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Direito Penal Militar para MPU

Teoria e exercícios comentados


Prof. Paulo Guimarães – Aula 02

AULA 02: Das Penas Principais; Das Penas


Acessórias; Dos Efeitos da Condenação; Da Ação
Penal; Da Extinção da Punibilidade.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Das Penas Principais 1
2. Das Penas Acessórias 8
3. Dos Efeitos da Condenação 13
4. Da Ação Penal 14
5. Da Extinção da Punibilidade 16
6. Questões comentadas 30
7. Questões sem comentários 38

Olá amigo concurseiro! Hoje estudaremos o restante da Parte


Geral do Código Penal Militar. Nossas aulas atrasaram um pouco mas nos
próximos dias liberarei o restante do curso, e então ficaremos apenas
com o curso de Direito Processual Penal Militar.

Sem mais enrolação, vamos lá! Mãos à obra!

1. DAS PENAS PRINCIPAIS

O Código Penal Militar divide as penas em principais e


acessórias. As principais são aquelas cominadas a determinado crime, e
as acessórias são aquelas que eventualmente podem ser cumuladas.

Art. 55. As penas principais são:


a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;

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f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
A primeira e mais importante das penas previstas pelo CPM é
a pena de morte. O art. 5°, XLVII, a, determina que não haverá pena de
morte, salvo em caso de guerra declarada. O art. 84, XIX, da
Constituição, apenas permite a declaração de guerra para fins de defesa
contra agressão estrangeira.
O CPM, portanto, comina a pena de morte para alguns crimes
praticados em tempo de guerra. A deserção, por exemplo, assume
durante a guerra enormes proporções, e o criminoso pode ser condenado
à pena de morte.
No Direito Penal Militar não há distinção significativa entre as
penas de reclusão e detenção. Podemos dizer, contudo, que há uma
pequena diferença formal: a reclusão tem um período mínimo de 1 ano e
um máximo de 30 anos, enquanto a detenção tem um mínimo de 30 dias
e um máximo de 10 anos.
A pena de prisão é aquela em que, se o criminoso for oficial,
permanece em estabelecimento militar; e, se praça, em estabelecimento
penal militar.
O impedimento é a pena prevista para o crime de
insubmissão. O criminoso permanece restrito à organização militar
(menagem), participando normalmente das instruções militares (art. 63).
A Doutrina diz que esta pena tem “nítido caráter ressocializador e
educativo”.
A suspensão do exercício do posto é aplicável ao oficial
que pratica comércio (art. 204).
A Doutrina entende que a previsão da pena de reforma não
foi recepcionada pela Constituição, pois esta não permite penas de caráter
perpétuo.

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O CPM não prevê a aplicação de pena de multa.

PENA DE MORTE
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
Os detalhes acerca da execução da pena de morte estão no
art. 707 e seguintes do Código de Processo Penal Militar. Há vários
detalhes, incluindo a vestimenta dos condenados, o apoio espiritual, etc.

COMUNICAÇÃO
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada,
logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser
executada senão depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de
guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse
da ordem e da disciplina militares.
A regra geral é de que, uma vez transitada em julgado a
condenação à pena de morte, o Presidente da República deve ser
imediatamente comunicado. A execução apenas pode ocorrer sete dias
após a comunicação.
Este período é concedido ao Presidente para decidir acerca da
concessão de indulto ou da comutação da pena, nos termos da
Constituição (art. 21, XII).
Há exceção, entretanto, quando a condenação ocorrer em
zona de operações de guerra. Neste caso, a pena pode ser executada
de imediato, se a ordem e a disciplina militares assim o exigirem.

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PENA DE ATÉ DOIS ANOS IMPOSTA A MILITAR
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos,
aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando
não cabível a suspensão condicional: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de
30.6.1978)
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará
separada de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena
privativa de liberdade por tempo superior a dois anos.

SEPARAÇÃO DE PRAÇAS ESPECIAIS E GRADUADAS


Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da
pena de prisão, atender-se-á, também, à condição das praças especiais e
à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que tenham
graduação especial.
Quando for aplicada pena de reclusão ou detenção de até 2
anos, pode haver suspensão condicional do processo (sursis). Apenas
quando não for possível esta alternativa a pena pode ser convertida em
prisão.
Caso o condenado seja oficial, ele ficará recluso ao
estabelecimento militar, mas lá poderá circular livremente. Se o
condenado for praça, permanecerá em estabelecimento penal militar,
mas ficará separada de presos que estejam cumprindo penalidade
disciplinar ou pena privativa de liberdade superior a 2 anos.
Quanto à separação das praças, esta determinação segue o
princípio da hierarquia. As praças graduadas são o soldado, o cabo, o
sargento e o subtenente. As praças especiais são os cadetes (alunos das
academias militares) e os aspirantes-a-oficial (recém-formados que ainda
não são tenentes).

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PENA SUPERIOR A DOIS ANOS, IMPOSTA A MILITAR
Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos,
aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta
dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento
sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos
benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei
nº 6.544, de 30.6.1978)
Neste caso não é possível comutar a pena por prisão. Apenas
alguns estados têm penitenciárias militares, e por isso é muito comum
que o militar condenado cumpra a pena em estabelecimento civil. Neste
caso o cumprimento da pena é regulado pela Lei de Execução Penal.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA A CIVIL


Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme
a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também,
poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)

CUMPRIMENTO EM PENITENCIÁRIA MILITAR


Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo de
guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte
em penitenciária militar, se, em benefício da segurança nacional, assim
o determinar a sentença. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
O civil condenado por crime militar cumpre a pena em
estabelecimento civil, e a ele se aplica a Lei de Execução Penal. Caso o
civil, entretanto, pratique crime militar em tempo de guerra, poderá
cumprir sua pena em penitenciária militar, mas neste caso a sentença
precisa ser específica.

