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DA COMPRA E VENDA

CONCEITO
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Art. 1122. Pelo contrato de compra e venda, um dos contraentes se obriga a transferir o
domínio
de certa coisas, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro
Defluem obrigações recíprocas para cada uma das partes. Para o vendedor a obrigação de
transferir o domínio da coisa; para o comprador a de entregar o preço.
O CARÁTER OBRIGACIONAL DA COMPRA E VENDA
Os efeitos derivados do contrato são meramente obrigacionais, e não reais, pois a compra e
a venda não transfere, por si só, o domínio da coisa vendida, mas gera apenas, para o
devedor, a obrigação
de transferi-lo.
Há mister de se recorrer a um procedimento complementar, ou seja, a um modo de adquirir
a propriedade, que é a traditio.
O domínio se transfere não pelo contrato, mas pela tradição, se o objeto do negócio for
móvel; e
pela transcrição se imóvel.
NATUREZA JURÍDICA
A compra e venda é contrato consensual, sinalagmático, oneroso, em regra comutativo, em
alguns casos sujeitos à forma prescrita em lei, porem, no mais das vezes, independendo de
qualquer solenidade.
É consensual - se aperfeiçoa pela mera coincidência de vontades sobre o preço e a coisa.
É sinalagmático - envolve prestações recíprocas de ambas as partes.
É oneroso - implica sacrifício patrimonial para ambos contratantes
A compra e venda, regra geral, é contrato comutativo, porque a estimativa da prestação a
ser recebida por qualquer uma das partes pode ser feita no ato mesmo em que o contrato se
aperfeiçoa.
Em regra a compra e venda independe de forma determinada. Nas compras e vendas de
bens imóveis reclama a lei a forma da escritura pública. Nestes casos o contrato é solene.
Naqueles não.
ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA
O art. 1126 acima transcrito, considerando perfeita a venda desde que haja acordo sobre a
coisa e
sobre o preço, oferece os três elementos que compõem esse contrato: consensus, pretium e
res.
O consentimento (consensus) deve recair sobre o objeto e sobre o preço, com a deliberação
de alcançar o resultado que o contrato oferece: a aquisição da coisa e a transferência do
preço. Daí o mister de distinguir a compra e venda do contrato preliminar de compromisso
de compra e venda. O compromisso - por isso que é contrato preliminar - tem por objeto
um futuro contrato de compra e venda; enquanto, neste último contrato, as partes se
obrigam: uma, a transferir o domínio da coisa; outra, o preço
ajustado.
O preço (pretium) é o segundo elemento estrutural do negócio. Ele deve ser em dinheiro,
pois, se o não for, caracteriza-se o contrato de troca e não o de compra e venda.
Ademais deve ser sério, pois se for irrisório ou fictício não haverá compra e venda, mas
talvez doação.
Mister se faz ainda que o preço seja determinado, ou determinável de maneira precisa.
Assim, a lei permite que a fixação do preço fique a arbítrio de terceiro, contanto que os
contratantes o designem
desde logo, ou prometam designá-lo (CC, art. 1123); como também permite que se deixe
tal fixação à taxa do mercado ou da bolsa, em certo e determinado dia e lugar (CC, art.
1124). O que não se possibilita,
entretanto, é que se deixe ao arbítrio exclusivo de uma das partes a taxação do preço (art.
1125).
A coisa (res) é o terceiro elemento básico do negócio. Em tese podem ser objeto de compra
e venda todas as coisas que não estejam fora do comércio. Assim, escapam ao campo da
compra e venda as coisas insuscetíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis.
a) Em tese, a venda de coisa alheia é nula, pois ninguém pode alienar o que é seu;
b) A venda de coisa futura é negócio lícito.
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CONSEQÜÊNCIAS SUBSIDIÁRIAS DERIVADAS DA COMPRA E VENDA
A) OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS: RESPONSABILIDADE PELA EVICÇÃO E
PELOS VÍCIOS
REDIBITÓRIOS - o alienante responde pela perda que o adquirente venha a sofrer ao ser
privado da
coisa comprada, em virtude de sentença judicial que a atribui a terceiro; como também
responde pelos vícios ocultos de que a coisa vendida por acaso seja portadora.
B) DESPESAS DO CONTRATO - o princípio da autonomia da vontade contratual
faculta às partes a prerrogativa de ajustar o que entenderem a respeito, atribuindo a uma ou
a outra parte provenientes do
contrato. Em seu silêncio, entretanto, supre a lei, parcialmente, a omissão, dispondo que as
despesas da escritura ficam a cargo do comprador e as da tradição, a cargo do vendedor
(CC, art. 1129).
C) O PROBLEMA DOS RISCOS - até o momento da tradição, os riscos da coisa correm
por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador, o legislador nada mais faz
do que aplicar o princípio segundo o qual res perit domino, isto é, a coisa perece em poder
do seu dono. Exceção a tal princípio se apresenta quando o comprador está em mora de
receber a coisa comprada.
O comprador ainda não é dono, pois não se procedeu a tradição. Não obstante sofre os
riscos da coisa. A exceção se funda na idéia de que a mora do credor não pode agravar a
responsabilidade do devedor.
D) A QUESTÃO DA GARANTIA - a compra e a venda, como contrato bilateral que é,
implica a existência de prestações recíprocas entre as partes, prestações que se têm por
causa uma da outra, o vendedor se dispões a abrir mão da coisa para obter o preço; o
comprador concorda em privar-se do preço para obter a coisa. Por conseguinte, não se
havendo ajustado o prazo, a permuta das prestações deve ser simultâneo, pois só dessa
maneira se obtém absoluta garantia de que o contratante que recebe sua prestação cumprirá
a que lhe compete.
Art. 1130 não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa. O
vendedor desfruta de uma garantia mais ampla que o comprador.
O art. 1092 permite ao contratante, que deva prestar em primeiro lugar, o sobrestamento da
prestação, desde que ocorra diminuição no patrimônio do outro, capaz de comprometer ou
tornar duvidosa a prestação pela qual o mesmo se obrigou; enquanto o art. 1131 só permite
a sustentação da entrega da coisa vendida a prazo, se o comprador cair em insolvência.
De maneira que, embora as regras se inspirem em preocupação de igual natureza, o
legislador pretendeu ser mais rigoroso na compra e venda que nos demais contratos, pois
condicionou a retenção da coisa vendida a prazo à prova da insolvência do comprador.
LIMITAÇÕES À COMPRA E VENDA DECORRENTES DA FALTA DE
LEGITIMAÇÃO DE
UMA DAS PARTES
A lei nega legitimação a diversas pessoas para participarem da compra e venda, em virtude
de sua peculiar relação em face do negócio que se tem em vista.
A) VENDA A DESCENDENTE
O art. 1132 do CC determina que os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem
que os outros descendentes expressamente consintam.
O propósito do legislador é o de evitar que através de uma simulação fraudulenta o
ascendente altere a igualdade dos quinhões hereditários de seus descendentes,
encobertando liberalidades por meio de fingidos negócios onerosos.
Principais problemas que o tema propõe:
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I - Da legitimação ativa para a demanda. A lei só defere tal ação aos descendentes, de
maneira que dela estão excluídos outros herdeiros necessários, ou seja, os ascendentes.
Pois trata-se de disposição restritiva de direito, que por isso mesmo não admite
interpretação analógica.
II - Da forma e prova da anuência e da possibilidade de seu cumprimento judicial. O
art. 1132 apenas demanda que a concordância dos descendentes seja expressa sem exigir a
atualização de qualquer forma definida.
Discute-se ainda se pode haver suprimento judicial do consentimento, quando os demais
descendentes, injustamente, se recusam a concordar com a venda projetada pelo ascendente
a um de seus descendentes.
Se o suprimento judicial corrige a arbítrio de uma recusa injusta, deve ser admitido, pois o
interesse social da circulação da riqueza prevalece sobre o individual do descendente
recusante, cada vez que o móvel deste último não seja legítimo.
