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ÉTICA E LEGISLAÇÃO

DILEMAS ÉTICOS II:


ABORTO, MORTE, RELIGIÃO E EUTANÁSIA

Prof.ª. Msc. Gabriella Gama


EUTANÁSIA
• No sentido etimológico a palavra
eutanásia, vem do grego e significa
morte boa;
• É um tema bastante relevante e
complexo, pois, sua discussão envolve
todos os ângulos possíveis: científico,
legal, ético, filosófico, moral, religioso
e até mesmo econômico.
TIPOS DE EUTANÁSIA
QUANTO AO CONSENTIMENTO DO PACIENTE:

• Voluntária;
• Não voluntária;
• Involuntária.
TIPOS DE EUTANÁSIA
QUANTO À AÇÃO:
• Ativa: quando a morte é negociada entre o doente e o
profissional, administra-se uma substância que provoca
diretamente a morte do doente;
• Passiva: quando há a interrupção de todos os cuidados
médicos, isto é, quando um médico deixa de prescrever um
determinado medicamento que sabe resultar na morte do
doente.
CÓDIGO DE ÉTICA - ENFERMAGEM
SEÇÃO I - DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMÍLIA E
COLETIVIDADE.
PROIBIÇÕES:

• Art. 29 – Promover a eutanásia ou participar em prática


destinada a antecipar a morte do cliente.
CASO DE EUTANÁSIA
• Theresa Marie (Terri)
Schindler-Schiavo, de 41
anos, teve uma parada
cardíaca, em 1990, talvez
devido a perda significativa
de potássio associada à
Bulimia, que é um distúrbio
alimentar.
CASO DE EUTANÁSIA
• Ela permaneceu, pelo menos, cinco minutos sem fluxo
sanguíneo cerebral;

• Desde então, devido a grande lesão cerebral, ficou em


estado vegetativo, de acordo com as diferentes equipes
médicas que a trataram.
CASO DE EUTANÁSIA
• O esposo, Michael Schiavo, desejava que a sonda de
alimentação fosse retirada, enquanto que os pais da
paciente, Mary e Bob Schindler, assim como seus irmãos,
lutaram para que a alimentação e hidratação fossem
mantidas;
• Após longa disputa familiar, judicial e política, foi-lhe
retirada à sonda que a alimentava e hidratava, tendo vindo a
falecer em 31 de Março de 2005.
DISTANÁSIA

• A distanásia (do grego “dis”, mal, algo mal feito, e


“thánatos”, morte) é etimologicamente o contrário da
eutanásia, uma vez que é morte lenta e com muito
sofrimento.
DISTANÁSIA
• Consiste em atrasar o máximo
possível o momento da morte
usando todos os meios,
proporcionados ou não, ainda que
não haja esperança alguma de
cura, e ainda que isso signifique
infligir sofrimentos adicionais ao
enfermo.
DISTANÁSIA
• A distanásia, também designada obstinação
terapêutica, ou futilidade médica, determina que tudo
deve ser feito mesmo que cause sofrimento atroz ao
paciente;

• Trata-se do prolongamento exagerado da morte de um


paciente terminal ou tratamento inútil. Não visa
prolongar a vida, mas sim o processo de morte.
DISTANÁSIA
• Essa recusa pode significar apenas a aceitação da
condição humana, que se caracteriza também pela
inevitabilidade da morte;

• A distanásia pode abranger 3 aspectos principais: o


pessoal, o familiar e o social.
DISTANÁSIA
• No aspecto pessoal, o indivíduo doente, que
inicialmente teve seu processo de morte prolongado
em vista de uma possibilidade idealizada de cura, aos
poucos passa a depender completamente do processo
tecnológico que o mantém, e a prorrogação constante
da morte se torna o único elo com a vida.
DISTANÁSIA

• No aspecto familiar, ocorre uma dualidade psicológica: por


um lado o prolongamento da vida do ente querido, enquanto
por outro o sofrimento perante a possibilidade constante e
repetitiva da perda, além do doloroso ônus financeiro em
prol de um objetivo inalcançável.
DISTANÁSIA
• No aspecto social, ocorre o esgotamento da
disponibilidade de recursos mediante uma situação
irreversível, que repercute sobre o emprego oneroso dos
recursos públicos, em especial nas sociedades carentes,
em prejuízo de questões mais essenciais para a saúde
pública, cujo resultado teria maior abrangência social.
DISTANÁSIA
• Referindo-nos sempre ao doente terminal, perante a
eminência de uma morte inevitável, médicos e doentes
devem saber que é lícito conformarem-se com os meios
normais que a medicina pode oferecer e que a recusa dos
meios excepcionais ou desproporcionados não equivale ao
suicídio ou à omissão irresponsável da ajuda devida a
outrem.
ORTOTANÁSIA
• No sentido etimológico a palavra ortotanásia, vem do
grego e significa morte no momento certo;

