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JORNAL DE INPUT

ARTES
Artes Plásticas| Artes Cênicas | Cinema | Literatura
Novembro | 2010
A televisão em debate
No Goethe-Institut de Porto Alegre da seleção de
16 programas de televisão de dez diferentes países
nos gêneros ficção, documentário e animação.

Je Le Sais Par Coeur


eu sei de cor | eu sei de coração
A exposição coletiva Lílian Santos Gomes na Aliança Francesa

A Raiz e a Copa
O Escritor que relata desesperanças
o novo livro de Jaime Calatrava,

Pessoa
Nova Biografia busca revelar seus labirintos
A pesquisadora e ensaísta portuguesa
Tereza Rita Lopes, prepara biografia e livro de inéditos de Fernando Pessoa
Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 2

Opinião

INPUT A televisão em debate


CARTUM Os Intelectuais

Apresentação no Goethe-Institut de Porto Alegre da seleção de


16 programas de televisão de dez diferentes países
apresentados no INPUT 2010, realizado em maio deste ano em
Budapeste, Hungria, divididos em eixos temáticos, nos gêneros
ficção, documentário e animação.

Bilheri
O importante é expressar e expor explicitamente nossa indignação. Mas, ainda
precisamos decifrar alguns códigos secretos para nos indignar com alguns
recados sub-liminar, escancarados nas paredes.

Osso Duro de Roer


Por Pablo Berned
Cena do filme Esterhazy (Esterhazy),de Izabela Plucinska; Polônia, 2009, em cartaz na mostra.

Tropa de Elite 2 permite-se inicialmente a uma leitura superficial


que aponta para a desmoralização ética do sistema de segurança pública
e da política. Em outras palavras, todos estariam corrompidos, e agindo
Acontece em Porto Alegre, neste mês de outubro, um evento que no poder público para benefício próprio com objetivos financeiros e
primazia a televisão como meio de expressão, e cria a possibilidade de discutir o eleitorais. Outra leitura superficial seria relacionar em imediato os
tema, dentro da ótica de qualidade deste meio de comunicação de massa. INPUT acontecimentos da narrativa com o contexto eleitoral.
– Internacional Public Television é realizado em paises diferente a cada edição, há O fato de o filme ser lançado no contexto eleitoral permite uma
28 anos, essa conferencia dedicada à televisão de interesse público, objetiva comparação imediata com a realidade atualíssima, considerando-se a
incentivar o desenvolvimento do produto por ela criado, para o serviço da reeleição do governador e as políticas das unidades de polícia
formação da cidadania e debater os programas de maior significado de todo o pacificadora. Ora, o filme vem sendo produzido desde o ano passado, e
mundo.O Mini-input, organizado em Porto Alegre, numa parceria entre o Goeth- seria leviano considerá-lo como um reflexo da realidade (o filme não foi
Institut e Secretaria de Municipal de Cultura de Porto Alegre, apresentando uma feito semana passada!).
seleção de 16 programas, apresentados na ultima conferencia do INPUT , Chamamos a atenção para a crítica sobre a esquerda que o
produzidos em 10 diferentes países. O INPUT chega para discutir o potencial da Nascimento faz ao início do filme, que se modifica ao final, quando ele
tevê para promover uma melhor forma de entendimento, entes as deferentes percebe que o deputado Fraga, na luta pelos direitos humanos, está do
culturas do mundo. A importância deste evento, para avaliar e trazer novas mesmo seu lado contra o sistema. Se o Fraga havia se utilizado do caso de
propostas sobre o produto que deve chegar aos milhares de telespectadores, Bangu I para se promover politicamente, outros haviam se utilizado da
sobretudo ao Brasil, onde a tevê aqui produzida é considerada uma das mais estrutura corrompida do sistema. Há legitimidade do processo eleitoral,
pobres em produzir cultura, e consequentemente, eficaz e em levar programas e não há o nivelamento político: pelo contrário, a narrativa do filme deixa
alienantes ao grande público da tevê aberta, exceção se deve fazer a tevê pública, claro que todos tomam partido, seja por valores humanitários, seja por
que tem desenvolvido boa política no setor. interesses eleitoreiros e financeiros.
O programa de abertura do Mini-Input, contempla o filme Tabu, Ao fim do filme, é lançada toda a responsabilidade em nós,
polêmico documentário suíço, dirigido por Orane Burri, que recebeu ainda na eleitores, tanto no que se refere à ação e financiamento das milícias,
juventude, farto material filmado por um amigo, que tinha optado pelo suicídio. quanto de quem elege políticos comprometidos com o sistema que
Dez anos após a morte de Thomas Burri, a cineasta resolve enfrentar o material, e favorece as milícias. O filme é muito bom, e merece uma conclusão crítica
elaborou um filme que aborda corajosamente um dos temas mais controversos pautada nos detalhes dos movimentos do enredo.
da atualidade. A transmissão deste documentário pela televisão Suíça, (onde um
jovem se suicida a cada 72) provocou o debate mais intenso, sobre o tema, e
também a importância de vincular um programa desta natureza, correndo os
riscos de poder incentivar outros jovens ao mesmo gesto de Thomas. Pablo Berned é graduado e Mestre em Letras pela Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM). Autor do blog http://blogdoberned.blogspot.com/.