III - Do momento em que deve ser proposta a ação e da qual começa a correr o prazo
da prescrição.
Pontos principais:
I- a ação do descendente para obter declaração de nulidade da venda feita pelo ascendente
a outros descendentes, pode ser proposta ainda em vida do alienante, isso porque sua
legitimação ativa decorre não de sua expectativa, como herdeiro, mas sim da infringência
por parte do ascendente de norma cogente de direitos das obrigações, que condiciona a
validade da alienação ao prévio assentimento dos outros descendentes;
II- o ato de alienação, em causa, é nulo e não meramente anulável, porque implica a
expressa desobediência a preceito cogente da lei.
III- O fato de a venda ter sido feita por interposta pessoa não transporta o caso para o
campo da simulação, onde mister se faria anular o negócio simulado, antes de lançar mão
da ação para declarar a nulidade absoluta do negócio; este negócio feito por interposta
pessoa é negócio realizado em fraude à lei e por conseguinte eivado de nulidade absoluta;
IV- As ações de nulidade absoluta são prescritíveis no prazo de 20 anos;
V- O prazo de prescrição da ação declaratória de nulidade de vendas feitas por ascendentes
a descendentes, sem a concordância dos outros descendentes, que como se disse é de 20
anos, conta-se da data do contrato.
IV - Da finalidade da ação: nulidade ou anulação do negócio. O fato de haver, de início,
definido a venda de ascendente a descendente como simulação presumida conduziu o autor
à conclusão natural de que a ação para anulá-la seria a de anulabilidade, com fundamento
no art. 147 do CC. A concepção de ser referido negócio apenas anulável é a da maioria dos
escritores brasileiros.
A idéia de fraude à lei só se justifica em casos em que o agente procura contornar leis de
ordem pública. Nos casos em que apenas o interesse particular está em jogo, não há
infração de norma que mereça tão violenta reação do ordenamento jurídico. Sendo o ato
então anulável, cuja lesão deve ser definida apenas pelo prejudicado.
I- A venda direta de ascendentes a descendentes, sem anuência dos outros descendentes, é
negócio infringente do dispositivo cogente do art. 1132 do CC, e como tal está eivado de
nulidade absoluta
II- A venda de ascendentes para descendentes através de interposta pessoa é negócio
praticado em fraude à lei e por conseguinte nulo, pois o ordenamento jurídico não pode
consentir que se consiga, por via indireta, aquilo que ele expressamente veda pela via
direta;
III- O prazo de prescrição é de 20 anos e se inicia a partir da conclusão no negócio
malsinado.
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V - Da validade da venda sem o consentimento dos outros descendentes, se houver
prova de
onerosidade do negócio e da equivalência das prestações. Presunção juris et de jure, não
se poderia cogitar da validade do negócio realizado sem anuência dos demais
descendentes. Relativa a presunção de simulação, obviamente dever-se-ia admitir prova em
contrário, ou seja: o negócio valeria, a despeito de infringência do preceito legal, uma vez
que o interessado demonstrasse que não houve simulação, pois o negócio foi real,
ocorrendo relativa equivalência das prestações.
Se o negócio foi levado a efeito sem a concordância dos demais descendentes, sua
ineficácia é inescondível.
B) COMPRA POR PESSOA ENCARREGADA DE ZELAR PELO INTERESSE DO
VENDEDOR
art. 1133 do CC nega a determinadas pessoas legitimação para adquirir bens, quer em
virtude de lhes cumprir zelar pelo interesse do vendedor, quer por desfrutarem de uma
posição de que se poderiam valer para tirar injustificada vantagem do negócio.
Os dois primeiros incisos desse artigo contemplam hipóteses de pessoas que cuidam de
interesses alheios tal o tutor, o curador, o testamenteiro, os administradores e os
mandatários. São proibidos de comprar os bens de seus pupilos, curatelados, etc., porque
ao se transformarem em compradores seu interesse começa a conflitar com aquele que por
função lhes cumpre defender.
C) VENDA POR CONDÔMINO DE COISA INDIVISÍVEL
O condômino, como proprietário que é, tem a prerrogativa de dispor da coisa, direito que,
de resto, lhe reconhece a lei (CC, art. 623).
Todavia, se o bem comum for indivisível, a faculdade de vendê-los encontra limitação na
regra do art. 1139 do CC:
Art. 1139. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser tento por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer
no prazo de seis meses.
Assim sendo, se a coisa por divisível ampla é a liberdade de alienar do comunheiro; se
indivisível, só pode vendê-la a estranhos após havê-la oferecido por igual preço aos
consortes. Só após tal oferta, e mediante a recusa dos mesmos, fica legitimado para vendê-
las alhures.
REGRAS ESPECIAIS SOBRE ALGUMAS MODALIDADES DE VENDA
A)VENDA POR AMOSTRA
Trata-se de venda ultimada à vista de amostra exibida pelo vendedor, que provocou o
assentimento do comprador. O negócio esta perfeito e acabado, daí surgindo para este
último o direito de obter entrega de coisa igual à amostra. Assim, se o vendedor se
arrepender e propositalmente enviar coisa
diversa ao comprador, a este compete enjeitar o objeto ofertado, bem coo exigir a
mercadoria que adquiriu, igual à amostra.
A lei civil (art. 1134) determina que o vendedor assegure ter a coisa vendida as qualidades
da amostra. De modo que o fato de o objeto negociado diferir da amostra configura
inadimplemento do devedor.
B) VENDA "AD CORPUS" E VENDA "AD MENSURAM"
O art. 1136 do CC distingue, na venda de um imóvel, aquela que é feita ad mensuram, da
que é feita ad corpus.
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A venda se diz ad mensuram quando a preocupação das partes for vender e comprar
determinada área de terreno. O negócio é estipulado tendo em vista uma certa dimensão.
Nestes casos o propósito do comprador é obter aquela área determinada, necessária e
suficiente para o seu negócio. E o preço foi pago tendo em vista esse fim. Se porventura o
imóvel não apresenta referida extensão, frusta-se uma expectativa com que o comprador
legitimamente contava. Por isso, o legislador dá-lhe ação para pedir a complementação da
área, a fim de obter aquilo que comprou.
É possível, contudo, que não tenha o vendedor área contígua, com que complementar a
faltante.
Neste caso abre a lei, ao comprador, uma alternativa. Pode ele preferir manter o negócio,
resignando-se a ficar com menor área, ou , pode impor a rescisão da compra e venda, se
entender que a área menos não lhe permite alcançar o fim visado. A regra se encontra na 1ª
parte do art. 1136.
A venda se diz ad corpus quando a preocupação das partes é vender e comprar coisa certa e
discriminada, na forma que exige objetivamente, sem que a circunstância de ter uma ou
outra extensão constitua motivo de maior relevo na formação do consentimento. Nesses
negócios entende-se que a referência à medida é meramente enunciativa, tendo por
finalidade, apenas, melhor caracterizar a coisa.
Por essa razão, na venda ad corpus não se defere, ao comprador que verificou não ter o
imóvel comprado a medida constante da escritura, qualquer ação contra o vendedor. E a
regra se encontra na 2ª parte do art.
1136.
Havendo dúvida quanto ao fato de a venda ser ad corpus ou ad mensuram e ocorrendo
desconformidade entre a medida enunciada no instrumento e a que o imóvel efetivamente
apresenta, presume o parágrafo único do art. 1136 do CC que se trata da venda de coisa
certa.
A presunção contida no parágrafo único do art. 1136 ;e juris tantum, por conseguinte
vencível por prova em contrário.
Se a venda for ad corpus e a medida do imóvel não conferir com a do instrumento,
nenhuma ação compete ao comprador.
Se a venda, entretanto, for ad mensuram, cave ao comprador a ação ex empto, pela qual
reclama do vendedor a complementação da área.
Somente se tal complementação for impossível se lhe abre a já mencionada alternativa: ou
pedir a rescisão do contrato, ou reclamar a batimento do preço.
A ação decorrente do art. 1136 compete exclusivamente ao comprador não podendo o
vendedor, que entregou maior área, reclamar de volta o excesso.
C) VENDAS IMOBILIÁRIAS E EXIGÊNCIAS FISCAIS CORRESPONDENTES
