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Revista ESO Engenharia e Tecnologia

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE SUFICIÊNCIA DE


VAZÃO PARA VÁLVULA DE SEGURANÇA E/OU
ALÍVIO
Marcos Antônio da Silva
Wanderson de Araújo Lana

Faculdade do Centro Leste, Rod. ES – 010, km 6, S/N, Manguinhos, Serra – ES


Fluid Controls do Brasil, Pedro Alvares Cabral, Nº 811, Serra-ES

Resumo
Devido à sua grande aplicabilidade nos processos industriais envolvendo caldeiras, compressores e vasos de pressão,
inclusive de caráter normativo para construção e funcionamento, as válvulas de segurança e/ou alívio possuem
grande responsabilidade na operação dos itens citados, evitando assim danos catastróficos a vida e a patrimônios.
Portanto, é de extrema importância o dimensionamento correto da válvula de segurança para a devida condição de
trabalho e a comprovação de que ela opera conforme a condição calculada, atendendo a suficiência de vazão
requerida no processo. Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo de caso onde possa ser feito uma análise
comparativa entre a vazão calculada sob um determinado orifício de passagem em uma determinada pressão, com
um caso prático de uma válvula de segurança simulando a operação em uma bancada de teste pressurizada por um
sistema hidropneumático. Após a análise, será possível constatar se os resultados estão dentro de uma margem de
proximidade satisfatória entre o calculado e o experimental, considerando as devidas perdas de carga que ocorrem
no sistema, podendo assim, comprovar que a válvula sob determinada condição de trabalho apresenta a suficiência
de vazão necessária para a operação do sistema.

Palavras-chaves: Válvulas de segurança, Válvula de alívio, Vazão, sistema hidropneumático.

1.INTRODUÇÃO Já as válvulas de alívio, conhecidas como PRF


Válvulas de segurança são dispositivos de atuação (Pressure Relief Valve), são dispositivos automáticos
automática, instalada em equipamentos que operam de alívio de pressão, caracterizado por uma abertura
pressurizados, com objetivo de impedir o acúmulo progressiva e proporcional ao aumento da pressão
excessivo de pressão, visando assim a proteção acima da pressão de abertura. Designada para fluidos
imediata de vidas e patrimônios. incompressíveis [4].
As válvulas de segurança tiveram suas primeiras Este artigo tem como finalidade apresentar os
aplicações inventada pelo físico francês Denis Papin, resultados encontrados através de um experimento de
ainda que de modo ineficaz e baixa confiabilidade, operação de uma válvula de segurança e/ou alívio em
devido ao seu sistema de contrapeso utilizado na uma bancada de calibração, integrada com um vaso de
época[1]. Devido à toda insegurança na operação dos pressão, com um determinado nível e quantidade de
equipamentos protegidos pelas válvulas e as inúmeras fluido que será utilizado nas medições que comprove a
explosões registradas, em 1880 criou-se o código suficiência da vazão da válvula em análise.
ASME ( American Society of Mechanical Engineers )
formando um comitê para elaboração de normas para 2.NOMECLATURA DOS EQUIPAMENTOS.
construção de projetos direcionados para vasos de Para realização do experimento, foi necessário o
pressão e caldeiras [2][3]. desenvolvimento de um sistema hidropneumático
Usualmente no setor industrial, ocorre divergências integrado a uma bancada de calibração de válvulas de
com a nomenclatura das válvulas de “alivio” e segurança, para que fosse possível obter a medição
“segurança”. Conforme o IBP-Guia Nº10, as válvulas correta da vazão com fluido incompressível, neste caso
de segurança, também conhecidas como PSV (Pressure aplicado, utilizamos a água por ser de maior facilidade
Safety Valve), são dispositivos automáticos de alívio de de manuseio e aplicabilidade.
pressão, caracterizado por uma abertura instantânea Na criação do sistema hidropneumático, utilizamos um
(“pop”) uma vez que atinge a pressão de abertura. reservatório, no qual está preenchido com água sob um
Designada para fluidos compressíveis [4]. pré-determinado nível já conhecido, indicando assim o
volume de água em seu interior. Interligado a esse
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reservatório de água, foi instalado uma garrafa de estará dispensado dos demais requisitos da NR-13 [5].
nitrogênio para realizar a pressurização do sistema. Para se ter uma segurança maior em nosso sistema
Conforme a figura 1 abaixo. hidropneumático, achamos necessário calcularmos a
PMTA (Pressão Máxima de Trabalho Admissível) do
vaso, garantindo assim sua operação[6].
Como o nosso reservatório de água já estava construído
e sabíamos que foi utilizado o aço ASTM A-105 na
confecção do mesmo, utilizamos as tensões admissíveis
do código ASME, conforme a tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Tabela de Tensões Admissíveis