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Em regra, o militar condenado a pena superior a 2 anos deve


cumpri-la em penitenciária militar. Se não for possível, deve cumpri-la
em estabelecimento civil, ficando sujeito à legislação comum quanto ao
cumprimento da pena.
O civil em regra cumpre pena em estabelecimento
prisional civil, sujeitando-se ao regime comum quanto ao cumprimento
da pena. Todavia, poderá cumpri-la em penitenciária militar, caso
pratique crime em tempo de guerra, e desde que a sentença assim o
determine.

PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO,


CARGO OU FUNÇÃO
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação,
cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento
ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem
prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será
contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do
cumprimento da pena.

CASO DE RESERVA, REFORMA OU APOSENTADORIA


Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já
estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste
artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um
ano.
Acerca desta pena, chamo sua atenção para o fato de que o
período em que o militar cumpre suspensão não conta como tempo de

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serviço. Neste período o militar continua comparecendo à unidade
militar, mas não pode exercer suas funções.
A hipótese do parágrafo único não é considerada
inconstitucional, mas é de difícil aplicabilidade prática. Utilizei
anteriormente como exemplo o crime previsto no art. 204 (exercício de
comércio por oficial), mas este só pode ser cometido por oficial da ativa, e
não é possível que o militar passe à reserva enquanto está respondendo
processo penal.

SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL


Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser
recolhido a manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro
estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada custódia e
tratamento.
O condenado que sofra de doença mental superveniente deve
ser recolhido a manicômio judiciário ou outro estabelecimento adequado.
O CPPM prevê, neste caso, a transferência do condenado do
estabelecimento prisional para hospital psiquiátrico.

TEMPO COMPUTÁVEL
Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de
prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em
hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhecido
em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime,
desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata.
Este é o dispositivo que autoriza a detração penal. O período
em que o criminoso esteve em prisão provisória ou internado deve ser
considerado para fins de cumprimento da pena definitiva.
Também pode ser contado o tempo de pena que o condenado
cumpriu em excesso, quando passou mais tempo preso do que o devido.
Obviamente esta hipótese somente é aplicável quando a decisão que

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reconhecer o excesso de tempo seja posterior ao novo crime, pois se
assim não fosse o condenado ficaria com “crédito” perante a Justiça
Militar, e isso não é possível.

O CPM, assim como o CP, autoriza a detração penal, devendo


ser deduzido da pena privativa de liberdade o tempo de prisão
provisória e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o
excesso de tempo.

2. DAS PENAS ACESSÓRIAS

Estas penas estão previstas no art. 98 do CPM e podem ser


cumuladas com as penas principais. A maior parte dos doutrinadores diz
que estas penas têm natureza extrapenal, pois geram repercussões em
outras esferas da vida do condenado (administrativa, civil, etc.).
Art. 98. São penas acessórias:
I - a perda de posto e patente;
II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos.

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PERDA DE POSTO E PATENTE
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena
privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a
perda das condecorações.
A condenação que resulta na perda do posto e da patente só
pode decorrer de decisão de Tribunal Militar ou Civil, nos termos do
art. 142, §3º, VI, da Constituição. Além disso, o dispositivo constitucional
é claro no sentido de que a perda do posto e patente não é autônoma,
decorrendo da declaração de indignidade ou incompatibilidade para o
oficialato.
Para fins de interpretação deste dispositivo, “tribunal” deve
ser entendido como órgão judiciário de segunda instância ou de
instância superior. A decisão da perda do posto e patente não pode ser
de juiz de primeiro grau, pois apenas tribunais podem decidir pela
indignidade ou incompatibilidade para o oficialato.

INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO


Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o
militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição,
espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161,
235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
Esta pena acessória decorre dos crimes de desrespeito a
símbolo nacional, pederastia ou outro ato libidinoso, furto simples, roubo
simples, extorsão simples, extorsão mediante sequestro, chantagem,
estelionato, abuso de pessoa, peculato, peculato mediante
aproveitamento de erro de outrem, falsificação de documento, falsidade
ideológica.
Como observação, chamo sua atenção também para o
advento da Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, conhecida
como Lei Ficha Limpa. Esta lei trouxe tornou inelegível pelo período de

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oito anos aquele que for declarado indigno do oficialato ou com ele
incompatível.

INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO


Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o
oficialato o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142.
Os crimes mencionados no dispositivo são o de entendimento
para gerar conflito ou divergência com o Brasil, e o de tentativa contra a
soberania do Brasil.

EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS


Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por
tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas.
Perceba que esta pena acessória somente é aplicável às
praças, e não aos oficiais.
A Doutrina discute acerca da aplicabilidade deste dispositivo
às praças das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares.
A Jurisprudência é pacífica no sentido de que o dispositivo é aplicável,
juntamente com o art. 125, §4º da Constituição, que traz outra hipótese
de decisão pela perda de graduação das praças das forças estaduais em
sede de decisão judicial.

PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA


Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o
civil:
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido
com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública;
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade
por mais de dois anos.

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Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da
reserva, ou reformado, se estiver no exercício de função pública de
qualquer natureza.
Esta pena acessória, nos termos do caput do art. 103, é
aplicável apenas ao civil que cometeu crime militar, já que a figura do
assemelhando não mais existe em nosso ordenamento.
O parágrafo único, por outro lado, permite que a perda da
função seja aplicada também ao militar da reserva ou reformado que
esteja exercendo função pública de qualquer natureza.

INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA


Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública,
pelo prazo de dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de
quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder ou
violação do dever militar ou inerente à função pública.

TERMO INICIAL
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função
pública começa ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou
da medida de segurança imposta em substituição, ou da data em que se
extingue a referida pena.
A mim parece que o legislador teve a intenção de impedir que
o agente público retornasse ao exercício da função na qual praticou o
crime.
Perceba que, para que esta pena acessória seja aplicável, é
necessária a conjugação de dois fatores:
- Crime praticado com abuso de poder ou violação do
dever militar ou inerente à função pública.
- Condenação a pena de reclusão por mais de quatro
anos.

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O período de inabilitação começa a ser contado quando o a
pena é cumprida, ou quando é extinta. Perceba que o art. 108 do CPM
inclui no período de inabilitação o tempo que o condenado passou sendo
beneficiado pela suspensão condicional da pena ou pelo livramento
condicional, se não houver revogação.

SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA


Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de
dois anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do
pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena,
ou da medida de segurança imposta em substituição (art. 113).

SUSPENSÃO PROVISÓRIA
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a
suspensão provisória do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela.
Esta pena acessória se baseia na impossibilidade material de o
condenado exercer o poder familiar, tutela ou curatela. Em relação à
aplicação de medida de segurança, a impossibilidade de exercício torna-se
presumida em razão da inimputabilidade.
Perceba que o exercício desses poderes é materialmente
impossível, uma vez que, como estamos tratando de condenação a pena
privativa de liberdade por mais de dois anos, também não é cabível o
sursis.
Esta suspensão também pode ser decretada como medida
cautelar, nos termos do parágrafo único deste dispositivo.

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS


Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da
medida de segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a
inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser
votado.

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A suspensão dos direitos políticos é consequência natural
da condenação, conforme art. 15 da Constituição: “É vedada a cassação
de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
(...) III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos”.
Chamo sua atenção para o fato de que a suspensão perdura
enquanto durar a execução da pena ou medida de segurança, ou
enquanto o condenado estiver inabilitado para função pública. A
inabilitação, todavia, ultrapassa o período de cumprimento da pena.

IMPOSIÇÃO DE PENA ACESSÓRIA


Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição
da pena acessória deve constar expressamente da sentença.
A regra geral é de que a imposição de pena acessória deve vir
expressa na sentença condenatória. As exceções são a perda de posto e
patente, a perda de função pública pelo civil que for condenado a
pena privativa de liberdade de mais de dois anos, e a suspensão
dos direitos políticos (prevista pela própria Constituição).

3. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO


Art. 109. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime;

PERDA EM FAVOR DA FAZENDA NACIONAL


II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;

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b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido pelo agente com a sua prática.
Estes são efeitos secundários ou extrapenais da
condenação. Os efeitos principais, obviamente, correspondem à imposição
da pena cominada para o crime.
Os efeitos secundários previstos no art. 109 são de natureza
civil. Há ainda outros efeitos, de natureza penal, indicados pela Doutrina
e previstos em outros artigos, a exemplo da indução à reincidência,
dilação do prazo da prescrição da pretensão executória, lançamento do
nome do condenado no rol dos culpados, etc.
A perda de bens em favor da Fazenda Nacional corresponde
a medida de confisco.

4. DA AÇÃO PENAL

A ação penal, no contexto do Direito Penal Militar, é o direito


subjetivo, de titularidade da sociedade, de realizar o “jus puniendi”. É o
direito de buscar a punição dos responsáveis pelo cometimento de
conduta tipificada como crime militar.

PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL


Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia
do Ministério Público da Justiça Militar.
O verbo “promover” significa propor, realizar, fazer. A
Constituição Federal, em seu art. 129, I, estabelece como umas das
funções essenciais do Ministério Público a promoção da ação penal
pública, de forma privativa.
Somente o Ministério Público, portanto, pode apresentar a
denúncia, nome dado à peça inicial da ação penal, que contém a
acusação feita ao suspeito de ter praticado crime militar.

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DEPENDÊNCIA DE REQUISIÇÃO
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal,
quando o agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do
Ministério Militar a que aquele estiver subordinado; no caso do art. 141,
quando o agente for civil e não houver coautor militar, a requisição será
do Ministério da Justiça.
Há duas modalidades de ação penal militar. A primeira é a
pública incondicionada, que pode ser oferecida pelo Ministério Público sem
a necessidade de intervenção de qualquer outra parte.
Há, por outro lado, a ação penal militar condicionada à
requisição do Comando Militar ou do Ministro da Justiça. Neste caso, o
Ministério Público depende de requisição desses órgãos, não sendo
permitido que ofereça denúncia de ofício.

MODALIDADES DE AÇÃO PENAL MILITAR


Pública incondicionada. O MP pode propor livremente a
ação penal, denunciando o réu, se
achar que há justa causa da
infração pena.
Pública condicionada a O MP somente pode oferecer a
requisição do Comando Militar a denúncia se houver REQUISIÇÃO
que pertence o agente ou do desses órgãos.
Ministro da Justiça.

Chamo sua atenção para o termo utilizado no CPM: o


Comando Militar ou o Ministro da Justiça requisitam a propositura da
ação penal. A banca pode tranquilamente formular questões capciosas
sobre isso, ok?