Nas vendas de imóveis exige o fisco a transcrição das certidões negativas de impostos a
que possam estar os mesmos sujeitos. Cumprindo tal requisito, fica o adquirente exonerado
de responsabilidade pelos impostos vencidos.
D) DEFEITO OCULTO NAS VENDAS DE COISAS CONJUNTAS
Dispões o art. 1138 do CC que, nas coisa vendidas conjuntamente, o defeito de oculto de
uma não autoriza a rejeição de todas.
Em muitos casos de coisas coletivas, o defeito de uma se propaga às outras, desvalorizando
o todo. Se o vendedor só pode devolver uma delas, é evidente que sofre prejuízo.
Se tratar de objetos que em conjunto componham uma coletividade, mister se faz distinguir
se o defeito de uma contamina ou não o todo, diminuindo-lhe o valor.
EXPEDIENTES PARA GARANTIA DO VENDEDOR
A) COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA
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O compromisso de venda e compra, como contrato preliminar que é, tem por objeto um
contrato futuro de venda e compra. Assim sendo, pode ser definido como ajuste de
vontades, por meio do qual os contratantes prometem, reciprocamente, levar a efeito uma
compra e venda.
Na compra e venda, o vendedor se obriga a transferir o domínio e este efetivamente se
transfere, com a transcrição do título no registro de Imóveis. Todavia, na mera promessa
bilateral de venda e compra, o promitente vendedor apenas promete que, no futuro, e se
receber o preço, venderá o imóvel
pretendido. De modo que continua titular do domínio, o qual será de futuro transferido. Tal
posição constitui, obviamente, excelente garantia para o vendedor.
Ora, o compromisso de compra e venda apresenta-se como instrumento ideal para esse
negócio especulativo, pois, além de dispensar algumas das formalidades do contrato
definitivo e oferecer praticamente a mesma segurança, não estava sujeito ao imposto de
transmissão "inter vivos".
A promessa unilateral de venda, conhecida sob o nome de opção, é aquela em que uma
pessoa se obriga a vender certo bem a outra, dentro de certo prazo e por determinado
preço, se o beneficiário quiser comprar. Nota-se que aqui só o promitente vendedor se
obriga, fato que marca a unilateralidade do
ato jurídico. A promessa unilateral de compra, negócio raro na prática, dá-se quando uma
pessoa se obriga a adquirir determinado bem da outra, por preço certo e dentro de prazo
determinado, se esta o quiser vender.
A promessa bilateral, ou seja, o compromisso recíproco de venda e compra, envolve a
vinculação de ambos os contratantes: um que promete vender - compromitente vendedor;
outro, que promete comprar - compromissário comprador.
O contrato de compromisso de compra e venda, cujo fim é a outorga de um contrato
definitivo, gera para as partes uma obrigação de fazer recíproca: a de passarem um contrato
definitivo - a compra e venda.
As obrigações de fazer eram insuscetíveis de execução compulsória, o inadimplemento de
tal obrigação, ao ver da maioria dos autores, sujeitava o faltoso apenas à reparação das
perdas e danos, com o apoio do art. 1056 do CC.
Aliás, quando a promessa fosse de negócio que só pudesse ser provado por instrumento
público, a própria lei de feria aos promitentes a prerrogativa de se desdizerem, mediante
indenização de perdas e danos. É a regra que se encontra no art. 1088 do CC.
Por conseguinte, não se cogita da execução direta desse tipo de obrigação de fazer.
Aos poucos, entretanto, foram se difundindo os contratos com cláusula de irretratabilidade,
ou seja, contratos, em que as partes renunciavam à prerrogativa de se arrependerem.
Quando a obrigação de fazer consistisse na emissão de uma declaração da vontade, era ela
suscetível de execução direita, pois a sentença que reconhecesse a obrigação passava a
substituir a declaração que não fora emitida.
Essa evolução veio atender a um reclamo de segurança nos negócios imobiliários, impostos
pela necessidades de prática.
B) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO
Na venda com reserva de domínio, o alienante, embora tendo transferido ao adquirente a
posse da coisa alienada, conserva o domínio sobre a mesma até ser pago da totalidade do
preço. A utilização mais intensa das vendas com reserva de domínio coincidiu com a
multiplicação dosnegócios a prestação
A conexão entre os dois fenômenos - difusão dos contratos de venda com reserva de
domínio, a par do aumento das vendas a prestação - decorre de que aquela modalidade de
negócio constitui, igualmente, um elemento de garantia do alienante, que retém o domínio
da coisa vendida, até ser pago da totalidade do preço. De modo que, se o preço não foi
integralizado no tempo devido, o vendedor pode reivindicar a coisa ou se reintegrar em sua
posse, porque conserva condição de dono, e o comprador inadimplente perde a legitimação
para detê-la.
Instrumento que garante o vendedor, constitui a cláusula de reserva de domínio elemento
incentivador do crédito e consumo.
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Larga é a controvérsia sobre a natureza jurídica da venda com reserva de domínio,
prevalecendo a opinião de se tratar de venda condicional, que se aperfeiçoa pelo advento
de um fato futuro e incerto, ou seja, a pagamento de preço.
Se para valer entre as partes basta que a venda com reserva de domínio se ultime por
escrito, deve o contrato ser registrado, para ter eficácia erga omnes.
O inadimplemento da obrigação de pagar as prestações devidas, por parte do comprador,
abre para o vendedor uma dupla via: a) pode este pleitear o pagamento das obrigações
vencidas e vincendas;
ou b) pode considerar desde logo rescindido o contrato e pleitear a reintegração na posse.
a) deixando o comprador de pagar no vencimento uma das prestações, a lei considera
vencidas as outras, competindo ao vendedor, mediante ação que couber ao título vencido,
cobras umas e outras.
b) Se entretanto, em face ao inadimplemento do devedor, o credor preferir reaver a coisa,
poderá, igualmente, fazê-lo. Iniciará sua ação com o pedido prévio de apreensão e depósito
da coisa, o qual lhe será deferido independentemente da audiência do comprador, para
evitar que o mesmo a aliene, esconda
ou deteriore.
C) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
A alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico através do qual o adquirente de um
bem móvel transfere o domínio do mesmo ao credor que emprestou o dinheiro para pagar-
lhe o preço, continuando, entretanto, o alienante a possuí-lo pelo constituto possessório,
resolvendo-se o domínio do credor, quando for ele pado de ser crédito.
Nota-se que mediante o constituto possessório o adquirente continua na posse direta do
veículo,
por exemplo, transferindo-se para o financiador apenas a titularidade do domínio e a posse
indireta. A propriedade adquirida pelo financiador é resolúvel, pois no momento em que
for satisfeito de seu crédito, o seu domínio se resolve, e a propriedade plena do veículo se
reintegra no patrimônio do adquirente.
A garantia representada pela alienação fiduciária é absolutamente satisfatória, pois é
representada pelo próprio domínio da coisa, bem como pela posse indireta, que é
transferida pelo financiado, ao financiador. Este é dono. É certo que sua propriedade não é
plena, posto que resolúvel (CC, art. 525), mas a plenitude do domínio será por ele
alcançada no momento em que caracterizar a inadimplência do financiado.
De modo que. Ocorrendo esta, ou seja, se o financiado deixar de pagar as prestações por
ele devidas, a coisa alienada fiduciariamente se integra inexoravelmente no patrimônio do
credor, dando lhe o ensejo de obter a posse direta da mesma, para o fim de vendê-la e
pagar-se de seu crédito.
Se examinarmos a natureza jurídica do instituto, verificaremos tratar-se de compra e venda
feita sob condição resolutiva. O negócio se aperfeiçoa desde logo e gera todos os seus
efeitos. Resolvendo-se se ocorrer o evento futuro e incerto representado pelo pagamento do
débito pelo devedor.
Comprovada a mora no pagamento de uma das prestações, as demais se vencem por
antecipação e o credor pode, desde logo, requerer a busca e apreensão da coisa, a qual será
concedida liminarmente.

