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UESSBA – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO SERTÃO DA BAHIA

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CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM


PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO
Financiamento da Educação Pública no Brasil

Entre 2000 e 2007, último ano com dados disponíveis no Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entidade responsável pelo
levantamento, à proporção de quem arca com os gastos tem se mantido mais ou menos
inalterada: a União responde por cerca de 18% do total dos recursos da Educação, os
estados e o Distrito Federal por 42% e os municípios pelos 40% restantes.
O dinheiro que abastece a Educação deriva de duas fontes principais. A primeira,
responsável por cerca de 20% do total de verbas, é o salário-educação, uma contribuição
social feita pelas empresas ao governo com valor correspondente a 2,5% da folha de
pagamento anual. Os outros 80% vêm dos impostos, que são convertidos em orçamento
municipal, estadual ou federal. O passo seguinte, o repasse às escolas, é regulado pela
Constituição brasileira por meio de uma regra pouco encontrada em outros países. É a
chamada "vinculação de recursos", que determina um percentual mínimo do orçamento a
ser investido em Educação. Para estados e municípios, esse valor é de 25%. Para a
União, 18%. Mesmo com essa lei, de acordo com os dados do Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), cinco estados (Mato Grosso, Paraíba,
Rio Grande do Sul, Rondônia e Sergipe) e pelo menos 165 municípios, a maioria de
pequeno porte, investiram em 2008 um percentual inferior ao piso.
O destino dos recursos arrecadados vai depender do critério adotado. Confira as
possibilidades:

Tipo de despesa - Nesse caso, a maior parte dos recursos (cerca de 60% do total) é
consumida pelo pagamento de gestores, professores e funcionários. Outros 27% são
destinados à manutenção e ao funcionamento das instituições de ensino, 6,6% para
reformas e construções de novas escolas, 6% para os chamados encargos sociais
(contribuições previdenciárias e trabalhistas) e apenas 0,4% na área de pesquisa e
desenvolvimento.

Nível de ensino - A Educação Básica abocanha a maior parte do bolo - 84,5%, sendo
64% para o Ensino Fundamental, 13% para o Ensino Médio e 7,5% para a Educação
Infantil. O Ensino Superior fica com uma fatia de 15,5%, mas o gasto do governo com
cada aluno de faculdade é, de longe, o mais elevado de todos os níveis de ensino: 12.322
reais anuais por cabeça, quase seis vezes mais do que o valor médio investido em um
estudante das séries iniciais (2.166 reais). A diferença, que ainda é grande, vem caindo:
em 2000, um universitário custava 11 vezes mais do que um aluno de 1ª a 4ª série.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e


de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB)
O Fundeb é um fundo que fornece recursos para todas as etapas da Educação
Básica – desde Creches, Pré-escola, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino
Médio até a Educação de Jovens e Adultos. Ele entrou em vigor em janeiro de 2007, e
deve se estender até 2020. Substitui o FUNDEF, que era um fundo restrito ao
financiamento do Ensino Fundamental e a valorização dos docentes.
O Fundeb é abastecido por uma porcentagem de diversos impostos. Cada estado
tem o seu Fundo. Depois de recolhida, a verba é repartida com as redes municipais e
estaduais conforme o número de matrículas, a etapa e a modalidade de ensino. O cálculo
dos recursos destinados a cada modalidade de ensino é feito com base nos dados do
censo escolar do exercício anterior à liberação dos recursos. O valor mínimo investido por
aluno em 2012 pelo Fundeb teve um reajuste de 21,2% frente ao aplicado em 2011,
passando de R$ 1.729,28 para R$ 2.096,68.
A tentativa de atenuar as desigualdades regionais, a definição de um valor mínimo
por aluno e o controle da aplicação dos recursos (algumas despesas, como a
remuneração dos professores, têm percentuais mínimos obrigatórios, que não podem ser
modificados por governadores e prefeitos) são os méritos do Fundeb.