JORNAL DE

ARTES Prof.
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Pablo Berned
9913-3622 | E-mail: pabloberned@yahoo.com.br
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Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 3

Cinema

Gravidez Permanente
Movimento curtametrista gaúcho resiste e se impõem em produções continuadas
Insolação
Os grandes nomes do atual cinema gaúcho e nacional, provem
do curta metragem. É nesse formato que o realizador se molda em
estilo até chegar ao longa, como forma de expressão definida.
O curta “Gravidez Permanente”, de Vilson Quadros
Santanense (com passagem pela “Mostra Independente de Filmes),
elaborado com baixo orçamento, relata a história no estilo do realismo
fantástico, de uma mulher em gravidez permanente. Com símbolos e
códigos religiosos. O curta transita pelo absurdo, permitindo leituras
diversas ao usar recursos alegóricos em linguagem metafórica.
O produtor e diretor do curta, Vilson Quadros, que na infância
chegou a morar no cine Internacional,(Livramento), começou a
trabalhar em cinema atuando, e participou em Gramado, como ator no
filme que levou o prêmio de “Melhor Filme do Júri Popular”, de Lucas
Rise. Como diretor, tem vários títulos em sua filmografia, entre eles: A
TV e a Cruz; “Quando as Estrelas se Apagam”; “As Moças e Bruxas e
alguns fios de cabelos”; “ Da Noite para o Dia”; “Coração Solitário” e na
linguagem documentarista tem títulos como:”Festival de Pandorgas” ;
“Desmontagem do Acampamento Farroupilha” ; “Procissão São
O filme de estréia da os destinos dos personagens, num
Jorge”; Procissão Santo Antônio”; e “Casarões Antigos de Livramento”.
dupla Felipe Hirsch e da cenógrafa texto manipulado de um caderno
Com formação em oficinas de cinema, entre elas: “Descentralização de
Daniela Thomas (colaboradora de de anotações, a eles são ditados os
Porto Alegre”, pela Secretaria de Cultura do Município, e como poeta
Terra Estrangeira, e Linha de conteúdos de seus destinos, como
premiado, ele desenvolve um trabalho em ficção e documentarista
Passe, com Walter Salles) teve um poema inacabado. Um garoto
independente, levando a sua poética na linguagem de imagens. Hoje,
participação no primiére mundial que tem seu primeiro amor em
com mais de quinze filmes na bagagem,é um realizador que busca
no festival de Veneza, 2009, conflito. Uma Lolita
espaço e recursos para continuar o sonho de fazer cinema, e expressar-
dentro da Mostra Orizziti. contemporânea, e um casal de
se contando histórias surpreendentes procurando definir seu próprio
Insolação é um filme é filosófico e homossexuais, entre outros seres
estilo.
denso e faz da abstração o que se encontram em longos
discurso estético. Expõe a corredores vazios. Amor e perda é
linguagem teatral sem ser teatro quase uma metáfora nos diálogos,
ao tratar “da melancolia do amor enquanto a estética busca mostrar
inalcançável”. A trama transcorre que o filme se fosse literatura,
numa cidade de arquitetura seria poesia
inquieta. A inspiração na literatura Não é um filme fácil. Foi
russa é explícita, inclusive nos feito para um público reduzido
nomes dos personagens (Zoyca, capaz de decifrar os códigos
Andrei e Vladimir) eles percorrem espalhados no roteiro assinados
longos espaços da cidade no por Will Eno,San Lipsyte, Felipe
silêncio sufocante, onde as Hircsh e Daniela Thomas.A
imagens e os passos revelam o que fotografia é a grande atração do
todos procuram na silenciosa, filme, reinventa a cidade e sua
bela, mas vazia cidade. Angustias arquitetura majestosa vem a tona
impostas de forma tácita, a num conjunto de quadros áridos e
sensação febril de amores repletos de idéias de insolação.
buscados. Diálogos bem Nessa paisagem urbana os atores
estruturados encaminham a conduzem seus personagens
trama sem uma seqüência como fantasmas a desafiar suas
definida. Pessoas perambulam, próprias existências solitárias.
com suas procuras e às vezes se Insolação é um filme para poucos.
chocam e falam entre si em Talvez seja esse o grande desafio
tempos longos e monólogos. Os dessa obra que se impõe e discute
personagens inseridos no a temática do amor, de forma
descampado urbano, como a explícita e melancólica. Esse
ninfomaníaca (Simone Spolodore) tratamento, audacioso,
que circula num labirinto, entre normalmente é desprezado pelo
desencontros arranjados pelo grande público e critica.
narrador (Paulo José) que conduz