Tensão
Classe de Formas de Especificação
Admissível
Material Apresentação ASTM
(Mpa)
chapas A-285-C 108,00

Aço-carbono
tubos A-53-A 80,6
tubos A-53-B 101
tubos A-179 92,3
forjados A-181-60 92,3
chapas A-515-60 117,8

Aço-carbono para altas


chapas A-515-65 128,1

temperaturas
Figura 1. Sistema hidropneumático [Do autor] chapas A-515-70 137,7
tubos A-106-A 94,4
2.1 Cilindro de Nitrogênio tubos A-106-B 117,8
Para a pressurização do sistema, utilizamos um cilindro tubos A-210-A1 117,8
de nitrogênio, também conhecido no mercado como forjados A-105 137,7
“torpedo”, com capacidade para 9m³ e pressão máxima forjados A-216-WC1 137,7
interna de 200 bar, já equipado com uma válvula Fonte: ASME, Seção VIII, Divisão 1
reguladora de pressão na saída do cilindro.
De acordo com a faixa de temperatura que o sistema
2.2 Reservatório de água hidropneumático irá operar, a nossa tensão admissível
Interligado ao cilindro de nitrogênio, temos o selecionada foi 137,7 Mpa. Consideramos também o
reservatório onde está armazenado a água que sofrerá a coeficiente de eficiência de solda 0,55, por ter o grau
pressão vinda no nitrogênio. Utilizaremos um de inspeção não radiografado. Os diâmetros são de
manômetro no reservatório para garantir a mesma 121mm no interno e 141 mm no externo. Já com todos
pressão do cilindro de nitrogênio. os valores do nosso reservatório convertido conforme
a legenda abaixo, realizamos o cálculo da PMTA,
2.3 Bancada de calibração através da equação (1).
Por fim, temos a bancada de calibração e ensaio, que
por sua vez, possui toda a tubulação de distribuição e 𝑆. 𝐸. 𝑡 (1)
válvulas de controle do processo onde haverá o 𝑃𝑀𝑇𝐴 =
𝑅 + 0,6. 𝑡
escoamento do fluido até chegar na válvula de
segurança e/ou alívio que será testada no experimento PMTA: Pressão Máxima de Trabalho Admissível (kgf/cm²)
sob uma determinada pressão já calibrada. A bancada S:Tensão admissível básica do material (kgf/cm²)
possui também um manômetro indicando exatamente a E: Coeficiente de eficiência de solda
t: Espessura do cilindro pressurizado (cm)
pressão onde ocorrerá a abertura da válvula.
R: Raio interno do cilindro (cm)

3. METODOLOGIA
Antes de iniciarmos os nossos testes, foi necessário Através da equação (1), encontramos o valor de 105
certificarmos da pressão que suportaria o reservatório kgf/cm² para a PMTA e multiplicando o mesmo por
de água, condicionado a ser um vaso de pressão. 1,3 temos o valor para realizar o teste hidrostático do
Conforme estabelece a NR-13 no subitem 13.2.2, alínea vaso de pressão, que no caso será de 136,5 kgf/cm².
“i”, tendo o fluido de operação de classe B, C e D, Por fim, necessitamos classificar o vaso de pressão em
mesmo que o produto P.V do vaso seja superior a 8, se sua devida categoria conforme estabelece a NR-13.
o mesmo possuir diâmetro interno inferior a 150mm, Considerando o caso mais crítico de pressão igual a
ele deverá ser submetido as inspeções conforme as 200 bar, que é fornecida pelo cilindro de nitrogênio e
recomendações e normas que o regem, porém, o vaso tendo o volume do vaso de pressão de 22 litros,
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realizamos o cálculo do produto Pressão vezes