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada


ao Ministério da Educação, responsável pela captação de recursos financeiros para o
desenvolvimento de um conjunto de programas que visam à melhoria da qualidade da
educação brasileira.
Tais recursos são canalizados para escolas públicas de ensino fundamental,
municípios, Distrito Federal, governos estaduais e entidades não governamentais (ONG),
em consonância com estratégias educacionais e diretrizes definidas pelo Ministério da
Educação que abrangem, ainda, ações de pesquisa. O FNDE financia, nas áreas de
ensino fundamental, de educação especial, de educação de jovens e adultos e de
educação pré-escolar, uma gama de projetos em foco na melhoria da qualidade de ensino
e no incremento de melhores condições físicas das unidades escolares, na capacitação e
formação de professores e técnicos, na adequação e qualificação do material didático-
pedagógico, além de propor alternativas metodológicas mais atualizadas no
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, de capacitação de professores e
de fiscalização do poder público por parte da sociedade.
Ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE compete a função
redistributiva da contribuição social do salário-educação. O montante arrecadado é
distribuído em cotas pelo FNDE, observada em 90% (noventa por cento) de seu valor a
arrecadação realizada em cada estado e no Distrito Federal.
Programas financiados pelo FNDE:

PNAE – Alimentação Escolar

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), implantado em 1955,


garante, por meio da transferência de recursos financeiros, a alimentação escolar dos
alunos de toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
educação de jovens e adultos) matriculados em escolas públicas e filantrópicas.
Seu objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua
permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a
aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como promover a formação
de hábitos alimentares saudáveis.

PNBE – Biblioteca na Escola

O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) tem como objetivo prover as


escolas de ensino público das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, no
âmbito da educação infantil (creches e pré-escolas), do ensino fundamental, do ensino
médio e educação de jovens e adultos (EJA), com o fornecimento de obras e demais
materiais de apoio à prática da educação básica.
Todas as escolas públicas cadastradas no censo escolar realizado anualmente pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) são
atendidas pelo programa sem necessidade de adesão.

Brasil Profissionalizado

O programa Brasil Profissionalizado visa fortalecer as redes estaduais de


educação profissional e tecnológica. A iniciativa repassa recursos do governo federal para
que os estados invistam em suas escolas técnicas. Criado em 2007, o programa
possibilita a modernização e a expansão das redes públicas de ensino médio integradas à
educação profissional, uma das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
O objetivo é integrar o conhecimento do ensino médio à prática.

Caminho da Escola

O programa Caminho da Escola foi criado em 2007 com o objetivo de renovar a


frota de veículos escolares, garantir segurança e qualidade ao transporte dos estudantes
e contribuir para a redução da evasão escolar, ampliando, por meio do transporte diário, o
acesso e a permanência na escola dos estudantes matriculados na educação básica da
zona rural das redes estaduais e municipais. O programa também visa à padronização
dos veículos de transporte escolar, à redução dos preços dos veículos e ao aumento da
transparência nessas aquisições.

PDDE – Dinheiro Direto na Escola

Criado em 1995, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) tem por finalidade
prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação
básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de
educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras
similares de atendimento direto e gratuito ao público.
O programa engloba várias ações e objetiva a melhora da infraestrutura física e
pedagógica das escolas e o reforço da autogestão escolar nos planos financeiro,
administrativo e didático, contribuindo para elevar os índices de desempenho da
educação básica.

Formação pela Escola


O Programa Nacional de Formação Continuada a Distância nas Ações do FNDE –
Formação pela Escola – visa fortalecer a atuação dos agentes e parceiros envolvidos na
execução, no monitoramento, na avaliação, na prestação de contas e no controle social
dos programas e ações educacionais financiados pelo FNDE. É voltado, portanto, para a
capacitação de profissionais de ensino, técnicos e gestores públicos municipais e
estaduais, representantes da comunidade escolar e da sociedade organizada.
O programa tem como propósito contribuir para a melhoria da qualidade da
gestão e fortalecimento do controle social dos recursos públicos destinados à educação.
O programa consiste na oferta de cursos de capacitação, em que os participantes
conhecem os detalhes da execução das ações e programas da autarquia, como a
concepção, as diretrizes, os principais objetivos, os agentes envolvidos, a
operacionalização, a prestação de contas e os mecanismos de controle social. Com isso,
busca-se estimular a participação da sociedade nessas ações.