Prof. Ms. Alex Pinheiro


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Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 4

Artes Plásticas

Memória da Abstração a Matéria


Pode ser a arte necessariamente um prazer visual?

A estética contemporânea e a Há janelas que se abrem para a


estranheza no discurso do ser humano, com imensidão de perguntas. Quem quiser
suas angústias latentes, nas profundezas de elaborar conceitos sobre caixas de fósforos
memórias expostas, na reflexão sobre morte com fotos de homens e mulheres anônimos.
e vida. A instalação de Ingrid Shirmer é Quem são? O que foram? Mascaras com
reveladora, embora tente subtrair o essencial olhos, ou sem eles. Pouco importa para onde
aos olhos, e exigir mais do pensamento não olham os olhos que lá não estão. O que
investigatório. Pensar somente no prazer reflete no pensamento, uma folhagem
visual ao contemplar ingenuamente a obra retorcida em aço, ou a imagem subtraída dos
dessa artista? Talvez, seja necessário o mortos. Todo trabalho de Ingrid Shirmer é
exercício do olhar antagônico na própria desafiador, se formos tentar decifrar os
observância do processo de criar. Ter a códigos e sua transcendência enigmática,
expressão no olhar, sem descuidar de constantemente presente na obra, que
observar as normas de padrões estéticos, ao trabalha através da memória, elementos que
fazer a análise da vida em conflito, em levam ao futuro partindo da intuição estética
desarmonia, porque a partir destes e possibilita abrir novas portas de
elementos o homem pode conceber nova interpretação, tornando cada olhar um
estrutura, adaptar o pensamento de morte, coadjuvante do processo criador.
sem que morte seja, e que possa se
transmutar em memória latente.