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Esta regra se aplica aos crimes previstos dos arts. 136 ao
141: hostilidade contra país estrangeiro, provocação a país
estrangeiro, ato de jurisdição indevida, violação de território
estrangeiro, entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade
ou à guerra, e entendimento para gerar conflito ou divergência
com o Brasil.
Já que esses crimes não estão no programa do seu concurso,
não acredito que surjam na sua prova detalhes acerca dos tipos penais.
De toda forma, recomendo pelo menos uma leitura dos dispositivos do
CPM.
Uma observação importante diz respeito ao crime previsto no
art. 141 (entendimento para gerar conflito ou divergência com o
Brasil). Este crime pode ser praticado por civil, e neste caso a
requisição deve ser feita pelo Ministro da Justiça, pois não há
Comando Militar correspondente.

5. DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Quando a punibilidade é extinta, desaparece a a possibilidade


jurídica de imposição de pena ao agente que cometeu crime.

CAUSAS EXTINTIVAS
Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso;
IV - pela prescrição;
V - pela reabilitação;
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, §
4º).

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A morte do agente extingue qualquer possibilidade de
imposição de efeitos penais da sentença condenatória. Entretanto, os
efeitos extrapenais não desaparecem, sendo inclusive possível que os
efeitos de caráter civil, a exemplo da obrigação de reparar o dano
causado, alcancem o patrimônio transferido aos herdeiros do falecido.
A anistia é ato do Congresso Nacional que perdoa
determinados delitos. É interessante saber que ela não se dirige a
indivíduos, mas sim a todos que cometeram determinado delito.
O indulto é um ato de clemência do Poder Público. Pode ser
concedido pelo Presidente da República, normalmente por meio de
decreto. Esta atribuição, contudo, pode ser delegada ao Procurador-Geral
da República, ao Advogado-Geral da União, ou a Ministro de Estado. O
indulto também tem caráter coletivo: geralmente o decreto estabelece
certas condições que, quando cumpridas, qualificam o condenado para ter
extinta sua punibilidade.
A reabilitação criminal é um instituto jurídico por meio do
qual o condenado pode ter restituído seu status quo ante, ou seja, sua
situação antes da condenação. Os antecedentes criminais e as anotações
negativas são, portanto, são retirados de sua ficha. A reabilitação pode
ser requerida após o transcurso de determinado prazo desde o
cumprimento da pena.
A retroatividade de lei mais benigna já foi estudada por
nós nas aulas anteriores, e o ressarcimento do dano no crime de
peculato culposo (art. 303, §4º) será estudado em detalhes nas
próximas aulas.

O CPM traz um rol com diversas causas de extinção da


punibilidade, mas não menciona a GRAÇA e nem o PERDÃO JUDICIAL.

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ATENÇÃO! Algumas condutas típicas constituem pressupostos


ou elementos agravantes de outros crimes. A extinção da punibilidade de
crime, que é Pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
agravante de outro, não se estende a este. Ainda que seja extinta a
punibilidade por determinado crime, nada impede que seja reconhecida
alguma agravante de outro crime em razão da mesma conduta.

ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da
pena.
No Direito Penal há duas espécies de prescrição: a prescrição
da ação penal e a prescrição da execução da pena. Isto é MUITO
importante para que você possa compreender bem os dispositivos que
estudaremos a seguir.
A prescrição, como você já sabe, é a perda de um direito
pela demora no seu exercício. Para as finalidades do nosso estudo, o
Estado perde o direito de punir o infrator nas hipóteses que veremos a
seguir.

PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL


Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste
artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
I - em trinta anos, se a pena é de morte;
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e
não excede a doze;
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não
excede a oito;
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não
excede a quatro;

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VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,
sendo superior, não excede a dois;
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.
Este primeiro tipo de prescrição impede o Ministério
Público de propor a ação penal. Por esta razão às vezes é chamada de
prescrição externa, pois impede o início do processo.
A forma de cálculo é bastante simples. O art. 125 determina o
tempo máximo em função da pena máxima cominada. Preparei a tabela
abaixo para que você possa tentar memorizar esses prazos de forma um
pouco menos sofrida.

A AÇÃO PENAL PRESCREVE SE A PENA MÁXIMA


EM... COMINADA FOR DE...
30 ANOS Morte;
20 ANOS MAIS DE 12 anos;
16 ANOS Mais de 8 anos e até
12 anos exatos;
12 ANOS Mais de 4 anos e até
8 anos exatos;
8 ANOS Mais de 2 anos e até
4 anos exatos;
4 ANOS Mais de 1 e até 2
anos exatos;
2 ANOS MENOS DE 1 ano exato.

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SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA DE QUE
SOMENTE O RÉU RECORRE
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de que somente o réu tenha
recorrido, a prescrição passa a regular-se pela pena imposta, e deve
ser logo declarada, sem prejuízo do andamento do recurso se, entre a
última causa interruptiva do curso da prescrição (§ 5°) e a sentença, já
decorreu tempo suficiente.
Nesta situação, o prazo prescricional passa a ser regulado
pela pena imposta (pena em concreto), e não mais pela pena cominada
(pena em abstrato).
Aqui começaremos a tratar das chamadas prescrições
internas: a prescrição intercorrente e a prescrição retroativa.
A prescrição intercorrente abrange o período que vai da
sentença condenatória para frente, até o julgamento do recurso da
defesa. A prescrição retroativa abrange o período que vai da sentença
condenatória para trás, no momento em que a ação penal foi proposta.
A assimilação destes conceitos é bem mais fácil quando
utilizados exemplos. Imagine que um sujeito cometeu o crime de roubo,
capitulado no art. 242 do CPM. O criminoso, portanto, foi devidamente
denunciado e julgado, tendo sido condenado à pena de 5 anos de
reclusão.
Lembre-se de que agora o prazo prescricional obedecerá o
período da pena efetivamente imposta, e não o período máximo da pena
cominada para o crime. Vejamos novamente a nossa tabela.