PNLD – Livro Didático

O Programa tem por objetivo prover as escolas públicas de ensino fundamental e


médio com livros didáticos e acervos de obras literárias, obras complementares e
dicionários.
O PNLD é executado em ciclos trienais alternados. Assim, a cada ano o FNDE
adquire e distribui livros para todos os alunos de determinada etapa de ensino e repõe e
complementa os livros reutilizáveis para outras etapas.

PAR - Plano de Ações Articuladas

O PAR é o planejamento multidimensional da política de educação que os


municípios, os estados e o DF devem fazer para um período de quatro anos — 2008 a
2011. O PAR é coordenado pela secretaria municipal/estadual de educação, mas deve ser
elaborado com a participação de gestores, de professores e da comunidade local.

Proinfância

O governo federal criou o Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de


Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), por
considerar que a construção de creches e pré-escolas, bem como a aquisição de
equipamentos para a rede física escolar desse nível educacional, são indispensáveis à
melhoria da qualidade da educação.
O programa foi instituído pela Resolução nº 6, de 24 de abril de 2007, e é parte
das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação.
Seu principal objetivo é prestar assistência financeira ao Distrito Federal e aos
municípios visando garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil
da rede pública.

ProInfo

O ProInfo, inicialmente denominado de Programa Nacional de Informática na


Educação, foi criado pelo Ministério da Educação, através da portaria nº 522 em
09/04/1997, com a finalidade de promover o uso da tecnologia como ferramenta de
enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio.

PNATE – Transporte Escolar

O Ministério da Educação executa atualmente dois programas voltados ao


transporte de estudantes: o Caminho da Escola e o Programa Nacional de Apoio ao
Transporte do Escolar (Pnate), que visam atender alunos moradores da zona rural.
O Caminho da Escola foi criado pela Resolução nº 3, de 28 de março de 2007, e
consiste na concessão, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), de linha de crédito especial para a aquisição, pelos estados e municípios, de
ônibus, miniônibus e micro-ônibus zero quilômetro e de embarcações novas.
Já o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) foi instituído
pela Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, com o objetivo de garantir o acesso e a
permanência nos estabelecimentos escolares dos alunos do ensino fundamental público
residentes em área rural que utilizem transporte escolar, por meio de assistência
financeira, em caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal e municípios.

Como Garantir Uma Gestão Financeira Eficiente


Caprichar no planejamento e na organização ajuda a gerir os recursos da escola,
garantindo economia de tempo e bons resultados. Para desenvolver o planejamento em
uma instituição envolve três etapas:

• Planejamento Estratégico (longo alcance)


O planejamento estratégico é aquele que define as estratégias de longo prazo da
instituição. Este planejamento leva em conta todos os fatores internos e externos da
organização.

• Planejamento Tático (médio alcance)


O planejamento tático é feito de ano a ano e busca otimizar uma determinada área
da empresa na busca de um resultado.
Planejamento Operacional (Curto alcance)
O plano operacional coloca em prática cada um dos planos táticos dentro da
empresa. Ele é projetado no curto prazo e envolve cada uma das tarefas e metas da
empresa.
Um planejamento operacional deve planejar os prazos, metas e recursos para a
implantação de um projeto ou tarefa dentro da instituição. Por ser a última etapa de
planejamento, o operacional deve ser um plano mais detalhado que os outros dois,
tentando explicar cada tarefa isoladamente.
Administrar o orçamento requer organização, responsabilidade e transparência,
uma vez que a gestão dos recursos públicos é regulada pelas leis federais de Direito
Financeiro (4.320/64) e de Licitações (8.666/93) e pela lei complementar de
Responsabilidade Fiscal (101/2000). O artigo 212 da Constituição diz que a União deve
aplicar no mínimo 18% (e os estados e municípios, 25%) de suas receitas em Educação.
A verba que vem do governo federal é distribuída pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) por canais como o Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE) - depositado na conta bancária da entidade executora da escola,
geralmente a Associação de Pais e Mestres (APM), e ganhando rapidez para suprir
necessidades básicas de manutenção, aquisição de material didático e formação. Já os
recursos dos estados e municípios são administrados pelas Secretarias de Educação, que
providenciam itens como estrutura física, carteiras e pagamento de funcionários. Existe
ainda o montante arrecadado em eventos ou em parcerias com o setor privado. Quanto
mais você estiver familiarizado com as etapas abaixo, menos tempo gastará com essa
tarefa.