CONTRATO DE DOAÇÃO
Contrato em que o Donatário recebe do doador bens ou vantagens.

Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do
seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

NATUREZA JURÍDICA
Em regra a doação é contrato unilateral, por gerar obrigação somente para o doador.
Excepcionalmente a doação pode ser contrato bilateral, no caso da doação modal e da
doação remuneratória.
Em regra, a doação é contrato gratuito, pois, gera vantagens somente para o
donatário. Excepcionalmente a doação pode ser onerosa, no caso da doação modal e da
remuneratória.
Em regra, a doação é não formal (ñ solene), sendo formal, somente, quando a lei
exigir.

ESPÉCIES DE DOAÇÃO
A) Doação Pura e Simples: não está sujeita à condição ou encargo, é feita por mera
liberalidade sem quaisquer restrições ou modificações para a sua constituição ou
execução.
B) Doação Contemplativa: aquela feita em contemplação do merecimento do
donatário
C) Doação Remuneratória: Aquela feita em agradecimento a um serviço
gratuitamente prestado
Se o Valor do bem doado for superior ao que se retribui, a doação não perde o
caráter de liberalidade.
Doação remuneratória não exige vênia conjugal (art. 1647 IV) e não pode ser
revogada por ingratidão. Esta doação não está sujeita a colocação por serem
onerosas, que tem por objetivo igualar a legítima (parte reservada por lei a certos
herdeiros, os chamados herdeiros necessários) no direito sucessório.
A doação de ascendente para descendente não exige autorização de ninguém, por se
tratar de adiantamento de legítima que deve ser levado a colocação no inventário.
Pode ser Reclamado vício redibitório nas doações remuneratórias.
D) Doação Modal (ou encargo): aquela que acompanha o ônus que deve ser
suportado pelo donatário. Ex.: Darei-lhe uma casa se cuidar do meu irmão até ele
morrer.
O encargo pode favorecer um doador ou um terceiro, hipótese em que seria uma
estipulação em favor de terceiro. Se o encargo não for cumprido pelo donatário, duas
serão as opções do doador:
1) exigir o cumprimento do encargo
2) Revogar a ação
Podem exigir o cumprimento do encargo:
1) Doador
2) Terceiro Beneficiado
3) Ministério Público (somente se o encargo for em benefício geral e só ganha
legitimidade após a morte do doador, se este nada fez com a vida)

Se não houver prazo para o cumprimento do encargo o beneficiário pode fixar um


prazo razoável, devendo o donatário ser constituído em mora.
Somente o doador tem legitimidade para revogar a doação por inexecução do encargo,
pois tal demanda é personalíssima.
Só será revogada a doação se o encargo deixar de ser cumprido culposamente (art.
562), pois, se não houver do donatário, não será possível revogá-lo (art. 396)
Por ter caráter oneroso aplica-se a essa modalidade as regras dos vícios redibitórios.

Qual o prazo para revogar a doação por inexecução do encargo?

Para a jurisprudência do STJ, anterior ao CC/2002, o prazo para revogar é de 10 anos,


porém a doutrina moderna entende que se aplica o prazo de 1 ano (prazo
decadencial) .O posicionamento que prevalece mescla ambas as hipóteses, onde o
donatário poderá propor a ação re revogação de doação de um ano (prazo decadencial)
e ação de resolução pelo inadimplemento em 10 anos (prazo prescricional)

E) Doação em forma de subvenção periódica: aquela que se destina a mantença de


certa pessoa, onde o doador doa periodicamente ao donatário certa quantia.
A morte do donatário extingui a doação por ela personalíssima, e a morte do doador
também a extingui, salvo se este determinar que a mesma se transferirá ao herdeiros,
expressamente no contrato.

F) Doação Propter Nuptias (casamento futuro): trata-se de doção condicional que


produzirá efeitos com o casamento do donatário com pessoa certa e determinada.

G) Doação com Cláusula de Reversão: aquela que contém cláusula determinando a


volta do bem doado ao patrimônio do doador, se o donatário morrer antes dele (art.
547 CC)

H) Doação Universal: é nula a doação de todos os bens do doador, sem reserva de


parte ou renda suficiente para sua subsistência (art. 548 CC)

I) Doação de Ascendente para descendente: dispensa a autorização do cônjuge,


pois, importa de adiantamento de legítima e deve ser levado a colação
independentemente de que parte saia.
Exceção: Poderá o doador por cláusula expressa dispensar o descendente da
colação quando os bens saírem da parte disponível. Não pode o doador doar mais
do que sua posição disponível (50%)

J) Doação entre Cônjuges: Só é permitida quanto aos bens particulares (bens que
entram na comunhão)
K) Doação Inoficiosa (art. 549 CC): “É nula a doação quanto à parte que exceder à
de que o doador, poderia dispor em testamento.”
Parte Inoficiosa: aquela que invade a legítima dos herdeiros necessários

L) Doação do Cônjuge Adúltero: É anulável a doação feita para o amante. Prazo


para anular essa doação é de 2 anos, contados da dissolução da sociedade conjugal.
Quem tem interesse na anulação da doação é o cônjuge traído.
Os herdeiros necessários no cônjuge prejudicado também podem pedir a
anulação da doação. Só o Cônjuge pode entrar com a ação para anular a doação antes
do prazo

M) Doação Conjuntiva: Aquela realizada para mais de um donatário. Se não for


determinado o quinhão dos donatários, presumi-se divisão igualitária (50%)
Em regra, a doutrina entende que não há direito de acrescer entre os donatários se
um deles falecer, pois, o seu quinhão será transferido aos seus herdeiros, salvo previsão
expressa em sentido contrário que é o caso do § único do art. 551 CC que determina a
existência do direito de acrescer se os donatários foram cônjuges.

N) Doação a entidade futura (art. 554 CC): Pode ser donatário uma pessoa que
ainda não existe, mas, que será constituída. A lei concede prazo decadencial de 2
anos para a constituição da pessoa jurídica pública ou privada, contado esse prazo
da celebração da doação.
O) Doação Verbal: Só pode ser feita doação verbal sobre bens móveis de pequeno
valor, desde que lhe seguir a tradição. A análise desse pequeno valor é analisado
pela sociedade.

ACEITAÇÃO DO DONATÁRIO
É necessária para que o contrato se aperfeiçoe. A aceitação pode ser expressa ou
presumida.
É presumida a aceitação se feita sem encargo, o donatário não se manifesta
no prazo dado pelo valor, o silêncio presume-se recusa.
A doação Pura, feita a um absolutamente incapaz, presumi-se aceita, salvo
se o representante legal recusá-la

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
2 hipóteses:

1) Ingratidão
2) Inexecução de encargo

O art. 556 CC não admite renúncia prévia ao direito de revogar a doação. As


hipóteses da doação por ingratidão consta em rola taxativo no art. 557 CC, e são
elas:
1) Se o donatário atentou conta a vida do doador ou cometeu crime de homicídio
doloso.
2) Se cometeu contra o doador ofensa física
3) Se injuriou gravemente o doador ou o caluniou
4) Se podendo ministrá-los o donatário recusa prestar os alimentos que o doador
necessita
5) Pode ocorrer a revogação quando o ofendido nos casos acima for cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão do doador.

O Prazo para revogação é decadencial de 1 ano da data que chegar ao


conhecimento do doador do fato que a autorizar. A revogação não prejudica
direitos de terceiros que adquiriram o bem doado, sendo possível somente
pleitear perdas e danos.
A ação de revogação é personalíssima, cabendo somente ao doador.
Como essa ação tem natureza punitiva, se o donatário falecer, a mesma continua
com seus herdeiros.
Como medida excepcional se o doador falecer, em caso de homicídio
doloso, praticado pelo donatário, poderá os herdeiros propor a ação de
revogação. Se o doador antes de morrer perdoar o donatário expressamente, os
herdeiros não poderão propor a ação de revogação.
Revogada a doação, não serão devidos a devolução dos frutos percebidos
antes da citação.
Não podem ser revogados por ingratidão:
1) Doação remuneratória
2) Doação com encargo já cumprido
3) Doação para saldar obrigação natural
4) Doação “propter núpcias” (casamento futuro)

EMPRÉSTIMOS
Existem 2 tipos:

1) Comodato
2) Mútuo

DO COMODATO (arts. 579 à 585 CC)


CONCEITO: empréstimo gratuito de bem infungível onde o comodante transfere a
posse do bem ao comodatário, por prazo determinado quando ocorrer a devolução.