Expressões Misturadas Je Le Sais Par Coeur


eu sei de cor | eu sei de coração
A experiência de unir elemento dramático da
três artistas numa só temática urbana,
A exposição coletiva « je le sais par coeur. eu sei de cor. eu sei de coração. » apresenta um
exposição, respeitando suas cuidadosamente inserida na
grupo de jovens artistas contemporâneos atuantes em Porto Alegre e oriundos da Universidade
individualidades e poética do pintor, esse
Federal do Rio Grande do Sul: Aline Daka, Cristina Gross Moraes, Diego Deodato, Felipe Caldas,
características de estilos, faz símbolo transita na
Kelvin Knivlek, Lílian Santos Gomes, Luisa Gabriela e Tatiana Klafke apresentam trabalhos em
de “Expressões Misturadas”, urbanidade cosmopolita num
desenho, pintura, fotografia e livros de artista.
um inédito encontro de arte diálogo mudo, mas eloqüente
de boa qualidade. em sua metáfora audaciosa de O título da exposição faz uma referência subjetiva à intuição, motivada pela memória,
Carla Osório traz um quem quer mesmo falar característica que é inerente ao processo conceitual da obra de arte e ao modo de produção. A
trabalho em pintura através de imagens e de tanta proposta da mostra é discutir o processo criativo a partir dos sentidos que são criados e
expressionista, onde a carga e x p r e s s i v i d a d e ampliados por meio da obra de arte. Quando « sabemos de coração », sabemos de maneira à
dramática se impõe com o uso contemporânea. qual estamos incorporados à esse saber e o desenvolvemos à partir daí, em meio as nossas
da cor final, evitando o traço Geri Garcia, trás no memórias e mitologias, pessoais e coletivas. Discutimos a responsabilidade do artista para com o
limitador, quando a cor define traço engajado o desenho mundo e para com a própria obra. ‘ - revelam os artistas.
a figura humana em visível carregado de conteúdo A Expressão “Eu sei de cor” tem origem na
processo de caos, político como é próprio a um frase “eu sei de coração” que, por sua vez, faz um
confrontando tons quentes, artista com formação nos paralelo à expressão francesa “Je le sais par coeur”. Com
dramáticos e perturbadores, anos 50, em plena Paris. A o tempo, a expressão em português reduz a palavra
para falar onde os azuis e linguagem de desenhos, “coração” para “cor”, modificando-se pelo uso,
vermelhos, são elementos aguadas, pena caligráfica, passando de um "sentido" a outro, e talvez: "não-
pictóricos para expressar o ser impõem um tema preciso, e sentido", pelo artifício de "mecanização / repetição"
humano no seu indefinível esse artista foi beber na arte acrescentado à expressão. A expressão em francês
sentimento da dor. de falar da poética forte dos utilizada no título garante a atenção ao significado
O pintor paulista conflitos que envolveram o etimológico e propõe novos olhares à origem e aos
Sergio GAG, num percurso inicio do século XX, impondo a sentidos atuais, agora expandidos pela arte.
adverso, é vigoroso no uso da sua temática a expressão
linha limitante para defenir o contundente com tendências
desenho de seu personagem expressionista, e, algumas Coquetel de abertura: Quarta-feira, dia 27 de outubro de 2010.
andante: um cão, que num clareiras de influencias Horário: às 19h.
tratamento figurativo, com cubistas, enriquecem o Galeria de Arte da Aliança Francesa
traços nervosos e precisos trabalho exposto. Rua Dr. Timóteo, 752 Moinhos de Vento - Porto Alegre/RS
definem de imediato o

R ENOIR
Vendas de obras de artes
Molduras - Espelhos - Vidros

Finaciamento própio
óleo sobre telas /aquarelas
e gravuras de diversos artistas gaúchos
Gravuras de Vasco Prado e Alice Soares

Rua José do Patrocínio, N°20 - Cidade Baixa - Porto Alegre- RS Fone: (51) 3228 5296
Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 5

Poesia

O fotógrafo
Élvio
Manoel Vargas
de Barros / Ensaios fotográficos

Difícil fotografar o silêncio.


Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre
as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Manoel de Barros Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Um poeta bom em falar do nada Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Manoel de Barros é um poeta discreto. Seus versos são criados a partir da observação da natureza, sem ser Tive outras visões naquela madrugada.
regionalista, e o seu livro “Menino do Mato”, (Leya), esclarece a universalidade de sua obra, e a sua aproximação Preparei minha máquina de novo.
com a doutrina animista de seus versos. Portador de uma linguagem acessível, o poeta surpreende com a sua
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um
poética falando com as coisas do mato e todas as entranhas da natureza, unindo todo um sistema de
entrelaçamento da natureza com as sensações humanas. Com a espontaneidade de trabalhar o verso, o poeta
sobrado.
conduz o leitor não estranhar as relações entre versos que dizem: “Como eu poderia saber que o sonho do silêncio Fotografei o perfume.
era ser pedra” Na segunda parte do livro, “Cadernos de Aprendiz”, o poeta elabora com transparência a função da Vi uma lesma pregada na existência mais do que na
palavra, ilustrando a relação íntima entre o homem e a natureza. ”Eu queria pegar na semente da palavra” e ainda, pedra.
“lugar mais bonito de passarinho ficar é na palavra” Ele usa unir a relações entre homem e natureza de maneira Fotografei a existência dela.
inconfundível de estilo ao escrever sobre o triângulo homem-natureza-palavra, numa conjunção de ritmos e jogo Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
poético, “Eu queria ser banhado por um rio como um sítio é” Se considerando um desenhista verbal, o poeta Fotografei o perdão.
nascido em Cuiabá, diz que seus versos não significam nada, e revela, que se o nada desaparecer a poesia acaba, e
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
conclui, “ Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades”.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim eu enxuguei a Nuvem de calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de
braços com Maiakovski – seu criador.
Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir a sua noiva.
A foto saiu legal.

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Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 6

Livros

Pessoa
Nova Biografia busca revelar seus labirintos
A pesquisadora e ensaísta portuguesa
Tereza Rita Lopes, prepara biografia e livro de inéditos de Fernando Pessoa

A professora, ensaísta, pesquisadora e escritora portuguesa Tereza Rita


Lopes, foi protagonista de um episódio que salvou o espólio de Fernando Pessoa,
fosse parar na Inglaterra. Apesar de estar exilada em Paris fugindo da polícia
salazariana, a pesquisadora elaborou contatos com o Ministro da Educação de
Portugal, que impediu que os 27.543 documentos mais importante da literatura
pessoana saísse de pais. O material - metade ainda inédito -foram comprados pela
Biblioteca Nacional portuguesa, em 1981. A pesquisadora portuguesa publicará
para o próximo ano, na França, Portugal e Brasil, livro de inéditos de Pessoa, entre
prosa e poesia.
O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, abriu recentemente uma
mostra sobre o maior poeta modernista da língua portuguesa. Será também lançado
o “Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo” , obra coordenada por
Fernando Cabral Martins(Leya, 988págs.,) A Biografia que Tereza Rita escreve – já
em fase final de conclusão – será “uma biografia da obra”, e com uma versão
dramática, segundo a autora, que lembra que Pessoa, só valorizava a obra, e que
esta só existia através da obra. Segundo a ensaísta, através da obra será
desenvolvido um retrato fiel do poeta, que foi um homem ligado às questões do seu dos anos de 1960, e o contato com os manuscritos deu a ensaísta a
tempo, e não um “autista” como muitos imaginam. Dentro dos projetos da ensaísta oportunidade de aprimorar seu refinamento no estudo do FP , que apresenta 72
portuguesa, será recompor o “Livro do Desassossego” , do semi-heterônimo “personalidades literárias” em diálogo com seu criador. Tereza Rita, é também poeta
Bernardo Soares, já publicada em Portugal e Brasil, por diversos autores, mas de e dramaturga, tem oito livros traduzidos para o francês, italiano, espanhol, e catalão.
forma incorreta, - segundo ela – ao misturar textos em estilos e correspondentes a Premiada com “Prêmio Eça de Queirós de Poesia de 1996, pelo livro “Cicatrizes” e o
épocas diferentes do Pessoa. Grande Prêmio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores, em 2001.
A pesquisadora começou a estudar a obra de Fernando Pessoa, no inicio