1. Definição de prioridades

Para o professor Almir Ferreira de Sousa, da Universidade de São Paulo, "sem a visão
geral das necessidades da escola, o diretor se dedica só a apagar incêndios". Esse olhar
panorâmico é conseguido com a reunião de representantes de professores, funcionários,
equipe gestora, estudantes, pais e comunidade para definir prioridades, com a
participação ativa da APM e do Conselho Escolar. Para garantir a aprendizagem, vale se
perguntar o que é imprescindível para atingi-la. Materiais? Obras de reparo? Formação de
professores? As respostas viram uma lista e cada item ganha uma ordem de urgência
antes da distribuição dos recursos.

2. Cálculo correto dos gastos

Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão os resultados. "Distribuir


recursos é como servir um bolo. Algumas pessoas se satisfazem com um pedaço maior, e
outras, com um menor", exemplifica Andrea Silveira, diretora financeira do Instituto de
Gestão Educacional Signorelli e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de
Janeiro. Para calcular certo cada fatia (os gastos) do orçamento e compreender como
melhorar a receita da escola, é preciso ter referência. Uma boa maneira de adquirir
parâmetros é levantar nos documentos da instituição o histórico de gastos de três ou
quatro meses do ano anterior e fazer uma média de quanto cada área demandou
(informática, recursos humanos, material etc). Não custa lembrar que a escola pública
deve seguir as normas da Lei de Licitações. De acordo com os valores e o tipo de gasto,
essa legislação estabelece a obrigatoriedade de haver uma ação que permita a
comparação de preços (concorrência, tomada de preços ou carta-convite) antes da
contratação do serviço ou da compra de material. Por menor que seja esse gasto, o
processo referente a ele deve conter, no mínimo, três orçamentos registrados.

3. Elaboração do orçamento geral

Se você fez bem a lição de casa nas etapas anteriores, está pronto para esta - que nada
mais é que o detalhamento do plano de gastos. Nesse planejamento devem constar os
valores definidos para cada uma das prioridades, assim separados: estimativa de entrada
de recursos e de arrecadação (receitas) e previsão de despesas. De acordo com a
terminologia do orçamento público, essas últimas devem ser classificadas em dois
grupos. As "correntes" se referem aos gastos diários com a manutenção da escola, como
compra de material e contratação de serviços. As "de capital" são as despesas com
equipamentos, materiais permanentes e execução de obras. Para que o planejamento
não desande é preciso estar sempre atento ao fluxo de caixa, ou seja, ao dinheiro que
entra e sai diariamente. Como os imprevistos sempre acontecem, como margem de
segurança é recomendável prever uma reserva. Outra medida que garante um bom
controle da execução orçamentária é cuidar para que sejam emitidos sempre cheques
nominais. Esse procedimento facilita o acompanhamento do extrato bancário, o que deve
ser feito com frequência.

4. Prestação de contas transparente

A escola tem de prestar contas de seus gastos à Secretaria de Educação à qual é


vinculada, aos executores dos programas de financiamento com os quais estabelece
parceria - em períodos estabelecidos previamente por lei ou pelo regulamento da entidade
financiadora - e à comunidade. Os balanços financeiro e orçamentário são obrigatórios,
conforme determina o artigo 70 da Constituição Federal. Acompanhado por documentos
fiscais e justificativas, o relatório de prestação de contas precisa ser aprovado pelo
conselho fiscal da escola antes de ser divulgado. Os formulários para essa finalidade
mudam de acordo com o órgão de onde saem os recursos. No caso da verba recebida
pelo PDDE, a escola também encaminha a prestação de contas para a Secretaria. Os
formulários estão disponíveis no site do FNDE (www.fnde.gov.br). Já com relação aos
recursos financeiros privados, é essencial atender aos critérios da instituição que
repassou a verba. Numa gestão democrática, a comunidade precisa ser informada de
todas as aplicações feitas em benefício da escola. Mas isso pode ser divulgado de
maneira mais informal, publicando as informações no jornal interno, no mural ou em
assembleias com a presença de pais e alunos.