Volume (P.V) > 8, para confirmar que o nosso
reservatório é um vaso de pressão. Realizando as
conversões necessárias das medidas temos 20.000 kPa
e 0,022 m³, que nos dará o resultado do produto P.V
de 440, confirmando assim o reservatório como vaso
de pressão. Seguidamente, verificaremos o grupo de
potencial de risco do vaso de pressão, dessa vez a
pressão deverá ser convertida para Mpa, sendo assim,
20 Mpa. Realizando novamente o produto P.V,
obtemos o valor de 0,44 que se enquadrará no grupo 5
e como o nosso fluido de trabalho será água,
pertencente à classe D, podemos classifica-lo como
categoria V, conforme mostra a figura 2, indicado pela
NR-13. Figura 3. Válvulas de Segurança/Alívio. [Do autor]

A pressão de ajuste da válvula de segurança/alívio, foi


calibrada para ter sua a abertura em 5 kgf/cm², sendo a
mesma, calibrada na própria bancada onde se realizará
o experimento.
Antes de iniciarmos os testes, foi calculado a
capacidade que esse modelo de válvula, conforme
estabelece a norma API RP 520 Part. 1[7], com as
devidas especificações citadas anteriormente, tivesse
uma capacidade de vazão de 11,23 gpm, através da
equação (2), onde convertidos teríamos 42,5 litros por
minuto.

2 ∆𝑃
𝐺𝑃𝑀 = 𝐴. 38. 𝐾𝑑 . √
𝐺 (2)

Figura 2. Grupo de potencial de risco. [5]


GPM: Capacidade de vazão efetiva: Galões por minuto
Após a classificação do vaso de pressão, partimos para A: Área ( pol² )
a etapa de validação de nosso experimento, que visa ∆P: pressão absoluta (psig) + sobrepressão (10%)
encontrar um erro de aproximadamente 5%, G: Densidade da água (1,0)
comparado ao que pode ser encontrado nos valores 𝐾𝑑 :Coeficiente de descarga (0,65 sugerido pelo API RP
teóricos. 520 parte 1)
Para o estudo de caso, foram selecionadas 03 válvulas
de segurança/alívio, com o mesmo modelo construtivo Devido ao nosso reservatório de água ter a sua
de funcionamento, porém, de bitolas, orifícios e sessões capacidade volumétrica limitada à aproximadamente
diferentes, conforme mostra a figura 3, visando 22 litros, fizemos a medição para um período de 10
amplificar o comportamento da perda de carga em segundos, que teoricamente nos forneceria um volume
diferentes situações. A primeira válvula testada foi de final de 7,08 litros. Na tabela 2 pode ser observado os
bitola de 1/4” x 3/4”, com diâmetro do orifício de valores utilizados e obtidos na equação (2).
passagem de 6,5mm.
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Tabela 2. Valores obtidos pela equação (2).