NATUREZA JURÍDICA DO COMODATO


- É contrato unilateral (alguns doutrinadores chamam o contrato comodato de bilateral
imperfeito, já que o comodante teria uma única obrigação e seria a de não exigir a
devolução do bem antes do fim do prazo)
- É contrato gratuito, típico, não solene e real

OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO
1) Conservar a coisa como se fosse sua. O Comodatário é responsável pelas danos
causados.
2) As despesas de conservação da coisa são de responsabilidade do comodatário e não
podem ser revogadas.
3) Se a coisa corre riscos de deteriorização o comodatário deve salvá-la antes de seus
objetos, mesmo em caso fortuito ou de força maior.
4) O uso da coisa em comodato deve ser feito de acordo com os termos no contrato,
sob pena de inadimplemento que gera a resolução do contrato e a responsabilidade
por perdas e danos.
5) Restituição da coisa findo prazo ajustado, sob pena de pagar aluguel, que será
arbitrado pelo comodante

As ações judiciais para retomada do bem são:


- Reintegração de posse (se o bem é imóvel)
- Busca e apreensão (se o bem é móvel)

Se o Comodato for feito sem prazo, presumi-se que este será o necessário para o uso
concedido. Esta regra é uma exceção ao art. 134 CC que permite devolução imediata,
porém a mesma não será aplicada se houver motivo urgente que gere necessidade.

Havendo mais de um comodatário eles serão solidários (art. 585 CC)


Tutores, curadores e administradores de bens alheios não podem ser comodante.

CONTRATO DE MÚTUO (art. 586 à 592 CC)


Também é chamado de empréstimo de consumo.
Mútuo é o empréstimo onde o mutuante transfere a propriedade de coisa móvel e
fungível e se obriga a restituir fim do contrato um bem com mesmo gênero, qualidade e
quantidade.

Mutuante > pessoa que faz o empréstimo


Mutuário > pessoa que recebe o bem

NATUREZA JURÍDICA
Mútuo é contrato unilateral, só gera obrigação para uma das partes
Mútuo é contrato gratuito

Excepcionalmente o mútuo de dinheiro pode ser oneroso.


O mútuo de dinheiro, por poder ser oneroso, é chamado mútuo feneratício (presunção
de cobrança de juros). Para não cobrar juros tem que ter uma cláusula expressa dizendo
que não terá juros no contrato de mútuo feneratício, pois, tem presunção de cobrança
de juros compensatórios (esse juros não podem exceder os juros moratórios (art. 406
CC))

Mútuo é contrato não solene


Mútuo é contrato real (só se aperfeiçoa com a entrega da coisa)

PRAZO DO MÚTUO
O prazo do mútuo, em regra, é o que foi convencionado.
Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:

1) de 30 dias, pelo menos, se for de dinheiro


2) Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível
3) Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, tanto para o consumo
como para a semeadura.

MÚTUO FEITO A PESSOA MENOR


Feito esse mútuo sem prévia autorização, sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido
nem pelos mutuários nem pelos seus fiadores (schuld haftung). Exceção: art. 589

LOCAÇÃO
A locação no Direito Romano, era chamado de “locatio et conductio” (locação), que
recebeu a seguinte divisão:

1) Locactio rei > locação de Coisa (arts. 565 à 578 CC)


2) Locactio Operarum > locação de serviço
3) Locactio Operis Faciendi > locação de Obra

LOCAÇÃO DE MÓVEL URBANO


Antigamente: lei 8245/91
A lei acima foi revogada pela lei 12112 de 9 de Dezembro de 2009( lei do inquilinato), que
tem por objetivo regular locação de um imóvel urbano

CRITÉRIOS:
1º) Critério da Localização: o imóvel urbano está em zona urbana e imóvel rural em zona
rural.
2º) Critério da Destinação: o imóvel tem que ter destinação urbana, ou seja, moradia
habitual, estadia restrita e finalidade empresarial.

A lei do inquilinato adota o critério da destinação para definir o imóvel urbano,


porém, não são todas as locações de imóveis urbanos que são regidas pela lei do
inquilinato, dentre elas, destacamos:

1) Locação de imóveis de propriedade da união, Estados, Municípios de suas autarquias e


fundações públicas (decreto lei 976/46 e 6874/44 > locação de imóveis da União)
2) Locações de vagas de garagem e espaço para estacionamento (art. 565 e ss CC rege essa
locação)
3) Locação de espaços destinados à publicidade (ex. outdoor, lateral de prédios, topo de
prédios, pedaço de terreno com letreiros)
4) Locação em apart-hoteis, hotéis residência ou equiparados (art. 56 e ss)
5) Arrendamento (locação) Mercantil (leasing)
6) Arrendamento rural (locação de móvel rústico): arts. 92 à 95 do Estatuto da Terra (ET)
7) Locação em shopping Center: prevalece as condições livremente pactuadas pelas partes.
O procedimento dessa locação é regido pelo art. 54 da Lei do Inquilinato
8) Locação de veículos (565 e ss CC e aplica-se também no CDC)

SOLIDARIEDADE LEGAL
Solidariedade não se presume, decorre da vontade das partes ou da lei. Havendo mais de
um locatário, eles serão solidários entre si (art. 2º Lei do inquilinato). Essa regra pode ser
alterada por convenção entre as partes.

VÊNIA CONJUGAL
Autorização que o cônjuge dá para o outro para a prática de alguns atos. Só será necessária
a vênia conjugal do cônjuge do locador ou locatário, se a locação for ajustada por prazo
igual ou superior a 10 anos.
Ausente a vênia conjugal nas condições acima, o cônjuge que não deu a vênia não estará
obrigado a respeitar o contrato de locação quanto ao prazo excedente.

RETOMADA DE IMÓVEL PELO LOCADOR


É feita por meio da ação de Despejo. Essa ação pode estar motivada na denúncia cheia
(denúncia motivada) e denúncia vazia (denúncia imotivada) que são hipóteses de resilição
unilateral (o locador tem vontade de retomar o imóvel)

a) locação residencial ou não residencial por prazo determinado: o contrato de locação


pode ser ajustado por qualquer prazo (art. 3º da lei do inquilinato)
O locador é obrigado a cumprir o prazo ajustado no contrato, exceto se ocorrer
alguma das hipóteses prevista no art. 9º que são:
1) mútuo acordo (resilição bilateral)
2)Prática de infração legal ou contratual
3) Falta do pagamento do aluguel e demais encargos
4)Realização de obras urgentes determinadas pelo poder público

b) prorrogação por prazo indeterminado


b1) locação não residencial prorrogada por prazo indeterminado: locação não
residencial é aquela em que o locatário é pessoa jurídica e o imóvel destina-se ao uso de
seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados (art. 55 CC)
A locação não residencial feita por prazo determinado cessa automaticamente no
fim do prazo, independentemente de notificação ou aviso. Porém, se o locatário
permanecer no imóvel por mais de 30 dias sem oposição do locador, prorroga-se a locação,
nas condições ajustadas sem prazo determinado.
Prorrogada por prazo determinado, o locador pode pedir o imóvel a qualquer
momento, por escrito, concedendo ao locatário 30 dias para desocupação.

b2) locação residencial ajustada por prazo igual ou superior a 30 meses: Findo prazo,
cessa automaticamente o contrato, independentemente de notificação ou aviso, salvo se o
locatário permanecer no imóvel por mais de 30 dias sem oposição do locador.
O imóvel pode ser retomado a qualquer momentos por denúncia vazia, concedendo
30 dias para desocupação do locatário.

b3) locação residencial celebrada por prazo inferior a 30 meses e prorrogada por
prazo indeterminado: Nessa caso, caberá:
- denúncia cheia (art. 47): hipóteses do art. 47:
1) Todos os casos do Art. 9º: (mútuo acordo (resilição bilateral); Prática de infração
legal ou contratual; Falta do pagamento do aluguel e demais encargos; Realização
de obras urgentes determinadas pelo poder público)
2) Extinção do contrato de trabalho se a ocupação do imóvel estiver relacionada om o
emprego do locatário
3) Uso próprio do locador, seu cônjuge ou companheiro, ou uso residencial de
ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou
companheiro de imóvel residencial próprio.
4) Se for pedido para demolição e edificação licenciada ou realização de obras
aprovadas pelo poder público, que aumentem a área do imóvel em pelo menos
20%, ou se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão.