5. Comprovação de gastos

Todos os originais de documentos fiscais precisam ser encaminhados ao órgão


responsável pela contabilidade. Lá ficam disponíveis para a fiscalização do Tribunal de
Contas. Para garantir o controle interno, porém, é recomendável manter cópias de tudo. A
boa organização da papelada é meio caminho andado na hora de justificar as despesas.
Fica mais fácil encontrar os documentos e manipulá-los se estiverem separados por
contrato. Uma boa prática é criar uma pasta (ou processo) para cada um. Por exemplo, se
a escola recebeu da Secretaria uma verba para executar uma obra na cozinha, o ideal é
documentar esses reparos, organizando a papelada por ordem cronológica:
comprovantes, extratos bancários, notas fiscais e recibos, plano de aplicação dos
recursos e prestação de contas. São válidos somente os recibos e documentos emitidos
em nome da escola. Aqueles em nome de pessoa física ou de terceiros ficam de fora.

Políticas Públicas Educacionais: Conceito e Contextualização


Numa Perspectiva Didática

Conceito de Políticas Públicas

Política Pública, do ponto de vista etimológico, refere-se à participação do povo


nas decisões da cidade, do território. Porém, historicamente essa participação assumiu
feições distintas, no tempo e no lugar, podendo ter acontecido de forma direta ou indireta
(por representação). De todo modo, um agente sempre foi fundamental no acontecimento
da política pública: o Estado.
Por isso, vejamos qual é o sentido contemporâneo para o termo política pública.

A discussão acerca das políticas públicas tomou nas últimas décadas uma
dimensão muito ampla, haja vista o avanço das condições democráticas em todos os
recantos do mundo e a gama de arranjos institucionais de governos, que se tornou
necessário para se fazer a governabilidade. Entende-se por governabilidade as condições
adequadas para que os governos se mantenham estáveis. São essas condições
adequadas, enquanto atitudes de governos (sejam eles de âmbito nacional,
regional/estadual ou municipal), que caracterizam as políticas.

Souza (2003) apresenta o seu entendimento sobre as políticas públicas:

Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo


em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando
necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender
por que o como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável
dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política
pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em
programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas
no mundo real.

Tipos de Políticas Públicas

Desenvolvendo a leitura de Lowi (1966), Azevedo (2003) apontou a existência de


três tipos de políticas públicas: as redistributivas, as distributivas e as regulatórias. As
políticas públicas redistributivas consistem em redistribuição de “renda na forma de
recursos e/ou de financiamento de equipamentos e serviços públicos” (Azevedo, 2003, p.
38). São exemplos de políticas públicas redistributivas os programas de bolsa-escola,
bolsa-universitária, cesta básica, renda cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia
e/ou água para famílias carentes, dentre outros.
Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria ser feito pelos
estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo que se pudesse ocorrer, portanto, a
redução das desigualdades sociais. No entanto, por conta do poder de organização e
pressão desses estratos sociais, o financiamento dessas políticas acaba sendo feito pelo
orçamento geral do ente estatal (união, estado federado ou município).
As políticas públicas distributivas implicam nas ações cotidianas que todo e
qualquer governo precisa fazer. Elas dizem respeito à oferta de equipamentos e serviços
públicos, mas sempre feita de forma pontual ou setorial, de acordo com a demanda social
ou a pressão dos grupos de interesse. São exemplos de políticas públicas distributivas as
podas de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um projeto de
educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre outros. O seu financiamento é
feito pela sociedade como um todo através do orçamento geral de um estado.
Por último, há as políticas públicas regulatórias. Elas consistem na elaboração das
leis que autorizarão os governos a fazerem ou não determinada política pública
redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo de ação do poder
executivo, a política pública regulatória é, essencialmente, campo de ação do poder
legislativo.