𝐷𝑉 (5)
𝑅𝑒 =
Diâmetro (m) 0,0065 𝜐

Área (m²) 3,31831E-05 Re: Reynolds


Área (pol²) 0,051433762 D: Diâmetro (m)
V: Velocidade (m/s)
Pressão (kgf/cm²) 5 𝜐: Viscosidade cinemática (m²/s)
Pressão (psia) 78,155
Vazão (gpm ) 11,23113454 Como podemos observar na equação da velocidade de
saída (4), temos a perda de carga distribuída,
Vazão (l/min ) 42,50982177 ocasionada pela rugosidade, diâmetro pequeno da
Vazão (l/seg ) 0,70849703 tubulação que leva a água até a válvula, comprimento
da tubulação e temos também a perda de carga
Volume (10 seg) 7,084970296 localizada, proporcionada pelos acessórios na
Fonte: [Do autor] tubulação. Para o uso de valores em nossos cálculos,
utilizamos uma tabela indicando o comprimento
Para o escoamento da água na tubulação até a saída na equivalente para cada acessório utilizado em nossa
válvula de segurança/alívio, utilizamos a equação de tubulação [8], conforme a tabela 3.
energia para escoamento permanente e incompresível
(3) como base para os cálculos posteriores. Tabela 3. Comprimento equivalente para acessórios.
𝑃1 𝑉12 𝑃2 𝑉22 (3) Tipo de Acessório
( + 𝛼1 ( ) + 𝑔𝑧1) − ( + 𝛼2 ( ) + 𝑔𝑧2 ) = ∑ ℎ𝑙 + ∑ ℎ𝑙𝑚
𝜌 2 𝜌 2 Comprimento Equivalente (Lρ/D)
Válvulas (completamente abertas)
P: Pressão (Pa)
ρ: Massa especifica (kg/m³) Válvulas de gaveta 8
V: Velocidade (m/s) Válvulas globo 340
α: Coeficiente de energia cinética, aproximadamente 1
para altos números de Reynolds [8] Válvula angular 150
g: Gravidade (9,81 m/s²) Valvula de esfera 3
z: Desnível(m)
ℎ𝑙 : Perda de carga localizada (m)
Válvula de retenção:globo 600
ℎ𝑙𝑚 : Perda de carga distribuída (m) Válvula de retenção:globo 55
Válvula com pé de crivo: disco solto 420
A partir dessa equação, chegamos a incógnita da
velocidade saída (𝑉2 ), na qual utilizamos um método Válvula com pé de crivo:disco
por iteração para encontrá-la. Através da equação de 75
articulado
energia anterior, isolamos (𝑉2 ) criando uma nova
equação (4), para obter o resultado. Como a iteração é Cotovelo-padrão: 90º 30
feita de maneira manual, necessitamos iniciar com um Cotovelo-padrão: 45º 16
valor estimado para o fator de atrito (𝑓) e considerando
o mesmo constante, devido ao escoamento ser Curva de retorno 50
inteiramente turbulento e já comprovado pelo número Tê-padrão: escoamento principal 20
de Reynolds (5) encontrado no experimento [8].
Tê-padrão: escoamento lateral 60
𝑃
2𝑔(𝑧1 −𝑧2 )+ 1 Fonte: referência [8]
𝜌
𝑉2 = [ 𝐿𝑒 𝐿 ] (4)
Com a válvula de segurança/alívio já instalada na
𝑓( + )+1
𝐷 𝐷 posição, iniciamos o primeiro teste com a regulagem do
cilindro de nitrogênio em 10 bar, mantendo assim,
𝑉2 : Velocidade da água na saída (m/s)
pressão suficiente para vencer todas as perdas do
g: Gravidade (9,81 m/s²)
sistema até a válvula de segurança/alívio.
𝑓: Fator de atrito
Devido à baixa capacidade volumétrica do reservatório
𝐿𝑒: Comprimento equivalente (m)
de água, restringida a 22 litros e tendo a vazão calculada
L: Comprimento da tubulação (m)
em litros por minuto, acima do que o reservatório pode
P: Pressão (Pa)
oferecer, reduzimos o tempo de medição para 10
z: Desnível (m)
segundos, viabilizando o experimento para essa
aproximação do real.
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Com o sistema pressurizado ocorre a abertura da


válvula de segurança/alívio e o fluido escoa por um
tubo que foi encanado na saída da mesma, para que
possa ser captado todo o volume de água que passa pela
válvula de alívio, conforme mostra a figura 4.

Tabela 4. Método de iteração do sistema.