O Escritor que relata desesperanças LANÇAMENTOS


O significado das angústias contidas nos personagens de um escritor que QUEM SE LEMBRA DE DAVID FOENKINOS?
mostra somente o necessário para compor uma temática que predomina a Rocco / 160 págs.
Autor: O escritor, dramaturgo e roteirista de cinema francês.
ausência de esperanças, e desdobramentos psicológicos contemporâneos. Escreveu, entre outros, O PotencialErótico de Minha Mulher,
A obra ficcional em relatos curtos de Jaime Calatrava, único livro gaúcho Em Caso de Felicidade, Nós Séparations, Célibataires, Les
selecionado para a fase nacional do Prêmio SESC de Literatura, 2008, trata de Coeurs Autonomes.
Tema: Texto autobiográfico, autor analisa a chegada aos 40
viagens ao cotidiano, com personagens preocupadas em sobreviver entre anos, e discute sua criatividade, em uma crise que se espalha
linhas de um pensamento inconstante, no formato de monólogo interior. pelo casamento e o cotidiano..Ele brinca com questões de
como fama e anonimato, sucesso e rejeição e expõe com
Inatingível e profundo, mesmo quando se busca as evidências contidas nas ironia, o precesso de escrever e de ser bem sucedido no
palavras que faltam, ou nas que se expõem diante de muitos significados. O que mercado editoria
sugere esse conteúdo inquietante, constantemente urbano, mas intimista e
propondo leitura cuidadosa.
No conto “Intima Dor”, a personagem dentro do ônibus, tenta se desfazer O SEGUNDO SEXO
Nova Fronteira / 936 págs.
de um sentimento que machuca, mas ao incomodar os presentes, não consegue conter a. “lágrima Autor: A francesa simone de Beauvir(1908-1986) revolucionou
surda e roliça” e se desvanece em solidão. “Palavras ao Chão”, surpreende com o protagonista que o papel da mulher na sociedade. Entre seus livros, estão
Memórias de uma moça bem comportada, A Força das Coisas.
coleciona palavras, roubadas do lixo, da rua, em forma de pequenos bilhetes perdidos ou deixados ao Tema: Ensaio sobre a repressão feminina que a partir da análise
acaso, vale-se dessas historias segredadas, como conforto ao preencher algum vazio que incomoda. da biologia, e questões da psicanálise, a história, os mitos, a
Em “Balanço Final”, o autor despeja toda a sua audácia em relatar a desesperança, na fala de alguém, formação social, a condição para o casamento e o sexo, a
personalidade, o caminhoda independência. Obra referencia
que revê sua vida no retorno doloroso ao passado, confrontando com a precariedade do presente. para as feministas e permanece uma leitura importante: a
“Lagrimas já não resolvem nada”, pensa o personagem entre lamacentas lembranças. argumentação cuidadosa e as referencias bem situradas
garantem sua força textual até hoje.
Porto Alegre | Novembro | 2010 | ARTES | 7