A AÇÃO PENAL PRESCREVE SE A PENA MÁXIMA


EM... COMINADA FOR DE...
30 ANOS Morte;
20 ANOS MAIS DE 12 anos;
Mais de 8 anos e até
16 ANOS
12 anos exatos;

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Mais de 4 anos e até
12 ANOS
8 anos exatos;
Mais de 2 anos e até
8 ANOS
4 anos exatos;
Mais de 1 e até 2
4 ANOS
anos exatos;
2 ANOS MENOS DE 1 ano exato.

Como o criminoso foi condenado à pena de 5 anos, podemos


concluir o prazo de prescrição interna será de 12 anos.
A prescrição intercorrente determina que o tribunal deve
analisar o recurso da defesa no prazo máximo de 12 anos, enquanto a
prescrição retroativa determina que entre a propositura da ação e a
sentença também só podem ter se passado 12 anos.

TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL


§ 2º A prescrição da ação penal começa a correr:
a) do dia em que o crime se consumou;
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
criminosa;
c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou
conhecido.
Estes marcos iniciais dos prazos prescricionais se referem à
prescrição da ação penal. A partir deste momento, portanto, começa a
correr o prazo que o Ministério Público tem para oferecer a denúncia
perante o Poder Judiciário.

CASO DE CONCURSO DE CRIMES OU DE CRIME CONTINUADO


§ 3º No caso de concurso de crimes ou de crime continuado, a
prescrição é referida, não à pena unificada, mas à de cada crime
considerado isoladamente.

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Neste caso o prazo prescricional é contado de forma diferente.
O crime continuado e o concurso de crimes na realidade são maneiras
como o Direito Penal decidiu encarar a prática de condutas conexas,
permitindo que os diversas crimes sejam consideradas como se fossem
um só, por meio de regras próprias.
Para fins de contagem do prazo prescricional, entretanto,
cada conduta deve ser considerada isoladamente, e não apenas a
pena aplicada ao concurso ou ao crime continuado.

SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO
§ 4º A prescrição da ação penal não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que
dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO
§ 5º O curso da prescrição da ação penal interrompe-se:
I - pela instauração do processo;
II - pela sentença condenatória recorrível.
§ 6º A interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos
os autores do crime; e nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo
processo, a interrupção relativa a qualquer deles estende-se aos demais.
Apenas relembrando algo que certamente você já sabe, a
suspensão significa que o prazo temporariamente deixa de correr, e,
quando retorna, segue pelo tempo que restava. Na interrupção, por
outro lado, o prazo volta a correr pelo seu total.

Finalizamos aqui nossa análise da prescrição da ação penal.


Iniciaremos agora o estudo acerca da prescrição da execução da pena.

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PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA OU DA MEDIDA DE
SEGURANÇA QUE A SUBSTITUI
Art. 126. A prescrição da execução da pena privativa de
liberdade ou da medida de segurança que a substitui (art. 113) regula-se
pelo tempo fixado na sentença e verifica-se nos mesmos prazos
estabelecidos no art. 125, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é criminoso habitual ou por tendência.
Perceba que a forma de cálculo da prescrição da execução
da pena ou medida de segurança não é diferente. Podemos utilizar a
mesma tabela, mas desta vez não utilizaremos como parâmetro a pena
máxima cominada, mas sim a pena efetivamente imposta na
sentença.

§1º Começa a correr a prescrição:


a) do dia em que passa em julgado a sentença condenatória ou
a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento
condicional;
b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo
da interrupção deva computar-se na pena.
§2º No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o
livramento ou desinternação condicionais, a prescrição se regula pelo
restante tempo da execução.
§3º O curso da prescrição da execução da pena suspende-se
enquanto o condenado está preso por outro motivo, e interrompe-se
pelo início ou continuação do cumprimento da pena, ou pela reincidência.
A regra geral é de que a prescrição da execução da pena
começa a correr no momento do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. A mesma regra se aplica à interrupção da execução,
exceto se houver norma específica que determine a contagem do tempo
de interrupção como parte da pena.

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Cuidado para não confundir o marco inicial da prescrição da
execução com o da prescrição intercorrente e a prescrição
retroativa, pois estas duas tomam como marco a primeira condenação,
da qual ainda cabe recurso exclusivo da defesa.
Em caso de fuga do condenado, começa a correr o prazo
prescricional, mas seu cálculo deve se basear no que resta da pena a
cumprir, e não no total imposto ao condenado por ocasião do trânsito em
julgado da condenação.

PRESCRIÇÃO NO CASO DE REFORMA OU SUSPENSÃO DE


EXERCÍCIO
Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja
pena cominada, no máximo, é de reforma ou de suspensão do
exercício do posto, graduação, cargo ou função.

DISPOSIÇÕES COMUNS A AMBAS AS ESPÉCIES DE


PRESCRIÇÃO
Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o caso do § 3º, segunda
parte, do art. 126, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da
interrupção.

REDUÇÃO
Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando
o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior
de setenta.
Lembre-se de que a Doutrina entende que a pena de reforma
não foi recepcionada pela Constituição de 1988, pois tem caráter
perpétuo. Nos crimes cuja pena imposta é de suspensão do exercício
do posto, graduação, cargo ou função, o prazo prescricional é de
quatro anos.
O art. 128 nos traz a regra geral de interrupção de prazos. A
exceção fica por conta da previsão trazida pela segunda parte do §3º do

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art. 126. Este é o caso da interrupção pelo início ou continuação do
cumprimento da pena, ou pela reincidência.
A regra de redução do prazo prescricional concede privilégio
aos criminosos menores de 21 e maiores de 70 anos. É importante
perceber que a idade determinada é aquela ao tempo do crime, e não no
momento da propositura da ação penal.