-Denúncia vazia: caberá depois de 5 anos de vigência ininterrupta da locação. Nessa


locação, findo o prazo, o contrato se prorroga automaticamente depois do prazo (não
precisa esperar 30 dias).

DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL PELO LOCATÁRIO


O locatário não é obrigado a cumprir o prazo da locação, pois, pode pagar a multa
prevista no contrato (geralmente é de 3 alugueis)
Se a obrigação é cumprida em parte, a multa deve ser reduzida (critério de
proporcionalidade). O critério hoje é o da equidade, mas, no caso de cumprimento
parcial da obrigação, aplica-se o critério da proporcionalidade (art. 413 CC que adota a
redução da penalidade)

ALIENAÇÃO DO IMÓVEL DURANTE A LOCAÇÃO


Pode o locador alienar o imóvel antes de findo o prazo descrito no contrato, devendo o
locador dar ao locatário direito de preferência (art. 27) (esse direito tem que ser
notificado e só cabe em negócios onerosos).
Notificado um preço, o prazo terá que ser estipulado, ao contrário terá que notificar
novamente. A notificação é respondida pela contra-notificação que ambos os registros
são feitos no Registro de Títulos e Documentos (RTD)
A resposta do locatário deve ser dada no prazo de 30 dias, sob pena de decadência,
ou seja, a perda do direito de preferência. Se o locatário foi preterido, no direito de
preferência, cabe a ação Ad Judicatória (Ad judicar > pegar para si), que pode ser
ajuizada no prazo de até 6 meses contados do registro da alienação. Se a ação for
julgada procedente ocorre a eficção (quando alguém perde algo judicialmente). Nela o
locatário deve depositar o valor da alienação mais despesas de transferência. Registro
da escritura no cartório de imóveis.
A 2ª ação que pode ser proposta chama ação indenizatória para suprir perdas e
danos.
O Contrato não vincula terceiros pelo princípio da relatividade, salvo se estipulado
pelas partes ou por determinação judicial.
A locação deve estar registrada anteriormente aos 30 dias que antecederam o
registro da alienação.

DENÚNCIA DA LOCAÇÃO EM RAZÃO DA ALIENAÇÃO


Por força do princípio da relatividade dos princípios no contrato, o adquirente do
imóvel locado, não é obrigado a cumprir o prazo restante da locação. Nesse caso, terá,
o adquirente do imóvel locado, não é obrigado a cumprir o prazo restante da locação.
Nesse caso, terá, o adquirente, o prazo de 90 dias para denunciar o contrato.
Denúncia Cheia, pois há motivação, a alienação do imóvel.
Se passar os 90 dias presumi-se que quer participar de uma obrigação.

A lei de locação instituiu no artigo 8º, uma exceção ao princípio da relatividade


denominada cláusula de vigência. Essa cláusula só produz efeito se o contrato estiver
registrado.
MORTE DAS PARTES
Morrendo o locador, a locação transmite-se aos seus herdeiros. Morrendo o locatário, a
locação se transmite:
a) se tiver finalidade não residencial, ao espólio ou ao sucesso do negócio
b) Na locação residencial, se transfere ao Cônjuge ou ao companheiro e,
sucessivamente, aos herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência
econômica do falecido, desde que residentes do imóvel.

EXTINÇÃO DO CASAMENTO OU DA UNIÃO ESTÁVEL


Nesse caso, a locação prosseguirá automaticamente como cônjuge ou companheiro
que permaneceram no imóvel.

DEVERES DAS PARTES


Deveres do locador (art. 22):

I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina;

II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado;

III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel;

IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação;

V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando
de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes;

VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a
quitação genérica;

VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas


compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu
fiador;

VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que
incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato;

IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam


sendo exigidas;

X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio.

Deveres do Locatário (art. 23):

I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no


prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel
locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato;

II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza


deste e com o fim a que se destina, devendo tratá - lo com o mesmo cuidado como se fosse seu;

III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações
decorrentes do seu uso normal;
IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou
defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros;

V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações,
provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos;

VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por
escrito do locador;

VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos


condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que
dirigida a ele, locatário;

VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto;

IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação
prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na
hipótese prevista no art. 27;

X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos;

XI - pagar o prêmio do seguro de fiança;

XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio.

GARANTIAS LOCATÍCIAS
1) Caução: (de bem móvel, imóvel ou dinheiro): caução de bem móvel deve ser
registrada no cartório de títulos e documentos. De bem imóvel no cartório de
imóveis.Garantia de dinheiro deve ir para caderneta de poupança e não pode
ultrapassar 3 aluguéis
2) Fiança
3) Seguro Fiança: a instituição será fiadora por um período de tempo
4) Cessão Fidejussória de cotas de fundo de investimento

É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma modalidade de garantia no mesmo


contrato de locação. Se não houver garantia no contrato, o locador pode exigir o
pagamento do aluguel, até o sexto dia útil do mês vincendo (pago e depois uso).

Salvo disposição contratual ao contrário, qualquer das garantias se estende até a efetiva
devolução do imóvel, mesmo que prorrogada a locação por prazo indeterminado.
A fiança sempre é feita por prazo indeterminado.
Quando a locação for prazo indeterminado, o fiador poderá exonerar-se notificando o
locador, mas ficará responsável ainda por todos os débitos que ocorrer dentro de um
prazo de 120 dias, após a notificação.
Se no prazo de 120 dias, o locatário não arrumar outra garantia, poderá ser despejada
do imóvel

LOCAÇÃO TEMPORÁRIA
Se destina a residência temporária do locatário por prazo, não superior, a 90 dias. Essa
é a única modalidade que autoriza o locador a cobrar antecipadamente o valor dos
alugueis.
CONTRATO DE DEPÓSITO (arts. 627 a 652 CC)
Trata-se do contrato onde o depositário recebe um objeto móvel corpóreo para guardar
até que o depositante o reclame.

ESPÉCIES DE DEPÓSITO
a) depósito voluntário: resulta da vontade das partes
b) Depósito Necessário ou obrigatório: se subdivide em:
b1) Depósito legal: se faz em desempenho de uma obrigação legal (art. 647, I)
b2)Depóstio miserável: ocorre em caso de calamidade pública. Ex.: incêndio, naufrágio
(art. 647, II)
b3) Depósito das barragens dos hóspedes (art. 649)

