. Tal fato é perceptível pela simples inspeção
da face das crianças ao demonstrarem pavor, choro e
resistência ao mínimo contato com o profissional beira leito
quando estão de porte com os insumos necessários à aspiração
de vias áreas, e além disso, os familiares referem aversão
àquele procedimento.
Isso reflete uma experiência extremamente negativa e
para isso, faz-se necessário sanar algumas barreiras para que
a assistência de enfermagem possa ser efetiva no contexto
integral e biopsicossocial. Ademais, é importante relevar que a
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
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TRAQUEOSTOMIA
resistência e os medos dos familiares refletem uma barreira
importante no processo de aprendizagem e reprodução daquele
procedimento como preparo para alta hospitalar, postergando a
alta hospitalar, e assim, onerando a internação para os casos
de crianças que recebem alta com uso de traqueostomias.
Pode-se perceber durante a sessão do BT que as
crianças e famílias foram atentas em todo o procedimento,
interagiram, tiraram dúvidas, e principalmente pôde ser
constatado que com a aplicação do BT a criança tornou-se mais
colaborativa, respondeu melhor ao procedimento sem
resistência, com menos dor e resistência.
Destaca-se, com isso, que o BT contribuiu de forma
positiva para o exercício da enfermagem e de forma lúdica
contribuiu para a autonomia do cuidado pela própria criança,
diminuindo suas angústias, seus medos, e principalmente
respeitando sua dignidade.
As crianças em unidades hospitalares de internação que
utilizam dispositivos invasivos para auxiliar na manutenção de
funções indispensáveis à vida, que podem ser intermitentes ou
definitivas, são demandantes de cuidados particulares e, por
isso, exigem maior atenção dos profissionais da enfermagem,
como de seus familiares. Estes últimos, muitas vezes,
convivem paralelamente com a assimilação e aceitação do
diagnóstico de doença crônica do familiar com o aprendizado
dos cuidados fundamentais à manutenção da vida de suas
crianças.
O manejo com essas crianças consiste nos cuidados de
suas necessidades básicas infantis, estendendo-se a cuidados
com suporte respiratório, como aspiração de secreção de vias
aéreas superiores, aspiração em traqueostomia, além de
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
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TRAQUEOSTOMIA
cuidados com administração de medicações e dietas por
sondas, mudança de decúbito, entre outros.
Com o decorrer da internação e dependendo da previsão
de retirada de alguns dispositivos, o familiar é inserido na
prática educativa hospitalar como processo de aprendizagem e
preparo para alta hospitalar, garantindo a substituição de
cuidados hospitalares para casa de forma peculiar e objetiva.
O enfermeiro pode utilizar o BT de forma científica no
cuidado às crianças em internação hospitalar quando conhece
as fases de crescimento e desenvolvimento da criança
aplicando-se os brinquedos e materiais lúdicos em consonância
com a habilidade e necessidade da criança (CHIAVON et al.,
2021).
Os profissionais de enfermagem devem utilizar o BT no
seu processo de trabalho diário por disporem de mais tempo
próximos à criança na prestação de cuidados, além de ser uma
estratégia de aproximação à criança internada com o
estabelecimentos de vínculos, permitindo a expressão de
sentimentos com a relação de confiança e empatia criadas
(BALTAZAR et al., 2020).
Os profissionais da enfermagem estão mais próximos
dos pacientes e de seus familiares, o que torna um desafio
diário para o profissional haja vista a enfermagem ser
responsável pela execução de procedimentos dolorosos, e que
vivenciam e compartilham as angústias da criança e dos
familiares em todo o processo de adoecimento. Nessa
realidade, a família e a criança têm na enfermagem a espera
pela compreensão de suas necessidades e anseios.
A enfermagem tem como aliados do seu dia-a-dia a
possibilidade de desenvolvimento de uma assistência de
enfermagem com qualidade e humanizada por meio de
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
tecnologias do cuidado que podem contribuir para uma
assistência humanizada e menos dolorosa na rotina diária,
realizando uma escuta qualificada, promovendo alívio do
conforto e da dor em momentos de evento traumático,
empoderando a criança e seu responsável nos seus cuidados
diários sendo respeitadas suas limitações (PENA et al, 2021;
BALTAZAR et al., 2020).
PENA et al. (2021) reforça o emprego da ludicidade
como estratégia de humanização na assistência à saúde,
podendo ser aplicada de várias maneiras, contribuindo para a
qualidade do desenvolvimento da criança positivamente e no
enfrentamento a cuidados de enfermagem de forma menos
traumática.
Dessa forma, o uso de BT aplicado como ferramenta de
cuidado para auxiliar na assistência de enfermagem à criança
com de traqueostomia, pode ser corroborado com o conceito de
Brinquedo Terapêutico Instrucional trazido por Silva et al.
(2020) como um tipo de BT que prepara a criança para os
procedimentos. Assim, utiliza instrumentos de forma lúdica
como estratégia clínica para inserção ao universo infantil e
facilita a realização de procedimentos permitindo a expressão
de sentimentos da criança.

CONCLUSÕES

A ação de brincar faz parte da infância e contribui para o


desenvolvimento físico, motor e emocional da criança, sendo
uma estratégia para incentivar a participação desses sujeitos
em seu processo de cuidado, além de colaborar para a sua
adaptação em um ambiente fora de seu lar.
O BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO
CUIDADO DE ENFERMAGEM À CRIANÇA HOSPITALIZADA COM
TRAQUEOSTOMIA
As crianças traqueostomizadas necessitam realizar os
procedimentos de aspiração e de troca de fixação da cânula de
traqueostomia, nos quais o uso do BT no ambiente hospitalar
demonstrou-se ser um mecanismo inovador e facilitador desses
cuidados, promovendo uma melhor aceitação, diminuição da
ansiedade e do medo dessas intervenções.
As experiências supracitadas descrevem a quebra de
barreiras no fazer da enfermagem por meio da simples
utilização do BT de forma lúdica e objetiva. As crianças
participantes, envolveram-se no processo lúdico resultando em
benefícios confirmados através da melhor integração das
mesmas com o profissional envolvido, levando ao alcance na
colaboração dos procedimentos.
Este estudo apresentou como limitação a escassa
produção científica sobre a temática, sobretudo no cenário
nacional.
Espera-se que este trabalho sirva de incentivo para a
aplicação do BT na rotina assistencial das equipes de saúde
pediátrica, favorecendo a qualidade no processo de cuidar de
crianças traqueostomizadas ou que precisem receber algum
cuidado em saúde que seja indicado o uso desse recurso.

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Este livro foi publicado em 2023

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