Teatro
O Grupo “Levanta Favela”
A Cambada de Teatro e, Ação Direta Levanta Versos de Bertoldt Brecht em
Favela, que se autodenomina anarquista, surgem
em 2008, com a intervenção cênica abordando a
impunidade do massacre de Eldorado dos
Carajás. Ainda no mesmo ano, esteve presente na
ocupação urbana “Casa Rosa”, e monta a Oficina
de Teatro em Ação Direta, para fazer criações de
Àrvore em Fogo
intervenções cênicas, seguindo a linha do teatro
O grupo “Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela”, recria o teatro do oprimido, com o espetáculo “Árvore
de Agitação e Propaganda, Com a intervenção
em Fogo”. O texto forte e vigoroso, nos versos do dramaturgo Bertoldt Brecht. O espetáculo mambembe, ganha as ruas
“Manifesto por uma Educação Libertária” foi
de Porto Alegre, e aponta os caminhos para discussão das mudanças sociais.
severamente reprimido pelas forças policiais do
O teatro com características circences transforma-se no teatro de todos, e se expõe descontraído, mas enérgico, na
Estado, como foi a destruição e prisão da boneca
proposta contestadora, e sugere o caminho da
protagonista da intervenção “Dana Maria”. A
reconstrução do pensamento dialético, de elaboar um
parceria com os trabalhadores rurais sem terra,
teatro de rua.
resultou na montagem da intervenção “O direito
Os poemas do autor da “Opera dos Três
de Comer Direito”. E nos quarenta anos de edição
Vinténs”, revela que ainda há indícios para a discussão
do Ato Institucional 5 (AI-5), estreou seu primeiro
sobre a luta operária, e a pergunta exposta como uma
espetáculo de rua”O Canto da Terra”, trazendo a
ferida deverá o teatro abordar somente à alienação e o
público a história dos massacre de Carajás. Em
entretenimento?
2009, o grupo aluga (com recursos tirado dos seus
O grito revulucionário exposto nos poemas do maior
salários), uma sala no Centro Cultural Companhia
dramaturgo primeira metade do século XX, chega
das Artes, para poder fazer seus ensaios, e faz
engajado às ruas. O deixa de ser an passant e aplaude o
parceria com a Comunidade Autônoma Utopia e
canto de quem se levanta para fazer teatro sério, e
Luta, e passa a trabalhar no Quilombo das Artes,
levar uma mensagem de esperança,e com coragem
onde dá continuidade à Oficina de Teatro em Ação
imcomum,traz de volta a possibilidade da indignação.
Direta.

Eugen Berthold Friedrich Brecht foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador


alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o
teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações
de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.
Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das
mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. Sua praxis é
Bertolt Brecht homem como um ser transformável
uma síntese dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch
Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro
chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Seu
trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações
humanas no sistema capitalista. Suas primeiras peças foram encenadas na vizinha
Munique. Baal (1918/1926) e Tambores na Noite (Trommeln in der Nacht) (1918-1920).
Em sua participação no teatro Brecht conhece o diretor de teatro e cinema Erich Engel
com quem veio a trabalhar até o fim da sua vida.
As suas principais influências foram Constantin Stanislavski, Vsevolod Emilevitch
Meyerhold, Erwin Piscator e Viktor Chklovski.Não é simples falar sobre o conceito que
Brecht tinha do teatro, apesar de ao longo de 30 anos haver escrito ensaios e comentários
sobre este tema. Este autor era mais um pensador prático, que sempre recriava suas
peças ou "experimentos sociológicos", como as preferia chamar, no intuito de aperfeiçoá-
las. Pois era através delas que toda sua teoria, crítica e pensamento seriam expostos.
Além de dramaturgo e diretor, Brecht foi responsável por aprofundar o método de
interpretação do teatro épico, uma das grandes teorias de interpretação do século xx.
Uma das grandes influências no desenvolvimento desta forma de interpretação foi a arte
do ator Mei Lan-Fang, que Brecht acompanhou numa representação em Moscou em
1935. Descreve Brecht em Escritos sobre Teatro um relato deste ator chinês que informa
muito sobre a forma de interpretação no teatro épico, ao representar papéis femininos.
Mei Lan-Fang repetira várias vezes numa palestra, por seu tradutor, que ele representava
personagens femininos em cena, mas que não era imitador de mulheres. Continua
Brecht, descrevendo uma demonstração das técnicas deste ator num encontro, que este
ator, de terno, executava certos movimentos femininos, ressaltando sempre a presença
de duas personagens, um que apresentava e outro que era apresentado. Brecht sublinha
que o ator chinês não pretendia andar e chorar como uma mulher, mas como uma
determinada mulher (pg40, vol2).

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