• A adoção deste procedimento não significa que o


paciente seja abandonado. A medicina continua a lhe
conceder cuidados paliativos, no sentido de amenizar o
sofrimento, e permita que o morrer chegue
naturalmente a cada enfermo.
ORTOTANÁSIA
• É dela a ideia da promoção da morte no momento certo,
nem antes, como ocorre no caso eutanásia; nem depois,
como na distanásia;

• Assim, ela opta por restringir, ou descartar, tratamentos


agressivos e ineficientes, que não reverterão o quadro
em questão.
ORTOTANÁSIA
• Nessa perspectiva, a morte
passa a ser vista como uma
condição natural de todo ser
humano, sendo ideal a busca
da aceitação desse fato,
garantindo a dignidade
daquele que está partindo.
ORTOTANÁSIA
• Ao não se submeter a procedimentos invasivos,
geralmente longe de casa, e que o deixam exaurido; o
paciente em questão pode ter maior tempo e energia
para estar ao lado de pessoas queridas, aproveitando
também para, dentro de suas condições, viver
ativamente.
ORTOTANÁSIA

• Um paciente é considerado em condição terminal


quando sua doença, independente das medidas
terapêuticas adotadas, evoluirá de forma inexorável
para a morte.
ORTOTANÁSIA
• A irreversibilidade da doença é definida de forma
consensual pela equipe médica, baseada em dados
objetivos e subjetivos;

• Estabelecido este diagnóstico, os cuidados paliativos


constituem o objetivo principal da assistência ao
paciente.
ORTOTANÁSIA
"Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por
uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da
qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma
doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do
sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e
tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais,
psicológicos e espirituais"
OMS, 2002
ORTOTANÁSIA

• O prolongamento da vida do paciente envolve situações


muito complexas, mas o limite para investir deve ser
definido pela concepção de morte digna, aliada à plena
consciência da limitação das intervenções.
ORTOTANÁSIA

• A solução mais correta para cada situação está


diretamente ligada à dignidade da pessoa que sofre
o inevitável processo da morte, respeitando suas
decisões ou de seus familiares nas situações
previstas em lei.
LEGISLAÇÃO - ORTOTANÁSIA
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

• Inciso XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e


terminais, o médico evitará a realização de
procedimentos diagnósticos e terapêuticos
desnecessários e propiciará aos pacientes sob
sua atenção todos os cuidados paliativos
apropriados.
LEGISLAÇÃO - ORTOTANÁSIA

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA


É vedado ao médico:

• [...] Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que


a pedido deste ou de seu representante legal.
LEGISLAÇÃO - ORTOTANÁSIA
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal,


deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos
disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou
terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua
impossibilidade, a de seu representante legal.
ENFERMAGEM - ORTOTANÁSIA
• É necessário que o Enfermeiro e equipe conheçam o
conceito de “eutanásia” para não cometer essa infração
ética e legal e não contribuir para a sua prática,
entretanto, é importante participar da discussão com
outros profissionais da equipe de saúde, afastando-se da
prática da “distanásia” em busca da “ortotanásia”.
ENFERMAGEM - ORTOTANÁSIA
• A tomada de decisão pela ortotanásia é ato médico,
prevista na legislação citada.

• Os profissionais de Enfermagem, como membros da


equipe de saúde devem participar das discussões sobre
os limites para intervenção no processo inevitável de
morte respeitando a decisão do paciente ou de seus
familiares.
ENFERMAGEM - ORTOTANÁSIA
• A participação dos profissionais de enfermagem na
ortotanásia é uma decisão de foro íntimo e de natureza
facultativa.

• O papel da Enfermagem nos cuidados assistenciais na


terminalidade, tem como objetivo garantir a dignidade da
pessoa, respeitando os limites éticos e legais.
OBRIGADA!

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