IMPRESCRITIBILIDADE DAS PENAS ACESSÓRIAS


Art. 130. É imprescritível a execução das penas acessórias.
Já estudamos as penas acessórias, mas vamos recorrer ao
art. 98 do CPM para relembrar o rol completo. Não há prescrição da
execução dessas penas.

Art. 98. São penas acessórias:


I - a perda de posto e patente;
II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos.

Não há prescrição da execução das penas acessórias


previstas no art. 98 do CPM.

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PRESCRIÇÃO NO CASO DE INSUBMISSÃO
Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do
dia em que o insubmisso atinge a idade de trinta anos.
Neste dispositivo temos uma regra completamente diferente
do que vimos até agora com relação à prescrição. Neste caso a contagem
da prescrição da execução do crime de insubmissão começa a correr em
função da idade do criminoso.
A insubmissão é um crime que tem características muito
peculiares, relacionadas principalmente à impossibilidade de o insubmisso
ser processo antes de apresentar-se ou ser capturado. Vimos também
que a pena aplicada ao insubmisso é a de impedimento (menagem),
ficando ele restrito ao quartel, mas participando normalmente das
instruções militares.
Por essas razões, após uma determinada idade, o próprio
Estado perde o interesse em gozar dos serviços que deveriam ter sido
prestados pelo insubmisso.

PRESCRIÇÃO NO CASO DE DESERÇÃO


Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da
prescrição, esta só extingue a punibilidade quando o desertor atinge a
idade de quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta.
O crime de deserção é tratado com bastante rigor pelo CPM,
especialmente quando praticado em situação de guerra, caso em que o
desertor poderá ser condenado inclusive à pena de morte.
A regra diferente para a prescrição é também uma faceta
deste rigor. Embora o prazo prescricional corra normalmente, a
punibilidade só se extingue quando o desertor atinge a idade 45 anos (se
praça) ou de 60 anos (se oficial).

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DECLARAÇÃO DE OFÍCIO
Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser declarada de
ofício.
A prescrição é considerada matéria de ordem pública e
deve ser apreciada e declarada de ofício pelo magistrado se não for
alegada pelas partes.

****

Encerramos aqui nosso estudo sobre a prescrição, e


passaremos a analisar o instituto da reabilitação criminal.

REABILITAÇÃO
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por
sentença definitiva.
O principal objetivo da reabilitação é permitir que o ex-
condenado seja reinserido na sociedade, poupando-lhe das eventuais
dificuldades desse retorno e preconceito que pode ser gerado caso as
informações acerca de sua vida pregressa sejam de conhecimento geral.
A declarada de reabilitação importa em cancelamento dos
antecedentes criminais. Apenas poderão ter acesso a esses registros a
autoridade policial ou judiciária ou o representante do Ministério Público,
para instrução de processo penal que venha a ser instaurado contra o
reabilitado.
A medida pode ser requerida quando decorrerem 5 anos
desde a extinção da pena ou medida de segurança, ou ainda desde a
data em que se concluir o prazo de suspensão condicional da pena ou
de livramento condicional.

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Para que possa requerer a reabilitação, o condenado precisa
cumprir os seguintes requisitos:
a) Ter tido domicílio no país no prazo referido;
b) Ter dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e
constante de bom comportamento público e privado;
c) Ter ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrado
absoluta impossibilidade de fazê-lo até o dia do pedido, ou
exibido documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.

Se a reabilitação for negada, apenas será possível requerê-


la novamente após o período de dois anos.
Há também restrições à concessão da reabilitação em razão
da natureza do crime cometido. Dessa forma, em relação aos atingidos
pela pena acessória prevista no art. 98, VII (suspensão do poder familiar,
tutela ou curatela), caso tenham cometido crime de natureza sexual
vitimando filho, tutelado ou curatelado, não pode haver reabilitação.
Ademais, aos condenados que forem reconhecidamente
perigosos também não pode ser concedida a medida, exceto se houver
prova cabal em sentido contrário.
A reabilitação também pode ser revogada de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, caso a mesma pessoa seja
condenada, em decisão transitada em julgado, a pena privativa de
liberdade.

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Em seguida estão as questões comentadas e as mesmas


questões sem os comentários. Lembre-se de pensar na sua revisão, para
que você não corra o perigo de esquecer o conteúdo do início do nosso
curso. Se tiver dúvidas, utilize nosso fórum. Estou disponível também no
e-mail.

Grande abraço!

Paulo Guimarães
pauloguimaraes@estrategiaconcursos.com.br
www.facebook.com/pauloguimaraesfilho

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6. QUESTÕES COMENTADAS

1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal


militar estabelece que a pena de morte é executada por fuzilamento e
que, nessa situação, o condenado militar deverá deixar a prisão com o
uniforme sem as insígnias, e o condenado civil deverá estar vestido
decentemente, devendo ambos os condenados estar de olhos vendados
no momento da execução, salvo se o recusarem.

COMENTÁRIOS: Esta questão mescla o conhecimento do conteúdo do


CPM e o do CPPM acerca da pena de morte. Justamente por isso essa
questão foi anulada pela banca, pois o programa da matéria de Direito
Penal Militar não incluía esta parte do CPPM. Entretanto, todas as
informações estão corretas.

GABARITO: C

2. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. A pena acessória de


exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será obrigatoriamente
aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for
superior a dois anos.

COMENTÁRIOS: A pena acessória de exclusão das Forças Armadas


decorre da sentença condenatória a pena privativa de liberdade por
período superior a dois anos, nos termos do art. 102 do CPM.