Tabela de dados
Pressão (Pa) 1000000
Vol. Especif. (m³/kg) 1000
Desnível (m) 0,4
Fator de atrito 0,028969
Comp. Tubulação (m) 1,75
Perda localizada (m) 1613
Perda distribuida (m) 472,972973
Diâmetro (m) 0,0037
Figura 4. Válvula de alívio na bancada. [Do autor]
Velocidade (m/s) 4,050534946
As captações de água foram realizadas com o auxílio Viscos. Cinemática (m²/s) 1,01E-06
de um recipiente com indicação de volume, indicando Área (m²) 1,07521E-05
assim a quantidade de água captada no período de 10
segundos. Reynolds 1,48E+04
No segundo teste, utilizamos uma válvula de Rugosidade espec. 0,000540541
segurança/alívio com a mesma construção interna dos Vazão (m³/s) 4,35518E-05
componentes, alterando somente a bitola, que agora
será de 1/2” x 3/4”, com o diâmetro do orifício de Vazão (l/s) 0,04355176
passagem de 12,7 mm e pressão de abertura Volume em 10 seg
0,435517603
determinada em 3,5 kgf/cm². (Litros)
Para o terceiro teste, utilizamos uma válvula de Fonte: Do autor
segurança/alívio também de mesmo modelo, porém
com a bitola de 1” x 1”, com orifício de passagem de Após ter testado todas as três válvulas de
20,3 mm e pressão de ajuste calibrada em 1 kgf/cm². segurança/alívio no experimento, tornou-se possível
mensurar a dimensão da perda de carga envolvida no
4. RESULTADOS sistema. Fazendo um comparativo entre os volumes
Conforme os níveis de água indicados no medidor de esperado e obtido, tivemos a menor variação de volume
volume para cada válvula, percebemos que os valores em aproximadamente 15 vezes a diferença do obtido,
estavam muito distantes do que se esperava comparado comparado ao esperado, conforme indica a tabela 5.
ao calculado. Podendo perceber que a perda de carga
do sistema estava muito alta influenciando Tabela 5. Comparação de volumes do experimento.
drasticamente no resultado do experimento. Volume Volume
Para tentarmos entender um pouco melhor o que estava Bitola Esperado em Obtido em 10
acontecendo e o que estava causando imensa perda de 10 segundos segundos
carga no sistema, utilizamos o mesmo método de 1/4” x 3/4” 7,08 litros 0,450 litros
iteração para encontrar a velocidade e o fator de atrito, 1/2” x 3/4” 22,95 litros 0,300 litros
na qual através do mesmo teríamos o valor aproximado 1” x 1” 30,90 litros 0,690 litros
das perdas de carga dos acessórios e demais itens, Fonte: [Do autor]
conforme indica a tabela 4 abaixo.
Com os resultados alcançados no experimento, além da
grande discrepância encontrada entre os volumes
finais, possibilitou percebermos a ineficiência na
medição de vazão da válvula de segurança/alívio. A
drástica perda de carga nos acessórios e tubulação
devem ser os principais indícios por atingir valores
muito altos, como por exemplo o que estimamos para a
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perda de carga na válvula de segurança, pois não frustrantes, pois não obtivemos a proximidade desejada
encontramos nenhum valor de referência para a perda com o resultado esperado de acordo com a norma API
da mesma, para o cálculo iterativo, conforme mostra a RP 520 Part 1[7], com diferenças de resultados obtidos
tabela 6. de modo experimental de até 76 vezes menor na
capacidade de vazão.
Tabela 6. Perdas utilizadas nos acessórios. Com esses resultados, desenvolvemos uma outra
Comprimentos Equivalentes investigação, onde as diferenças dos resultados obtidos
Admensionais com os resultados esperados fossem dentro da margem
Joelho 210 aceitável. Utilizando a equação (3) de energia
encontramos que a perda de carga foi a real causadora
Adaptador 60
da diferença de resultados sendo a mesma comprovada
Válvula de segurança 1000 nos experimentos.
Válvula de esfera 3 No artigo, foram abordados conceitos e práticas da
Válvula agulha 340 mecânica dos fluidos, com aplicação voltada para o
estudo de vazão e dimensionamento de válvulas de
soma das perdas
1613 segurança ou alívio e suas perdas de cargas, sendo essa
localizadas
o principal causador da ineficiência de medição obtida.
Fonte: [Do autor] Foi possível constatar em nosso experimento que
independente do dimensional da válvula de
Além da válvula de segurança/alívio, foi utilizado um
segurança/alívio e sua pressão utilizada, os resultados
adaptador no sistema que também não tinha um valor
volumétricos encontrados, não apresentavam exatidão
definido para a perda de carga, pois foi fabricado
comparado ao que se esperava por intermédio dos
conforme a necessidade da bancada para fazer conexão
cálculos de dimensionamento. Porém, o resultado se
entre os componentes, então foi utilizado o mesmo
mantinha sempre preciso cada vez que era executado,
valor de um escoamento lateral de um “Tê” padrão,
ou seja, o sistema não apresentou nenhuma falha de
indicado na tabela 3, devido a sua semelhança de
operação e manuseio e nem tanto mal funcionamento
funcionalidade de ramificação. Para a válvula esfera e
de seus componentes utilizados.
os joelhos foram utilizados os mesmos valores
Além disso, de maneira intrusiva e comprovada pelo
estabelecidos da tabela 3. No caso da válvula agulha
experimento, podemos concluir que com a atual
tomamos como referência os valores para uma válvula
configuração estrutural da bancada de calibração, não é
globo da tabela 3, pois tanto quanto a válvula agulha e
possível ter uma medição de vazão para a válvula de
válvula globo, são dispositivos mecânicos utilizados
segurança/alívio. Tornando assim, o uso exclusivo do
para regulagem de vazão [7].
sistema hidropneumático, somente para calibração da
Para melhor entendimento da distribuição de acessórios
pressão de abertura.
e tubulação do sistema hidropneumático, podemos
visualizar o interior da bancada de calibração,
conforme a figura 5.
6.TRABALHOS FUTUROS
Como recomendações para futuros estudos, visando o
aperfeiçoamento do sistema hidropneumático,
deixamos a sugestão de avaliar a possibilidade de
aumento do diâmetro da tubulação, visando a redução
da perda de carga distribuída e o aumento da vazão.
Utilização de um reservatório de maior capacidade
volumétrica, para aumentar o tempo em teste do
experimento. Por fim, recomendamos um estudo
específico para a perda de carga de uma válvula de
segurança/alívio, pois a mesma não se encontra nas
literaturas para utilização de valores de comprimento
equivalente para facilitar os cálculos na perda do
sistema.