O Que São Políticas Públicas Educacionais

Se “políticas públicas” é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer,


políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em
educação. Porém, educação é um conceito muito amplo para se tratar das políticas
educacionais. Isso quer dizer que políticas educacionais é um foco mais específico do
tratamento da educação, que em geral se aplica às questões escolares. Em outras
palavras, pode-se dizer que políticas públicas educacionais dizem respeito à educação
escolar.
Por que é importante fazer essa observação? Porque educação é algo que vai
além do ambiente escolar. Tudo o que se aprende socialmente – na família, na igreja, na
escola, no trabalho, na rua, no teatro, etc. –, resultado do ensino, da observação, da
repetição, reprodução, inculcação, é educação. Porém, a educação só é escolar quando
ela for passível de delimitação por um sistema que é fruto de políticas públicas.
Nesse sistema, é imprescindível a existência de um ambiente próprio do fazer
educacional, que é a escola, que funciona como uma comunidade, articulando partes
distintas de um processo complexo: alunos, professores, servidores, pais, vizinhança e
Estado (enquanto sociedade política que define o sistema através de políticas públicas).
Portanto, políticas públicas educacionais dizem respeito às decisões do governo que têm
incidência no ambiente escolar enquanto ambiente de ensino-aprendizagem.
Tais decisões envolvem questões como: construção do prédio, contratação de
profissionais, formação docente, carreira, valorização profissional, matriz curricular,
gestão escolar, etc.

Projeto Político Pedagógico (PPP) e a Gestão Financeira


O planejamento financeiro e o projeto político pedagógico da escola devem seguir
as mesmas diretrizes
Administrar os recursos financeiros de uma escola não é tarefa fácil. É preciso
avaliar muito bem onde aplicá-los de forma que tenham reflexos na qualidade do ensino e
na aprendizagem dos alunos. Para isso, o planejamento de gastos deve estar em linha
com o projeto político pedagógico (PPP). As metas e os objetivos definidos nesse
documento indicarão como investir para garantir o funcionamento da instituição em
condições satisfatórias. O conceito pode parecer óbvio, mas nem sempre é levado a
sério. Mesmo com autonomia para gerir os recursos, muitas vezes a equipe gestora se
depara com o dilema de onde aplicá-los. Para tanto, deve lembrar que as decisões têm de
ser tomadas em conjunto com a comunidade escolar.
As principais fontes de recursos de uma escola são o governo federal, que
repassa verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e os
governos estaduais e municipais, que, por meio das secretarias de Educação, coordenam
programas que destinam verbas específicas para a merenda, à compra de materiais etc.
Para fazer o dinheiro render, os gestores podem pensar em soluções alternativas e
compartilhá-las com a comunidade (que ajudará a decidir). A seguir, os cinco pontos
fundamentais para relacionar os recursos financeiros ao PPP.
1. Releitura dos objetivos

Se o PPP foi feito com base nos pontos em que a escola precisa melhorar, certamente
estarão listadas nele várias ações a desenvolver durante o ano, bem como projetos
institucionais e didáticos elaborados pelos docentes. A leitura a ser realizada pela equipe
gestora tem a finalidade exclusiva de definir as prioridades. Quais são as necessidades
de aprendizagem dos alunos? Em que conteúdos e disciplinas eles apresentam mais
dificuldades? Em quais didáticas os professores demandam mais formação? Que
materiais precisam ser assegurados para que os projetos se concretizem? Os espaços
estão adequados para que eles sejam realizados? Essas são as perguntas que nortearão
a escolha dos itens em que o dinheiro será investido. Exemplo: os professores
promoverão mais atividades de leitura porque uma das metas é melhorar as capacidades:
leitora e escritora das crianças. Para tanto, as turmas frequentarão mais a biblioteca, o
empréstimo de livros de leitura se intensificará e outras atividades estão previstas para
ser realizadas lá. Daí a necessidade de pensar em reforma do espaço, ampliação ou
atualização do acervo.