DEPÓSITO VOLUNTÁRIO
O art. 629 obriga o depositário a ter na guarda e conservação da coisa o cuidado e
diligência que costuma ter nas coisas que lhe pertencem. O CC adota a culpa em
concreto, pois, o depositante não pode exigir do depositário atitudes diferentes que teria
com suas coisas.
Depósito também é contrato de confiança.
Se a coisa foi entregue lacrada, colada ou selada, neste estado deve permanecer (art.
630), não podendo ser aberta, sob pena de perdas e danos por inadimplemento.
O depositário não pode usar a coisas, salvo, autorização expressa do depositante. Se foi
dado o direito de uso, não se confunde com comodato, pos, no depósito tem que
devolver a coisa antes do prazo (art. 633)
Por se tratar de contrato de confiança, não pode o depositário entregar a coisa para
terceiro, sob pena de responder por perdas e danos.
Se o depositante autorizar que isso ocorra, fica o depositário responsável pela
escolha da pessoa.
O dever de guardar é abrandado, porque o depositário pode depositar judicialmente
a coisa, se por motivo plausível não puder guardá-la e o depositante se recusar a
recebê-la.
O depositário é obrigado a restituir a coisa com seus frutos. O acessório segue o
principal. A restituição da coisa deve ocorrer no local onde a coisa estiver guardada e
todas as despesas decorrentes são do depositante.
Depósito, em regra, é gratuito. Se o depósito é feito no interesse de terceiro, o
depositário só pode devolver a coisa ao depositante com consentimento do terceiro (art.
632) (princípio da relatividade)
Compensação só pode ocorrer na hipótese do art. 638 CC (“não poderá o depositário
furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao depositante, ou opondo
compensação, exceto se noutro depósito se fundar.”)
A sub-rogação da coisa só pode ocorrer na hipótese do art. 636 (O depositário, que
por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a
entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro
responsável pela restituição da primeira.).
Não se admite cláusula de não indenizar se houver relação de consumo (art. 51 CDC) ou
de adesão (art. 424 CDC)

EXTINÇÃO DO DEPÓSITO
1) Perecimento da coisa (642 CC):
sem culpa: res perit domino (coisa perece para o dono)
com culpa: responsabilidade Civil
2) Incapacidade do Depositário (641 CC)
3) Morte do depositário (637 CC)

CONTRATO EMPREITADO (ART. 610 A 626 CC)


Contrato pelo qual o empreiteiro se obriga, sem subordinação ou dependência a realizar
pessoalmente ou pó meio de terceiro, certa obra para outrem com material próprio ou
por este fornecido, mediante uma remuneração determinada ou proporcional ao
trabalho executado.

ESPÉCIES DE EMPREITADA
a) empreitada de preço fixo: aquela em que a remuneração é estipulada para a obra
inteira, sem considerar frações, sendo fixada de antemão de quantia certa e invariável.
2 sub-espécies:
- empreitada de preço fixo absoluto: aquela que não se admite alteração na
remuneração, onde o empreiteiro não pode exigir do comitente quantia maior do que a
ajustada
- empreitada de preço fixo relativo: aquela que permite variação da remuneração em
decorrência de alterações futuras
b) empreitada por medida: aquela em que o preço é fixado por partes para atender ao
fracionamento da obra considerando-se as partes em que ela se divide como a medida
ou por medida.
c) empreitada de valor reajustado: aquela que contém cláusula permissiva de
variação do preço em razão do aumento ou diminuição da mão-de-obra dos materiais.
Utiliza-se índices oficiais em datas pré-estabelecidas como o INCC (Índice Nacional de
Construção Civil)
d) empreitada por preço máximo: aquela que estabelece um limite de valor que não
poderá ser ultrapassado pelo empreiteiro
e) empreitada por preço de custo: aquela em que o empreiteiro se obriga a realizar o
trabalho, bem como, fornecer os materiais (tijolo, cimento) mediante reembolso,
acrescido do lucro assegurado.
f) empreitada de lavor: aquela em que o empreiteiro apenas assume a obrigação de
prestar o trabalho necessário para construção ou execução da obra
g) empreitada de materiais (ou mista): aquela em que o empreiteiro se obriga a
fornecer os materiais necessários, bem como, a mão-de-obra. A obrigação de fornecer
materiais não se presume, resulta-se da lei ou das vontade das partes.

DIREITO DO EMPREITEIRO
-Receber remuneração convencionada
- exigir aceitação da obra concluída
- Requerer medição das partes já concluídas, no caso de empreitada por medida, sob
pena de presumir se verificado aquilo que foi pago. Os vívios devem ser denunciados
em 30 dias contados da medição
- Ceder o contra a um terceiro desde que não seja “intuito personae”, dando origem a
subempreitada.
- Suspender a obra nas hipóteses do art. 625 CC

DEVERES DO EMPREITEIRO
- Executar a obra conforme determinações contratuais
- Corrigir vícios que a obra apresentar
- Não fazer acréscimos ou mudança sem necessidade e sem consentimento do
comitente
- Entrega a obra concluída no prazo
- Pagar os materiais que recebeu do comitente se por culpa os inutilizar
- responder por perdas e danos se sem justa causa suspender a empreitada
- denunciar ao comitente, defeitos nos materiais entregues para a obra, que possa
comprometer sua execução.
- fornecer materiais de acordo com a qualidade e quantidade convencionadas se a
empreitada for mista.

DIREITOS DO COMITENTE

-exigir do empreiteiro a observância do contrato e suspender a obra desde que paga o


empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já executados, mais indenização
razoável, calculado em função do que ele teria ganho se concluísse a obra
- acompanhar a execução da obra em todos os seus trâmites
- rejeitar a obra ou pedir abatimento proporcional do preço se o empreiteiro se afastou
das instruções recebidas ou das regras técnicas
- Pedir o pagamento dos materiais inutilizados por culpa do empreiteiro
-pedir a revisão do preço se ocorrer diminuição do valor da mão-de-obra ou do material
superior a 1/10 do preço global convencionado
-receber a obra concluída conforme convencionado

DEVERES DO COMITENTE
-pagar remuneração convencionada
-verificar tudo o que foi feito
-receber a obra concluída
- fornecer materiais quando isto lhe competir
- indenizar o empreiteiro pelos trabalhos e despesas que teve feito se rescindir ou
suspender o contrato sem justa causa, pagando ainda os lucros que este poderia ter se
concluísse a obra
- não alterar o projeto já aprovado a não ser por motivos supervenientes ou razões de
ordem técnica, se comprova a conveniência ou excessiva onerosidade de execução de
sua forma originária.

CONTRATO DE MANDATO
Contra pelo qual o mandatário recebe do mandante poderes para em seu nome praticar
atos ou administrar interesses.

CARACTERÍSTICAS DO MANDATO
a) exige manifestação de duas vontades. Exige aceita de ambas as partes
expressamente ou tacitamente.
b) Mandato pode ser expresso ou tácito
c) Mandato pode ser verbal ou escrito
d) Trata-se de contrato bilateral (gera obrigações para âmbar as partes) e pode ser
gratuito ou oneroso( presumi-se oneroso se o ofício do mandatário se assemelhar ao
objeto do mandato)
e) É contrato “intuito personae”, pois há uma relação de confiança entre as partes
f) A procuração é instrumento representativo do mandato
g) O excesso de mandato se caracteriza quando os atos praticados forem além dos
poderes atribuídos, neste caso, só vincula o mandante se por ele for ratificado
h) Por se tratar de contrato de confiança admite resilição unilateral
i) A forma de constituição do mandato é livre, pois a forma pública só é necessária
quando a lei exigir
j) O reconhecimento de firma no instrumento particular de mandato será essencial
para produção de efeitos contra terceiros.
k) O substabelecimento poderá ser feito por instrumenro particular mesmo que a
procuração seja pública
l) O maior de 16 anos e menos de 18 anos não emancipado, pode ser mandatário
m) O mandatário pode substabelecer seus poderes a terceiros, salvo se houver
proibição expressa no mandato
n) Extingue o mandato pela revogação; renuncia; morte; interdição de uma das partes;
pela mudança de Estado que inabilite o mandante a conferir os poderes ou o
mandatário para os exercer; pelo término do prazo ou conclusão do negócio
o) O mandato pode ter cáusula de irrevogabilidade e se o mandante o revogar pagará
perdas e danos
p) A revogação do contrato notificada somente ao mandatário não se pode opor conta
terceiros que a desconhecia e com o mandatário pratica de boa-fé alguma ato.
q) O mandante de causa própria não pode ser revogado e não se extingue pela morte
de qualquer uma das partes
r) A renúncia do mandante será comunicado ao mandante que se for prejudicado
deverá ser indenizado pelo mandatário