Figura 5. Distribuição de acessórios na tubulação. [Do 7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


autor]
[1] MATHIAS, Artur Cardozo. Válvulas: Industriais,
5.CONCLUSÃO Segurança e Controle. 2. ed. São Paulo: Artliber,
Os experimentos executados no sistema 2014. 552 p.
hidropneumático, foram de certo modo um pouco
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[2] AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL


ENGINEERS. ASME Seção I, Edição 2001.

[3] AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL


ENGINEERS. ASME Seção VIII, Edição 2001.

[4] MOSCHINI, Luiz Antônio de Souza. Válvulas de


segurança e alívio guia n° 10. Rio de Janeiro: IBP,
2017. 55 p.

[5] BRASIL. Norma Regulamentadora N° 13, de 08


de junho de 1978: Caldeiras, vasos de pressão,
tubulações e tanques metálicos de armazenamento.

[6] TELLES, Pedro C. da Silva. Vasos de Pressão.


LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora – 2ª edição
Rio de Janeiro, 1996.

[7] API RP 520, Sizing, selection, and Installation of


Pressure-relieving Device in Refineries Part I –
Sizing and Selection, 8. ed. Washington: API 2008.

[8] W., FOX, R., PRITCHARD, J., McDONALD, T..


Introdução à Mecânica dos Fluidos, 8ª edição. LTC,
02/2014.

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