2. Apoio da comunidade

Tomar decisões sozinho é sempre uma responsabilidade muito grande, ainda mais com
medidas que dizem respeito não só aos alunos, mas a toda a comunidade. A prática de
que alguém decide e todo mundo faz está ultrapassada e não condiz com o conceito de
autonomia da escola. Por isso, o ideal é promover reuniões periódicas com
representantes dos diversos segmentos - alunos, professores, funcionários, pais e
responsáveis - durante o ano para que todos tenham informações sobre as necessidades
da instituição, ajudem a elencar as prioridades e acompanhem a execução dos recursos.
Ao participar dos projetos, as pessoas se sentem comprometidas com os resultados e se
envolvem mais nas atividades.
3.Gastos? Só os necessários

Um passo importante é separar os projetos que a escola dá conta de realizar sem


investimentos daqueles que exigem recursos. Aumentar o envolvimento dos
pais no processo de aprendizagem dos filhos - convidando-os a ir à escola para
falar de suas profissões, por exemplo, ou pedindo que os filhos os entrevistem
e tragam informações para compartilhar com os colegas - não requer gastos.
Os projetos que não necessitam de verba podem ser tocados imediatamente.
Já os que dependem de aporte financeiro precisam de um cronograma de
execução, estabelecendo ações e prazos para que se concretizem. Se o PPP
prevê o uso de tecnologia como uma ferramenta para a aprendizagem do
aluno, é essencial investir na montagem do laboratório e na capacitação dos
professores antes do início do projeto - e na manutenção dos equipamentos
durante todo o ano. Vários educadores concordam que a aquisição constante
de acervo para a biblioteca é um gasto bem feito. "É indispensável formar
leitores críticos e conscientes", diz Ana Maria de Albuquerque Moreira,
doutoranda em Educação pela Universidade de Brasília (UnB) e coautora do
módulo VI do Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares
(Progestão), que trata dos recursos financeiros.

4. Soluções alternativas

Muitas vezes, é preciso reduzir os gastos para que eles caibam no orçamento previsto.
Ou, o que é mais sensato, pensar em soluções alternativas que satisfaçam as
necessidades prementes. "Em vez de cursos de formação para os professores fora da
escola, por exemplo, por que não promover sessões de estudos na própria instituição,
organizados pela coordenação pedagógica com a participação de um especialista
convidado?", sugere Leunice Martins de Oliveira, coordenadora do curso de pós-gradução
em Gestão Educacional da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-
RS). "É uma alternativa mais barata e atende melhor às demandas dos docentes." Mais
uma opção? Pague o curso para um membro da equipe com o compromisso de ele
compartilhar o que aprendeu com os colegas. Mais uma vez, as decisões não podem ser
arbitrárias e devem envolver os interessados. "É comum os gestores reclamarem que os
professores não dão atenção aos eventos promovidos pela escola. Isso realmente pode
acontecer se a atividade for imposta, em vez de combinada coletivamente", argumenta a
pedagoga Maria Conceição Tassinari Stumpf, professora da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). A realização de parcerias é, ainda, outra alternativa que deve
ser levada em consideração. Entidades, clubes, empresas do bairro e até os pais podem
se tornar parceiros da escola, seja para ceder espaços alternativos para aulas e
encontros de formação, seja para doar materiais pedagógicos e livros para a biblioteca.

5. Demonstração dos resultados

É bom ter em mente que tão importante quanto planejar os gastos é comprovar como eles
foram utilizados. Para isso, além das exigências legais - balanços financeiros e
orçamentários, documentos fiscais e relatórios -, é fundamental mostrar de que forma
aquele recurso impactou a aprendizagem do aluno. A aquisição de novos livros para a
biblioteca estimulou a turma à leitura e fez com que participassem mais das aulas? O
conserto do ventilador permitiu que as crianças se concentrassem nas aulas, já que a sala
ficou com o clima mais agradável? Tudo o que traz consequências positivas para o ensino
e a aprendizagem deve ser registrado e apresentado, por meio de painéis, cartazes ou
reuniões, à comunidade escolar.

Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Sérgio de. Políticas públicas: discutindo modelos e alguns problemas de


implementação. In: SANTOS JÚNIOR, Orlando A. Dos (et. al.). Políticas públicas e
gestão local: programa interdisciplinar de capacitação de conselheiros municipais. Rio de
Janeiro: FASE, 2003.

BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas simbólicas. 5ª edição. São Paulo:


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FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.


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