GABARITO: C

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3. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). A
indignidade para o oficialato é sanção administrativa disciplinar e sua
aplicação ocorre no âmbito administrativo disciplinar. A incompatibilidade
para o oficialato é sanção penal acessória e somente poderá ser aplicada
pelo Poder Judiciário, mediante procedimento próprio.

COMENTÁRIOS: Você não precisa saber de muitos detalhes acerca das


penas acessórias. Esta questão pode ser facilmente respondida por você,
pois tanto a indignidade para o oficialato quanto a incompatibilidade para
o oficialato são penas acessórias, previstas no art. 98 do CPM.

GABARITO: E

4. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). A


pena de impedimento prevista no CPM é aplicável a qualquer crime
militar, próprio ou impróprio, desde que seja inferior a dois anos. Essa
pena obsta o exercício das funções policiais e militares pelo prazo mínimo
de dois anos, submetendo o apenado, quando se tratar de oficial, à pena
acessória de perda do posto.

COMENTÁRIOS: O impedimento é pena principal, prevista apenas para o


crime de insubmissão. Além disso, a descrição feita pela assertiva nada
tem a ver com esta pena. O impedido fica restrito às dependências da
unidade militar em que serve, participando normalmente da instrução
militar. A Doutrina diz que essa pena tem nítido caráter educativo e
ressocializador.

GABARITO: E

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5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. De acordo com a
legislação penal militar, a condenação da praça e a do civil a pena
privativa de liberdade superior a dois anos implicam, respectivamente, a
exclusão do militar das Forças Armadas e a perda da função pública do
civil.

COMENTÁRIOS: O art. 102 do CPM determina que a praça que for


condenada a pena privativa de liberdade superior a dois anos será
excluída das Forças Armadas. Já o art. 103 determina que o civil que for
condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso
de poder ou violação de dever inerente à função pública, ou que for
condenado por qualquer crime a pena privativa de liberdade superior a
dois anos, perderá a função pública.

GABARITO: C

6. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe. O CPM dispõe sobre


hipóteses de crimes militares, próprios e impróprios, e sobre infrações
disciplinares militares. Entre as sanções penais, está expressa a
possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de delitos de
natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros
à administração militar.

COMENTÁRIOS: Entre as penas previstas pelo CPM não há pena de


multa.

GABARITO: E

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7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. No direito penal militar,
as penas principais são: morte, reclusão, detenção, prisão, impedimento,
reforma e suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função.

COMENTÁRIOS: Esta questão está perfeitamente de acordo com o art.


55 do CPM, apesar de a Doutrina indicar que a pena de reforma não foi
recepcionada pela Constituição

GABARITO: C

8. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Nos termos das


disposições gerais do CPM, é cabível para os crimes militares a cominação
das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa,
conforme também prevê o Código Penal comum.

COMENTÁRIOS: Mais uma questão dizendo que o CPM prevê pena de


multa. Essa você não erra na prova, hein?

GABARITO: E

9. PM-MG – Oficial da Polícia Militar – 2011 – Fumarc. O CPM prevê,


entre outras, as seguintes penas acessórias:

a) Perda de posto e patente, Transferência Compulsória e Suspensão dos


Direitos Políticos.
b) Indignidade para o Oficialato, Incompatibilidade com o Oficialato e
Inabilitação para o exercício de função pública.

c) Reforma Administrativa, Perda de posto e patente e Inabilitação para o
exercício de função pública. 


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d) Incompatibilidade para com o Oficialato, Exação e Perda da Função
Pública.

COMENTÁRIOS: A única que traz apenas penas acessórias previstas no


art. 98 do CPM é a alternativa B. Não existem as penas de transferência
compulsória, reforma administrativa, e nem exação.

GABARITO: B

10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Se, no distrito da culpa


de militar condenado, por crime militar, ao cumprimento de pena
privativa de liberdade de oito anos de reclusão, não houver penitenciária
militar, a execução da pena deverá ocorrer em estabelecimento civil
comum, ficando a sua execução a cargo do juízo de execuções penais,
sob a égide da legislação penal comum.

COMENTÁRIOS: Este é o conteúdo do art. 61 do CPM.

GABARITO: C

11. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A extinção da


punibilidade dá-se, entre outras causas, pela prescrição, a qual, no curso
da ação penal, é interrompida pela instauração do processo, pela
sentença condenatória recorrível e pela prática de outro crime pelo
acusado.

COMENTÁRIOS: Os casos de interrupção da prescrição estão previstos


no art. 125, §5°, do CPM: I - pela instauração do processo; II – pela
sentença condenatória recorrível. A prática de outro crime pelo acusado
não é causa interruptiva da contagem do prazo prescricional.

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GABARITO: E

12. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. A prescrição da ação


penal militar, de regra, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, possuindo natureza jurídica de causa
extintiva da punibilidade. Entretanto, no crime de deserção, o sistema do
CPM configura duas hipóteses para a questão da prescrição, ora aplicando
a norma geral, ora estabelecendo norma especial, previstas igualmente
no estatuto castrense.

COMENTÁRIOS: O crime de deserção tem norma especial quanto à


prescrição, prevista no art. 132. Este dispositivo determina que deve ser
aplicado o prazo prescricional comum, mas a extinção da punibilidade
somente ocorre quando o desertor atinge a idade de 45 anos (se praça)
ou de 60 anos (se oficial).

GABARITO: C

13. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. As causas extintivas


de punibilidade, previstas na parte geral do CPM, incluem a reabilitação, o
ressarcimento do dano no peculato culposo e o perdão judicial.

COMENTÁRIOS: Lembre-se de que o CPM não prevê como causas de


extinção da punibilidade o perdão judicial, e nem a graça.