O mandante revoga e o mandatário renuncia


A morte extingue o contrato pois não dá para passar esse direito a ninguém

ESPÉCIES DE MANDATO
a) Mandato singular: possui somente um mandatário
b) Mandato plural: possui mais de um mandatário e se subdivide em:
- Mandato conjunto: aquele que exige ação de todos os mandatários
- mandato solidário: aquele onde cada mandatário age isoladamente, porém haverá
entre eles o compromisso da solidariedade.
- mandato fracionário: aquele que divide os poderes entre vários mandatários
- mandato substitutivo: aquele em que cada mandatário age na falta do outro
respeitando ordem de nomeação.
c) Mandato expresso: aquele que contém poderes expressos
d) mandato tácito: aquele que a aceitação se dá por atos que a presumem
e) mandato verbal: aquele que é feito oralmente, não se admite mandatto verbal
quando o ato for celebrado por escrito
f) mandato escrito: aquele que é feito por instrumento público ou particular. A
outorga do mandato está sujeita a forma exigida por lei para o ato a ser praticado
g) mandato presumido: aquele em que o mandatário silencia-se quanto à aceitação,
mas, o seu objetivo é relacionado com sua profissão. Ex.: advogado
h) mandato civil: aquele que permite a prática de atos da vida civil
i) mandato mercantil: aquele que autoriza a prática de atos do comércio
j) mandato geral: compreende todos os negócios do mandante
k) mandato especial: compreende um ou mais negócios determinados
L) mandato em termo gerais: confere poderes de administração, somente (é a regra)
M) mandato com poderes especiais: confere poder para alienar, hipotecar, transigir
(fazer acordo) ou praticar qualquer ato que exorbitem a administração ordinária
n) mandato “ad negotia”: confere poderes para atuação fora do judiciário
o) mandato “ad judicia”: confere poderes de atuação em juízo
FIANÇA
Contrato pelo qual o fiador garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo
devedor caso este não a cumpra. Tem por objetivo estabelecer uma garantia. A fiança é
uma garantia pessoal ou fidejussória.

NATUREZA JÚRICA DA FIANÇA


Contrato unilateral, acessório, não solene (é regra) e em regra, é contrato gratuito

CARACTERÍSTICAS DA FIANÇA
a) a fiança deve se dar por escrito
b) não admite interpretação extensiva
c) pode ser estipulada sem o consentimento do devedor ou contra sua vontade
d) dívida futura pode ser objeto de fiança, mas, a execução depende de certeza e
liquidez
e) em regra, é ilimitada, porém poderá ser limitada se existir cláusula expressa no
contrato
f) Mesmo que limitada, compreende todos os acessórios da dívida principal, inclusive,
as despesas judiciais desde a citação
g) Pode ser feita para garantir valor inferior à dívida
h) As obrigações nelas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar
apenas da incapacidade do devedor. Não se aplica esta regra no caso do múto à
pessoa menor
i) O credor não é obrigado a aceitar fiador que não seja pessoa idônea, que não esteja
domiciliada no município onde a obrigação deverá ser cumprida e que não possua
bens suficientes para cumprir a obrigação
j) Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir a sua
substituição
k) O Fiador pode exigir até a contestação da lide, que sejam primeiro executado os
bens do devedor, nomeando bens do devedor situados no mesmo município, livres
e desembargados e que sejam suficientes para quitar o débito. Esse direito se chama
benefício de ordem que também é chamada de benefício de excussão
l) O benefício de ordem não se aplica se:
- o fiador o renunciou expressamente
- o devedor for insolvente ou falido
- Se o fiador se obrigou como principal pagador ou devedor solidário
m) Havendo mais de um fiador, eles serão solidários por disposição expressa do artigo
829 CC, salvo se ficar estipulado no contrato benefício de divisão
n) O fiador que paga integralmente o débito se sub-roga nos direito do credor. Nesse
caso, o fiador que pagou, só poderá demandar os outros fiadores pela respectiva
cota de cada um, porém, a parte do fiador insolvente será distribuída aos outros
o) O devedor responde perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar
p) O fiador tem direitos aos juros desembolsados pela taxa estipulada no contrato, e
não havendo taxa convencionada aos juros legais de mora
q) A fiança pode ser concedida por prazo determinado ou indeterminado
r) Fiança por prazo indeterminado se extingue com a exoneração do fiador, que ocorre
60 dias depois da notificação ao credor (exceto na locação de imóvel urbano, em
que o prazo é de 120 dias)
s) A obrigação do fiador se transmite aos herdeiros, mas , a responsabilidade da fiança
se limita ao tempo da morte e não pode ultrapassar as forças da herança

CONTRATO DE TRANSAÇÃO
Negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas fazem concessões mútuas ara
prevenir ou extinguir obrigações litigiosas ou duvidosas.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
a) acordo de vontade entre os interessados
b) Direitos litigiosos ou duvidosos
c) Intenção de extinguir coisa duvidosa ou litigiosa

Proibições legais contra a transação:


1) mandatário sem poderes especiais expressos
2) procuradores do MP
3) Sócio que não tenha administração da sociedade
4) Síndico da massa falida, salvo autorização judicial e anuência do falido
5) Pais quanto a direito dos filhos menores, salvo autorização judicial
6) Tutor e curador, salvo com autorização judicial
7) Pessoa casa sob bens imóveis, exceto no regime da separação absoluta

NATUREZA JURÍDICA DA TRANSAÇÃO


Negócio jurídico bilateral; oneroso; comutativo; consensual; em regra é não solene,
pois, a escritura pública só será necessária nas obrigações em que a lei o exige. A
transação judicial deve ser feita por escritura pública ou termo nos autos

ESPÉCIES DE TRANSAÇÃO
A) transação judicial: aquela feita no curso de um processo por termos nos autos ou
escritura pública, que deverá ser homologado pelo juiz
B) transação extra-judicial: aquela feita sem homologação judicial, pois, independe
da existência do processo

CARACTERÍSTICAS DA TRANSAÇÃO
a) a transação é indivisível, pois, a nulidade de cláusulas na transação acarreta a
nulidade de todo o contrato Exceção: Se a transação versar sobre diversos direitos
independentes, a nulidade da transação referente a um direito, não afeta a dos
outros.
b) A transação é de interpretação restrita, ou seja, aplica-se somente o que está
descrito no instrumento, pois, não se admite a analogia
c) A transação é negócio jurídico declaratório pos, declara ou reconhece direitos, ela
não transmite nada

OBJETO DA TRANSAÇÃO
Só pode ser objeto da transação direitos obrigacionais de punho patrimonial e de
caráter privado

A TRANSAÇÃO E A CLT
Como no Dir. do Trabalho vige o princípio da indisponibilidade dos direitos
trabalhistas, a transação só poderá ocorrer sob direitos trabalhistas patrimoniais de
cunho privado

EFEITOS “INTER PARTES” DA TRANSAÇÃO


Como todo contrato, a transação não vincula e não prejudica terceiros (efeito “inter
partes”), exceto:
a) se concluir entre credor e devedor o fiador estiver livre
b)sendo efetuada entre um dos credores solidários e um devedor, extingue a obrigação
deste para com os outros credores
c) Se realizada entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue-se a dívida e,
relação aos co-devedores

EVICÇÃO DA COISA RENUNCIADA NA TRANSAÇÃO


A evicção da coisa renunciada por um dos transigentes não faz renascer a obrigação,
somente permite pleitear perdas e dano
Exceção: se um dos transigentes adquirir depois da transação um novo direito sobra a
coisa renunciada ou transferida, a transação não inibirá de exerce-lo.

TRANSAÇÃO DE OBRIGAÇÃO RESULTANTE DE DELITO


A transação civil de obrigação resultante de delito não extingue a ação penal pública

INVALIDADE DA TRANSAÇÃO O art. 849 CC estabelece que só se anula a


transação por erro essencial quanto a pessoa, solo ou coação. A doutrina majoritária
entende que também se anula a transação por lesão, estado de perigo e fraude contra
credores.
O art. 850 CC determina ser nula a transação sobre litígio decidido em sentença
transitado em julgado, ignorada por um dos transigentes, ou se verificado
posteriormente que uma das partes não tinha direito sobre o objeto da transação.

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