GABARITO: E

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14. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. No CPM, há crimes em
que se procede somente mediante representação.

COMENTÁRIOS: Esta questão trata da ação penal pública condicionada.


Entretanto, no CPM a condição exigida não é a representação do ofendido,
e sim requisição do Comando Militar ou do Ministro da Justiça.

GABARITO: E

15. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. No crime de


deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extinguirá a
punibilidade quando o desertor atingir a idade de quarenta e cinco anos,
e, se oficial, a de sessenta. Essa regra aplica-se apenas aos desertores
foragidos.

COMENTÁRIOS: O texto do art. 132 trata da prescrição para o crime de


deserção, determinando os desertores foragidos. A Jurisprudência,
entretanto, entende que esta regra especial de prescrição só é aplicável
aos foragidos.

GABARITO: C

16. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No sistema penal


militar, a ação penal deve ser, via de regra, pública incondicionada, salvo
em relação a determinados crimes, previstos de forma expressa e
excepcional, que impõem a observância da requisição ministerial; admite-
se, ainda, a ação penal privada subsidiária da pública.

COMENTÁRIOS: Em regra, a ação penal é pública incondicionada. Em


algumas situações, porém, é necessária a requisição do Comando Militar

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ou do Ministro da Justiça. Se, em qualquer dessas situações, o Ministério
Público for omisso no oferecimento da denúncia, surge o direito de o
particular (a vítima ou seu representante legal) interpor a ação penal.
Neste caso pode haver ação penal privada subsidiária da pública.

GABARITO: C

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5. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal


militar estabelece que a pena de morte é executada por fuzilamento e
que, nessa situação, o condenado militar deverá deixar a prisão com o
uniforme sem as insígnias, e o condenado civil deverá estar vestido
decentemente, devendo ambos os condenados estar de olhos vendados
no momento da execução, salvo se o recusarem.

2. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. A pena acessória de


exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será obrigatoriamente
aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for
superior a dois anos.

3. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). A


indignidade para o oficialato é sanção administrativa disciplinar e sua
aplicação ocorre no âmbito administrativo disciplinar. A incompatibilidade
para o oficialato é sanção penal acessória e somente poderá ser aplicada
pelo Poder Judiciário, mediante procedimento próprio.

4. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). A


pena de impedimento prevista no CPM é aplicável a qualquer crime
militar, próprio ou impróprio, desde que seja inferior a dois anos. Essa
pena obsta o exercício das funções policiais e militares pelo prazo mínimo
de dois anos, submetendo o apenado, quando se tratar de oficial, à pena
acessória de perda do posto.

5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. De acordo com a


legislação penal militar, a condenação da praça e a do civil a pena
privativa de liberdade superior a dois anos implicam, respectivamente, a
exclusão do militar das Forças Armadas e a perda da função pública do
civil.

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6. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe. O CPM dispõe sobre
hipóteses de crimes militares, próprios e impróprios, e sobre infrações
disciplinares militares. Entre as sanções penais, está expressa a
possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de delitos de
natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros
à administração militar.

7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. No direito penal militar,


as penas principais são: morte, reclusão, detenção, prisão, impedimento,
reforma e suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função.

8. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Nos termos das


disposições gerais do CPM, é cabível para os crimes militares a cominação
das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa,
conforme também prevê o Código Penal comum.

9. PM-MG – Oficial da Polícia Militar – 2011 – Fumarc. O CPM prevê,


entre outras, as seguintes penas acessórias:

a) Perda de posto e patente, Transferência Compulsória e Suspensão dos


Direitos Políticos.
b) Indignidade para o Oficialato, Incompatibilidade com o Oficialato e
Inabilitação para o exercício de função pública.

c) Reforma Administrativa, Perda de posto e patente e Inabilitação para o
exercício de função pública. 

d) Incompatibilidade para com o Oficialato, Exação e Perda da Função
Pública.

10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Se, no distrito da culpa


de militar condenado, por crime militar, ao cumprimento de pena
privativa de liberdade de oito anos de reclusão, não houver penitenciária
militar, a execução da pena deverá ocorrer em estabelecimento civil

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comum, ficando a sua execução a cargo do juízo de execuções penais,
sob a égide da legislação penal comum.

11. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A extinção da


punibilidade dá-se, entre outras causas, pela prescrição, a qual, no curso
da ação penal, é interrompida pela instauração do processo, pela
sentença condenatória recorrível e pela prática de outro crime pelo
acusado.

12. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. A prescrição da ação


penal militar, de regra, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, possuindo natureza jurídica de causa
extintiva da punibilidade. Entretanto, no crime de deserção, o sistema do
CPM configura duas hipóteses para a questão da prescrição, ora aplicando
a norma geral, ora estabelecendo norma especial, previstas igualmente
no estatuto castrense.

13. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. As causas extintivas


de punibilidade, previstas na parte geral do CPM, incluem a reabilitação, o
ressarcimento do dano no peculato culposo e o perdão judicial.

14. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. No CPM, há crimes em


que se procede somente mediante representação.

15. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. No crime de


deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extinguirá a
punibilidade quando o desertor atingir a idade de quarenta e cinco anos,
e, se oficial, a de sessenta. Essa regra aplica-se apenas aos desertores
foragidos.

16. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No sistema penal


militar, a ação penal deve ser, via de regra, pública incondicionada, salvo

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em relação a determinados crimes, previstos de forma expressa e
excepcional, que impõem a observância da requisição ministerial; admite-
se, ainda, a ação penal privada subsidiária da pública.

GABARITO
1. C 9. B
2. C 10. C
3. E 11. E
4. E 12. C
5. C 13. E
6. E 14. E
7. C 15. C
8. E 16. C

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